Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
No final da Segunda Guerra Mundial impunha-se uma nova abordagem das relações
internacionais mais próxima dos factos e como reacção ao idealismo. Para Sousa (2005:156), o
realismo atribui à Segunda Guerra Mundial a ingenuidade da diplomacia e o apaziguamento que
prevaleceu no período entre as duas grandes guerras.
O realismo emergiu nos EUA no período que se seguiu à II Guerra Mundial (1945) como uma
alternativa às abordagens utópicas, legalistas e idealistas. A sua intenção era reorientar a política
externa americana para lidar com a União Soviética. O realismo forneceu aos EUA uma base
intelectual para a Guerra Fria, justificando assim o seu envolvimento permanente e global nos
assuntos mundiais, e racionalizando a acumulação do poder. Segundo Hollis e Smith (1991) o
paradigma realista ajuda o pesquisador a explicar o mundo, explicando o comportamento de
Estados e de seus governantes.
a. Precursores
Dougherty e Pfaltzgraff (2003:87) e Bedin et al (2003: 66) citam como precursores do realismo
político: Edward H. Carr (1946), Hans J. Morgenthau (1978), Kenneth Waltz (1979). Entretanto,
descendo às diferentes épocas da antiguidade os precursores do realismo são: Nicolau Maquiavel
(1987), Thomas Hobbes (1988), Tucídides (1972).
b. Contexto histórico
De facto, o realismo tem as suas origens no mundo antigo, no entanto, foi somente com o final
da Segunda Guerra Mundial – com a análise das suas causas e consequências humanas e
políticas, em especial a constatação feita por alguns estudiosos do período de que as ideias
idealistas, predominantes entre as guerras, impediram uma acção mais firme e objectiva que
evitasse uma guerra de proporções mundiais, (Bedin, et al, 2003: 64 citando Carr, 1981) e a
configuração da polarização ideológica entre os EUA e União Soviética no pós Segunda Guerra
Mundial – que o paradigma do realismo político se impôs como o modelo teórico hegemónico e
quase que exclusivo das relações internacionais.
Em relação às origens do mundo antigo, destacam-se Tucídides que com a sua célebre obra
“History of the Peloponesian War” (1972), dá início ao que mais tarde viria a se tornar a
abordagem realista das relações internacionais. Tucídides (Ibid.) sustenta que “o que tornou a
guerra inevitável [no Peloponeso] foi o aumento do poder de Atenas e o receio que isto provocou
em Esparta”. No início da renascença na Europa, Maquiavel (1987) encontra-se ligado
claramente ao realismo através do destaque que dá à necessidade do governante adoptar padrões
morais diferentes dos do indivíduo comum, com o objectivo de garantir a sobrevivência do
Estado.
Hobbes, Thomas (1988) Leviatã, (Editado e com tradução de Michael Oakeshott). Basil
Blackwell: Oxford, Inglaterra.
Hollis, Martin & Steve Smith (1991) Explaining and Understanding International
Relations. Clarendon Paperbacks: London.
Morgenthau, J. Hans (1978) Politics among Nations – The struggle for power and
peace. 5ª ed. Rev. Macgraw-Hill Humanities: New York
Kauppi, Mark V., e Paul R. Viotti, (1993). International Relations. Realism, Pluralism,
Globalism, and Beyond. Allyn and Bacon: Boston.