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Nobre ateniense que viveu no apogeu do desenvolvimento de Atenas e aí governou durante cerca
de quinze anos, mediante quinze eleições sucessivas para o cargo.
Meritocracia.
Discípulo de Sócrates.
Combateu mais do que uma vez contra Atenas e chegou a fazê-lo ao serviço de Esparta, por cujo
regime tinha grande simpatia (regime totalitário).
Não respeitava as fórmulas consagradas pela lei para garantir o acesso ao poder por via
legítima e pacífica;
Redução do cidadão à posição de obediência passiva, sem debate prévio e sem aprovação
dos representantes do povo, às ordens dadas pelo chefe omnisciente e omnipresente
(“semideus”);
O poder político não vem do povo, nem é exercido por meio de assembleias representativas
do povo: é um poder pessoal do chefe, exercido por autoridade exclusiva deste sobre os
seus subordinados;
Natural de Atenas, de família nobre, descendia pelo lado materno de um dos fundadores da
democracia ateniense.
Discípulo de Sócrates.
Lançou o primeiro grande modelo utópico de sociedade, assente na justiça e no interesse geral.
o Magistrados;
Semelhante à alma humana
o Guardas;
o Trabalhadores.
o O dirigente supremo desta cidade seria o Rei-Filósofo, ao qual era entregue o governo, dado
que era o único iluminado pela razão.
Platão é também o primeiro que, movido por esse propósito, resolve atacar a família e a
propriedade privada, encaradas como responsáveis dos males da sociedade e, por isso, devem
desaparecer da sociedade futura.
É ainda o primeiro a estudar as diferentes formas de governo, não apenas numa perspetiva
estática, mas sobretudo numa análise dinâmica.
Platão é, enfim, o primeiro grande defensor de uma sociedade coletivista, concentrada e dominada
pelo Estado, a fim de resolver o problema da justiça, em busca do ideal de uma sociedade justa.
Aristóteles é um naturalista: constata que a sociedade tem origem natural, já que o Homem é um
animal político, “feito para viver em sociedade”.
Única espécie capaz de distinguir o bem do mal e o justo do injusto
Sendo uma característica natural do Homem viver em sociedade, Aristóteles entende que a
sociedade surge enquanto uma consequência natural dessa mesma característica. Ou seja, com
Aristóteles, nasceram as teses naturalistas face à origem do Estado e do Poder.
Defendia a existência de um Estado Ético: não havia distinção entre a vida privada e a vida pública,
na medida em que o Estado deveria de regular todos os aspetos da vida dos cidadãos. Assim,
competia ao Estado a garantia de uma vida boa e feliz a todos os seus cidadãos, contribuindo para a
construção de pessoas virtuosas, através da transmissão de valores e atitudes.
Reconhece o papel fundamental das classes médias, já que estas, tendo o suficiente para a
satisfação das suas necessidades, tendem a atuar no sentido de manutenção de um correto
funcionamento da sociedade.
Pobres: não tem nada a perder com a instabilidade social
Formulou uma teoria sobre as formas de governo, que distingue as sãs das degeneradas:
Monarquia Tirania
Aristocracia Oligarquia
República Democracia
Distingue três formas de governo: Cícero chega à conclusão de que a melhor forma de
o Monarquia governo é aquela que reúne em justas proporções os
o Aristocracia três modos de governo: o governo monárquico, o
Cícero defende a existência de uma ordem natural criada por Deus, que é descoberta pela razão
humana. Desta resulta um direito natural, que impõe direitos e deveres aos homens, e que estes
têm de acatar soba pena de desrespeitarem a própria natureza humana.
Criação de uma igreja universal – deu origem à problemática das relações entre a Igreja e o Estado.
Com o Cristianismo, os fenómenos familiar, moral e religioso faziam parte da esfera de
competência da Igreja, enquanto o Estado era apenas responsável pelo fenómeno político.
Santo Agostinho : uma visão pessimista do Homem e do Estado
o Cidade de Deus
o Cidade Terrena
Estas duas cidades estão em conflito permanente, com o objetivo de controlarem o mundo.
Para Santo Agostinho, o modelo a alcançar é a cidade de Deus, não esquecendo o seu profundo
pessimismo relativamente à natureza humana.
Defende a necessidade da existência da autoridade política e do Estado, para que possa ser
mantida a paz, a justiça, a ordem e a segurança. Desta forma, concebe a autoridade política como
uma dádiva de Deus aos seres humanos.
Segundo Santo Agostinho, as relações entre os poderes eclesiásticos e civil são distintos e
independentes: cada um move-se na sua esfera própria de jurisdição e atua por sua conta, só sendo
responsável perante Deus.
Considera que Deus governa o mundo, atuando “por causas segundas”, ou seja, estabelecendo leis
gerais do universo:
o Lei eterna;
o Lei divina;
o Lei natural;
o Lei humana.
o Por outro lado, embora surja naturalmente, este autor também considera que o Estado se
mantém apenas porque o povo assim consente.
São Tomás de Aquino, ao contrário de Santo Agostinho, não entende que o Homem seja
naturalmente mau, considerando que tem sempre algo bom para oferecer e hipótese de ser salvo.
Embora considere que o Homem tenha de estar integrado num Estado para que se realize
plenamente, também defende a existência de um Estado menos repressivo e firme. Aliás, considera
que o Estado não se pode sobrepor ao Homem, pelo contrário, pois o Homem foi feito à imagem e
semelhança de Deus logo, tem de ser reconhecido e respeitado.
Negar apor
Manifesta a sua preferência doutrina
uma do direito divino
monarquia de caráter misto, com elementos de aristocracia e
de república.
Defende que o pior regime político possível é a tirania, e que se devem utilizar todos os meios
preventivos para que a mesma não se instale.
Acredita que quer o poder temporal, quer o poder espiritual, têm origem divina e são legítimos.
Acentuação do humanismo;
Fim do feudalismo;
“O Príncipe”: o seu objetivo era aconselhar o príncipe sobre como adquirir e conservar o poder.
Nesta obra, é utlizada pela primeira vez a palavra “Estado” como é compreendido agora:
comunidade política soberana na ordem interna e na ordem internacional.
Maquiavel, apresentou uma repartição bipartida dos regimes políticos: Monarquia e República:
o A República caracteriza-se por representar a vontade coletiva, podendo ser uma República
Aristocrática ou uma República Democrática, dependendo de estar a representar a vontade
de poucos ou de muitos;
O grande fator inovador trazido por Maquiavel, é que este não classifica nenhuma forma de
governo como sendo sã ou degenerada. Para Maquiavel, todas as formas de governo eram
legítimas, importando-se mais com a legitimidade e eficácia do poder, e não tanto com a forma de
governo.
Maquiavel demostrava a sua preferência pela República, uma vez que é a forma de governo que
mais defende a liberdade (república aristocrática – manutenção do próprio território; democrática
– expansão do mesmo). Contudo, reconhece que, em algumas situações, nomeadamente, em
situações de instabilidade e de perigo público, a melhor solução seria mesmo a Monarquia.
Viveu numa época de profunda instabilidade – fraqueza da monarquia, lutas religiosas entre
católicos e protestantes, guerra civil.
Bodin, confrontado com o cenário que se verificava em França, defendia que todo o poder do
Estado pertence ao Rei e não pode ser partilhado com mais ninguém – nem com o clero, nem com
a nobreza, nem com o povo.
Na sua obra, “Os Seis Livros da República”, Bodin começa por definir o que é a república: “é um
governo reto de várias famílias, e do que lhe é comum, com poder soberano”.
o O Estado é o governo reto – o poder político deve ser subordinado à moral, à justiça e ao
direito natural.
o O Estado é um governo que incide sobre várias famílias. Para Bodin, o elemento
fundamental da República, não é o individuo, mas sim a família.
o Bodin alerta que a República tem a ver com o governo daquilo que é comum às diferentes
famílias: é preciso que haja alguma coisa em comum e de carácter público, “pois não existe
República se não há nada de público". reconhecimento de que só o que
é público compete ao Estado
o Poder – faculdade de impor aos outros um comando a que eles ficam a dever obediência.
o Absoluto – não está sujeito a condições ou encargos postos por outrem, que não recebe
ordens ou instruções de ninguém, e que não é responsável perante nenhum outro poder.
o É una e indivisível, o que significa que não pode ser dividida por dois governantes, ou por
vários órgãos, ou por muitos. Tem de estar toda nas mãos do Rei;
o É própria e não delegada, o que significa que pertence por direito próprio ao Rei, e não
provém de eleição pelo Povo ou de nomeação pelo Papa ou pelo Imperador;
o É irrevogável, o que significa um princípio de estabilidade política, à luz do qual o povo não
tem o direito de retirar ao seu soberano o poder político;
o É suprema na ordem interna, no sentido de que representa um poder que não tem nem
pode admitir outro poder com quem tenha de partilhar a autoridade do Estado;
Bodin considera que o primeiro poder em que a soberania consiste e o mais importante de todos -
é o poder legislativo, isto é, o poder de livremente fazer leis e revogá-las.
Jean Bodin apresenta uma teoria dupla sobre a origem do poder: uma teoria contratualista quanto
às primeiras sociedades humanas, que se constituíram pacificamente em Estados, e uma teoria do
primado da violência quanto às Repúblicas formadas pela absorção de outras, devido a uma guerra.
Por fim, Bodin efetua uma classificação das formas políticas, que se desdobra em três classificações
distintas:
o Tipos de regime: critério do maior ou menor respeito pelos direitos dos súbditos;
o Formas de governo: critério dos graus de participação dos diferentes estratos sociais no
exercício do poder.
Formas de Estado:
Tipos de Regime:
Formas de Governo:
Forma Monárquica
O período de turbulência e conflito armado que antecede a morte do rei e que se lhe segue reforça
ainda mais o sentimento de horror em relação à desordem, à anarquia, à guerra civil, e a sua firme
determinação de construir uma teoria política capaz de dar uma base racional a um Estado forte.
Hobbes procura justificar, pois, o poder absolto – ainda que não necessariamente o de um rei
hereditário.
Este defende que para que existam relações pacíficas entre os homens, é fulcral a existência de um
Estado Forte, onde prevaleçam os princípios de segurança e justiça.
Efetua uma analogia este o Estado e o "Leviathan". Hobbes considera que o Estado é um monstro,
mas é o monstro que combate os outros monstros”, ainda mais perigosos do que ele. Acredita que
a pior tirania é sempre melhor do que a guerra ou a anarquia.
o O Estado de Natureza corresponde ao Estado Inicial, onde não existe um poder político
forte, o que gera um permanente estado de guerra;
o Este cenário está relacionado com o pessimismo antropológico de Hobbes, uma vez que
este acredita que o ser humano é naturalmente mau, já que é dominado pelas emoções.
o Com o objetivo de preservação da própria vida e de alcançar uma mais feliz, o Homem
decide, racionalmente, celebrar um pacto/contrato que dá origem ao Estado da Sociedade.
Ou seja, Hobbes é um contratualista.
o O Direito é uma criação do Estado, ou seja, a legitimidade do seu conteúdo não pode ser
questionada por quaisquer normas suprapositivas.
Embora o poder político do Estado fosse quase ilimitado, a verdade é que existem alguns limites – a
perspetiva de Hobbes em relação ao Estado é uma perspetiva autoritária e não totalitária.
Hobbes também adota a classificação tripartida, atendendo ao número de pessoas que detém a
soberania: monarquia, aristocracia e democracia. Contudo não acompanha as teorias de Aristóteles
quanto à distinção entre formas de governo degeneradas e sãs, e quanto à desejabilidade de um
governo misto.
2.4 – Iluminismo
O Iluminismo foi um movimento intelectual e filosófico que dominou o mundo das ideias na Europa
durante o século XVIII. Este é marcado por valores como a razão, a igualdade, a liberdade.
Do ponto de vista político, é importante destacar o desenvolvimento do liberalismo político. Foi com o
iluminismo que surgiu o despotismo esclarecido, onde se verifica a concentração de poderes, mas
entende-se que o déspota governa iluminado e esclarecido pelas luzes da razão.
Nasceu em Inglaterra, refugiando-se na Holanda durante o período absolutista de Carlos II, sendo aí
que escreveu a sua principal obra política. Regressou a Inglaterra com a Revolução gloriosa.
Religioso, protestante de confissão calvinista, Locke elabora uma obra política fundamental (“Two
treatises of Government”), da qual o segundo tratado é o mais importante, quer por ter
influenciado as Revoluções americana e francesa, quer por ter funcionado, na prática, como
verdadeira cartilha do liberalismo europeu.
Até ao século XVII, todo o governo era absoluto. Perante esta conceção "nenhum homem nasce
livre e todos os homens são desiguais". Locke defende a posição contrária: todo o governo deve ser
limitado nos seus poderes, e só existe pelo consentimento dos governados, pois todos os homens
nascem livres e iguais.
Locke apresenta uma noção de poder político: é o "direito de fazer leis, para as quais se possa
estabelecer como sanção a pena de morte, ou consequentemente quaisquer outras menos graves,
para regular e preservar a propriedade, empregar a força da sociedade na execução de tais leis e
defender a comunidade dos ataques externos, e tudo isto apenas para assegurar o bem público".
Contrariando a origem divina do poder, Locke considerava que a origem do poder repousava num
contrato (contrato social) celebrado entre os homens, e que, portanto, todo o poder dos
governantes assentava no livre consentimento dos governados.
Rejeitando um sistema de governo que concentrava todos os poderes do Estado na pessoa do Rei,
Locke veio preconizar a divisão dos poderes do Estado, e a sua distribuição por órgãos diferentes:
o Capacidade de aplicar as leis aos casos concretos, quer através da Administração pública,
quer por intermédio dos Tribunais (poder executivo);
Na conceção de Locke, o poder não é concebido de forma ilimitada, pois encontra-se sujeito aos
limites do Direito Natural e dos direitos individuais dos cidadãos. Admite também o direito de
insurreição contra a tirania.
De uma família da mais antiga nobreza francesa, Montesquieu foi jurista, magistrado e presidente
do Tribunal de Bordéus.
Em 1748, publicou o célebre “De l’ Ésprit des Lois”, a sua obra política fundamental, onde formula a
famosa teoria da separação dos poderes, e que teve a maior repercussão na Europa e na América,
contribuindo direta e decisivamente para a Revolução Americana e Francesa.
Montesquieu revela-se como um grande cultor da sociologia jurídica na medida em que decide
estudar, na perspetiva do espírito das leis as consequências das diversas formas políticas, sociais e
económicas sobre o direito – estuda as leis, não em si mesmas, mas integradas no seu ambiente
natural e social.
Montesquieu chama a atenção para as diferenças que se notam no comportamento dos homens
consoante vivem em climas frios ou quentes:
o O ar frio faz com que as fibras do corpo se aproximem, o que torna os homens mais fortes,
confiantes e dinâmicos;
o O ar quente relaxa e afasta as fibras umas das outras, o que torna os homens mais fracos,
moles e passivos.
o Quando é grande, o Estado tem de ser muito forte para evitar o fracionamento do território
e a dispersão política dos habitantes;
Para Montesquieu, o bom legislador é aquele que sabe fazer leis que anulam as más tendências que
o clima e o território provocam nos seres humanos. O mau legislador é aquele que favorece, ou
que pelo menos não contraria, por intermédio de leis adequadas, os vícios resultantes do clima e
do território.
o Governo despótico – o poder soberano pertence a um só, sem leis que o limitem.
Segundo este, a forma de governo ideal era a monarquia, mas não uma monarquia absoluta: este
defende e preconiza uma monarquia limitada. E aponta, sobretudo, três limitações importantes:
Para que o governo assegure e respeite a liberdade dos indivíduos, é necessário que poder político
esteja repartido entre diferentes órgãos do Estado.
Esta é a ideia central do princípio de separação dos poderes: que os poderes estejam separados
para que se impeçam uns aos outros de provocar abusos que prejudiquem os cidadãos.
E cada poder do Estado estão contidas duas faculdades – a de estatuir e a de impedir – cada poder
do Estado deve ter não apenas a possibilidade de tomar decisões sobre a sua esfera própria de
competência, mas também a possibilidade de travar certas decisões dos outros poderes do Estado,
de modo a que exista um sistema de controlos recíprocos que impeçam qualquer dos poderes de
assumir a totalidade do poder e, portanto, de abusar dele.
Rosseau também entendia que os homens começaram por viver em estado de natureza. Contudo,
ao contrário de Hobbes e de Locke, Rosseau considerava que o estado de natureza era o paraíso
perfeito – o homem era feliz, era livre, fazia o que queria, e a tudo lhe corria bem.
É a chamada teoria do Bom Selvagem - o homem é naturalmente bom, é puro, é são, e a sociedade
é que o corrompe. Isto acontece devido ao nascimento do sentimento de propriedade individual,
que provoca o surgimento de desigualdades, conflitos e transformação dos homens em seres
egoístas, ambiciosos e maus.
Então o homem, que é um animal racional, conclui que não pode continuar a viver assim. Em vez de
se combaterem e se destruírem, os homens decidem associar-se uns aos outros. Nasce o Estado,
através do contrato social.
Segundo Rosseau, o contrato social é o contrato que os homens celebram entre si para tentar
preservar o que for possível da sua liberdade primitiva, de modo a que ninguém tenha de suportar
um dono, nem tão pouco tenha o direito de impor a sua vontade a outrem.
A vontade geral é a vontade do corpo político, é a vontade do Estado. Esta é determinada pela
contagem dos votos, bastando a vontade da maioria e não uma unanimidade. Desde que uma
maioria se exprima, existe a garantia de que ela representa a vontade geral.
o Diz ele: a lei é o modo de expressão e revelação da vontade geral. A vontade geral vem do
soberano, isto é, do povo. Só o povo é soberano – é a ideia de soberania popular. Até aqui, a
soberania era a soberania encarnada e personificada pelo Rei; a partir de Rosseau aparece a
ideia de soberania popular.
o Mas a soberania é inalienável. Porque uma vontade não se aliena. De onde resulta que não
pode haver representação política. Isto de votar para eleger representantes que ficam
depositários da nossa vontade, diz Rosseau, não faz sentido. Uma vontade não se
representa: ou é a mesma ou é outra; ou é a minha vontade ou é a vontade de outros; não
há meio termo.
o Logo, os deputados não são representantes do povo, são apenas seus comissários. Podem
preparar uma lei, mas não podem aprová-la. Só o povo pode aprovar as leis - este, o grande
princípio da democracia direta. Os deputados eleitos pelo povo podem preparar as leis, não
as podem decidir ou aprovar.
o Só o povo o pode fazer: portanto, todas as leis têm de ser submetidas a referendo popular.
A ideia de referendo como instrumento de governo, como instrumento de democracia
direta, é mais uma ideia moderna que devemos a Rosseau.
Outra contribuição importante de Rosseau é a de ter sido ele o primeiro grande defensor, nos
tempos modernos, da República como forma de governo. Este faz um ataque violentíssimo à
Monarquia. Para ele, só é legítimo o governo que provém da vontade geral, tal como é expressa
pelo povo em eleições.
Rosseau afirma-se partidário de um sistema de governo a que hoje chamamos sistema
convencional, um sistema de governo em que o povo elege uma assembleia com os poderes
limitados pela doutrina da democracia direta e em que por sua vez essa assembleia elege uma
comissão delegada para exercer o poder executivo – mas em que o governo não é titular de um
poder próprio, de um poder autónomo, do poder executivo, antes funciona como simples delegado
do legislativo, da assembleia.
Para Rosseau, o melhor regime político era uma República democrática, baseada na soberania
popular expressa através do voto e exercida, diretamente, pelo povo, sem a mediação das
instituições representativas, com apelo frequente ao referendo popular nos moldes da democracia
direta, e sem separação dos poderes, ou seja, com um sistema de governo de assembleia, de tipo
"convencional".
2.5 – A Idade Contemporânea
Constitucionalismo Liberal
Trata-se de uma fase cuja gestação intelectual começou com os iluministas e que politicamente se inicia
com duas grandes revoluções: a Revolução Americana e a Revolução Francesa.
Por outro lado, e no plano económico-social, esta fase (século XIX e princípios do século XX) caracteriza-se
pela afirmação do liberalismo económico, pela proclamação do princípio da não intervenção do Estado na
vida económica e social, ou pela redução dessa intervenção ao mínimo indispensável.
Sieyès : O povo como elemento do Estado e a soberania nacional
Na obra, “Qu'est-ce que le tiers État?”, as principais reivindicações de Sieyès eram três:
o Que todos os representantes do terceiro estado nos Estados Gerais fossem membros oriundos
do terceiro estado;
o Que o número de representantes do terceiro estado fosse igual à soma dos representantes do
clero e da nobreza;
o Que todas as votações dos Estados Gerais fossem feitas por cabeça e não por ordens.
Sieyès foi também o primeiro na Europa a apresentar um conceito de Nação, considerando que a
Nação é que verdadeiramente detém a soberania, e que a Nação é o povo. Ou seja, a soberania
nacional é equivalente à soberania popular.
Sieyès também fornece um contributo relevante à Teoria Geral do Estado, ao fazer a análise das
funções do Estado de uma forma original. Segundo ele, as funções do Estado são quatro, chamando
a cada uma delas "vontade":
o a volonté constituante – poder constituinte;
Sieyès foi o primeiro autor que tomou consciência da distinção entre poder constituinte e poderes
constituídos. A teoria da separação dos poderes diz respeito aos poderes constituídos. Mas antes
deles e acima deles há o poder constituinte - o poder de fazer uma Constituição, ou de a modificar,
ou de a substituir – o poder originário do Povo enquanto povo soberano.
Formado em Direito, assustado pela Revolução Francesa, por não querer que tal se verificasse na
Inglaterra. É um conservador que critica a proposta de rotura e revolução, pois acredita na continuidade
e permanência dos valores. Apesar de não por em causa o liberalismo político e a separação dos
poderes, acredita num estado mínimo.
Alexis de Tocqueville : O início da ciência política moderna
Tocqueville vai chamar a atenção para aquilo a que chama "os riscos da democracia", destacando
entre eles o perigo do despotismo.
Assim, Tocqueville faz referência a um conjunto de medidas, a fim de evitar o despotismo das
massas:
o A descentralização;
o A solidariedade social;
As ideias socialistas
o A rejeição do tipo de sociedade que se verificava desde o século XIX, e a exigência de uma nova
ordem económica e social.;
o O ataque à propriedade privada, tida por principal causa de todos os males sociais;
Modalidades do socialismo
Socialismo idealista – não se confunde com o anterior, na medida em que, preconizando soluções
animadas por um ideal de generosidade e justiça social, apresenta propostas específicas que se
traduzem em modificações a introduzir em sociedades reais, concretas, ou seja, propostas
suscetíveis de aplicação prática na realidade – Saint-Simon e Sismondi.
Socialismo associacionista – caracteriza-se por ser a corrente de ideias socialistas que sustenta a
necessidade de abandonar a organização atual da sociedade apenas em dois polos – o Estado e o
indivíduo –, substituindo-lhe uma organização social assente na multiplicação de pequenas
associações autónomas, designadamente cooperativas, que funcionem no plano da economia
como corpos intermédios entre o indivíduo e o Estado – Charles Fourier e Robert Owen.
Socialismo anarquista – doutrina revolucionária que pretende abolir toda a ordem social existente,
começando pelo Estado, sendo esta abolição violenta e não pacifica como a proposta pelo
socialismo idealista e associacionista – Proudhon e Bakunine.
Socialismo marxista – Marx e Engels
Socialismo científico e revolucionário: Marx e Engels propunham uma análise científica da História da
economia e da sociologia. Defendem aquele que é considerado como socialismo revolucionário porque
propõe a abolição radical do capitalismo.
A perspetiva marxista concebe a História como uma sucessão de modos de produção (esclavagismo,
feudalismo, capitalismo), sucessão essa devida à luta de classe, o verdadeiro motor da História.
Ao analisar o modo de produção capitalista, Marx salientou que ele repousa na mais-valia. Isto é, o salário
do operário não corresponde ao valor do seu trabalho, mas apenas ao valor dos bens de que ele necessita
para sobreviver, pelo que a exploração do operário é o lucro do burguês capitalista. Desta constatação
resulta, para Marx, ser a luta de classes, mais uma vez, inevitável, sendo agora travada entre proletários e
burgueses e conduziria à eliminação do capitalismo.
A ideologia marxista teve projeção na Rússia, que após as revoluções de 1917 se transformou no primeiro
estado socialista do mundo.
Com efeito, é relevante destacar o marxismo-leninismo – desenvolvimento teórico e aplicação prática das
ideias de Marx e Engels na Rússia por Lenine. Caracterizou-se por enfatizar:
Após a morte de Lenine, quem ocupou o seu lugar foi Estaline, sendo a sua atuação marcada pela
coletivização dos campos, pela planificação económica e pelo totalitarismo repressivo do Estado.
Vias moderadas
Em alternativa, ao socialismo marxista, surgiram outras correntes que também possuíam o objetivo e
assegurar a justiça social.
• Democracia Cristã – corrente política inspirada pela doutrina social da Igreja. A democracia cristã
pretende aplicar à vida política os princípios de justiça, entreajuda e valorização da pessoa humana
que estiveram na base do cristianismo. Deste modo, embora de índole conservadora, esta ideologia
defende que a democracia não se limita à aplicação das regras do sufrágio universal e da
alternância política, mas tem por função assegurar o bem-estar dos cidadãos.
• Social-Democracia – corrente do socialismo que teve origem nas conceções defendidas por Eduard
Bernstein, na ll Internacional (1899). A social-democracia rejeita a via revolucionária proposta por
Marx, opondo-lhe a participação no jogo democrático, como forma de atingir o poder, e a
implementação de reformas socializantes, como meio de melhorar as condições de vida das classes
trabalhadoras.
Fascismo e o Nazismo
Aspetos comuns:
Nacionalismo;
O primado da ação;
Traços específicos do fascismo na Itália – o fascismo italiano desenvolveu, em especial, a teoria do regime
corporativo, ou corporativismo – forma de organização socioeconómica que defende a constituição de
corpos profissionais (corporações) de trabalhadores, patrões e serviços, que conciliam os seus interesses
de modo a promoverem a ordem, a paz e a prosperidade.