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Civilizações Antigas

Civilização – conjunto de instituições, técnicas, costumes, crenças, que caracterizam


uma sociedade ou um grupo de sociedades determinadas; conjunto de conhecimentos
que um grupo, colocado em prática pelas sociedades humanas que marcaram o
desenvolvimento intelectual, económico e tecnológico.

O nascimento das primeiras civilizações no Próximo – Oriente


Teorias sobre a emergência do Estado e da Civilização:
1. A hipótese hidráulica
Karl Wittfogel (1957)
Inter-relações de variáveis na hipótese baseada na gestão hidráulica para a formação
do Estado. A água para irrigação pode ser acumulada em grandes quantidades.
2. A hipótese de Childe sobre a especialização artesanal e a irrigação
Inter-relações de variáveis na hipótese baseada na especialização artesanal e na
irrigação para o desenvolvimento do urbanismo.
3. As hipóteses da pressão e os conflitos populacionais
Inter-relação de variáveis nas hipóteses baseadas na pressão e os conflitos
populacionais para a formação do estado.
Aumento da procura devido ao crescimento populacional e ao desenvolvimento dos
mercados. Maior produtividade face á especialização e intensificação.
4. As hipóteses do comércio local e inter-regional
Inter-relação de variáveis nas hipóteses baseadas no comércio local e inter-regional
para o desenvolvimento urbano. Crescimento demográfico. Aumento da produção.
Aparecimento de um grupo administrativo central, baseado em diferenças de riqueza e
poder.
5. As hipóteses de urbanização como resultado de múltiplos fatores
Inter-relação de variáveis nas hipóteses baseadas na multiplicidade de fatores e em
elementos organizativos para a formação do estado.
6. Um modelo sistémico-ecológico
Charles Redman – um marco de investigação para o surgimento da civilização.
Múltiplos fatores e relações sistémicas que estimularam o desenvolvimento do estado.

O urbanismo ou a civilização
Sistema social complexo com grandes diferenças internas, organizado segundo uma
estratificação de classes e com uma elite que administrativa que controla as
instituições organizativas mais importantes.

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O nascimento da civilização deve conceituar-se como uma série de processos em
crescente interação que foram desencadeados por condições ecológicas e culturais
favoráveis, e que continuaram a desenvolver-se mediante interações de reforço
mútuo.

As primeiras civilizações do próximo oriente


A Mesopotâmia
Região do próximo oriente situada entre os rios Tigre e Eufrates, na Ásia Ocidental.
Foi o berço das primeiras civilizações.

Características primárias (Gordon Childe):


1. Tamanho e densidade demográfica das cidades: o crescimento de uma
população organizada implica um nível mais amplo de integração social
2. Especialização do trabalho a tempo inteiro: a institucionalização da
especialização produtiva dos trabalhadores, tal como dos sistemas de
distribuição e intercâmbio
3. Concentração de excedentes: existência de meios para armazenar e gerir os
excedentes de camponeses e artesãos
4. Estruturação social de classes: organização e direção da sociedade por uma
classe dirigente privilegiada, composta por funcionários religiosos, políticos e
militares
5. Organização estatal: existência de uma organização política bem estruturada,
baseada na adição residencial, que substituiria a identificação política baseada
no parentesco.
Características secundárias (Gordon Childe):
1. Obras públicas monumentais: existência de empresas coletivas em forma de
templos, palácios, armazéns e sistemas de irrigação
2. Comércio a longa distância: expansão da especialização e do intercâmbio para
além da cidade como marco de desenvolvimento comercial
3. Obras de arte normalizadas e monumentais: formas artísticas altamente
desenvolvidas que expressam identificação simbólica e gosto estética.
4. Escrita: a técnica da escrita como instrumento nos processos de organização e
gestão
5. Aritmética, geometria e astronomia: início das ciências exatas e preditivas e da
engenharia

As cidades, os estados e as civilizações apareceram aproximadamente ao mesmo


tempo no PO:
Cidades

 Tamanho, complexidade e posição dentro de uma matriz social


 Elementos dentro de uma sociedade complexa

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Civilizações

 Extrema complexidade, interação e enganos


 Complexidade Social
Estado

 Organização política
 Instituições baseadas numa forma da administração das sociedades
complexas

O aparecimento das primeiras comunidades de pastores e agricultores e as


origens da agricultura

O neolítico e as origens da Agricultura > Exige que os povos nómadas se tornem


sedentários.
A alimentação baseia-se á base de farinhas (centeio, entre outras) > Permite que a
população cresça e se torne sedentária.
As populações têm um elevado crescimento de 5 a 8 para 60 a 80 milhões- população
sedentária > Ex: cabra e vaca-espécies domésticas.

Neolítico
Conceito que vai evoluindo ao longo do tempo e desenvolveu-se em praticamente todo
o mundo. O Neolítico sensivelmente compreende-se entre o período de tempo de 10
000 a.C. e 4 milénio a.C.
Christian Thomsen instituiu o sistema das 3 idades:
1. Idade da Pedra
2. Idade do Bronze
3. Idade do Ferro
John Lubbock: periodização clássica da Pré-História: Paleolítico, Mesolítico e
Paleolítico
O conceito significa transformações tecnológicas (instrumentos mais refinados),
infraestruturas económicas

A descoberta da agricultura e pecuária (C. 8 000 a.C. – 3 000 a.C.)


Agricultura

 fonte estável de alimentos


 Fixação em áreas mais férteis, em aldeias de casas de madeira, pedra, barro
ou adobe (tijolo de barro)
 Domesticação de animais e pastoreio
As transformações agrícolas tiveram início no Crescente Fértil.

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Como a agricultura cria estabilidade, as populações fixam-se e não precisam de se
deslocar em busca de alimento e em consequência dessa fixação pode-se ter animais.
Com esta fixação a tendência é verificar-se um aumento populacional (porque estão
bem alimentados, etc.)

Crescente Fértil

 Fim da Última Era do Gelo


 Início na “Crescente Fértil” (Iraque)
 Localizado entre os rios Nilo, Tigre e
Eufrates
 O clima quente permitiu que os cereais
selvagens crescessem em abundância
 Este cereais estão muitos próximos das
variedades domesticadas que temos
hoje em dia
 Tinha uma enorme riqueza dos solos
agrícolas
Tudo isto favorece a produtividade e o
desenvolvimento das atividades.

Domesticação das plantas e animais


Agricultura > Intensificação da população > Alimentos excedentários > Especialização
> Sociedade complexa, conhecida como Civilização.

Domesticação das espécies (animais e vegetais)


1. A sobrevivência das espécies resulta do equilíbrio entre três funções:
 Alimentação
 defesa
 reprodução.
2. O Homem substitui-se à Natureza (protege e encoraja as espécies que mais
produzem grão ou carne. Manipula a sua reprodução), passando a ocupar um
papel ativo nos ecossistemas (pressões seletivas- própria ação do ser humano,
papel ativo e dominante).
3. As condições climáticas podem levar á extinção das espécies, tanto animais
como vegetais. Se forem criadas as condições necessárias, as espécies
desenvolvem-se e estão disponíveis para a dieta alimentar.

Animais
(o cão foi a primeira espécie animal a domesticar)
Domesticação - criação de uma simbiose entre o homem e certas espécies animais
de que resulta uma microevolução particular destes, mediante a sua adaptação a um
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novo nicho ecológico, culturalmente construído. (ex. levar uma cria de leão para casa)
Animais domesticados: Cabra, Ovelha, Porco, Boi, Gato, Cão…
Mas no contexto das comunidades de caçadores- recolectores (Europa, Próximo
Oriente, Ásia), tal processo não acarreta qualquer solução de continuidade.
O homem não consegue controlar qualquer tipo de animal, doméstica os mais
indefesos.

Condições de domesticação:

 animais sociais,
 gregários (Bando/Grupo)
 sem grande aparato defensivo
 com comportamento hierarquizado
 sem grande sentido territorial
Consequências da domesticação:

 Redução do tamanho, diminuição do tamanho do cérebro


 Retração do focinho, redução da dimensão da dentição
 Aumento da gordura e alterações da pelagem

3 características pré-adaptativas para que os primeiros animais sejam


domesticados (cão, ovelha e cabra):

 Tendem a viver em grupos


 Percorrem muitas distância, mas voltam sempre à noite
 As espécies passam a defender aquele território
A domesticação é assim um processo que foi evoluindo lentamente, não sendo um
evento único.

Alteração Morfológica, ocorre pela domesticação completa e pela alteração do clima.

Plantas
Condições de domesticação:

 existência de antepassados silvestres


 sedentarização das comunidades
 dependência de recursos vegetais na dieta alimentar
 desenvolvimento técnico necessário à exploração eficaz dos recursos (água a
mais ou a menos, sol, poda, etc.)
Consequências:

 novas espécies mais produtivas e mais resistentes


 alteração das espigas (passam a exigir a Ação humana para a propagação) –
deixam de sentir necessidade de se autorreproduzirem

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Principais plantas domesticadas – Cereais (trigo, cevada, centeio), Leguminosas
(ervilhas e ervilhaca, lentilha, fava), Fibras Vegetais (linho)
Os cereais tinham também uma função na construção de casas e estábulos.

O que procura a sedentarização das populações?


Um “pacote” (tudo, mudanças de mentalidade, ideologias, adaptação, evolução
tecnológica, meio ambiente, etc.)

Exemplo da evolução do teosinto e milho:

Desenvolvimento Independente vs Difusão Cultural


Áreas de desenvolvimento Independente:

 Sudoeste da Asia (trigo, ervilha, azeitona, ovelha, cabra)


 China e sudeste da Ásia (arroz, milho, porco)
 Américas (milho, feijão, batata, batata-doce)
Áreas da agricultura por difusão:

 Europa
 Africa Ocidental e Subsariana
 Vale do Rio Indo (cultivo de arroz)

Interações entre os povos nómadas e as sociedades sedentárias:

 Povos nómadas empenhados na pastorícia


 Alguns praticam a agricultura de corte e queima
 Interação violenta e pacifica entre nómadas e agricultores.

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Os grupos que se adaptavam criaram um abastecimento alimentar mais fiável, menos
diversificado, com isto as populações aumentaram, os grupos familiares deram lugar a
vida nas aldeias.

Custos e vantagens da agricultura


Vantagens:

 Fonte permanente de alimento


 Podem criar animais para se alimentarem e ajudar no trabalho
 Aumento da população
Custos:

 Dependentes de certas culturas alimentares


 Doenças por contacto próximo com os animais.

Sociedade de caçadores recolectores:

 Mais tempo livre


 Abrigo temporário
 Pequenos grupos (menos conflitos)
 Terrenos públicos
Sociedades Agrícolas:

 Trabalho constante, fonte de alimento fiável


 Casas de longa duração
 Grupos maiores (mais conflitos)
 Terrenos privados

Produção de alimentos em excesso…


…significa que nem todos têm de cultivar alimentos ou cuidar de animais. Podem
assumuir outras tarefas e especializar se em algumas tarefas não agrícolas. A isto
chama se…
…Especialização de emprego
Homens e mulheres podem tornar-se:

 tecelões
 Pedreiros
 Oleiros
 Sacerdotes
 Escribas
 Comerciantes
 Oficiais do exército

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Os metais
O trabalho dos metais tornou se muito importante para os primeiros povoamentos
humanos, essenciais para o desenvolvimento de ferramentas e armas.
As primeiras povoações do cobre para uma liga do bronze. O trabalho dos metais
espalhou-se lentamente pelas comunidades humanas, com agricultura.
Avanços tecnológicos:

 Veículos com rodas


 Roda de oleiros, permite a produção de recipientes de barro e obras de arte
mais duráveis.
 Rega e introdução de arados, aumento da produção.

Impacto humanos sobre o meio ambiente:

 Deflorestação
 Erosão e inundações
 Extinção seletiva de grandes animais terrestres e ervas daninhas.

Surgem as primeiras cidades

 Catal Huyuk
 Jericó

Evidências presentes nas cidades:

 Estruturas religiosas
 Os líderes políticos e religiosos eram os mesmos
 Dependiam da caça e recolha de alguns alimentos

As mulheres não têm os mesmos direitos que os homens, tratando da produção


de alimentos.

A agricultura e a pastorícia começaram a transformar as sociedades humanas

 Favorecimento de alimentos fiáveis e mais abundantes > aumento da


população
 Excedentes alimentares e outros bens levaram á especialização de mão de
obra e de novas classes sociais.
 Inovações técnicas > melhorias na produção agrícola no comercio e no
transporte, que levaram ao aparecimento da: olaria, arados, tecidos têxteis,
metalurgia, rodas e veículos com rodas.

As civilizações

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Características das civilizações:

 Cidades
 Governo: organizar e regular a atividade humana.
 Religião: uma forma de explicar as forças da natureza e o seu papel no mundo.
Deuses eram importas para a comunidade.
 Estrutura Social: com base no poder económico. Governadores, sacerdotes,
guerreiros e oficiais, pessoas livres (agricultores e artesãos), escravos.
 Escrita: inicialmente utilizada com expressão criativa
 Arte: templos, pirâmides, locaias de culto. Retratavam a natureza, bem como
os seus governantes e deuses.

Teorias e modelos interpretativos sobre a Neolitização


(independente da teoria) Quando existe um modelo de equilíbrio significa que existe
uma certa evolução ou uma certa continuidade. Quando existe um modelo de
desequilíbrio existe uma rutura, há um desequilíbrio na natureza por algum motivo)

1. Evolucionismo linear (séc. XIX)


Evolução por estádios devido ao progresso (Condorcet; L. Morgan).
A domesticação resulta de uma evolução biológica e cultural em que o motor é a
tendência óbvia e natural para o progresso das sociedades (modelo de equilíbrio).
(Já existe plantas silvestres e animais selvagens. Já existe tecnologia (olaria, domínio
da pedra, etc.) De forma natural os grupos e sociedades acabam por evoluir
progressivamente (evolução natural e normal)
Já existem condições necessárias á sedentarização e domesticação e domínio da
tecnologia, é normal que haja uma sedentarização e domesticação. Não há rutura por
falta de alimento ou por meios climáticos. A evolução é linear)

2. Meio ambiente (anos 30)


 Teoria do Oásis/conceito de Revolução Neolítica (G. Childe)
DETERMINISMO AMBIENTAL: a domesticação é a resposta adaptativa das
comunidades às mudanças climáticas operadas na transição
Pleistocénico/Holocénico.
O motor da evolução é a adaptação (modelo de desequilíbrio).
(há uma rutura do ser humano com o meio ambiente devido às alterações climáticas.
O homem tem de se adaptar às mudanças climáticas. A rutura existe devido a
alterações ambientais que levam o homem a encontrar soluções de adaptação, que
levam o homem, a criar maneira (domesticação) para manter a sua dieta alimentar, o
que cria uma sedentarização)

3. Evolução cultural (anos 50)


 Teoria das Áreas Nucleares (R. Braidwood)

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Progresso: A domesticação resulta do progresso normal de algumas comunidades
implantadas em determinadas zonas favoráveis/áreas nucleares (modelo de
equilíbrio).
(foca-se no tópico da região onde se encontra. Não existe rutura, mas sim evolução)

4. Crescimento demográfico (anos 70/80)


 Teoria das áreas marginais (L. Binford; K. Flannery
 Teoria da crise alimentar (M. Cohen)
 Teoria da rutura do controlo demográfico (D. Harris).
DESIQUILÍBRIO DEMOGRÁFICO: a domesticação é consequência de uma rutura
entre a demografia e os recursos alimentares disponíveis. A evolução é adaptativa
(modelo de desequilíbrio).
(há uma rutura da produção em relação ao aumento demográfico. A produção não
acompanha o crescimento da população)

5. Sistema alimentar (anos 70/80)


 Teoria dos rendimentos decrescentes (M. Harris)
CRISE DO SISTEMA ALIMENTAR: a domesticação tem lugar por via da progressiva
diminuição/desaparecimento da megafauna; as economias de amplo espectro
traduzem-se, para um sistema baseado na caça/recoleção, num aumento da relação
custo/benefício, daí a procura de um outro sistema mais rentável (modelo de
desequilíbrio).
(se temos de nos deslocar atrás da dieta alimentar, o custo de deslocação será cada
vez maior. É mais fácil criar a dieta alimentar)

6. Relações sociais (anos 70/80)


 Teoria das tensões sociais (B. Bender)
 Teoria da "revolução" mesolítica (A. Testart; B. Hayden)
CONFLITUALIDADE SOCIAL: a domesticação é consequência da necessidade de
regular as relações/tensões sociais internas e externas, somente solucionáveis através
do aumento de excedentes alimentares. A evolução é adaptativa (modelo de
desequilíbrio).
COMPLEXIFICAÇÃO SOCIAL: a domesticação é consequência das pressões
exercidas no seio da comunidade (sociedades de caçadores-recolectores
especializados, sedentários, com economias de rendimento diferido ≠ sociedades de
caçadores-recolectores generalistas, nómadas, com economias de rendimento
imediato) por um grupo reduzido de indivíduos, no sentido de elevar a produtividade
alimentar com o intuito de promover a sua afirmação/posição social (modelo de
equilíbrio).
(a domesticação é a justificação das necessidades internas e externas)

7. Casualidade (anos 90)

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 Teoria da co-evolução (D. Rindos)
ACASO: a domesticação não foi uma opção consciente adotada para melhorar as
condições de subsistência das comunidades, antes resultou do acaso. O Homem, pela
sua presença, modifica o ambiente natural, criando, assim, as condições para que as
espécies se transformem; as espécies adaptam-se às novas condições e o homem
adapta-se culturalmente às novas espécies – tem lugar uma verdadeira co-evolução
(modelo de equilíbrio).

8. Ideologia e sociedade (anos 90)


 Teoria da Mudança Espiritual (J. Cauvin)
ESCOLHA CULTURAL: expressão da corrente teórica pós-processualista, chama a
atenção para a importância das escolhas culturais na explicação dos fenómenos de
mudança, reabilitando os fatores culturais e ideológicos. O fenómeno da neolitização
teria arrancado a partir de uma “mudança de olhar sobre o mundo natural”, que antes
era dominador (o homem era apenas mais uma espécie no meio de todas as outras) e
que a partir de agora algumas comunidades humanas querem passar a controlar. A
domesticação é a expressão dessa apropriação (modelo de desequilíbrio).
(são as escolhas culturais que determinam o processo de domesticação. O Homem
deixa de querer ser uma espécie entre muitas outras, passa a ser dominante e a ter o
desejo de dominar todos os outros. O Homem tenta intervir no meio ambiente
(domesticação dos animais e plantas e a sua sedentarização)

O próximo oriente e as raízes da Neolitização


O crescente fértil (importante região, especialmente para o início da sedentarização de
diversos povos. Tem este nome porque se localiza entre os rios Tigre, Eufrates,
Jordão e Nilo e tem um formato que se assemelha ao de uma lua crescente)
desenvolve-se em zonas caraterísticas (existência de rios)

Neolítico do Próximo Oriente


Apesar da agropecuária ser a atividade principal, as outras atividades de caça não
desaparecem, passam a ser complementares.
Limites geográficos:

 Norte/Este - cadeias montanhosas de Amanus, Taurus e Zagros.


 Sul – Deserto Arábico
 Oeste – Mar Mediterrâneo.
Região geograficamente diversificada: planícies férteis, bem irrigadas, alternando
com estepes semiáridas; relevo pouco elevado, com vales abrigados.
Recursos alimentares diversificados: presença de gramíneas e leguminosas
selvagens (trigo, cevada, centeio, ervilha, fava, lentilha); fauna abundante e variada,
com espécies potencialmente domesticáveis (início de comportamentos seletivos).

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Substrato Epipaleolítico/ Mesolítico (13-10.000)
Natuufense e Zariziense

Áreas geográficas: Israel, Líbano, Síria e Jordânia…


Economia: sociedade de caçadores-recoletores especializados (caça á gazela e
recoleção seletiva de leguminosas selvagens que assumem uma importante crescente
na dieta alimentar.
Povoamento: habitats mais permanentes com habitações em pedra e ou adobe;
progressiva sedentarização.
Tecnologia: indústrias de componente limiar e microlítica, foices, moinhos manuais.

Neolítico Antigo (pré-cerâmico)

Transformações económicas, sociais, tecnológicas e ideológicas


Não podemos caraterizar um período só pela parte tecnológica ou cultural (tem de ser
pelo pacote todo). Transformações económicas, sociais, tecnológicas e ideológicas
O tradicional “pacote” neolítico:

 Economia - agricultura e pastoreio


 Sociedade - sedentarização e complexificação social
 Tecnologia - produção cerâmica e polimento da pedra

Nível económico:
(os antigos métodos continuam a existir e complementam o novo nível económico)
1. Implementação progressiva de um novo modelo económico, com o
desenvolvimento gradual da economia de produção, baseada na agricultura e
pastorícia, a par da caça e da recoleção:

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 ocorre primeiro nas áreas onde existem antepassados selvagens e
silvestres das espécies;
 abrange várias espécies consoante as zonas ecológicas do mundo em
que nos situamos

2. Desenvolvimento de novas tecnologias:


 polimento da pedra (primeiro aplicada a objetos ornamentais, somente
depois às utensilagens);
 tecnologia de produção cerâmica (contentores de alimentos, herdeiros
de recipientes de madeira e cestaria)  no 8º milénio na bacia do médio
Eufrates, generaliza-se um pouco por todo o lado a partir do 7º milénio
(Irão ocidental, Síria, Anatólia, Balcãs, bacia do Mediterrâneo ocidental);
fabrico manual e cozedura a baixas temperaturas (≈ 600º centígrados);
 exploração mineira (argila, sílex, obsidiana, rochas ornamentais,
variscite, etc.);
 fiação e tecelagem (lã, linho).

3. Economia de produção (auto-suficiência económica) não pressupõe


isolamento, bem pelo contrário (comércio):
 aumento de intercâmbios intergrupais para satisfação de matérias-
primas;
 troca de excedentes (alimentares, cerâmicas, etc.) por produtos de
prestígio (âmbar, conchas, variscite, obsidiana).
(economia de subsistência (para aumentar o grupo passamos a ter excedentes de
produção). Os excedentes podem ser trocados/comercializados por outros produtos de
outros grupos)

Nível tecnológico
1. A progressiva sedentarização conduz ao estabelecimento de uma nova relação
do Homem com a Natureza que se traduz por:
 nova construção social do espaço, concretizada através de rituais e
da sinalização do mesmo (locais de significado social e espiritual ->
monumentos funerários e cultuais). O Homem apropria-se da
Natureza;
 criação de novas identidades culturais, mitos e ritos;
 enterramento praticado dentro do habitat.
 Desenvolvimento de novas utensilagens associadas às novas
práticas económicas Agricultura -> moinhos, enxós, machados,
foices
2. Implementação de um novo ciclo técnico-económico-social complexo
associado ao desenvolvimento da prática agrícola:
 Desflorestação
 Preparação do terreno
 Sementeira
 Monda
 Colheita
 Armazenagem
 Preparação para o consumo

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Nível social
1. Progressivas, mas substantivas, alterações do quadro de ordenamento social:
Economia de produção > Novas atividades
Multiplicação de tarefas

 Divisão do trabalho
 Especialização das atividades
 Organização e coordenação do trabalho
 Hierarquia e dependência social
 Complexificação social
 Desigualdade social

2. Surgimento de excedentes alimentares potência o crescimento demográfico


Novas relações de produção (redistribuição);

 Passagem de uma sociedade baseada na reciprocidade


generalizada (sociedade igualitária??) para uma sociedade
segmentada, assente na redistribuição ou na reciprocidade restrita;
 Acumulação de riqueza;
 Institucionalização da violência e do conflito na sociedade (guerra).

3. Desenvolvimento de um novo modelo de habitat: ainda pode incluir soluções


tradicionais (gruta/ abrigo sob rocha) mas, progressivamente, começa a
estabelecer-se um novo padrão
 Habitat de ar livre, com tendência para uma ocupação cada vez
mais prolongada e aumento da sua dimensão (povoado);
 Maior investimento no habitat -> alterações tecnológicas e
sociológicas (materiais de construção, forma) -> nova gestão do
espaço em resposta de novas funcionalidades.
 O homem neolítico percebe que não pode viver sozinho ->
urbanismo

Outros focos primários de domesticação no Mundo

 América do Norte (Abóbora, couve-flor, cevada, Grão-de-bico, Milho)


 América Central (Milho, Feijão, Abóbora, Cabaça, Pimento)
 América do Sul (Lama e Alpaca, Feijão, Pimento, Cabaça, Milho)
 África (Sorgo, Lentilha, Boi, Milho miúdo)
 Sudeste Asiático (Porco, Milho, Galinha, Cão, Arroz)

A expansão do sistema: a Neolitização do continente Europeu


Teorias:

 Colonialismo

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Populações originárias do Próximo Oriente emigram para a Grécia (Neolítico grego),
Balcãs (Neolítico balcânico) e Europa Central (Neolítico da cerâmica de bandas), e a
partir da Grécia colonizam igualmente a Bacia do Mediterrâneo Ocidental [Modelo
difusionista (G. Childe)].
Fragilidades:

 reduzida representação de sítios ocupados no Neolítico antigo grego e do


Egeu;
 grande diversidade regional das culturas;
 ausência de descontinuidade local entre o Mesolítico e o Neolítico

 Evolução autóctone
Multiplicidade dos focos primários de Neolitização: várias regiões conheceram, com
independência, os seus próprios processos de neolitização; fruto da própria evolução
interna e de factores ecológicos locais as comunidades mesolíticas passaram a
neolíticas, reinventando a agricultura, a pastorícia, a cerâmica, etc. [Modelo poligénico
(Escola de Cambridge - anos 70)].
Fragilidades:

 presume que as espécies domesticadas poderiam ter evoluído de


antepassados selvagens desaparecidos;
 não existem no registo arqueológico qualquer indicação da presença/existência
de tais antepassados. (determinadas comunidades apresentam determinadas
características muito próprias. Só existe domesticação se as respetivas
espécies selvagens existirem, só se existirem é que se dá a evolução)

 Aculturação
As comunidades mesolíticas europeias foram estimuladas por contactos com áreas já
“neolitizadas”, introduzindo, assim, certas aquisições (cereais e ovicaprídeos), mas
inventando outras (cerâmica) [Modelo misto (Jean Guilaine, Fortea Perez – anos
70/80)]. (substrato autóctone vai evoluindo ao longo do tempo)

 Difusão démica ou Frente de avanço


o Neo-difusionismo dos anos 80: a inexistência na Europa dos
antepassados selvagens e/ou silvestres das principais espécies
domesticadas e o escalonamento cronológico, de sentido EW, do
processo de neolitização levam a pensar num modelo migracionista
/colonizador de populações originárias do Próximo e Médio Oriente, que
lenta e continuadamente vão dando origem a novos sítios “neoliticos”.
o Em apoio de tal modelo parecem situar-se também os estudos
efetuados no campo da genética das populações [Modelo
difusionista/migracionista (CavalliSforza e Ammerman – anos 80)].

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o Segundo esta teoria a expansão da agricultura obedece a um
movimento de fronteiras móveis, a que corresponde o avanço do novo
modo de produção em 3 fases sucessivas:

Modelo teórico
1º fase (pioneira)

 Fixação de colonos em novas terras


 Crescimento demográfico
 Segmentação social
 Colonização de novas terras

2º fase (estabilização)

 Maior fixação das comunidades


 Fim da fronteira máxima da expansão agrícola
3º fase (estruturação social)

 Complexificação social
 Intensificação agrícola
 Sistemas complexos de organização social (chefaturas)

Europa
VII- V milénios a.c. = fase Pioneira: colonização das melhores terras (terras baixas,
solos férteis e água abundante)
V- III milénios a.c. = fase da Estabilização: colonização das terras marginais (zonas
de montanha, bosques)
Europa do Norte, zono alpina e vertente atlântica.
III- I Milénio a.c. = fase de Estruturação: sedentarização/intensificação (A. Sherratt
“Revolução dos produtos secundários” - finais do IV inícios do III milénio) /
complexificação social (aumento dos povoados; fortificações).

Interação / colonização
Pressupõe expansão demográfica limitada de populações agrícolas (frente de avanço)
Interação / aculturação das comunidades mesolíticas europeias com as neolíticas
(modelo dual (perlés, binder, martí, cabanilles)

Neolitização da europa – linhas de força

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1. Sob diferentes condições ambientais, as comunidades mesolíticas europeias
irão também desenvolver, progressivamente, uma economia de produção,
centrada no cultivo de cereais e leguminosas e no pastoreio de vários animais.
2. Este processo foi lento, as espécies diferenciadas e o modo como tais
transformações ocorreram também. Nuns casos imperou a difusão, noutros a
inovação será mais independente.
3. Apesar da cronologia mais antiga no Próximo Oriente, algumas manifestações
neolíticas na Europa ocorrem precocemente (tecnologia cerâmica – Grécia e
na Bacia do Mediterrâneo Oriental).
4. No plano da cultura material (indústrias líticas) não existe descontinuidade
entre o mesolítico e o neolítico, com exceção da Europa Central.
5. Ao contrário do Próximo Oriente a neolitização europeia é marcada pela
mobilidade das comunidades, antecedendo a sedentarização (5000 BP)
6. A neolitização europeia revela grande complexidade económica e social,
grande heterogeneidade de processos e grande diversidade cultural, que
resultam do protagonismo das comunidades mesolíticas e da variabilidade das
áreas geográficas.
7. O mundo neolítico europeu é um mundo de histórias lentas, de muitas
gerações, não tendo, também ele, nada de brusco.

A neolitização da Europa Neolítico Antigo

 Sudeste europeu
Transformações nas comunidades de caçadores-recoletores que absorvem novos
modos de vida de zonas mais evoluídas através do Egeu, com características
semelhantes ao Próximo Oriente.
Povoados do tipo tell (construções em adobe sobre fundações de pedra), com
habitações de planta variada (quadrada, retangular trapezoidal).
Cultivos: trigo, cevada, leguminosas;
Animais: ovicaprideos e bovídeos
Cerâmica: pintada

 Mediterrâneo Central e Ocidental


Continuidade do modo de vida de caçador-recoletor, com lenta incorporação de
animais (ovicaprideos) e vegetais (cereais) domesticados.
Manutenção de uma grande mobilidade
Habitat: grutas, abrigos, acampamentos de ar-livre.
Cerâmica: impressa/ cardial (grande diversidade regional)

 Europa central
Neolítico intrusivo, diferente do mesolítico local. Grandes povoados constituídos por
casas retangulares de grandes dimensões, ocupados durante períodos que podem de
ir até 25 anos. Grande mobilidade. Cultivos: trigo, cevada e leguminosas. Animais:
ovicaprideos e bovideos. Cerâmica decoração em bandas (neolítico de cerâmica de
bandas), feitas por incisão, primeiro, por ponteados depois.

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A neolitização da Europa Neolítico Pleno (V-III milénio)
1. Agricultura
Técnicas agrícolas: corte e queimada; agricultura de sequeiro; rotação de culturas
(cereais/leguminosas); policultivo mediterrâneo (trigo, oliveira e vinha).
Ocupação de novas terras; arroteamentos por desflorestação; aproveitamento de
terras marginais.
Adoção do arado; tração animal; estrumagem das terras de cultivo (Rer. Dos produtos
secundários).
2. Pecuária
Predomínio dos ovicaprideos; aumento da importância dos bovídeos (carga, tração e
alimento); domesticação do cavalo (?).
3. Variabilidade das práticas agrícolas e pastoris
Visível na diferenciação das estratégias de povoamento (disperso/ concentrado); maior
peso da atividade agrícola ou pastoril; Revolução dos Produtos Secundários.
4. Regionalização cultural
Observável, por exemplo, nas produções cerâmicas, no habitat e nos rituais
funerários.
5. Aumento dos intercâmbios
Sílex, obsidiana, conchas, metais (a partir do IV milénio), cerâmica campaniforme.
6. Hierarquização social
Monumentalização e complexificação das práticas funerárias (Megalitismo);
diversificação arquitetónica e dos espólios funerários.

MEGALITISMO
Arquitetura que se expressa pela edificação de monumentos construídos com pedras
ou lajes, habitualmente de grandes dimensões, não trabalhadas ou sumariamente
afeiçoadas, fincadas no solo.

Monumentos Megalíticos
Obras de arquitetura, mas também monumentos religiosos e sociais, onde se
praticavam cultos e atividades profanas.
Refletem a transformação simbólica da arquitetura doméstica em “espaços dos
mortos”.

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Revelam polimorfismo cultural e monumental, em que sociedades diferentes podem
ter tido arquiteturas simulares.
FUNÇÃO SOCIAL: eram monumentos de elite, excecionais, que registam a existência
de diferenças sociais (classes, grupos etários, diferentes papéis na sociedade).
FUNÇÃO ESPACIAL: funcionavam como marcas territoriais, refletindo o “stress” pela
posse da terra; situavam-se no centro do território explorado, ou nas suas periferias.
FUNÇÃO SIMBÓLICA: traduzem coesão e integração das comunidades, num
momento em que estaria em curso um processo de diferenciação social.

O Próximo Oriente e as raízes da neolitização


Neolítico: Da Economia Recolectora á Economia Produtiva
Cronologia:
Mesolítico 10,000-8,500 A.C
Neolítico Pré-Cerâmico – 8,500-6,000 A.C
Neolítico de Cerâmico- 6.000-5.000 A.C

O Próximo Oriente oferece condições climáticas e de produção natural particularmente


favoráveis para as ervas selvagens. A concentração de grupos humanos de várias
origens favoreceu um intenso intercâmbio cultural que levou a uma rápida expansão
da civilização e da arte.
O processo de evolução do Neolítico para as grandes civilizações do mundo antigo
desenvolveu-se de forma INDEPENDENTE e em diferentes épocas em várias partes
do mundo:

 A área conhecida como o crescente fértil do Próximo Oriente: uma vasta área
que se estende do Nordeste de africa ou do Vale do Nilo no Egipto, até á asia
ocidental, área da mesopotâmia entre os rios Tigre e Eufrates.
 Um pouco mais tarde, mudanças semelhantes ocorreram na India entre os rios
Indo e Ganges.
 No Extremo Oriente, entre os rios Huang Ho e Yangtzé, na China.
 Na América ocorreu de forma autónoma, com duas zonas muito distintas, as
mesoamericanas e a Andina.
A revolução agrária surgiu numa área onde a recoleção, num certo momento do
Paleolítico Final, teve uma predominância decisiva sobre os produtos de caça. O
Mesolítico palestiniano parece revelar claramente este processo de transição.

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O processo de Domesticação das Gramíneas
As gramíneas de crescimento espontâneo são domesticadas ao longo das gerações
através do cultivo seletivo das plantas mais ricas em frutos.

O Neolítico no Próximo Oriente: O processo de socialização cultural como


Intercâmbio e Cooperação
1. As formas de mudança cultural- Fim do Paleolítico (GOBEKLI TEPE)
2. Palestina Protoneolítico (Jericó)
3. Anatólia Central Neolítico Tardio (ÇATAL HOOYUK)

 Gobekli Tepe
É considerado Património Mundial pela UNESCO. Situa-se na Turquia.
Desde 1994 escavações tem sido conduzidas pelo Instituto Arqueológico Alemão e
pelo Museu de Şanlıurfa, sob a direção do arqueólogo alemão Klaus Schmidt (1995-
2000: Universidade de Heidelberg, desde 2001: Instituto Arqueológico Alemão).
Schmidt diz que os fragmentos de rocha na superfície do monte fizeram com que
tivesse certeza de que se tratava de um sítio pré-histórico.
Antes disso o monte estava ocupado por culturas agrícolas. Gerações de habitantes
locais frequentemente moviam rochas e as empilhavam para limpar o terreno e muita
evidência arqueológica pode ter sido destruída no processo.

 Gobekli Tepe: Centro cerimonial para caçadores


Misteriosamente todo este complexo de pedras, pilares e esculturas foi
deliberadamente enterrado por volta de 8000 AC permanecendo abandonado por 500
anos. Junto com Nevali Cori, este sítio revolucionou a compreensão do Neolítico
Euroasiático.
O primeiro nível de ocupação (Estrato III), datado do Neolítico Precerâmico, teria
começado por volta de 9000 AC inclui a conhecida construção de pilares monolíticos,
ligados entre si por paredes rugosas formando estruturas circulares.
Até agora foram descobertas 4 construções deste tipo, medindo entre 10 a 30 metros
de diâmetro. Mas os levantamentos geofísicos indicam a existência de mais 16
estruturas.
O Estrato II, datado do Neolítico Pré-Cerâmico B, entre 7500-6000 AC, revelou os
restos de várias divisões adjacentes em forma retangular com o chão de cal polido.

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Grandes blocos de pedras organizados em círculos pontuados por grandes pilares de
cerca de 5,5 metros de altura adornados com esculturas. As sociedades da época já
eram capazes de se organizar para construir enormes monumentos. Existem teorias
que afirmam que os conjuntos de animais nos pilares representariam constelações de
estrelas.

Exemplificação de um tipo de escavações

GOBEKLI TEPE: PILARES ANTROPOMÓRFICOS DECORADOS COM ANIMAIS


TOTÉMICOS
Os monólitos são decorados com relevos esculpidos de animais e pictogramas
abstratos que podem representar símbolos sagrados. Estes relevos retratam leões,
touros, javalis, raposas, gazelas, burros, cobras e outros répteis, insetos, aracnídeos e
aves, especialmente abutres e aves aquáticas.
Em algumas destas colunas em forma de T existem braços gravados que podem
representar seres humanos estilizados ou deuses antropomórficos.
Num outro caso há uma decoração de mãos humanas que poderia ser interpretada
como um gesto de oração.

(...)

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Neolítico Pré cerâmico (8.500-7.500 a.C.
Colheita intensiva de cereais
Sedentarização do habitat(aldeias)
Abandono de cavernas
Casas Circulares

Principais Prê Cerâmico


UADI NATUF
JERICÓ (palestina)
O WAD (zona monte Carmelo)
AIN Mallaha
MUREIBET
TELL ABU HUREYRA

A CULTURA NATUFIANA. JERICÓ


Início: acampamento de caçadores-recolectores natufienses (9.000 AC)
Desenvolvimento: Muralha (8.000 AC); 1,6 Há
Cabanas circulares de tijolos de lama. As pessoas viviam em casas de tijolo de barro e
dentro dessas casas as pessoas construíam plataformas para colocar os crânios dos
seus ancestrais.
Os crânios eram desenterrados, a mandibula inferior removida e as lacunas foram
preenchidas com gesso. Em seguida, foi coberto com gesso, com as camadas
externas moldadas para se assemelhar à estrutura facial da pessoa. Depois disso foi
pintado com ocre vermelho ou betume preto. Foram incluídos detalhes: o cabelo da
pessoa foi pintado, e as suas características faciais pintadas, até mesmo bigodes
foram adicionados. Alguns tinham conchas de búzios como olhos.

Os rostos eram moldados com bastante rigor, quanto mais importância tivesse uma
pessoa, melhor seria o seu retrato fácil. Deste modo, seria adorado com mais rigor do
que se fosse uma pessoa normal.
AIN GHAZAL, JORDÂNIA aprox. 7300-6500 a.C.
4 fases:

 Neolítico B pré-cerâmico intermédio 7.250-6.500 a.C.


 Neolítico B pré-cerâmico tardio 6.500- 6.000 a.C.

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 Neolítico Pré-Cerâmico C 6.000-5.550 a.C.
 Cerâmica Yarmoukian Neolítica 5.500- ? 5.000 a.C.
Os olhos eram feitos de um material mais branco que o resto da estatueta e eram
contornados com um pigmento preto, possivelmente betume, com pupilas marcadas
com o mesmo pigmento

Çatal Hoyuk
O maior sítio neolítico na Turquia, duas fases da vida:

 Período neolítico pré-cerâmico. Colina leste (direita) 7000- 6300 AC


 Calcolítica colina ocidental (esquerda) 6000 AC
Localização geográfica: situada nas margens do rio Çasamba na planície de konya, na
anatólia central. Fica a cerca de 60 km de Konya. O sítio neolítico de Çatal Hoyuk foi
descoberto no final dos anos 50 e escavado por James Mellart entre 1961 e 1965. O
local tornou-se rapidamente famoso devido à sua grande dimensão e à densa
ocupação do povoado, bem como às espetaculares pinturas nas paredes e aos
artefactos encontrados no interior das habitações.
Configuração do povoado: as casas: as suas casas foram construídas tão próximas
umas das outras que cada casa tinha o seu acesso através de um buraco no telhado.
O acesso aos interiores das casas era feito através de uma escada de madeira num
dos lados dos telhados planos. As casas foram construídas de barro e tinham várias
divisões. O quarto principal continha bancos e plataformas para sentar e dormir.
Os materiais básicos dos edifícios eram em barro e a madeira. As paredes foram
construídas com barro seco ao sol e cobertas com uma argamassa de cal e barro. Os
telhados eram planos e apoiados por postes interiores de madeira, e os pavimentos
eram de barro pisado. Atualmente, defende-se que as atividades diárias, como a
preparação de alimentos se podia realizar no telhado.
Os interiores das casas Çatal Hoyuk: a maioria das casas foi construída em
plataformas sub as quais foram efetuados enterros. Os fornos foram colocados
principalmente contra a parede sul, as escadas no canto sudoeste da sala principal,
bem como os recipientes de armazenamento, as áreas de moagem e preparação de
alimentos, estavam localizados na sala maior.

Religião ou Possíveis Crenças. Templos, Santuários e Capelas


Ao longo das escavações, foram descobertas diferentes salas que foram associadas
as capelas ou santuários relacionados com algum tipo de crença religiosa.
Sob algumas destas capelas, tais como a capela Nº10 de Mellaart, foram encontrados
os restos mortais de enterramentos de adultos e crianças.
Cifres eram usados na ornamentação dos frisos de templos e sepulturas, em altares,
candelabros e outros objetos de culto

Escultura e Relevos

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A mais características de todas as esculturas encontradas é esta representação da
deusa mãe protetora.
É uma representação extraordinária da Vénus Neolítica.

Figura de mármore de 8.000 anos de idade de uma mulher obesa com as mãos
debaixo dos seios, foi descoberta no antigo povoado neolítico de Çatal Hoyuk. A
mulher foi representada com uma cabeça careca e olhos oblíquos ou alongados. As
últimas teorias sugerem que estas figuras não eram deusas da fertilidade, mas
retratavam mulheres idosas de elite. A peça te, cerca de 17 centímetros de
comprimento, quase 11 centímetros de largura e pesa pouco mais de um quilo.
Parecido com um lutador de sumo, tem olhos e seios inclinados, barriga e nádegas,
desproporcionais às mãos e pés. Ela foi moldada primeiro pelo polimento de pedra e
depois os detalhes do corpo foram incisos. A execução de todos os detalhes mostra
grande atenção aos pormenores e habilidade técnica.

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