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A história política de Atenas começou com a Monarquia.

Nela, o rei
acumulava as funções de sacerdote, de juiz e de chefe militar. A Monarquia foi
rapidamente substituída pela Oligarquia, marcando a passagem do poder do rei
para a aristocracia dos Eupátridas. O rei permaneceu apenas com as
atribuições religiosas. Na Oligarquia, surgiram os grandes legisladores: Drácon
e Sólon. O primeiro elaborou um código de leis e o segundo realizou
importantes reformas, criando condições históricas para o posterior surgimento
da Democracia. Após as mudanças de Sólon, Atenas passou por grandes
agitações políticas culminando com o surgimento da Tirania. A última forma de
governo de Atenas foi a Democracia idealizada por Clístenes e aprimorada por
Péricles. A democracia ateniense era exercida diretamente pelo cidadão, isto é,
sem mediação. O cidadão ateniense era ao mesmo tempo eleitor e político.
Contudo, devido ao número restrito de cidadãos, tratava-se de uma democracia
para poucos (Rosset,2008).
A democracia ateniense se instaurou na Grécia Clássica, sendo o
fundamento principal para democracia moderna dos séculos XVII, XVIII e XIX.
Essa a democracia teve alguns princípios básicos inaugurados no século VII
a.C, mas no século VI é nítido o abandono parcial da tirania opressora para um
governo limitado na vontade de muitos cidadãos (Batista, 2014).
Batista (2014) com seu trabalho contribui para o debate em torno da
democracia ateniense, pois é tema de inúmeros questionamentos e discussões
por parte dos cientistas. De acordo com o autor, ainda hoje, a origem, o
conceito, as repercussões e as principais características desse regime carecem
de conclusões unânimes sobre fatos históricos. A hipótese inicial é de que a
democracia ateniense enfrentou muitas crises, uma vez que a participação
popular não se embasou verdadeiramente no princípio da igualdade. Apenas
algumas pessoas podiam ser consideradas cidadãs, onde os direitos básicos
não eram de fato para todos.

O cidadão comum pode governar? E quanto aos pobres, em especial,


será que se pode atribuir a eles uma parte importante no governo da
coletividade? Essa questão foi debatida ao longo de todo o regime democrático
na Atenas clássica. A ordem institucional da cidade dos atenienses garantia a
qualquer um o direito de participação ativa. No caso do tribunal, por exemplo,
era quase uma obrigação para os oradores lembrar os direitos políticos do
povo, para que ficassem bem vistos por parte dos cidadãos-jurados que iam
decidir o caso em questão (por exemplo, Ésquines, Contra Timarco, 27-28). O
cidadão comum, que não possui ancestral ilustre, que exerce uma profissão
simples, não apenas é autorizado a falar, mas incitado a fazê-lo. Sua palavra é
bem acolhida.A realidade nem sempre era assim tão bonita, porém o mais
importante é que o direito à palavra era a norma social e, mais ainda, era a lei
da cidade (Trebulsi,2017).

Para Trebulsi(2017), a política ateniense valorizava a riqueza, por outro


lado, a pobreza era vista com desdém. No entanto, essa visão não nos
incomoda, pois vivemos em uma democracia consensual estabelecida em um
mundo cristão que quase santifica a pobreza. Embora o mundo tenha evoluído
desde então, a visão ateniense ainda prevalece. A democracia em Atenas era
um regime novo e contestado, mas a defesa de Péricles de que um homem
pobre poderia ser politicamente útil foi algo revolucionário. Esse princípio
permaneceu inabalável na democracia ateniense enquanto ela existiu. No
entanto, opiniões negativas sobre os pobres ainda persistiam, como pode-se
ver nas obras de Demóstenes e Aristóteles. Apesar disso, sempre havia
defensores sinceros ou não do princípio de que os pobres poderiam contribuir
politicamente.

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