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Título
A formação do
x1 território brasileiro
Reprodução/Biblioteca Digital de Cartografia Histórica - USP, São Paulo, Brasil
12
O Brasil é o quinto maior país do mundo, com
8 514 876 km2 de extensão territorial, e o 6º país com
maior população, atingindo 213,3 milhões de habitantes
em 2021, conforme estimativa do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE).
13
Caminhos
mapas.
Discutir e formar opinião, desenvolver argumentos sobre tópicos específicos e
elaborar textos.
Desenvolver trabalhos individuais e em grupo para sistematizar dados e infor-
14
Você vai utilizar:
Caderno, lápis e caneta para anotações e realização
de atividades.
Folha de papel sulfite, lápis e caneta, giz de cera, lápis
15
1 Formação econômica
e territorial do Brasil
Ocupação do território e
definição das fronteiras nacionais
A formação de nosso país como um Estado moderno iniciou com a chegada
de Pedro Álvares Cabral à região hoje chamada de Porto Seguro, no litoral do
atual estado da Bahia, no dia 22 de abril de 1500. O objetivo dos portugueses
Assimilado: não era conquistar novas terras, mas chegar até as Índias e controlar a rota do
quando há
perda de comércio de mercadorias que vinham do Oriente, como especiarias, artigos de
traços culturais
próprios de um
luxo, tecidos e outros produtos.
povo em virtude Essa terra foi chamada inicialmente de Ilha de Vera Cruz e posteriormente de
da absorção de
características Terra de Santa Cruz. Só mais tarde recebeu o nome de Brasil, por causa da exis-
culturais de tência de pau-brasil ao longo do litoral, que passou a ser explorado pelos portu-
outros povos.
Especiarias: gueses durante os primeiros anos da colonização.
condimentos Conforme ocupavam o território, os colonizadores entraram em contato com
e temperos
como sal, cravo, povos indígenas, que foram escravizados, eliminados ou assimilados no contexto
canela, pimenta,
noz-moscada,
das estratégias de resistência ou de formação de alianças com os europeus. Assim
gengibre etc. como os povos de origem africana, trazidos à força para o trabalho escravo, tam-
Pau-brasil:
árvore nativa da bém passaram a compor a população. Nesse processo, diversas atividades econô-
Mata Atlântica micas se sucederam e contribuíram com a formação do território brasileiro, como
brasileira.
veremos a seguir.
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Século XVI: extração de pau-brasil e início do cultivo
da cana-de-açúcar
No início do século XVI, por conta da ameaça de rivais, principalmente de
franceses que tentavam se apropriar de partes da costa brasileira, D. João III, rei
de Portugal, decidiu estabelecer feitorias no litoral de sua nova colônia. Além Feitoria:
estabelecimento
disso, adotou o modelo de colonização das capitanias hereditárias, dividindo o comercial
território em 15 grandes faixas de terra, distribuídas aos capitães donatários, fortificado que
centralizava a
nobres portugueses que se responsabilizavam pela ocupação e pelo desenvolvi- demanda de
produtos para o
mento econômico. reino da Coroa
A primeira atividade econômica significativa no território foi a extração do pau- portuguesa.
-brasil, predominante entre 1500 e 1530. O corante avermelhado extraído do
tronco dessa árvore, semelhante a um produto encontrado apenas na Ásia Oriental
na época, era utilizado para tingir tecidos e acessórios da nobreza.
A partir de 1530, o cultivo da cana-de-açúcar foi desenvolvido pelos portu-
gueses que trouxeram essa planta nativa da Índia para o Brasil. Era produzida em
grandes propriedades monocultoras, principalmente na região Nordeste, onde pre-
dominava a mão de obra escrava, primeiro indígena e depois africana. A produção
de açúcar se tornou a principal atividade econômica, transformando a colônia no
primeiro produtor mundial de açúcar na primeira metade do século XVII.
Natal
Filipeia
Meridiano de Tordesilhas
Olinda
São Cristóvão
Salvador
São Jorge dos Ilhéus
Santa Cruz
Porto Seguro
N. Sra. da Vitória
OCEANO Espírito Santo
PACÍFICO São Paulo
Trópico de Capricórnio São Sebastião do Rio de Janeiro
Santos
Pau-Brasil N. Sra. da Conceição de Itanhaém
Cana-de-açúcar Cananeia Fonte: HERVÉ,
Thery; MELLO, Neli
Pecuária
Aparecida de. Atlas
Limites das capitanias do Brasil: disparidades
hereditárias e dinâmicas do
Capitanias reais território. 2. ed.
0 630 1 260 km
Cidades e vilas São Paulo: Edusp,
2009. p. 35.
17
Século XVII: expansão da pecuária e início das drogas do sertão
A produção de cana-de-açúcar se manteve como importante atividade econô-
mica da colônia, expandindo-se ainda mais no litoral, inclusive na região Sudeste,
na costa dos atuais estados do Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Paulo. No en-
tanto, com a concorrência da produção holandesa nas Antilhas, na América Central,
a partir de meados do século XVII, a cultura canavieira entra em declínio no Brasil.
A pecuária também contribuiu para a ocupação econômica do interior, baseada em
mão de obra livre. No Nordeste, a criação de bois, cavalos e mulas ocorria junto à
grande lavoura de cana-de-açúcar. Nessa região, destacam-se dois caminhos: um
partia do litoral baiano, atravessando o interior dos atuais estados da Bahia, Ceará,
Piauí e Maranhão; outro saía de Olinda, em Pernambuco, e avançava pelo litoral até
o Rio Grande do Norte e depois passava pelo interior do Piauí. Os caminhos mar-
geavam rios importantes, onde foram surgindo feiras e povoados que dinamizavam
a economia local e regional, além da cultura sertaneja, centrada na figura do va-
queiro. No Sul, a pecuária também estava presente, se desenvolvendo de maneira
mais significativa no século seguinte.
Os portugueses avançaram na ocupação do norte do país por meio da instala-
ção de missões jesuíticas e fortes militares ao longo do rio Amazonas, em terras
de domínio espanhol. A exploração econômica voltou-se para a caça e extração de
algumas plantas, raízes, látex e resinas. Produtos extraídos da Floresta Amazôni-
ca, como urucum, guaraná, cravo, canela, anil, salsa parrilha, baunilha, castanha e
cacau, ficaram conhecidos como “drogas do sertão”, atividade que perdurou até o
final do século XVIII.
No final século XVII, foram
Brasil: economia e território no século XVII
descobertas as primeiras jazidas
Allmaps
18
Século XVIII – extração de ouro, início do cultivo do algodão
e expansão da pecuária
Novas minas de ouro e diamantes foram descobertas nos atuais estados de
Minas Gerais, Mato Grosso, Goiás e Bahia. Isso intensificou a mineração, que se
tornou a principal atividade econômica da colônia entre o final do século XVII e
meados do século XVIII, quando algumas jazidas começaram a se esgotar, perdu-
rando ainda uma significativa exploração até 1789. E essa atividade econômica
propiciou o surgimento de diversas cidades e vilas. Embora a colônia pudesse con-
tar com o trabalho de garimpeiros e lavradores livres, a maior parte da mão de obra
empregada era de pessoas escravizadas vindas da África.
Já a produção de algodão começou por volta de 1760 no litoral do atual estado
do Maranhão e nas proximidades das zonas canavieiras dos atuais estados do Rio
Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco. A matéria-prima era cultivada por pessoas
escravizadas vindas do continente africano e exportada para a Europa, visando aten-
der a demanda das fábricas têxteis da Inglaterra após a Revolução Industrial.
A pecuária já presente no sul se expandiu, seguindo o litoral entre São Vicente
(no atual estado de São Paulo) e Laguna (no atual estado de Santa Catarina), e
outro percurso ocupava o interior, avançando para Curitiba (no atual estado do Pa-
raná), dando origem às cidades de Lajes (Santa Catarina), Vacaria e Viamão (Rio Charqueada:
propriedade
Grande do Sul). Para deslocar a fronteira em direção às terras espanholas, a Co- rural onde são
roa portuguesa distribuiu sesmarias, que formaram estâncias e charqueadas gaú- abatidos os bois
e preparado o
chas, abastecendo o centro-sul da colônia, em especial as áreas mineradoras, que charque, um tipo
cresceram rapidamente nesse período. Em seguida, a pecuária se expandiu para de carne salgada
e desidratada.
a porção central da colônia, principalmente nos atuais estados de Goiás e Mato
Grosso do Sul.
PPE_G24_GEO_V7U1C1_M004
19
Atividades Não escreva
neste livro
Use seu
caderno
Leia atentamente o mapa e responda às questões.
Allmaps
PPE_G24_GEO_V7U1C1_M001
Fonte: HERVÉ, Thery; MELLO, Neli Aparecida de. Atlas do Brasil: disparidades e dinâmicas do
território. 2. ed. São Paulo: Edusp, 2009. p. 33.
1. Localize no mapa o município em que você vive. Quando ele foi ocupado
pelos colonizadores e seus descendentes? Elabore uma hipótese para
explicar esse fato.
2. Pesquise o que foram as entradas e bandeiras e elabore um texto apre-
sentando seus principais objetivos, consequências e contribuições ao
processo de ocupação e expansão das fronteiras do Brasil.
Organize-se
Observe as áreas destacadas como ganhos de território por arbitragem e os
limites do país definidos por tratados. Anote suas impressões sobre o que es-
sas informações representam para a formação do território brasileiro e depois
compare com as informações apresentadas nas páginas finais do capítulo.
20
Século XIX: expansão do algodão, início da extração
da borracha e do cultivo de café
O cultivo de algodão se expandiu para o sertão semiárido do nordeste, perdu-
rando como importante atividade econômica da colônia até os anos 1820, quan-
do entrou em decadência por conta da concorrência com a produção dos Estados
Unidos da América.
A produção de fumo, localizada principalmente no Recôncavo Baiano, região
próxima à cidade de Salvador (no atual estado da Bahia), estava articulada com as
áreas canavieiras, pois parte do açúcar comercializado era pago mediante trocas
com fumo.
Entre os anos 1870 e 1910 ocorreu uma elevada extração do látex, incentiva-
da pela crescente demanda de borracha, que levou a importantes migrações inter-
nas, oriundas do sertão nordestino que se deslocavam para as áreas dos seringais
na Floresta Amazônica. Assim, desenvolveram-se cidades como Manaus, Belém e
Porto Velho. A produção de borracha entrou em declínio por causa da concorrência
com colônias holandesas e inglesas no Sudeste Asiático.
O cultivo de cacau, planta originária da bacia do rio Amazonas, se desenvolveu
no sul do atual estado da Bahia entre as décadas de 1890 e 1920, quando o Bra-
sil se tornou um grande exportador mundial dessa matéria-prima para os Estados
Unidos e a Europa, declinando após a concorrência com a produção de colônias
inglesas na costa oeste da África.
O cultivo da erva-mate ocorreu durante as décadas de 1840 a 1920 em porções
dos atuais estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso do Sul,
incentivado pela demanda de consumo da Argentina e do Paraguai, em decorrência
da interrupção das importações que
antes eram feitas do Uruguai, princi-
A economia e o território no século XIX
pal produtor até então.
Allmaps
O cultivo de café se iniciou no
século XVIII nos atuais estados do
Rio de Janeiro e Minas Gerais, mas
teve o seu auge entre os anos 1800
e 1830 no interior do estado de São
PPE_G24_GEO_V7U1C1_M005
Paulo. Nessa área, a cafeicultura foi
substituindo a mão de obra escrava
pela mão de obra livre assalariada,
sobretudo de imigrantes europeus.
A produção se organizou em torno
das ferrovias, instaladas para facilitar
o transporte do café exportado pelo
porto de Santos.
21
Diálogos com História em
p orâ n e o
Tr
Te m o nt
Educação
ans
aC
em Direitos
Tráfico de escravizados
ve rs a
Humanos
l
As primeiras embarcações com pessoas escravizadas do continente africano chegaram
ao Brasil em 1532. Partindo inicialmente do Golfo da Guiné, principalmente das atuais Cos-
ta do Marfim, Angola e Moçambique, em que milhões de pessoas foram capturadas e forçadas a trabalhar
nas colônias. Entre os séculos XVI e meados do XIX, foram cerca de 4,5 milhões de pessoas escravizadas
trazidas para o Brasil, mais de 1/3 de todo o fluxo para o continente americano. Observe o mapa.
Allmaps
PPE_G24_GEO_V7U1C1_M006
22
Século XX: industrialização
Até a primeira metade do século XX, diversas partes do território brasileiro
tinham economia e dinâmica social quase independentes, com atividades eco-
nômicas desenvolvidas nos séculos anteriores, baseadas na produção de bens
primários, como café e cana-de-açúcar, voltados à exportação.
Essa característica da organização do território se modificou com o processo
de industrialização e o de urbanização, intensificados após o declínio do cultivo
de café, nos anos 1930. Grandes investimentos públicos e privados feitos nas dé-
cadas seguintes, principalmente entre os anos 1950 e 1970, alavancaram a eco-
nomia brasileira, que deixou de ser meramen-
Brasil: ocupação produtiva do espaço (2018)
te primário-exportadora. Assim, as economias
Allmaps
50° O
Salvador
senvolveu um parque industrial diversificado Cuiabá
Brasília
OCEANO
e complexo, abrangendo diversos segmentos Goiânia
Belo
ATLÂNTICO
Horizonte
produtivos e tipos de indústrias, das mais tra- OCEANO Campo
Grande Vitória
PACÍFICO
dicionais às mais modernas. Essas indústrias Trópico
de Capri
córnio Rio
São Paulo
de Janeiro
Florianópolis
país, principalmente no estado de São Paulo. Porto Alegre
cultivo de grãos voltados à exportação, como Áreas pouco povoadas, com fraca economia urbano-industrial
Áreas de industrialização e urbanização mais desenvolvidas
o milho e a soja. Megalópole
Áreas com técnicas agropecuárias tradicionais, com algumas grandes
Fonte: SILVA, Carlos Alberto Franco da. cidades e indústrias
A modernização distópica do território Áreas pouco povoadas, com paisagens naturais menos alteradas e com
territórios ecológicos-culturais diversos
brasileiro. Rio de Janeiro: Consequência,
Expansão da fronteira agropecuária
2019. p. 388.
Atividades
Não escreva
neste livro
1. Investigue a história do município onde você vive e de seu entorno e iden-
Use seu
tifique quais atividades econômicas foram importantes ao longo de seu caderno
processo de ocupação.
2. A região onde você vive desenvolveu alguma das atividades econômicas descritas neste
capítulo? Caso afirmativo, qual é a situação atual da referida atividade? Ela ainda é rele-
vante na região?
3. Nessa região foi comum o uso de mão de obra indígena e/ou africana escravizada? Pro-
ponha, então, medidas para que isso nunca mais venha a ocorrer, ideias que busquem
transformar a mentalidade social com relação ao preconceito e para que a comunidade
reconheça o direito à liberdade de todos os povos.
23
Disputas territoriais com os povos originários
Há pelo menos cerca de 15 mil anos, o atual território brasileiro conta com a pre-
sença dos povos originários. Estima-se que em 1500 esses povos somavam entre 3
Aculturação: e 5 milhões de pessoas, que formavam diferentes grupos, distinguindo-se principal-
fusão de um mente pela língua. Existiam, na época, cerca de mil línguas indígenas, pertencentes
conjunto de
traços culturais aos troncos tupi e macro-jê, além das famílias linguísticas aruaque, caribe, pano e
entre um ou mais tucano, entre outras. Observe o mapa “Brasil: população antes da conquista”.
povos.
Destribalização: Os indígenas foram utilizados como mão de obra ao longo do século XVI e
ato de retirar
alguém de seu
início do século XVII de três maneiras: como escravos na produção de cana-de-
modo de vida -açúcar; como camponeses por meio da aculturação e destribalização pratica-
tribal.
das pelos jesuítas e demais ordens religiosas; e como trabalhadores assalariados.
Allmaps
PPE_G24_GEO_V7U1C1_M008
24
No entanto, cada povo reagiu de maneira distinta à presença dos colonizadores
portugueses e à chegada de invasores, como holandeses e franceses; alguns esta-
beleceram aliança com os colonizadores, outros ofereceram resistência e ataques,
e outros, ainda, fizeram alianças com os invasores.
Como consequência, houve significativa redução da população indígena por
causa das guerras, do trabalho escravo e das doenças transmitidas pelo contato
com os colonizadores e invasores. Seus territórios também foram sendo gradati-
vamente reduzidos conforme avançava o processo de ocupação pelos europeus e
seus descendentes.
PPE_G24_GEO_V7U1C1_M009
Atualmente, temos no Brasil cerca de 817 mil indígenas, com 305 etnias e 274
línguas diferentes, ocupando sobretudo áreas na região da Floresta Amazônica,
conforme veremos em maiores detalhes no boxe da página a seguir e na próxima
parte.
25
Evolução do mapa político do Brasil
A divisão político-administrativa do Brasil foi modificada ao longo dos séculos,
pois a fronteira que o separa dos países vizinhos foi sendo gradativamente amplia-
da até chegarmos aos limites atuais de nosso território. Da mesma forma, o país
internamente também foi ganhando novas configurações.
Múltiplas leituras
Reprodução/Biblioteca Nacional, Paris, França
Mapas históricos
Os primeiros mapas de que se tem registro
foram elaborados no século VI a.C. pelos gregos,
tendo como principal objetivo localizar informa-
ções no espaço geográfico. No contexto da co-
lonização da América, no século XVI, os mapas
eram utilizados pelos europeus em expedições
militares e de navegação, trazendo informações
de aspectos culturais, estratégicos, bélicos e re-
ligiosos da época.
26
A expansão territorial
Diversos conflitos ocorreram entre as Coroas da Colônia de Sacramento a Portugal, que havia
portuguesa e espanhola a respeito dos limites sido invadida ou cercada diversas vezes pelos
entre as colônias dos dois países, amenizados espanhóis nos anos anteriores.
durante a União Ibérica, que perdurou de 1580 O Tratado de Madri (1750) anulou o Tratado
a 1640 e diluiu as fronteiras estabelecidas pelo de Tordesilhas, garantindo para Portugal o con-
Tratado de Tordesilhas. Assim, Portugal expandiu trole da maior parte da bacia do rio Amazonas,
sua ocupação territorial ao norte, ao sul e a oeste.
enquanto a Espanha controlava a maior parte da
No entanto, novas disputas surgiram e foram re-
baixa da bacia do rio da Prata. Embora não te-
solvidas por meio de tratados internacionais.
nha sido cumprido, ele foi a base para a for-
O primeiro Tratado de Utrecht, entre Portugal e
mulação de outros acordos, como o Tratado de
França (1713), estabeleceu as fronteiras entre o
Brasil e a Guiana Francesa, as quais só foram de- Badajós entre Portugal e Espanha (1801), que
finitivamente firmadas por meio de arbitragem em resultou na incorporação definitiva da região dos
1900, quando a Suíça foi nomeada como árbitra Sete Povos das Missões ao Brasil.
para julgar a disputa territorial, decidindo em favor Nessa época também ocorreu uma mudança
do Brasil, que manteve o atual território do Amapá. impor tante: a capital havia sido transferida
O segundo Tratado de Utrecht, entre Portugal de Salvador para a cidade do Rio de Janeiro,
e Espanha (1715), levou à segunda devolução em 1763.
O mapa das
capitanias hereditárias
pode ser revisto nesta
Unidade.
PPE_G24_GEO_V7U1C1_M010
27
Novas divisões político-administrativas
Desde o século XVI, quando foram criadas, algumas capitanias hereditárias já ha-
viam sido devolvidas à Coroa de Portugal por conta do fracasso das tentativas de co-
lonização de seus capitães donatários. No século XVIII, aquelas que permaneceram
coexistiam com as diversas capitanias reais que foram sendo criadas e administradas
pela Coroa, até que todas foram compradas ou confiscadas, sendo extintas no ano
de 1759. Com a independência do Brasil, em 1822, as capitanias reais foram trans-
formadas em províncias do Império do Brasil, mantendo o contorno.
Allmaps
50° O
AMAPÁ
Equador Macapá
0°
zonas
R i o A ma
Belém São Luiz
Manaós
Fortaleza
AMAZONAS MARANHÃO CEARÁ RIO GRANDE
PARÁ DO NORTE
Therezina Natal
PARAHYBA
DO NORTE Parahyba
PIAUHY PERNAMBUCO Recife
ALAGOAS Maceió
SERGIPE
Aracaju
BAHIA
MATTO GROSSO GOYAZ
São Salvador
Cuyabá
OCEANO
Goyaz ATLÂNTICO
MINAS GERAIS
ESPIRITO SANTO
Victoria
OCEANO
SÃO PAULO
PACÍFICO RIO DE JANEIRO
São Paulo Rio de Janeiro
io
Trópico de Capricórn
PARANÁ
Curityba
SANTA CATHARINA
N. S. do Desterro
RIO GRANDE
DO SUL Porto Alegre
0 480 960 km
Fonte: IBGE. Evolução da divisão territorial do Brasil 1872-2010. Rio de Janeiro: IBGE, 2011. p. 13. Disponível em: https://
biblioteca.ibge.gov.br/index.php/biblioteca-catalogo?view=detalhes&id=284481. Acesso em: 21 abr. 2022.
28
Desde 1853 havia disputas nas fronteiras com a Colômbia. Para resolver o
conflito, em 1928 os Estados Unidos da América atuaram como árbitro, chegando
a um acordo entre as partes nesse mesmo ano, no qual foram definidas as atuais
fronteiras do Brasil nessa região.
Durante o período imperial houve a criação da província do Amazonas e da pro-
víncia do Paraná. Assim, em 1889, quando foi proclamada a República, as províncias
passaram a ser denominadas estados, mantendo-se as divisas, e a capital do país
passou a ter um regime político especial, sendo denominada Distrito Federal.
PPE_G24_GEO_V7U1C1_M012
Fonte: IBGE. Evolução da divisão territorial do Brasil 1872-2010. Rio de Janeiro: IBGE, 2011. p. 13. Disponível em: https://
biblioteca.ibge.gov.br/index.php/biblioteca-catalogo?view=detalhes&id=284481. Acesso em: 21 abr. 2022.
29
Últimas modificações e configuração atual
No caso das divisões administrativas, o governo brasileiro criou nos anos 1940
cinco territórios federais por meio do desmembramento dos estados do Amazo-
nas e do Pará, sendo eles: Guaporé, Amapá, Ponta Porã, Iguaçu e Rio Branco. Dois
foram extintos em 1946, Ponta Porã e Iguaçu, e o restante foi transformado em
estados pela Constituição Federal de 1988; Amapá e Rondônia (antigo Território
Federal de Guaporé) e Roraima (antigo Território Federal de Rio Branco). Finali-
zando a atual configuração, em 1977, quando foi criado o estado de Mato Grosso
do Sul e, em 1988, o estado do Tocantins.
Em 1960, a capital foi transferida do Rio de Janeiro para Brasília, construída
especialmente para esse fim. Atualmente o Brasil é composto de 26 estados mais
o Distrito Federal e de 5 570 municípios. Além disso, o IBGE adota divisões regio-
nais para facilitar a coleta e análise de dados socioeconômicos. Assim, temos cinco
macrorregiões: Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul, que iremos estudar
mais detalhadamente ao longo das próximas Unidades.
Allmaps
Allmaps
50º O 50° O
Boa Vista
RR AP RR AP
Equador Equador Macapá
0º 0°
DF Cuiabá DF
Brasília
OCEANO Goiânia OCEANO
GO
GO ATLÂNTICO
MG ATLÂNTICO MG
Campo ES
MS Limite de Estado Grande Vitória
OCEANO ES
Limite do País
Belo
Horizonte
MS RJ
PACÍFICO Capital de Estado
SP
Rio de Janeiro
rnio RJ Trópico de Capricórnio
e Capricó São Paulo
Trópico d SP
Capital de País PR
Curitiba
PR Região Norte
Fonte: IBGE. Disponível em: www.ibge.gov.br/ Fonte: IBGE. Atlas escolar. Disponível em: https://
geociencias/organizacao-do-territorio/estrutura- atlasescolar.ibge.gov.br/mapas-atlas/mapas-do-brasil/
territorial/15774malhas.html?edicao=15874&t=acesso-ao- federacao-e-territorio. Acesso em: 21 abr. 2022.
produto. Acesso em: 21 abr. 2022.
Não escreva
neste livro
30
Territórios dos povos e
comunidade tradicionais 2
Dentro do Brasil sempre houve diversos grupos sociais, cada um com suas Censo
demográfico:
referências culturais, organização política e atividades econômicas próprias; contagem da
alguns reconhecidos como povos e comunidades tradicionais. população e
levantamento
de informações
Povos originários sobre a situação
de vida das
pessoas em
Os povos originários correspondem aos indígenas, que já estavam presentes cada um dos
antes da colonização europeia no território, totalizando, no ano de 1500, cerca de municípios do
país.
3 a 5 milhões de pessoas. Demarcação
de terras
Atualmente, habitam todos os estados do Brasil e o Amazonas tem o maior nú- indígenas:
mero absoluto de indígenas. Segundo dados do Censo 2010, a população total corresponde à
delimitação e ao
de pessoas autodeclaradas indígenas era de 817 963 indivíduos, organizados em reconhecimento
305 etnias e 274 línguas diferentes. No entanto, a quantidade pode ser maior, pois oficial, por parte
do governo
havia pelo menos 69 grupos não contatados (os chamados “indígenas isolados”), brasileiro,
além do fato de que muitos não se declaram como tal nos levantamentos feitos pe- de terras
tradicionalmente
los censos demográficos, embora mantenham sua cultura viva. ocupadas pelos
indígenas,
Há grande variedade de culturas, línguas e povos, portanto o modo de vida assegurando
pode variar bastante de um povo para outro. Ainda assim, é possível identificar ati- a proteção
dos limites
vidades comuns, como caça, pesca, coleta, agricultura de subsistência, cultivo de demarcados e
plantas medicinais, criação de animais e produção de artesanato, além de ativida- impedindo a
ocupação por
des profissionais relacionadas à educação, saúde e construção de moradias, polí- terceiros.
tica local, gestão do território, entre outras.
Um aspecto essencial dos povos in-
Chico Ferreira/Pulsar Imagens
dígenas é sua profunda relação com o
território que habitam. Por isso, a de-
marcação de terras indígenas é fun-
damental para a proteção de seus mo-
dos de vida, já que, desde o início da
colonização, os conflitos pela posse e
pelo uso de seus territórios, continua-
mente invadidos por outros grupos so-
ciais, estão presentes na história de luta
por direitos dos povos indígenas.
31
Povos não originários
Os povos não originários têm ligação com grupos étnicos oriundos de outros
lugares do mundo e mantêm parte de suas características culturais, linguísticas e
mesmo os conhecimentos tradicionais de seus ancestrais no que se refere às ati-
vidades produtivas que desenvolvem. No Brasil, podemos encontrar grupos como:
povos de terreiro: são o conjunto de populações, em sua maioria de origem afro-
Educação para
Te m o nt
ans
Valorização do
Use seu
aC
Multiculturalismo
ve rs a
Brasileiras
32
Comunidades tradicionais
Algumas comunidades tradicionais se caracterizam pelo modo de vida que es- p orâ n e o
em
tabelecem nos territórios que ocupam com base em uma profunda interação com
Tr
Educação para
Te m o nt
ans
Valorização do
aC
Multiculturalismo
as características do meio ambiente. No Brasil, podemos encontrar:
ve rs a
nas Matrizes
Históricas
e Culturais
geraizeiros: habitam os campos gerais do norte do estado de Minas Gerais, onde
l
Brasileiras
Catingueiro puxando cavalo e carroça no município de Petrolina, município localizado no sertão pernambucano,
em 2021.
33
comunidades de fundo de pasto: ocupam partes do semiárido baiano, nas quais
os camponeses se dedicam à criação de bodes, ovelhas ou gado em terras de uso
comum, articuladas com as áreas individuais onde cultivam lavouras de subsistên-
cia, além do extrativismo vegetal praticado nas áreas individuais e de uso comum.
faxinalenses: moram em porções do estado do Paraná e caracterizam-se pelo uso
e pela gestão comunal das terras, dos bens naturais, dos criadouros de animais e
do cultivo de culturas diversificadas; baseiam-se em relações e laços de solidarie-
dade e reciprocidade e possuem diversas práticas tradicionais ligadas a medicina
natural, rezas e benzedeiros; sua religiosidade é pautada no catolicismo, com
influências de outras matrizes religiosas.
pantaneiros: moram no Pantanal e são influenciados diretamente pelas relações
estabelecidas com o meio ambiente e com os ciclos de cheia e seca das águas,
utilizando-as como meio de transporte e de subsistência; são peões, vaqueiros,
capatazes, barqueiros, pescadores e garimpeiros.
retireiros: são assim chamados por viverem em retiros, em áreas de várzea, no rio
2. Escolha uma das comunidades tradicionais mencionadas da qual você não faz parte e
imagine como seria viver nesse contexto.
a) O que seria diferente em relação ao seu modo de vida atual?
b) Quais características de seu modo de vida você acha que seria interessante levar para
essas comunidades e quais características dessas comunidades considera que seria inte-
ressante trazer para o seu modo de vida?
34
Comunidades extrativistas
Os povos e comunidades extrativistas são bastante diversos e se distribuem
por todo o território brasileiro. No geral, a extração (ou coleta) de espécies vege-
tais e animais define seu modo de vida, de produção e é a base de sustento para
toda a comunidade.
do-se aos ciclos das águas que regulam as dinâmicas de alimentação, trabalho
e interação entre os membros dos grupos; são comunidades caracterizadas pelo
isolamento geográfico e pela precariedade ou inexistência de serviços essenciais,
como eletricidade, saúde, educação, saneamento e acesso à internet; utilizam os
rios como via de transporte, em embarcações movidas a remo ou em barcos mais
modernos movidos a motor e combustível fóssil.
caiçaras: ocupam partes do litoral do Paraná, São Paulo e Rio de Janeiro, em
Ribeirinhos em barco e
casas flutuantes em área
de várzea no período de
cheia, na comunidade Lago
do Catalão, município de
Iranduba (AM). 2020.
35
Nosso mundo
Comunidades caiçaras
Leia o texto a seguir e observe a foto.
[...] é possível afirmar que, de maneira geral, os caiçaras sofrem hoje ameaças de qua-
Especulação tro naturezas: turismo, especulação imobiliária, sobrepesca e restrições legalmente
imobiliária: impostas à moradia e às práticas tradicionais de pesca, agricultura e/ou extrativismo em
compra ou áreas estabelecidas como unidades de conservação de proteção integral. Sua articulação
aquisição de política local e as redes de apoio da sociedade civil enfrentam dificuldades nestes embates
imóveis com
a finalidade
contra grandes empreendimentos ou governos alheios a suas demandas, resultando, nova-
de vendê-los mente de maneira geral, na desarticulação de seu modo de vida tradicional.
ou alugá-los CAIÇARAS. Ministério do Meio Ambiente. Portal Ypadê, 14 jul. 2016. Disponível em: http://
posteriormente,
portalypade.mma.gov.br/caicaras-caracteristicas. Acesso em: 21 abr. 2022.
na expectativa
Tales Azzi/Pulsar Imagens
Organize-se
Pesquise informações sobre o tema antes de elaborar as medidas de prote-
ção às comunidades caiçaras. Para a confecção do seu folheto, utilize uma
folha de papel sulfite, canetas coloridas, lápis de cor e demais itens para
destacar as informações. Utilize desenhos e ícones para ilustrar o conteúdo
do texto. Você pode organizar seu folheto em boxes ou listar suas recomen-
dações. Não se esqueça de adicionar um título no seu folheto para ressaltar
o tema central.
36
Extrativistas vegetais
Algumas comunidades tradicionais brasileiras se caracterizam por desenvolver
o extrativismo vegetal, realizado com base em técnicas que promovem a conser-
vação e sustentabilidade das áreas de extração. Entre os grupos reconhecidos no
Brasil, temos:
apanhadores de flores sempre-vivas: habitam a porção meridional da serra do
da piaçaba, feita geralmente pelos homens, que também caçam e pescam para
complementar a alimentação, sendo a confecção de vassouras uma tarefa emi-
nentemente feminina.
quebradeiras de coco babaçu: vivem no Pará, Tocantins, Maranhão e Piauí, na
Mata dos Cocais, e se dedicam à coleta, à quebra do coco para extrair a amêndoa
e ao beneficiamento de seus compostos; tais atividades geralmente são realizadas
por mulheres.
seringueiros: vivem da extração de látex das seringueiras na Floresta Amazônica;
possuem um modo de vida integrado à natureza, dependendo dela para sua ativi-
dade produtiva e subsistência como um todo.
Andre Dib/Pulsar Imagens
Apanhadora de flor
sempre-viva no Parque
Nacional das Sempre-
Vivas, em Diamantina
(MG), em 2013.
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3 Ideias e representações
sobre o Brasil
Desde a chegada dos portugueses por aqui, no século XVI, foram criadas ima-
Despudor:
falta de pudor, gens estereotipadas sobre os povos originários e, posteriormente, sobre o povo
ou seja, de brasileiro que se formou da mistura de povos com matrizes étnico-culturais distin-
sentimento
de timidez ou tas, em especial por indígenas, europeus e africanos. Mas os estereótipos também
vergonha a
respeito das
atingem o território, neste caso, relacionados com os recursos naturais e o nível
partes íntimas. de desenvolvimento econômico.
Escambo: troca
de bens ou
serviços sem uso
de moeda.
Estereótipos sobre o Brasil
Exótico:
esquisito, Grande parte dos estereótipos que existem sobre o Brasil diz respeito à maneira
excêntrico, como o mundo e muitas vezes nós mesmos enxergamos nosso povo, território,
extravagante.
Ingênuo: que cultura, economia e política. A forma de olhar para esses aspectos é, geralmente,
não tem malícia,
que é facilmente
influenciada por preconceitos, como veremos ao longo deste capítulo.
enganado.
Sensual: quem
provoca atração
Os povos indígenas
pelo corpo, pela
beleza.
Por meio de relatos de viajantes, missionários religiosos, colonizadores e inva-
sores estrangeiros que estiveram aqui ao longo dos séculos XVI e XVII, é possível
perceber que estes atribuíram a noção de exotismo e de sensualidade aos povos
originários, sobretudo em virtude da nudez, por não compreenderem o modo de
vida e as referências culturais desses povos. Diversos relatos diziam que os indí-
genas eram preguiçosos e inaptos para o trabalho. Outros retratavam os indígenas
como ingênuos, pois na visão do europeu eles eram facilmente enga-
nados no escambo.
No entanto, essas visões são preconceituosas. Por exem-
plo: a nudez dos indígenas era considerada uma “falta
de vergonha”, já que os europeus tinham o hábito de
cobrir quase todo o corpo, em especial as genitálias.
Mas as roupas não serviam apenas para “cobrir as
Pedro Hamdan
38
Reprodução/Museu de Arte de São Paulo Assis
Outro exemplo: os europeus ambicionavam acumu- Chateaubriand, São Paulo, SP
lar cada vez mais riquezas materiais, mas isso não fazia
parte do sistema de valores dos povos indígenas. Por
isso, quando os colonizadores lhes entregavam objetos
que de seu ponto de vista não tinham valor e recebiam
em troca ouro e pedras preciosas, ou mesmo o pau-bra-
sil, eles julgavam que os indígenas eram ingênuos e esta-
vam sendo enganados. O mesmo acontecia em relação ao
trabalho, que para o indígena se relacionava com a repro-
dução da vida em equilíbrio com a natureza, e não com o
objetivo de gerar e acumular riquezas para se diferenciar
das outras pessoas e grupos sociais. Por isso o indígena
não trabalhava mais do que o necessário para garantir o
DEBRET, Jean-Baptiste. Índios atravessando um
sustento de si e de seu povo, sendo visto como pregui- riacho (O Caçador de Escravos). Entre 1820 e
çoso pelos colonizadores. 1830. Óleo sobre tela, 80 cm × 112 cm.
39
O país das riquezas naturais?
Um dos principais aspectos destacados pelos europeus quando chegaram ao
Brasil foi a exuberância da natureza e as riquezas naturais que poderiam vir a ser
exploradas economicamente. Desde então, o Brasil permanece representado como
um país tropical coberto por densas florestas e repleto de animais selvagens, de
clima sempre quente e úmido, com volumosos rios e cachoeiras percorrendo as
matas, com praias paradisíacas e céu sempre ensolarado. Essa representação do
território brasileiro está presente até hoje, e muitos estrangeiros se surpreendem
ao chegar ao país e se deparar com grandes áreas urbano-industriais.
Esse país das riquezas naturais também ressalta a extensão do território, tra-
zendo a noção de “país continental”, que teria, portanto, um potencial quase ines-
gotável de uso da natureza. Essa ideia sobre o país é ruim, pois faz com que as
pessoas tenham um comportamento danoso com o meio ambiente, desperdiçando
bens naturais (água, alimentos, energia etc.) sem se preocupar com a sustenta-
bilidade ambiental.
40
Outro estereótipo muito comum no exterior é que todo brasileiro sabe sambar
(principalmente as mulheres) e jogar futebol (mais restrito aos homens). É como
se existisse uma vocação inata do brasileiro para isso, ou seja, como se já nascesse
com a habilidade de sambar e de jogar futebol. Não se considera a diversidade da
cultura brasileira e a tradição esportiva do país em outras modalidades, sendo
comum ouvirmos a expressão de que o futebol é uma “paixão nacional”.
BW Press/Shutterstock
Desfile de escola de samba no Sambódromo do Anhembi durante o carnaval em São Paulo (SP), 2020.
O país do futuro?
Faz parte da visão do colonizador julgar que os povos dominados são inferio-
res, selvagens e bárbaros. Assim, surge a ideia de “civilizar” tais povos, cabendo
aos colonizadores levar a eles a civilização, ou melhor, impor sua própria cultura,
religião, organização social e econômica.
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Uma das representações sobre o Brasil diz respeito ao seu potencial de se
tornar “um país de primeiro mundo”, “um país desenvolvido”, “um país civilizado”.
A representação do Brasil como um país do futuro estaria relacionada com a atua-
ção do Império brasileiro no século XIX, que tinha a prioridade de divulgar interna-
cionalmente que a colônia havia se tornado independente. Assim, espalharam-se
pela Europa e pelos Estados Unidos os relatos de diplomatas, oficiais navais, natu-
ralistas, exploradores, artistas, missionários, jornalistas e viajantes que passavam
pelo Brasil, ressaltando tanto a natureza exuberante e selvagem como a moderni-
dade e os progressos alcançados nas áreas urbanizadas, ou seja, mais civilizadas.
Para melhorar a visão internacional com relação ao Brasil, o país participou de
diversas exposições internacionais de arte a partir da segunda metade do sécu-
lo XIX, buscando convencer o mundo de que estava se modernizando, ao mesmo
tempo que ressaltava a natureza e o apelo exótico de seu povo e território. Assim,
em vez de ser associado a uma nação com povos primitivos, o Brasil passou a ser
tratado como um futuro gigante da economia mundial.
Até hoje esse estereótipo do país do futuro se faz presente na imagem interna
e externa do Brasil. É comum ouvirmos que o país tem tudo para ser desenvolvido:
grandes riquezas naturais, um povo alegre e otimista, uma cultura rica e uma econo-
mia em ascensão. No entanto, faltaria apenas uma ou outra questão a ser resolvida
para que o país pudesse, finalmente, ocupar o lugar a que está destinado.
Museu do Amanhã,
projetado pelo
arquiteto espanhol
Santiago Calatrava,
42
Deixar fluir
Os estereótipos do Brasil nas charges
Uma maneira criativa e ao mesmo tempo crítica de mostrar e questionar os estereótipos do Brasil é
por meio das charges. Observe atentamente as imagens a seguir.
<CRÉDITO>
PPE_G24_GEO_V7U1C3_F006
PPE_G24_GEO_V7U1C3_F008
PPE_G24_GEO_V7U1C3_F007
©Angeli/UOL, 06.02.2005/Fotoarena
Não escreva
1. Quais são os estereótipos representados nas charges? neste livro
Use seu
2. Você concorda com a opinião dos autores das charges? Justifique. caderno
3. Você acha que existe algum outro estereótipo do Brasil que ainda não foi mencionado?
Qual? Crie uma charge para expressar sua ideia.
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Para concluir
Retomar e avançar
Allmaps
PPE_G24_GEO_V7U1C3_M001
44
3. Explique, com suas palavras, o que são povos e comunidades tradicionais.
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