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Canoas-RS
2018/2 – Prof. Orlando Albani de Carvalho
O realismo e o neorrealismo são duas correntes políticas e teóricas que
apesar de não serem exatamente iguais, são as teorias mais importantes e
relevantes no âmbito das relações internacionais. As duas teorias, no entanto,
se baseiam em questões como relações interestatais, equilíbrio de poder entre
as nações, guerra e paz. Assim, nestas teorias o Estado assume um papel
central, sendo o principal ator político dentro de um sistema de relações
internacionais, tendo como principal função garantir a segurança.
REALISMO POLÍTICO
A teoria realista foi desenvolvida a partir de trabalhos de Hans Morgenthau
e Edward Hallett Carr, no século XX. O realismo político é reconhecido como a
corrente que domina as relações internacionais, apontado maneiras específicas
de analisar a ordem internacional, seu caráter, comportamento e motivações de
seus envolvidos.
Entretanto, as origens teóricas do realismo político são mais antigas e
remontam a Maquiavel e Hobbes, que enfatizaram aspectos ambiciosos,
competitivos e conflituosos do homem, que visam sua autonomia, aumento de
ganhos e sobrevivência, destacando o elemento do poder aos mesmos.
Em O príncipe e em A arte da guerra, Maquiavel analisa os processos de
conquista do poder político e sua manutenção, bem como a dinâmica e lógica
dessa ação humana. Em O príncipe percebemos a dinâmica da conquista,
manutenção e expansão do poder.
O Equilíbrio de Poder é um dos principais pilares da teoria realista das RI
do século XX, este, junto da diplomacia tem como função evitar ameaças de
destruição, seja por interesses entre Estados seja pelo estabelecimento de suas
relações. Tem como objetivo evitar que um único Estado se torne poderoso e
preservar a anarquia de soberanias.
Logo, como explica Pecequilo, os Estados não possuem autoridades
acima de si, por isso o princípio central de anarquia. Fazendo semelhança ao
Estado de Natureza de Thomas Hobbes, o âmbito externo não possui princípios
de organização, se diferenciando do ambiente doméstico, onde se estabelecem
contratos para organizar as intenções internas.
Os Estados se anulam mutuamente ao ir atrás de seus interesses
nacionais, partindo de uma dinâmica de competição. A primeira prioridade se dá
na manutenção da soberania e da segurança das unidades individuais de
política. Este processo mútuo entre diferentes polos condiciona a uma
estabilidade que pode evitar uma eclosão de guerras, ainda que ocorrendo sob
a sua sombra.
É interessante destacar que ao longo da história percebemos três tipos de
ordem de poder: o unipolar (predominância de apenas um polo de poder: Império
Roman); o bipolar: dois polos de poder (na Guerra Fria, entre EUA e URSS,
1947/1989); e multipolar que é composto por diferentes polos de poder.
Seguindo a linha de raciocínio de Pecequilo, os Estados não são de fato
iguais de direito. Tais diferenças se devem a seus fatos históricos como seus
processos de construção e idade, a seus regimes e formas de governo e a seus
recursos de poder. Na medida que o poder é essencial na política, é a posse
destes recursos que delimita a capacidade de um Estado na atuação e projeção
no sistema, medindo também sua possível vulnerabilidade, correspondendo tais
elementos ao nível de soberania do Estado.
Maquiavel considerava que aqueles que conquistam o poder e desejam
manter o mesmo devem estar atentos a realidade e se ajustar a suas
transformações, acostumando-se a fazer o necessário para atingir seus
objetivos. Se relacionando a Razão de Estado, é preciso encontrar o equilíbrio
entre força e sabedoria, medo e amor do público para governar e enfim, se
manter no poder.
O sistema internacional se constitui então pelos Estados soberanos que
se relacionam entre si, tendo como suporte a autonomia e identidade própria.
Para a corrente realista, a guerra é um elemento essencial entre os Estados
Nacionais que possuem capacidades e possibilidades de ação desiguais, desta
forma os Estados buscam o equilíbrio de poder.
NEORREALISMO POLÍTICO