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INTERNACIONAIS
AULA 1
Uma questão que você deve ter em mente é: por que é relevante estudar
teorias? Uma das melhores explicações é que elas servem para desvendar a
nossa realidade. No caso das RI, as teorias possuem diferentes definições para
os mesmos fenômenos, pois apresentam pressupostos diferenciados (Sarfati,
2005).
Para melhor compreender a relevância do estudo teórico, é importante
definir alguns conceitos. O primeiro deles é o de ontologia de uma teoria, que é
“a referência concreta de um discurso, ou seja, as coisas que compõem o mundo
real” (Sarfati, 2005, p. 28). No âmbito das relações internacionais, significa o
espectro dado por cada teoria para entender o mundo político, isto é, algumas
teorias visualizam as RI como ontologicamente conflituosas, enquanto outras
verificam as RI como potencialmente cooperativas.
O segundo conceito central é o de epistemologia, que “refere-se a como
o conhecimento é construído, como ele é gerado [...] é extremamente importante,
pois indicará o que o teórico privilegiará como explicação” (Sarfati, 2005, p. 28).
Nas relações internacionais, pode-se adotar a epistemologia positivista, que
defende que existe apenas uma verdade, ou a pós-positivista, que argumenta
pela existência de múltiplas verdades.
Outro conceito importante é o de metodologia, que “corresponde a como
se deve resolver uma questão” (Sarfati, 2005, p. 28), ou seja, por meio de quais
ferramentas de pesquisa os estudiosos investigam as RI. Os métodos
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quantitativos concentram-se sobre observações quantificáveis da realidade,
enquanto os métodos qualitativos adotam variáveis que, em alguns casos, não
podem ser mensuradas numericamente (Cordeiro; Culpi, 2017).
Para nós, estudiosos das Relações Internacionais, é fundamental levar
em conta a concepção de nível de análise. O nível de análise define qual o foco
da investigação, ou seja, para onde o analista deve olhar para explicar a
realidade internacional. São quatro os níveis de análise das RI: o individual, com
ênfase sobre a natureza humana do indivíduo (boa ou má) para analisar os
comportamentos estatais; ii) o societal, que se atém sobre os grupos de interesse
para explicar um acontecimento; iii) o estatal, que se centra no comportamento
do Estado para investigar as RI, ou supraestatal, quando há atores
supranacionais, como a União Europeia; e iv) o da estrutura internacional, com
foco sobre as características do sistema internacional, conflituoso ou pacífico
(Sarfati, 2005).
Portanto, dependendo do nível de análise adotado e da ontologia,
epistemologia e metodologia eleitas, a explicação para o fenômeno internacional
será diferente. Assim, cada teoria de relações internacionais possui suas
próprias ontologias, epistemologias e metodologias, o que auxilia os
pesquisadores em seu trabalho de inferência sobre a realidade internacional.
Importante ressaltar que as teorias servem para fornecer ao analista de Relações
internacionais ferramentas teóricas e metodológicas para explicar os fenômenos
como a guerra, a paz e a cooperação.
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no qual o indivíduo se submete a leis criadas e administradas pelo Estado, “O
Leviatã”, assegurando sua sobrevivência.
Para Hobbes, o objetivo das leis é assegurar a paz, estabelecendo
impedimentos aos indivíduos, que não podem viver com liberdade irrestrita,
causando danos uns aos outros. Hobbes investiga as formas como o poder do
soberano se torna legítimo, isto é, aceito pelos súditos. Essa visão concebe que
os Estados, por não serem controlados por uma entidade superior no sistema
internacional, isto é, por conviverem em um ambiente anárquico, são levados a
atingir seus interesses nacionais utilizando, em muitos casos, a força. Isso
contribui para o aumento das hostilidades entre os Estados e a expansão dos
gastos em defesa (Herb, 2013).
Hobbes defende que, para assegurar que os indivíduos respeitarão as
regras, o Estado deve ser estabelecido na forma de um regime absolutista, que
utiliza da violência caso os indivíduos não cumpram as leis (Herb, 2013).
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TEMA 4 – O REALISMO CLÁSSICO: HANS MORGENTHAU
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O quinto princípio determina que a as aspirações morais particulares de
uma nação não são as normas morais que comandam as relações entre todos
os Estados. Portanto, os valores morais de um Estado não devem ser definidos
como padrões morais universais. É o conceito de interesse em termos de poder
que impede que as nações imponham suas leis morais aos demais Estados.
O sexto princípio defende que existe uma diferença considerável entre o
realismo político e as demais escolas do pensamento nas Relações
Internacionais. A principal distinção é em relação à autonomia e primazia da
política, com intuito de comprovar que uma política pode modificar o poder de
uma nação. Contudo, isso não significa que o realista político não considera a
importância de padrões de pensamento determinados por outras além da
política, somente que essas outras esferas estão subordinadas à política.
(Morgenthau, 2003, p. 23).
Para Aron, que tem uma visão neutra sobre a natureza humana, o poder
é apenas um meio para que seja possível a imposição de ideias de uns sobre as
de outros. Conforme o autor, o poder não é um conceito absoluto, mas uma
relação entre os homens (Aron, 2002). Segundo o pensador, a paz seria
simplesmente um momento de suspensão de ciclos de conflito e violência, ou
seja, o não conflito. Assim, a paz legítima baseada na cooperação não existe
para o autor. Portanto, a paz assume um conceito de não existência do conflito
armado, mas de potência, isto é, de capacidade de geração de conflito. Para
Aron, a paz do terror (paz da impotência) é a que reina entre as unidades que
tem a capacidade de desferir golpes mortais umas contra as outras (Sarfati,
2005).
A sua obra mais famosa, Paz e guerra entre as nações, foi publicada em
1962, e analisa o contexto de corrida armamentista e disputa ideológica entre as
duas grandes potências do período, EUA e URSS. De acordo com Aron (2002),
a existência de armas nucleares mudou substancialmente o jogo de poder na
política internacional porque a impossibilidade moral e física de utilizá-las
tornava o cálculo de força mais complexo.
Segundo Aron, o poder doméstico não é o mesmo na esfera internacional.
A essência da anarquia internacional é a concepção de ausência do monopólio
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legítimo do uso da força no cenário internacional, o qual o Estado possui dentro
de suas fronteiras. Desse modo, existe uma descontinuidade entre o sistema
político doméstico e o internacional, sendo que, neste último, existe alternância
entre guerra e paz. Diferentemente de Morgenthau (2003), Aron argumenta que
não pode existir uma única definição do interesse nacional em uma sociedade
plural e complexa e que a racionalidade e das escolhas dos Estados na política
externa não está garantida (Gaspar, 2013).
De acordo com Aron (2002), a ambição da teoria das relações
internacionais deve ser restringida, pois nunca será comparável ao da teoria
econômica. Para ele, a teoria das relações internacionais deveria ser uma teoria
da prática e uma teoria da ação.
Em 1983, Aron apresentou um debate sobre a organização das RI com
base na economia, argumentando que as disputas comerciais são entendidas a
partir de problemas estratégicos. Para o autor, existe uma predominância da
política sobre a economia no cenário internacional, pois a hostilidade entre
blocos rivais sobrepõe-se às rivalidades econômicas.
NA PRÁTICA
A Guerra Fria é explicada pelos realistas como uma disputa entre duas
potências que, baseadas em interesses egoístas, buscavam a eliminação do
inimigo. O interesse dos EUA e da URSS eram definidos em termos de poder.
Nesse contexto, a moral internacional não permitiu a harmonia de interesses,
mas o conflito, que se encerrou com a vitória dos EUA, é que impôs o regime
estadunidense (capitalista) ao resto do mundo.
Vídeo
Assista ao documentário “Sob a névoa da guerra”. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=dSxx1V3ue_c&t=42s>.
O documentário apresenta as 11 lições da vida de Robert Macnamara,
que foi Secretário de Defesa dos EUA durante a Guerra do Vietnã. Identifique os
elementos realistas presentes nas lições apresentadas pelo documentário.
FINALIZANDO
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REFERÊNCIAS
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