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curso

HISTÓRIA DA ARTE
Módulo I – Idade Antiga ao Renascimento
As origens das tradições estéticas

2º Encontro
Arte Rupestre
Banksy, trabalhador do Conselho limpando as pinturas rupestres - Leake
Street Tunnel, London, maio de 2008
Dois significados distintos para a palavra arte

O exercício de atividades tais como


edificação de templos e casas, a
realização de pinturas e esculturas,
ou a tessitura de padrões presente
em todo o mundo.

Alguma espécie de belo artigo de luxo


para, algo para nos deleitar em museus e
exposições, ou uma coisa muito especial
para usar como preciosa decoração na
sala de honra, significado de uso
recente.
Funcionalidade do objeto de arte

É improvável que
compreendamos a arte do
passado se desconhecermos
os propósitos a que tinha
que servir

Venus Willendorf,
c. 20.000 a.C.
10,5 cm altura
Viena Kunsthistorisches
Museum
Venus Willendorf,
c. 20.000 a.C.
10,5 cm altura
Viena Kunsthistorisches Museum
Em que sentido
chamamos
nossos
ancestrais de
“primitivos”?
Pintura na caverna de Lascaux, c. 15.000-10.000 a. C.
É impossível entender esses estranhos começos se não procurarmos
penetrar na mente dos povos primitivos e descobrir qual é o gênero de
experiência que os faz pensar em imagens como algo poderoso para ser
usado e não como algo bonito para contemplar.
Magia da imagem Caçadores imaginavam exercer
poder sobre sua presa através
da imagem

“A explicação mais provável para


essas pinturas rupestres ainda é a de
que se trata das mais antigas
relíquias da crença universal no
poder produzido pelas imagens”
Em todas as partes do mundo, médicos-
feiticeiros, pajés ou bruxos, tentaram
praticar a magia de uma forma ou de outra;
fizeram pequenas imagens de um inimigo e
perfuraram o coração do maltratado
boneco, ou o queimaram, na esperança de
que o inimigo sofresse com isso. Até mesmo
o boneco que queimamos na Grã-Bretanha,
no Dia de Guy Fawkes, é um remanescente
dessa superstição.

No dia 5 de novembro realiza-se na Grã-bretanha uma celebração com fogos de artifício e


queima da efígie de Guy Fawkes, o conspirador que, em IMS, quis fazer explodir, na chamada
"conspiração da pólvora", o Parlamento — quando o rei e seus ministros estavam presentes.
A trama foi descoberta no último instante. Guy Fawkes executado e o dia 5 de novembro
passou a ser até hoje uma efeméride de celebração popular, misto de festa junina e de
"malhação de Judas". (É o personagem que inspira o filme “V de Vingança”)
Os artistas trabalham
para gente de sua
própria tribo, que sabe
exatamente o que cada
forma ou cada cor
pretende significar.
Exemplos de simbologia
- Bandeira nacional
- Anel de noivado ou casamento
- Árvore de Natal
- Time de futebol
Diretrizes estabelecidas, prevalência da importância do
significado.

O domínio técnico de alguns artífices tribais é deveras


surpreendente.

Uma coisa ser difícil de fazer não prova que se trata de uma
obra de arte.

Não é o padrão de capacidade artística desses artífices que


difere dos nossos, mas suas ideias.

A história da arte é uma história de ideias, concepções e


necessidades em permanente evolução.
Lintel da Casa de um chefe maori, começo do século XIX,
madeira talhada, 32 x 82 cm, Museu do Homem, Londres.
“É cada vez maior o número de
provas que sob certas condições,
os artistas tribais podem
produzir obras tão corretas na
representação e na
interpretação da natureza
quanto o mais hábil trabalho de
um mestre ocidental.”
Detalhe dos retratos de Ekkehard II e Uta von Meißen na Catedral de
Naumburg, Alemanha, ainda com sua policromia original, c. 1240-1260.

Cabeça de um negro,
provavelmente representando um
rei (Oni), de Ife, Nigéria, séculos
XII-XIV, Bronze, altura 36 cm;
Museu do Homem, Londres
“O nativo aceita a impressão que ele
lhe causa como um símbolo do seu
poder mágico.”
Oro, deus da Guerra, do Taiti,
século XVIII, madeira coberta de
fibra vegetal entrançada;
comprimento 66 cm; Museu do
Homem, Londres
Máscara ritual da região do Golfo de
Papua, Nova Guiné, c. 1880, madeira,
casca de árvore e fibra vegetal, altura
152,4 cm; Museu do Homem, Londres
Era uma vez um jovem na cidade de Gwais
Kun que costumava passar o dia todo
mandriando na cama até que sua sogra o
repreendeu por isso; ele sentiu-se
envergonhado, saiu de casa e decidiu matar
um monstro que vivia num lago e se
alimentava de seres humanos e
baleias. Com a ajuda de um pássaro
encantado, preparou uma armadilha feita
de um tronco de árvore e pendurou nele
duas crianças como isca. O monstro foi
apanhado, o jovem vestiu a pele dele e
pescava peixes, que deixava regularmente
na soleira da porta de sua sogra. Ela ficou
tão lisonjeada com essas inesperadas
oferendas que se julgou uma poderosa
feiticeira. Quando o jovem, finalmente, a
desenganou, ela sentiu-se de tal modo
envergonhada que morreu.

Modelo da casa de um chefe haida do século XIX, índios da costa noroeste, American
Museum of Natural History, Nova York
As figuras humanas no final
do mastro são as crianças
que o herói usou como isca

O herói é visto vestido com a


pele do monstro e apresentando
os peixes que pescou.

A máscara com um
bico, logo a seguir, é o
pássaro que ajudou o herói

A forma humana da infeliz


sogra

A grande máscara acima da


entrada é o monstro

A máscara abaixo da
entrada é uma das
baleias que o monstro
costumava comer.
Cabeça do Deus da Morte, de um altar maia de pedra encontrado
em Copan, Honduras, c. 500-600 d. C., 37 x 104 cm; Museu do
Homem, Londres
Tudo o que nos
resta das grandes
civilizações da
América antiga é
a sua “arte”.

Tatloc, o deus da chuva asteca, séculos


XIV-XV, pedra, altura 40 cm; Museum
für Völkerkunde, Staatliche Mussen,
Berlim
Máscara de dança
inuit, do Alasca, c.
1880, madeira
pintada, 37 x 25,5
cm; Museum für
Völkerkunde,
Staatliche Museen,
Berlim
Os americanos
pré-colombianos
sabiam
perfeitamente
representar a face
humana de maneira
naturalista.
Vaso na forma de um homem de
um olho só, encontrado no Vale
Chicanna, Peru, c. 250-550, d. C.,
barro, altura 29 cm; Instituto de
Arte, Chicago
“Sabemos muito pouco a respeito dessas
origens misteriosas, mas, se quisermos
compreender a história da arte, será
conveniente recordar, vez por outra, que
imagens e letras são na verdade parentes
consanguíneos”
O conceito espacial na pré-história
Concepção espacial na Arte Pré-Histórica
A Pré-História é o estado pré-arquitetônico do desenvolvimento humano.

Vacuidade Espaço vertical e horizontal Espaço circular Construções com outras


formas

Egito e Suméria até Panteão Panteão Romano até


Séculos XX e XXI
Romano século XIX

Estado
Pré-Arquitetônico

Terceira concepção de
espaço

Desenvolvimento da
arquitetura com predomínio
sobre a pintura e escultura
Segunda concepção de
espaço
Intangibilidade
do Espaço

É possível dar limites ao espaço, mas por sua natureza o espaço é


ilimitado e intangível
SÃO NECESSÁRIOS MEIOS PARA QUE O ESPAÇO SE TORNE
VISÍVEL
Deve adquirir formas fixadas pela natureza ou pelo homem
No domínio da arquitetura o espaço é conhecido por meio da
observação, em que os sentidos da visão e do tato estão
interligados.
Natureza da
Concepção Espacial

Vacuidade: O homem toma conhecimento do vazio que o cerca e lhe dá forma


e impressão psíquicas.
O efeito dessa transfiguração, que ergue espaço até o domínio das emoções é
denominado CONCEPÇÃO ESPACIAL.
- retrata as relações do homem com o seu meio
CONCEPÇÃO ESPACIAL é o registro psíquico das realidades com que o homem
se defronta.
Concretiza sua necessidade de se por de acordo com o mundo, lhe dando uma
expressão gráfica à sua posição.
Concepção Espacial da Arte Primitiva
Renascimento Arte Egípcia Arte Neolítica
Projeção de perspectiva Planos horizontais e verticais abstrações geométricas
pairam no espaço

SENTIMENTO DE ORDEM está enraizado na natureza humana há mais de 5.000


anos (Egito e Suméria)
A composição pictórica dos artistas pré-históricos não é racional para o nosso
modo de pensar.
A simetria se estabeleceu como condição absoluta de ordem.
O homem paleolítico observava as coisas e o espaço
de um modo diferente daquele que nos habituamos.
O material bidimensional não é um meio de
expressão adequado para os esquimós.
Os homens pré-históricos assim como os esquimós
tem uma forma ordenada de ver diferente que nós
não podemos captar em razão de nossa sofisticação
no modo de ver.
O homem pré-histórico não morava nas cavernas,
apenas abrigava-se em saliências e grutas (perto de
fissuras rochosas) onde era possível a fumaça
escapar.
As cavernas eram santuários.
Caverna não é arquitetura.
- ausência de luz
- labirinto
Eles escolhiam as cavernas porque acreditavam que
Humanos dançando com figuras
eram dotadas de poderes extracepcionais.
com chifres / Cliff Sagan-Zaba /
Lago Baikal / Rússia
Eles escondiam seus signos secretos e figurações.
Pinturas Rupestres

Cavernas de Lascaux - 15000 a.C.


Bisão, c. 12-11.000 a.C., Altamira, Espanha
Cavalos e impressão de
mãos, c. 22.000 a.C., Pech-
Merle, França
Hall dos Touros, c. 15-13.000 a. C., Lascaux, França
Rinoceronte, homem e bisão, Lascaux, França
Leão, c. 30-25.000 a. C., Chauvet, França
Mulher cavada na Rocha cerca de
25-20.000 a.C., Laussel, França
Bisão em Barro, 15-10.000 a.C., Ariege, França
Menires

Menires - Os alinhamentos de Carnac - 4500 a.C. -


Neolítico
Dolmens

Dolmen Mont Grantz – 4000 a 3250 a.C.


Le Couperin

Le Couperin – c. 3000 a.C. (Neolítico)


Cromeleque

Stonehenge – Inglaterra
Construído em 3 fases entre 3050 aC e 1600 aC
Stonehenge
Reconstituição
Nurague

Nuragues – Saraigne, Itália - ? a.C.


Arte Pré-Histórica no Brasil
Toca do Boqueirão da Pedra Furada

Demonstrou-se
que, ao
contrário do que
afirma a teoria
clássica , o
homem
penetrou no
continente
americano
muito antes de
30.000 anos.
Toca do Boqueirão da Pedra Furada
Este sítio abriu uma brecha no que se pensava explicado. Na
década de 70/80 textos acadêmicos afirmavam que
esta região, durante a pré-história, tinha sido
"provavelmente nunca habitada". A resistência à
mudança atingiu também os meios acadêmicos e durante
mais de uma década os novos fatos não foram aceitos.

Mas os achados do Boqueirão da Pedra Furada foram tantos e


tão bem datados que originaram uma revolução na
arqueologia americana.

Este Museu-Sítio é um monumento da pré-história. Grupos


humanos, durante milênios pintaram em suas paredes
constituindo um verdadeiro registro de comunicação. A
síntese visual de uma história, escrita durante 29.000 anos,
sobreviveu a violentas alterações climáticas, e hoje tenta
resistir à depredação humana.
Formação do sítio:

Este sítio formou-se em uma costa arenítica e apresenta três


setores, uma parte central e duas laterais que convergem em
um ângulo de 130 graus. Uma grande fenda na parte central
da parede, resultado da erosão, dá a impressão ótica de uma
conjunção de duas formações areníticas mas trata-se apenas
de uma.

A parede do sítio está em avançado estado de desagregação.


A parte central é a melhor conservada, apresentando uma
série de cavidades formadas há muito tempo. Nos setores
laterais aparecem afloramentos de sais responsáveis pelos
desprendimentos de estratos da rocha. Alterações climáticas
e o avanço do processo de desertificação originaram este
processo de degradação rochosa.

O sítio tem 70 metros de comprimento e as pinturas estão


distribuídas sobre toda a parede em alturas variáveis em
relação ao solo atual, chegando até a 8 metros de altura.
Pintura no Boqueirão da Pedra Furada
Gravuras Rupestres no
Parque Nacional Serra da Capivara
Pintura da Tradição Nordeste na Toca da Bastiana livre do depósito de calcita
Pintura rupestre da Toca do Baixão da Vaca
Pintura rupestre da Toca do Barro
Pintura rupestre da Toca do Salitre
Pintura rupestre na Toca da Entrada do Pajaú
Pintura rupestre na Toca do Fundo do
Baixão da Pedra Furada
Pintura rupestre no Boqueirão da Pedra Furada
Reflexões para próximo encontro

Quais as principais funções da arte da


antiguidade? Em que diferem hoje?

Proposta de atividade
O que eram as 7 Maravilhas do Mundo
Antigo?
Wladimir Wagner Rodrigues
wrodrigu@trf3.jus.br

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