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MÓDULO I – RAÍZES MEDITERRÂNICAS DA CIVILIZAÇÃO EUROPEIA – CIDADE,

CIDADANIA E IMPÉRIO NA ANTIGUIDADE CLÁSSICA

Teste 1 | O modelo ateniense

GRUPO I
A POLIS GREGA

Documento 1 Mapa físico da Grécia

Documento 2 A polis perfeita


De facto, tal como a de qualquer outra coisa – animais, plantas, instrumentos –, a grandeza das
cidades tem também o seu limite: um excesso de pequenez ou de grandeza retira-lhe a
capacidade própria – ou ficará totalmente privada da sua natureza ou será defeituosa. […] Por
isso, começa necessariamente a existir polis quando o número de cidadãos é tal que permita
5 bastar-se a fim de viver feliz como comunidade política. […]
Com efeito, as atividades da polis repartem-se pelos governantes e governados: é tarefa do
governante mandar e administrar a justiça. Mas, para julgar sobre questões de Direito e para
distribuir os cargos de acordo com os méritos, é necessário que os cidadãos se conheçam uns aos
outros e saibam o que são: onde este conhecimento não chegue a existir, há necessariamente um
10 exercício das magistraturas e uma administração da justiça de forma defeituosa, já que, em
ambos os domínios, não se deve improvisar [...].
[…] É manifesto, por conseguinte, que o limite ideal de população para uma polis é o número
mais elevado possível compatível com a autarcia da vida.
Aristóteles, Tratado da Política, Livro II, cap. VII, séc. IV a.C.

Editável e fotocopiável © Texto | Percursos da História 10.o ano 107


1. De acordo com o documento 1, a falta de unidade política presente na Grécia Antiga ficou a
dever-se
(A) ao território montanhoso rodeado pelo mar e ao litoral recortado e inóspito.
(B) ao território plano e ao litoral recortado e inóspito, o que fomentou a atração dos gregos
pelo mar.
(C) aos conflitos existentes entre as diferentes comunidades, o que conduziu a um clima de
tensão permanente.
(D) à matriz cultural grega comum a todas as cidades-estado.

2. A partir das palavras de Aristóteles, é possível inferir que uma cidade-estado correspondia
(A) a uma comunidade que ocupava um espaço físico reduzido e que era constituída por um
número restrito de habitantes que interagiam económica, política e culturalmente.
(B) a uma comunidade que ocupava um espaço físico reduzido e que era constituída e habitada
somente por cidadãos que interagiam económica, política e culturalmente.
(C) a uma comunidade que ocupava um espaço físico reduzido, constituída por um número
restrito de habitantes, que detinha autonomia política, económica e militar, bem como
apresentava traços culturais singulares.
(D) a uma comunidade que ocupava um espaço físico reduzido, constituída por um número
restrito de habitantes, que detinha autonomia política e militar, ainda que apresentasse
unidade política e cultural.

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GRUPO II
A DEMOCRACIA ATENIENSE: PRINCÍPIOS E CARACTERÍSTICAS

Documento 1 Princípios e características da democracia segundo Aristóteles


O fundamento da constituição democrática é a liberdade. Costuma afirmar-se isso, sob alegação
de que apenas nesse regime se goza de liberdade; esse é, segundo se diz, o objetivo que visa toda
a democracia. Uma das características da liberdade reside em ser governado e governar à vez.
A justiça democrática consiste na igualdade segundo o número e não segundo o mérito. De tal
5 noção de justiça resulta que a soberania estará necessariamente no povo e que a opinião da
maioria deverá ser o fim a conseguir e deverá ser a justiça. Diz-se, portanto, que cada cidadão
deve ter uma paga igual. Como resultado disso, nas democracias, os pobres são mais poderosos
do que os ricos, são em maior número e a autoridade soberana está na maioria.
Admitidos estes princípios e sendo a natureza do poder como acabámos de ver, são as seguintes
10 as características da democracia: escolha dos cargos por todos; governo de todos por cada um e
de cada um por todos à vez; tiragem à sorte para todos os cargos ou pelo menos para todos os
que não necessitam de experiência ou de conhecimentos técnicos; ausência de qualquer censo
para aceder aos cargos ou extremamente reduzido; proibição de um mesmo cidadão ser
magistrado duas vezes seguidas, salvo casos raros e em alguns cargos, com exceção das funções
15 militares; curta duração de todos ou do maior número possível dos cargos; administração da
justiça pelos cidadãos, escolhidos entre todos, com competência para julgar todas as causas ou a
maioria delas, as mais importantes e primordiais, como, por exemplo, a prestação de contas,
questões relativas à constituição e contratos de Direito privado; poder soberano da Assembleia
em todas as matérias e no poder concedido aos magistrados ou limitado a poucas matérias;
20 soberania do Conselho para questões de grande importância – o Conselho é a mais democrática
das magistraturas; quando não há recursos suficientes para pagar salários em todos os cargos, já
que, se houver, mesmo essa magistratura fica privada do seu poder, pois o povo, ao dispor de
recursos suficientes para os salários, chama a si todas as decisões, como se disse no capítulo
anterior a este; recebimento de salários por todos os membros da Assembleia, tribunais,
25 magistraturas – e, se não for possível, nas magistraturas, nos tribunais, no Conselho e nas
sessões principais da Assembleia ou, então, nas magistraturas em que há necessidade de tomar
refeições em comum. Além disso, visto uma oligarquia definir-se pela linhagem, pela riqueza e
pela cultura, as características da democracia aparecem como opostas a estas: baixo nascimento,
pobreza e trabalho manual. No que respeita às magistraturas, nenhuma deve ser vitalícia; se
30 alguma sobreviveu a uma antiga reforma, deve ser despojada de toda a autoridade e submetida à
tiragem à sorte, em lugar da eleição.
São estas as características comuns às democracias. É, no entanto, do conceito democrático de
justiça admitido por todos – segundo o qual todos, sem exceção, devem possuir a igualdade, de
acordo com o número – que deriva a noção de democracia e de demos que verdadeiramente
35 merecem esse nome. É que a igualdade não consiste em os pobres possuírem mais poder do que
os ricos ou serem os únicos detentores da soberania, mas terem todos, uns e outros, por igual, de
acordo com o número. Deste modo, poderiam considerar-se que estavam asseguradas, na
constituição, a igualdade e a liberdade.
Aristóteles, Tratado da Política, Livro VI, séc. IV a.C.

Editável e fotocopiável © Texto | Percursos da História 10.o ano 109


1. Segundo Aristóteles, uma das características da liberdade «[…] reside em ser governado e
governar à vez.» (l. 3). Na ótica dos atenienses, no século V a.C., este fundamento democrático
estava assegurado, visto que
(A) existia igualdade no poder, ou seja, todos os cidadãos podiam aceder aos cargos públicos –
isegoria.
(B) todos os cidadãos usufruíam de igualdade perante a lei – isocracia.
(C) vigorava uma democracia direta segundo a qual todos os habitantes livres de Atenas podiam
aceder a cargos públicos.
(D) o regime político ateniense pressupunha que todos os cidadãos eram membros ativos, com
o direito e o poder de tomar as decisões políticas.

2. De acordo com a perspetiva de Aristóteles, «[…] a soberania estará necessariamente no povo […]»
(l. 5) e «a opinião da maioria deverá ser o fim a conseguir. […]» (ll. 5-6). De facto, em Atenas,
(A) este fundamento democrático foi cumprido, visto que toda a sociedade detinha direitos
políticos.
(B) este fundamento democrático foi cumprido, visto que, ainda que fossem apenas os cidadãos
a deter direitos políticos, estes constituíam a maioria da população ateniense.
(C) este fundamento democrático foi cumprido, visto que apenas os escravos, pelo facto de
serem não livres, estavam arredados da vida política.
(D) este fundamento democrático não foi cumprido, visto que somente os cidadãos detinham
direitos políticos, pelo que uma escassa minoria governava a esmagadora maioria.

3. Nomeie o político ateniense responsável por assegurar as condições que permitiram o


«[…] recebimento de salários por todos os membros da Assembleia, tribunais, magistraturas […]»
(ll. 23-24).

4. A participação dos cidadãos na administração de Atenas estava centrada em três instituições,


designadamente a Eclésia, a Bulê e a Helieia.
Apresente dois argumentos que sustentem esta afirmação, fundamentando a sua resposta com
excertos relevantes do documento.

5. Explicite dois mecanismos de proteção da democracia ateniense que visavam evitar a corrupção e
excessos no exercício do poder.
Os dois mecanismos devem ser fundamentados com excertos relevantes do documento.

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GRUPO III
A DEMOCRACIA ATENIENSE, OS SEUS LIMITES E OS DIREITOS DOS CIDADÃOS

Documento 1 (conjunto documental)

A. A morte de Sócrates. B. O legislador Sólon. C. Clístenes.

D. Fídias mostra o friso do Partenon a Péricles, Aspásia, Alcebíades e amigos.

Editável e fotocopiável © Texto | Percursos da História 10.o ano 111


Documento 2 A democracia ateniense vista por Péricles em 431 a.C.
O nosso sistema político não tem nada a invejar às leis dos nossos vizinhos, pois temos mais de
exemplo para os outros do que de seus imitadores. O seu nome é democracia, pelo facto de a
direção do Estado não se limitar a poucos, mas se estender à maioria; em relação às questões
particulares, há igualdade perante a lei.
5 No que diz respeito à vida pública, todos são considerados em razão dos seus méritos e a classe a
que se pertence importa menos do que o valor pessoal de cada um. Ninguém é prejudicado pela
pobreza e pela obscuridade da sua condição social, se pode prestar serviço à cidade.
Sendo livres no que respeita à vida pública, somo-lo igualmente nas relações quotidianas. Cada
qual pode dedicar-se aos seus prazeres sem se expor às censuras, que não são um castigo, mas
10 importunam. Na nossa vida pública damos ouvidos aos magistrados e às leis, e a estas,
principalmente, às que garantem a defesa dos oprimidos e às que, mesmo sem estarem escritas,
acarretam, para quem as transgride, um desprezo universal. [...]
Entre nós não é vergonha a pobreza. É-o muito mais não procurar evitá-la. Os simples artífices
podem entender das questões políticas. Só consideramos inútil quem nelas não participar por ser
15 preguiçoso.
Em resumo, afirmo que a cidade inteira é a escola da Grécia e creio que qualquer ateniense pode
conseguir uma personalidade completa nos mais distintos aspetos e dotada da maior
flexibilidade.
Discurso de Péricles reconstituído por Tucídides (c. 470-c. 395 a.C.), História da Guerra do Peloponeso, c. 423 a.C.

Documento 3 A sociedade ateniense vista por um oligarca


Direi que eles [atenienses] têm razão em dar aos pobres e ao povo privilégios superiores aos dos
nobres e dos ricos. Com efeito, é o povo que assegura a marcha dos navios e o poder da cidade
[...]. E visto que isto é assim, parece justo que todos tenham acesso às magistraturas no atual
sistema de tiragem à sorte, como no de eleição por braços levantados e que, seja qual for o
5 cidadão que o deseje, possua a faculdade de usar a palavra. [...]
Quanto aos cargos, sobre os quais está a salvação ou a perda da cidade [...], o povo não os deseja
e não participa na lista que determina as atribuições dos estrategos. [...] Com efeito o povo não
tem interesse em tomar este cargo e prefere deixá-lo aos que são mais capazes de o exercer.
O povo disputa apenas os cargos retribuídos por um salário ou os que são suscetíveis de o
10 enriquecer.
Quanto aos escravos e aos metecos, em nenhuma parte a sua insolência vai tão longe como em
Atenas. Nesta cidade, não se tem o direito de lhes bater e o escravo não se afastará para vos dar
passagem. [...] Porque os homens do povo em Atenas não se distinguem dos escravos e dos
metecos nem pelas vestes nem por um exterior mais rico. [...] Eis a razão pela qual concedemos
15 aos escravos uma espécie de direito à palavra em relação aos homens livres. E também aos
metecos, em relação aos cidadãos da cidade, porque a multidão dos ofícios e das necessidades da
marinha tornam-nos necessários à cidade. Eis porquê o direito à palavra concedido aos metecos é
também, da nossa parte, uma concessão coerente.
Pseudo-Xenofonte, A Constituição dos Atenienses, séc. V a.C.

112 Editável e fotocopiável © Texto | Percursos da História 10.o ano


1. Ordene cronologicamente as imagens A, B, C e D (documento 1), que se reportam à democracia
que marcou Atenas no século V a.C.

2. Transcreva uma expressão do documento 2 que comprove o apreço que os atenienses tinham
pelas leis.

3. Desenvolva o tema A democracia ateniense no século V a.C., abordando os tópicos de orientação


seguintes:
• a democracia direta e os direitos dos cidadãos;
• os limites da democracia ateniense.

Na sua resposta,
- analise os dois tópicos de orientação, apresentando três elementos para cada tópico;

- relacione os elementos apresentados com o tema;

- integre, pelo menos, uma informação relevante de cada um dos seguintes documentos:
imagem A do documento 1 e documentos 2 e 3.

Editável e fotocopiável © Texto | Percursos da História 10.o ano 113


GRUPO IV
A DEMOCRACIA ATENIENSE: AS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS E OS MECANISMOS DE PROTEÇÃO

Documento 1 Os processos de escolha para o exercício de cargos públicos


O que mais contribuiu para a boa organização da polis foi o facto de eles [os atenienses], das
duas igualdades que se julga existirem – das quais uma distribui o mesmo a todos e a outra a
cada um o que convém –, não desconhecerem a mais útil.
A que avalia do mesmo modo os bons e os maus rejeitavam-na como não justa, mas acolhiam a
5 que honrava e castigava cada um segundo o mérito. De acordo com este princípio,
administravam a polis, não tirando as magistraturas à sorte de entre todo o povo, mas
designando, para cada cargo, por eleição, os cidadãos mais honestos e mais competentes. […]
Além disso, consideravam esse processo mais democrático do que aquele que tem por base a
sorte: na tiragem à sorte, o acaso comanda e, muitas as vezes, as magistraturas recaem nos
10 defensores da oligarquia; na designação dos mais convenientes por eleição, o povo será soberano
na escolha dos mais afeiçoados à constituição estabelecida.
Isócrates, Areopagítico, c. 380 a.C.

Documento 2 Mecanismos de proteção da democracia ateniense


No arcontado de Fainipo (490-489 a.C.), os atenienses venceram a batalha de Maratona. Isto
tornou a democracia tão confiante que, dois anos depois, usaram, pela primeira vez, a lei do
ostracismo.
Foi aprovada a partir da suspeita sobre os que estavam no poder, porque Pisístrato tinha
5 começado como líder do povo e estratega e tinha-se tornado um tirano. O primeiro a ser
ostracizado foi um das suas relações, Hiparco, filho de Carmos, de Kollytos; foi o desejo de
expulsá-lo o motivo primário de Clístenes para propor a lei. Com a habitual indulgência da
democracia, o povo tinha permitido aos amigos dos tiranos continuar a viver em Atenas com a
exceção daqueles que tinham cometido crimes durante as desordens civis; o seu líder e campeão
10 era Hiparco. [...]
Durante três anos ostracizaram os amigos dos tiranos, a proposta original do ostracismo, mas no
quarto ano (485-484 a.C.) também exilaram qualquer pessoa que parecesse ser demasiado
poderosa.
Aristóteles, A Constituição dos Atenienses, séc. IV a.C.

114 Editável e fotocopiável © Texto | Percursos da História 10.o ano


1. Em Atenas, no século V a.C., a escolha dos cargos políticos processava-se com recurso a dois
processos distintos.
Apresente dois argumentos que sustentem esta afirmação, fundamentando a sua resposta com
excertos relevantes do documento 1.

2. Exponha dois mecanismos de proteção da democracia que visavam proteger este regime político
de potenciais ameaças.
Os dois mecanismos devem ser fundamentados com excertos relevantes do documento 2.

3. A participação cívica dos cidadãos na administração de Atenas na época de Péricles estava


centrada em diversas instituições.
Associe as instituições, que se encontram identificados na coluna A, às frases que constam na
coluna B. Cada instituição deve ser associada apenas a uma das frases.

COLUNA A COLUNA B

(1) Responsável pela organização das festas religiosas da cidade, pela proteção
dos órfãos menores e pela presidência dos jogos funerários
em honra dos que tinham perecido na guerra.
(2) Responsável pelo julgamento de crimes de sangue (homicídios) e pela análise
de assuntos de ordem sacra.
(a) Eclésia
(3) Responsável pelo julgamento de casos de não cumprimento das leis.
(b) Bulê
(4) Responsável por preparar as sessões da Assembleia e nelas fazer a leitura do
(c) Helieia proboulema. Estava, ainda, responsável pelas chaves dos arquivos, do tesouro
e pelo selo do Estado.
(5) Responsável por votar e emendar as leis e propostas, decidir sobre assuntos
de política externa, aprovar matérias relativas à despesa pública, novas
receitas ou abastecimento de cereais, eleger e confirmar os cargos dos
magistrados e decidir sobre assuntos que envolviam a segurança do Estado.

FIM

Editável e fotocopiável © Texto | Percursos da História 10.o ano 115


MÓDULO I – RAÍZES MEDITERRÂNICAS DA CIVILIZAÇÃO EUROPEIA – CIDADE,
CIDADANIA E IMPÉRIO NA ANTIGUIDADE CLÁSSICA

Teste 2 | O modelo romano

GRUPO I
A INTEGRAÇÃO DA PENÍNSULA IBÉRICA NO IMPÉRIO ROMANO

Documento 1 A romanização da Península Ibérica


Ao longo dos quase três séculos que medeiam entre o desembarque das legiões durante a
Segunda Guerra Púnica e o final das duas guerras cantábricas, o «romano» consegue infiltrar-se
nos modos de vida e cultura das tribos peninsulares até se impor como modelo de atuação e
pauta do comportamento social. Começa, assim, a diluir-se a tradicional fragmentação dos
5 grupos hispânicos, que adotam uma série de elementos comuns, mesmo que apenas a nível
externo.
No entanto, a romanização não foi rápida nem simples e prosseguiu ainda depois de as estruturas
políticas romanas terem desaparecido. As diversas culturas indígenas, a falta de diretrizes para a
conquista ao longo do primeiro século, o atraso na ocupação do território facilitam a
10 sobrevivência de aspetos diferenciadores entre as diversas áreas geográficas. Historicamente
mais recetivas, a Bética, a costa levantina, o vale do Ebro e Aragão convertem-se nas regiões
mais romanizadas, diminuindo esta influência em direção ao norte e a oeste. [...]
Muitos fatores se conjugam nesta obra de aculturação. A prolongada convivência das tribos
hispânicas com os exércitos conquistadores e a fundação de cidades e colónias mostraram aos
15 nativos a superioridade da organização romana. Por outro lado, atraíram-se as classes dirigentes
com direitos de cidadania, ao mesmo tempo que se integravam os habitantes peninsulares nas
trocas comerciais e na colonização agrícola. Desfrutando da comodidade das vias romanas,
estreitavam-se também as relações pessoais, favorecidas pelo emprego do latim como língua
oficial do Estado e das classes cultas. [...]
20 Graças à paz de Augusto e à extensão da rede de vias terrestres e marítimas, a Hispânia participa
plenamente no comércio mediterrânico. A Itália, as costas do Norte de África e, em menor
medida, as ilhas são mercados consumidores da produção peninsular. [...]
O interior peninsular vai-se organizando em redor das cidades, a partir das quais são distribuídas
as mercadorias chegadas de todo o império e onde se concentram os produtos da região. [...]
25 A especialização primária da economia obrigou à mobilização de grandes quantidades de
matérias-primas metálicas e alimentares. O trigo, as vinhas [...], algumas hortaliças e o azeite
darão à Hispânia a primazia como «despensa de Roma» entre os séculos I e II.
Fernando García de Cortázar e José Manuel González Vesga, História de Espanha, Lisboa, Editorial Presença, 1997

Editável e fotocopiável © Texto | Percursos da História 10.o ano 117


1. A diminuição da influência romana «em direção ao norte e a oeste» (l. 11) explica-se
(A) pela resistência das populações locais, designadamente os lusitanos na região compreendida
entre o Tejo e o Douro.
(B) pelo facto de se tratar de uma região extremamente rural e, portanto, que chocava com a
economia mercantil e urbana que os romanos pretendiam impor.
(C) pelo facto dessa região não estar dotada de uma rede viária apropriada que permitisse a
aculturação das populações aí residentes.
(D) pelo facto de, nessa região, o latim ter muita dificuldade em implantar-se, persistindo, por
conseguinte, os velhos falares peninsulares.

2. A «superioridade da organização romana» (l. 14) ficou demonstrada através


(A) da divisão do território da Hispânia em três províncias – a Gália, a Tarraconense e a Lusitânia –,
sendo estas, por sua vez, divididas em conventus juridici e civitates.
(B) da divisão do território da Hispânia em três províncias – a Bética, a Tarraconense e a Lusitânia –,
sendo estas, por sua vez, divididas em conventus juridici e civitates com a categoria única de
colónias, às quais eram atribuídos «direitos de cidadania», usufruindo, portanto, os seus
habitantes da plena cidadania romana.
(C) da divisão do território da Hispânia em três províncias – a Bética, a Tarraconense e a Lusitânia –,
sendo estas, por sua vez, divididas em conventus juridici e civitates com a categoria única de
municípios, aos quais eram atribuídos «direitos de cidadania», designadamente a aplicação
do Direito latino.
(D) da divisão do território da Hispânia em três províncias – a Bética, a Tarraconense e a Lusitânia –,
sendo estas, por sua vez, divididas em conventus juridici e civitates, que assumiam as
categorias de colónias, municípios ou cidades estipendiárias.

3. A organização económica da Hispânia, durante o domínio romano, caracterizou-se, no que


respeita ao setor agropecuário,
(A) pela prevalência da cultura dos cereais, da vinha e da oliveira que, em algumas regiões,
permitiam o consumo interno e ainda a exportação.
(B) pelo incremento da pecuária, nomeadamente gado suíno, como principal fonte de
rendimento.
(C) pela aposta numa agricultura de subsistência, de forma a assegurar a autarcia do território.
(D) pelo incremento de uma agricultura virada para a exportação, dando-se primazia ao cultivo
de árvores de fruto.

4. Transcreva um excerto do documento que ateste um dos principais agentes de romanização da


Península Ibérica.

118 Editável e fotocopiável © Texto | Percursos da História 10.o ano


GRUPO II
O IMPÉRIO ROMANO: ARTE E URBANISMO

Documento 1 Teatro de Emerita Augusta (Mérida, Espanha)

Documento 2 Ponte romana de Chaves ou Ponte de Trajano

Editável e fotocopiável © Texto | Percursos da História 10.o ano 119


1. Refira duas características da arquitetura romana.
Uma das características deve ser fundamentada com informação do documento 1 e a outra
característica com informação do documento 2.

2. Nomeie a ciência que estuda as formas urbanas e que define as regras relativas à sua planificação.

3. «As cidades constituíam-se enquanto células vivas do processo de romanização».


Apresente dois argumentos que sustentem esta afirmação, fundamentando a sua resposta com
informação dos documentos 1 e 2.

120 Editável e fotocopiável © Texto | Percursos da História 10.o ano


GRUPO III
OS ELEMENTOS DE UNIDADE DO IMPÉRIO ROMANO

Documento 1 (conjunto documental)

A. Camafeu que celebra a vitória do imperador Tibério B. Reprodução das Leis das Doze Tábuas.
sobre os germanos.

C. Corpus Iuris Civilis, o Código de Justiniano. D. Marco Aurélio Antonino Severo (Caracala),
o imperador que promulgou a Constitutio
Antoniniana.

Editável e fotocopiável © Texto | Percursos da História 10.o ano 121


Documento 2 A importância do Direito
Mas não é bastante ter uma arte qualquer sem praticá-la. Uma arte qualquer, pelo menos, mesmo
quando não se pratique, pode ser considerada como ciência; mas a virtude afirma-se por
completo na prática e o seu melhor uso consiste em governar a República e converter em obras
as palavras que se ouvem nas escolas. Nada se diz, entre os filósofos, que seja reputado como
5 são e honesto, que não o tenham confirmado e exposto aqueles pelos quais se prescreve o Direito
da República. De onde procede a piedade? De quem a religião? De onde o Direito das gentes?
E o que se chama civil, de onde? De onde a justiça, a fé, a equidade, o pudor, a continência, o
horror ao que é infame e o amor ao que é louvável e honesto? De onde a força nos trabalhos e
perigos? Daqueles que, informando esses princípios pela educação, os confirmaram pelos
10 costumes e os sancionaram com as leis.
Perguntando-se a Xenócrates, filósofo insigne, o que conseguiam os seus discípulos, respondeu:
«Fazer espontaneamente o que se lhes obrigaria a fazer pelas leis.» Logo, o cidadão que obriga
todos os outros, com as penas e o império da lei, às mesmas coisas a que a poucos persuadem os
discursos dos filósofos, é preferível aos próprios doutores.
Cícero, Da República, 54-51 a.C.

Documento 3 Discurso de Cláudio ao Senado no ano 48 d.C.


Os meus antepassados, cujo mais antigo, Clauso, nascido Sabino, foi admitido ao direito de
cidadão romano e entre as famílias patrícias, exortam-me a seguir a mesma política, trazendo
para aqui tudo que há de ilustre nos outros países. [...] Recuando até aos Alpes os limites deste
país,
5 já não foram somente homens, mas também territórios, nações, que quisemos fundir no nosso
nome. Então, a paz interior foi assegurada e temos tido no exterior uma situação florescente,
quando os povos de além do Pó foram admitidos na cidade, quando a distribuição das nossas
legiões em todo o universo serviu de pretexto para aí admitir os melhores guerreiros das
províncias e remediar, assim, o esgotamento do império. Tem que se lamentar que os Balbos
10 [família romana] tenham vindo de Espanha e outros homens, não menos ilustres, da Gália
Narbonense?
Os seus descendentes ainda estão entre nós e o seu amor pela nossa pátria não é menor do que o
nosso. Porque se Lacedemónia [Esparta] e Atenas, tão poderosas pelas armas, pereceram, não foi
senão por terem afastado os vencidos como estrangeiros? [...] Pelo contrário [entre nós], filhos
15 de libertos obtêm as magistraturas; isto não é uma inovação, como a maior parte falsamente crê;
a antiga República viu numerosos exemplos. [...] Já os costumes, as artes, as alianças
confundem-nos [aos gauleses] connosco; que eles nos tragam também as suas riquezas e o seu
ouro, em vez de os gozarem sozinhos. Pais conscritos [título dado aos senadores], tudo o que
julgamos muito antigo foi novo: plebeus admitidos nas magistraturas após os patrícios, latinos
depois dos plebeus. Outras nações de Itália depois dos latinos. O nosso decreto envelhecerá,
como os outros, e o que justificamos hoje por precedentes servirá de precedente por sua vez.
Tácito, Anais, c. 117 d.C.

122 Editável e fotocopiável © Texto | Percursos da História 10.o ano


1. Ordene cronologicamente as imagens A, B, C e D (documento 1), que se reportam aos elementos
de unidade do Império Romano.

2. O camafeu (documento 1A), para além de celebrar a vitória do imperador Tibério sobre os
germanos, afirma-se como uma manifestação
(A) do culto imperial associado ao culto de Roma.
(B) da importância das legiões para a integração dos povos conquistados.
(C) do poder económico dos romanos, que passaram a usufruir das riquezas dos povos vencidos.
(D) da eficácia das legiões, que conseguiram dominar povos em todos os continentes do mundo.

3. Desenvolva o tema A unidade do mundo imperial, abordando os tópicos de orientação seguintes:


• a progressiva extensão da cidadania;
• a codificação do Direito.

Na sua resposta,
- analise os dois tópicos de orientação, apresentando três elementos para cada tópico;

- relacione os elementos apresentados com o tema;

- integre, pelo menos, uma informação relevante de cada um dos seguintes documentos:
imagens B, C e D do documento 1 e documentos 2 e 3.

Editável e fotocopiável © Texto | Percursos da História 10.o ano 123


GRUPO IV
DA ROMA REPUBLICANA À ORGANIZAÇÃO DE UM REGIME IMPERIAL

Documento 1 O poder de Augusto


Foi deste modo que todos os poderes do Senado e do povo romano passaram para Augusto e,
a partir deste momento, estabeleceu-se uma verdadeira monarquia. Na verdade, seria correto dar
a este regime o nome de monarquia [...], mas os romanos detestam de tal maneira este nome que
recusam chamar aos seus imperadores, ditadores, reis ou qualquer outra designação do género.
5 No entanto, como toda a administração do Estado está nas suas mãos, não podemos deixar de os
considerar como reis.
É certo que mesmo agora se nomeiam magistrados segundo as leis [...]; mas toda a
administração e condução dos assuntos públicos se conformam com os desejos de quem detém o
poder. Para parecer detê-lo, não por vontade própria, mas legalmente, os imperadores tomam,
10 além deste título, todos aqueles que, à exceção da ditadura, dependiam, no tempo da República,
da vontade do Povo e do Senado. Gerem frequentemente o consulado, tomam sempre o título de
procônsul quando se afastam do pomerium [limites da cidade de Roma]; fazem-se
constantemente aclamar como imperator, quer tenham ou não vitórias. [...] em virtude do seu
poder censorial, investigam a nossa maneira de viver e os nossos costumes, procedem aos
15 recenseamentos, elaboram a lista de cavaleiros e senadores e podem excluir delas quem eles
quiserem. Pelo facto de serem consagrados como sacerdotes [...], detêm o pontificado máximo e
são senhores de todas as coisas santas e sagradas.
Dion Cassius, História Romana, vol. 53, c. 229 d.C.

Documento 2 Augusto da Prima Porta

Descoberta em Prima Porta,


em 1863, esta estátua representa
uma visão idealizada de Augusto,
encomendada pela esposa, Lívia,
após a morte do imperador.

124 Editável e fotocopiável © Texto | Percursos da História 10.o ano


1. Transcreva uma expressão do documento 1 que espelhe o caráter absoluto do poder do
imperador.

2. Apresente duas características do poder do imperador romano.


Uma das características deve ser fundamentada com excertos relevantes do documento 1 e a
outra característica com informação do documento 2.

3. Aponte duas características da escultura romana.


As duas características devem ser fundamentadas com informação retirada do documento 2.

4. Durante a vigência do regime imperial romano, o imperador detinha inúmeros poderes vitalícios.
Associe os títulos, que se encontram identificados na coluna A, às expressões/palavras que
constam na coluna B. Cada título deve ser associado apenas a uma das expressões/palavras.

COLUNA A COLUNA B

(1) O primeiro dos senadores.


(a) Imperium proconsulare (2) Poder dos tribunos da plebe.
(b) Pontifex maximus (3) Divino.
(c) Augustus (4) Comando supremo das forças militares.
(5) Sacerdote supremo.

FIM

Editável e fotocopiável © Texto | Percursos da História 10.o ano 125

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