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PROPÓSITO
Identificar as alternativas e novas oportunidades de aprendizagem a partir do estudo e do
conhecimento das possibilidades educacionais da linguagem hipermidiática.
PREPARAÇÃO
Antes de iniciar este conteúdo, tenha em mãos dicionários on-line e gratuitos, como o
Glossário Ceale, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o Dicionário de
Terminologia de Educação a Distância, disponível no portal da ABED, o Dicionário
Priberam, entre outros.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
MÓDULO 2
MÓDULO 3
INTRODUÇÃO
Com este conteúdo, você vai adquirir uma visão diferente sobre algo que, provavelmente, já
conhece em parte. Estamos falando das linguagens hipermidiáticas e seus componentes, bem
como de suas possibilidades no campo educacional.
É bem possível que você tenha o hábito de navegar pela Internet usando o celular, lançando
mão de vários aplicativos e realizando uma série de ações no mundo digital. No entanto,
acreditamos que você ainda precise conhecer os propósitos das linguagens hipermidiáticas e
saber como se beneficiar delas para o seu processo de aprendizagem.
Vamos apresentar, para isso, alguns conceitos que ampliem sua visão sobre as linguagens
hipermidiáticas, os processos de comunicação pedagógica, as mídias digitais educativas e o
design educacional. Desse modo, vamos promover formas mais qualitativas e inovadoras no
ensino, e que resultem em uma aprendizagem de mais qualidade.
Falamos em ampliar a visão porque você já tem uma vivência como usuário no campo de
tecnologia, uma vez que pratica a comunicação digital de diferentes formas. No entanto, é
necessário articular essas práticas com o contexto educacional.
Vamos juntos, a partir de agora, olhar para algo que você já conhece – as linguagens digitais –
e construir reflexões críticas para o campo educacional.
MÓDULO 1
Identificar os diferenciais da linguagem hipermidiática
O filósofo francês Pierre Lévy, nos anos 1990 – época do surgimento da internet comercial –,
entendia que as mediações tecnológicas digitais seriam irreversíveis, levando à chamada
sociedade em redes, sociedade digital, e assim por diante.
DIFICULDADES E POSSIBILIDADES
Mesmo depois de tantos anos, no entanto, ainda existem inúmeras carências relacionadas com
a habilitação dos cidadãos aos domínios das linguagens hipermidiáticas, a fim de extrair delas
significados de qualidade, tanto para a sua formação educacional quanto para a vida.
Tais carências estão relacionadas não apenas com as possibilidades de ter conexões e
acessos de qualidade, o que implica a questão da inclusão digital, mas também com o uso
mais produtivo e aprofundado das linguagens hipermidiáticas, fazendo valer o que se aprende.
Nesse sentido, o que mais nos interessa aqui é o ensino e o aprendizado a partir das mídias
digitais.
CIBERESPAÇO
CIBERCULTURA
CULTURA DIGITAL
Conceito elaborado por Pierre Lévy. Pode ser, inicialmente, descrito como uma
inteligência que está distribuída e compartilhada em todo lugar, graças ao ciberespaço,
mobilizando colaborativamente diversas competências. No módulo 3, esse conceito será
desenvolvido e relacionado com a educação.
A EDUCAÇÃO MEDIADA PELO DIGITAL FAZ PARTE DE
UM NOVO ECOSSISTEMA EDUCATIVO QUE MUITO
TEM CONTRIBUÍDO PARA A RECONCEITUALIZAÇÃO
DOS PROCESSOS DE ENSINO E DE APRENDIZAGEM.
EMBORA SEJA FREQUENTEMENTE ASSOCIADO A
UMA RACIONALIDADE TECNOLÓGICA, O CONCEITO
DE EDUCAÇÃO MEDIADA PELA INTERNET APLICADA
AOS DIFERENTES CONTEXTOS DE PRÁTICA REFLETE
A POLISSEMIA QUE A CARACTERIZA.
LINGUAGEM E SOCIEDADE
Uma linguagem viabiliza a expressão, a comunicação e modos de interação. As linguagens
servem como uma forma de registro histórico da vida do homem em sociedade. Surgem da
necessidade de troca de experiências e sabedoria acumulada nas culturas. Por essa razão, ao
longo da história, as linguagens materializam ou dão forma à cultura, às narrativas e a diversas
manifestações das civilizações.
Quando pensamos nos processos de escrita e registro dos povos da antiguidade – com uso de
barro, pedra, papiro, pergaminho, tábuas ou mesmo das marcações rupestres nas cavernas –,
já verificamos uma consciência social para o uso de linguagens, bem como para a necessidade
de sua decifração, suas leituras e seus domínios. Todos esses processos estão orientados
para disseminação de saberes e conhecimentos.
Entendemos, com isso, que as linguagens visam a diferentes finalidades, têm diversas
formatações e extensões, podendo utilizar variados caracteres ou símbolos.
Foto: Thomas T./Wikimedia Commons/ CC BY-SA 2.0.
Animais representados na Caverna de Chauvet.
A complexidade das linguagens é grande, pois se trata de um produto das culturas, do que se
constrói na memória dos povos. As linguagens abarcam várias dimensões – como as culturais,
sociais, antropológicas, entre outras – e dependem de comunidades em contato para que
possam criá-las, usá-las e expandi-las.
Eventos históricos, sociais e culturais podem contribuir ao longo do tempo para transformações
das linguagens. Por exemplo, as línguas são “vivas”, podem sofrer variações e mudanças.
Nesse contexto, a linguagem das mídias digitais evidencia a maneira atual de a sociedade se
organizar e se deixar representar.
[...] O MODO PELO QUAL A LINGUAGEM OU OS
SIGNOS CIRCULA É AFETADO PELO FATO DE UMA
SOCIEDADE SER INDUSTRIAL, PÓS-INDUSTRIAL, DA
INFORMAÇÃO, DO CONHECIMENTO, EM REDE,
TECNOTRÔNICA, DE MASSA E GLOBAL – INCLUINDO
O SISTEMA TECNOLÓGICO, AS FORÇAS
NECESSÁRIAS ENVOLVIDAS PARA PRODUZIR E SE
COMUNICAR.
Percebemos, com isso, que a linguagem de uma época ou de um meio não é destruída
necessariamente por outra que venha a aparecer. Elas podem se transformar e, muitas vezes,
até conviver. O surgimento da escrita não destruiu a oralidade. A televisão não eliminou o rádio,
nem o computador fez desaparecer a televisão.
Uma linguagem, no entanto, pode perder sua utilidade, função ou importância em determinado
contexto, em determinada época. Os sinais de fumaça, por exemplo, não costumam ser
usados e não fazem sentido no espaço urbano.
As linguagens circulam e, por isso, adquirem novos papéis nas realidades em que atuam.
Nesse caso, circular não se restringe a propagar, mas a encontrar novos usos, passar por
ressignificações por meio das práticas comunicativas.
As novas linguagens, por sua vez, também vão exigir um letramento, ou seja, um domínio da
linguagem em sua relação com as práticas sociais, como resultado de seu uso individual e
coletivo.
Imagem: Shutterstock.com.
LINGUAGEM HIPERMIDIÁTICA
Precisamos levar em conta a sociedade digital e a geração digital se quisermos entender o que
é linguagem hipermidiática. Nesse sentido, sabemos que, atualmente, vivemos em uma
sociedade dependente da informação, do conhecimento e de diversas transações e relações
que se dão no mundo virtual, nos meios digitais. Fazemos parte de uma geração digital que
tem sua vida, suas relações sociais, seu trabalho, suas atividades e seu entretenimento
suportados pelas tecnologias digitais.
Por trás de tudo isso, houve a convergência acelerada dos processos informacionais digitais,
atrelados às comunicações, gerando as TDICs – Tecnologias digitais da informação e da
comunicação. Nesse contexto, falamos da linguagem hipermidiática.
HIPERMÍDIA
Hiper
Quer dizer algo que vai além, que supera alguns limites.
Media
Mídia ou o adjetivo midiático corresponde aos meios de comunicação, aos formatos, às
intenções e produções digitais que sustentam propósitos interativos e comunicativos.
Podemos dizer, com isso, que hipermídia é a integração de diversos meios e de diferentes
tipos de textos, sons e imagens de modo interativo e não linear, de tal forma que se navegue
entre eles e se produza, até mesmo, uma versão pessoal desse conjunto de textos. A
linguagem hipermidiática, portanto, é a linguagem das mídias digitais.
PRODUTOS HIPERMIDIÁTICOS
Foto: Shutterstock.com.
Conhecemos e fazemos uso diário de vários produtos hipermidiáticos, que podem ser os
sites , blogs , podcasts e aplicativos, viabilizados por linguagens verbais – as palavras e os
textos – e não verbais.
Para modificarmos o olhar para tais produtos e encará-los como suportes educacionais, é
preciso conhecer mais sobre metodologias educacionais e a transformação de mídias em
objetos de aprendizagem.
EXEMPLO
LINK
A palavra link pode ser traduzida para o português como ligação. No Brasil, o uso dessa
palavra permanece em inglês. Um link serve para realizar as conexões entre documentos
digitais: um texto que se liga a outro texto, a um vídeo ou a ilustrações, imagens em
movimento. Isso significa que é armada uma teia de interconexões, pois chega-se a outro
destino on-line após um clique no link .
HIPERTEXTO E HIPERMÍDIA
O hipertexto pode ser conceituado como a rede de textos, imagens, sons, animações e outras
linguagens interconectadas no ciberespaço – geralmente, em suportes digitais –, permitindo
diversas formas de interatividade. Alguns também usam a expressão hipertexto eletrônico.
Também é comum considerar os termos hipertexto e hipermídias como equivalentes ou
intercambiáveis.
Os hipertextos – produtos das mídias – devem construir formas de sentido, entre as estruturas
de links , mas também dependem das condições de leitura e letramento dos sujeitos. Em
outras palavras, os hipertextos dependem do domínio que os usuários possuem para avançar
na navegação e construir sentidos entre os próprios links .
ATENÇÃO
É bom lembrar que o hipertexto também pode existir fora do contexto digital ou eletrônico,
ainda que com algumas limitações, como acontece no impresso.
Hipertexto impresso
É o caso das enciclopédias, dos grandes almanaques e de algumas obras literárias que têm
uma estrutura hipertextual, possibilitando a leitura não linear, por exemplo.
Hipertextos digitais
HIPERTEXTUALIDADE
A hipertextualidade também atribui um poder de coautoria ao leitor, que escolhe seus trajetos a
percorrer na leitura, resgatando também um sentido de familiaridade com a leitura de modelo
mais tradicional. Naturalmente, por ser uma leitura hipertextual, existe o risco de que o leitor
tenha uma visão mais aprofundada, por um lado, e mais fragmentada, por outro lado.
HIPERLEITURA
Nesse universo de expansão digital, se um link clicado leva a outro, o impulso de busca pode
ser desencadeado pela construção de uma hipertextualidade, que desenvolve os
entendimentos dessas possíveis tramas de sentidos.
A hipertextualidade não está necessariamente relacionada a textos escritos, pois diz respeito a
diferentes formatos de textos e tipos de linguagem. Desse modo, a hipertextualidade também
busca construir sentidos por meio das relações e da disposição dos diferentes elementos
constituintes do hipertexto.
Tal processo permite outras leituras, outros planos ou camadas de sentido. Desse modo,
podemos falar em hiperleitura.
COAUTORIA
Entre os percursos possíveis da hiperleitura, que também dão origem ao verbo hiperler,
entende-se a habilidade que vai além da leitura vista como uma prática convencional. Nesse
sentido, a hiperleitura também é vista como uma forma coautoral de produção, já que os
leitores escolhem a razão que leva a esses percursos, criando uma forma de
textualidade.
Por se tratar de uma variedade de formatos, além do texto escrito, busca-se configurar uma
depuração, com uma leitura ativa, em que se trabalham vários níveis de informação. Os
contextos também são avaliados para a criação de mais sentido. Por exemplo, se o link está
relacionado à origem da informação, ampliam-se os sentidos buscados.
Imagem: Shutterstock.com.
CARACTERÍSTICAS DA HIPERLEITURA
ATENÇÃO
LINGUAGEM HIPERMIDIÁTICA
Neste bate-papo, os professores Roberto Paes e Luís Dallier apresentam os principais pontos
do conceito de hipermídia e suas implicações na leitura e na escrita em meios digitais.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. ASSINALE A ALTERNATIVA EM QUE SE IDENTIFICA CORRETAMENTE
UM DIFERENCIAL DA LINGUAGEM HIPERMIDIÁTICA.
A) Uso de meios de comunicação de massa do tipo um para todos, como rádio e televisão,
em que a informação é rapidamente distribuída.
B) Formato enciclopédico dos textos e das publicações, reunindo vários textos no suporte
material impresso.
D) Junção do som e da imagem para formar conteúdos audiovisuais produzidos pela indústria
para serem consumidos de modo contemplativo.
B) I e III.
C) II e III.
D) II e IV.
E) III e IV.
GABARITO
MÓDULO 2
Identificar implicações pedagógicas das inovações e linguagem digitais
LINGUAGEM, INTERAÇÃO E
APRENDIZAGEM
A interação é a base para que os sistemas de comunicação possam funcionar. Nesse contexto,
deve haver linguagens comuns entre os sujeitos que participam da interação e meios para que
possam fluir. Sem uma linguagem comum, haverá mais dificuldade para que as interações
ocorram, embora tais interações ainda possam ocorrer.
EXEMPLO
Em relação ao primeiro contato do homem branco com tribos isoladas, mesmo não havendo
uma língua em comum, ocorreu alguma forma de interação, com troca de objetos, gestos,
contatos visuais e corporais.
As linguagens verbal ou não verbal podem ser aprendidas, absorvidas, readaptadas ao longo
do processo de interação. Processos interativos dependem de um fluxo recíproco, em que se
fornece uma informação e se troca por outra, avançando-se na construção de novos sentidos.
Imagem: Shutterstock.com
INTERAÇÃO E CULTURA
MEDIADORES DA INTERAÇÃO
A interação traz em si um fundamento dialógico, baseado nas trocas, que podem ser realizadas
por mediações digitais tecnológicas e por mediações analógicas, interpessoais. O importante é
haver condições, contextos, focos de troca, finalidades comunicativas, seres e objetos
interagentes.
Ainda é importante ressaltar que a interação realizada nas mediações tecnológicas digitais
permite trocas entre os seres humanos, e entre humanos e máquinas. Um exemplo importante
que verificamos atualmente provém da Inteligência Artificial (IA), que promove diversificadas
formas de interação.
A inteligência artificial (IA) tem se desenvolvido para construir uma linguagem interativa que
possa se aproximar, o máximo possível, da performance humana. Além disso, busca-se o
desenho de interfaces e diferenciais de contatos, níveis de usabilidade, navegabilidade,
construção de robôs com características físicas e de inteligência humanas, entre outros fatores.
Foto: Shutterstock.com.
Há muitos estudos que apontam padrões em certas formas de responder. Isso constitui um
banco de dados de respostas, que se associam a perguntas adequadas a elas. Os bancos de
dados apontam respostas mais adequadas em relações interativas como no atendimento a
clientes em algum tipo de serviço – bancos e lojas de e-commerce , por exemplo – ou nos
processos de ensino-aprendizagem, nas interações entre máquinas e aprendizes, a fim de
promover essa forma de fluxo e satisfação.
Nesse caso, os robôs já teriam absorvido inúmeras formas de reação a perguntas semelhantes
de outros alunos, o que cria uma ambiência de compreensão e confiança favorável, como se
fosse humana.
Essa forma de interação é um dos resultados do uso de algoritmos. Os algoritmos podem ser
entendidos como uma sequência que envolve raciocínios, instruções lógicas ou operações
focadas no alcance de um objetivo. Eles precisam ter os dados de entrada – chamados de
input –, as instruções passo a passo, para que se chegue aos dados de saída, e os
resultados – também chamados de output .
Imagem: Shutterstock.com
A interação mediada pela linguagem hipermidiática ou pela inovação tecnológica, desse modo,
contribui para o aprendizado.
ATENÇÃO
Isso não quer dizer que o professor ou tutor não tenha mais funções pedagógicas. O que
ocorre é que parte da tarefa instrucional ou mesmo da rotina de tirar dúvidas pode ser feita com
a ajuda da inteligência artificial e de recursos hipermidiáticos.
MACHINE LEARNING
Ainda nessa linha, também é importante ressaltar as formas de interação a partir da machine
learning – aprendizagem de máquina. Trata-se de um dos recursos da inteligência artificial
baseados em reconhecimento de padrões.
Imagem: Shutterstock.com.
Esses recursos têm levado a interações bastante arrojadas, como o reconhecimento facial, o
reconhecimento de voz por programas instalados em máquinas sofisticadas, entre outras. Além
disso, graças à previsibilidade de ações e respostas a partir de uma enorme quantidade de
dados, é possível personalizar parte da experiência de aprendizado a partir de machine
learning .
EXEMPLO
O conceito de inteligência coletiva foi proposto por Pierre Lévy (1992), em seu livro As
Tecnologias da inteligência: o futuro do pensamento na era da informática . O livro e o
conceito surgem em um contexto já distante de diversas inovações tecnológicas mais recentes
com as quais convivemos, em um período em que a Internet ainda começava a se configurar
em suas práticas e apropriações culturais e sociais de inteligência.
O conceito, no entanto, não caiu por terra. Ele pode ser ressignificado, já que muitas
tecnologias e a linguagem digital atuam na construção da inteligência coletiva, permitindo a
aprendizagem colaborativa e a construção do conhecimento em rede.
QUANDO OUÇO UMA PALAVRA, ISSO ATIVA
IMEDIATAMENTE EM MINHA MENTE UMA REDE DE
OUTRAS PALAVRAS, DE CONCEITOS, DE MODELOS,
MAS TAMBÉM DE IMAGENS, SONS […]. MAS APENAS
OS NÓS SELECIONADOS PELO CONTEXTO SERÃO
ATIVADOS COM FORÇA SUFICIENTE EM NOSSA
CONSCIÊNCIA.
EXEMPLO
Foto: Shutterstock.com.
Os debates em fórum de discussão oferecem possibilidade para se trabalhar com inteligência
coletiva, uma vez que os participantes contribuem com opiniões e pontos de vista em torno de
um problema, uma proposição ou um tema.
As práticas de metodologias que buscam soluções criativas, para novos e velhos problemas,
como o Design Thinking , também podem ser vistas como exemplo de inteligência coletiva ao
usar o conhecimento de modo democrático e aberto, chegando-se a um consenso sobre a
melhor solução desenvolvida pelo grupo em questão.
Essas práticas, possibilitadas pela tecnologia ou pelo contexto hipermidiático, envolvem tanto a
responsabilidade individual quanto a coletiva.
LINGUAGEM HIPERMIDIÁTICA E
LETRAMENTO DIGITAL
Como lidar com a linguagem hipermidiática e suas inter-relações educacionais? Uma resposta
possível e mais imediata é: são necessários novos letramentos. Para Pinheiro e Araújo (2018),
um letramento tecnológico ou digital se relaciona com o computacional ou hipertextual. Por sua
vez, o letramento computacional ou hipertextual tem a ver com o modo de abordar o universo
educacional com as tecnologias digitais.
EXEMPLO
LINGUAGEM DIGITAL E OS
MULTILETRAMENTOS
O conceito de multiletramentos foi proposto, inicialmente, por pesquisadores do New London
Group , em um manifesto publicado em 1996. O objetivo do manifesto era dar evidência aos
variados meios de comunicação relacionados à grande diversidade linguística e cultural
emergente no mundo digital que conhecemos.
Pode-se dizer que os muiltiletramentos são um domínio necessário para traduzir o acervo que
advém das TDICs – Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação – em termos de
linguagens, softwares e aplicativos, em formas de raciocinar, e alteração na forma de
armazenar informações e interpretá-las.
Ao longo das práticas de multiletramentos, tem se constatado uma expansão desse conceito.
Podemos destacar, por exemplo, o entendimento dos multiletramentos como forma de
empoderamento de quem ensina e de quem aprende. Também devemos considerar a
compreensão de que multiletramento está relacionado com múltiplas aprendizagens
possibilitadas pela cultura digital.
TIPOS DE MULTILETRAMENTOS
Roja e Moura (2012, apud ANECLETO; OLIVEIRA, 2019, p. 237), enfatizam que, nas
sociedades contemporâneas, mais especificamente as urbanas, existem dois tipos
fundamentais de multiletramentos.
Primeiro tipo
Segundo tipo
Associa-se à multiplicidade semiótica – formas de produção de sentido – presente na
construção de textos que buscam informar e comunicar, tornando o seu sentido amplo.
Anecleto e Oliveira (2019), observando o contexto do que se entende por era digital, entendem
que as escolas são modificadas em função dos meios tecnológicos. Tais modificações
demandam a necessidade de diferentes competências para os alunos. Entre essas
competências, encontra-se capacidade de leitura hipertextual.
Imagem: Shutterstock.com.
HABILIDADE INTELECTUAL
Imagem: Shutterstock.com.
HABILIDADE OPERACIONAL
MULTICULTURALIDADE
Relaciona-se com a abrangência de várias culturas, sejam elas locais – como a cultura urbana,
cultura da periferia, cultura de comunidade, cultura artística – ou culturas estrangeiras, entre
outras. Seu significado também abrange as diferentes formas de ver o mundo pelo prisma da
cultura, implicando seus modos de produção, sua forma de fazer arte e de enxergar o mundo,
usando ferramentas físicas e digitais.
Imagem: Shutterstock.com.
MULTIMIDIALIDADE
MULTIMODALIDADE
IMPLICAÇÕES EDUCACIONAIS
Até aqui, vimos que as linguagens digitais e as inovações tecnológicas envolvem alguns
desafios, certas demandas e várias possibilidades educacionais.
Foto: Shutterstock.com.
LINGUAGEM HIPERMIDIÁTICA
Confira os destaques feitos pelos professores Roberto Paes e Luís Dallier acerca dos recursos
tecnológicos, como machine learning , inteligência artificial e Design Thinking na educação.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. O CONCEITO DE INTELIGÊNCIA COLETIVA, FORMULADO POR PIERRE
LÉVY, ESTÁ RELACIONADO COM AS TECNOLOGIAS DA INTELIGÊNCIA E
COM O MODO PELO QUAL O CONHECIMENTO É CONSTRUÍDO E
COMPARTILHADO.
GABARITO
1. O conceito de inteligência coletiva, formulado por Pierre Lévy, está relacionado com
as tecnologias da inteligência e com o modo pelo qual o conhecimento é construído e
compartilhado.
Desse modo, assinale a alternativa que apresenta corretamente uma afirmação sobre a
implicação da linguagem hipermidiática e da inovação tecnológica em relação à
inteligência coletiva e sua importância na educação.
MÓDULO 3
Reconhecer a relação da linguagem e do design de recursos didáticos com a
aprendizagem
APRENDIZAGEM E CONECTIVISMO
Vamos tratar, inicialmente, de atividades pedagógicas que valorizam as linguagens midiáticas,
não só como suportes de ensino e aprendizagem, mas também como estratégias de
construção de novos conhecimentos, por conta do que se estabelece com esses diferentes
modos de aprender.
As apropriações das hipermídias, como vimos, já ocorrem nos espaços sociais, pelas
convergências e acessos multimidialidade. No entanto, a escola tem o papel de orientar como
esses recursos e essas linguagens podem fazer sentidos cognitivos e sociais na formação
cidadã dos estudantes, além de sua orientação instrumental e operacional.
Para Filatro e Cairo (2015), o conectivismo é uma abordagem que entende o processo
educativo como aquele em que o aluno, ao acessar novas informações, relaciona tais
informações com as que tem em sua estrutura mental de representações. Desse modo, ele
consegue armazená-las no longo prazo.
Esse processo faz com que exista, na aprendizagem, um movimento de assimilação, resgate e
reorganização das estruturas cognitivas.
O conectivismo abre precedentes para metodologias ativas, que são vistas como estratégias
pedagógicas que buscam o protagonismo dos alunos e seu envolvimento ativo no processo
ensino-aprendizagem.
Visam a criar uma comunicação didático-pedagógica entre quem ensina e quem aprende.
Podem ser estruturados a partir de variados objetivos, formatos, mediação e níveis de ensino.
Sempre carregam uma intenção pedagógica: alterar alguma condição para quem aprende, em
que se sai de uma condição inicial e se chega a outra superior.
O público-alvo dos materiais didáticos pode ser crianças, adolescentes, jovens e adultos, o que
tem relação também com a maturidade cognitiva desses aprendizes. Além disso, os materiais
didáticos relacionam-se com a condição de resgate de memória, intercombinação de
conteúdos e disposição de vencer desafios presentes em suas atividades.
Os materiais também podem usar diversificadas linguagens, indo das mais apropriadas para o
público infantil, passando pelas demandas de conteúdos mais técnicos, até envolver as formas
mais interativas.
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
O desenho (design ) dos materiais ou conteúdo vai depender também do tipo de ambiente, se
é um ambiente massivo, do qual participam muitos alunos simultaneamente, ou um ambiente e
atividades personalizados. De toda forma, os materiais didáticos são recursos primordiais para
a mediação entre aprendizes e professores/tutores.
ATENÇÃO
No universo dos materiais didáticos, temos ainda os materiais didáticos físicos – muitos deles
impressos – e os materiais didáticos digitais que não exploram a linguagem hipermidiática.
Nesse caso, trata-se mais de uma transposição do suporte impresso para o digital.
ATENÇÃO
Um dos requisitos importantes do design dos materiais didáticos, portanto, é garantia de ação
reflexiva nos estudantes, de modo que possam integrar o conhecimento teórico com o
conhecimento mais prático (FRANCO, 2007).
Explorar a realização ou uso de simulações, recorrer a animações, desafiar por meio de testes
e games , engajar com resolução de problemas e atividades de “mão na massa”, ler textos
que fazem mixagem de diferentes linguagens – tudo isso pode ser visto como formas de tornar
a experiência de aprendizado mais ativa e interessante para o aluno, por meio de um bom
design instrucional ou de aprendizagem.
A partir de Almeida (apud MARCELINO; MARCELINO, 2018), podemos listar alguns pontos
que devem ser levados em conta no design e na realização de atividades pedagógicas que se
valem das linguagens hipermidiáticas:
PROJETO EDUCACIONAL
Ser pertinente ao nível dos alunos com objetivos de aprendizagem a serem atingidos.
ADEQUAÇÃO AO PERFIL DOS APRENDIZES
Privilegiar teorias ativas, que são de base socioconstrutivistas ou conectivistas, atentando para
aquelas que buscam, em princípio, a autonomia na aprendizagem dos estudantes e acreditam
em seu potencial.
QUESTÕES COGNITIVAS, DE ATENÇÃO E AFETIVAS
Atentar para o que abrange as condições individuais do aprendiz, verificando seus potenciais e
limites para aprender e para interagir socialmente.
METODOLOGIAS DE ENSINO
Optar por aquelas com ênfase na colaboração, cocriação, simulação, imersão, pensamentos
críticos e argumentativo, produção em cultura maker (mão na massa) e letramentos para o
uso de tecnologias.
COMUNICAÇÃO DIDÁTICA
Promover meios e conteúdos que possibilitem fluidez, adesão dos participantes com
engajamento e identificação de interesses comuns, e conexões com a realidade dos
aprendizes.
Todos esses pontos não devem ser levados em consideração apenas nos ambientes virtuais,
nas experiências de educação a distância ou híbridas.
O layout de uma sala de aula presencial, o formato da própria aula, a dinâmicas das
atividades e o uso de recursos digitais – smartphones , projetores multimídia, lousas digitais,
entre outros – podem contribuir para uma aprendizagem mais ativa.
PASSO 1
PASSO 2
PASSO 3
PASSO 4
PASSO 5
PASSO 6
PASSO 7
PASSO 8
PASSO 9
PASSO 1
Idealizar um projeto com design pedagógico, o que implica trabalhar as seguintes fases:
analisar, planejar, desenvolver/implantar e avaliar.
PASSO 2
Identificar o objetivo que leva o professor e seus estudantes a fazer uma curadoria. Por
exemplo, definir o foco de uma pesquisa, levantar os dados, checar informações a partir das
fontes pesquisadas. No caso, as autoras sugerem uma pesquisa mais aprofundada sobre o
caso de Brumadinho – barragem da companhia Vale do Rio Doce –, que teve consequências
drásticas constatadas até os dias atuais.
PASSO 3
PASSO 4
Estimular o uso do pensamento crítico e argumentativo sobre o que foi levantado: analisar,
raciocinar sobre os fatos e tecer opiniões pautadas na pesquisa, a partir de fatos e evidências.
PASSO 5
Orientar sobre como é a estrutura de construção de projetos, acentuando que esta é uma
habilidade que servirá para toda a vida, além da escola.
PASSO 6
Checar e “peneirar” a origem e as fontes de informação, bem como associá-las a outras fontes
já checadas. Trata-se da realização de curadoria contra as fake news .
PASSO 7
PASSO 8
Ter boa comunicação para fazer a apresentação, depois de todo esse levantamento. É nesse
passo que a solução é mostrada.
PASSO 9
Avaliar todo o processo da atividade, tanto do lado do design pedagógico, quanto do lado do
aprendiz e de sua satisfação.
Os nove passos sugeridos por Garcia e Czeszak (2019), por meio de uso de plataformas
digitais, valorizam o que as mídias digitais e a internet oferecem.
DESIGN E APRENDIZAGEM
Nesta conversa, os professores Roberto Paes e Luís Dallier destacam as implicações e
possibilidades do design de aprendizagem.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
D) Materiais e recursos didáticos deixam de ter importância para a mediação pedagógica nas
aulas presenciais, por isso, o design de aprendizagem está relacionado com a educação a
distância.
E) A linguagem dialógica não deve fazer parte do design de materiais didáticos, porque ela se
reserva à fala do professor em sala de aula ou em vídeo.
GABARITO
O desenho dos materiais e recursos didáticos deve considerar diversos aspectos, entre eles,
se o material é autoinstrucional, ou seja, se é o principal meio de o aluno acessar o conteúdo e
aprender. Nesse caso, são importantes a interatividade, a linguagem dialógica, as variadas
linguagens e os diversos recursos que promovam a construção do conhecimento.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Estudamos algumas das questões mais relevantes sobre as linguagens hipermidiáticas e seu
inter-relacionamento com o campo da educação. Além disso, trabalhamos conceitos
importantes sobre hipermídia, hipertexto, hiperleitura, letramento, materiais didáticos, design
e aprendizagem, e vimos as implicações desses conceitos na educação a distância e nas
experiências em sala de aula presencial.
A partir dos conceitos abordados, tivemos a oportunidade de abordar alguns aspectos e pontos
das práticas metodológicas relacionadas com a linguagem hipermidiática no ambiente escolar
e virtual.
Ainda há um espaço muito grande a ser preenchido para formação em mídias digitais. O
professor bem-preparado para a comunicação midiática poderá contribuir mais para o
desenvolvimento de competências cognitivas e criativas de seus estudantes.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, D. Pelos caminhos do letramento visual: por uma proposta multimodal de leitura
crítica de imagens. In : Revista Linguagem em Foco, v. 3, n. 5, set. 2019.
FILATRO, A.; CAIRO, S. Produção de conteúdos educacionais. São Paulo: Saraiva, 2015.
EXPLORE+
Assista ao vídeo Especial tecnologia na educação – por que usar tecnologia , no canal
Porvir Educação, no YouTube, e tenha uma breve e interessante visão das possibilidades
e dos cuidados do uso das tecnologias na aprendizagem.
CONTEUDISTA
Marilene Garcia
CURRÍCULO LATTES