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SEGURANÇA OU SOBERANIA: O
QUE REGE O SISTEMA
INTERNACIONAL?
Ana Emília Ataíde PPGRI/UFBA
Resumo
Após o Tratado de Vestifália, no século XVII, a soberania nacional era o termo mais recorrente, porque
designava a formação do estado moderno, ao qual estava atrelada a legitimidade da “autoridade pública
organizada” ou a “autoridade política definitiva e absoluta na comunidade política”. Entretanto, como
ressalta Heather Rae (2007), esse modelo de autoridade centrada no estado passou por transformações,
tendo a logica institucional migrado da autoridade absoluta para os nacionalismos e, posteriormente,
para as democracias, alcançando todo o globo. No contexto da globalização, essa discussão ganhou
notoriedade no final do século XX, principalmente, devido aos fluxos transnacionais que fugiam ao
controle do Estado-nação. Conforme Sthephen Krasner (1999), com o predomínio da soberania jurídica
internacional, a regulação estatal foi ameaçada pela perda da “soberania de interdependência”, bem
como, pela perda da “soberania nacional” e, “de Vestifália”, que são prejudicadas caso o controle interno
permaneça relativo. A natureza da soberania dos estados-nação, desse modo, segundo Jens Bartelson
(2008), foi posta em cheque, devido à globalização e a consolidação do Direito Internacional, ameaçando
o futuro das relações internacionais, ao conceber autoridades políticas transnacionais, cuja tendência é
estagnar o papel do ator estatal no sistema internacional. Todavia, como explica Robert Jervis (1978), a
questão da soberania se tornou um impasse para o Dilema de Segurança, sobretudo, porque as razões de
Estado derivam das diferenças extremas entre valores e ideologias, determinantes para os conflitos
internacionais. Jervis (1978) enfatiza que a “alta segurança” requer menos cooperação e mais
armamento, enquanto a “baixa segurança” requer a escolha de correr o risco e conciliar com o agressor.
Contudo, há tendência para a conciliação somente se o estado acreditar no “sistema de segurança
coletiva”. Nesse sentido, este artigo pretende abarcar os elementos presentes na formação dos estados
modernos, analisado por diferentes abordagens das RIs, evidenciando no século XX, o desenvolvimento
do sistema contemporâneo dos estados-nação, sob o qual o dilema de segurança se sobrepõe às
questões da soberania.
Nesse sentido, este artigo consiste em uma pesquisa teórica que tem por objetivo
analisar a formação dos estados modernos a partir de diferentes abordagens dentro
do campo das RIs, para tratar da noção de soberania após a virada linguística e
trazer elementos para problematizar a discussão em voga que evidencia, no século
XX, o desenvolvimento do sistema contemporâneo dos estados-nação, sob o qual o
dilema de segurança se sobrepôs às questões de soberania.
A NOÇÃO DE SOBERANIA
E A VIRADA LINGUITICA
A soberania de um Estado-nação, no século XVII, com o Tratado de Vestifália,
representava um fator substantivo de poder e autoridade, no qual o principal ator – o
Estado – determinava as políticas, interna e externa, configurando um cenário anárquico
no sistema internacional.
o neorrealista Stephen Krasner (1999), os
compromissos entre estados podem conduzir a
ação política de forma voluntária ou não no
sistema internacional, porém, o Estado
soberano se mantem no centro constitutivo da
ordem internacional.
iv. a “soberania de interdependência” (ou a “regulação dos fluxos de ideias, bens, pessoas,
poluentes, ou de capital” entre estados, para o “controle dos fluxos transfronteiriços”).
Historicamente, a soberania nacional foi o termo
recorrente para descrever o poder entre os estados
modernos, principalmente nos conceitos trazidos por
Bodin e Hobbes, no qual a formação do estado moderno
estava atrelada a legitimidade da “autoridade pública
organizada” sobre o território ou à “autoridade política
definitiva e absoluta na comunidade política” (Krasner,
1999, p. 13).
Jervis explica que quando o estado opta por interferir na negociação interna
de outro, através da criação de um tratado por meio de cooperação, pode se
deparar com a posição contrária do outro estado frente ao seu dilema de
segurança (Jervis, 1978).
A questão da soberania, também será um impasse para o dilema da
segurança, quando as razões do estado derivam das diferenças extremas
entre valores e ideologias que marcam os conflitos internacionais.
MUITO OBRIGADA!
Magrinelli.lisboa@gmail.com