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PROPÓSITO
Conhecer as bases da linguagem visual e do design gráfico para a obtenção do próprio
arcabouço metodológico e a consequente construção de mensagens visuais potentes.
PREPARAÇÃO
Antes de iniciar a leitura do conteúdo, certifique-se de ter papel e lápis por perto para
acompanhar o tema.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
MÓDULO 2
MÓDULO 3
INTRODUÇÃO
Você sabia que qualquer trabalho que envolva comunicação visual é mais bem
aproveitado a partir do conhecimento de elementos da imagem, da composição visual e
do design gráfico?
Desse modo, você vai se capacitar tanto para analisar quanto para utilizar gráficos,
composições tipográficas e peças gráficas. Por conta disso, precisamos conhecer os principais
movimentos de arte e design e seus pioneiros que construíram as bases do design gráfico
internacional e brasileiro.
MÓDULO 1
O DESIGN E A PUBLICIDADE
O que são o design e a publicidade?
Design
É a área do conhecimento que, pela atividade projetual, dá forma concreta a ideias abstratas e
subjetivas. Ele é resultado da cultura na qual se insere. Surge na sociedade e é fruto dela,
buscando soluções para problemas específicos e espelhando as preferências e o senso
estético construídos socialmente.
Publicidade
É a área do conhecimento que apresenta os artefatos produzidos pela indústria ao seu público
consumidor. A publicidade possui características muito peculiares para tal tarefa: ela utiliza as
linguagens verbal e visual para sensibilizar o consumidor e criar nele o desejo de obter
determinado artefato.
O design e a publicidade andam de mãos dadas: são áreas afins, pois ambas comunicam de
formas complementares as mensagens de cunho verbal e visual que criarão o cenário de
sonho apto a seduzir o público consumidor.
Foto: Shutterstock.com
O ser humano ainda vivia em cavernas e já criava códigos pictóricos de suas caçadas e
daquilo que observava na natureza. Ao tratar das origens do design gráfico, a fundamentação
histórica nos ajuda a perceber a necessidade do homem em fazer o registro visual de seu
entorno.
Nos períodos mais remotos (e durante muito tempo), as manifestações da natureza eram um
mistério para esses seres humanos. Por isso, o registro desses fenômenos lhes dava a crença
de domínio sobre elas.
A REPRODUTIBILIDADE
A IMPRESSÃO
A REPRODUTIBILIDADE
É um dos pontos centrais do design gráfico que tem nas matrizes de reprodução seu princípio
básico. A imobilidade e a irreprodutibilidade eram até então um impedimento para que os
registros dos humanos os acompanhassem.
A IMPRESSÃO
Trata-se da transferência a partir de uma matriz para outra superfície, criando cópias idênticas
que derivam de um único original. A impressão só poderia ocorrer quando fossem
desenvolvidos substratos onde ela pudesse ser feita: papel, tecido, pergaminho etc.
Neste filme, o personagem de Harrison Ford precisa fazer uma cópia de um escudo do
cavaleiro cruzado para descobrir onde se localizaria o Santo Graal. Indiana Jones faz uma
transferência com um papel: riscando-o sobre a pedra, consegue obter o texto vazado por ele
estar em baixo relevo (esculpido na pedra). Este é um bom exemplo de mecanismo antigo de
reprodução.
Foto: Lucasfilm/Wikimedia Commons/licença (CC BY 3.0)
Pôster promocional do filme
Indiana Jones e a última cruzada.
O CARIMBO
Trata-se de mais uma técnica, sendo, aliás, uma das primeiras formas de transferência. Tendo
o carimbo como base, foram montados os primeiros sistemas de impressão. O carimbo
tradicional chinês é inscrito na base de uma pequena escultura decorativa.
Foto: Shutterstock.com
PRIMÓRDIOS DA TIPOGRAFIA
Falaremos sobre a impressão um pouco adiante. Antes dela, é importante que apontemos
outro caminho seguido pela comunicação visual. Ele pode, inclusive, ser pensado como uma
bifurcação dessa história.
Aos poucos, a reflexão sobre o entorno e as ações do homem em relação ao seu ambiente
começou a ser organizado por meio de outros símbolos que chegaram à escrita.
Figura: Shutterstock.com
Escrita cuneiforme dos sumérios.
As primeiras formas de escrita foram pictóricas. Naturalmente, elas foram sendo simplificadas
em suas formas para facilitar a comunicação. Na região do Crescente Fértil, dois povos
elaboraram sistemas de escrita alguns milênios antes de Cristo: os egípcios, com seus
hieróglifos, e os sumérios, com a escrita cuneiforme (inicialmente mais representativa, ela aos
poucos foi se tornando um alfabeto).
Figura: Shutterstock.com
Hieróglifo, s./d.
A escrita pode ser a contrapartida visual da fala, ou seja, da produção de sons para se
comunicar. Mas essa contraposição não é apenas em relação a ela, mas também ao
pensamento.
A escrita também é um elemento visual, ainda que muito particular, com características
diferentes das que estão presentes em outras imagens. Além disso, ela é extremamente
importante para a civilização. Segundo Meggs e Purvis (2009, p. 19), sua invenção “trouxe aos
homens o resplendor da civilização e possibilitou preservar conhecimento, experiências e
pensamentos arduamente conquistados”.
Nessa passagem do mais pictórico para a escrita tal como a conhecemos hoje, ou seja,
alfabética, é possível identificar que os primeiros alfabetos tinham símbolos a representar
coisas e seres.
Foto: Shutterstock.com
PEDRA DE ROSETA
A Pedra de Roseta permitiu o acesso a uma mensagem até então indecifrável. A chave para
decifrar o mistério veio da comparação entre os textos da pedra em três sistemas de escrita:
hieroglífica, demótica e grega.
Figura: Shutterstock.com
A partir da identificação dos nomes de Ptolomeu e Cleópatra nesses três textos, o egiptólogo
francês Jean-François Champollion conseguiu, em 1822, decifrar grande parte dos símbolos
fazendo as associações de sons.
Com o tempo, o alfabeto latino, em particular, foi se aproximando do que conhecemos hoje.
RESPOSTA
Foto: Shutterstock.com
Coluna de Trajano.
SAIBA MAIS
Vem também do alfabeto romano outra peculiaridade que conhecemos atualmente na
tipografia: a serifa (traço ou espessamento no fim das hastes das letras).
Há duas teorias quanto à história dela. Alguns pesquisadores sustentam que as serifas eram
marcas do cinzel feitas no término do entalhamento das letras, enquanto outros afirmam que
esse tipo era uma limpeza do pincel que pintava cada letra antes de ser lavrada.
Hoje em dia, a serifa é usada para ajudar na leitura de determinados textos, em especial os
mais longos, porque seu tracejado abaixo da fonte conduz o olhar do leitor. Jornais, por
exemplo, têm fonte serifada em seus textos e fontes sem serifa nos títulos.
Avançando no tempo, chegamos a um período histórico que vai do século IX ao XV. Houve
nessa época uma mudança fundamental na produção de originais: a adoção do códice em vez
dos rolos de pergaminho.
Foto: Shutterstock.com
Foto: Shutterstock.com
A xilogravura, técnica de impressão com matrizes esculpidas em madeira, foi a base de todo o
desenvolvimento dos sistemas gráficos.
Como lembram Philip Meggs e Alston Purvis em História do design gráfico, o julgamento da
história é que Johannes zum Gutenberg (1400-1468) reuniu todo o sistema necessário para a
impressão de um livro tipográfico por volta de 1450. Os autores, aliás, também ressaltam a
importância do suporte, o papel, ter vindo da China para a Europa.
Esses tipos eram as letras. Elas se juntavam para formar o “carimbo” em metal de cada palavra
– e assim sucessivamente.
Foi dessa forma que Gutenberg criou o que consideramos o primeiro sistema de imprensa. É
sempre importante lembrar que a arte e a técnica se alimentam e se complementam.
Podemos destacar as oficinas de Anton Koberger (1440-1513). Elas possuíam cerca de 100
artesãos, 24 prensas e centenas de edições (entre elas, 15 bíblias).
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Figura: Anton Coberger/Wikimedia Commons/Licença (CC0)
Xilogravura da Bíblia de Koberger, 1483.
O RENASCIMENTO
Apesar de Florença ter sido o berço artístico do Renascimento, Veneza, centro comercial e
portão da Europa para outras nações, foi a cidade que liderou a produção de livros tipográficos
italianos.
No Renascimento, surgiu ainda uma técnica de desenho até hoje importante na comunicação e
na composição visuais: a perspectiva. Esse período histórico produziu, inclusive, grandes
contribuições à nossa cultura e, consequentemente, à nossa gramática visual.
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Figura: Giambattista Bodoni/Wikimedia Commons/Licença (CC0)
Manuale tipografico de Bodoni, 1818. Peça publicitária para divulgar a qualidade e a beleza
das impressões da Oficina de Parma.
SAIBA MAIS
O termo “Renascimento”, informam Meggs e Purvis (2009), foi usado originalmente para
denotar o período iniciado nos séculos XIV e XV na Itália, quando a literatura clássica da
Antiguidade grega e romana foi restaurada e novamente lida. Entretanto, a palavra costuma ser
hoje empregada para abranger o período que marca a transição do mundo medieval para o
moderno. Na história do design gráfico, o renascimento da literatura clássica e a obra dos
humanistas italianos estão intimamente ligados a uma abordagem inovadora do design de
livros.
A) Engenho
B) Técnica
C) Suporte
D) Reprodutibilidade
E) Aderência
A escrita tal como a conhecemos hoje (em especial, no alfabeto latino) foi formada por escritas
pictóricas. Os primeiros alfabetos retratavam seres e coisas. Talvez somente o alfabeto braille
não seja visual, e sim tátil. Trata-se de uma exceção que confirma a regra – e até ele foi criado
a partir do alfabeto latino.
MÓDULO 2
PONTO
LINHA
PLANO
ESPAÇO
VOLUME
Por fim, ainda exploraremos a cor e a tipografia como elementos importantes desse arranjo.
Seus elementos mais complexos resultam, de alguma maneira, da interação entre pontos,
linhas e planos.
Ellen Lupton e Jennifer Philips (2008) afirmam que o ponto, a linha e o plano compõem
os alicerces do design.
Tendo como ponto de partida o ponto, podemos lembrar que a reprodução de imagens em
sistemas gráficos — como o offset e o digital , por exemplo — utiliza a retícula, um padrão
de pontos maiores ou menores em concentrações que simulam a variação tonal. É a partir da
impressão desses pontos que se obtém qualquer imagem nesses sistemas.
Foto: Shutterstock.com
EXEMPLO DE RETÍCULA
Foto: Shutterstock.com
O PONTO
Ele indica uma posição no espaço em termos geométricos, sendo um par de coordenadas X, Y.
Além de indicar precisão, o ponto não tem massa. Uma série de pontos forma uma linha.
A LINHA
Ela é uma série infinita de pontos. Apesar de comprimento, não tem largura. Uma linha também
pode ser entendida como a conexão entre dois pontos ou o trajeto de um ponto em movimento.
Linhas ainda podem ser retas ou curvas.
Quando combinadas, elas formam planos. Quando cruzadas em diversas direções, criam
texturas e hachuras e simulam volume. O grid ou malha é um elemento do design gráfico
formado por eixos ou linhas verticais e horizontais.
GRID
O grid tipográfico é um princípio organizador no design gráfico. O seu uso permite clareza
e eficiência na diagramação.
O PLANO
Trata-se de uma superfície contínua que se estende em altura e largura. O plano pode ser
definido ainda como o trajeto de uma linha em movimento. Uma linha se fecha para se tornar
uma forma, ou seja, um plano delimitado.
EXEMPLO
Como preconiza o designer Christian Leborg, uma superfície é definida por duas linhas que
não coincidem ou por um mínimo de três pontos fora de uma linha.
Foto: Shutterstock.com
Além disso, o plano pode ser sólido ou perfurado, opaco ou transparente, rugoso ou liso.
Foto: Shutterstock.com
Uma mancha de texto (ou seja, o desenho formado pela parte escrita de um texto em
contraposição às bordas das páginas) é um plano feito de pontos e linhas de tipos.
Foto: Unsplash.com
A tipografia, por sua vez, “compreende letras individuais (pontos) que compõem linhas e
manchas de texto”, completa Lupton (2012, p. 13).
ESPAÇO E VOLUME
Um objeto gráfico que comporta espaço tridimensional tem altura, largura e profundidade. Já o
volume é representado por convenções gráficas: a chamada perspectiva.
Para usarmos outra definição de Christian Leborg, um volume é um “espaço vazio” – mas não
o vazio, e sim um espaço definido por superfícies, linhas e pontos.
RESPOSTA
RESPOSTA
A palavra “perspectiva” vem do latim perspicere (ver através de). Se você se colocar
atrás de uma janela envidraçada e, sem se mover do lugar, desenhar no vidro o que está
vendo através dela, terá feito uma perspectiva. Portanto, ela é a representação gráfica
que mostra os objetos como eles aparecem à nossa vista: com três dimensões.
PERSPECTIVA CÔNICA:
É a perspectiva com pontos de fuga (os quais, muitas vezes, aprendemos em aulas de
desenho). Ela simula distorções óticas, fazendo objetos próximos parecerem maiores e os
distantes se tornarem pequenos.
Figura: Shutterstock.com
PROJEÇÕES AXONOMÉTRICAS:
A cor tem leis que definem sua utilização. Elas envolvem luz, movimento, peso, equilíbrio e
espaço. Seu valor expressivo a torna um elemento de transmissão de ideias e sentimentos.
Foto: Shutterstock.com
O DE LUZ
Foto: Moses Harris. Domínio público
O DE PIGMENTO
As cores têm diferentes valores emotivos ou simbólicos dependendo de onde você estiver. O
vermelho, por exemplo, pode significar perigo ou uma indicação para alguém parar (como
ocorre no Ocidente).
O significado cultural das cores não pode ser ignorado. Mas o fato é que esse componente se
tornou um recurso valioso do design.
A COR...
ACRESCENTA:
FACILITA:
CODIFICA:
Dinamismo, atrai a atenção e emociona o receptor.
A organização dos elementos em uma página, guiando o olhar de um item para o outro,
dividindo elementos e áreas e agrupando itens semelhantes.
EXEMPLO
O tipo do papel e a qualidade da gráfica também fazem a diferença. Sendo assim, é importante
estar atento a diversos aspectos, porque conhecer as tecnologias de impressão aumenta as
possibilidades criativas.
As cores são compostas de diferentes comprimentos de onda de luz, o que possibilita a criação
de uma quantidade infinita delas. O computador pode produzir mais de 16 milhões de cores – e
o olho humano pode distinguir ainda mais do que isso!
Foto: Shutterstock.com
Elas são o primeiro aspecto que registramos quando avaliamos algo e desenvolvemos várias
associações com certas cores, o que é chamado de simbolismo das cores.
Se essa modulação se verifica a intervalos regulares e contínuos, dizemos que há uma escala.
Ao contrário das escalas monocromáticas, as policromáticas são realizadas graças à
modulação de duas ou mais cores.
Figura: Erik Oliveira
ESCALA MONOCROMÁTICA
ESCALA POLICROMÁTICA
MATIZ
Fusão do branco com uma cor
SOMBREADO
Fusão do preto com uma cor
TONALIDADE
Fusão do cinza com uma cor
MATIZ
Fusão do branco com uma cor
SOMBREADO
Fusão do preto com uma cor
TONALIDADE
Fusão do cinza com uma cor
A saturação é o grau de “pureza” de uma cor. Temos uma cor saturada quando, em sua
composição, não entram o branco nem o preto, estando ela exatamente dentro do
comprimento de onda que lhe corresponde no espectro solar.
75% de saturação
saturação média
25% de saturação
0% de saturação
GRADAÇÃO DE SATURAÇÃO NO MODELO HSV
75% de saturação
saturação média
25% de saturação
0% de saturação
O modelo HSL (hue , saturation, value ou, em português, matiz, saturação e luminosidade)
mede a saturação em relação ao branco.
A luminosidade é a capacidade de qualquer cor refletir a luz branca que há nela; por isso, ela
decorre da iluminação.
De acordo com Farina (2004), a cor é uma realidade sensorial na medida em que produz
sensações e atua sobre as emoções.
OS SIGNOS
“Este deve ser o bosque”, disse pensativamente “em que as coisas não têm nomes. O que será
que vai ser do meu nome quando eu entrar nele? Não gostaria nada de perdê-lo... porque
teriam de me dar outro, e é quase certo que seria um nome feio. Mas, nesse caso, o engraçado
seria tentar encontrar a criatura que ficou com meu antigo nome. [...] Assim divagava quando
chegou ao bosque: parecia muito fresco e sombrio. “Bem, de todo modo é um grande alívio”,
disse ao entrar sob as árvores, depois de sentir tanto calor, entrar sob... o quê?” Continuou
bastante surpresa de não conseguir lembrar a palavra.
Através do Espelho e o que Alice encontrou por lá ((CARROL, 2000)) (Continuação de Alice
no País das Maravilhas).
“Esse trecho”, analisa Fiorin (2003, p. 55), “mostra que Alice, quando atravessa o bosque onde
as coisas não têm nome, é incapaz de apreender os objetos em torno dela, não sabe o que
eles são. Isso significa que a realidade só tem existência para as pessoas quando é nomeada.
Os signos são assim, uma forma de apreender a realidade".
O primeiro termo foi utilizado por Ferdinand de Saussure (1857-1913), um famoso linguista
suíço; o segundo, pelo norte-americano Charles Sanders Peirce (1839-1914).
Contemporâneos, Saussure e Peirce desenvolveram seus estudos entre o final do século XIX e
o início do XX, sem que um tomasse conhecimento da obra do outro.
Conseguiu descobrir?
RESPOSTA
Todos são signos.
Mini Cooper
Filme: ET – O extraterrestre
Cadeira Bertoia
A semiótica de Peirce nos ajuda a pensar a linguagem visual e imagética. Seu objeto de estudo
é o signo, que pode ser definido como o estímulo portador da mensagem ou do fragmento dela.
Ele, portanto, representa algo para alguém sob algum determinado prisma.
Figura: shutterstock.com
Sendo assim, o signo pode se apresentar das mais variadas formas. Trata-se de uma coisa de
qualquer espécie que representa algo. Aquilo que é representado pelo signo é chamada de
objeto. Assim, pode-se dizer que, quando posto no lugar do objeto, ele produz um efeito
interpretativo em uma mente real ou potencial.
“O mundo está cheio de signos”, lembrou-nos Roland Barthes (1985, p. 178), “mas esses
signos não têm todos a bela simplicidade das letras do alfabeto, das tabuletas do código de
trânsito ou dos uniformes militares: são infinitamente mais complicados”.
Peirce (1990) listou três tipos de signos ou modos dessa mediação dos significados:
ÍCONE
Existe aqui uma relação de semelhança entre o signo (que é a representação do objeto) e o
objeto em si. Ou seja, há uma relação icônica entre o signo e o seu significado.
ÍNDICE
Pode ser definido como uma parte a representar um todo adquirido anteriormente por meio de
experiência subjetiva ou herança cultural. Nessa categoria de signo, existe uma relação de
causalidade sensorial indicando seu significado. Como o próprio nome já diz (indício), tira-se,
por meio dele, alguma conclusão.
SÍMBOLO
Não existe no símbolo uma forte relação de semelhança entre o signo e o significado. Ele é,
portanto, abstrato, enquanto a relação de um com o outro é dada por meio de uma convenção.
Como na relação grafofonêmica das línguas, a escrita mapeia a fala, sendo puramente
convencionada. No entanto, os símbolos não são necessariamente referentes a línguas, como,
por exemplo, um símbolo de um time de futebol.
Portanto, para Peirce (1990), o signo é uma representação parcial do objeto e comunica algo
externo, informando parte do objeto que representa sem ser idêntico a ele.
O signo é uma abstração dos aspectos do objeto. Ele pode até mesmo ser fictício ou ter
mais de um significado. Nenhum signo é completo, porque ele está sempre referenciado a
algo.
Todas essas relações podem ser aplicadas a diferentes domínios do design, fazendo de suas
produções “signos complexos que constroem e desconstroem os sistemas de significação”,
ponderam Nojima e Almeida Jr. (2010, p. 10).
Foto: Unsplash.com
B) A composição visual não tem de se preocupar com códigos para que sua produção seja
livre. A criação deve se pautar em estética, e não em processos mentais.
D) A teoria dos signos trata de representações; logo, ela só pode ser usada depois da
produção de uma peça.
E) É impossível compor peças visuais sem a teoria da associação.
GABARITO
MÓDULO 3
PARE E REFLITA!
O equilíbrio é uma condição humana: precisamos dele para ficar em pé e andar, descrevem
Ellen Lupton e Jeniffer Cole Phillips (2008). Essa relação intuitiva nos capacitou a perceber o
equilíbrio ou o desequilíbrio em tudo à nossa volta, mesmo em relação a sentidos, sensações e
sentimentos.
Foto: Unsplash.com
O equilíbrio, segundo Lupton e Philips (2008, p. 29), “age como uma baliza para a forma
— ele ancora e ativa elementos no espaço”.
Figura: Aline Haluch
Equilíbrio e harmonia.
Isso ocorre porque a proporção e a localização dos elementos estão ruins: grandes demais,
apertados demais ou desalinhados.
O equilíbrio visual acontece quando o peso de uma ou mais coisas está distribuído igual ou
proporcionalmente no espaço. Os objetos grandes são um contraponto aos pequenos; os
escuros, aos claros – e assim em diante.
Foto: Unsplash.com
Ainda segundo Lupton e Phillips (2008), o ritmo é um padrão forte, constante e repetido, como
o toque dos tambores, o cair da chuva e os passos no chão. Um discurso, uma música, uma
dança: todos o empregam para expressar uma forma no tempo.
Portanto, os designers gráficos usam o ritmo na construção de imagens estáticas, bem como
em livros, revistas e imagens animadas que possuam uma duração e uma sequência. O design
de padronagem tende a empregar uma repetição contínua, mas a maioria das formas no
design gráfico busca ritmos pontuados por mudanças e variações.
Figura: Aline Haluch
Pulsação e ritmo.
O equilíbrio e o ritmo trabalham em conjunto para criar peças de design que pulsem, atingindo
estabilidade e/ou surpresa.
SIMETRIA E ASSIMETRIA
SIMETRIA
É um arranjo de forma e/ou distâncias idênticas. Segundo a definição de Christian Leborg, são
simétricos os objetos arranjados de forma idêntica nos dois lados de um eixo. Esse eixo e essa
simetria podem ser horizontais, verticais ou diagonais: o que importa é o “espelhamento” da
forma. A simetria em um corpo ajuda a gerar equilibrio
ASSIMETRIA
PROXIMIDADE: UNIDADE X
DESAGREGAÇÃO
A imagem de sinais ou de elementos agrupados depende do espaço que os une ou separa.
Figura: Aline Haluch
Unidade e desagregação.
Como defende Samara (2007), os alinhamentos entre massas e vazios estabelecem ligações
ou separações visuais entre eles. Ao quebrar o espaço no campo da composição, o designer
estimula e envolve o observador.
O movimento gestaltista:
Atuou no campo da teoria da forma, contribuindo nos estudos de percepção visual, linguagem,
inteligência, aprendizagem, memória, motivação, conduta exploratória e dinâmica de grupos
sociais.
Esta teoria, como podemos verificar, sugere o porquê de algumas formas agradarem mais do
que outras, opondo-se ao subjetivismo. A psicologia da forma se apoia na fisiologia do sistema
nervoso ao procurar explicar a relação entre sujeito e objeto no campo da percepção.
O termo “Gestalt” significa uma integração de partes em oposição à soma do todo. Pode ser
traduzido com o sentido de estrutura, figura e forma. Em design, a palavra sugere o termo “boa
forma”.
A fundamentação teórica da Gestalt parte deste entendimento: o que acontece no cérebro não
é idêntico ao que ocorre na retina. A primeira sensação já é de forma, sendo global e unificada.
Depois que você percebe uma forma, nunca mais consegue não a ver.
4
Essa ilusão vinda do olhar só acontece porque vemos relações. A excitação cerebral se
processa em relação ao grupo de três figuras e ao grid , assim como às relações dessas
partes no todo. Uma parece maior se comparada à outra por conta da dependência da sua
posição dentro do ângulo.
A imagem que nossa retina registra precisa ser decodificada pelo nosso cérebro; se não fosse
assim, nós a veríamos invertida. A máquina fotográfica mecânica capta a imagem da mesma
forma.
Foto: Shutterstock.com
Figura: Shutterstock.com
Também por não vermos partes isoladas, e sim relações, as linhas oblíquas não parecem
paralelas pela tensão que há entre as verticais e horizontais, assim como não fazemos
distinções entre o branco, o preto e o cinza.
Trata-se de uma das mais conhecidas ilusões de ótica do mundo. Nela, pode-se ver uma jovem
virando o rosto ou o perfil de uma senhora. A dica para quem não consegue enxergar a
senhora é que o colar da jovem e a boca da anciã.
Figura: W. E. Hill. Domínio público
My wife and my mother in law, de W. E. Hill, 1915.
Tesselação hexagonal com animais: estudo da divisão regular do plano com répteis, 1939.
PRINCÍPIOS BÁSICOS DA GESTALT
Nas pesquisas da Escola Gestalt, foram percebidas algumas constantes nas regras de
percepção ao se verificar a maneira como se ordenam ou se estruturam as formas
psicologicamente percebidas.
Os princípios que regem as forças internas das imagens são como leis de organização da
forma perceptual. Analisaremos alguns princípios e forças seguir:
FECHAMENTO
Tem a ver com a unificação. É a “produção” de contornos ou de impressão de continuidade em
que, na verdade, falta um preenchimento.
PROXIMIDADE
Dois ou mais elementos próximos são percebidos como uma unidade, enquanto os afastados
são notados como os diferentes.
Figura: Aline Haluch
Exemplo de proximidade.
SIMILARIDADE OU SEMELHANÇA
Dois ou mais elementos com atributos similares de tipografia, cor, tamanho e posição, entre
outros elementos, são percebidos em conjunto e tendem a ser agrupados. Já os que possuem
atributos diversos são notados como diferentes.
Figura: Shutterstock.com
Exemplo de similaridade ou semelhança.
Devemos tomar cuidado, pois isso afeta diretamente a legibilidade e a compreensão. Trata-se
de um problema comum, por exemplo, na criação de marcas quando um elemento gráfico é
inserido em substituição a uma letra. Isso pode ser feito, mas é preciso avaliar até que ponto.
Figura: Shutterstock.com
ALINHAMENTO
Em um conjunto de textos e elementos gráficos, os diferentes alinhamentos possíveis geram
diversas formas de organização e tensões distintas. Basicamente, temos estruturas alinhadas à
esquerda, centralizadas, alinhadas à direita ou blocadas (alinhadas simultaneamente à
esquerda e à direita).
Figura: Aline Haluch
O que é fundo pode também ser figura: não é fácil definir um e outro. Se nos concentrarmos na
taça, ela será a figura; porém, se olharmos mais o seu entorno, os rostos se tornarão a figura e
o centro, o fundo. Não é possível ver as duas imagens (taça e rostos) ao mesmo tempo.
CONTINUIDADE
Elementos dispostos em linha reta ou curva tendem a ser percebidos como contínuos.
Foto: Shutterstock.com
COMPOSIÇÃO DESEQUILIBRADA:
Figura: Aline Haluch
COMPOSIÇÃO EQUILIBRADA:
Além da organização dos elementos e dos alinhamentos entre textos e elementos, o uso da cor
e a composição tipográfica dos textos podem modificar o equilíbrio ou o peso visual de um
trabalho.
Os elementos tipográficos têm pouco contrate com o fundo e uma tipografia ilegível, tornando
mais visível o acúmulo de elementos na base.
COMPOSIÇÃO EQUILIBRADA:
Garrafas descoladas da base, texto visível, contrastado e com uma cor próxima a uma do
rótulo.
COMPOSIÇÃO VISUAL E PUBLICIDADE
Acompanharemos neste vídeo uma análise baseada nos princípios de comunicação visual
aprendidos.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. AVALIE AS CONSIDERAÇÕES A SEGUIR A RESPEITO DE
COMPOSIÇÃO VISUAL E INDIQUE A LETRA EM QUE HAJA APENAS
ALTERNATIVAS VERDADEIRAS.
A) I, II e III
B) I, II e IV
C) I, II e V
D) II, III e IV
E) II, IV e V
A) Princípio de fechamento
B) Princípio de ritmo
C) Princípio de proximidade
D) Princípio de similaridade
GABARITO
O equilíbrio entre os elementos no espaço é importante. Porém, dependendo de como ele seja
usado, poderá ser desagregador. O caso do espaçamento muito grande entre letras, por
exemplo, atrapalha a leiturabilidade da palavra. Quanto ao ritmo, é possível haver, na
comunicação visual, a organização de seus elementos com determinado constância. O
equilíbrio assimétrico é possível desde que a assimetria seja compensada com objetos
contrastantes (um maior que o outro, por exemplo, ou com cor mais forte). Por fim, como os
experimentos da Gestalt comprovaram, o homem não consegue perceber figura e fundo ao
mesmo tempo.
2. Qual dos princípios a seguir não faz parte dos princípios da Gestalt?
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir de breves apontamentos iniciais sobre marcos da história visual, assim como a
indicação das principais leis da Gestalt, buscamos identificar neste tema a construção de nossa
percepção visual, seja com características inatas, seja por orientações culturalmente
construídas.
A partir desse contexto, também pudemos conhecer os elementos básicos da gramática visual,
como o ponto e a linha, para capacitar nossa análise acerca de outros elementos mais
elaborados – e até mesmo de uma composição inteira.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
AMBROSE, G.; HARRIS, P. Fundamentos de design criativo. Porto Alegre: Bookman, 2009.
ARNHEIM, R. Arte e percepção visual: uma psicologia da visão criadora — nova versão. São
Paulo: Cengage Learning, 2008.
BRINGHURST, R. Elementos do estilo tipográfico (versão 3.0). São Paulo: Cosac & Naify,
2005.
CARROL, L. Através do espelho e o que Alice encontrou por lá. Rio de Janeiro: Zahar,
2000.
HOMEM DE MELLO, C.; RAMOS, E. Linha do tempo do design gráfico. São Paulo: Cosac &
Naify, 2012.
LUPTON, E. Pensar com tipos: guia para designers, escritores, editores e estudantes. São
Paulo: Cosac & Naify, 2006.
LUPTON, E.; MILLER, A. Design, escrita e pesquisa: a escrita no design gráfico. São Paulo:
Bookman, 2012.
LUPTON, E.; PHILLIPS, J. Novos fundamentos do design. São Paulo: Cosac & Naify, 2008.
MEGGS, P. B.; PURVIS, A. W. História do design gráfico. São Paulo: Cosac & Naify, 2009.
NOJIMA, V. L.; ALMEIDA JR., L. Design, comunicação e semiótica: estudos e pesquisas das
relações transversais. Rio de Janeiro: 2AB, 2010.
SAMARA, T. Grid: construção e desconstrução. São Paulo: Cosac & Naify, 2007.
EXPLORE+
Faça buscas na internet para aprimorar seu conhecimento sobre tipografia, outro elemento
importante na comunicação e na composição visual. Um bom artigo para começar esse
aprofundamento está neste site:
RALLO, R. Tipografia: como usar um dos pilares do Design Gráfico a seu favor. In: Rock
Content. Publicado em: 25 nov. 2020.
Já esta obra do artista plástico russo Wassily Kandisky tem um olhar menos acadêmico sobre
tais questões, embora ele seja mais prático e, ao mesmo tempo, poético:
CONTEUDISTA
Aline Haluch
CURRÍCULO LATTES