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O Primeiro Grande Debate das Relações Internacionais

Resumo
O Primeiro Grande Debate das RI se deu entre as correntes teóricas do Idealismo e
Realismo. Antes de ver o debate propriamente dito, vou resumir um pouco cada uma das
duas correntes teóricas.
Idealismo (o antecessor do institucionalismo liberal) (pós 1ª guerra)
 Corrente que ganhou força no início do século XX, no contexto de surgimento
das Relações Internacionais como uma disciplina acadêmica.
 O idealismo como corrente teórica nasce para se contrapor ao realismo, à fim de
provar que os problemas do mundo não se resolviam com guerras ou conflitos,
mas sim, com um ordenamento jurídico e por meio da integração entre os
países, seja por meio do comércio, direito, diplomacia, ou outros meios. O foco é
a construção de um mundo mais pacífico através da cooperação.
 O cerne do idealismo é a crença na razão humana, isto é, pressupor que os seres
humanos tomarão suas atitudes com base na razão. Por isso, falavam da
necessidade de se haver uma disciplina acadêmica que estudasse a política
internacional. A fim de se resolver problemas sem envolver guerra.
 Principais pensadores:
 Norman Angel: autor que fundamentou o institucionalismo liberal;
criador da teoria da interdependência entre os Estados como forma de
tornar a guerra obsoleta; acredita na tese de que o Estado deve prover
apenas o bem-estar, e não a segurança, como prevê os realistas.
 Woodrow Wilson: ex-presidente estadunidense que acreditava nos
Estados Unidos como “consciência do mundo” e “nação predestinada”;
confecção dos 14 pontos para a paz; criação da Liga das Nações
(associação geral de nações com garantias mútuas e segurança coletiva).
 “A grande ilusão”: a segurança de uma nação no campo comercial depende da
aptidão para se defender de outros países (MENTIRA, para os idealistas).

Realismo (pós 2ª guerra) = dá forma às Relações Internacionais como objeto de estudo.


 Morgenthau (funcionário estadunidense e autor que deu consistência ao
realismo)
 Teoria feita por uma grande potência (EUA) para as outras grandes
potências.
 Prevê uma teoria empírica, crítica, testável, como crítica ao idealismo.
 Poder: controle do homem sobre a mente e as ações de outros homens –
relação psicológica.
 Três formas de exercício de poder – manter, aumentar e demonstrar –
essas três formas configuram a balança de poder. A balança equilibra e
limita o poder, seja por competição entre Estados ou grupo destes, o
desequilíbrio (imperialismo) causa a guerra.
 6 princípios do realismo para o autor: a política é governada por leis
objetivas que refletem a natureza humana (o interesse); o interesse dos
Estados no SI é sempre definidos em termo de poder; poder é um
conceito universal que pode variar; os princípios morais universais não
podem ser aplicadas às ações dos Estados (não existe bem e mal); a
esfera política é autônoma em relação às demais esferas sociais.
 O autor era contra o behaviorismo.
 Raymond Aron
 Diferencia as relações domésticas (hierarquizadas) das relações
internacionais (anárquicas).
 Acredita no ambiente internacional como um local onde ocorre “justiça
com as próprias mãos” e existência de um único árbitro.
 Considera a guerra como uma constante nas RI, tendo a postura
diplomática como uma sombra da guerra, porém visando a paz
(suspensão levemente durável das hostilidades).
 O autor discorre sobre diversos tipos de paz: paz do equilíbrio, da
hegemonia, do império, do terror e da satisfação. E 3 tipos de guerra:
interestatais, imperiais e infra-estatais.

Idealismo X Realismo (contexto do intervalo entre as duas guerras)


 Debate entre a vida como ela é (empirista) X a vida como ela deveria ser
(racionalista); aqui o foco é como evitar a guerra.
 Teve como principal autor o Carr.
 Crítica ao idealismo por conta de sua utopia em crer na razão humana,
imaginando que ela não será guiada pela lógica do interesse e do poder e crendo
no bom senso da maioria.
 Pilares do idealismo: iluminismo, difusão do conhecimento e o agir correto.
 Carr se apoia nos pensamentos de Benthan: “o bem para o maior número de
pessoas”.
 A razão pode criar uma utopia mas não torná-la real.
 Liga das Nações = edifício utópico e intelectualismo míope que não fez nada de
fato.
 Realismo para Carr: reação à utopia; Maquiavel como primeiro grande realista
político.
 A teoria não cria a prática, a prática que cria a teoria.

Pequeno adendo:
 Primeiro debate: realistas X idealistas
 Segundo debate: tradicionalistas (contra a obsessão positivista de dados) X
modernizadores (behavioristas), defensores do positivismo [se você não pode
medir, seu conhecimento é escasso e insatisfatório] – acúmulo implacável de
dados. Contexto: ascensão de universidades nos EUA (cientificismo)
 Terceiro debate: debate interparadigmático (realismo, idealismo e marxismo). O
momento dos paradigmas, isto é, de “condensar” pensamentos-chave da
disciplina em um combinho só.
 Quarto debate: descorre sobre o quê e como quais temas a disciplina deve
estudar.

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