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Análise documental

Tópicos de resposta

MÓDULO I – RAÍZES MEDITERRÂNICAS DA CIVILIZAÇÃO EUROPEIA – CIDADE,


CIDADANIA E IMPÉRIO NA ANTIGUIDADE CLÁSSICA

1. O modelo ateniense

Documento 1

1. Subjacente a esta recomendação estava a preocupação da autossuficiência da polis,


nomeadamente no que dizia respeito ao acesso a água potável.

2. Resposta aberta.

3. As muralhas tinham uma função defensiva, por um lado, mas também ornamental.

4. «Os edifícios consagrados às cerimónias religiosas serão tão luxuosos como devam ser. [...] Este
lugar, que deverá ver-se de todos os bairros que o rodeiam, será tal como o exige a dignidade das
personalidades que tem de albergar.»

4.1 Resposta aberta. No entanto, os alunos deverão reconhecer que, tanto a localização como a
forma como a ela Aristóteles se refere, são indicativas da importância que lhe é dedicada.

5. «Junto da elevação em que está situado o edifício [...].»

6. Aristóteles referia-se aos deuses, que «habitavam» os edifícios consagrados às cerimónias


religiosas (os templos).

7. Aristóteles refere uma zona dedicada às cerimónias religiosas, uma zona pública e uma outra
dedicada ao comércio, que tivesse fácil acesso às mercadorias provenientes do porto do Pireu.

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Documento 2

1. «Chama-se democracia porque funciona para o maior número e não para uma minoria.»

1.1 A referência ao «maior número», já que democracia significa, na sua forma mais literal, o
«governo pelo dêmos», ou seja, o «governo pelo povo», isto é, um sistema político que
permitia uma participação alargada a todos os cidadãos.

2. O facto de a democracia funcionar «para o maior número e não apenas para uma minoria» é, de
facto, representativa do regime político ateniense. A democracia, instituída no final do século VI
a.C. e que no século V a.C. estava consolidada, resultara de um longo processo de reformas
legislativas que, progressivamente, garantira um alargamento da possibilidade de participação
política à totalidade dos cidadãos e não apenas a um conjunto limitado desses mesmos cidadãos
(casos da oligarquia e da tirania).

3. Péricles refere-se à dificuldade que alguns cidadãos sentiriam para participar no regime
democrático, já que, para tal, teriam de prescindir do rendimento que a sua atividade usual lhes
garantia.

4. A instituição das «mistoforias», uma remuneração (misthos) paga aos cidadãos que exerciam
determinados cargos políticos, entre eles a participação na Eclésia. Tratava-se de uma medida
fundamental para promover a governação democrática, já que esse subsídio diário compensava
monetariamente os cidadãos mais pobres, permitindo-lhes participar dos trabalhos da
assembleia.

5. «Nós continuamos obedientes aos magistrados e às leis, sobretudo àquelas que nos protegem
contra a injustiça.»

2 Editável e fotocopiável © Texto | Percursos da História 10.o ano


Documento 3

1. Uma parte dedicada à deliberação, outra ao exercício do poder e outra à justiça.

2. Decidir sobre a guerra e a paz, e sobre alianças e quebra de pactos; elaborar e discutir leis; decidir
sobre a condenação à morte, o exílio e expropriação de bens; fiscalizar as contas públicas e
escolher ou sortear os titulares dos cargos de magistraturas.

2.1 A Eclésia.

2.2 Por a Eclésia ser o órgão que reunia todos os cidadãos.

3. «Convém ainda que os cidadãos encarregados de deliberar sejam eleitos ou sorteados de entre as
partes da cidade.»

4. Comprove que a seguinte expressão, referente à escolha dos magistrados, foi implementada em
Atenas no século V a.C.: «[...] o modo segundo o qual se empregam ambas as formas ao mesmo
tempo, isto é, uns escolhidos por eleição, ao passo que outros o são por sorteio.» (ll. 23-24).

5. Segundo Aristóteles, os tribunais diferenciavam-se pela origem dos juízes, pelos assuntos de que
se ocupavam e pela forma como os juízes para eles eram nomeados.

6. De acordo com Aristóteles, apenas os tribunais para os quais os juízes eram nomeados por sorteio
poderiam ser considerados democráticos, já que a base de nomeação incidia sobre a totalidade
dos cidadãos.

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Documento 4

1.
a) Evitar a corrupção: «[...] os prítanes em funções tomam as suas refeições em comum na Casa
Circular (Tholos) e para isso recebem do Estado um subsídio em dinheiro». Evitar os excessos
no exercício do poder: «É neste dia que todo o cidadão que o desejar deve apresentar as
acusações de alta traição».
b) Proteger o regime democrático de potenciais ameaças: «[...] os prítanes põem na ordem do dia
um voto sobre [os casos de] ostracismo para decidir se têm lugar ou não e proceder de acordo
com isso».

2. Era aos prítanes que cabia a organização das sessões da Bulê, a preparação das questões e a
ordem do dia de cada sessão desta assembleia e o local onde esta reunia. Eram também os
responsáveis pela redação da ordem do dia da Eclésia.

3. A supervisão da ação dos magistrados era feita pela Eclésia (Aristóteles refere que era esta
assembleia que confirmava «de braço no ar os magistrados» e que avaliava se «desempenharam
bem o seu cargo»).

4 Editável e fotocopiável © Texto | Percursos da História 10.o ano


Documento 5

1. A prestação de contas era importante, no sentido em que consistia num mecanismo de proteção
da democracia, já que visava evitar a corrupção e excessos no exercício do poder.

2. Todos os magistrados deveriam prestar contas, segundo Ésquines: «Assim, a lei impõe a prestação
de contas aos sacerdotes e às sacerdotisas, a todos em geral e a cada um em particular [...]. A
Bulê dos Quinhentos é igualmente obrigada pelo legislador a prestar contas. [...] A Bulê dos
Quinhentos é igualmente obrigada pelo legislador a prestar contas».

3. «A lei interdita o que não prestou contas de consagrar os seus bens aos deuses, de fazer
oferendas, [...] de legar os seus bens ou qualquer outra coisa que lhe pertença. Numa palavra, o
legislador põe sob arresto os bens do magistrado até que ele tenha prestado as suas contas à
cidade.»

4. A religião assumia um papel central. Tal é visível no facto de uma das sanções para a não
prestação de contas ser o impedimento de consagrar bens aos deuses.

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Documento 6

1. A característica que distinguia um cidadão dos restantes grupos sociais atenienses era a
capacidade de participação cívica, isto é, a possibilidade de integrar os órgãos políticos, de
participar nas assembleias e de integrar o corpo de magistrados, que estavam vedados a todos
aqueles que não fossem cidadãos.

2. Os cidadãos constituíam o corpo cívico com direitos políticos. A cidadania estava restrita a
pessoas de condição livre e do género masculino, filhos de pai e mãe atenienses (ou pelo menos
de pai cidadão) e com o serviço militar cumprido. Apenas estes eram considerados cidadãos
plenos. Os metecos eram os estrangeiros que habitavam em Atenas e que se dedicavam,
essencialmente, a atividades artesanais e comerciais. Apesar de serem homens livres e de terem
influência na dinâmica económica da polis, não tinham direitos políticos. Finalmente, os escravos,
normalmente prisioneiros de guerra, não tinham também quaisquer direitos políticos. Eram
considerados, como refere Xenofonte, «propriedade instrumental animada» e utilizados,
fundamentalmente, enquanto mão-de-obra.

3. Quando comparada com o funcionamento atual do regime democrático, a democracia ateniense


tinha imperfeições, sendo a mais visível a limitação da participação política a um corpo cívico
restrito, excluindo a maioria da população («Não é a habitação que constitui o cidadão: os
estrangeiros e os escravos não são «cidadãos», mas «habitantes». [...] Há ainda muitos lugares em
que os estrangeiros não são admitidos nos tribunais senão apresentando uma caução. Não
participam, portanto, senão de uma maneira imperfeita nos direitos de cidadania»).

4. A limitação da participação política aos cidadãos (grupo restrito, que excluía as mulheres, os
metecos e os escravos), o facto de, com exceção dos cidadãos e o facto de os restantes grupos
sociais não terem direitos políticos (ou deles beneficiarem apenas em grau muito limitado). A
própria existência da escravatura era um outro fator, já que colocava em causa o cumprimento
dos princípios de liberdade e de igualdade.

6 Editável e fotocopiável © Texto | Percursos da História 10.o ano


Documentos 7 e 8

1. A isegoria, isto é, o direito usar a palavra na Eclésia ou noutras instituições do poder para
defender as suas ideias.

2. Um bom orador era aquele capaz de «[...] falar contra qualquer adversário e sobre qualquer
assunto de maneira a persuadir a multidão melhor do que ninguém e, numa palavra, a obter dela
tudo o que quiser».

3. O facto de Górgias apelidar a retórica de «arte de luta» e de referir tanto as suas características
positivas como os seus perigos, é revelador da importância que lhe era dada no contexto da
participação política na polis.

4. Um cidadão que desse um uso incorreto às suas capacidades de bom orador sujeitava-se à
possibilidade de ser condenado ao ostracismo.

5. Ambos estão relacionados, no sentido em que o direito a usar livremente a palavra, referido por
Demóstenes no documento 7, carecia da capacidade para o fazer de forma efetiva. O domínio da
oratória era, pois, importante para que os cidadãos pudessem expor as suas ideias de forma clara
– e persuadir os seus ouvintes de que as suas ideias eram válidas, tal como é referido no excerto
do Górgias, de Platão (documento 8).

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2. O modelo romano

Documentos 1 e 2

1. A partir de meados do século I a.C., os territórios controlados pelos romanos circundavam o mar
Mediterrâneo. O domínio efetivo de toda a costa do Mediterrâneo e o controlo das suas rotas,
levaram os Romanos a designá-lo como Mare Nostrum («o nosso mar»).

2. Tendo em conta a informação do documento, que refere a circulação de produtos e a importância


das cidades (em especial, Roma), seria uma economia comercial e urbana.

3. «E a cidade é semelhante a um mercado comum a toda a terra. [...] É para vós que tudo converge:
é aqui que se encontra o comércio, a navegação, a agricultura, o trabalho do metal, todos os
ofícios que existem ou existiram, tudo o que se fabrica e tudo o que se cria espontaneamente.»

4. O domínio do Mediterrâneo permitia ligar por mar todas as regiões litorais do Império Romano,
sendo a principal via para o transporte de mercadorias de todos os pontos do Império
(documento 1). O Mediterrâneo era assim uma das vias privilegiadas do sistema económico
comercial e urbano do Império: «De toda a terra e de todo o mar chegam até vós tudo o que as
estações dão, tudo o que produzem as diversas regiões, os rios e os lagos, assim como os
artefactos dos gregos e dos bárbaros.»

8 Editável e fotocopiável © Texto | Percursos da História 10.o ano


Documento 3

1. Fundamentalmente, aspetos ligados à localização da cidade: «[…] as colinas salubres, o rio que
nos traz produtos das regiões interiores e o comércio marítimo exterior, o próprio mar,
convenientemente próximo, mas não tão próximo que traga o perigo de frotas estrangeiras, a
nossa situação no coração de Itália».

Editável e fotocopiável © Texto | Percursos da História 10.o ano 9


Documento 4

1. Tácito refere-se à instabilidade política e às guerras civis que antecederam o principado de


Augusto, nomeadamente as decorreram do assassínio de Júlio César, seu pai adotivo.

2. O título de Princeps distinguia Octávio César Augusto como uma espécie de «primeiro entre
iguais», garantindo-lhe um conjunto de poderes que lhe permitiam, efetivamente, controlar o
sistema político. Destacavam-se: os poderes legislativo e executivo e o controlo da administração
do Estado, com a capacidade de nomear os senadores e os prefeitos encarregados de dirigir os
serviços públicos. Podia também convocar o Senado, agir em favor da plebe, propor leis e vetar.
Ficava ainda com o poder de convocar os Comícios e de propor os magistrados (cônsules,
pretores, edis, questores) que eram confirmados nessas assembleias. Finalmente, possuía
também o direito de veto sobre as deliberações dos magistrados;.

3. Augusto conseguiu o apoio dos romanos, por um lado, pondo fim à instabilidade que caracterizara
as décadas anteriores, mas também através de recompensas ao exército e à população em geral.

4. «O remédio para as discórdias era o governo de um só.»

10 Editável e fotocopiável © Texto | Percursos da História 10.o ano


Documento 5

1. Os feitos militares e diplomáticos enumerados neste excerto permitem inferir que Octávio César
Augusto avalia a sua atuação como muito positiva, embora sem denotar excessos (note-se que
refere que não fez «injustamente guerra a qualquer tribo» e que recebeu diversas embaixadas em
reconhecimento do poderio romano: «Várias vezes me foram enviadas pela Índia embaixadas
reais [...]. A nossa amizade foi procurada, através de embaixadores, por vários povos de várias
nações.»

2. Tendo em conta o documento, o título de imperador (de imperium , isto é, o poder de comando
supremo das forças militares e a fiscalização de todas as províncias romanas não completamente
pacificadas).

Editável e fotocopiável © Texto | Percursos da História 10.o ano 11


Documento 6

1. Segundo o documento, Augusto levou a cabo a reforma do Senado devido, por um lado, à sua
extensão e, por outro, à ineficácia dos senadores: «Os senadores, pelo seu número, formavam
uma multidão ignóbil e confusa: eram, efetivamente, mais de mil e alguns deles absolutamente
indignos do cargo [...]: chamavam-lhes «senadores do além-túmulo».

2. Octávio César Augusto reduziu o número de senadores, e fez também com que a sua eleição
depender passasse a depender da aprovação pessoal do imperador («Augusto reduziu o corpo
senatorial ao seu primitivo esplendor, graças a duas eleições: a primeira, operada pelos próprios
senadores, em que cada um deles escolhia um colega; a segunda, por ele e por Agripa»). Decretou
também que esta assembleia se reunisse mais frequentemente e de forma regular («Para que os
novos eleitos e designados desempenhassem as suas funções senatoriais com mais escrúpulo e
menos penosamente, decretou: [...] que o Senado teria mais de duas assembleias regulares por
mês [...]»). Por outro lado, impôs também que cada um « se empenhasse em dar a sua opinião»,
possivelmente para poder controlar mais facilmente eventuais opositores – note-se que Suetónio
refere que, numa determinada fase, Augusto presidira inclusive ao Senado «com uma couraça
debaixo da toga, um gládio à cinta e em torno da sua cadeira dez senadores amigos, escolhidos
entre os mais robustos», o que dá a entender que estas medidas não teriam sido populares.

3. A reforma levada a cabo por Augusto denota uma preocupação aparente de conferir… Mas o
principal objetivo era o de retirar competências ao Senado, de forma a conseguir controlá-lo.

4. Estrategicamente, Augusto não eliminou as instituições republicanas. Mas, de uma forma gradual,
retirou as competências aos Comícios, ao Senado (como é patente pela análise do documento) e
aos magistrados, argumentando que as recebia por livre vontade dessas mesmas instituições.
Iniciava assim, efetivamente, um novo regime, em que o poder passava a estar concentrado num
único governante, o imperador.

12 Editável e fotocopiável © Texto | Percursos da História 10.o ano


Documento 7

1. O Pontificado Máximo, isto é, o poder de dirigir a religião romana («Quando o povo me ofereceu
o Pontificado Máximo, que o meu Pai [Júlio César] tinha exercido, recusei-o, para não ser eleito
em lugar do Pontífice que ainda vivia. Não aceitei este sacerdócio senão anos depois, após a
morte de quem o ocupava»); os poderes legislativo e executivo e o controlo da administração do
Estado («Uma lei [23 a.C.] prescreveu que a minha pessoa possuiria perpetuamente a
inviolabilidade e o poder dos tribunos da plebe. […]»); e o poder militar («A Itália inteira jurou-me,
por iniciativa própria, lealdade pessoal e aclamou-me como chefe da guerra que vitoriosamente
concluí em Accio. Igual juramento me prestaram as províncias das Gálias, Hispânias, África, Sicília
e Sardenha»).

2. «Igual juramento me prestaram as províncias das Gálias, Hispânias, África, Sicília e Sardenha.»

3. Considerando o documento, apresente um argumento que comprove que o regime instituído por
Octávio César Augusto era um compromisso:
a) O compromisso entre o exercício do poder absoluto pelo imperador e a manutenção dos
órgãos tradicionais republicanos é patente na forma como Augusto continua a referir-se a
estes (o que é indicativo de que continuavam em funcionamento), apesar de salientar que foi
«superior a todos em autoridade».
b) Augusto reconhece as exigências dos diferentes estratos que compunham a sociedade romana
ao manter em funcionamento os órgãos políticos que representavam cada um deles (as
Assembleias da Plebe e o Senado), embora reserve para si o controlo dessas instituições
(«Uma lei [23 a.C.] prescreveu que a minha pessoa possuiria perpetuamente a inviolabilidade e
o poder dos tribunos da plebe» e «[…] decidi que o governo da República passaria do meu
arbítrio para o Senado e o Povo Romano» – note-se que, no caso do Senado, o facto de
Augusto lhe entregar os poderes que lhe tinham sido atribuídos não exclui um certo grau de
controlo sobre esta assembleia, já que refere, mais à frente, que o imperador era «superior a
todos em autoridade»).
c) O reconhecimento do poder de Augusto pelos povos conquistados é visível através da seguinte
expressão: «A Itália inteira jurou-me, por iniciativa própria, lealdade pessoal e aclamou-me
como chefe da guerra que vitoriosamente concluí em Accio. Igual juramento me prestaram as
províncias das Gálias, Hispânias, África, Sicília e Sardenha».

4. Tendo em conta que o excerto é uma reprodução do testamento de Augusto (portanto, da sua
própria autoria), será maioritariamente apologético.

Editável e fotocopiável © Texto | Percursos da História 10.o ano 13


Documento 8

1. O imperium.

2. Consistia no comando supremo das forças militares e na administração de todas as províncias


romanas não completamente pacificadas ou recentemente ocupadas (províncias imperiais).

3. Augusto comprometeu-se a pacificar o Império, garantindo, no entanto, ao Senado e ao Povo que


restituiria os poderes excecionais que estes lhe conferiam para atingir tal objetivo.

4. No Império coexistiam as províncias senatoriais, governadas por procônsules, nomeados pelo


Senado, e as províncias imperiais, governadas por legados nomeados pelo imperador. Estas
últimas eram as mais importantes, frequentemente pouco pacificadas e passíveis de controlo
militar mais efetivo («As províncias menos importantes seriam atribuídas ao Senado. As mais
importantes, pouco seguras e expostas a perigos oriundos de vizinhos aguerridos ou suscetíveis
de se revoltarem de novo, ficariam sob a autoridade do imperador»).

5. «Esta medida foi tomada para parecer que o Senado administrava, sem qualquer receio, as
melhores províncias e que [Augusto] reservava [para ele] os problemas e as dificuldades. E, com
este pretexto, deixou o Senado sem armas e sem exército.»

6. Na transição para o século V a.C., os patrícios – as famílias mais antigas e que detinham a maioria
da propriedade fundiária – revoltaram-se, afastando o rei etrusco e fundando o regime
republicano. Nos séculos seguintes, uma série de acordos entre os patrícios e a população livre da
cidade, os plebeus, permitiram a partilha das magistraturas entre o patriciado e a plebe. Havia,
por isso, em Roma, um sentimento de oposição ao regime monárquico já com vários séculos: daí
Augusto ter tido sempre o cuidado de manter em funcionamento as instituições e órgãos políticos
republicanos – apesar de esvaziar progressivamente o seu poder e de o concentrar em si.

14 Editável e fotocopiável © Texto | Percursos da História 10.o ano


Documento 9

1. Augusto dividiu a cidade em regiões e em bairros, decretando que a administração destas


circunscrições seria feita por sorteio (no caso das regiões) e por eleição direta (no caso dos
bairros). Criou também novos cargos administrativos.

2. A limpeza e desassoreamento do rio Tibre e a reparação das estradas que ligavam o resto da
Península Itálica a Roma (a expensas do Estado e dos saques obtidos em conflitos militares).

3. No que respeita à administração do Estado, Augusto decretou medidas que visavam uma
participação mais alargada dos cidadãos nos órgãos administrativos: criou novos cargos, como a
Intendência dos Trabalhos Públicos, triunviratos para se responsabilizarem pelo recrutamento dos
senadores e pela revista dos esquadrões de cavaleiros, aumentou o número de pretores e
nomeou censores.

4. Resposta aberta. O aluno deverá, no entanto, reconhecer que, por um lado, o documento elenca
apenas aspetos positivos das reformas de Augusto e, por outro, que o próprio título do
documento (As vidas dos doze césares) parece indicar que se trata de um conjunto de biografias
dos primeiros imperadores, presumivelmente apologéticas.

Editável e fotocopiável © Texto | Percursos da História 10.o ano 15


Documento 10

1. Um liberto era um antigo escravo, a quem tinha sido concedida a liberdade.

2. Segundo Gaius, dependendo da forma com os escravos tinham ascendido a esta condição, havia
três géneros de libertos: os que tivessem sido punidos de alguma forma durante a escravatura ou
que tivessem sido gladiadores, seriam considerados como “submetidos” e não teriam direito à
cidadania. Os restantes, dependendo do cumprimento de um determinado conjunto de condições
aquando da sua libertação, teriam direito de cidadania plena ou apenas direito de cidadania
latina.

3. O documento permite inferir que os escravos viviam em condições difíceis, sofrendo punições
físicas (podiam ser «postos a ferros pelos seus amos» ou «marcados com o ferro em brasa»).

4. A cidadania romana, ou plena, e a cidadania latina. Esta última consistia num tipo de cidadania
parcial, que impedia os seus titulares de acederem às altas magistraturas do Império.

16 Editável e fotocopiável © Texto | Percursos da História 10.o ano


Documento 11

1. Tendo em conta a natureza do pedido e o facto de o autor se dirigir diretamente ao imperador,


aquele teria um estatuto elevado sendo, possivelmente, um patrício.

2. Plínio refere ter estado muito doente, tendo-se salvo apenas pelos cuidados médicos prestados
pelo peregrino por quem intercede junto de Trajano, razão pela qual solicita para aquele o direito
de cidadania romana.

3. Os «peregrinos» eram homens livres, que viviam no Império, mas que estavam excluídos da
cidadania romana.

Editável e fotocopiável © Texto | Percursos da História 10.o ano 17


Documento 12 e 13

1. Pelo édito de Caracala, o direito de cidadania romana é alargado a todos os homens livres do
Império.

2. O imperador refere o ato como um reconhecimento da sua grandeza, por um lado, mas também
como possibilitando um alargamento do número de cidadãos passíveis de participar nos cargos
imperiais, simplificando a administração.

3. Segundo Dion Cassius, o verdadeiro objetivo foi o de solucionar problemas económicos,


aumentando a base da recolha de impostos.

4. Num mundo romano tão extenso e de tão grande diversidade, o direito de cidadania constituiu
uma peça fundamental no processo de integração dos diferentes povos e contribuiu para uma
maior coesão do Império.

18 Editável e fotocopiável © Texto | Percursos da História 10.o ano


Documento 14

1. As leis, os plebiscitos, os senatus consulta, as constituições imperiais e os éditos.

2. Infira o motivo que explica esta multiplicidade de fontes do Direito romano.

3. As leis eram estabelecidas por todos os cidadãos (plebe e patrícios), enquanto os plebiscitos eram
estabelecidos apenas pela plebe.

4. Tendo em conta a definição de Gaius, o povo compreendia todos os cidadãos (patrícios e


plebeus), enquanto a plebe abarcava apenas os cidadãos que não eram patrícios.

5. O Direito romano, segundo Gaius, reportava-se «quer às pessoas quer às coisas quer às ações».

6. A principal distinção referia-se ao estatuto das pessoas, isto é, se eram livres ou escravos.

7. Os ingénuos eram os homens nascidos livres. Os libertos eram aqueles que tinham, legalmente,
deixado de ser escravos.

Editável e fotocopiável © Texto | Percursos da História 10.o ano 19


Documento 15

1. A afirmação destaca a importância dada por Cícero à Lei da XII Tábuas: conjunto de leis que
registava na forma escrita os fundamentos do modelo de vida romano e dos costumes dos
antepassados (mos maiorum), ou seja, as regras consensuais para a convivência entre as pessoas
dos diferentes grupos sociais que compunham a comunidade e que até aí tinham sido transmitidas
apenas pela tradição oral. As XII Tábuas consagravam a obrigatoriedade de uma série de
procedimentos que estabilizam as relações entre sujeitos e bens jurídicos, contribuindo, por isso,
para a harmonização das lutas sociais entre patrícios (nobres) e plebeus.

2. Cícero considera o Direito romano essencial para compreender aquilo que ele vê como a
superioridade dos romanos relativamente a outros povos.

3. A codificação das leis romanas permitiu formar um sistema articulado de normas e leis que
regulavam as ações humanas na vida social e na relação com o Estado, tornando-se num
instrumento essencial ao serviço do projeto político de unificação do Império: com o alargamento
do direito de cidadania, os homens livres do espaço imperial também ficaram abrangidos pelo
Direito romano, aliando o conceito de justiça ao de universalidade.

20 Editável e fotocopiável © Texto | Percursos da História 10.o ano


Documento 16

1. O estatuto jurídico-administrativo de Osuna era o de colónia, pelo que usufruía de autonomia


administrativa, e os seus habitantes livres, do direito de cidadania plena

2. O documento refere os duúnviros e vários edis.

3. Os magistrados estavam autorizados a usar a toga praetexta e dispunham de um conjunto de


funcionários para os apoiarem

4. Todos aqueles que prestavam serviços aos magistrados municipais estavam isentos de integrar a
milícia da cidade, ou o exército, e dispunham também de imunidade face a determinados atos
jurídicos («[…]nenhum deles, no ano em que sirvam aos ditos magistrados, seja feito soldado
contra sua vontade [...] nem seja obrigado a prestar juramento [...] nem compareça perante o
magistrado para a ação de sacramento [...]»).

5. Sendo uma colónia, Osuna dispunha de um conjunto de magistrados idêntico aos das cidades da
Península Itálica, emulando a organização administrativa de Roma.

Editável e fotocopiável © Texto | Percursos da História 10.o ano 21


Documento 17

1. Segundo Estrabão, a pavimentação de vias e a construção de aquedutos e esgotos.

2. As vias pavimentadas facilitariam um fluxo comercial mais rápido e abundante. Estrabão refere
que aquelas permitiam «que as mercadorias pudessem ser transportadas em carros carregados».

3. É percetível o caráter prático e utilitários dos romanos, já que se tratam de infraestruturas


comunitárias e não meramente decorativas.

4. O urbanismo – ciência que estuda as formas urbanas e define as regras relativas à sua
planificação. Preocupa-se com a interligação entre os diferentes espaços da cidade, definindo os
eixos de circulação, os espaços públicos, a resolução dos problemas inerentes à vida urbana.

22 Editável e fotocopiável © Texto | Percursos da História 10.o ano


Documento 18

1. Observe atentamente o documento e mencione:


a) Foram definidos dois eixos, correspondentes às duas vias principais, que corriam no sentido
norte-sul — o cardus — e no sentido este-oeste — o decumanus.
b) A praça situava-se no centro da cidade, no local onde se cruzavam o cardus e o decumanus.
c) O capitólio.
d) Um dos vários templos (por exemplo, o templo de Genius Coloniae).
e) O teatro, a biblioteca ou uma das termas.

2. O típico aglomerado urbano romano procurava, sempre que possível, reproduzir o de Roma, a
cidade fundadora do Império.

3. O pragmatismo romano é percetível através do próprio sistema urbanístico adotado, organizando


o espaço das cidades através de ruas dispostas numa matriz ortogonal, visível no documento: as
ruas eram traçadas em ângulo reto, dividindo a cidade em linhas paralelas e perpendiculares,
formando quarteirões retangulares e uniformes, com uma praça principal que funcionava como
centro político e administrativo.

4. A arquitetura comemorativa romana era, em si mesma, um instrumento político. Ao exaltar os


feitos militares e cívicos dos governantes, contribuía para consolidar o culto imperial e, ao mesmo
tempo, o poder.

Editável e fotocopiável © Texto | Percursos da História 10.o ano 23


Documento 19

1. Para além da higiene do corpo, eram locais de convívio social, relaxamento físico e distração. Nas
cidades romanas existiam dois tipos de banhos. Umas termas mais simples e pequenas para os
plebeus e outras que eram verdadeiras cidades dentro da cidade.

24 Editável e fotocopiável © Texto | Percursos da História 10.o ano


Documento 20

1. O documento representa uma insula.

2. As insulae eram prédios, normalmente com três andares, em que habitavam várias famílias
divididas por apartamentos. Frequentemente situavam-se em zonas mais periféricas da malha
urbana e no andar térreo albergavam lojas, tabernas e pequenas oficinas. A sua existência é
reveladora da elevada densidade populacional de Roma, que obrigava a esta solução de
construção em altura.

Editável e fotocopiável © Texto | Percursos da História 10.o ano 25


Documento 21

1. O documento apresenta um excerto de um poema épico.

2. A Roma é atribuído o destino de reinar «sobre as nações».

3. A Eneida atribuía uma lenda divina à origem da urbe, sintetizando no herói, que prefigura o povo
romano, as virtudes tradicionais e glorificando-as, através de simbolismos que estabelecem
paralelos com a História e a missão civilizadora da Pax Romana. A Eneida era assim um
instrumento de propaganda política ao serviço da mística do Império, legitimando, de certa
forma, o imperialismo romano.

4. Os Lusíadas, de Luís de Camões.

26 Editável e fotocopiável © Texto | Percursos da História 10.o ano


Documento 22

1. Para Tito Lívio, a História deveria servir de exemplo às futuras gerações de romanos, exaltando as
virtudes de Roma: «A História tem a utilidade de mostrar numerosos exemplos instrutivos:
modelos a imitar e condutas a evitar […] nunca nenhum povo ofereceu tantos bons exemplos».

2. «Ora, se a paixão que me inspira o meu assunto não me engana […].»

3. De acordo com Tito Lívio, o povo romano era sóbrio, económico e relativamente incorrupto (o
historiador refere que «só muito recentemente», a riqueza obtida com a expansão do Império
teria levado a à corrupção e a um certo esquecimento dos deveres para com o Estado).

Editável e fotocopiável © Texto | Percursos da História 10.o ano 27


Documentos 23 e 24

1. Tanto Plutarco como Horácio concordam no que diz respeito à superioridade artística dos gregos
face aos romanos. Plutarco refere que Roma «não possuía nem conhecia a elegância, a graça e a
delicadeza da arte» e Horácio que a Grécia conquistada «trouxe as artes aos habitantes do Lácio».

2. A afirmação de Horácio dá a entender que, apesar de os romanos terem conquistado


politicamente a Grécia, a influência desta, do ponto de vista artístico e cultural, foi superior.

3. A Maison Carrée constitui um exemplo da influência grega sobre a arte romana (o templo tem um
frontão triangular, entablamento e colunas coríntias), embora reflita também inovações romanas
(tem planta retangular, assenta num podium, e apresenta um caráter frontal, uma vez que a
escadaria apenas dá acesso ao pórtico).

28 Editável e fotocopiável © Texto | Percursos da História 10.o ano


Documentos 25 e 26

1. Monumentalidade (docs. 25 e 26) e utilidade (doc. 26).

2. A monumentalidade do Anfiteatro Flávio é uma característica que denota influência etrusca, tal
como os arcos de volta perfeita, inovação que os romanos tinham herdado dos etruscos. Por sua
vez, as colunas e a própria forma do anfiteatro, são características associáveis à arquitetura grega.

3. Os anfiteatros, como este, eram locais de espetáculos, como combates de gladiadores ou


execuções com o recurso a animais selvagens. Serviam um propósito de entretenimento popular
e, nesse sentido, de consolidação do poder imperial.

Editável e fotocopiável © Texto | Percursos da História 10.o ano 29


Documentos 27 e 28

1. O documento 27 é um exemplo de retrato, associado ao culto do imperador. O documento 28 é


um alto-relevo.

2. A estátua de Augusto denota influências gregas na forma racionalizada como representa a figura
humana, de acordo com cânones previamente definidos.

3. No caso destas duas esculturas, ambas são exemplos de escultura comemorativa, com claras
preocupações propagandísticas: a estátua do documento 37 representa Augusto vestido com uma
toga pontifícia, enquanto líder religioso. O documento 38 reproduz um pormenor da coluna de
Trajano, concebida para celebrar a conquista da Dácia por aquele imperador.

30 Editável e fotocopiável © Texto | Percursos da História 10.o ano


Documento 29

1. A afirmação refere um período de paz generalizado.

2. Os povos conquistados tentavam aproximar-se do modo de vida romano, através de construções


que visavam imitar o modelo de Roma : « Cada cidade pretende tornar-se mais rica em ginásios,
fontes, pórticos, templos, oficinas, escolas. Esta é a única rivalidade existente entre elas. Repletas
de riquezas, nunca foram tão felizes».

3. As primeiras linhas do documento referem-se à Pax Romana, um período de relativa estabilidade


e prosperidade económica no Império Romano, que se prolonga até final do século II. Permitiu
evitar as frequentes guerras civis do período anterior e manter a convivência pacífica entre os
conquistadores romanos e as populações que foram sendo romanizadas.

Editável e fotocopiável © Texto | Percursos da História 10.o ano 31


Documento 30

1. O agente de romanização referido é o exército.

2. O general citado por Tito Lívio salienta, por um lado, a importância do exército para a pacificação
dos territórios conquistados («Sem exércitos, não há tranquilidade no seio das nações […]») e, por
outro, como fator de integração, já que as legiões integravam membros das comunidades locais
(«vós próprios estais muitas vezes à frente das nossas legiões. Estas províncias onde nos
encontramos ou outras, sois vós mesmos quem as governa»).

32 Editável e fotocopiável © Texto | Percursos da História 10.o ano


Documento 31

1. O governador de província referido no excerto impeliu as comunidades autóctones a construir


templos, fóruns e habitações segundo o modelo romano. Tomou também medidas para que os
filhos das elites locais («os mais notáveis») aprendessem latim, de forma a promover a
assimilação mais rápida da cultura romana.

2. Do relato de Tácito percebe-se que os governadores desempenhavam um papel importante, no


sentido em que eram os promotores de iniciativas que visavam acelerar a integração dos povos
conquistados.

3. Os romanos pretendiam romanizar o território, de forma a integrar as populações conquistadas


no Império de forma pacífica.

4. Tácito dá a entender que o processo de romanização era, em si mesmo, uma estratégia que visava
a integração dos povos conquistados no Império. No entanto, fá-lo de forma algo depreciativa,
referindo que, ao assimilarem os modelos político, social e cultural romanos, as populações não
romanas, progressivamente, eram submetidas ao poder imperial, sem se aperceberem disso.

Editável e fotocopiável © Texto | Percursos da História 10.o ano 33


Documento 32

1. A malha urbana, construída de acordo com o sistema hipodâmico e na qual são visíveis o cardus e
o decumanus, um fórum e de edifícios públicos tipicamente romanos, como o aqueduto e o
anfiteatro, por exemplo, ou de espaços

2. As cidades eram «células vivas» do processo de romanização dado que estes novos espaços,
centros administrativos e económicos adaptados à organização social e política romana,
replicavam, numa escala menor, a tipologia de edifícios da capital do Império (no documento são
visíveis, por exemplo, um fórum, um anfiteatro e um aqueduto).

34 Editável e fotocopiável © Texto | Percursos da História 10.o ano

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