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ARTE NO TEMPO (CONTEXTO)

Você já parou para pensar, afinal, qual é a função da Arte? Por


que ela existe? Pois bem, existem registros de criações feitas pelo
ser humano desde os primórdios da humanidade, com a arte
rupestre, pintura nas cavernas, instrumentos musicais feitos de
ossos etc.

Pintura pré-histórica na Tailândia.

E, quando acompanhamos a história, nos deparamos com o con-


texto artístico que está inserido nos acontecimentos ao longo do
tempo. A arte anda de mãos dadas com a história.

Muitas vezes, a arte é uma fonte histórica. Através de pinturas e


retratos feitos pelos artistas que viveram em determinado recorte
de tempo, podemos conhecer muito de uma época, por mais
distante dos dias de hoje que seja. Através da arte somos capazes
de entender como viviam as pessoas de um determinado lugar,
em que acreditavam, suas formas de se vestir e até mesmo suas
classes sociais.

Por muito tempo, essa foi a principal função da arte: a de registrar.

Os retratos de pessoas
também são um
marco importante na
história da Arte. Eles
procuravam ser o mais
fiel possível à realida-
de. A este estilo de
pintura, damos o
nome de Naturalismo.
Pintura de 1807 do artista francês Jacques-Louis David
retratando a coroação de Napoleão Bonaparte.
Entretanto, houve um momento em que rupturas aconteceram e, para além das repre-
sentações fidedignas do tempo em que viviam, deu-se espaço também à imaginação de
quem desenhava e pintava. Neste momento histórico, a Arte também passou a ser uma
ferramenta para mostrar novas ideias e expor novos pensamentos. Protestar. Manifestar.

A Arte passou por inúmeras modificações ao longo do tempo, assim como a sociedade.
Não é, portanto, algo que está intacto. Pelo contrário, se transforma o tempo todo! Nossas
vidas mudam, os pensamentos, as ideias, as prioridades… E a Arte acompanha isso tudo.
Afinal, faz do cotidiano de vários povos desde a Pré-história!

ARTE NO ENEM
(CARACTERÍSTICAS E DICAS)

No Enem, o conteúdo de Arte costuma cair na prova de Linguagens, Códigos e suas


Tecnologias. É importante salientar que as questões são sempre contextualizadas e vão
ao encontro com o que está ocorrendo no mundo. Existem, ainda, outros temas bas-
tante recorrentes que tratam de recortes da arte brasileira e mundial. Vamos dar uma
olhada nestas possibilidades?

Uma premissa importante para quem vai prestar a prova do Enem é estar por dentro
de atualidades, sejam elas culturais, políticas ou culturais. No âmbito da Arte, saber
quais exposições de grande porte foram realizadas realizadas recentemente pode te
ajudar a acertar mais questões. Exposições como de Frida Kahlo, Banksy e Bienal de
São Paulo são bons exemplos. Dentro do assunto da Bienal, a Arte Contemporânea
também é um viés a ser compreendido.

Nesse contexto, procure entender a trajetória dos artistas, as motivações para suas pro-
duções, técnicas utilizadas, a conjuntura em que determinado artista estava inserido.

Barroco Mineiro: Falando em temas recorrentes, muitos deles recaem sobre a arte
brasileira. Por exemplo, o Barroco Mineiro. Apesar de ter sido originado na Europa,
chegou até aqui e passou por diversas mudanças, que mantiveram a essência do Bar-
roco, mas com características bem brasileiras.

Outro tema a ser olhado com cuidado e atenção é o de Patrimônio Cultural. É impor-
tante compreender a diferença entre Patrimônios materiais e imateriais, bem como
entender o que caracteriza um Patrimônio histórico/cultural.
Patrimônio cultural:
O patrimônio cultural é composto por bens culturais, como monumentos, tradições,
arte e arquitetura, que possuem significado histórico, artístico ou cultural, sendo pre-
servados para as gerações futuras.

Patrimônio material:
O patrimônio material refere-se a bens tangíveis, como edifícios, obras de arte, objetos
históricos e monumentos, que têm valor cultural, histórico ou artístico e são protegidos
e preservados para as futuras gerações.
A arte indígena e africana são muito relevantes também pois, levando em consideração a
colonização do Brasil, estas duas culturas estão completamente ligadas à nossa. Aqui,
faz-se necessário olhar para a arte africana produzida de fato da África, e não somente
suas influências no nosso país.

As vanguardas europeias, o advento da fotografia e do cinema também são queridinhos


da prova do Enem. Entender cada movimento, o que ocorria no mundo naquele recorte
temporal e local são essenciais.

Por fim, mas não menos importante, entenda como fazer leitura e análise de imagens.
Prestar atenção nas legendas pode te ajudar bastante a compreendê-la melhor. Fique
ligado nesses pontos, nas atualidades e tenha em mente que saber interpretar imagens é
muito importante!

VANGUARDAS EUROPEIAS
Inúmeros movimentos e manifestos artísticos ocorreram por toda a Europa no início do
século XX, promovendo grandes mudanças nas artes plásticas, teatro, música e literatura.
Embora tenha iniciado na Europa, essa movimentação surtiu efeito no mundo inteiro,
mudando a forma como o planeta observa e vive a arte.

O surgimento das Vanguardas Europeias foi o principal marco inicial da busca pela liber-
dade de expressão. Portanto, o laço com a Arte produzida até então, que era voltada para
o naturalismo, rompeu-se, dando espaço à novas criações, que não estavam preocupadas
em reproduzir a realidade.

A ideia era mostrar o novo mundo tal como vinha se apresentando, especialmente após a
revolução industrial, em 1840. Algumas correntes surgiram com a eclosão da primeira
guerra mundial, em 1914. Nesse caso, os artistas buscavam retratar temas como violência,
repressão e conflitos.
Vamos relembrar um pouco cada um destes movimentos de vanguarda? São eles:

Futurismo (1909) - apresentava um forte apelo e Cubismo (1908 e 1910) - valorização


admiração pelas inovações tecnológicas; de figuras geométricas, rompimen-
to com a representação da figura
humana de forma realista;
Expressionismo (1912) - trata da subjetividade, do
inconsciente. Aqui, existe um forte apelo à melancolia;

Dadaísmo (1916) - o principal objetivo é o de impactar


a burguesia e mostrar a verdadeira repercussão cau- Todas as vanguardas negavam
sada pela guerra com obras aparentemente “sem a razão e a lógica estabelecidas,
sentido”; propondo o novo e o que, até
então, ainda não havia sido
pensado/praticado.
Surrealismo (1924, pós Primeira Guerra Mundial) -
mostrava a irracionalidade, o que não era óbvio no
pensamento humano. Há a valorização do incon-
sciente e universo onírico.
ARTE CONTEMPORÂNEA
O que será que diferencia as eras artísticas? Ou melhor, o que separa, afinal, a arte
moderna da arte contemporânea? Voltando um pouquinho no tempo, mais especifica-
mente para o fim da Segunda Guerra Mundial, temos uma mudança drástica no
mundo. Um cenário devastador, inúmeras mortes e destruição. Nesse sentido, o
mundo muda junto com as guerras.

Com a Arte não seria diferente. Especialmente porque ela acom-


panha e reflete o que a sociedade está passando em determina-
do recorte de tempo e limites geográficos.

A arte Contemporânea teve seu pontapé inicial com a Pop art,


que trata-se de uma manifestação artística que questionava o
estilo de vida que da época, o endeusamento de celebridades, o
“sonho americano”, além de técnicas que inovar e rompiam com
a pintura, como as serigrafias de Andy Warhol.

Esta nova forma de fazer artístico rompeu com muito do que se


fazia até então: juntamente com uma nova mentalidade,
chegam as novas tendências. Uma das grandes características da
arte contemporânea é a possibilidade de o espectador interagir
com a obra.

Mas o mais importante que é preciso ter em mente é que, a partir de então, os artistas
passam a defender que a ideia e o conceito de uma obra são tão importantes quanto
seu resultado final. Este fato lança um novo olhar sobre tudo o que se produz: atual-
mente, é importante que o espectador não “apenas” observe o que está diante dele,
mas que também entenda todo o contexto e tire, a partir daí, suas próprias conclusões.

ARTE BRASILEIRA
A manifestação artística no Brasil data desde a pré-história, período em que foram pro-
duzidas as artes rupestres. A principal localidade onde estes desenhos se concentram
em nosso país é no Pará, em especial, na Serra da Capivara. Os desenhos eram feitos
com pigmentos naturais vegetais ou sangue e estima-se que foram feitas em 13000 a.C.

Outra produção artística fortemente presente no Brasil é a arte produzida pelos indíge-
nas, população presente em todas as partes do país, nas mais diversas tribos. Cada tribo
apresenta sua cultura, mas a arte produzida tem algo em comum: a criação de artefatos
e objetos utilitários, tais como cerâmica, teares e cocares. A pintura corporal também
está presente na cultura dos povos originários. Ela é utilizada em rituais, festas e outros
eventos dentro da tribo.

Uma importante mudança de pensamento e, por consequência, produção artísti-


ca brasileira foi o período do Modernismo. Embora tenha sofrido influência do Modernis-
mo europeu, o movimento ocorrido no Brasil foi na contramão da arte da Europa. Aqui, a
intenção dos artistas era justamente criar uma identidade e produções que tivessem, de
fato, os aspectos culturais do nosso país.

Defendiam, ainda, a liberdade de expressar-se de uma forma que fugia às normas aca-
dêmicas vigentes. O senso de humor também foi bastante difundido. Trata-se de um
período marcado pela Semana de Arte Moderna, em 1922, em que artistas de diversas
linguagens se reuniam e mostravam suas novas criações.
O estilo Barroco vem da Europa, mas chegou até o Brasil.
No estado de Minas Gerais, onde é mais presente, passou
por diversas modificações, criando-se quase um estilo
próprio. No Barroco original, as características mais
notáveis e recorrentes são uma forte presença da duali-
dade (bom e mal, claro e escuro), assim como a riqueza de
detalhes e o exagero.

Embora apresente muitas características provenientes da


Europa, as alterações feitas pelos artistas brasileiros foram
marcantes e tornaram o estilo único! No caso das pinturas,
geralmente com motivos religiosos (também conhecido
como Arte Sacra), os artistas acrescentaram um tom mais
tropical às suas obras, passando a usar cores muito vivas.

Por fim, o Expressionismo, movimento surgido na Ale-


manha no início do século XX, chegou ao Brasil. Como não
poderia deixar de ser, os artistas brasileiros imprimiram sua
personalidade no estilo, mas mantendo princípios funda-
mentais do Expressionismo, tais como a subjetividade, o
uso de linhas acentuadas e bem marcadas, bem como
cores fortes e brilhantes.
GRÉCIA ANTIGA

Apesar de a história da Grécia Antiga ser um conteúdo muito vasto,


o que é mais importante saber para o Enem é sobre a formação
das cidades-Estado e o funcionamento da democracia ateniense.
Cidades-Estado
O que hoje conhecemos como Grécia Antiga nada mais era do que
o conjunto de diferentes cidades-Estado ou pólis. Apesar de terem
origens e características culturais em comum, cada uma delas era
uma comunidade independente com seu governo e moeda. Inclu-
sive, muitas delas entravam em conflito, como foi o caso da Guerra
do Poloponeso, que opôs Atena e Esparta entre 431 a.C. e 404 a.C.
Entre as estruturas das cidades-Estado se destacam:

Ágora: praça central onde os cidadãos se reuniam para discutir e


tomar decisões políticas. Nos seus arredores ficavam edifícios
públicos e religiosos, além de feiras e mercados.

Acrópole: parte mais alta da pólis onde eram construídos templos


e edificações mais nobres.

Democracia
A democracia é um regime político que teve origem em Atenas e
significa “governo do povo”. Naquele contexto, poderiam participar
de decisões políticas todos os “cidadãos”, ou seja, apenas homens
livres e com mais de 21 anos. Confira uma síntese da trajetória de
Atenas e o desenvolvimento da democracia:
Século X a. C.: Atenas é fundada pelos Jônios sob o regime político
da monarquia. Além do rei, existia um conselho formado por aristo-
cratas ou eupátridas, que eram considerados os bem-nascidos.
Século VII a. C.: aristocratas derrubaram a monarquia e assumem as
funções do rei. Grupos sociais ascendentes, camponeses, artesãos e
pequenos proprietários de terras começam a demandar maiores
direitos e participação políticos.
Início do século VI a. C.: o legislador Sólon realiza uma série de mu-
danças nas leis, como o fim da escravidão por dívidas, a criação da
Eclésia (assembleia popular onde decisões políticas eram tomadas) e
o estabelecimento de critérios de renda para a participação política.
Fim do século VI a. C.: o legislador Clístenes promove mais transfor-
mações, como o fim dos critérios de renda para a participação na
Eclésia e a divisão da população em regiões chamadas de demos
que, por sua vez, eram agrupados em distritos eleitorais.
Século V a. C.: no governo de Péricles foi criado um Tribunal Popular
e foi instituída a remuneração para ocupantes de cargos públicos.
IDADE MEDIEVAL

Apesar de o que chamamos de Idade Medieval ter durado mil anos, o Enem tem
uma certa consistência nos temas cobrados. Dentro desse período, são dois os
assuntos que mais caem: o renascimento comercial e urbano, e a Igreja Católica. V

Renascimento comercial e urbano


Durante a Alta Idade Média (século V ao X), a Europa Ocidental era predominante-
mente rural. Foi só entre os séculos XI e XIII que as cidades medievais se desenvol-
veram. Um conjunto de fatores fez o feudalismo entrar em decadência e áreas
urbanas e comerciais se expandirem. Entre eles podemos citar:

• Inovações no campo: início da utilização de arados de ferro puxados por cava-


los, moinhos e da rotação trienal de culturas.
• Aumento da produtividade agrícola: as novas invenções fizeram a produtivida-
de agrícola crescer.
• Venda de excedentes agrícolas: com maior produção, os camponeses puderam
vender aquilo que sobrava.
• Êxodo rural: como as inovações poupavam mão-de-obra, muitos camponeses
foram para as cidades.

Como consequência, as cidades foram crescendo, assim como o comércio tanto


de alimentos quanto do artesanato de quem vivia nas cidades. Aos poucos, os
comerciantes deram origem a uma nova classe social que seria determinante para
o rumo dos séculos seguintes: a burguesia. Também foi nesse contexto que surgi-
ram os primeiros bancos e universidades.

Igreja
Foi nesse contexto que ocorreram as Cruzadas, incursões militares de cristãos
contra muçulmanos para obter o controle de Jerusalém. Isso porque, com o
avanço do Islamismo desde seu surgimento no século VI, a Igreja Católica se

REVOLUÇÕES INDUSTRIAIS
1ª Revolução Industrial
A Primeira Revolução Industrial ocorreu na Inglaterra entre meados do século XVIII e
meados do século XIX. Entre suas principais características podemos destacar:
- O surgimento do trabalho assalariado, da maquinofatura, da burguesia industrial e
da classe operária;

- Transformação das relações de trabalho, da paisagem urbana e da legislação;


- Início do capitalismo (nessa fase, chamado de capitalismo competitivo).

Esse processo teve início com os chamados cercamentos. Entre os séculos XVI e XVIII,
o governo inglês concedeu aos grandes proprietários de terra o direito de expulsar os
camponeses das terras comunais. Portanto, os territórios que antes eram de utilização
comum para subsistência passaram a ser arrendados ou cercados para produção
agropecuária – com destaque para a criação de ovelhas cuja lã seria utilizada na indús-
tria têxtil. Esse processo ocasionou a migração de camponeses para as cidades, onde
se tornaram fonte de mão de obra da nascente indústria.
Ao mesmo tempo, a burguesia que havia prosperado com o comércio investia
cada vez mais na produção. As antigas corporações de ofício já haviam dado lugar
às manufaturas, onde o burguês fornecia matéria-prima e instrumentos para que
funcionários exercessem suas funções. O processo se acelerou notavelmente com
a invenção da máquina a vapor no século XVIII. Seu aperfeiçoamento nas décadas
seguintes promoveu profundos avanços na indústria, o que ocasionou a prolifera-
ção de fábricas.

No entanto, as condições de trabalho dos operários eram extremamente precárias.


As jornadas diárias chegavam a 18 horas, os ambientes eram insalubres, os salários
eram baixos e até crianças eram contratadas.

2ª Revolução Industrial
A Segunda Revolução Industrial foi marcada por uma nova leva de avanços técni-
cos e científicos que transformaram a indústria a partir da segunda metade do
século XIX. Entre suas características podemos destacar:

- Substituição do ferro pelo aço: o aperfeiçoamento na produção do aço provo-


cou enormes avanços na siderurgia e metalurgia, o que resultou na massiva cons-
trução de ferrovias. Também avançou a construção de navios e armamentos.
- Descoberta do petróleo: com o início de sua extração comercial, novos combus-
tíveis foram desenvolvidos e substituíram o carvão. No fim do século XIX também
foram criados os primeiros automóveis e o motor a combustão.
- Formação de monopólios: grandes companhias passaram comprar as menores
que atuavam na mesma área. Como resultado, eliminavam a concorrência e pas-
saram a monopolizar ramos inteiros de produção. Dessa forma, o capitalismo
competitivo deu lugar ao capitalismo monopolista.

GUERRA FRIA
A Guerra Fria foi um conflito ideológico e geopolítico que se desenrolou após a
Segunda Guerra Mundial, opondo os Estados Unidos e a União Soviética (URSS).
Nesse contexto, destacam-se os seguintes elementos:

Conflito político e ideológico: a Guerra Fria foi marcada por um conflito ideológico
entre o capitalismo, representado pelos EUA, e o socialismo/comunismo, represen-
tado pela URSS. Ambas as superpotências buscavam expandir sua influência políti-
ca global com ideologias opostas.
OTAN e Pacto de Varsóvia: para consolidar suas posições, os dois blocos formaram
alianças militares. Assim, se um dos países-membros fosse invadido, os demais
deveriam auxiliá-lo. Os Estados Unidos lideraram a Organização do Tratado do
Atlântico Norte (OTAN), enquanto a União Soviética liderou o Pacto de Varsóvia.
Crise dos Mísseis: um dos momentos mais tensos da Guerra Fria foi a crise dos
mísseis em 1962, quando os EUA descobriram a presença de mísseis soviéticos em
Cuba, desencadeando o temor de uma guerra nuclear. O acordo resultante levou à
retirada dos mísseis de Cuba em troca da retirada de mísseis dos EUA na Turquia,
evitando um conflito direto.
Disputas Globais: embora não tenha havido confronto direto entre os EUA e a
URSS, vários conflitos indiretos ocorreram em todo o mundo como resultado da
rivalidade entre as superpotências. Destacam-se a Guerra do Vietnã (1965-1975) e a
Guerra das Coreias (1950-1953).

A Guerra Fria gradualmente chegou ao fim na década de 1980, com a liberalização


na URSS sob líderes como Gorbachev, a queda do Muro de Berlim em 1989 e a
dissolução da URSS em 1991.
PATRIMÔNIO HISTÓRICO
Apesar de não representar um período ou local específico, o patrimônio histórico e
cultural é um assunto que cai todos os anos no Enem. Mas o que é patrimônio? De
acordo com o Artigo 216 da Constituição de 1988, patrimônio cultural são os bens

“de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto,


portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos
formadores da sociedade brasileira”.

Em outras palavras, patrimônio histórico e cultural é tudo aquilo que faz parte da
identidade e memória de um povo. São traços culturais compartilhados por deter-
minado grupo e que estabelecem laços de pertencimento aos indivíduos que
fazem parte dele.
Podemos dividir o patrimônio em bens materiais e imateriais:

Bens materiais: são aqueles que podemos tocar, pesar ou dimensionar. Podem ser
obras, objetos, documentos, edificações, conjuntos urbanos e sítios arqueológicos.

Exemplos de bens materiais:

Arcos da Lapa Esculturas “Os Profetas”, Cidade inteira de Ouro


Rio de Janeiro (RJ) de Aleijadinho Preto (MG)
Congonhas (MG)

Bens imateriais: são aqueles que não podemos tocar, pesar ou dimensionar.
Podem ser as formas de expressão ou modos de criar, fazer e viver.

Exemplos de bens imateriais:

Roda de capoeira Ofício das Baianas do Acarajé Frevo

Para que um bem seja considerado patrimônio municipal, estadual ou nacional, ele
deve ser tombado. Isso significa que deve passar por um processo de legitimação
executado por especialistas de órgãos competentes. A nível nacional, o órgão
responsável é o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).
BRASIL COLÔNIA
O período de que chamamos de Brasil colônia vai de 1500, quando os portugueses
chegaram aqui, até a independência do território, em 1822. Podemos dividir essa
etapa da nossa história em três fazes: período pré-colonial, economia açucareira e
ciclo do ouro.

Apesar dessa classificação, é importante destacar que outros cultivos também


foram importantes na colônia, como o algodão, o tabaco e o gado. No século XVII
ainda houve um processo de interiorização com a expansão da criação de gado no
Nordeste e a exploração de drogas do sertão na Amazônia.

Período pré-colonial (1500 a 1530)


O empreendimento de colonização portuguesa não iniciou assim que Pedro Álva-
res Cabral desembarcou na Bahia. No período entre 1500 e 1530, não havia nenhum
plano de colonizar estas terras. Isso porque não foram encontrados indícios de
metais preciosos que pudessem ser explorados, e Portugal estava concentrando
esforços no lucrativo comércio com as Índias.

Nessas primeiras décadas, a principal atividade dos portugueses foi a exploração


do pau-brasil. Eles também realizaram escambo com indígenas, trocando não só
bens materiais, mas também se aproveitando do trabalho e conhecimento dos
povos nativos. Também é importante lembrar que nessa época o território brasilei-
ro foi alvo de invasões de outros estrangeiros, principalmente franceses.

Economia açucareira (1530 ao fim do séc. XVII) Capitanias hereditárias


Com o intuito de proteger o território, os portugue-
ses iniciaram o projeto de colonização em 1530.
Nesse momento foram criadas as capitanias heredi-
tárias, as sesmarias (divisões dentro das capitanias)
e o cargo de capitão donatário (homens escolhidos
pela Corte e que tinham direito de explorar as terras
da capitania a que tinham sido designados). Como
o sistema de capitanias não prosperou, em 1548 foi
criado o Governo-Geral, uma forma de Portugal
centralizar o comando do território. Foi então que
Salvador se tornou a primeira capital da colônia.
Foi nesse contexto que foi iniciada a produção de
açúcar, com destaque para a capitania de Pernam-
buco. Apesar de não ser a única mercadoria a ser
produzida na colônia, o açúcar era a mais lucrativa
e produzida em maior quantidade. É importante
lembrar que o sistema de cultivo da cana-de-açú-
car era de monocultura de exportação.

A princípio, era explorada somente a mão de obra de indígenas escravizados. Inclu-


sive, havia conflito entre os jesuítas, que desejavam catequizá-los, e os colonizadores,
que os viam apenas como fonte de mão de obra. No entanto, logo o tráfico negreiro
tornou-se um negócio lucrativo e os africanos escravizados passaram a formar a
maioria dos trabalhadores dos engenhos. Mesmo assim, o século XVII foi de intensa
atividade de bandeirantes na perseguição e captura de indígenas. Estes, por sua vez,
continuaram a ser explorados durante todo o período colonial.
Ciclo do ouro (fim do século XVII ao início do XIX)
Essa fase da colonização teve início com descobertas de importantes jazidas de
ouro e diamantes no interior do Brasil. A região mais importante para a mineração
era Minas Gerais, embora Goiás e Mato Grosso também possuíssem minas signifi-
cativas. Essa descoberta desencadeou uma intensa migração de pessoas de diver-
sas regiões do Brasil e Portugal para a região das minas. O resultado foi o desenvol-
vimento de várias vilas e cidades voltadas para a extração de minérios.
Para assegurar sua participação nas riquezas exploradas nas minas, a Coroa portu-
guesa criou impostos como o quinto real, que determinava que 20% do ouro mine-
rado pertencia ao rei, e a capitação, um tributo pago pelos donos de escravos sobre
cada cativo. Além disso, a derrama era uma prática que visava arrecadar impostos
atrasados à força, causando descontentamento e revoltas na região mineradora –
com destaque para a Inconfidência Mineira, em 1789.

O ciclo do ouro também promoveu a interiorização do Brasil, impulsionando a


criação de gado no Nordeste, que servia como meio de transporte e alimentação, e
gerando o tropeirismo. A atividade mineradora tornou-se a principal fonte de rique-
za de Portugal, deslocando o polo econômico do Nordeste para o Sudeste.

Revoltas coloniais
• Relembre as principais revoltas que ocorreram no período do Brasil colônia:
• Revolta de Beckman, no Maranhão em 1684.
• Guerra dos Emboabas entre 1707 e 1709 em Minas Gerais.
• Guerra dos Mascates, no Recife, em 1710-1711;
• Revolta de Vila Rica, em Minas Gerais em 1720;
• Inconfidência Mineira, em 1789.
• Conjuração Baiana (Revolta dos Alfaiates), em 1798.

ESCRAVIDÃO NO BRASIL

Toda a riqueza originada durante o período de colonização foi fruto do trabalho


forçado de indígenas e negros. Os africanos começaram a ser trazidos para o Brasil
ainda no século XVI. A princípio, trabalhavam nos engenhos de açúcar. Posterior-
mente, seu trabalho também foi explorado nas minas e nas fazendas de café. Esti-
ma-se que no início do século XVII, cerca de 8 mil africanos eram trazidos anual-
mente para cá. Como o tráfico tornou-se uma atividade lucrativa, só na primeira
metade do século XIX entraram aproximadamente 1,5 milhão de africanos
escravizados no Brasil.

Tráfico negreiro
O tráfico negreiro para o Brasil iniciou no século XVI e foi até 1850, quando foi criada
a Lei Eusébio de Queirós, que proibiu a atividade. Durante esse tempo, cerca de 6
milhões de africanos foram trazidos para cá. A maior parte deles era de Angola, do
Congo e regiões de povos bantos e sudaneses. De 1850 até 1888, o tráfico de
escravizados ocorreu somente no interior do Brasil, de região para região.

Cultura
Negros e negras escravizados tiveram que desenvolver formas de resistência cul-
tural. Encontramos essa construção na religião, por exemplo, com a associação de
santos católicos a divindades africanas, a criação das irmandades de pretos e de
mestiços, e de adaptações de festas e rituais incorporando elementos católicos.
Mito da democracia racial
Abolição
O Brasil foi o último país da América a O mito da democracia racial surgiu a partir da
abolir a escravidão com a assinatura ideia de que a miscigenação teria diminuído a
da Lei Áurea em 1888. Mas a abolição distância social entre brancos e negros. Mas
só foi possível graças à luta de muitos essa teoria não leva em consideração que a
homens e mulheres. Alguns dos prin- miscigenação foi um processo marcado por
cipais nomes que lutaram contra a todo tipo de violência. Além disso, ignora que
escravidão são os seguintes: não houve nenhuma medida de inserção dos
ex-escravizados na sociedade após a abolição.
• Francisco José do Nascimento; Assim, a distância social racial continuou se
• José do Patrocínio; perpetuando e impedindo o surgimento de
• Joaquim Nabuco; uma democracia racial real.
• André Rebouças;
• Luís Gama;
• Maria Firmina dos Reis.

PRIMEIRA REPÚBLICA

A Primeira República é o período da história do Brasil que vai de 1889 a 1930. Pode-
mos classificá-la em dois momentos:
- República da Espada (1889 a 1894): inicia com a Proclamação da República e vai
até o fim do mandato presidencial do Marechal Floriano Peixoto.
- República Oligárquica (1894 a 1930): inicia com a eleição do primeiro civil como
presidente do Brasil (Prudente de Morais) e vai até a Revolução de 1930. As ques-
tões do Enem costumam cobrar este período.

A República Oligárquica
O período da República Oligárquica foi caracterizado pelo domínio das oligarquias
agrárias estaduais. Os grandes proprietários de terras, principalmente cafeicultores
de São Paulo e Minas Gerais, concentravam tanto poder político em suas mãos que
conseguiam determinar o resultado das eleições. O predomínio desses dois esta-
dos na política nacional deu origem à expressão “República do Café com Leite”,
pois paulistas e mineiros se alternavam nos cargos de presidente da república.

Política dos governadores


A fim de sustentar sua dominação, políticos e latifundiários criaram um sistema de
colaboração chamado de “política dos governadores”. Eram estabelecidos acordos
em que governadores se comprometiam a assegurar que somente deputados
federais alinhados com o presidente fossem eleitos. Em contrapartida, o presidente
financiaria obras nos estados, evitaria interferências nas nomeações de cargos
públicos e conteria o avanço de grupos de oposição nessas regiões.
Coronelismo e voto de cabresto
Essa dinâmica funcionava no interior dos estados graças à força do coronelismo.
Apesar do nome, os chamados coronéis não possuíam patentes militares. Eles
apenas eram grandes proprietários de terra que exerciam enorme influência tanto
sobre camadas pobres da população quanto sobre o poder Judiciário.

Durante as eleições, os coronéis obrigavam seus agregados a votarem em candida-


tos predeterminados. Em troca, ofereciam favores e benefícios, como empregos
públicos, assistência médica e vagas escolares. Como o voto não era secreto,
também eram comuns as ameaças e retaliações. Por esse motivo, as eleições da
época ficaram marcadas pelo chamado “voto de cabresto”. Além disso, os coronéis
se utilizavam de artifícios como a falsificação de títulos e listas eleitorais, violação
de urnas, dos votos de eleitores já falecidos e da intimidação a integrantes da
oposição.

Movimentos populares
Durante a Primeira República também se destacaram movimentos populares no
campo e na cidade. Dentre os que mais caem no Enem, podemos frisar a Guerra
de Canudos e a Revolta da Vacina.

Guerra de Canudos: no final do século XIX, um líder religioso chamado Antônio


Conselheiro atraiu milhares de seguidores. Juntos, construíram uma comunidade
na região de Canudos, no interior da Bahia. No entanto, o apelo de Conselheiro à
população pobre da região e suas opiniões de viés monarquista levaram as autori-
dades a reprimirem a comunidade. A Guerra de Canudos eclodiu em 1896, quando
o governo enviou várias expedições militares para sufocar a comunidade, resultan-
do na morte de aproximadamente 30 mil sertanejos antes de Canudos ser final-
mente derrotada em 1897.

Revolta da Vacina: ocorrida no Rio de Janeiro em 1904, foi um movimento contra a


obrigatoriedade da vacinação contra a varíola, parte de uma campanha de saúde
pública liderada pelo médico sanitarista Oswaldo Cruz. A população se revoltou
porque doentes eram removidos à força, casas eram desinfetadas sem autorização
de moradores, além de boatos sobre efeitos colaterais da vacina. Junto a isso, refor-
mas urbanísticas estavam removendo moradores pobres da área central da cidade
de forma autoritária e violenta. Assim, a população se uniu para resistir às medidas.
A revolta levou à revogação da obrigatoriedade da vacinação e deixou um saldo de
23 mortos e aproximadamente 900 detidos.

A ERA VARGAS
Getúlio Vargas foi o presidente brasileiro que permaneceu por mais
tempo no poder. A Era Vargas, que vai de 1930 a 1945, pode ser dividida
em três fases: governo provisório, governo constitucional e Estado Novo.

Governo Provisório (1930-1934)


Getúlio Vargas assumiu o poder em caráter provisório após a Revolução
de 1930 e deveria permanecer no cargo apenas até que novas eleições
ocorressem. Durante esse período, implementou importantes medidas
trabalhistas. Alguns exemplos são:

• criação do salário-mínimo;
• estabelecimento da jornada de trabalho de oito horas;
• repouso remunerado;
• férias;
• indenização trabalhista.
Por outro lado, criou mecanismos de controle dos sindicatos, limitando sua liberda-
de de atuação.

O governo provisório também foi marcado pela Revolução Constitucionalista de


1932, liderada pelos paulistas, que acabou derrotada. Posteriormente, Vargas convo-
cou eleições para uma Assembleia Constituinte, que introduziu reformas importan-
tes, incluindo:

• o voto secreto e obrigatório; • criação da Justiça do Trabalho;


• direito ao voto feminino; • aprovação dos direitos trabalhistas.
• ensino primário obrigatório gratuito;

Governo Constitucional (1934-1937)


Em 1934, Vargas foi eleito presidente pela Assembleia Constituinte. Seu mandato
deveria se estender até 1938, quando um novo presidente deveria escolhido por
voto livre e direto. Apesar de parecer que a estabilidade democrática havia sido
restaurada, esse período foi caracterizado por uma forte polarização política, com o
surgimento de dois movimentos antagônicos: a Ação Integralista Brasileira (AIB),
grupo de extrema-direita com inspiração fascista, e a Aliança Nacional Libertadora
(ANL), grupo do qual fazia parte o Partido Comunista Brasileiro (PCB).
Em 1935, setores da ANL ligados ao Partido Comunista lideraram insurreições mili-
tares que ficaram conhecidas como Intentona Comunista. O fracasso das tentati-
vas resultou em uma forte repressão anticomunista, com a prisão de mais de 6 mil
pessoas, incluindo Luís Carlos Prestes e sua esposa Olga Benário, que foi deportada
para a Alemanha nazista e morreu em um campo de concentração.
Em meio a esse contexto de tensão e repressão à esquerda, para se manter no
poder, Vargas inventou uma conspiração comunista, chamada por ele de Plano
Cohen. Vargas se utilizou do falso plano para fechar o Congresso Nacional, cancelar
as eleições presidenciais e instaurar o Estado Novo. Uma nova Constituição foi
outorgada, suspendendo garantias individuais e restringindo direitos civis, dando
início a uma ditadura centralizada em torno da figura de Vargas.

Estado Novo (1937-1945)


Durante o Estado Novo, Getúlio Vargas governou por meio de decretos-lei, extin-
guindo os partidos políticos, incluindo a Ação Integralista Brasileira (AIB), que havia
apoiado o golpe. Os opositores do governo foram duramente perseguidos, com
inúmeras prisões arbitrárias e práticas de tortura contra os presos.

Além disso, para controlar os meios de comunicação e moldar a opinião pública,


em 1939 foi criado o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), inspirado no
serviço de comunicação da Alemanha nazista. O DIP censurava jornais, revistas,
livros, rádio e cinema, além de produzir propaganda oficial. A figura de Vargas era
retratada como paternal, bondosa, severa e exigente.

Foi nesse contexto que teve início a Segunda Guerra Mundial. Inicialmente, Vargas
manteve uma posição ambígua. Porém, em 1942, após ataques a navios mercantes
brasileiros, o Brasil declarou guerra aos países do Eixo. Com a aproximação dos
Aliados, o país beneficiou-se da política de boa vizinhança dos EUA, recebendo
empréstimos e vantagens comerciais.

Com o fim da Guerra em 1945, a pressão popular e a distensão política levaram à


abertura política. A censura da imprensa foi encerrada, presos políticos foram anis-
tiados, eleições para uma Assembleia Constituinte foram convocadas e novos parti-
dos políticos surgiram. Vargas acabou renunciando em outubro de 1945.
DITADURA MILITAR
O Golpe de 1964 marcou um momento crucial na história do Brasil, quando os militares
assumiram o poder após derrubar o presidente João Goulart. O país passaria por um
período de forte repressão que duraria 21 anos, tendo fim apenas em 1985.

Golpe militar
O golpe ocorreu após o presidente Goulart anunciar as reformas de base, medidas que
pretendiam promover a reforma agrária, o direito de voto aos analfabetos e aos militares
de baixa patente, a nacionalização das empresas concessionárias de serviços públicos e
o imposto progressivo (quanto maior a renda, mais alta a alíquota do imposto). Os milita-
res justificaram suas ações como algo que iria proteger o país de um golpe comunista,
embora essa alegação seja totalmente falsa. As forças armadas contaram com o apoio
de setores da sociedade civil, Igreja, empresários, meios de comunicação e dos EUA.

Atos institucionais
Os atos institucionais (AI) eram decretos que legalizavam medidas autoritárias durante
a ditadura. O AI-1, por exemplo, concedeu ao presidente o direito de decretar estado de
sítio, suspendeu a estabilidade de funcionários públicos e autorizou a cassação de man-
datos de parlamentares. Contudo, o mais severo de todos foi o AI-5, decretado em 1968.
Entre outras medidas, fechava o Congresso Nacional, proibia manifestações políticas,
suspendia o habeas corpus e impunha a censura prévia.

Repressão
A repressão dos militares foi uma constante durante todo o período da ditadura. No
entanto, foi particularmente dura a partir de 1967. O Serviço Nacional de Informações
(SNI) e o Departamento de Ordem Política e Social (DOPS) perseguiram estudantes,
jornalistas, professores e artistas. Milhares de pessoas foram presas e torturadas, e
outras tantas foram exiladas. Além disso, de acordo com o relatório da Comissão Nacio-
nal da Verdade, 434 pessoas morreram ou desapareceram durante a ditadura.

Lei de Anistia
Graças à pressão popular, em 1979 foi aprovada a Lei da Anistia, que previa a absolvição
de presos políticos, cassados e perseguidos pela ditadura. Foi essa a medida que permi-
tiu o retorno dos exilados ao Brasil. Em contrapartida, a lei também implicou o perdão
aos crimes de agentes da ditadura. Portanto, até hoje os militares envolvidos no regime
permanecem livres e sem julgamento.

Abertura política
Na década de 1970, o crescimento de protestos populares levou o então presidente
Ernesto Geisel a propor uma "reabertura lenta, gradual e segura" para um governo civil.
Assim, os militares ainda teriam o controle de como seria feita a redemocratização.

Diretas já
Em 1983 foi apresentada uma emenda constitucional que propunha a volta das elei-
ções diretas. A partir de então, se espalharam pelo país protestos a favor da medida.
Essas manifestações ficaram conhecidas como "Diretas Já" e tiveram papel fundamen-
tal para o fim da ditadura.

Linha do tempo dos presidentes da ditadura militar:


Uma das coisas que mais nos assusta na prova do ENEM é, sem
dúvidas, a redação, pois a ideia de ter que escrever sobre um tema
que talvez nós nunca tenhamos debatido pode parecer assustadora.

Porém, o exame busca avaliar a capacidade de argumentação, a


clareza na exposição de ideias e a coesão textual, mais do que
conhecimentos muito específicos sobre o tema abordado e, portan-
to, ele não exige que você seja nenhum especialista.

Assim, ao se preparar com foco, revisão e atenção às orientações de


estrutura do texto e conhecendo os critérios de correção, você tem
todas as condições para conquistar uma boa nota e alcançar seus
objetivos no ENEM. Para te ajudar nessa tarefa, neste e-book, vamos
apresentar um resumo de tudo o que você precisa saber para fazer
seu texto no ENEM e ainda te daremos algumas estratégias para
usar no dia da prova para conseguir escrever independentemente
do tema cobrado.

COMO FAZER A PROVA E


ORGANIZAR O TEMPO
Certamente, o fato do tema do ENEM ser uma surpresa nos deixa
bastante ansiosos. Porém, como falamos anteriormente, é sempre
importante lembrar que nós não precisamos ser especialistas no
assunto, mas precisamos mostrar para os corretores que entende-
mos bem o que foi solicitado e, a partir disso, mostrarmos que con-
seguimos desenvolver boas ideias.

Para que mostremos uma compreensão efetiva do tema, então,


precisamos entender que o ENEM sempre nos pede um comando
complexo. Ou seja, um tema que pode ser dividido em algumas
partes, como podemos ver no que foi cobrado nos anos anteriores:

2022: [Desafios] para [valorização] dos [povos e comunidades tradi-


cionais] no Brasil
2021: [Invisibilidade] e [registro civil]: [garantia de acesso à cidadania]
no Brasil
2020: O [estigma] associado às [doenças mentais] na sociedade
brasileira
2019: [Democratização do acesso] ao [cinema] no Brasil
2018: [Manipulação do comportamento do usuário] pelo [controle de
dados] na [internet]
2017: [Desafios] para a [formação educacional de surdos] no Brasil
2016: [Caminhos] para [combater] a [intolerância religiosa] no Brasil.

Ou seja, no ENEM de 2020, por exemplo, não bastava você abordar


sobre a questão das doenças mentais. Era preciso também abordar
os preconceitos (estigmas) sofridos pelas pessoas que as possuem.
Da mesma forma, no ENEM de 2019, não caberia falar somente da
importância do cinema, era preciso abordar ainda a necessidade de
que essa arte fosse mais acessível (democratizada).
Sugerimos, então, que, assim que ler o comando, divida o tema em pequenas
partes, como fizemos acima, para que você consiga visualizá-las para apresentá-las
no seu texto. Lembre-se que todos os núcleos que formam esse tema devem ser
citados na sua redação.

Uma coisa que pode ter de incomodado quando mostramos os últimos temas do
ENEM é o fato de algumas palavras e expressões, como estigma ou povos e comu-
nidades tradicionais, não serem tão cotidianas e, por isso, você pode ter ficado
receoso de não saber como abordar essas questões no dia da prova. A boa notícia
é: a proposta de redação vai te apresentar textos motivadores que te tirarão qual-
quer dúvida sobre o tema. Nos exemplos que citamos agora, veja como eles foram
contemplados:

No caso do ENEM 2022, logo o primeiro texto já nos explicava o que eram os povos
e comunidades tracionais, e, no segundo texto, ele ainda reforçava essa informação,
como vemos abaixo:

Assim como no ENEM 2022, esse fenômeno acontece ano após ano. Isso quer dizer
que provavelmente você chegará na prova e ficará em dúvida ao ler algum elemento
do comando, mas você não precisa se preocupar, pois ele estará explicado na própria
prova. Atente-se, então, aos textos motivadores.
COMO ESCREVER O TEXTO
DISSERTATIVO-ARGUMENTATIVO

Se você já leu alguns textos nota máxima do ENEM, já deve ter percebido que eles
seguem um mesmo padrão. Isso acontece porque, de fato, o texto dissertativo possui
uma estrutura rígida, a qual te mostraremos agora para que você possa segui-la e,
assim, conseguir elaborar um texto completo.

Como sabemos, o texto dissertativo deve ser dividido em uma introdução, dois
desenvolvimentos e uma conclusão. Abaixo, resumimos o que cada um desses pará-
grafos deve ter e, depois disso, te explicaremos e mostraremos exemplos para que
você possa se inspirar e criar seu texto:

CONTEXTO [Apresentação de algo mais amplo que


vai se relacionar com o tema (buscar colocar um
repertório)]
INTRODUÇÃO TEMA [Apresentação de todos os núcleos presentes
no comando]
TESES [Apresentação dos dois objetivos que serão
desenvolvidos]

TÓPICO FRASAL [Menção da tese que é objetivo


deste parágrafo]
EXEMPLO [Repertório legitimado por uma área do
conhecimento que se relaciona com o tema e com
o que está sendo defendido]
DESENVOLVIMENTO REFLEXÃO [Análise do repertório para mostrar
01 como ele se relaciona como tema e com o que está
sendo defendido]
CONCLUSÃO [Retomada do tema e/ou da tese e
fechamento da discussão]

TÓPICO FRASAL [Menção da tese que é objetivo


deste parágrafo]
EXEMPLO [Repertório legitimado por uma área do
conhecimento que se relaciona com o tema e com
o que está sendo defendido]
DESENVOLVIMENTO REFLEXÃO [Análise do repertório para mostrar
02 como ele se relaciona como tema e com o que está
sendo defendido]
CONCLUSÃO [Retomada do tema e/ou da tese e
fechamento da discussão]

RETOMADA [Apresentação do tema e das teses]


CONCLUSÃO PROPOSTA DE INTERVENÇÃO [Ação + Agente +
Modo + Efeito + Detalhamento]
INTRODUÇÃO DO TEXTO DISSERTATIVO

Uma introdução eficaz deve começar contextualizando o tema, fornecendo um breve


panorama do assunto a ser discutido, que já pode utilizar algum exemplo ou repertório
que se relacione com o que será debatido.

Em seguida, é importante apresentar o problema ou a questão central que será aborda-


da no texto, lembrando, é claro, de mencionar todos os elementos que compõem o
tema, como falamos anteriormente.

Finalmente, a introdução deve estabelecer sua tese ou ponto de vista, de forma clara e
sucinta, para que o leitor saiba exatamente qual argumento você irá desenvolver ao
longo do texto. Para isso, apresente os dois objetivos, ou seja, suas teses que serão
desenvolvidas nos parágrafos seguintes.
Veja no exemplo abaixo esses elementos na prática:

Contexto Tema Tese 01 Tese 02

A artista Tarsila do Amaral ganhou notoriedade, no século XX, por exaltar a


pluralidade da cultura brasileira. Em seus quadros “Abaporu” e “O Mamoeiro”, por
exemplo, a pintora Modernista presta uma homenagem aos povos indígenas e aos
pescadores artesanais, respectivamente, ao promover um sentimento nacionalista e
crítico. Todavia, na realidade contemporânea, a valorização de comunidades e de
povos tradicionais restringe-se ao cenário artístico, já que, no Brasil, os direitos desses
grupos são negligenciados devido a raízes históricas e à ausência de políticas públi-
cas. Assim, medidas são necessárias para reverter esse cenário desafiador.

DESENVOLVIMENTO DO TEXTO DISSERTATIVO

O desenvolvimento de um texto dissertativo para o ENEM é a parte central da redação,


onde você elaborará seus argumentos, apresentará evidências e aprofundará sua análi-
se sobre o tema.

Cada parágrafo do desenvolvimento deve conter um argumento bem definido, apoiado


por exemplos, dados, citações ou referências relevantes. Esse parágrafo iniciará com
uma breve menção da sua tese para deixar claro o objetivo que será abordado.

Depois disso, você deverá explicar, exemplificar e refletir sobre o problema, mostrando a
sua crítica e seu posicionamento para, por fim, fechar a discussão. Como nos parágrafos
a seguir, que seguem a mesma estrutura, mas cada um abordando uma das teses
apresentadas na introdução:

Tópico frasal Repertório Reflexão Conclusão


CONCLUSÃO DO TEXTO DISSERTATIVO

A conclusão de um texto dissertativo para o ENEM desempenha um papel fundamental


na amarração das ideias apresentadas ao longo do texto. Nesta seção, é essencial resu-
mir sucintamente os principais argumentos abordados no desenvolvimento, destacan-
do o ponto de vista defendido.

Além disso, a conclusão pode apresentar uma proposta de solução para o problema
discutido. Antes de analisarmos o exemplo de parágrafo, então, vamos ver como fazer
uma proposta de intervenção, já que ela irá garantir – quando completa – 20% da sua
nota.

Para fazer a sua proposta, basicamente, você precisa apresentar cinco elementos (ação,
agente, modo, efeito e detalhamento) e cada um desses elementos te dará 40 pontos
na avaliação. Para preenchê-los, responda às seguintes perguntas:

Ação Agente Modo Efeito Efeito

O que deve Exemplificação


Quem deve Como deve Para que deve
ser feito? ou explicação de
fazer? fazer ser feito?
algum elemento
Veja que, além dos elementos apresentados, a autora do texto retomou no final do texto
o exemplo apresentado no contexto da introdução. Essa é uma estratégia de fechamen-
to que, mesmo que não seja obrigatória, mostra-se positiva, pois consegue finalizar o
texto de maneira efetiva potente.

AVALIAÇÃO DO TEXTO
DISSERTATIVO NO ENEM
Além de revisar a estrutura do texto dissertativo, como fizemos acima, é importante que
você lembre como seu texto será corrigido, como abordaremos agora:

A redação do ENEM é avaliada por dois corretores e cada um deles avaliará de maneira
independente cinco competências e dará notas entre 0 e 200 para cada uma delas,
somando os 1000 pontos possíveis. A sua nota será a média entre as notas dadas por
esses dois corretores e seguirá a avaliação dessas cinco competências pré-definidas,
que lembraremos agora:
Competência 01: Norma padrão da língua portuguesa

A competência 01 avalia a capacidade do candidato “demonstrar domínio da modalida-


de escrita formal da língua portuguesa”. Ou seja, é nesse critério que são avaliados os
seus conhecimentos gramaticais aplicados na produção do texto.
A partir disso, para que você consiga atingir nota máxima, você precisará apresentar
uma estrutura sintática excelente e poderá apresentar no máximo dois desvios gramati-
cais ou de convenção da escrita.

Competência 02: Tema, gênero e repertório

A segunda competência de avaliação é encarregada de verificar a habilidade do partici-


pante em compreender a proposta da redação e aplicar conceitos de diversas áreas de
conhecimento para desenvolver o tema dentro dos limites estruturais do texto disserta-
tivo-argumentativo em prosa.
Em resumo, esta competência avalia a aderência ao tema e à estrutura do gênero, bem
como a qualidade do repertório utilizado para sustentar as ideias apresentadas. Para
garantir a aderência ao gênero, é importante que o participante construa parágrafos
que incluam uma introdução, desenvolvimento e conclusão, seguindo uma estrutura
clássica que demonstramos neste e-book.

Além disso, a avaliação exige que o tema seja abordado de maneira abrangente, men-
cionando todos os núcleos que compõem a frase temática. A dica para marcar bem
essa adequação ao tema é: utilize os mesmos termos da frase temática na introdução e
depois, nos outros parágrafos, faça referência a esses termos por meio de sinônimos ou
outras palavras que sejam do mesmo campo semântico.
O repertório, por sua vez, é classificado em três tipos: repertório de textos motivadores,
repertórios não-legitimados e repertórios legitimados, cada um com sua pontuação
máxima. No entanto, o avaliador considerará o nível mais alto presente.

Para ter essa nota mais alta, então, é importante que você apresente um repertório
legitimado por uma área do conhecimento, como história, geografia, sociologia, filoso-
fia, artes, músicas, filmes, meios de comunicação...

Para ir bem nessa competência, porém, é importante lembrar que mais importante do
que o que você escolhe para usar como exemplo, é como você utiliza esse exemplo
para defender o seu ponto de vista. Então, foque no que você tem a dizer e nas rela-
ções que você consegue estabelecer entre a informação escolhida e a tese que você
pretende desenvolver no parágrafo.

Competência 03: autoria e coerência

A terceira competência avalia a habilidade de "Escolher, relacionar, estruturar e inter-


pretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista".
Em termos mais simples, essa competência foca na capacidade do autor de criar um
texto estrategicamente planejado e de desenvolver as ideias de forma consistente ao
longo do texto.
É comum que os candidatos encontrem desafios nessa competência, já que muitas
vezes eles se concentram na escolha de informações e repertório, negligenciando o
desenvolvimento eficaz desses elementos.
Sendo assim, para se destacar nessa competência, é crucial garantir que cada elemen-
to selecionado seja devidamente explorado no texto, tornando-o autoexplicativo e
independente. Para isso, é útil considerar que o leitor pode ser inexperiente e precisa
que as conexões lógicas entre os elementos sejam explicitamente estabelecidas no
texto, evitando que o leitor tenha que fazer suposições ou deduções, como vimos nas
reflexões apresentadas no texto de exemplo deste e-book.

Competência 04: coesão textual

A quarta competência visa avaliar a habilidade do candidato em "demonstrar profici-


ência no uso de mecanismos linguísticos necessários para a construção de argumen-
tos". Ou, de forma mais ampla, a capacidade de empregar elementos coesivos na reda-
ção. Ela analisa três aspectos relacionados à coesão textual: a utilização adequada de
elementos coesivos, sua expressividade e a não repetição excessiva desses elementos.
No que diz respeito à expressividade, é importante notar que pelo menos dois dos
quatro parágrafos do texto devem começar com um conectivo que estabeleça rela-
ções entre os parágrafos. Por exemplo, ao iniciar o primeiro desenvolvimento com a
expressão 'diante desse cenário', o parágrafo conecta-se ao cenário apresentado na
introdução.
Da mesma forma, começar o segundo desenvolvimento com 'ademais' indica a adição
de um novo argumento. Iniciar a conclusão com 'portanto' sinaliza a intenção de con-
cluir as ideias. Esses exemplos de elementos coesivos colocados no início dos parágra-
fos contribuem para a avaliação da expressividade na utilização de conectivos. Além
disso, é essencial incluir pelo menos um conectivo dentro de cada um dos quatro
parágrafos.
Quanto à repetição, o foco está nos conectivos, não nas palavras em si. É aceitável
repetir as palavras que fazem parte da frase temática, já que é parte intrínseca do texto
dissertativo mencionar o tema em várias instâncias. O cuidado necessário refere-se à
repetição excessiva de conectivos.
Para lidar com isso, é recomendável ter um repertório de três ou quatro conectivos de
cada tipo (conclusivos, explicativos, adversativos, etc.) e variar esses termos sempre que
for necessário estabelecer relações ao longo do texto.

Competência 05: Proposta de intervenção

A última competência, que avalia a habilidade de "Criar uma sugestão de intervenção


para o problema discutido, com respeito aos direitos humanos", costuma ser alvo de
equívocos na redação do ENEM. A avaliação da proposta de intervenção está muito mais
centrada, como vimos no parágrafo de conclusão, na forma como ela é apresentada.
Para ser bem avaliado nessa competência, é preciso apresentar cinco elementos defini-
dos (ação, agente, modo/meio, efeito e detalhamento). Em resumo, é necessário pensar
em como reduzir o problema (ação), identificar quem realizará essa ação (agente), des-
crever o processo (modo/meio) e prever os resultados esperados (efeito). Por fim, é
importante explicar ou exemplificar um dos elementos anteriores, proporcionando
detalhes adicionais.

MÃOS A À OBRA E BOA PROVA


Chegamos ao fim deste ebook que teve como objetivo orientar você na jornada de
preparação para a redação do ENEM. Esperamos que as estratégias e dicas comparti-
lhadas tenham sido valiosas para aprimorar suas habilidades de escrita e para abordar
a prova de forma confiante.

Então, lembre-se de que a redação é uma oportunidade para expressar suas ideias e
conhecimentos de forma clara e eficaz e também que desejamos a você muito suces-
so na prova do ENEM. Mantenha a calma, aplique suas habilidades e confie no que
você aprendeu. Você está preparado para enfrentar esse desafio com confiança e
determinação.

BOA PROVA!
s F
TEXTO LITERÁRIO,
INTERTEXTUALIDADE
E METALINGUAGEM
Vamos pensar um pouco sobre a interpretação de textos literários
g
no ENEM?

Afinal, quais são os textos literários?

São os poemas, contos, romances e Crônicas.

Lembre-se de que a literatura é uma forma de arte. Por isso, é pro-


duzida com uma linguagem predominantemente conotativa, isto

L
é, figurada, com a qual é possível perceber elementos de subjetivi-
dade e ou ficção. Além disso, é importante lembrar que a arte não
tem compromisso com a realidade e que na arte literária usa-se
muitas figuras de linguagem.

Ademais, é relevante demarcar que a função poética - que se preo-


cupa com a estética - e a função emotiva - que se preocupa com
expressão de emoções e subjetividade - são as mais comuns. Já
que a escolha das palavras, formas de rimas e maneira de contar
histórias são importantes.

Metalinguagem
Destaca-se no fazer literário a metalinguagem que consiste em
um texto falar sobre si mesmo. Como, por exemplo, um poema que
fala sobre o que é fazer poesia, ou um quadro no qual aparece um
pintor pintando outro quadro.
A metalinguagem pode aparecer tanto na poesia, quanto na prosa.

Exemplo: A um poeta - Olavo Bilac

“Longe do estéril turbilhão da rua,


Beneditino escreve! No aconchego
Do claustro, na paciência e no sossego,
Trabalha e teima, e lima, e sofre e sua! (...)

w T Intertextualidade

Para finalizar a parte teórica inicial da nossa revisão, vale destacar


também a Intertextualidade, que é o fenômeno de um texto que
“conversa” com outro texto. Quando se usa este tipo de recurso é
porque o texto está influenciado diretamente pelo anterior. Esse
“papo” pode ser por citação, por inspiração, como paródia ou
descrição. Quer ver ?
Canção do Exílio - Gonçalves Dias, 1846

“(...) Nosso céu tem mais estrelas,


o
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores. (...)”

g
Hino Nacional - Osório Duque estrada - 1909

“Do que a terra mais garrida

X
Teus risonhos, lindos campos têm mais flores,
“Nossos bosques têm mais vida”,
“Nossa vida” no teu seio “mais amores”.”

INTERPRETAÇÃO DE QUESTÃO
Agora que você já sabe como identificar um texto literário na sua prova, vamos pensar
em como interpretá-los e resolver as questões.

Primeiro, lembre sempre de entender o contexto: observe o nome de escritores, lá


embaixo na fonte. Nesse ponto do texto você pode ter informações sobre o autor, sua
escola literária e seu contexto histórico, o que ajuda a entender melhor um texto.

Em segundo lugar, é legal saber de palavras-chave para poder interpretar, principal-


mente, quando se trata de poema. Para identificá-las no texto, verifique aquelas que
se repetem, ou aquelas que frases inteiras tentam qualificar.

Em seguida, antes de fazer a leitura do texto verifique o que pede no enunciado, às


vezes nem é preciso ler o texto, ou pelo menos não sua totalidade. Se no enunciado há
o nome da escola literária, normalmente a resposta envolve uma característica dela.
Observe bem os verbos da pergunta, porque pode haver verbos que tenham significa-
dos parecidos na resposta certa. Por último, vale lembrar que às vezes o texto literário
pode ser usado para falar sobre gêneros literários e variação linguística também

ROMANTISMO
O período Romântico no Brasil aconteceu no século XIX e teve como estopim a chegada
da Família Real Portuguesa, em 1808. Este marco se dá porque junto à corte, chegaram
grandes bibliotecas, imprensa, mais universidades, óperas e teatro, os quais são determi-
nantes para o desenvolvimento da estética e divulgação do Romantismo brasileiro.

Mundialmente falando, o movimento nasceu na Europa, especificamente na Alemanha,


influenciado pelas revoluções burguesas, principalmente a Revolução Francesa, pelas
ideias de liberdade,igualdade e fraternidade e a criação dos estados nacionais.
Esse contexto nos ajuda a entender a variedade de temáticas produzidas pelos escrito-
res românticos, para além de desmistificar de que esse período tem relação direta com
o amor. Já que suas principais palavras-chave são: INDIVIDUALISMO, HIPÉRBOLE,
SUBJETIVIDADE E IDEALIZAÇÃO.

Romantismo no Brasil

No Brasil, o Romantismo se dividiu entre Romances e Poemas.

Romances:
Urbano: tinha como foco a corte e seus costumes, mostrando os valores
burgueses
Ex.: “Senhora” e “Lucíola” de José de Alencar
Indianista: a união do indígena colonizado com o branco europeu, os
quais formariam “a nova identidade do verdadeiro brasileiro”;
Ex.: “Iracema” e “O Guarani” de José de Alencar
Regionalista: uma tentativa, caricatural, de mostrar o Brasil do interior.
Ex.: “A escrava Isaura” de Bernardo Guimarães

Poemas:
1ª geração: chamada geração nacionalista e indianista, valoriza os elementos da
natureza brasileira, é ufanista, tem idealização do amor e da mulher.
Principal poeta: Gonçalves Dias

2ª geração: chamada geração ultrarromântica ou mal do século, está cheia de pessi-


mismo, idealização da morte, da mulher e da dor, além de forte escapismo ligados à
morte e ao passado.
Principal Poeta: Álvares de Azevedo

3ª geração: chamada geração condoreira. Havia crítica social, poemas sobre a liberta-
ção das pessoas escravizadas, uma linguagem grandiloquente e um amor mais real.
Principal: Castro Alves

REALISMO
O Realismo Brasileiro começa no final do século XIX, mais precisamente no ano de 1881
com o lançamento do livro de Machado de Assis “Memórias Póstumas de Brás Cubas”.
Este movimento é diretamente influenciado pelo desenvolvimento do pensamento cien-
tífico - o darwinismo, o positivismo, a psicanálise e os estudos das ciências sociais.
Dessa forma, o escritor realista buscava a objetividade, a análise e a crítica social, a pos-
tura do narrador observador como um cientista profundo da sociedade. Para que estas
escritivismo e verossimilhança.
ideias se concretizassem nos textos, usou-se muito descritivismo

NÃO ESQUEÇA: O REALISMO É ANTIRROM NTICO!

À época das publicações havia grande agitação social no Brasil,


momentos importantes como a proclamação da república e as
lutas pelo fim da escravidão marcavam o período.

Importante aqui é destacar as palavras-chaves que permeiam a


obra de Machado de Assis, O Realista brasileiro: IRONIA -
ANÁLISE PSICOLÓGICA - CRÍTICA ÁS INSTITUIÇÕES
Atenção! Fique ligado(a) para o conceito de ironia: Texto ou expressão
que produz um significado remetendo ao seu oposto, a fim de criticar
ou satirizar pessoas, grupos ou histórias.

Machado de Assis analisava a sociedade e suas contradições, o


comportamento da burguesia, buscava aprofundar psicologicamente
os personagens e seus comportamentos.

PRÉ-MODERNISMO

É importante lembrar que o Pré-Modernismo não é uma escola literária, com caracterís-
ticas próprias, é basicamente uma nomenclatura para descrever escritores que tiveram
suas principais obras publicadas no período anterior à Semana de Arte Moderna.

O que mais os une é que eles se propõem a falar sobre o Brasil mais profundo, analisan-
do sob vieses mais sociais. Entretanto, cada um lança um olhar diferente sobre distintos
lugares, por isso vale à pena analisar as principais características de cada um:

Monteiro Lobato: tem grande destaque na produção da literatura


infanto-juvenil, com a qual apresenta características da fauna e flora
brasileira, além de apresentar o folclore.
Também, destaca-se em suas obras o personagem Jeca Tatu, que é
estigmatizado por ser caboclo, pobre e, segundo as próprias narrativas
de Lobato, feio e preguiçoso. Entretanto, esse personagem mais adian-
te servirá de exemplo para propagandas de remédio e de conscientiza-
ção. Em alguns de seus livros, Monteiro Lobato apresenta a realidade
da vida dos trabalhadores do Vale do Paraíba em São Paulo.

Euclides da Cunha: seu livro “Os sertões” tem como temática a história da
Guerra de Canudos. Euclides era jornalista e teve a possibilidade de cobrir a
guerra como correspondente, o que o auxiliou a ver de perto os problemas
do sertão, como viviam os moradores do Arraial de Canudos e também a
compreensão do fenômeno que era Antônio Conselheiro. O livro é dividido
em três partes: A terra (que tem linguagem geográfica e botânica) - O
homem (análise sociológica e também determinista) - A luta
(narrativas das batalhas travadas na guerra) .

Lima Barreto: escritor carioca que buscava criar uma linguagem mais
fluida, sem abandonar a gramática tradicional, e que falava sobre
questões importantes do seu tempo e de sua gente, pautando temas
como o racismo, a discriminação, as injustiças sociais e a temática da
loucura e do vício. Ademais, mostrava a cidade do Rio de Janeiro para
além do centro, contando sobre suas periferias. Costumava usar bom
humor e ironia em suas críticas, assim como é possível perceber em
“Triste Fim de Policarpo Quaresma”.
Augusto dos Anjos: único poeta do “Eu, filho do carbono e do amoníaco,
Pré-Modernismo. Sua obra tem uma Monstro de escuridão e rutilância,
linguagem bastante original, pois usa Sofro, desde a epigênese da infância,
vocabulários que não são comuns à A influência má dos signos do zodíaco.”
poesia, observe:

Há na obra do poeta linguagem cientificista, com elementos que


se aproximam ao Naturalismo, ao mesmo tempo que usa uma
estrutura bastante definida de soneto e rimas, aproximando-se dos
parnasianos. É comum à obra tons de pessimismo, morbidez e
uma angústia perante a morte e as relações sociais.

PRÉ-MODERNISMO
A Semana de Arte Moderna, ou Semana de
22, acontece no ano do centenário da inde-
pendência, em 1922, a fim de “comemorar”
buscando uma nova independência cultu-
ral para o país.

A arte criada pelos modernistas era influenciada pela Vanguardas Europeias e propu-
nha rupturas com as estéticas do passado - com foco na crítica ao Parnasianismo, que
se destacou com a leitura de “Os sapos” de Manuel Bandeira.

Além disso, buscava uma estética mais brasileira, a partir de um nacionalismo crítico. A
crítica social, inclusive, era bastante comum nas obras desse período. Os escritores que
participaram e/ou construíram a Semana fazem parte da Primeira Fase do Modernismo.
Escritores 1ª Geração:
Oswald de Andrade,
Mario de Andrade,
Menotti Del Picchia
Manuel Bandeira.

Outras Características do Modernismo:


Temáticas do cotidiano,
Liberdade Formal;
Verso Livre;
Estrutura fragmentada;
Referências críticas ao achamento do Brasil;
Antiacademicista.

E não esqueça de lembrar as características das Vanguardas:


Futurismo: ode à velocidade e ao novo, culto à violência e formas em movimento. Na
literatura se apresenta centralmente com a fragmentação do verso ou do parágrafo.
Surrealismo: estética do sonho e do inconsciente, trabalha com imagens oníricas, e
aposta na escrita automática.
Dadaísmo: reconstrução dos princípios artísticos, transformação dos objetos cotidia-
nos em peças de Arte Moderna; na literatura, a destruição do verso e a formação de
imagens com palavras.
Cubismo: tem destaque centralmente nas artes plásticas, o artista mais conhecido é
Picasso.
SEGUNDA FASE DO MODERNISMO
E SEUS POETAS

A segunda geração do Modernismo é composta pelos escritores do Romance de 30 e pelos


poetas. O contexto histórico é muito importante aqui, pois o momento no Brasil e no
mundo era de bastante turbulências e isto reflete na obra desses autores. Por isso, vale lem-
brar que era um momento de:

• Pós Primeira Guerra;


• Pós crise de 29; Cada escritor desta fase tem diferentes
• Ascensão do Nazi-Fascismo na Europa; características, já que cada um têm
• Início da Era Vargas no Brasil. uma longa produção artística.

As características comuns a todos eles são:

• Liberdade formal - estética; • Olhares distintos para o mundo


• Versos brancos, livres e regulares; contemporâneo;
• Questões existenciais; • Cenários marcantes.
• Crítica e observação sócio políticas;

Importante também destacar suas singularidades:


Na obra de Cecília Meireles vale destacar o Neossimbolismo, o uso de sinestesia, os questio-
namentos sobre a passagem do tempo e a crítica do livro “Romanceiro da Inconfidência”

Já na obra de Carlos Drummond de Andrade


vale ressaltar a característica de desconcerto
com o mundo (o gauche), as cidades como
cenário e personagem (a vida urbana em con-
traste com o indivíduo) e o olhar analítico da
sociedade e o mundo em “A Rosa do Povo”.

E por último, lembrar da importância de


Vinícius de Moraes para a Bossa Nova, o uso
de sonetos, o olhar profundo sobre o amor e
o poema narrativo “Operário em construção”.

TERCEIRA FASE DO MODERNISMO


GERAÇÃO DE 45
Essa geração, vem com fortes elementos de experimentalismo na narrativa. Isso
porque buscava fazer reflexões sobre aquilo que é próprio da vivência do cotidiano para
transformá-lo em reflexões que levem ao universal.

Esse elemento é bem aparente em obras como “Grande Sertão: Veredas”, de


Guimarães Rosa, na qual vemos o cenário sertanejo e personagens que buscam refletir
sobre seus sentimentos e existências. Ou ainda em obras de Clarice Lispector que traz
elementos da vida suburbana das cidades, mas faz uma narrativa de tempo psicológico
que busca trazer à luz reflexões profundas sobre sentimentos e experiências.
São características importantes dessa geração:

• Aprofundamento psicológico; • Criação de Neologismos;


• Metalinguagem; • Intimismo;
• Busca pela forma; • Prosa Urbana;
• Universal e próprio; • Prosa Regional.
• Reflexão cotidiana;

CANÇÃO POPULAR

A interpretação de canções no ENEM analisa diferentes momentos da música popular:


o samba, o forró, também a MPB, os Tropicalistas, a bossa nova até chegar ao Hip Hop e
à música pop.

Alguns compositores como Vinícius de Moraes e Chico Buarque que aparecem com
um olhar para as relações interpessoais, o amor e também para gêneros textuais, são
frequentes nas questões do Enem. Então, vale colocar músicas desses compositores
em sua playlist!

É comum na interpretação de canção aparecer crítica social, tanto sobre a desigual-


dade no país, como é o caso das letras de hip hop ou das canções de protesto, como
críticas à ditadura militar.

Além disso, é comum que haja análise de variedade linguística: regionalismos, uso de
linguagem coloquial ou gírias.

Se liga nos artistas que já tiveram questões no Enem e que podem aparecer
novamente:

Tropicália - Contracultura e Mescla cultural - Caetano Veloso, Gilberto Gil e Rita Lee
MPB - Canção de protesto e Ditadura Militar - Chico Buarque, Gonzaguinha e Geraldo
Vandré
Bossa Nova - A beleza da cidade e do amor - Vinicius de Moraes e Tom Jobim
Contemporaneidade: Marcas de análise social e crítica à desigualdade - Hip hop e Rap
Samba: retrato da cidade, marcas da periferia e cultura popular - Noel Rosa, Cartola e
Dorival Caymmi

E não esqueça: músicas contemporâneas têm falado bastante das questões de identi-
dades: os indígenas, as questões do racismo, do machismo e da comunidade LGBTI+.

Playlist: 10 músicas
que já caíram no
ENEM
LITERATURA CONTEMPORÂNEA

A literatura contemporânea pode ser considerada a partir das produções da década de


1960, por isso, é muito plural. Sendo assim, vamos pensar nela de diferentes formas.
Primeiro vale destacar alguns movimentos que acontecem desde então:

Concretismo: poemas com foco na forma, usando uma linguagem mista que sofre
influência da cultura pop;
Poesia Marginal: crítica social, estão à margem das publicações dos grandes centros e
editoras e produzem uma literatura intimista;

Outro elemento de destaque é a crônica contemporânea: textos com linguagem


acessível e de narrativas rápidas, comumente usados na prova do ENEM para falar de
questões do cotidiano moderno e também sobre comunicação.

Há temas em comum, tais como:


a realização pessoal
a vida nas grandes cidades
investigação intimista
temas cotidianos
crítica social
experimentalismo formal
liberdade estrutural
a comunicação na contemporaneidade - virtual x pessoal
Temas de autoconhecimento

E, assim como na música, costuma aparecer a questão das identidades: os indígenas, as


questões do racismo, do machismo, da comunidade LGBTI+, os papéis sociais do
homem e da mulher e a questão das pessoas com deficiência.

Vale ficar atento às obras de:


Luis Fernando Veríssimo
Paulo Mendes Campos
Martha Medeiros,
Hilda Hist
Cora Coralina
Manuel de Barros
Carolina Maria de Jesus

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