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Professora Alessandra Oliveira. Filosofia. 3°bi. Texto 01.

Filosofia política: Aristóteles.

O filósofo grego Aristóteles (384-322 a. C.) afirmava que o ser humano é por natureza um
ser social, pois, para sobreviver, não pode ficar completamente isolado de seus
semelhantes. Assim, constituída por um impulso natural do ser humano, a sociedade deve
ser organizada conforme essa mesma natureza humana. O que deve guiar a organização
de uma sociedade é a busca de determinado bem, correspondente aos anseios dos
indivíduos que a organizam.
Para Aristóteles, a organização social adequada à natureza humana é a polis: a cidade
(polis) encontra-se entre as realidades que existem naturalmente, e o homem é por
natureza um animal político. A Pólis grega, portanto, é vista pelo filósofo como um
fenômeno natural. Por isso, o ser humano em seu sentido pleno é um animal político, isto é,
envolvido na vida da polis. Assim, Aristóteles toma um fenômeno social característico da
Grécia como modelo natural de todo o gênero humano. Ele também entende que a cidade
tem precedência sobre cada um dos indivíduos, pois, isoladamente, o indivíduo não é
autossuficiente, e a falta de um indivíduo não destrói a cidade. Assim, afirmou: o todo deve
necessariamente ter precedência sobre as partes.
É por isso que, para o filósofo, a política é uma continuidade da ética, ou melhor, a ética é
entendida como uma parte da política. A ética dirige-se ao bem individual, enquanto a
política volta-se para o bem comum, constituindo-se também em meio necessário ao
bem-estar pessoal. O principal herdeiro intelectual de Platão, Aristóteles, viveu em um
período
posterior, já no século IV a.C., quando a polis grega já estava em declínio. O filósofo viu o
crescimento da Macedônia como grande potência da região, inclusive dominando
praticamente todo o continente grego (com exceção do Peloponeso). Nascido em Estagira,
em 384 a.C, Aristóteles atuou como tutor de Alexandre (o Grande) e teve acesso a uma
nova realidade política, que via a figura do rei como o chefe do Estado.
Na obra Política, Aristóteles argumenta que governar é um exercício de magistratura,
portanto, como o governo detém a autoridade suprema na cidade, este se torna a própria
constituição. Sendo assim, o filósofo grego afirma que toda constituição (logo, todo governo)
que visa ao bem comum é correto; por outro lado, todas as constituições cujo objetivo seja
atender aos interesses pessoais dos governantes são defeituosas e podem ser
consideradas formas de despotismo.
Assim, Aristóteles define que todo Estado pode ser governado por uma pessoa, por uma
parcela selecionada de cidadãos, ou pela maioria das pessoas residentes naquela cidade, e
mesmo assim ser justa ou injusta, dependendo do objetivo desse governo.
Deste modo, o filósofo tipificou em sua obra seis formas de governo, três delas qualificadas
como sendo justas, e outras três como sendo injustas. Na visão de Aristóteles, as formas de
governo constitucionais seriam a monarquia (ou realeza), a aristocracia e a politeia, que são
contrapostas pela tirania (desvio da monarquia), pela oligarquia (forma degenerada da
aristocracia) e pela democracia (a versão deformada da politeia).
Na obra "Política", Aristóteles discute o que se pode entender por cidadania. Assim, ele
afirma: um cidadão integral pode ser definido por nada mais nem nada menos que pelo
direito de administrar justiça e exercer funções públicas; algumas destas, todavia, são
limitadas quanto ao tempo de exercício, de tal modo que não podem de forma alguma ser
exercidas duas vezes pela mesma pessoa, ou somente podem sê-lo depois de certos
intervalos de tempo prefixados; para outros encargos não há limitações de tempo no
exercício de funções públicas (por exemplo, os jurados e os membros da assembleia
popular).
Aristóteles adverte que há outros tipos de cidadania, dependendo da constituição vigente na
cidade, e que essa definição se aplica à cidadania em uma democracia constitucional ou
politeia.
Ainda que na Atenas "democrática" os artesãos estivessem entre os cidadãos, caso fossem
homens livres e nativos da cidade, Aristóteles prefere excluir da cidadania a classe dos
artesãos, comerciantes e trabalhadores braçais em geral. Em primeiro lugar, porque a
ocupação não lhes permite o tempo de ócio necessário para participar do governo; e em
segundo lugar porque, reforçando o desprezo que os antigos tinham pelo trabalho manual,
esse tipo de atividade embrutece a alma e torna quem o exerce incapaz da prática de uma
virtude esclarecida.
Quanto as formas de governo, Aristóteles usa os seguintes critérios de distinção:
● Segundo o critério da quantidade, o governo pode ser monarquia (governo de um
só), aristocracia (governo de um pequeno grupo) e politeia (governo constitucional
da maioria).
● Conforme o critério axiológico (de valor), as três formas são boas se visam ao
interesse comum; e são más, corrompidas, degeneradas, se têm como objetivo o
interesse particular. Portanto, a cada uma das três formas boas descritas
correspondem, respectivamente, três formas degeneradas: a tirania (em que o
governo de um só visa ao interesse próprio), a oligarquia (na qual vence o interesse
dos mais ricos ou nobres) e a democracia (pela qual a maioria pobre governa em
detrimento da minoria rica)
Para Aristóteles, a monarquia, a aristocracia ou a politeia constituem igualmente formas
corretas e adequadas de exercício do poder. Embora prefira as duas primeiras, reconhece
que na politeia a tensão política que sempre deriva da luta entre ricos e pobres poderia ser
melhor controlada. Sob esse aspecto, se um regime conseguir conciliar esses
antagonismos, seria mais fácil assegurar a paz social.
Desse modo, Aristóteles retoma o critério já usado no campo da ética, segundo o qual a
virtude sempre está no meio-termo. Aplicando o critério da mediana às classes que
compõem a sociedade, descobre na classe média (constituída pelos indivíduos que não são
muito ricos nem muito pobres) as condições de virtude para criar uma política estável, já
que a possibilidade de ocorrência de revoltas seria menor.

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