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Percursos da História 10º ano

I. Raízes mediterrânicas da civilização europeia –


cidade, cidadania e império na Antiguidade
Clássica

A DEMOCRACIA
ATENIENSE
A democracia em Atenas
Durante regime oligárquico são elaboradas reformas que abrem caminho para
a concretização da democracia ateniense.
• Drácon
Oligarquia Elabora o primeiro código de leis escritas (621 a.C.) de
Atenas, procurando proteger os seus habitantes de
arbitrariedades.

• Sólon
Promove um conjunto de reformas que vão determinar:
• a igualdade de todos perante a lei;
• a abolição da escravização por dívidas dos pequenos
proprietários;
• o acesso de todos os cidadãos à participação na
Eclésia.
Percursos da História 10º ano | A Democracia Ateniense
A democracia em Atenas

O estabelecimento da democracia, ou seja, “o governo


Democracia pelo povo”, deve-se à ação de dois homens: Clístenes e
Péricles.
• Clístenes
Considerado o fundador da democracia, tomou
importantes medidas como:
• o alargamento do acesso à cidadania;
• a divisão da Ática em trinta demos;
• reforma do funcionamento da Bulé;
• introdução do ostracismo.

1 A divisão da Ática.

Percursos da História 10º ano | A Democracia Ateniense


A democracia em Atenas

• Péricles
Democracia Continua as reformas de Clístenes, o que permite
consolidar a democracia ateniense.
Destaca-se:
• a reforma do Areópago e das suas competências;
• a instituição do misthos, um subsídio pelo exercício de
cargos públicos, o que promove a igualdade entre todos
os cidadãos;
• limita o acesso à cidadania ateniense, apenas àqueles
que tivessem ambos os pais originários da cidade.

Percursos da História 10º ano | 1. O modelo ateniense (síntese)


A democracia em Atenas

[…] o regime ateniense tinha na busca da


A democracia ateniense era igualdade um traço fundamental, talvez mesmo
uma democracia direta e o mais saliente: dar aos cidadãos as mesmas
tinha por base três princípios possibilidades, sem olhar à categoria social, aos
fundamentais, de modo a meios de fortuna ou à cultura. Atenas
garantir, a todos os cidadãos, considerava este aspeto tão importante que se
gabava de possuir a isonomia, a isegoria e a
uma participação ativa na
isocracia, ou seja, a “igualdade de direitos”
governação da cidade. perante a lei, a “igualdade no falar” ou
liberdade de expressão como diríamos hoje e a
“igualdade no poder”, respetivamente.
J. Ribeiro Ferreira, A Grécia Antiga.

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A democracia em Atenas
O exemplo de Atenas.
A nossa constituição política não segue as leis de outras
cidades, antes lhes serve de exemplo. O nosso governo
chama-se democracia, porque a administração serve aos
interesses da maioria e não de uma minoria. De acordo com
as nossas leis, somos todos iguais no que se refere aos
negócios privados. Quanto à participação na sua vida
pública, porém, cada qual obtém a consideração de acordo
com os seus méritos e mais importante é o valor pessoal que
a classe a que se pertence; isto quer dizer que ninguém sente
o obstáculo da sua pobreza ou da condição social inferior,
quando o seu valor o capacite a prestar serviços à cidade.
Reconstituído por Tucídides (c. 470 a.C. – c. 395 a.C.),
História da Guerra do Peloponeso (c. 423 a.C.).
A democracia coroa o demos.

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A democracia em Atenas
A participação dos cidadãos na administração de Atenas, na época de
Péricles, concretizava-se em três instituições:

• a Eclésia ou Assembleia popular – formada por todos os cidadãos


inscritos nos registos dos dêmos. As reuniões realizavam-se na Pnix,
cerca de 40 vezes por ano. Tinha as seguintes funções:
• votar e emendar as leis e propostas;
• decidir sobre assuntos de política externa;
• aprovar matérias relativas à despesa pública;
• eleger e confirmar os cargos dos magistrados como os
estrategos;
• votar o ostracismo.
Todos os cidadãos podiam tomar a palavra e votar.
Ostraka – com o nome de
Temístocles.
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A democracia em Atenas
• a Bulê ou Conselho dos Quinhentos – era uma
assembleia composta 500 membros sorteados, os
bouleutas, com mais de 30 anos, cinquenta de
cada uma das dez tribos. Apenas era possível ser
sorteado duas vezes na vida para a Bulê.
As reuniões realizavam-se no «Buleutério», com a
presença dos 50 bouleutas em funções à época,
e era sorteado, diariamente o epistates
(presidente), sem direito a reeleição.
Tinha como competências:
• preparar as sessões da Eclésia e das propostas
de lei, os probouleumata, a serem discutidas e
votadas pelos cidadãos; Reconstrução virtual do Buleutério da cidade de Atenas,
• cuida dos arquivos; onde ocorriam as reuniões da Bulê.
• responsável pelo tesouro público.
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A democracia em Atenas
• Helieu ou tribunais populares – eram
compostos por 6000 cidadãos com mais
de 30 anos, designados por sorteio (600
de cada uma das dez tribos). Os heliastas
assumiam o papel de juízes por um ano.

Tinha como função:


• julgar casos de não cumprimento
das leis com a exceção dos crimes
religiosos, de incêndio e
homicídio que eram da Kleroterion – sistema usado para o sorteio dos cidadãos
competência do Areópago. atenienses.

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A democracia em Atenas
Existiam ainda os órgãos relacionados com o corpo das magistraturas:
• o Areópago – era formado por antigos arcontes, que exerciam o cargo de forma
vitalícia. Devido a várias reformas, no tempo de Péricles, tinha as suas funções
limitadas a:
• julgamento de crimes de sangue (homicídios);
• análise de assuntos de ordem religiosa.
• os Arcontes – dez membros, designados por sorteio anual, um por cada uma das dez
tribos, entre as três classes com mais poder económico.
Tinham como funções:
• organização das festas religiosas da cidade;
• proteção dos órfãos menores;
• proteção e vigilância dos metecos, dos libertos e dos estrangeiros de passagem;
• presidir aos jogos funerários;
• presidir aos tribunais.
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A democracia em Atenas
• Estrategos – dez membros eleitos pela Eclésia, um por cada uma das dez tribos, para um
mandato anual e com a possibilidade de serem reeleitos.
Funções:
• comando da marinha e do exército;
• aplicação das decisões de política externa votadas pela Eclésia.

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A democracia em Atenas

Péricles foi o estratego que mais se destacou na


democracia ateniense. Liderando os destinos de
Atenas no período de maior estabilidade, entre
462 a.C. e 429 a.C., contribuiu decisivamente
para o seu desenvolvimento económico, político,
intelectual e artístico.
Exemplo do político de excelência e, por isso, o
século V a.C. é também conhecido como o século
de Péricles.

Péricles (c. 495 a 429 a.C.).

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A democracia em Atenas
As instituições atenienses

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A democracia em Atenas
Uma cidadania restrita

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A democracia em Atenas

Assim, a democracia ateniense


apresentava imperfeições:
• o corpo cívico era restrito aos
habitantes do sexo masculino,
filhos de pai e mãe atenienses,
com o serviço militar cumprido,
que representava uma minoria
da população;
• as mulheres, metecos e escravos
não possuíam direitos políticos;
• a existência de esclavagismo.
População de Atenas no século V a.C.

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