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AUDIOVISUAL
Introdução
Quando você liga uma câmera e a aponta para um espaço, captando e regis-
trando uma imagem em movimento, automaticamente uma linguagem está
sendo usada. Assim como a fala e a escrita, também há uma língua chamada
audiovisual. Mesmo quando não estamos conscientes disso, ela está sempre
pronta para traduzir imagens e sons em mensagens completas e complexas.
Ninguém nos ensina a assistir televisão ou filmes no cinema. Com o tempo,
interagimos com esses meios e vamos absorvendo e compreendendo sua
linguagem dia após dia. É dessa forma que somos alfabetizados audiovisual-
mente sem perceber, pois se trata de um aprendizado constante e sequencial.
Neste capítulo, você vai conhecer um pouco sobre a linguagem audio-
visual e como seus códigos são construídos por meio de diferentes técnicas.
Nesse sentido, vale uma questão para discutirmos mais adiante nesta
unidade: como estão se desenvolvendo os códigos audiovisuais na contempora-
neidade à medida que vários produtos audiovisuais recebem rótulos diferentes
do que estampavam no passado? Como a linguagem está se transformando e de
que maneira isso vai afetar a produção audiovisual num futuro não tão distante?
Retornaremos a essas questões ao final do capítulo, mas, para que possamos
refletir sobre elas, precisamos conhecer a fundo a linguagem audiovisual. Para
isso, vamos tratar de entender o que é um código.
Um código é um sistema de signos, ou seja, símbolos que, por convenção,
permitem a transmissão de mensagens que vão de um emissor para um recep-
tor. De forma geral, a linguagem é uma combinação de códigos. E, no atual
momento, em que os meios se misturam, podemos perceber que os códigos
transitam e se renovam.
Tratando dos códigos audiovisuais, podemos dizer que áreas como a se-
miótica, a comunicação e as artes têm se preocupado bastante em discutir
para fazer evoluir seus conceitos. Há outros campos que também realizam
pesquisa sobre linguagem; entretanto, o que parece nos interessar mais para
refletir acerca do audiovisual perpassa essas três grandes áreas.
Uma obra de arte não usual tem suas próprias regras, o que cria um sistema
formal não ortodoxo que podemos aprender a reconhecer e ao qual é possível
reagir. Consequentemente, os sistemas apresentados por obras não conven-
cionais podem eles mesmos criar novas convenções, gerando assim novas
expectativas (BORDWELL; THOMPSON, 2013, p. 117).
A partir disso, podemos dizer que cada realizador de uma obra usa um
estilo, seja próprio ou baseado em algo existente. A forma muda de acordo com
a intenção daquilo que se quer transmitir como informação: entretenimento,
notícia, propaganda, etc. Entretanto, para todos há técnicas em comum da
linguagem audiovisual sendo utilizadas.
De forma abrangente, o elemento da linguagem audiovisual que abordare-
mos é a imagem. Ela é um componente básico marcado por uma ambivalência,
pois, ao mesmo tempo em que é produto de um aparelho técnico (câmera) que
reproduz a realidade, também inventa o seu mundo por meio de conceitos. Ao
apontar uma câmera para um determinado local e enquadrar um espaço, o
realizador está escolhendo mostrar aquilo que lhe interessa. Portanto, podemos
dizer que há um recorte a partir do olhar de alguém. Essa escolha passa pela
câmera que capta as imagens.
Podemos dizer que isso ocorre desde que houve a primeira exibição
pública de um filme, em 28 de dezembro de 1895. Naquele dia, nos porões
do Grand Café de Paris, os irmãos Lumière apresentaram filmes curtos, cada
um possuindo em torno de 1 minuto, no máximo. Neles, era possível assistir
situações do cotidiano, como pessoas jogando cartas, um bebê fazendo um
lanche, operários saindo de uma fábrica ou um trem chegando a uma esta-
ção. Por mais que fossem imagens únicas, sem corte e sem edição, pode-se
dizer que existia atrás da câmera uma pessoa que operava o cinematógrafo
(aparelho desenvolvido por eles para registrar e também projetar imagens),
ou seja, alguém que olhava pela lente e fazia a escolha do que mostrar.
Plano
O plano é uma imagem entre dois cortes. Trata-se do tempo transcorrido entre
ligar a câmera e desligá-la. É a menor unidade dramática de um produto au-
diovisual, não existindo numa obra unidade inferior ao plano. É nele que tudo
se passa: imagens e sons. A duração de cada plano determina o ritmo de um
filme, que é concretizado pela montagem ou edição, quando são organizados
os planos, uns após os outros. O take (tomada) é o número de vezes que um
mesmo plano é repetido durante uma filmagem.
Cena
A cena é um conjunto de planos com a mesma unidade dramática. Normalmente
(mesmo que não seja uma regra), uma cena pode ser identificada como aquilo
que transcorre em um mesmo cenário.
Sequência
A sequência é formada por um conjunto de cenas. As sequências são carac-
terizadas por ter início, meio e fim. A sequência de uma festa, por exemplo,
pode ser formada pelas pessoas se preparando para sair; elas chegando ao local
da festa; dançando, conversando, sorrindo, etc.; saindo da festa; e voltando
para casa.
Tipos de planos
Os planos são uma tradução visual de um roteiro escrito. É com eles que um
filme, uma telenovela, um programa de televisão ou um vídeo são concreti-
zados. Cada tipo de plano é classificado a partir daquilo que ele enquadra do
espaço que está registrando. Assim, eles podem ser divididos em planos des-
critivos, planos narrativos e planos aproximados. Cada divisão tem subdivisões
e existem diferentes nomenclaturas para cinema e televisão. A classificação
aqui apresentada se baseia em Rodrigues (2002).
8 Linguagem e técnica do audiovisual
Figura 3. PG de um prédio.
Linguagem e técnica do audiovisual 9
■ Plano Geral Fechado (PGF) — usado para mostrar a ação dos atores
e atrizes em relação ao espaço cênico (Figura 5).
Planos de situação (establishing shots) são planos que localizam ou relocalizam o espectador
no espaço cênico. Quando migramos do exterior de um prédio para uma sala no interior
deste prédio, por exemplo, é recomendável um plano exterior que situe o espectador no
ambiente que se desenrola a cena. Outro exemplo é quando uma pessoa está sentada no
banco de um parque. Nesse caso, o ideal é mostrar inicialmente um PGA do parque, pois
assim, quando aparecer o banco, o espectador saberá onde ele está inserido.
Figura 8. PI de pessoa.
Fonte: Ljupco Smokovski/Shutterstock.com.
Figura 9. PA de caubói.
Fonte: Nomad_Soul/Shutterstock.com.
Há outros tipos de planos que fazem parte da técnica e que não se enquadram
na classificação aqui apresentada. São eles:
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Arca Russa (2002), dirigido por Aleksandr Sokurov, foi o primeiro filme rodado inteira-
mente em um único plano-sequência. Portanto, do início ao fim do filme não há corte
algum ao longo de seus 96 minutos. O filme leva o espectador a um passeio através
de 35 salas do Museu Hermitage, em São Petersburgo, recriando diversos momentos
da história russa entre os séculos XVII e XX. Outras curiosidades da produção é que
participam do filme 2.000 figurantes e 3 orquestras que tocam ao vivo (VILLAÇA, 2002).
Por sua vez, as angulações são utilizadas para acentuar algo dentro do
enquadramento. Portanto, todo plano, quando utilizado com algum tipo de
angulação que seja diferente da normal (convencional), tem alguma oferta de
sentido maior. Assim, há uma combinação de plano e ângulo para instigar o
sentido que o espectador vai formar quando assistir a uma imagem. A seguir,
estão relacionados alguns tipos de angulações que servem para situações
específicas e são utilizadas como convenções estabelecidas nos audiovisuais.
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