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Descrição

O percurso da Arte contemporânea após a Segunda Guerra Mundial, sua


expansão, seus desdobramentos e a descoberta de novos espaços.

PROPÓSITO

Apresentar o conceito de Arte contemporânea como ponto de partida para a


compreensão dos movimentos artísticos que aconteceram após a Segunda
Guerra Mundial.

PREPARAÇÃO

Para acompanhar sua trajetória pela Arte contemporânea, você deve


conhecer as obras, e nada melhor que acessar virtualmente os principais
museus da atualidade. No site do Solomon R. Guggenheim Museum and
Foundation, New York, Estados Unidos, você consegue ver e estudar dezenas
de obras!
Módulo 1
Identificar as características da Arte contemporânea e os fatores que levaram
ao seu surgimento a partir de 1946
Módulo 2
Distinguir os principais movimentos artísticos no período pós-Segunda Guerra
para representar a expansão do campo da arte
Módulo 3
Reconhecer as interseções que se tornaram possíveis mediante processos
disruptivos que ocorreram no espaço da arte
Going West, Jackson Pollock, 1934 a 1935.

Introdução

Você já parou para pensar que os historiadores da Arte contemporânea


viveram os momentos em que registravam os movimentos da arte? Como disse
Gombrich (1995), a proximidade em que estava de seu próprio tempo,
enquanto escrevia sobe a história da arte, tornava para ele mais difícil distinguir
o que era passageiro das realizações duradouras.
Este, talvez, seja o conceito mais representativo da Arte contemporânea:

 O efêmero que se tornou duradouro;


 O inacabado e imperfeito que se tornou obra-prima.

Existe certa subversão de conceitos para apresentar a arte que transcende o


instante. Começa a imaginar? Um pouco confuso? Vontade de entender?
Então você está pronto! Seja bem-vindo à Arte contemporânea!
MÓDULO 1

Identificar as características da Arte contemporânea e os fatores que


levaram ao seu surgimento a partir de 1946

Arte contemporânea

Beethoven, de Andy Warhol, 1997.

Marcada pela ressignificação de materiais e objetos, a Arte contemporânea


expande os contornos antes rígidos da arte. Certamente, você poderá se
deparar com uma estranheza, principalmente vinda do senso comum que
reconhece na pintura, no desenho e na escultura, a arte autêntica.
Michael Archer (2012) afirmou que de início, parece que, quanto mais
olhamos, menos certeza podemos ter quanto àquilo que, afinal, permite que as
obras sejam qualificadas como “arte”, pelo menos do ponto de vista tradicional.
Qualquer material pode ser transformado em arte, dessa forma, ser “arte” não é
mais privilégio de poucas obras.

A partir de 1946, assistimos a um desfile de movimentos artísticos iniciados


com a Op art, ainda no período da Segunda Grande Guerra. E a arte seguiu
abrindo novos caminhos com:

 As instalações,
 A pop art, a
 Arte conceitual,
 A arte povera,
 O minimalismo,

Entre outros.

Double Mona Lisa, de Andy Warhol, 1963.

Observamos as tecnologias emergentes ganharem terreno e prestígio dentro


das artes. Presenciamos a ascensão da arte fotográfica, da videoarte, da
arte computacional e da arte digital.
A arte foi para as ruas com a arte urbana e as performances, invadiu
territórios com a Land Art e fez do corpo uma tela, reconhecendo, na tatuagem,
uma de suas formas de expressão.
Nesse contexto, muitas vezes, o artista se torna parte da obra, quando não é a
própria obra. Perde-se o seu sentido utilitário, pragmático, é óbvio. Se para o
senso comum, inicialmente, o reconhecimento da arte se torna complexo, com
o passar das décadas, a arte ganha propósito, incorpora movimentos sociais e
se torna também causa.

La-gitane-a-la-guitare, de Blek le Rat, 1990.

Propomos um sobrevoo para que você possa compreender a riqueza dos


movimentos da Arte contemporânea e a liberdade de expressão
conquistada.

Conceitos

Até meados dos anos 1940, a arte era dotada de privilégios, mas para poucos
iniciados! A ideia de que a arte poderia ser popular era, inclusive, mal vista;
apreciada por cineastas, o espaço da aristocracia artística deveria ser
preservado. Uma obra literária poderia até circular, mas sua essência é para
clube de especialistas. As artes plásticas e afins, essas definitivamente não
eram para o grande público. Ocupavam lugares específicos, admiradas por
meio de uma aura. Criadas a partir de materiais próprios destinados à pintura e
à escultura.
O que você verá é que a Arte contemporânea vai na direção contrária. Isso
porque ela rompeu com alguns aspectos da arte moderna; chegou a hora de
reconstruir, mudar a forma de pensar e experimentar a arte.
Atenção

Contemporâneo é um adjetivo que faz referência ao que é do mesmo tempo,


que viveu na mesma época. Designa quem ou o que partilha ou partilhou o
mesmo tempo, o mesmo período. Seguindo a lógica do conceito, Arte
contemporânea pertence ao tempo em que ela acontece. Caracterizada por
representar o presente. Traz consigo todo o turbilhão que caracteriza o
momento social, político, econômico, cultural de sua época.
Wundermaschine - Méta-Kandinsky I, de Jean Tinguely, 1956.

Imagine que no período do pós-guerra predominasse o sentimento de


reconstrução da sociedade, das cidades e dos valores. A arte estabelece uma
comunicação direta com o público ao trazer, para as obras, elementos retirados

 Da cultura de massa e Cotidiano.


 Torna-se assim representativa da contemporaneidade,
 Carregada de signos e símbolos.

A Arte contemporânea representa a comunhão entre arte e vida, indo, por isso,
em sentido contrário aos padrões do que seria arte. Os artistas buscam, a partir
de então, inovar em materiais e processos, incorporando diferentes formas de
se expressarem. Nesse período, observamos ainda o desenvolvimento
tecnológico, com o surgimento de novas mídias; e os artistas, em busca do
novo, apoiaram-se nessas tecnologias.
Seus materiais estão por todos os lugares:

 Madeira,
 Metal,
 Pedra,
 Papel,
 Tecido,
 Tinta,
E outros como

 Ar,
 Luz,
 Som,
 Pessoas,
 Comida

E o que se puder imaginar. O difícil passou a ser identificar o que é ou não


é arte. Identificar o artista, que, muitas vezes, confunde-se com a própria
obra. E se a Arte contemporânea está na linha tênue do que pode
representar ou não arte, isso significa que todas as ideias anteriores caíram
por terra.

Babel, de Cildo Meireles, 2018.


Inmensa, de Cildo Meireles, 1982/2002 (Reprodução alocada em Inhotin, Brumadinho
da obra de 1982).

O que você compreende como Arte contemporânea?

A Arte contemporânea é de natureza subjetiva. A obra é

 Valorizada pelo seu conceito,


 Pela ideia que lhe deu origem e
 Não pelo resultado apresentado.

As obras contemporâneas não existem para serem simplesmente


observadas; são peças para reflexão, interação, intervenção, ação.
Big Campbell’s Soup Can 19c (Beef Noodle), de Andy Warhol, 1962.

A contemporaneidade é uma singular relação com o próprio tempo, que


adere a este e, simultaneamente, dele toma distâncias [...]. Aqueles que
coincidem muito plenamente com uma época, que em todos os aspectos
a esta aderem perfeitamente, não são contemporâneos porque,
exatamente por isso, não conseguem vê-la [...].
(AGAMBEN, 2010)

Por ser contemporânea, ela trata de questões presentes, vividas no momento


em que acontecem. Não há distanciamento histórico, os acontecimentos em
profusão não deixam que o artista se distancie do seu objeto. A Arte
contemporânea se mistura ao seu próprio tempo e a todos os acontecimentos.
Reflete os conflitos, as instabilidades, as incertezas e todo o espectro da
realidade.
Já pensou como é estar imerso nos diferentes aspectos de tudo o que
acontece:

 Questões existenciais,
 Violência,
 Sexualidade,
 Consumo,
 Informações em excesso...

Tudo o que diz respeito ao indivíduo e à sociedade? É isso que torna a Arte
contemporânea intensa e visceral, representando todo esse emaranhado de
razões e emoções.

O que você faria com tanta informação?

Os artistas decidiram também criar em profusão. Eis por que vemos tantos
artistas, com tantas linhas e tantos pensamentos distintos, orientações
artísticas diversas, cada um buscando, a seu modo, uma maneira de
representar esse momento.
Assim, vemos os artistas se dirigirem ao mundo e direcionarem a arte para a
natureza, para as questões urbanas, para as tecnologias, para todas as
nuances do mundo. Fazem surgir obras que exploram diferentes linguagens:

 Pintura,
 Escultura,
 Teatro,
 Dança,
 Música,
 Literatura

E muitas outras que fogem às convenções e classificações tradicionais.

Broken Circle, de Robert Smithson, 1971.

A Arte contemporânea cria suas representações artísticas e a própria definição


de arte. Seus representantes são

 Críticos,
 Questionadores do mercado e
 Do sistema que valida a arte.

Características da Arte contemporânea

Você percebe como a Arte contemporânea representa um vulcão em erupção?


Tudo bem, a imagem em si pode até ser um pouco exagerada! E o exagero é
uma característica desse momento, no qual se vai do mínimo ao máximo.
Toda essa diversidade está presente nas características da Arte
contemporânea:
 Obras interativas
 Obras em processo
 Obras abertas
 Obras questionando a definição de arte
 Obras que se aproximam da cultura popular
 Abandono dos suportes tradicionais
 Uso de diferentes materiais para a produção das obras
 Uso das novas tecnologias e mídias
 Mistura de estilos artísticos
 Combinação de processos de produção
 Fusão entre arte e vida
 Liberdade e efemeridade artística
 Transitoriedade
 Liberdade de estilos
Se você olhar o conjunto das obras que representam a Arte contemporânea,
perceberá cada uma dessas características no todo. Outras poderão ser
identificadas, afinal, Arte contemporânea é validada por meio de críticas,
discussões, questionamentos e pelo olhar dos próprios artistas e seus pares.
Contingent, de Eva Hesse, 1968.
Artista e movimentos

Antes de falarmos dos principais movimentos que integram a Arte


contemporânea e como atravessam as décadas e se transformaram,
apresentaremos pontualmente alguns representantes dessa linha histórica
para que você possa olhar para a diversidade.

Linha histórica

Alguns artistas estiveram presentes em diferentes movimentos. Fazem parte


das interseções que a Arte contemporânea proporciona:
 Expressionismo abstrato - Mark Rothko, Jackson Pollock
 Pintura figurativa europeia - Lucian Freud, Francis Bacon, Georg
Baselitz
 Pop art - Andy Warhol, Roy Lichtenstein
 Arte fotográfica - Cindy Sherman, Robert Mapplethorpe
 Novo realismo - Pierre Restany, Yves Klein, Jean Tinguely
 Arte conceitual - Marcel Duchamp, Sol LeWitt, Piero Manzoni, Joseph
Kosuth
 Instalações - Olafur Eliasson, Christo e Jeanne-Claude, Ed Kienholz
 Happennings - Alan Kaprow
 Arte performática - Grupo Fluxus, Marina Abramovic, Vito Acconci
 Arte povera - Mario Merz, Jannis Kounellis, Michelangelo Pistoletto
 Minimalismo - Carl Andre, Dan Flavin, Donald Judd, Frank Stella
 Op art - Victor Vasareli, Bridget Riley, Tadasky, Almir da Silva Mavignier
 Videoarte - Bill Viola, Nam June Paik, Mattew Barney, Shirin Neshat
 Land Art - Robert Smithson, Nancy Holt, Richard Serra,
 Hiper-realismo - Denis Peterson, Duane Hanson, Richard Estes
 Arte digital - Harold Cohen, Thomas Ruff, Jeff Wall, Christopher Bruno
 Arte urbana - Keith Haring, Jean-Michel Basquiat, Bansky

Assista ao vídeo a seguir para conhecer mais sobre os artistas e seus


movimentos.

Por onde devemos começar a falar da Arte contemporânea?

Fayga Ostrower (2004), ao ministrar o curso de artes para os operários de uma


fábrica, escolheu começar trazendo o Dadaísmo (O Dadaísmo foi o movimento
cultural que ocorreu depois da Primeira Guerra Mundial na Europa e nos EUA
e pregava a “antiarte”. O Dadaísmo, ou Dada (cavalinho de pau, em francês),
foi um movimento e fenômeno cultural que ocorreu de 1916 a 1922 em alguns
países da Europa e nos Estados Unidos (EUA)). O movimento começou em
1916, teve adesão de artistas de todas as áreas - teatro, música, artes
plásticas, literatura -, suas obras subverteram as formas tradicionais.
O Dadaísmo criou a arte do absurdo, os artistas queriam chocar. E, para isso,

 Substituíam materiais nobres por outros artesanais,


 Trabalhavam processos demorados de criação das obras como as
colagens realizadas na pintura.

Revolucionário por reformular a linguagem da arte, a atitude dos artistas e


os conceitos, o Dadaísmo foi, na fala de Ostrower (2004), um ponto de
partida para várias tendências da arte no século XX.
No Dadaísmo, encontramos a Roda de bicicleta (2013) de Marcel Duchamp
(1887-1968), artista com presença marcante na Arte conceitual. E ainda
manifestações inusitadas e, por vezes, grosseiras, dariam origem aos
happenings (Happenings - O happening é uma expressão das artes visuais
que, de certa forma, apresenta características das artes cênicas. Nesse tipo
de obra, quase sempre planejada, incorpora-se algum elemento de
espontaneidade ou improvisação, que nunca se repete da mesma maneira
a cada nova apresentação.) e às performances. Porém, antes dos
movimentos da Arte contemporânea ganharem corpo, teríamos mais uma
guerra mundial por vários anos.

Roda de bicicleta, de Marcel Duchamp, 1913.


Veremos outros movimentos fazerem parte do período de transição entre o
Modernismo e a Arte contemporânea. Escutamos falar do Expressionismo
abstrato pela primeira vez nos idos de 1920, em referência às pinturas de
Wassily Kandinsky (1866-1944), seguido pouco depois por Kasimir Malevich
(1878-1935). Outros representantes desse período, em que o abstrato aparece
como elemento que encerra em si mesmo seu significado como expressão
mística ou emocional, são

 Paul Klee (1879-1940),


 Piet Mondrian (1872-1944),
 Franz Kline (1910-1962) e
 Pierre Soulages.

Mesmo que muitos dos artistas desse movimento tenham iniciado suas
carreiras na década de 1930, eles representam os antecedentes do
Expressionismo abstrato que presenciamos após 1946.
Composition VI, de Wassily Kandinsky, 1913.

Seu próximo passo é escolher alguns artistas e pesquisar sobre suas obras. O
pioneirismo é uma das características presentes nos trabalhos dos artistas
contemporâneos. Cada artista escolheu seu estilo, colocou sua marca em sua
arte, tornando-os pioneiros no traçado, no suporte, no material, na leitura.
Desvende um pouco desse contexto que levou a essa diversidade conhecendo
a obra de alguns desses artistas.

Verificando o aprendizado

1. (Enem-2018). Observe as imagens e responda:

As duas imagens são produções que têm a cerâmica como matéria-prima.


A obra Estrutura vertical dupla se distingue da urna funerária marajoara
ao:

a) Evidenciar a simetria na disposição das peças.


b) Materializar a técnica sem função utilitária.
c) Abandonar a regularidade na composição.
d) Anular possibilidades de leituras afetivas.
e) Integrar o suporte em sua constituição.

Comentário
Parabéns! A alternativa "B" está correta.

Na obra escultórica vista na figura 2, a cerâmica é apresentada como suporte


para a arte com característica estética e conceitual, sem função utilitária. Já na
figura 1, a urna funerária marajoara possui a função de conter os restos mortais
de um ser humano, tendo, portanto, um objetivo prático na sociedade em que
foi produzida.
2. (Enem-2018)
Texto I

Também chamados impressões ou imagens fotogramáticas […], os


fotogramas são, em uma definição genérica, imagens realizadas sem a
utilização da câmera fotográfica, por contato direto de um objeto ou
material com uma superfície fotossensível exposta a uma fonte de luz.
Essa técnica, que nasceu junto com a fotografia e serviu de modelo a
muitas discussões sobre a ontologia da imagem fotográfica, foi
profundamente transformada pelos artistas da vanguarda, nas primeiras
décadas do século XX. Representou, mesmo ao lado das colagens,
fotomontagens e de outros procedimentos técnicos, a incorporação
definitiva da fotografa à arte moderna e seu distanciamento da
representação figurativa. (COLUCCI, M. B. Impressões fotogramáticas e
vanguardas: as experiências de Man Ray. Studium, n. 2, 2000)

Texto II
Rayografia, de Man Ray, 1922. 23,9 x 29,9cm, MOMA, Nova Iorque.
No fotograma de Man Ray, o “distanciamento da representação
figurativa” a que se refere o texto I manifesta-se na:

a) Ressignificação do jogo de luz e sombra, nos moldes surrealistas.


b) Imposição do acaso sobre a técnica, como crítica à arte realista.
c) Composição experimental, fragmentada e de contornos difusos.
d) Abstração radical, voltada para a própria linguagem fotográfica.
e) Imitação de formas humanas, com base em diferentes objetos.

Comentário

Parabéns! A alternativa "C" está correta.

Comentário: A Rayografia surge na história da arte como um processo


experimental em que fotógrafos/artistas estavam criando novas composições,
usando como instrumento os elementos que fazem parte do universo
fotográfico.
MÓDULO 2

Distinguir os principais movimentos artísticos no período pós-Segunda Guerra


para representar a expansão do campo da arte

Expressionismo abstrato, onde a expressão e a emoção humana superam

o racionalismo

Aparece no início da Segunda Guerra Mundial, como um dos primeiros


movimentos da Arte contemporânea, sendo o seu auge logo após o término do
confronto. O movimento é baseado em conceitos que expressam o
inconsciente coletivo da sociedade. Conhecido por expressar emoção e
subjetividade, coloca essas características ao comunicar verdades sobre a
condição humana.
O Expressionismo Abstrato tem um forte caráter de vanguarda, carrega
aspectos do Expressionismo Alemão e de movimentos como:

 A Arte abstrata,
 O Futurismo,
 O Cubismo e
 O Surrealismo.

Ficou conhecido como Escola de Nova York, originou-se nos Estados Unidos e
ganhou reconhecimento internacional em seu principal representante, Jackson
Pollock.
Jackson Pollock (1912-1956) utiliza a técnica da pintura em ação (action
painting) associada ao dripping (técnica criada por Marx Ernst (1871-1976)),
que tem como base o respingo da tinta sobre a superfície da tela.
As pinturas de Pollock são seu movimento, resultam do pingar, do arremessar,
do deixar escorrer e do derramar tinta na tela esticada no chão. Ele retira a tela
do cavalete, da parede e a estica no chão, em grandes dimensões, para que
possa andar em volta da tela. Os trabalhos criados por Pollock são carregados
de emoção e expressão gestual. Suas pinturas dependem dos movimentos do
artista, de sua interação com a obra, da forma como, utilizando-se do pincel e
de outros objetos, lança a tinta sobre a tela, revelando a espontaneidade da
ação e não previsibilidade do resultado.
Olhar uma foto de uma das telas de Pollock não dará a você a sensação da
força e do movimento, pois falta a profundidade. É na textura da obra que
encontramos as idas e vindas do artista ao redor da tela, antes finalizá-la. Na
imagem, percebemos a fluidez, a liberdade de expressão do artista em meio
das linhas e dos pontos que compõem as suas obras. São obras que
expressam a fundo as emoções do artista em uma ação subconsciente,
próxima ao êxtase da própria criação.

Blue (Moby Dick), de Jackson Pollock, 1943.


Reflection of the Big Dipper, de Jackson Pollock, 1947.
Escolhemos trazer uma fala do próprio Pollock para dar uma ideia a você de
como ele se sentia.

Quando estou na pintura, não tenho consciência do que estou fazendo. Só vejo
o que fiz depois de um período de “conscientização”. Não tenho medo de fazer
mudanças, destruir a imagem etc., porque a pintura tem vida própria. É só
quando perco contato com a pintura que o resultado é ruim. Caso contrário, há
pura harmonia, uma troca tranquila, e a pintura fica ótima.

(POLLOCK, apud KARMEL; VARNEDOE, 1999)


Mark Rothko (1903-1970), em seus quadros, usa faixas de pouco brilho, e
sutis passagens de tons podem ser vistas como um retorno às origens, como a
busca pelas forças elementares e emoções primárias. Verificamos a ausência
de modelos, base do Abstracionismo.

No Expressionismo Abstrato, como veremos também em Willem de


Kooning (1904-1997), não querem oferecer uma chave de leitura, a
espontaneidade relacionada do trabalho artístico e o gesto expressivo do pintor
não impedem a identificação das problemáticas subjacentes às obras
produzidas.
The Visit, de Willem de Kooning, 1967.
As principais características do Expressionismo abstrato são:
 Expressividade e simbolismo
 Uso de formas geométricas básicas, linhas e cores
 Influência das vanguardas europeias (Surrealismo, Cubismo e
Futurismo)
 Rompimento com a pintura tradicional
 Liberdade estilística, subjetivismo, improvisação e espontaneidade
 Influência da Psicanálise e do existencialismo
 Explora a pintura automática e o subconsciente

E se pensarmos em como esses artistas se colocaram em seus


processos de criação, a intensidade com que se despiram para deixar suas
obras puras, acabaremos levados para a instauração da Arte efêmera.

Contemporary Art Design Furniture Light Ball Bench Manfred Kielnhofer,


de Manfred Kielnhofer, 2010.

Intenção, expressão, ação, transitoriedade com foco no presente

Se é para ser, que seja agora! Nada é para sempre, a intensidade do momento
é que fica. A Arte efêmera reúne:

 Performance
 Instalações
 Happenings

Por ser efêmera, prende-se ao instante, ao contrário da pintura e da escultura.


Se o mundo estava em transição e nada parecia ter um lugar certo ou
definitivo, a Arte efêmera é experimentação, arte como experiência. Importa a
duração da experiência, o processo e seu progresso e não a garantia de
durabilidade e permanência da obra, diferentemente das expressões
tradicionais da arte, das quais nos acostumamos a ver o objeto acabado, seja
um quadro ou uma escultura em si.
Quando falamos de efêmera, entendemos a arte em processo, proposta pelo
artista, vendo-a como obra aberta, como um campo de possiblidades, como
reflexão e ação. Os movimentos da Arte Efêmera criticam a necessidade do
objeto acabado como resultado, o que fica são registros, fotografia, vídeo ou
áudio, não a obra.
Objeto com interação.

The London Mastaba, Serpentine Lake, Hyde Park, de Christo and Jeanne-Claude,
2016 a 2018.
O público é, muitas vezes, parte da obra, é quem faz a obra acontecer, quem
dá sentido ao processo, quem contribui na criação e no processo apresentado.
O público deixa de ser observador passivo e ganha lugar com sua participação
ativa. A obra torna-se um espaço de interação, passando a existir em virtude
dessas interações.
Assistimos à saída da arte dos espaços institucionalizados, das galerias e dos
museus, e a vimos expandir-se. A arte ganha todos os lugares, não importa o
espaço, público ou privado, incluindo o corpo do artista e do público.
As principais características da ARTE EFÊMERA são:
 Foco no processo de criação e execução
 Uso de diferentes espaços
 Utilização de diferentes materiais e mídias
 Público participante
 Rompimento com a obra acabada, com o objeto final
 Transitoriedade, efemeridade
 Obra referenciada pelo registro do processo

Happening, evento transformado em arte

Imagine receber o convite para participar de uma virada cultural, ou de um


encontro de artistas pelos corredores da universidade, ou em uma praça
pública.
O que você faria ao ser convocado a empilhar blocos de gelo, simplesmente
para depois abandoná-los a fim de que possam derreter?

Esse foi o convite que vários voluntários receberam de


Allan Kaprow em outubro de 1967. Em diferentes
lugares públicos da Califórnia, FLUIDS ganhou
materialidade, estruturas com cerca de 9m de
comprimento, 3m de largura e 2,4m de altura, usando
blocos de gelo como material. Após construídas, as
estruturas de gelo foram deixadas para derreter.

Fluids, de Allan Kaprow, 1967.

Essa é a cara do HAPPENING. Um acontecimento com tudo junto e misturado,


em uma tarde ou uma noite, montado em um chamado de ocupação coletiva e
temporária, transformando o espaço, em local de artes.
Saiba mais

Allan Kaprow (1927-2006) é o pai do HAPPENING. O termo designa a


combinação de artes visuais, música, dança e teatro sui generis, sem texto
nem representação. Eventos que reúnem diferentes artistas que trabalham
materiais diversos, reunidos com um propósito comum ou um tema base,
aberto à participação do público.

O público se coloca em cena. São eventos sem formato definido, sem começo,
meio e fim. O HAPPENING ocorre em tempo real, em contextos variados como
ruas, espaços vazios, galerias de lojas, corredores e outros. Livre de
convenções artísticas, sem certo ou errado, conduzido por improvisações. Não
há separação entre o público e o evento.
O HAPPENING é criado na ação de artistas e público geral. Não tem por
objetivo ser reproduzido, aproxima-se da vida real e de suas rotinas. Allan
Kaprow realizou mais de uma centena de happenings catalogados, tais como:

 Garage environment e An apple shrine (1960), e


 Chicken (1962).

Por ser a Arte contemporânea um caldeirão de movimentos, eles se


atravessam e contaminam mutuamente. Aqui, veremos a influência do trabalho
experimental do músico John Cage (1912-1992), assim como do Action
Painting de Jackson Pollock, amparados na arte como experiência do filósofo
John Dewey (1859-1952).

Performance, encenação, improviso, ensaio, testando os limites da arte

Você já teve oportunidade de ir a alguma galeria de arte ou a um museu?


E se ao chegar lá, para entrar, você tivesse que atravessar uma porta estreita
onde um casal nu estivesse posicionado como sendo parte dessa porta?
Detalhe, você só conseguiria entrar colocando seu corpo em contato com o
deles!
Foi em 1977 que Marina Abramovic e Ulay (1943-2020) executaram
Imponderabilia, ao se posicionarem nus na entrada do museu, em uma
passagem estreita; dessa forma, os visitantes, para transitarem pela
passagem, precisavam enfrentar os corpos do casal. Essa é talvez a
performance mais famosa dessa parceria que durou 12 anos.

The House with the Ocean View, de Marina Abramovic, 2002.

A performance dialoga com o happening, sendo que este último


necessariamente tem o público como participante ativo, enquanto na primeira
não há interação, sendo um ato envolvendo apenas o performer. Ao combinar
elementos do teatro, da dança, das artes visuais, da literatura e da música, a
performance rompe com enquadramentos sociais e artísticos, criando
experiências, muitas vezes, contaminadas por questões cotidianas.
Com presença marcante no cenário artístico a partir de 1960, a
PERFORMANCE se insere em um contexto de irrompimentos carregado de
movimentos derivados do Surrealismo e do Dadaísmo, em meio à arte pop, ao
Minimalismo e à Arte conceitual. Ou seja, a performance se equilibra entre arte
e não arte.
Saiba mais

Um dos grandes representantes do movimento é o Grupo Fluxus, a começar


pelas intervenções de Georges Maciunas (1931-1978), entre 1961 e 1963.
Formado por artistas de diferentes países, com diferentes formações e
atuações, tais como Ben Vautier (França); Robert Watts (1923-1988, EUA),
Yoko Ono (Japão); Shigeko Kubota (Japão); Joseph Beuys (1912-1986,
Alemanha), Nam June Paik (1932-2006, Coreia do Sul) entre tantos outros. O
Grupo Fluxus marcou o momento das experimentações.

A performance não segue padrões. Veremos trabalhos diferentes, carregados


de enfrentamentos, questionamentos, ou mesmo contradição. São cheias de
experimentações, no espaço, no tempo, ressaltando a individualidade do artista
ou o grupo coeso ou até caótico, não importa.
Arte de Marina Abramovic.

Trabalhos descritos como performances dificultam a delimitação de contornos


dessa arte por lidarem com extremos. Encontramos em performance as
intervenções de um grupo de Viena, o Actionismus, que reúne Rudolf
Schwarzkogler (1941-1969), Günther Brüs, Herman Nitsch e outros. As
esculturas vivas e fotografias dos anglo-saxões, Gilbert e George (Gilbert
Proesch e George Passmore). Os trabalhos de Bruce Nauman que conversam
com a body art. Ou performances de Vito Acconci (1940-2017) como Trappings
(1971), onde o artista veste o seu pênis com roupas de bonecas, por horas,
enquanto “conversa” com ele.
No Brasil, o pioneirismo nas performances a partir dos anos de 1950 é
atribuído a Flávio de Carvalho (1899-1973) ao desfilar seu New look
(Experiência nº 3) nas ruas de São Paulo em 1956. E podemos trazer ainda o
exemplo dos irreverentes parangolés, de Hélio Oiticica (1937-1980), resultante
de suas experiências na Escola de Samba Estação Primeira da Mangueira, no
Rio de Janeiro, na década de 1960.
Assista ao vídeo a seguir para conhecer mais dessa relação da Arte
contemporânea e o carnaval. Vamos partir dos parangolés, e daí para outras
como a própria rosa e carros ícones. Som de surdo 1.

Luana Costa
Mestre em Artes

 Art contemporânea – Idade contemporânea (1789 – marco inaugural a


Revolução Francesa até o presente);

INSTALAÇÕES - IMERSIVAS, INTERATIVAS, COLABORATIVAS,

COMPOSIÇÕES
O termo “instalação” é incorporado, nos anos 1960, às artes visuais,
designando assemblage ou “ambiente construído em espaços de galerias e
museus”. O termo assemblage representa uma junção da pintura com a
escultura, ao trazer para a tela diferentes materiais como papéis, tecidos,
madeira, metais colados e amontoados. Foi usado pela primeira vez em
referência ao trabalho de Jean Dubuffet para a exposição The art of
assemblage, no Museu de Arte Moderna (MOMA), de Nova York, em 1961.

18 Happenings in 6 Parts, de Allan Kaprow, 1968.

Saiba mais

Allan Kaprow usou o termo "ambientação" (environment), em 1958, para


descrever os espaços interiores transformados por ele. Depois, adotou termos
como "arte projeto" e "arte temporária” para designar esses mesmos espaços.
E, somente mais tarde, esses espaços modificados passaram a ser chamados
de instalação.

O que é próprio da instalação é a modificação, a transformação do espaço,


sendo o local ocupado pela instalação tomado como parte integrante da obra.
E como era de se esperar, desde o início das montagens das instalações,
assim como observamos com os happenings e com as performances, seus
contornos não foram bem definidos.
Podemos dizer que instalações tiveram origem com os trabalhos intitulados
Merz (1919), de Kurt Schwitters (1887-1948) e obras de Marcel Duchamp
(1887-1968), sobretudo duas que ele cria para exposições realizadas em Nova
York, em

 1938 (em que o artista coloca sacos de carvão no teto e força a


mudança de perspectiva de observação); e em
 1942 (Milhas de barbantes, em que o artista atravessa “milhas” de
barbantes pelo espaço do museu).

Observamos que a instalação cria novos contextos a partir da modificação dos


espaços. A apreensão da obra depende do envolvimento do público com o
espaço da montagem, sendo que, em alguns casos, a obra somente acontece
a partir da intervenção e da participação desse público, como nas instalações
interativas.
Existe, com isso, o deslocamento do processo de contemplação para o
processo de imersão, por inserir a instalação em um contexto espaço-temporal
próprio e único, envolvendo o espectador, a quem é aberta a possibilidade de
imersão/interação.
The Lego Project, de Olafur Eliasson, 2019.

As instalações podem ser temporárias ou permanentes, construídas em


espaços de exposições, tais como museus e galerias, bem como os espaços
públicos e privados. Por serem espaços modificados, não são peças de arte
colecionáveis. Afinal, muitas instalações são projetadas para existir apenas no
espaço para o qual foram criadas. São obras híbridas, por incorporarem uma
ampla gama de objetos do cotidiano e de materiais naturais com o intuito de
envolver, despertar o interesse e a curiosidade, causar estranhamento.

Desvio para o vermelho, de Cildo Meireles.

Impossível deixar de pensar no impacto causado ao entrarmos em Desvio para


o vermelho, no museu Inhotim-MG. A obra do brasileiro Cildo Meireles foi
montada, pela primeira vez, em 1967, retratando sentimentos, como a paixão,
a revolta e a violência, relacionados à ditadura militar. Você imediatamente se
vê cercado de vermelho! Em cada um dos três ambientes tudo é vermelho; o
primeiro é uma sala na qual todos os objetos são vermelhos, criando
estranhamento.
Não necessariamente as instalações são construídas como ambientes
cenográficos, em espaços geralmente fechados, possuindo diversas formas de
expressão artística que, em conjunto, buscam estimular os sentidos humanos;
objetiva-se, assim, envolver o visitante da exposição. O conceito é amplo.
Atualmente, consideramos a utilização de recursos tecnológicos e mídias
digitais como vídeo, som, realidade virtual e aumentada, internet, dispositivos
não convencionais de interação, podendo serem combinados a performances.
Desde então, muitos artistas vieram descobrindo maneiras de reinventar o
espaço e envolver o público nas instalações. Para citar alguns:

Waterfall , de Olafur Eliasson, 2016.

Olafur Eliasson (1967), artista dinamarquês-islandês, cria suas instalações


empregando materiais elementares, tais como luz, água e temperatura do ar
para melhorar a experiência do espectador.
The Floating Piers, de Christo and Jeanne-Claude, 2016.

Christo (1935-2020) e Jeanne-Claude (1935-2009) foram um casal de artistas


conhecidos mundialmente por suas instalações, viveram juntos por 51 anos. A
partir de 1994, o casal passou a usar oficialmente os dois nomes juntos, com
direitos iguais para as suas obras.

Cloud Gate/The bean , de Anish Kapoor, 2004.

Anish Kapoor, artista indiano-britânico, traz para suas obras a simplicidade das
curvas monocromáticas.
No final, o que importa é o conceito

Podemos considerar que tudo isso começou com Marcel Duchamp com os
ready-mades (Os ready made são objetos industrializados que, retirados de
seu contexto cotidiano e utilitário, transformam-se em obras de arte.),
desmistificando a obra de arte e a figura do artista, transformando objetos
industriais em arte. Quando apresentou a Roda de bicicleta (1913) e a Fonte
(1917), o artista queria que o observador identificasse a singularidade da obra
de arte. O simples designá-los como obras de arte já os tornava arte?
A Arte conceitual está no centro da Arte contemporânea. Praticamente, todos
os movimentos e todas as expressões da arte a que se refere a Arte
contemporânea atravessam a Arte conceitual. Ela está além das formas, dos
materiais ou das técnicas. Observamos o predomínio das ideias, a
transitoriedade dos meios, a precariedade dos materiais.

One and Three Chairs, de Joseph Kosuth, 1965.

Saiba mais

O termo “Arte conceitual” foi utilizado pela primeira vez, em 1961, por Henry
Flynt, artista, escritor e filósofo estadunidense, ao referir-se às atividades do
Grupo Fluxus.

Cristina Freire (2006) afirma que a Arte conceitual opera uma análise crítica
das condições sociais e epistemológicas da prática visual ao revelar a
dinâmica dos circuitos ideológicos e institucionais de legitimação da arte. Em
outras palavras, a Arte conceitual questiona a própria arte em seus aspectos.
A ideia ou o conceito é o aspecto mais importante. Tudo é pensado e projetado
antecipadamente pelo artista, enquanto a execução da obra acaba, por ser
algo mecânico. Aliás, a execução nem precisa ser feita pelo próprio artista.
Interessante você pensar que é a ideia originalmente concebida pelo artista
que valida a obra, como obra. Ou ainda, a apreensão e interpretação dada pelo
observador valida conceitualmente a produção.

Pedra de roseta, de Joseph Kosuth, em Figeac, França, local de nascimento de Jean-


François - primeiro estudioso a decifrar hieróglifos.

Você entendeu a proposta de kosuth? É de fácil compreensão para você? Fica


claro e evidente por que se trata de arte conceitual?
Certamente que não! Afinal, esse é exatamente o maior problema da Arte
conceitual. Fazer com que o observador entenda a intenção do artista, a ideia e
o conceito que antecedem e resultam na obra em si.

É quando esbarramos em Sol LeWitt (1928-2007). Para ele, a ideia da obra em


si não é suficiente, visto que ela só está manifesta depois da obra acabada.
Esse pensamento contamina a racionalidade com que é vista a Arte conceitual,
tornando-a também intuitiva. Tudo bem que LeWitt era superliteral nos nomes
que dava para suas obras como Quatro tipos básicos de linhas retas e suas
combinações (1969); à primeira vista remete mais provavelmente a uma
equação matemática ou a um desenho geométrico do que a uma obra,
resultado de processos criativos. Ao mesmo tempo que existe uma
racionalidade explícita, ficamos reféns do subjetivismo das obras conceituais.

As principais caraterísticas da Arte conceitual são:

 Crítica ao materialismo e ao consumo


 Crítica às instituições ligadas ao mercado da arte
 Rompimento com a arte formal clássica
 Popularização da arte
 Retirada da importância da execução da obra
 Arte como ideia
 Ruptura com a arte clássica e formal
 Uso de diferentes mídias (fotografias, textos, vídeos)
 Incorporação de outros movimentos e expressões da Arte
contemporânea, tais como instalações e performances.

A Arte conceitual nos leva ao campo das ideias onde as obras são criadas. Sua
execução é processo e objeto acabado, e perde a importância diante do que foi
pensado para a obra. Se a execução se vê esvaziada, os registros ganham
também status de arte. Ao considerarmos as obras transitórias, efêmeras e que
duram o tempo do evento em si, considerar a validação da obra pelos registros
torna-se essencial.
Verificando o aprendizado

1. (Enem-2017)

Figura 1 - Cama, de Robert Rauschenberg, 1995. Óleo e lápis em travesseiro, colcha


e folha em suporte de madeira. 191,1x80x20,3cm. Museu de Arte Moderna, NY.

No verão de 1954, o artista Robert Rauschenberg (1925-2008) criou o termo


combine para se referir as suas novas obras que possuíam aspectos tanto da
pintura como da escultura. Em 1958, Cama foi selecionada para ser incluída
em uma exposição de jovens artistas americanos e italianos no Festival dos
Dois Mundos, em Espoleto, na Itália.
Os responsáveis pelo festival, entretanto, recusaram-se a expor a obra e a
removeram para um depósito. Embora o mundo da arte debatesse a inovação
de se pendurar uma cama em uma parede, Rauschenberg considerava sua
obra “um dos quadros mais acolhedores que já pintei, mas sempre tive medo
de que ninguém quisesse se enfiar nela”.
(DEMPSEY. A. Estilos, escolas e movimentos: guia enciclopédico da arte
moderna. São Paulo: Cosac & Naify, 2003) A obra de Rauschenberg chocou o
público, na época em que foi feita, e recebeu forte influência de um movimento
artístico que se caracterizava pela:

a) Dissolução das tonalidades e dos contornos, revelando uma produção


rápida.
b) Exploração insólita de elementos do cotidiano, dialogando com os
ready-mades.
c) Repetição exaustiva de elementos visuais, levando à simplificação
máxima da composição.
d) Incorporação das transformações tecnológicas, valorizando o
dinamismo da vida moderna.
e) Geometrização das formas, diluindo os detalhes sem se preocupar com
a fidelidade ao real.

Comentário
Parabéns! A alternativa "B" está correta.

O ready-made é uma expressão da arte que utiliza objetos do cotidiano


produzidos por outras pessoas, normalmente com alguma função utilitária. No
contexto, o artista se apropria de tais objetos, ressignificando-os.
2. (Enem 2015)

Na exposição A artista está presente, no MoMa, em Nova York, a


performer Marina Abramovic fez uma retrospectiva de sua carreira. No
meio desta, protagonizou uma performance marcante. Em 2010, de 14 de
março a 31 de maio, seis dias por semana, em um total de 736 horas, ela
repetia a mesma postura. Sentada em uma sala, recebia os visitantes, um
a um, e trocava com cada um deles um longo olhar sem palavras. Ao
redor, o público assistia a essas cenas recorrentes.

(ZANIN, L. Marina Abramovic, ou a força do olhar. Consultado em meio


digital em 4 nov. 2013) O texto apresenta uma obra da artista Marina
Abramovic, cuja performance se alinha a tendências contemporâneas e
se caracteriza pela:

a) Inovação de uma proposta de arte relacional que adentra um museu.


b) Abordagem educacional estabelecida na relação da artista com o
público.
c) Redistribuição do espaço do museu, que integra diversas linguagens
artísticas.
d) Negociação colaborativa de sentidos entre a artista e a pessoa com
quem interage.
e) Aproximação entre artista e público, o que rompe com a elitização dessa
forma de arte.

Comentário

Parabéns! A alternativa "D" está correta.

Nessa performance, Marina Abramovic busca uma conexão com as pessoas


através do olhar. É necessário que haja a colaboração do público e a
disposição para a troca, que ocorre no âmbito dos sentidos e das emoções.

MÓDULO 3

Reconhecer as interseções que se tornaram possíveis mediante processos


disruptivos que ocorreram no espaço da arte

De portas abertas para a arte

Desde a Segunda Guerra Mundial, assistimos a um desfilar de movimentos


sociais, de mudanças econômicas e políticas; vimos a globalização promover
aproximações inimagináveis; presenciamos a arte e a cultura saírem das
galerias e dos museus e entrarem na era da reprodutibilidade técnica, nas
palavras de Walter Benjamin (1892-1940 Foi um ensaísta, crítico literário,
tradutor, filósofo e sociólogo judeu alemão; associado à Escola de Frankfurt e à
Teoria Crítica. Fonte: Wikipédia). A humanidade tornou-se campo fértil para o
desenvolvimento de movimentos disruptivos, na contramão das tradições,
reinventando espaços, colocando a arte definitivamente no campo das
experimentações.
A ordem é não ter ordem, regras predefinidas, é quebrar de paradigmas, deixar
de lado convenções, “seguir o fluxo”. Os artistas, cada vez mais ecléticos em
suas criações, passaram a tirar inspiração do agora, no “olho do furacão”, na
vida e nos espaços disponíveis, sejam abertos, fechados, em composições
urbanas, em meio à natureza, em virtualizações imersivas, em realidade
aumentada, impressos no corpo do próprio artista e do público, ou em seus
espaços mais íntimos. Um prato cheio para filósofos e teóricos que estudam a
beleza, a estética e as poéticas da criação.

Neon, de Michelangelo Pistoletto, 2015.

Daqui a pouco, a Arte contemporânea completa um século, tão contemporânea


quanto foi em seus primórdios:

 Reinventando tendências,
 Absorvendo influências,
 Sendo crítica,
 Questionadora,
 Rebelde,
 Expressão criativa dos processos.

São os mistérios da Arte contemporânea que fascinam! Aquilo que não somos
capazes de discernir literalmente, não compreendemos. E o que não
compreendemos, causa

 Estranhamento,
 Reflexão,
 Rejeição e
 Mesmo paixão.

Muitos dos movimentos que surgiram, no mesmo caldeirão que a Arte


conceitual, têm a prerrogativa de causarem incômodo, desconforto e
incompreensão.
Convidamos você a reconhecer algumas dessas interseções presentes na Arte
contemporânea. Movimentos que apresentam características bem definidas,
permitindo-lhes existirem de forma individualizada e que, no entanto, trazem
elementos comuns desse período controverso e instigante da arte.

Assista ao vídeo a seguir para conhecer mais sobre os movimentos de Pop


art, Op art e Minimalismo.

Pop art –

 Movimento importante para arte contemporânea;


 Contexto pós guerra;
 EUA querendo movimenta sua industrialização;
 Incentivo ao consumo por parte da população;
 Mulheres voltam da guerra para seus lares;
 Publicidade muito grande para consumo domiciliar;
 Aparelhos eletrodomésticos
 Reinserção da mulher no espaço domestico
 Consumo exacerbado e incentivo pelos Norte Americanos
 Se reflete na arte;
 Utilizar matérias de consumo dentro da arte;
 Andy Wahol faz essa apropriação;
 Composição da materialidade da arte contemporânea;
 Constitui sua singularidade;
 Objeto da sociedade de consumo inserido dentro de sua composições
estética;
 A fábrica – Estúdio onde o artista manejava sua obra como se estivesse
dentro de uma fábrica;
 Dentro da história da arte uma experimentação com uma materialidade
que está conectada com as esferas do consumo diário cotidiano;

Op art (Optical Art)

 Uma experimentação sobre a percepção e olhar;


 Utilização de formas geométricas diferentes ou mesmo geometrização
do olhar;
 Uma experiência com elementos estéticos que nunca tinha sido
utilizados dessa maneira;
 Desejo de outra relação com as questão estética da obra de arte;
 Tridimensionalidade dentro da composição estética;
 As pessoas que estão vendo, a fruição estética da obra conectada com
aquele quem vê;
 Ela precisa do espectador com seu olhar a obra se completa

Minimalismo

 Contrário ao expressionismo abstrato;


 Jackson Polem seu maior representante;
 Explorar a questão das formas geométricas;
 Não explorar de forma exacerbada;
 Explora de uma forma mais objetiva;
 Não se deseja que a obra tenha um sentido;
 O objeto da arte e simples e uma geometrização da questão estética;
 O uso de matérias diversos aço, ferro, madeira, luzes etc...;
 Donald Judd, grande artista e expoente do minimalismo;
 Muitas manifestações artísticas e estéticas, efervescência cultural e
política e social da segunda metade do século XX.
Nem tudo que vemos é o que parece ser. Op Art

Optical art (arte ótica) ou, simplesmente, Op art surgiu na década de 1960, nos
Estados Unidos, trazendo para as obras a precisão matemática nas linhas e
formas abstratas, geralmente colocando em contraste o preto e branco. Apesar
do rigor com que cada obra é construída, a Op art cria a ilusão de movimento,
simbolizando a instabilidade do mundo que está em constante mudança.
As imagens brincam com os processos de percepção visual ao adotarem uma
abordagem científica, empregando habilidades técnicas e matemáticas. Essa é
a forma encontrada pelos artistas da Op art para criticar a indústria e os
avanços tecnológicos.

Circa, selo de correios desenvolvido por Josef Albers, 1980.

Vonal Stri, de Victor Vasarely, 1975.

A expressão Optical art foi usada pela primeira vez em outubro de 1964 pela
Revista Time. Porém, foi com a exposição The responsive eye (1965, MoMA,
NY) que a expressão ficou conhecida. O movimento artístico ganhou
popularidade em comerciais e foi parar nas mãos de estilistas e de artistas
gráficos. Posteriormente, toda arte que causasse efeitos psicofisiológicos, em
função do uso de perspectiva reversível, interferência de uma linha, vibração
cromática ou contraste de cores causando ilusão e efeitos ópticos passaria a
ser chamada de Op art.
Considerado o pai da Op art, Victor Vasarely (1908-1997), influenciado pela
arte cinética, construtivista e abstrata e pela Bauhaus, cria, nos anos 1930,
trabalhos compostos por listas diagonais em preto e branco, curvadas de tal
modo que dão a impressão tridimensional de uma zebra sentada - Zebra
(1938). Antes dessa data, porém, encontramos trabalhos de Piet Mondrian
(1872-1944) identificados como Op art (Composição em linhas, 1917).

Artes de Victor Vasarely.

Bridget Riley é a mais conhecida dos artistas da Op art, e certamente a mais


emblemática. Inspirada por Vasarely, apresentou construções geométricas e
combinações de cores calculadas para provocar essa sensação de movimento
e instabilidade. Sua primeira exposição individual foi em 1962, na Gallery One,
EUA. Desenvolveu um método próprio para criar suas pinturas, elaborando as
imagens de forma intuitiva em papel quadriculado. Regra geral, eram seus
assistentes que executavam suas obras. O processo produtivo, defendido na
Arte conceitual, faz-se presente, ou seja, é a combinação de conteúdos, as
escolhas e a concepção da imagem que tornam Riley autora.

Movement in Squares, de Bridget Riley, 1961.


Outros artistas merecem destaque no movimento:

Homage to the Square, 1976, de Josef Albers (1888-1976).

A12, de Tadasky (1935), 1962.


Formas, de Almir da Silva Mavigner (1935-).

Concreção 9202, de Luiz Sacilotto (1924-2003), 1992 - principal representante da Op


art e da arte concreta no Brasil.
São características do movimento:

 Formas geométricas e linhas


 Abstração
 Tridimensionalidade
 Efeitos óticos e visuais
 Movimento aparente
 Contraste de cores
 Tons vibrantes, especialmente preto e branco
 Observador participante

QUER DIZER QUE TODA ILUSÃO DE ÓTICA É OP ART?

Certamente não, mas toda obra estática e bidimensional, abstrata, que usa em
sua estética recursos que confundem a visão por meio de contraste e
combinação de linhas, dando a impressão de que a imagem está em
movimento é Op art.
Praticamente, no mesmo período, veremos nascer a Pop art. Se a Op art critica
a sociedade da época a partir da adoção de princípios científicos e matemática,
para a criação dos trabalhos artísticos a Pop arte lança sua crítica por meio da
utilização de objetos e imagens símbolos do consumismo.

Pop art lança crítica aberta ao consumismo

Ao considerarmos as origens da Pop art, fica fácil estabelecer sua relação com
o consumo. Para reconstruir a economia, nos anos que se seguiram à
Segunda Guerra Mundial, era preciso incentivar e popularizar o consumo. Ao
aproveitar uma brecha, deixada pela arte aplicada e a arte comercial, a Pop art
preenche um lugar de fácil compreensão para os leigos.
Vem para confrontar toda essa ideologia dos padrões de consumo instituídos
pelas mídias. Com um toque de ironia, critica a sociedade cultural por meio da
crítica aos objetos de consumo, aqueles mesmos usados no cotidiano da
população. Por isso, falamos do movimento como uma forma irônica de tratar a
massificação de gostos e costumes dados pelas mídias de massa, além de
fazer uma clara oposição ao Expressionismo abstrato, movimento que marca o
início da Arte contemporânea.

Diamond Dust Shoes, de Andy Warhol, 1980.


Saiba mais

O termo Pop art foi utilizado pela primeira vez em 1954, pelo crítico inglês
Lawrence Alloway (1926-1990), para chamar de arte popular as criações em
publicidade, no desenho industrial, nos cartazes e nas revistas ilustradas.
Lawrence Alloway é considerado um dos precursores do movimento e, como
fundador do Independent Group, reuniu um grupo de artistas independentes
composto por pintores, escritores, escultores e críticos, que desafiou as bases
do Expressionismo abstrato. Sendo a Inglaterra o berço da Pop art, em
meados da década de 1950, foi nos Estados Unidos que o movimento ganhou
destaque, no início dos anos 1960, especialmente em Nova York.

In the car, de Roy Lichtenstein, 1963. Óleo sobre tela (172x 203,5cm), Scottish
National Gallery of Modern Art, Edinburgh, Escócia, UK.

É aqui que um quadrinho de história vira pintura, que o semblante de um ícone


pop, repetido várias vezes, ganha status de arte, ou que um elemento inflável
pode ser chamado de escultura. A Pop art tem referência na fotografia, nos
quadrinhos, na publicidade, na televisão e no cinema.
Até aquele momento, não havia sido considerado fazer de peças, que mais
carregavam caráter publicitário, arte, como as sopas Campbell ou as garrafas
de Coca-Cola de Andy Warhol (1927-1987). A irreverência de Warhol fez dele o
pai da Pop art; revolucionou o movimento ao utilizar a serigrafia (silk screen)
como técnica para reproduzir mensagens repetidas e expressar sua crítica ao:
 Consumismo,
 À impessoalidade e
 À despersonalização das figuras públicas,
 À massificação e
 À mecanização da sociedade.

Ele era uma daquelas figuras cuja imagem já era emblemática; ao mesmo
tempo em que:

 Despia os objetos de significado,


 Esvaziava as pessoas de sua celebridade;

Ele se revestia como um ícone da própria cultura pop.

Self-Portrait, de Andy Warhol.

Ingrid Bergman (como ela mesma), de Andy Warhol, 1983.

Mais uma vez surge a pergunta:


O QUE MERECE SER CHAMADO DE ARTE?

A Pop art se aproxima da população que não tinha acesso a galerias e


museus, estando à margem da aura que cercava a arte. Tudo bem que essa
aura já não era tão maculada quanto antes da Segunda Guerra Mundial. Só
que, agora, as formas tradicionais de arte foram convertidas a impressões e
colagens de elementos incompatíveis dentro de uma estética formal.

SE A TELEVISÃO E O CINEMA DITAVAM OS GOSTOS E COSTUMES, POR

QUE NÃO REFERENCIÁ-LOS?

Para gerar modismos que aproximaram do gosto das massas ou que pelo
menos criavam ponto entre elementos que eles reconheciam à primeira vista.
Sem segundas intenções, uma lata de sopa é uma lata de sopa!
São as principais características da Pop art:

 Linguagem figurativa e realista


 Temática urbana das grandes cidades, de seus aspectos sociais e
culturais
 Representação de caráter inexpressivo, preferencialmente frontal e
repetitiva
 Ausência de planejamento crítico

 Combinação da pintura com colagens de objetos


 Formas e figuras em escala natural e ampliada
 Uso de materiais inspirados na indústria e nos objetos de consumo
 Reprodução exagerada de objetos do cotidiano

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