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“Mais empoderada que eu?

”: Antifeminismo e desdemocratização no Brasil atual


Resumo:
O cenário mundial atual relacionado aos direitos das mulheres e da população LGBTQI
tem sido marcado pelas inúmeras tentativas de retirada de direitos. Há uma investida
aberta contra a agenda feminista ocorrendo nos espaços institucionais e que tem sido
capaz de impor barreiras a estes segmentos, retardar e impedir a construção de direitos
em vários países, entre os quais o Brasil. Setores religiosos conservadores tem se
destacado nessa atuação, mas aliada a eles e com grande notoriedade estão as
antifeministas. Assim, esse texto busca através de levantamento bibliográfico acerca da
atuação de antifeministas na Câmara Federal brasileira, analisar a performance destas
parlamentares. A proposta do artigo é, portanto, identificar perfil, pautas, argumentos e
principais ações dessas parlamentares, a fim de contribuir com leituras sobre a
conjuntura de retirada de direitos e desdemocracia em curso no país.
Palavras-Chave: Antifeminismo; Desdemocracia; Feminismo.

Abstract: The current cenario related to the rights of women and LGBTQI population
has been marked by numerous attempts to withdraw rights. There’s an open onslaught
against the feminist agenda taking place in institutional spaces, which has been able to
impose barriers to these segments, delay and prevent the construction of rights in
several countries, including Brazil. Conservative religious sectors have stood out in this
performance, but allied to them and with great notoriety are the anti-feminists. Thus,
this text seeks, through a bibliographic survey about the performance of anti-feminists
in the Brazilian Federal Chamber, to analyze the performance of these parliamentarians.
Therefore, the purpose of the article is to identify the profile, guidelines, arguments and
main actions of these parliamentarians, in order to contribute with readings on the
conjuncture of withdrawal of rights and disdemocracy in the country.
Keywords: Anti-feminism; Disdemocracy; Feminism

Resumen: El escenario mundial actual relacionado con los derechos de las mujeres y la
población LGBTQI ha estado marcado por numerosos intentos de sustracción de
derechos. Hay una arremetida abierta contra la agenda feminista que se está
produciendo en los espacios institucionales, que ha logrado imponer barreras a estos
segmentos, retrasar e impedir la construcción de derechos en varios países, incluido el
Brasil. Sectores religiosos conservadores se han destacado en esta actuación, pero

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aliados a ellos y con gran notoriedad están los antifeministas. Así, este texto busca, a
través de un relevamiento bibliográfico sobre el desempeño de las antifeministas en la
Cámara Federal de Brasil, analizar el desempeño de estas parlamentarias. El propósito
del artículo es, por tanto, identificar el perfil, lineamientos, argumentos y principales
acciones de estos parlamentarios, con el fin de contribuir con lecturas sobre la coyuntura
de retiro de derechos y desdemocracia en curso en el país.
Palabras clave: Antifeminismo; Desdemocracia; Feminismo.

Introdução:

“Tem mulher mais empoderada no Brasil do que eu?”. Essa frase foi dita em 2019 pela
atual Ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos em uma entrevista
concedida a emissora BBC Brasil quando perguntada sobre a luta feminista. Tanto a
frase como a figura da Ministra representam a construção em curso hoje no país de um
cenário onde mulheres que são figuras públicas assumem o papel de agentes contrárias
as lutas históricas do feminismo e, evocando argumentos conservadores, disputam o
lugar de fala sobre empoderamento feminino.

Essas mulheres, parlamentares, pastoras, juízas, psicólogas etc., vêm galgando cada vez
mais espaço e através de uma atuação antifeminista contribuem para a implementação e
consolidação de pautas conservadoras e retirada de direitos da população brasileira.
Partimos nesse artigo da ideia de que o processo de contestação da agenda de igualdade
de gênero ocorre atrelada a erosão das democracias liberais (BROWN, BIROLI). A fim
de desenvolvermos esta perspectiva, estruturamos o texto em quatro sessões, onde
apresentamos uma breve retrospectiva sobre a eclosão do discurso e da organização
antifeminista no mundo, como vem se dando sua conformação no Brasil através da
análise do que consideramos como a “bancada antifeminista” no Congresso Nacional e,
por fim, a relação direta do antifeminismo com a trajetória de desdemocratização que
vem sendo implementada em diversos Estados.

Nossa investigação parte da hipótese de que a politização das mulheres como sujeitos
políticos nos anos 1990 e das agendas por elas levantas, como por exemplo,
desigualdades no mundo do trabalho, aborto, diversidade sexual, violência, relações de
poder e papéis sociais vigentes, gerou uma reação organizada aos atores políticos
coletivos protagonistas destes questionamentos: os feminismos. Portanto,
compreendemos que a agenda pautada em valores conservadores se apresenta como
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parte das reações a transformações profundas nos papéis sociais, na conjugalidade, na
sexualidade e em todas as desconstruções da ordem patriarcal propostas pelos
feminismos.

Além disso, buscamos em nossa análise relacionarmos como esta reação tem se
constituído de forma combinada e articulada com o desmonte neoliberal. Desta forma,
levantamos ao longo do texto elementos trazidos por essa agenda conservadora e de que
forma esta agenda é capaz de mobilizar parcela significativa da população em torno de
suas inseguranças, em torno da conformação social vigente. Uma Mobilização, portanto,
pautada na ideia de riscos, mas riscos associados a questão moral. Nesse sentido, de
moralização dos riscos, de uma agenda moral e conservadora à serviço do desmonte
neoliberal e de derrocada de democracias liberais, o papel das antifeministas é
estratégico e de suma importância.

Desse modo, exploramos nesse artigo o discurso, a articulação e a atuação das


antifeministas no Congresso Nacional. Para tal, realizamos uma pesquisa qualitativa que
contou com uma revisão bibliográfica e teórica envolvendo conceitos como:
neoconservadorismo, desdemocracia e antifeminismo. A pesquisa também levantou
dados e analisou materiais disponíveis em páginas oficiais do Congresso Nacional e das
parlamentares analisadas em nosso estudo. Nosso intuito é contribuir com investigações
acerca da agenda moral e conservadora em curso, seu papel na corrosão das
democracias liberais e na retirada de direitos das mulheres e da população LGBTQI.

“Ideologia de gênero” - uma agenda antifeminista no mundo

Conforme anunciamos anteriormente, as democracias liberais em diversas partes do


mundo contaram com um processo de politização da categoria gênero ao longo da
década de 1990. Os diferentes feminismos fortaleciam-se nesse período, dando
visibilidade aos questionamentos em relação a ordem vigente, a inúmeras desigualdades
presentes entre homens e mulheres em diferentes esferas da vida, as denúncias e
exigências sobre o fim da violência de gênero. Esse foi o contexto também de realização
das Conferências temáticas organizadas pelos organismos multilaterais, entre elas a
Conferência Mundial das Mulheres em Pequim (1995).

Considerado por muitas teóricas e pesquisadoras como a 3º onda feminista, esse período
foi marcado tanto pela pluralidade de feminismos, como pelo avanço da
institucionalização dos debates acerca das desigualdades de gênero. Isso significou a

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incorporação de algumas pautas históricas das mulheres pelo Estado, do
reconhecimento de direitos via judicial e da abertura de canais institucionais para o
desenvolvimento de políticas públicas de gênero. Essa ascensão dos feminismos se deu
conjuntamente com uma hegemonia da ideologia neoliberal em todo o mundo.

Nesse sentido, vale destacarmos o paradoxo do avanço da luta feminista com um


cenário de enxugamento do Estado e retirada de direitos. Além disso, esse processo de
apropriação das discussões de gênero contou com a participação notária das agências de
fomento multilaterais e organismos internacionais. A agenda neoliberal, neste momento,
combinava um ultra liberalismo econômico com um liberalismo no campo moral
também. O empoderamento feminino foi estimulado por estes órgãos e a participação
ativa de um maior número de mulheres na vida pública era vista com bons olhos pelo
mercado, pois essas mulheres representavam uma mão-de-obra qualificada, mas ainda
mais barata que a mão-de-obra masculina.

No Brasil, por exemplo, em 2014, em termos percentuais, o salário das mulheres


representava 74% do salário dos homens. Portanto, a diferença salarial era de 26%
(PNAD,2014). Um estudo da confederação global Oxfam (2019) aponta que, entre 2016
e 2017, tanto homens quanto mulheres tiveram incrementos nas médias gerais de
rendimento. Mas o aumento para o gênero masculino foi maior que o dobro do feminino
(5,2% contra 2,2%). Além disso, as mulheres são maioria entre a mão-de-obra
especializada no Brasil, mas como as empresas focam em redução de custo no curto-
prazo, elas têm mais dificuldade no mercado de trabalho por conta da licença
maternidade. Cumpre mencionar também a múltipla jornada das mulheres, responsáveis
pela reprodução e o cuidado, que se configuram como trabalhos invisíveis e não
remunerados.

Contudo, é fundamental dizermos que todo esse quadro nunca foi inscrito em linha reta,
sem idas e vindas, e muitas disputas. Se de fato o neoliberalismo se apropriou de pautas
feministas, pois identificou benefícios, novas formas de lucrar e de transformar lutas
históricas em mercadoria, também é verdade que os feminismos trouxeram avanços para
a vida das mulheres, ressignificaram relações, desestabilizaram sistemas, questionaram
o ideal democrático que exclui das mesmas oportunidades metade da população e ainda
denunciaram o que neoliberalismo e a retirada de direitos sociais representaria para a
vida da maioria das mulheres. Um processo de acúmulo de força fundamental para a

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luta feminista, para o crescimento dos movimentos e organizações de mulheres em todo
o mundo.

Ainda sobre o cenário apontado é importante mencionarmos que este também foi o
momento de fortalecimento do feminismo negro. A luta histórica das mulheres negras
ganhava mais visibilidade e espaço junto a organizações feministas, assim como o
reconhecimento das especificidades das pautas das mulheres negras. Os debates de
gênero nos anos 1990 também foi marcado pela luta dos movimentos LGBTQIs por
uma resposta comunitária e governamental à Aids. Diversos grupos passaram a
coordenar projetos de prevenção de combate à Aids, os quais contribuíram para que
alguns se organizassem no formato de organização não-governamental (ONG).

Portanto, a entrada das pautas dos movimentos LGBTQIs nas políticas públicas se
atrelava, nesse momento, a política de combate às DSTs e Aids, mas não se limitou a
tal. Surgiram também setoriais de partidos, movimentos sociais, núcleos de pesquisa e
com eles um novo momento em que uma das características principais era a
diferenciação de vários sujeitos políticos internos ao movimento: lésbicas, gays,
bissexuais, travestis e transexuais, com foco em demandas específicas de cada um
desses coletivos.

Essa breve apresentação sobre a conjuntura dos debates e políticas de gênero nos anos
1990 nos ajudam a compreender o acúmulo de forças e de capitais, político, econômico,
social, que movimentos e organizações pró-igualdade de gênero adquiriram nessa
época. E também nos permite identificar que o começo dos anos 2000 foi marcado,
portanto, por uma agenda transnacional pró-igualdade de gênero. Avançava em todo o
mundo a produção de políticas públicas, a institucionalização dos debates de gênero, a
pressão por mudanças no campo jurídico, a visibilidade da luta das mulheres e
LGBTQI.

Mais uma vez chamamos atenção para o fato de que estes avanços e maior visibilidade
sempre se deram envoltos em muitas disputas. Nesse sentido, Biroli et al(2020)
apontam a ideia de que a ampliação dos debates sobre igualdade de gênero gerou uma
politização reativa da reprodução e da sexualidade. Ou seja, os questionamentos à
ordem, especialmente relacionados as questões do cuidado e reprodução da vida,
fundamentais para a permanência de estrutura social vigente, que foram trazidos com as

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discussões de gênero geraram reações de diversos campos em vistas a manutenção do
status quo.

Desta forma, a criação da suposta “ideologia de gênero”, de uma agenda antigênero e


antifeminista passou a se difundir. Desde então vem se mostrando como uma estratégia
política eficaz e como um recurso imprescindível para incidir sobre processos políticos
em diversos Estados. Biroli et al (2020) também analisam em seus estudos que esta
reação antigênero possibilitou a existência do que eles denominaram como “cola
simbólica”, que viabilizaria, segundo eles, a atuação conjunta de atores cujos interesses
são originalmente distintos.

Essa perspectiva, de “cola simbólica”, nos ajuda a compreender alianças entre


segmentos católicos e evangélicos conservadores com profissionais dos mais diversos
campos, como direito, ciências, política e psicologia. Além disso, ao revisitarmos
episódios e eventos que se deram em diferentes partes do mundo envolvendo essa
agenda antigênero conseguimos identificar a politização reativa mencionada pelos
autores. Foi o caso da Polônia, por exemplo, que em 2012 contou com uma série de
protestos contra gênero e em 2015 assegurou a vitória da direita com o apoio dos
movimentos antigênero. Na França, quase no mesmo período, em 2013, a legalização do
casamento igualitário gerou uma grande organização antigênero, a “La Manif pour
Tours” e o avanço da extrema direita no país.

O mesmo ocorreu em quase todos os países da América Latina. No Brasil, a cruzada


antigênero ganhou enorme visibilidade e foi determinante no cenário político do país
desde 2014, quando se discutiu o Plano Nacional de Educação. Em 2016 foi a vez da
Colômbia e do México, com as “Marchas de la familia” e no mesmo ano no Peru e na
Argentina a campanha de massa “ConMisHijosNoTeMetas”. Todos estes episódios
citados possuem em comum uma cruzada antigênero, com destaque especial na
educação e propagação da suposta “ideologia de gênero”. A expressão se tornou carro
chefe da cruzada e traz consigo a ideia de que feministas radicais, ativistas LGBTIQIs,
marxistas, professores, militantes da esquerda, dentre outros, estariam promovendo a
destruição da noção de família, incentivando o “homossexualismo” e depreciando a fé
cristã.

Assim, difundia-se a ideia de que o conceito de gênero seria uma estratégia de educar as
crianças para a construção de uma “sexualidade versátil” e para a desintegração da

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família. Mas, apesar de ganhar notoriedade nos anos 2000, esta expressão vinha sendo
desenhada décadas antes. Nesse sentido, consideramos interessante revisitarmos a
origem e a construção desta que se tornou peça central no cenário político mundial -
“Ideologia de gênero”.

Nessa perspectiva, ao falarmos de um primeiro marco relacionado a criação da


expressão “Ideologia de gênero” é preciso destacar o documento final da Conferência
Episcopal Peruana realizada em 1995, que diz:

Está claro, portanto, que a meta dos promotores da ‘perspectiva do


gênero’, fortemente presente em Pequim, é o de atingir uma sociedade
sem classes de sexo. Para isso, propõem desconstruir a linguagem, as
relações familiares, a reprodução, a sexualidade, a educação, a religião,
a cultura, entre outras coisas (CONFERÊNCIA EPISCOPAL
PERUANA, 1998 apud COELHO; SANTOS, 2016, p.19).

A esse respeito, Coelho e Santos (2016) identificaram em sua pesquisa que diversos
documentos da Igreja Católica apresentados após a Conferência Mundial sobre a
Mulher em Pequim (1995) confirmavam esta perspectiva de gênero representando um
ataque à existência da família. Além disso, referiam-se ao termo como uma investida
contra a moral cristã e chamavam a atenção para a importância da luta contra a
homossexualidade conforme exposto no trecho do Catecismo da Igreja Católica:
Apoiando-se na Sagrada Escritura, que os apresenta como depravações
graves, a tradição sempre declarou que ‘os atos de homossexualidade
são intrinsecamente desordenados’. São contrários à lei natural. Fecham
o ato sexual ao dom da vida. Não procedem de uma complementaridade
afetiva e sexual verdadeira. Em caso algum podem ser aprovados
(CIC – 2357 apud COELHO; SANTOS, 2016, p.24).

Outro marco determinante para a difusão da expressão foi a publicação da obra da


jornalista católica americana Dale O'Leary, em 1997, “The Gender Agenda: Redefining
Equality”. As ideias da jornalista sobre o “feminismo de gênero” e suas vinculações
com o marxismo ganharam espaço e adeptos entre sacerdotes, teólogos/as da América
Latina e Europa e foram incorporadas em documentos da hierarquia da Igreja Católica
nos anos seguintes (MACHADO, 2017).

A obra de O'Leary e os argumentos contidos nelas acerca do “perigo” que gênero


representa para existência das famílias, a ideia de incentivo a homossexualidade, o fim
da noção de masculino e feminino e tudo isso associado a movimentos sociais,
identitários e partidos políticos de esquerda, representa até os dias de hoje um arsenal

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retórico e político que embasa as principais estratégias discursivas adotadas pelos
movimentos antigênero.

A sequência desta publicação, em sintonia com as formulações da cúpula da Igreja


Católica, envolveu diferentes versões e traduções da sua obra, como de novos artigos da
jornalista, que seguem sendo bastante citados e parafraseados pelos movimentos
antigênero. Segundo Dall’Orto (2016), toda a produção de O'Leary foi essencial na
formulação da trama “ideologia de gênero” e da difusão massiva de diversos estigmas e
visões negativas sobre os feminismos. Além disso, o autor aponta o ataque aos
feminismos como sendo inicialmente o alvo principal de O'Leary, mas que em seguida a
homossexualidade e à transexualidade passaram a ganhar ênfase e centralidade.

Outro ator importante nesse processo de construção de uma agenda antigênero foi
Michel Schooyans. Sacerdote e ex-professor universitário de teologia e filosofia política
ligado à Opus Dei, ele ganhou notoriedade neste cenário ao acusar os organismos
internacionais de estarem à deriva do interesse de “minorias subversivas” promotoras de
uma cultura anti-família, do “colonialismo sexual” e da “ideologia da morte”.

Suas análises sustentavam a ideia da existência de uma conspiração mundial da


“ideologia de gênero” por parte das “feministas radicais” e seus aliados. Uma de suas
principais obras, onde ele denúncia a “ideologia do gênero”, “Évangile face au désordre
mondial” (1997), contou com prefácio do à época cardeal Ratzinger, que atacou de
forma veemente à “ideologia do “Women’s empowerment”. A publicação conta com
um capítulo inteiro dedicado a explicação sobre uma suposta “a coligação ideológica do
‘gênero’” com o socialismo, o malthusianismo, o eugenismo e o liberalismo.

Ao pesquisar o discurso de Schooyans, Junqueira (2018) identifica que o sacerdote


reverbera em seus textos formulações de O’Leary e que expande alguns dos elementos
por ela trazidos ao falar em coligação, em participação dos organismos multilaterais,
como em “La face cachée de l’ONU”. Schooyans também foi importante no ativismo
contra o aborto, além de ter contribuindo alinhavando argumentos e artifícios retóricos
que se somaram ao repertório do discurso antigênero.

Vimos, portanto, que ao longo da década de 1990, a agenda antigênero, ancorada na


difusão da expressão “ideologia de gênero” foi sendo desenhada em resposta às
demandas dos movimentos sociais e de avanços no campo de direitos para as mulheres e
LGBTQIs. Essa politização reativa, como defendem Biroli et al (2020), tem como base

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de sustentação a “defesa da família” como elemento que deve ser tratado no campo do
direito e da política institucional. Segundo os autores, o primeiro é um espaço
privilegiado para o reenquadramento dos próprios direitos, renaturalizando a moralidade
cristã como fundamento de lei. Enquanto a política institucional se mostra paradoxal, já
que foi via canais democráticos que atores conservadores, especialmente os religiosos,
ampliaram sua participação, influência em governos e constituíram alianças
antipluralista.

Essa última, sobretudo, tem sido a nosso ver um dos pontos determinantes para o
sucesso e o crescimento vertiginoso de movimentos antigênero. Ou seja, a formação de
coalizações e alianças que reúnem perfis diversos de instituições e agentes, com
objetivos distintos, em torno de uma agenda contra políticas públicas de gênero é peça
chave para o avanço conservador e concomitantemente para a derrocada das
democracias liberais. Nesse sentido, Biroli et al (2020) argumentam que a forma atual
do conservadorismo latino-americano está relacionada a uma temporalidade marcada
pelos avanços dos movimentos feministas e LGBTQI e expressa coalizões políticas de
grupos cristãos com setores não religiosos da direita.

Assim, a perspectiva apresentada e com a qual temos acordo é de que embora reúna
atores com perfis ideológicos e interesses materiais variados, a direita quem vem
assumindo a máquina estatal em diferentes países tem como ponto comum ignorar as
políticas de direitos humanos e direitos nos campos da sexualidade e da reprodução.
Uma direita apoiada, quase sempre, por estes movimentos antigênero e que incorpora
uma agenda conservadora no campo moral em seu projeto de governo.

Agenda esta, que a despeito de manter o eixo central na defesa da família e no


enfrentamento a “ideologia de gênero”, vem sofrendo ajustes e adaptações aos contextos
locais e incorporando novos pontos como estratégicos para restringir as agendas da
igualdade de gênero, como o combate à chamada “cultura da morte”, e a juridificação
da agenda de gênero, ou seja, o crescente uso de instrumentos e normas legais para
resolver os conflitos sociais e políticos. Outra estratégia fundamental tem sido a
mobilização de mulheres em torno desta agenda e de um discurso anti-feminista.

Segmentos evangélicos e católicos, por exemplo, vêm adotando a estratégia de abrir


espaço para as mulheres cristãs na reação política às conquistas dos movimentos
feministas e pela diversidade sexual. Tem crescido o número de pastoras, missionárias,

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ativistas cristãs atuando nos espaços públicos e na institucionalidade política. A
iniciativa de segmentos cristãos vem mobilizando mulheres de diferentes grupos
confessionais em torno de uma atuação anti-feminista. Algumas destas mulheres
desenvolveram a habilidade oratória e a capacidade de liderança em eventos religiosos.
Contudo, é possível identificar que uma parcela considerável destas mulheres cristãs
que entram na cruzada contra o gênero e no antifeminismo o fazem por acreditarem que
estão lutando pela preservação de suas famílias e de seus filhos.

Mas o antifeminismo não vem sendo protagonizado apenas pelas mulheres cristãs que
atendem ao chamado dos religiosos e que atuam para defender suas famílias. Ele vem
crescendo entre mulheres de diferentes perfis sócio-econômico-culturais e de trajetórias
de vidas distintas. Há em curso hoje o que acreditamos ser um ativismo feminino
neoconservador e para compreende-lo é preciso analisa-lo a luz da conjuntura neoliberal
experimentada pelos Estados. Com isso, apontamos para a ideia de que após anos de
violência acentuada, presença forte de políticas de austeridade e de aprofundamento das
desigualdades sociais trazidos com o neoliberalismo, gerou insegurança popular e medo.
Sentimentos que foram habilidosamente redirecionados para o campo moral, para uma
percepção de ameaça a família.

Isso quer dizer que a insegurança trazida pela ausência do Estado, pela incerteza de
condições objetivas e materiais da vida das pessoas, que o medo da violência, da morte,
fome, do desemprego, foram substituídos pela ideia de que tudo isso estaria vinculado a
uma ameaça maior – o fim da família. A construção do pânico moral em torno desta
ideia foi extremamente bem sucedida em grande parte do mundo e no Brasil de forma
ainda mais expressiva, atraindo, inclusive, diversas mulheres. Desta forma, defendemos
a hipótese de que esse cenário vem sendo marcado por um movimento de
retroalimentação, onde o pânico moral envolvendo gênero proporciona o crescimento
do antifeminismo, assim como este é determinante para garantir a agenda antigênero em
curso.

Democracia brasileira? Antifeminismo, conservadorismo e política

Uma das primeiras iniciativas de parlamentares contra o emprego das terminologias


gênero e orientação sexual nas políticas públicas foi identificada nos idos de 2003,
quando um deputado de São Paulo, Elimar Máximo Damasceno (PRONA), propôs uma
alteração a um Projeto que previa a criação do Programa de Orientação Sexual, de
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Prevenção das Doenças Sexualmente Transmissíveis e do Uso de Drogas. A alteração
solicitada pelo deputado visava suprimir as expressões gênero e orientação sexual do
PL. Segundo a justificativa apresentada pelo deputado

‘Gênero e orientação sexual’ são neologismos para consagrar o


homossexualismo contrário às tradições da sociedade brasileira. A
pessoa homossexual merece o mesmo espeito dispensado a todo ser
humano, já o homossexualismo, ou a sua apologia não podem ter o
respaldo do Estado (BRASIL, 2003)

Desde então, assistimos inúmeros episódios orquestrados tanto de construção em torno


do pânico moral acionado pela dita “ideologia de gênero”, quanto de ataques, vetos e
interdições a qualquer projeto, programa ou política pública pró igualdade de gênero.
Interessa-nos, particularmente, nesse artigo nos debruçarmos sobre agentes que
passaram a ser fundamentais nessa cruzada antigênero no país, as chamadas
antifeministas.

Nesse sentido, entendemos ser interessante, em um primeiro momento, identificarmos a


heterogeneidade destas mulheres que se reivindicam antifeministas. Há uma parte
significativa destas mulheres que são oriundas do campo religioso, especialmente
católicas e evangélicas. Dentre essas, prevalece o perfil de mulheres jovens, com
instrução superior, que atuam em Organizações Não Governamentais ligadas as suas
igrejas ou integram movimentos como Pró-vida e Pró-família. Em geral, podemos dizer
que estas mulheres contestam as formulações sobre as relações de gênero, usando seu
lugar de fala enquanto mulheres para fortalecerem seus argumentos, e associam as
feministas com a “cultura da morte”.

Nos diversos eventos contrários à política pró-igualdade de gênero realizados na


Câmara Federal nos últimos anos foi recorrente a participação de católicas e evangélicas
nas mesas principais e como palestrantes. Em 2014, por exemplo, com a justificativa de
comemorar o dia da Família, ocorreu o seminário intitulado Gênero, Aborto e Sociedade
que contou com padres, representantes evangélicos e também com Fernanda Takitani
(Professora de história da Universidade Estadual de Londrina e militante pró-vida),
Isabela Montavoni (Especialista em Bioética e Saúde Coletiva e militante pró-vida) e
Andrea Medrado (professora de língua portuguesa, ativista católica e liderança nacional
do movimento pró-vida) na mesa principal.

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Utilizamos esse episódio para exemplificarmos o caráter destes eventos, para
destacarmos também o espaço conferido às mulheres nas mesas principais destes
eventos e o perfil destas mulheres - nível superior, especialistas e lideres religiosas. No
seminário citado, como nos demais que ocorrem na Câmara Federal, a temática da
defesa da vida e a interpretação naturalista dos gêneros masculino e feminino foram
apresentadas sempre de forma a questionar as perspectivas teóricas feministas e a
associa-las ao pensamento marxista e a ideia de destruição da família.

Outra frente importante de atuação das antifeministas com vinculo cristão tem sido as
redes sociais, onde buscam reforçar a percepção tradicional do feminino e do masculino.
Nesse contexto, por exemplo, que se deu a campanha # Bela, recatada e do lar, em que
lideranças cristãs femininas postaram na internet suas fotos realizando serviços
domésticos e enaltecendo a esfera privada e o lugar do cuidado como natural e
intrínseco às mulheres.

Nesse aspecto, cabe destacar o crescimento considerável das denominações


neopentecostais em todo o mundo. No Brasil, esse crescimento incluiu em grande
medida a participação feminina, tendo a busca por novas formas religiosas de expressão
ocorrido predominante entre as mulheres. Isso porque, de acordo com Souza (2012) o
neopentecostalismo serve aos interesses práticos das mulheres. Ele promete a resolução
de problemas familiares, econômicos ou afetivos. Ainda segundo o autor, a religião
pentecostal não se ocupa somente de indivíduos, mas deles enquanto membros de
famílias, ela tematiza o “mundo da vida” de uma determinada classe de pessoas, ela
articula a posição especifica no espaço social.

Essa presença massiva de mulheres nestas igrejas pode ser relacionada, segundo Biroli
et al (2020), a um contexto de políticas de austeridade e cortes nos gastos sociais que
fomentam a vulnerabilidade, o ressentimento e o medo em largos estratos das
populações. Ou seja, um terreno fértil permeado por insegurança e da ausência de
direitos. Isso significa, que embora a liderança evangélica continue sendo
majoritariamente do sexo masculino, são as mulheres que frequentam em massa os
templos, que são responsáveis pela propagação dos valores religiosos para as novas
gerações e que vêm sendo mobilizadas para o ativismo contra a “ideologia de gênero”.

Nesse quadro de ativismo das mulheres cristãs antifeministas é fundamental


ressaltarmos a atuação das evangélicas no campo político. A participação das

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evangélicas antifeminista vem, portanto, cumprindo um papel primordial nessa cruzada.
Isso ocorre quando se elegem como parlamentares, o que em muitos casos está
relacionado ao aumento de capital político de famílias que lideram igrejas. Ou seja,
filhas e/ou esposas de pastores são estimuladas a entrar nas disputas eleitorais, mesmo
sem uma trajetória em movimentos sociais ou algum espaço de liderança. O intuito é o
de que uma vez eleitas, essas mulheres possam seguir o modelo de atuação parlamentar
e a agenda das lideranças masculinas. E quando eleitas, estas mulheres também tem se
tornado um importante exponente na luta antigênero.

É notório o crescimento vertiginoso dessas representantes, das mais diversas


denominações, no Congresso Nacional. Atualmente, segundo levantamento da DIAP
(2018) a representação feminina na bancada de 84 deputados evangélicos é de 19
parlamentares. No Senado, a bancada evangélica atual conta com 7 representantes na
legislatura (2019-2023) e apenas uma mulher, Eliziane Gama (CIDADANIA-MA) da
Assembleia de Deus. É essencial dizermos que há uma enorme diversidade ideológica e
política dentre estas parlamentares, o que implica em posições absolutamente distintas
em relação as temáticas de gênero. Isso significa que nem todas as parlamentares com
filiação evangélica integram a coalização conservadora. Contudo, é possível afirmar que
uma maioria expressiva atua na cruzada antigênero.

Além dessa atuação enquanto parlamentares, essas cristãs antifeministas galgaram


outros espaços de liderança institucional e política no país. Foi o caso de Sara Winter,
fundadora da célula brasileira do grupo extremista Femen, mas que após inúmeras
polêmicas e denúncias, passou a participar em 2015 do "grupo Pró-Mulher" e começou
a militar contra as pautas que outrora defendia e defendendo posições políticas ligadas
ao conservadorismo e uma identidade cristã. Ela foi candidata a deputada federal pelo
Democratas do Rio de Janeiro nas eleições de 2018, mas não foi eleita. Entretanto, foi
convidada a compor o novo Ministério recém criado, Ministério da Mulher, da Família
e dos DH, como Coordenadora Geral de Atenção Integral à Gestante e à Maternidade do
Departamento de Promoção da Dignidade da Mulher. Sua passagem pelo Ministério foi
rápida e seu destaque se deu a posteriori, quando liderando o grupo de 300 do Brasil,
postou fotos com armas nas redes sociais, realizou manifestações com elementos
simbólicos de movimentos da extrema direita estadunidenses e ucranianos, ameaçou
ministros do Supremo e acabou detida pela Polícia Federal.

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Mas a controversa figura de Sara Winter e seu ativismo não surgiam de forma isolada
neste cenário. Há um contexto e uma agenda conservadora, moralista e antifeminista
que passa a ser implementada oficialmente com a eleição de Jair Bolsonaro. Faz parte
desta nova agenda a extinção da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres em
2019 e a criação do já mencionado Ministério da Mulher, da Família e dos Direito
Humanos. O novo ministério, que adota a família como dimensão central das políticas a
serem desenvolvidas, passou a contar com a advogada católica Ângela Vidal Gandra da
Silva Martins, filha de Ives Gandra1, na função de secretária nacional da família e com
Damares Alves como ministra.

Advogada e pastora, inicialmente da Igreja Quadrangular e depois da Igreja Batista da


Lagoinha, Damares atuou na assessoria jurídica de vários políticos no Congresso
Nacional, bem como na Frente Parlamentar Evangélica. Também foi secretária-geral do
Movimento Nacional Brasil sem Aborto. Uma trajetória que a constitui como uma das
principais articuladoras da agenda antifeminista no país. Como ministra, sua gestão,
para além da ênfase na família e da contestação da concepção de gênero como
construção social, vem sendo marcada por encontros com lideranças evangélicas,
controvérsias públicas em razão da percepção acerca dos modelos de masculinidade e
feminilidade e o debate sobre abstinência sexual como principal método de prevenção à
gravidez na adolescência.

Sua atuação no Ministério vem repercutindo em todos os movimentos conservadores da


América Latina. Ao mesmo tempo em que é tratada como chacota por diversos setores
no Brasil, ela se torna uma referência no continente da luta antifeminista. Damares foi
escolhida, por exemplo, para falar na abertura do Congresso Iberoamericano por la
Vida y la Família, em 2020, no Peru. O espaço dado pelo atual governo ao Ministério
de Damares e sua repercussão internacional nos remetem a ideia de que a agenda
antigenero se difunde, entre outras coisas, devido a circulação de líderes religiosos
através de redes transnacionais “pró-vida” e “pró-família”, também por meio da
organização de eventos internacionais em defesa de valores cristãos e com as novas
tecnologias de comunicação.

1
Jurista, advogado e professor emérito da Faculdade de Direito da Universidade Mackenzie. Foi um dos
primeiros brasileiros a terem ingressado no Opus Dei, do qual é membro supernumerário. Autor da obra
coletiva intitulada “Ideologia de Gênero”.

14
Estes elementos, a nossa ver, ajudam a identificarmos o papel desta agenda antigênero
no cenário político atual brasileiro. Isso implica em removermos a ideia de gênero e/ou
das propostas e programas do governo nesta área como sendo “cortina de fumaça”.
Compreendemos que esta agenda como espinha dorsal do processo de
desdemocratização em curso, onde lideranças femininas são estratégicas na efetivação
da agenda conservadora. A participação destas mulheres é fundamental seja assumindo
publicamente o discurso antigênero, seja no trabalho de base das igrejas e mais
recentemente através de uma atuação mais orquestrada no parlamento brasileiro.

“Bancada antifeminista”
Obviamente, não pretendemos no limitado espaço deste artigo apresentar todas as
principais mulheres à capitanear a difusão do discurso antifeminista no Brasil atual.
Desta forma, adotamos como recorte para nossa análise os considerados quadros
antifeministas da base do bolsonarismo2. Isso significa que identificamos o
bolsonarismo como a principal frente hoje de formulação e de representação política do
processo de desdemocracia, no qual o conservadorismo e o combate ao gênero são
peças chave. E, entendemos como parte deste processo, lideranças femininas no
Congresso Nacional, que compartilham de uma agenda ideológica de sustentação do
governo de Jair Bolsonaro, que inclui a cruzada antigênero e a defesa de valores
neoconservadores.

Desta forma, nosso recorte nos direciona para as parlamentares federais eleitas pelo
Partido Social Liberal – PSL, a saber: Alê Silva, Aline Sleutjes, Bia Kicis, Carla
Zambeli, Caroline de Toni, Chris Tonietto, Dra. Soraya Manato, Joice Hasselmann,
Major Fabiana e Professora Dayane Pimentel. Fundamental dizermos que o atual
presidente Jair Bolsonaro foi eleito pelo PSL, tendo rompido com o mesmo em 2019.
Contudo, a despeito de inúmeras crises e disputas, o partido continua sendo base do
atual governo, assim como tem entre suas lideranças um dos filhos de Bolsonaro. Além
disso, diversos quadros do bolsonarismo permanecem vinculados ao PSL, como é o
caso da “bancada antifeminista”.

O PSL integra o bloco que apoia o governo com: PL, PP, PSD, REPUBLICANOS,
PTB, PROS, PODE, PSC, AVANTE, PATRIOTA, totalizando 242 deputados e
deputadas. As 10 deputadas que compõem o que estamos chamando de “bancada
antifeminista” correspondem a 5,3 % da bancada, que conta com outros 43 deputados.
2
Conjunto de princípios e práticas políticas associadas ao presidente Jair Bolsonaro, eleito em 2018.

15
Mesmo com essa baixa representação numérica, tanto no bloco governista como na
bancada do PSL, estas mulheres vem cumprindo um papel estratégico e fundamental
para a sustentação do que se convencionou chamar de agenda ou pauta ideológica do
governo. Assim, consideramos relevante traçarmos um breve perfil destas
parlamentares, para assim compreendermos melhor a relação destas com o
antifeminismo e como elas se tornaram peças importantes para a engrenagem do
bolsonarismo.

A primeira deputada de quem iremos vamos falar é Alessandra da Silva ou Alê Silva, de
acordo com seu nome na urna. Advogada de 46 anos, casada, oriunda de Petrópolis-RJ,
ela foi eleita pelo estado de Minas Gerais com 48.043 votos, sendo a 51º em quantidade
de votos e a quinta mais votada em seu estado, com 162.740 votos. Em suas redes
sociais, onde conta com cerca de 173,755 mil seguidores, ela sempre se apresenta como
Bolsonarista e como: “Uma Mulher Guerreira, Vencedora, Patriota, Conservadora, que
não tem medo de desafios e busca o melhor para o Brasil! O encontro da ordem com o
progresso para Minas Gerais!”.

A história de vida cheia de dificuldades, e superacoes inegavelmente, ao que tudo


indica, ao inves de criar uma conciencia crítica acabou fortalecendo um ideial
meritocrático. Ainda observando as redes sociais da deputada podemos notar que sua
atuacao é muito voltada para Minas Gerais e fundamentalmente o Vale do Aco que a
elegeu. Fortissimo apoio ao presidente Bolsonaro endossando todas as falas e atacando
as mesmas pessoas atacadas por ele além de uma presenca massiva de postagens sobre
corrupcao .

Se apresenta como um “cristã que valoriza o trabalho, os bons costumes e a família”.


Diz ainda ter participado ativamente dos movimentos pró-impeachment de Dilma e
apoiado a greve dos caminhoneiros. Tendo como foco na pauta anti corrupção, a
questão da seguranca pública e a defesa da família, conta que integrou movimentos de
combate à corrupção, apoiou a greve dos caminhoneiros e participou de protestos de rua
como as manifestacoes de 2013. Afirma em seus materiais institucionais

“Eu já tive algumas fases na minha vida, e uma delas era não gostar de política.
Porém, com o advento da internet, comecei a avaliar alguns perfis políticos de
direita, conservadores e me identifiquei com eles. Na verdade, descobri que
não gostava é de politicagem e de politiqueiros e me reconheci como uma
ativista política”.

16
Há grandes chances de a parlamentar não permanecer no partido após a abertura
da janela eleitoral. Mesmo se identificando com a agenda bolsonarista e defendendo o
presidente, em 2019 Alessandra denunciou seu colega de partido e então ministro do
turismo Marcelo Álvaro Antônio por comandar um esquema de candidaturas de
laranjas. Segundo os indícios reunidos pela própria deputada, que é perita contábil, nas
eleicoes de 2018 quatro mulheres teriam se candidatado de forma ficticia para receber
os recursos do fundo e repassa-los para outros candidatos, incluindo o próprio Marcelo
Alvaro Antonio que acabou sendo eleito o deputado mais votado de Minas Gerais.
Segundo a denúncia do Ministério Público Eleitoral mais de R$ 260 mil teriam sido
desviados através do esquema. Tendo como uma de suas principais pautas o combate a
corrupção, sendo defensora da lava-jato, Alê disse que não poderia se omitir com um
caso acontecendo próximo a ela. A deputada relatou também que não recebeu apoio dos
colegas de partido nem do presidente. Sobre o caso relatou ao Congresso em Foco

“Não fico frustrada porque nunca pedi a queda do ministro. Para mim, se ele
fica no cargo ou não, não muda nada. Na minha opinião pessoal, Bolsonaro
deve ter uma dívida de gratidão com o Marcelo, porque ele o carregou no dia
da facada. Acredito nisso”3

Em abril Alê fez novas denúncias contra Marcelo Álvaro. Neste segundo
momento acusou o deputado de estar ameaçando-a de morte. Novamente não encontrou
apoio no partido, mas relatou não ter medo por não acreditar que seu colega tivesse
coragem de cumprir as ameaças. Apoio ela só recebeu de Janaína Pascoal (PSL-SP) que
cobrou de Bolsonaro que Marcelo fosse ao menos afastado do cargo de ministro. Seu
desgaste dentro do partido obviamente foi enorme e só não deixou o partido por medo
de perder o mandato por infidelidade partidária.

Segundo Alê, ela lidou com a situação da forma como lidou por está acostumada
a enfrentar adversidades. Segundo a deputada conta ela nasceu em uma família muito
pobre e viveu em situação de rua em Petrópolis chegando a passar fome até ser adotada
aos 7 anos por uma família de agricultores de origem alemã do interior de Santa
Catarina. Tendo que trabalhar como agricultora junto com os pais, precisou abandonar a
escola no 4o ano do ensino fundamental só tendo voltado a estudar aos 16 anos quando
cursou supletivo enquanto trabalhava em diversas funções tais como empregada
doméstica, operadora de caixa, projetista e secretária. Ela também conta que com 21

3
https://congressoemfoco.uol.com.br/especial/noticias/ale-silva-quem-e-a-deputada-do-psl-que-
denunciou-o-ministro-do-turismo/

17
anos resolveu ir a minas visitar uma tia e acabou decidindo ficar para cursar direito em
uma faculdade particular local. Tendo trabalhado como advogada desde então.

Aline Sleutjes

A segunda deputada é Aline Sleutjes. Nascida em 1979 em Castro-PR. Ao se


candidatar declarou que era branca, solteira e que exercia a ocupacao de Agente
administrativo. Foi eleita para o cargo de deputada federal pelo PSL-PR com 33.628
(0,59% dos válidos). Sendo a 30a deputada em numero de votos no estado, ou seja, a
ultima com votos suficientes para se eleger. Enquanto Gleisi Hoffmann presidente do
PT foi a 3A mais votada com 212.513 (3,71% dos válidos). Tem curso superior tendo
cursado educação física pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) e uma
pós-graduação em Gestão Escolar pelo Centro Universitário Barão de Mauá. Em sua
vida profissional flutuou entre a atuacao como coordenadora e diretora de escolas
particulares da cidade de Castro no interior do Paraná e cargos comissionados tanto na
prefeitura de castro como na assembleia legislativa do Paraná. Aline diz ser contra o
foro privilegiado, contra o direito ao abortamento, e é defensora do Escola Sem Partido
e contraria a discussão de gênero na Educação. É coatutora do PL 5.594/2020, que
torna a educação atividade essencial em todo o território nacional e obriga as escolas a
manterem suas atividades durante a pandemia.

Mãe, professora. Deputada federal pelo Paraná, a 1ª de Castro, a 1ª mulher eleita dos
Campos Gerais. Base do Governo. - Sou extremamente dedicada, lutadora, crítica e
honesta. Luto pelos meus ideais, sonho com uma sociedade mais justa e feliz. Através
de muito esforço, comprometimento e trabalho desejo alcançar meus objetivos.

Bia Kicis

Beatriz Kicis Torrents De Sordi, mais conhecida como Bia Kicis. Nascida em
1961 em Resende-RJ, tem curso superior. É formada em Direito pela Universidade
Federal Fluminense. Ao se candidatar declarou que era branca, divorciada e que exercia
a ocupacao de advogada. Foi eleita deputada federal pelo Distrito Federal com 86.415
(6,00% dos válidos). Foi a terceira deputada federal mais votada no Distrito Federal,
ficando atrás apenas de Erika Kokay (PT) e Flávia Arruda (PL). Interessante notar que

18
foram 3 mulheres as mais votadas e também que o PSL não elegeu nenhum deputado no
DF. A própria Bia Kicis não se candidatou pelo PSL e sim pelo PRP. Entretanto desde a
posse foi apontada como um dos principais nomes do governo na camara e chegando a
ser a vice-lider do governo na camara. Posicao que perdeu após votar contra a
constitucionalizacao do Fundeb em agosto4 mas que de forma nenhuma chegou a
significar um rompimento com o Bolsonarismo como tanto ela quanto o presidente
fizeram questão de deixar bem claro. Noticias já circlaram sobre seu papel fundamental
em tornar Bolsonaro um candidato presidenciavel viável para as elites. Teria sido ela a
pessoa a fazer a conexao entre Bolsonaro e Paulo Guedes. E também seria ela, hoje,
umas das principais articulistas do devir-partido Alianca pelo Brasil, para o qual
migrariam todos os parlamentares atuais do PSL mais fieis ao Bolsonarismo.

Kicis foi procuradora federal por 24 anos e hoje está aposentada do cargo.
Liderava o movimento Revoltados online a lado de Alexandre Frota (PSDB/SP, ex-
PSL) e Marcelo Reis. Vale a pena destacar que Marcelo reis é ex marido de Carla
Zambeli que participava de outro movimento que disputava a lideranca dos protestos
com o seu, o Vem pra Rua. Bia teve papel de destaque nos movimentos pelo golpe de
2016. É cunhada de Miguel Nagib, criador e até bem pouco tempo também coordenador
oficial do movimento Escola Sem Partido. O Escola Sem Partido e o combate à
chamada Ideologia de Gênero aliás, são dois pontos principais da sua paula. No seu
primeiro dia de mandato protocolou um novo projeto de censura à educacao, batizado
de Escola Sem Partido 2.0 (PL n. 246/2019). O Projeto, apresentado junto com suas
colegas _____ diferentemente do anterior PL n. 867/2015, proibia explicitamente a
discussao de gênero nas escolas e a participacao politica dos estudantes além de incluir
a permissao para que alunos gravem as aulas dos seus professores mesmo sem a
autorizacao dos mesmos.

Kicis se declara defensora da família tradicional e dos valores conservadores. E está


sempre envolvida em uma série de polêmicas. Em junto de 2019, após Bolsonaro
defender o trabalho infantil, Bia foi defende-lo em suas redes sociais dando depoimento
da sua propria experiencia. Segundo a deputada ela fazia brigadeiros para vender na
escola e assim pagar suas aulas de tenis e que isso a fazia se sentir criativa e produtiva.
Muito diferente de como se sentem as criancas brasileiras sujeitas ao trabalho infantil

4
https://entendendobolsonaro.blogosfera.uol.com.br/2020/08/13/o-que-une-
bolsonaristas-que-rejeitaram-o-fundeb-e-o-escola-sem-partido/?cmpid=copiaecola
19
que muitas vezes estes trabalhos os impedem justamente de frequentar a escola e sao
perigosos ou insalubres.

Porém essa não foi a primeira vez que a deputada falava contra o direito das
criancas e adolescentes. Em 2016, Kicis, junto com seus então colegas de Revoltados
online, Marcelo Reis e Alexandre Frota, foram o primeiro grupo a ser recebido pelo
ministro da Educacao Mendonca Filho, então recem empossado logo após o Golpe. O
conteudo da visita nunca foi oficialmente divulgado mas especula-se que foram cobrar a
adesão oficial do novo governo empossado com a ajuda deles à pauta do Escola Sem
Partido. Desconfianca que fica maior uma vez que, algumas horas após o encontro com
o ministro, Kicis e Reis fazem nova live, então com Miguel Nagib para falar do Escola
Sem Partido na qual afirmam que o direito dos pais sobre a educacao dos seus filhos
está sendo usurpado e citam a lei da palmada, Menino Bernardo, como uma prova dessa
usurpacao. E completam com o Bordão “Meu filho, minhas regras”. Poderiamos até
pensar que talvez ambos desconhecessem o conteudo da lei ou o contexto da sua
criacao, a lei foi criada para combater os maus tratos contra criancas após o menino
Bernardo ter sido espancado até a morte pelo pai. Poderíamos. Não fosse o fato de tanto
Kicis quanto Nagib serem advogados, ela procuradora Federal e ele procurador do
estado de São Paulo atuando em Brasilia.

Mae de dois filhos e mestre Reiki - Procuradora do DF por 24 anos, ativista e


atualmente Dep. Federal - Bia Kicis é deputada federal, gosta de denominar-se uma
Parlamentar que saiu dos gramados do Congresso para dentro dele, ex Procuradora do
Distrito Federal , luta por uma sociedade livre, solidária e desenvolvida com base em
valores cristãos

Carla Zambelli

Carla Zambelli Salgado, ou apenas Carla Zambelli, é nascida em 1974 em


Ribeirao Preto – SP e tem curso superior. Ao se candidatar declarou que era branca,
solteira e que exercia a ocupacao de gerente. Foi eleita para o cargo de deputada federal
20
pelo PSL-SP com 76.306 (0,36% dos válidos). Sendo a _____em quantidade de votos.
Seu estado Civil mudou desde então, em fevereiro de 2020 Zambelli se casou em um
templo maconico com o coronel Aginaldo de Oliveira, diretor da Força Nacional de
Segurança, tendo como padrinhos de casamento o então ministro da educacao, Abraham
Weintraub, e o então ministro da justica, Sérgio Moro, e suas esposas. Também
compareceu ao casamento a então quase secretaria da cultura Regina Duarte e os
colegas de PSL que tentam criar o Alianca pelo Brasil como Major Vitor Hugo (PSL-
GO), Coronel Armando (PSL-SC) e Bia Kicis (PSL-DF). O casamento tomou as redes
por seu ar de comicio político, houve discursos destacando as qualidades de lider
política de Zambelli, entrada da Bandeira ao som do Hino Nacional e até a noiva e o
noivo fazendo flexões de braco, mais um dos estranhos simbolos do Bolsonarismo. Por
fim, vale destacar que a cerimonia foi celebrada por um padre da igreja Arautos do
Evangélio, que coleciona uma série de denuncias de tortura e abuso sexual5.

Carla Zambelli se descreve nas redes sociais como “conservadora, cristã, mãe e
patriota”. É de Ribeirão Preto (SP).

eleita a melhor Deputada de 2019 pelo voto popular, gerente de projetos, escritora,
conservadora, mãe de João, esposa do Cel Aginaldo Carla Zambelli é natural de
Ribeirão Preto, sua profissão é gerente de projetos e fundou o movimento NasRuas, que
iniciou suas atividades em Julho de 2011.

Foi a idealizadora dos 4 Congressos Contra Corrupção que discutiram propostas que
atacam o cerne da corrupção em nosso país.

Foi eleita a melhor Deputada de 2019, Gerente de Projetos, conservadora, casada e mãe

Caroline de Toni
5
https://revistaforum.com.br/politica/zambelli-casou-em-igreja-investigada-por-
assedio-tortura-e-estupro/

21
Caroline Rodrigues de Toni, ou apenas Caroline de Toni, é nascida em 1986 em
Chapecó-SC e tem curso superior. Declarou que era branca, solteira e que exercia a
ocupacao de advogada. Foi eleita para o cargo de deputada federal pelo PSL-SC com
109.363 votos (3,08% dos válidos). Sendo a 4a deputada mais votada e a mulher mais
votada do estado. Sendo presidente do Movimento Brasil Livre (MBL) em Chapecó,
dois anos antes de se eleger deputada federal, Toni já havia tentado se eleger vereadora
de Chapecó (SC), pelo PP, sem ter tido sucesso. Tono também é vice-presidente
estadual do PSL. Segundo seu Twitter, a parlamentar é uma “Defensora das liberdades
individuais e do conservadorismo.”. Caroline é defensora do projeto Escola Sem
Partido e foi .

Frente parlamentar em defesa da vida e da família

Twitter

Deus, Patria, Família e liberdade

Deputada Federal por SC, defensora do conservadorismo e do liberalismo econômico e


mulher eleita mais votada de SC na última eleição, com 109.363 votos.

Chris Tonietto

Nascida em 1991 no Rio de janeiro, tem curso superior. É formada em Direito pela
Universidade Federal Fluminense. Declarou que era parda, solteira e que exercia a
ocupacao de advogada. Foi eleita com 38.525 votos. Sendo a 37a dentre os candidatos
que conseguiram votos pra se eleger. O Estado elegeu varias deputadas federais Sendo a

22
mais votada a deputada Flordelis (PSD), a 5a em numero de votos, passando pela
deputada Táliria (PSOL), a 9a mais votada, pela deputada Major Fabiana 21a em
numero de votos, sua colega de partido, e por Benedita da Silva 33a em numero de
votos, dentre outras.

faz parte da Frente Parlamentar Mista Católica Apostólica Romana e é


reconhecida pela sua militância em defesa da família tradicional e contra o aborto
10 . Também em 2019, a advogada propôs projeto de lei que pretendia terminar
com a possibilidade de aborto em caso de estupro

Frente parlamentar em defesa da vida e da família

https://revistaforum.com.br/mulher/deputada-federal-do-psl-pede-fim-do-aborto-legal-e-
seguro-para-mulheres-que-foram-estupradas/

católica

https://www.diariodocentrodomundo.com.br/a-quem-serve-a-deputada-catolica-
fundamentalista-que-quer-o-fim-do-aborto-para-mulheres-estupradas-por-kiko-
nogueira/

deputada Chris Tonietto (PSL/RJ), advogada cujo trabalho de conclusão de curso sobre
a redução da maioridade penal também abordou a "falência do sistema educacional
brasileiro". Recentemente, Tonietto propôs um PL para impedir que mulheres grávidas
em decorrência de estupro pudessem interromper a gestação. Segundo a deputada, não
sendo possível "desestuprar uma mulher", também não seria justo matar um feto, pois a
vida da vítima teria sido poupada pelo estuprador.... - Veja mais em
https://entendendobolsonaro.blogosfera.uol.com.br/2020/08/13/o-que-une-
bolsonaristas-que-rejeitaram-o-fundeb-e-o-escola-sem-partido/?cmpid=copiaecola

Em novembro de 2020, a deputada Chris Tonietto (PSL/RJ), uma das mais reacionárias
da Congresso Nacional e uma das sete que votaram contra a constitucionalização do
Fundeb, atuou através da FPM pela Juventude, em articulação com as frentes Católica e
Evangélica, pela retirada de pauta no STF da ADI 5.668, ajuizada pelo PSOL para
reconhecer o dever constitucional das escolas públicas e particulares de prevenir e coibir
o bullying homofóbico, bem como respeitar a identidade de crianças e adolescentes
LGBT no ambiente escolar, dando cumprimento ao artigo 214 da Constituição Federal.

23
Tonietto não participou da votação de 17 de dezembro de 2020 por estar em licença
maternidade. Não fosse por isso, ela certamente faria parte da lista de aloprados do
Fundeb. Assim como Junio Amaral (PSL/MG), que chegou a votar contra o texto do PL
4.372, mas não participou da votação do destaque que ocorreu na sequência.

https://twitter.com/ToniettoChris/status/1213493088456511488/photo/1

Combater o bom combate. E guardar a fé. - Católica, advogada, pró-vida e pró-família.


Viva Cristo Rei - Católica, casada, advogada, eleita para o cargo de Deputada Federal
pelo PSL/RJ, defensora da vida, da família e dos valores fundantes da sociedade
brasileira

Dra Soraya Manato

Soraya de Souza Mannato, ou Dra Soraya Manato como consta nas urnas, é nascida em
1961 em Linhares - ES e tem curso superior. Declarou que era branca, casada e que
exercia a ocupacao de médica. Foi eleita para o cargo de deputada federal pelo PSL-ES
com 57.741 (2,99% dos válidos), sendo a 6a deputada mais votada no estado. Foi a
única eleita pelo PSL para a Câmara Federal no Espírito Santo.

Ela é esposa de Carlos Manato (PSL), candidato derrotado para o Governo do Estado e
que havia sido eleito deputado federal por quatro mandatos seguidos. A médica é
especialista em ginecologia e obstetrícia.

Pela vida, pela família

EMENDAS –

Página da Deputada Federal Dra. Soraya Manato

24
Joice Hasselmann

Joice Cristina Hasselmann, ou apenas Joice Hasselmann, é nascida em 1978 em


Ponta Grossa – PR e tem curso superior. Declarou que era branca, casada e que exercia
a ocupacao de Jornalista e Redator. Foi eleita para o cargo de deputada federal pelo
PSL-SP com 1.078.666 (5,11% dos válidos) sendo a segunda deputada federal mais
votada do Estado, ficando atras apenas de Eduardo Bolsonaro, que se elegeu com
765.069 votos a mais que a colega.

Candidata a prefeita em sp

Joice Hasselmann é paranaense de Ponta Grossa e tem 40 anos. Ela iniciou a graduação
em jornalismo pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), mas se formou em
outra instituição. Trabalhou na rádios CBN e Band News, Rede Massa (emissora do
SBT no Paraná) e RIC TV (emissora da Record no mesmo estado), e no site da revista
Veja. Seu último trabalho foi no programa “Os pingos nos Is”, na Jovem Pan, até
fevereiro deste ano. Atualmente, mantém um programa no YouTube chamado “Canal
da Joice”, com mais de 540 mil seguidores.

Jornalista, Joice e começou a carreira no Paraná. A jornalista se envolveu em diversas


polêmicas e começou a ganhar notabilidade quando passou a apoiar o impeachment da
ex-presidente Dilma Rousseff (PT). Ela se filiou ao partido de Jair Bolsonaro para
concorrer a uma vaga na Câmara. Foi a segunda candidata mais votada no estado.

Deputada Federal eleita por São Paulo

Jornalista, escritora e biógrafa de Sérgio Moro

25
Major Fabiana

Fabiana Silva de Souza, ou Major Fabiana de acordo com seu nome nas urnas, é nascida
em 1980 no Rio de Janeiro e tem curso superior. Declarou que era branca, divorciada e
que exercia a ocupacao de Policial Militar. Foi eleita para o cargo de deputada federal
pelo PSL-SP com 57.611 (0,75% dos válidos).

Outra representante da Polícia Civil do Rio de Janeiro a disputar vagas nessas eleições
de 2018, a major Fabiana se apresenta como mãe de três filhos, moradora do subúrbio
do Rio. Ela está há 20 anos no serviço ativo da corporação. Foi eleita com duas
propostas dedicadas às polícias: licitação federal para a aquisição de veículos
tecnicamente projetados para as polícias e previsão de acautelamento, por policiais, de
armas destinadas às corporações, com transferência de na inatividade.

Foco no militarismo

Deputada Federal eleita pelo Rio de Janeiro (PSL)

Professora Dayane Pimentel

Dayane Jamille Carneiro dos Santos Pimentel, ou Prof. Dayane Pimentel de acordo com
seu nome nas urnas é nascida em 1986 em Feira de Santana - BA e tem curso superior.
Declarou que era branca, casada e que exercia a ocupacao de professora de Ensino
Superior. Foi eleita para o cargo de deputada federal pelo PSL-BA com 136.742 (1,99%
dos válidos). Foi a 4a deputada mais votada, mulher mais votada e a unica candidata do
PSL eleita.

Dayane Pimentel é presidente do PSL na Bahia e presidente nacional do PSL Mulher.


Foi a candidata do PSL eleita deputada federal na Bahia.

26
Tentou ser prefeita de feira de Santana #EndireitaFeira

Agindo cristo, quem impedira - Deus é fiel - Mãe, Esposa, Professora e Deputada
Federal mais votada da Bahia.

AQUI POR FIM FAZER A ANALISE DOS DADOS DAS FRENTES E DOS
VOTOS

Além das deputadas do PSL há outras 3 mulheres que acreditamos que não
podem não ser mencionadas se tratamos da relacao antifeminismo-Bolsonarismo. São
elas a Ministra da família, das mulheres e dos Direitos Humanos Damares Alves,
_______ Sara Winter e a deputada Estadual Ana Caroline Capagnolo

Ana Caroline Campagnolo

Neste domingo, 28 de outubro de 2018, logo após a notícia da eleição de Jair Bolsonaro
(PSL) à Presidência da República, começou a circular nas redes a imagem postada pela
deputada estadual recém-eleita por Santa Catarina Ana Caroline Campagnolo (PSL), em
uma rede social, pedindo que alunos enviassem ao seu WhatsApp denúncias contra
professores que comentassem negativamente a eleição de seu colega de partido.

A professora de História da educação básica, que se tornou conhecida após ter movido
(e perdido) um processo judicial contra sua ex-orientadora de mestrado, se tornou uma
das principais militantes em defesa do ESP e foi convidada para difamar a conduta de
seus colegas em inúmeras palestras e audiências públicas. Mesmo já tendo lecionando
com a camiseta de seu candidato, Jair Bolsonaro, como denunciou um de seus ex-
alunos, logo após a divulgação do resultado da eleição, forneceu seu celular para que
alunos denunciassem seus professores “doutrinadores”.

27
De que modo a erosão das democracias, que vem sendo definida como um processo de
desdemocratização , se conecta com as reações neoconservadoras à igualdade de gênero
e à diversidade sexual?
De um lado, a agenda de direitos é referenciada pelo pluralismo ético; de outro, a defesa
da família e de uma ordem sexual com base nos valores cristãos é fundada em
concepções morais unitárias.
A maioria dos diagnósticos dessas tendências não inclui o fato de que as reações contra
o gênero são uma característica comum dos processos de erosão das democracias.
Estão em risco os fundamentos da agenda da igualdade de gênero, em conjunto com os
fundamentos da democracia e dos Estado de direito.
Desde o início dos anos 2000, as noções de desdemocratização, erosão dos regimes
democráticos por dentro e pós-democracia passaram a fazer parte do diagnóstico da
crise das democracias.
Abordagens feministas destacaram o fato de que a política não poderia ser isolada das
desigualdades sociais, antecipando as críticas à despolitização da vida pública
Existem diferenças significativas nas críticas às democracias liberais.
2019 relatório anual da Freedom House (Freedom in the World) / “democracia em
retrocesso” mostrou o 13º ano consecutivo de declínio global nos indicadores de
procedimentos democráticos.
Índice de democracia da revista The Economista em 2006 vem mostrando uma queda
no critério liberdade civis.
Procedimentos formais de eleição e composição de governos são mantidos, podendo
inclusive legitimar medidas autoritárias assumidas posteriormente por aqueles que
foram eleitos
Cruzada contra o gênero foi o prelúdio do autoritarismo e continua sendo sua aliada
Estudos de gênero forma proibidos em universidades húngaras em 2018
Clico de protestos de rua contra a “ideologia de gênero” na América Latina começou em
2016
https://www.diretodaciencia.com/2019/11/16/pro-reitores-de-pesquisa-e-pos-graduacao-
repudiam-dossie-sobre-capes-e-cnpq/
Disputa:
· Lobbies feministas e LGBTQI – ameaçam crianças e a “família”, impondo leis e
políticas públicas
· Elites globais – lideram um processo de neocolonização contra tradições e
valores nacionais. Open Society foundation e ONU
· As crianças são o alvo principal- precisam ser protegidas
· Movimentos de minorias – representam uma ameaça para as maiorias, agindo
contra a “verdadeira democracia”

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Aliança entre IC e setores da direita e da extrema direita partidária tem sido decisiva
Papa Francisco em documento de 2016 – colonização ideológica
Carta dos bispos da IC sobre a colaboração de homens e mulheres na Igreja e no mundo
(2004) afirma que homens e mulheres têm naturezas diferentes e devem trabalhar
juntos.
A imagem do feminismo como inimigo também é importante para compreendermos
como se constrói a ideia de que os direitos das mulheres e de pessoas LGBTQI são
providos por uma minoria que estaria distanciada das tradições nacionais e dos
interesses do povo

Identificação religiosa como uma motivação importante para a atuação política.


A desarticulação da democracia cristã como projeto institucional não implica, no
entanto, que a Igreja tenha deixado de ter fortes vínculos e influência sobre o sistema
partidário.
A estratégia atual do campo católico não é a formação de partidos religiosos, mas o
chamado para que políticos atuem com base em suas crenças, com uma inserção
transversal em diferentes partidos, uma “interseção direta”.
Documentos da IC afirmam que o político deve defender um sistema de moral natural e
universal e está chamado a discordar de uma concepção do pluralismo na chave do
relativismo moral.
Enquanto o campo religiosos se transformou, ao longo, do século XX, devido ao
crescimento das igrejas evangélicas, em particular as pentecostais, essa transformação
impactou o sistema partidário, uma vez que essas igrejas decidiram participar dos
debates públicos e da sociedade política.
Chile (2015) criado o partido Evangélicos em Acción.
Se intensificaram também espaços transnacionais em que políticos compartilham
experiências e estratégias. Ex: Congresso Hemisférico de Parlamentarios

Neoconservadorismo – normas e valores cristãos difundidos pelas Igrejas e mídias


sociais;
Disputas morais como parte do processo de desdemocratização;
Reação a processos de socialização das crianças: políticas que abarquem direitos no que
tange a identidade de gênero;
Família: mais do que estratégia retórica, fronteiras da autoridade familiar e estatal em
jogo, recusa a construção coletiva nos projetos sociais, hierarquias no interior das
famílias e controle sobre as crianças e corpos;
Supostas maiorias morais: está em jogo o sentido da democracia;

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Gênero como inimigo da democracia;
Feminismo radical: desloca as identidades “naturais”, não aceitam a natureza
Cardeal Peru – ninguém precisa de famílias democráticas
Como se aciona a ideologia de gênero contra leis e políticas
Rancière recupera,
com maestria, a indisposição que a democracia
provoca naqueles que, independentemente do
tempo e do lugar de nascimento, consideramse titulares do poder de outorgar vida e
morte ao
restante dos mortais.
NEOCONSERVADORISMO
Formulado inicialmente nos EUA, na segunda metade do século XX, para descrever as
reações de intelectuais conservadores dos anos 1970 aos movimentos de contracultura
A partir de então lança luz sobre os tipos de coalizões políticas estabelecidas entre
diferentes atores – religiosos e não religiosos – visando manter a ordem patriarcal e o
sistema capitalista.
Aproximação entre conservadorismo cristão e individualismo liberal, entre
antipluralismo e neoliberalismo.
O termo tem limitações, mas permite caracterizar o fenômeno em sua emergência no
momento político atual, ressaltando as coalizões diversas que os sustentam em um
contexto específico.
Aliança entre neoliberais e conservadores, que engendra o neoconservadorismo, é que
eles convergem em uma narrativa da crise que tem como lócus a família.
Cinco dimensões que permitem identificar algumas matrizes das ações contemporâneas
do conservadorismo religioso e que, com suas especificidades, envolvem atores
católicos e evangélicos.
1. Conceito de neoconservadorismo permite lançar luz sobre as alianças e
afinidades entre diferentes setores.
Aliança conjuntural entre atores católicos e evangélicos tradicionalistas, impelida pelo
forte crescimento dos pentecostais em vários países, defende a família heterossexual, a
vida desde a concepção e a moralidade cristã. Opera unificando esses atores no debate e
na ação política, como se não houvesse disputas morais dentro do catolicismo e do
pentecostalismo, assim como entre ambos
Baseia-se na rejeição comum ao aborto e à homossexualidade
Católicos defendem que a vida humana desde a concepção. Homossexuais devem ser
acolhidos, desde que o casamento seja exclusivamente para heteros
O tema da homossexualidade parece mobilizar mais os atores neoconservadores
evangélicos

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Apesar das diferenças doutrinárias, das formas de organização, esses atores
compartilham a agenda antigênero.

2. Acentuada juridificação da moralidade


Religiosos conservadores levaram as preocupações sobre a regulamentação moral da
sexualidade para o campo do direito
Para o catolicismo, a sobreposição entre moral religiosa e leis seculares é um
componente central de sua posição naturalista.
Igreja ativou um discurso baseado em uma moral sexual universal, que reflete a defesa
da família natural e da sexualidade vinculadas à reprodução.
Na Argentina NGS “pró-vida” intervêm com estilo próprio em processos judiciais e
debates parlamentares por meio de uma interpretação dos DH que nega direitos sexuais
e reprodutivos
Apropriação do discurso dos DH
Pentecostais tem usado a gramática dos DH para defender a liberdade de crença

3. Opera em contextos democráticos


Justamente no período em que se deu o processo de liberalização dos regimes políticos
na região, nos anos 1980, que novos atores coletivos puderam tomar parte da cena
pública, com o retorno ao pluralismo partidário e à liberdade de expressão e debate após
longos períodos de regimes ditatoriais em vários países da região
Não foram apenas setores progressistas, no entanto, que recorreram a novas estratégias
de intervenção pública. Atores conservadores também o fizeram.
Proliferação de organizações da sociedade civil, partidos políticos confessionais e
mesmo funcionários públicos que, orientados por princípios religiosos, buscam impactar
o Estado e suas leis.
Hipótese de que os atores conservadores são também partícipes nos processos recentes
de transformação das democracias.
1. Caráter transnacional
Continuidade nas campanhas e nos argumentos que circulam na região
Agenda comum, que transcende a ´órbita nacional
“ideologia de gênero” como uma estratégia transnacional para bloquear demandas dos
movimentos feministas e LGBTQI
Congresso Iberoamericano por la Vida y la Família

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Foco principal é OEA, mas nesses eventos são discutidas também estratégias para
avançar o bloqueio à agenda da igualdade de gênero e da diversidade sexual nos países
da região;
Organização Political Network for Valeus / red política por los valores – políticos dos
EUA, Espanha, Hungria, México e com conselho consultivo com diferentes países da
américa latina e da Africa.
Eventos para oferecer respota à ofensiva do relativismo cultural em especial a
“ideologia de gênero” e o antinatalino no globo. Reafirmar os princípios da dignidade
humana, o direito à vida, o papel imprescindível da família e do matrimônio, além do
fortalecimento das liberdade de religião, consciência e de educação, segundo valores
cristãos.
Capitol Ministries – ministérios em 6 países da AL: México, Honduras, Paraguais,
Costa Rica, Uruguai e Brasil. Apoio financeiro e logístico do vice presidente Mike
Pence e do secretário de Estado do governo Trump. Mike Pompeo. Objetivo de recrutar
políticos profissionais e pastores de outras nações
Bolsonaro recebeu o apoio de Michele Bachmann e do pastor estadunidense Mario
Bramnick. Ambos participaram da iniciativa da casa Branca para a Fé e a Oportunidade
(ICBFO), grupo de assessores cristãos nomeados por trump
Nicolás Márquez e Agustin Laje –argentinos e principais difusores da agenda
antigênero na AL. Seus argumentos tem caráter laico e são apresentados na linguagem
da ciência e dos direitos

2. Relação entre neoconservadorismo e neoliberalismo


Convergem ao posicionar a família no centro de sua concepção mais ampla de
sociedade
Política de reconhecimento hiper-reacionária andaria hoje de mãos dadas com o
neoliberalismo
dinâmica acelerada de retirada de direitos e da aposta no moralismo compensatório
como forma de canalizar politicamente frustrações e de desviar a atenção do desmonte
em curso.
onvergência entre as ações dos neoliberais pela desregulação dos direitos sociais e
trabalhistas e as ações dos reacionários “morais”.
momento em que o neoliberalismo se torna antiliberal e confronta mesmo agendas
mínimas de direitos humanos e sociais.

No Brasil papel de Ives Gandra Martins – católico conservador e membro da Opus Dei.
Jurista que compilou uma publicação sobre “ideologia de gênero” no ano de 2016
juntamente com Paulo de Barros Carvalho e escreveu uma apresentação à edição em
português do livro de Jorge Scala.

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Santa Sé outorgou em 2002 o reconhecimento canônico à União Internacional de
Juristas Católicos, que agrupa associações já existentes de distintos países. Tem como
finalidade contribuir para a manutenção ou a recuperação dos princípios cristãos na
filosofia e na ciência do direito, na atividade legislativa, judicial e administrativa.
Federação Interamericana de Juristas Cristãos (2001)
Associação Nacional de Juristas Evangélicos (Anajure) – 2012
Advogados e juristas confessionais têm conseguido amalgamar o tecnicismo que
envolve o campo jurídico e suas crenças religiosas como parte de sua atuação
profissional. São atores centrais no processo de restauração moral por meio do direito.
Além de defender a vida e família, o neoconservadorismo na America Latina apela para
a defesa da liberdade religiosa e de consciência como forma de se contrapor à vigência
dos direitos sexuais e reprodutivos.
O avanço no reconhecimento dos direitos sexuais e reprodutivos é visto como uma
ameaça a essas liberdades ou mesmo como sua violação
A liberdade religiosa e de consciência é mobilizada não apenas para ampliar os direitos
individuais dos crentes, mas também como estratégia legal para reduzir a legitimidade e
a legalidade dos direitos vinculados à sexualidade e à reprodução.
Uma das Estratégias legais utilizadas é a redefinição de liberdade religiosa. Tendência
na região a garantir liberdade religiosa por meio de expansão de privilégios da IC às
demais tradições religiosas.

Parte 4: Conclusão

O que temos diante de nós neste início de século XXI, de modo peculiar no Brasil e em
outros países latino-americanos, são reações que procuram revitalizar as resiliências,
retomar o controle e a regulação sobre as mulheres, sobre seu corpo e limitar
subjetividades em transformação.

A gente conclui discutindo a importância dessas antifeminsitas na política para


legitimação das pautas neoliberais e conservadoras.

Falar das acoes dessas mulheres no campo da educacao

Não por acaso, o campo da Educação está entre os que recebem atenção prioritária
desses movimentos11, e parece ser onde eles têm encontrado mais facilidade para
obstruir propostas inclusivas, antidiscriminatórias, voltadas a valorizar a laicidade, o

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pluralismo, a promover o reconhecimento da diferença e a garantir o caráter público e
cidadão da formação escolar. Tais propostas são denunciadas como “ameaça à liberdade
de expressão, crença e consciência” das famílias, cujos valores morais e religiosos
seriam inconciliáveis com as normativas sobre direitos humanos, impostas por governos
e organismos internacionais. Escolas e docentes sintonizados com a “ideologia de
gênero” visariam usurpar dos pais12 o protagonismo na educação moral e sexual de
crianças e adolescentes para instilar-lhes a propaganda gender13 e doutriná-los
conforme crenças e valores de um sistema de “pensamento único”, hermético,
deliberadamente ambíguo, sedutor, enganoso, danoso e manipulador da natureza
humana. Assim, a defesa da primazia da família na educação moral dos filhos se faz
acompanhar de ataques aos currículos e à liberdade docente, em nome do “direito a uma
escola não ideológica” ou a uma “escola sem gênero” (Selmi, 2015). Um slogan em
torno do qual podem se agregar vários setores, com diferentes propósitos, inclusive
simpatizantes de concepções antipolítica (JUNQUEIRA)

Neoconservadorismo se volta contra um arco amplo de políticas para igualdade de


gênero e contra a própria ideia de participação igualitária das mulheres na sociedade.
É possível que seja do cruzamento entre diferentes feminismos que tenha se produzido
uma forma de expressão pública na qual a clivagem de gênero é fundamental e a defesa
da democracia se conecta à defesa da igualdade de gênero, ainda que isso se dê de
maneiras variadas
A construção do feminismo como ameaça a toda a sociedade, pelos neoconservadores,
indica que sua reação não é apenas aos avanços já codificados no âmbito legal e
político-institucional, mas também aos feminismos, assim como aos movimentos
LGBTQI, enquanto atores políticos. Seu potencial é visto como risco de perda de poder
por aqueles cujas posições são resguardadas pelo status quo patriarcal
Outra razão para situar a perspectiva neoconservadora não apenas como liberal, mas
como antidemocrática, é que ela colaboraria para o que foi definido como a
“cristalização das paixões coletivas em torno das questões que não pode ser manejadas
pelo processo democrático”
Entendimento de que os feminismos são atores na redefinição dos significados das
relações entre mulheres e homens, justamente porque atuaram para transformar as
desigualdades de gênero em problemas políticos a serem combatidos pelos regimes
democráticos-liberais.
Gênero foi politizado no sentido de desnaturalizar as restrições à cidadania, à liberdade
e à autonomia de cerca de metade da população. Essa politização construiu o
pluralismo democrático que surge a partir do fim da 2 Guerra.

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religioso, fenômeno que se desenvolve em uma temporalidade marcada pelo avanço dos
direitos reprodutivos e sexuais, mas também pelas mudanças na correlação de forças no
campo religioso
Nova configuração do conservadorismo, em que atores e grupos reagem a
transformações societárias e lançam mão de alianças políticas com segmentos não
religiosos para garantir a hegemonia moral em sociedades distintas

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