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6º ENCONTRO DA ABRI

25 A 28 DE JULHO DE 2017, BELO HORIZONTE – MG


EIXO: SEGURANÇA INTERNACIONAL, ESTUDOS ESTRATÉGICOS E
POLÍTICA DE DEFESA

SEGURANÇA OU SOBERANIA: O
QUE REGE O SISTEMA
INTERNACIONAL?
Ana Emília Ataíde PPGRI/UFBA
Resumo
Após o Tratado de Vestifália, no século XVII, a soberania nacional era o termo mais recorrente, porque
designava a formação do estado moderno, ao qual estava atrelada a legitimidade da “autoridade pública
organizada” ou a “autoridade política definitiva e absoluta na comunidade política”. Entretanto, como
ressalta Heather Rae (2007), esse modelo de autoridade centrada no estado passou por transformações,
tendo a logica institucional migrado da autoridade absoluta para os nacionalismos e, posteriormente,
para as democracias, alcançando todo o globo. No contexto da globalização, essa discussão ganhou
notoriedade no final do século XX, principalmente, devido aos fluxos transnacionais que fugiam ao
controle do Estado-nação. Conforme Sthephen Krasner (1999), com o predomínio da soberania jurídica
internacional, a regulação estatal foi ameaçada pela perda da “soberania de interdependência”, bem
como, pela perda da “soberania nacional” e, “de Vestifália”, que são prejudicadas caso o controle interno
permaneça relativo. A natureza da soberania dos estados-nação, desse modo, segundo Jens Bartelson
(2008), foi posta em cheque, devido à globalização e a consolidação do Direito Internacional, ameaçando
o futuro das relações internacionais, ao conceber autoridades políticas transnacionais, cuja tendência é
estagnar o papel do ator estatal no sistema internacional. Todavia, como explica Robert Jervis (1978), a
questão da soberania se tornou um impasse para o Dilema de Segurança, sobretudo, porque as razões de
Estado derivam das diferenças extremas entre valores e ideologias, determinantes para os conflitos
internacionais. Jervis (1978) enfatiza que a “alta segurança” requer menos cooperação e mais
armamento, enquanto a “baixa segurança” requer a escolha de correr o risco e conciliar com o agressor.
Contudo, há tendência para a conciliação somente se o estado acreditar no “sistema de segurança
coletiva”. Nesse sentido, este artigo pretende abarcar os elementos presentes na formação dos estados
modernos, analisado por diferentes abordagens das RIs, evidenciando no século XX, o desenvolvimento
do sistema contemporâneo dos estados-nação, sob o qual o dilema de segurança se sobrepõe às
questões da soberania.

Palavras-Chave: Acordo de Vestifália; Sistema Internacional; Soberania nacional; Dilema de Segurança.


INTRODUÇÃO
Na disciplina das Relações Internacionais, os MARXISTAS ,
diferentes abordagens remetem a natureza dos desenham uma ordem
estados e à constituição das suas praticas mundial para
econômicas, sociais, politicas e culturais. entender a
Os REALISTAS os LIBERAIS concebem a consolidação de uma
denotam o caráter cooperação entre atores; autoridade política
anárquico do sistema exemplo de Thomas e central (império) que
internacional no North (1973) ou Spruyt, mantem o sistema
equilíbrio de poder. atribuem a organização econômico capitalista
politica e econômica dos e a logica dominante
estados, uma forma de do capital.
P/ CONSTRUTIVISTA,
os estados garantir os direitos à
propriedade privada, a P/ os PÓS-ESTRUTURALISTAS,
modernos são
eficiência institucional e a soberania dos estados está
construções sociais
ao crescimento atrelada a ideia do “estatuto
sob as quais o
econômico, além do jurídico... de preferência,
sistema
monopólio da monopólio de poder e
internacional revela
administração em sua autoridade... especificado
poderes ideacionais
soberania territorial (Rae, territorialmente e
e materiais da
2007). legalmente”, não havendo
politica mundial.
espaço para estados isolados
no sistema moderno.
Segundo Jens Bartelson (2008), nas teorias contemporâneas, o conceito de
soberania é debatido sob a perspectiva da VIRADA LINGUÍSTICA, na qual a
legitimidade da autoridade e da ordem política são questionadas, tanto no
pensamento político quanto no jurídico.

O autor mostra que há divergência entre a visão platônica da soberania, enquanto


fundamental para a política moderna, e a da virada linguística, cujo enfoque denota
a mudança de contexto institucional, porque altera a configuração do Estado
soberano.

Nesse sentido, este artigo consiste em uma pesquisa teórica que tem por objetivo
analisar a formação dos estados modernos a partir de diferentes abordagens dentro
do campo das RIs, para tratar da noção de soberania após a virada linguística e
trazer elementos para problematizar a discussão em voga que evidencia, no século
XX, o desenvolvimento do sistema contemporâneo dos estados-nação, sob o qual o
dilema de segurança se sobrepôs às questões de soberania.
A NOÇÃO DE SOBERANIA
E A VIRADA LINGUITICA
A soberania de um Estado-nação, no século XVII, com o Tratado de Vestifália,
representava um fator substantivo de poder e autoridade, no qual o principal ator – o
Estado – determinava as políticas, interna e externa, configurando um cenário anárquico
no sistema internacional.
o neorrealista Stephen Krasner (1999), os
compromissos entre estados podem conduzir a
ação política de forma voluntária ou não no
sistema internacional, porém, o Estado
soberano se mantem no centro constitutivo da
ordem internacional.

: i. a “soberania jurídica internacional” (ou as “práticas associadas ao reconhecimento


mútuo” entre territórios e jurisdições);

ii. a “soberania de Vestifália” (ou a “organização política” da estrutura de estados-nação);

iii. a “soberania nacional” (ou a autoridade pública sobre o território);

iv. a “soberania de interdependência” (ou a “regulação dos fluxos de ideias, bens, pessoas,
poluentes, ou de capital” entre estados, para o “controle dos fluxos transfronteiriços”).
Historicamente, a soberania nacional foi o termo
recorrente para descrever o poder entre os estados
modernos, principalmente nos conceitos trazidos por
Bodin e Hobbes, no qual a formação do estado moderno
estava atrelada a legitimidade da “autoridade pública
organizada” sobre o território ou à “autoridade política
definitiva e absoluta na comunidade política” (Krasner,
1999, p. 13).

A maneira pela qual a autoridade nacional exerce


influência dentro do território pode alterar a soberania
jurídica internacional e, de vestifália, pois se esse controle
interno for limitado, terá dificuldade em ser eficaz sendo,
portanto, a análise dessa autoridade política é uma
questão a parte.
No contexto da globalização, essa
discussão ganhou notoriedade, sobretudo,
em decorrência dos fluxos transnacionais
que fugiam ao controle do Estado, sendo a
regulação ameaçada pela perda da
soberania de interdependência e,
consequentemente, da soberania nacional
e, de Vestifália, que também serão
prejudicadas caso esse controle interno
permaneça relativo (Krasner, 1999).
O modelo de Vestifália, dessa forma, elimina a presença de
atores externos na estrutura de autoridade política e
institucional estabelecida dentro do território nacional. Quando
um governo se articula com estruturas supranacionais ou
extranacionais, ocorre a transgressão da soberania de Vestifália,
embora a autoridade estatal aceite o “principio da não-
intervenção”, o “convite” da intervenção de outros governos por
meio de acordos entre estados “viola a autoridade nacional” e
com isso pode “alterar as disposições institucionais domésticas”
(Krasner, 1999, p.22).
Nesse sentido, para Krasner, a noção de soberania nacional,
quando estabelecido um direito internacional de direitos
humanos, acaba por se contradizer, pois perde sentido sua
própria jurisdição, e compromete também a soberania de
Vestifália.
Na visão dos construtivistas, no final do século XIX, com o colapso da
politica imperialista, e no século XX, a ascensão de novos estados
soberanos, levou a reconfiguração do sistema internacional, se
ampliando a coesão de identidades nacionais centralizadas na autoridade
nacional (Rae, 2007).

Após a Primeira Guerra Mundial, as identidades nacionais foram sendo


forjadas com base em “concepções étnicas-raciais”, muitas vezes
desconsiderando minorias e grupos locais, sob os quais os territórios
eram demarcados pela autoridade política do estado colonizador, que
definiam as fronteiras colônias dos novos territórios de estados-nação,
contrariando o “princípio de auto-determinação dos povos”, defendido
pelas Nações Unidas.

O desenvolvimento das democracias representativas também assume um


caráter contraditório, principalmente com a série de ditaduras civis, que
evidencia um ambiente institucionalizado construído por meio de
normas dominantes dentro do sistema internacional.
Na visão pós-estruturalista de Walker (2006), a noção de
soberania pressupõe que liberdade e igualdade entre estados
caminharam juntos numa mesma dinâmica na politica
mundial, sem a qual a inexistência de um sistema
internacional tornaria a soberania de fato uma utopia, caso
não atentarmos para o “principio lógico ou historia empírica”
do Tratado de Vestifália (século XVII) e da Carta das Nações
Unidas (século XX).
Partindo deste pressuposto, a existência de impérios inibe a
politica no sistema de estados moderno, ou seja, afirmar a
existência de um sistema vertical no qual valores universais e
hegemônicos são predominantes refuta qualquer condição
para tratar de cidadanias, democracias, liberdades,
segurança, limitando a capacidade reguladora dos estados,
em sua autoridade jurídica sob os territórios, e em sua
soberania para decidir emergências e exceções.
Bartelson (2008) também enfatiza como a
autonomia da soberania de Vestifália não significa a
mesma nos tempos atuais, por nos encontrarmos em
numa sociedade global que tenciona Direito e
políticas - nacional e internacional, tornando a
“autoridade política descentralizada e dispersa”.

Desta perspectiva, as praticas transnacionais surgem


na política internacional abrindo uma lacuna,
afetando a “matriz de soberania” através de fluxos
que extrapolam o “mito de Vestifália na formação da
sociedade moderna de estados”, sujeita aos jogos de
reconhecimento (Bartelson, 2008, p.40).
Soberania sob o viés da
Anarquia: Sistema
Internacional de
Equilíbrio de Poder
Para apreender a estrutura das relações internacionais,
os realistas configuram a realidade política com base: na
“igualdade soberana” – a Anarquia - e na “desigualdade
entre nações” – Superpotências e mini-estados. A
interdependência de interesses entre estados, então,
pode ser observada com base no sistema anárquico, ou
na “multiplicidade de estados-nações auto-suficientes,
estaques, soberanos”, sob a qual a teoria racional da
política internacional exerce essa tentativa de
“aproximação de um sistema ideal de equilíbrio de
poder”.
Para Hans Morgenthau (2002), o “equilíbrio de
poder” é um elemento inevitável das relações
internacionais que pode manifestar “um princípio
social de ordem geral”, ser “estabilizador essencial
em uma sociedade de nações soberanas” e diante
da instabilidade, revela as condições dessa
autonomia entre estados. Enquanto conceito
universal apresenta nas ciências “equilíbrio” como
sinônimo de “balança”, ou seja, “significa
estabilidade dentro de um sistema composto de
uma variedade de forças autônomas” (Morgenthau,
2002, p.322).
Assim, para avaliar um sistema de soberania multiestatal, ao longo
de quase 500 anos, o realismo denota como o principio do
equilíbrio de poder foi adotado para manter o sistema moderno
de Estados. Morgenthau (2002, p.384) afirma que este sistema de
equilíbrio de poder “era indispensável para a preservação da
independência dos Estados individuais”, porém, apresenta três
debilidades: “sua incerteza, sua irrealidade e sua inadequação”.

Embora, a questão territorial para os realistas possa ser um fator


que determine o poder de um estado, sua inserção na política
mundial será um componente importante, e o modelo de
compensações adotado no século XVIII, da soberania nacional,
não servirá de parâmetro para medir esse poder nacional. A
“incerteza” consiste nesse jogo entre estados quando calculados
seu poder nacional, e o número de alianças revela o poder que o
estado dispõe, envolvendo então o peso dessas alianças para um
dos dois pratos ascender na balança de poder.
Para Krasner (1999), a depender da forma como
os governos são levados a assumir os
compromissos com as instituições e os poderes
autoritários assimétricos, acarretará na adoção
da “lógica de consequência” em detrimento da
“lógica de adequação”, o que torna o ambiente
internacional complexo e organizado de forma a
prevalecer a “hipocrisia” nas relações entre
estados.
Soberania sob o viés da
Cooperação: agendas
domésticas e instituições
internacionais
Martin e Simmons (1998), um esforço está sendo realizado para
estudar a politica domestica por parte das abordagens
institucionalistas, sobretudo, nos estudos sobre instituições legislativas
e a teoria do jogo não-cooperativo.

Existem ainda os modelos informativos usados nas literaturas que


“enfatizam o papel das instituições no fornecimento de informações”,
tendo “efeito confiável sobre os efeitos das atividades humanas”
(Martin e Simmons, 1998, p.740) ou os modelos distributivos que
permitem observar as ligações entre benefícios mútuos nas agendas
das relações internacionais.

Esses dois modelos permitiram produzir tanto na teoria como no lado


empírico, novas explicações sobre as organizações legislativas, na
composição de compromissos em congressos, nas estruturas das
instituições internacionais e seu papel na política internacional. Para
Martin e Simmon (1998), o programa de pesquisa que tem mais
contribuído para esse estudo é a agenda racionalista-funcionalista, com
Keohane e Krasner.
a visão institucionalista de Robert Keohane (1998), quando
não há harmonia entre os estados, a coordenação das
políticas por meio da cooperação se faz necessário para
“equilibrar o jogo” e diminuir o risco do conflito e da
guerra.

Assim, para entender a cooperação é preciso primeiro


entender a ausência dela, o que não quer dizer que
devemos nos ancorar na visão dos realistas sobre o
sistema internacional anárquico, mas nos sustentarmos na
“suposição da racionalidade substantiva”, descrita por
Herbert Simon, que possibilita explicar o comportamento
institucionalizado das relações internacionais.
A abordagem sociológica de Simon
enfatiza o aspecto relacionado ao “papel
impessoal das forças sociais como o
impacto das práticas culturais, normas e
valores que não são derivados do cálculo
de interesses” (Keohane,1998, p.381).
Keohane (1998) reconhece que existe
limitações nas práticas realizadas pelos
arranjos institucionais e, principalmente,
nos padrões gerais das atividades
exercidas pela soberania de estados e
diplomacia multilateral, sendo necessário
revisar os conceitos de soberania e
cooperação.
As práticas fundamentais quando violadas, explica Keohane
(1978), produzem um desacordo universal, e conforme o
“principio da soberania” de Rawls (apud Keohane, 1978), a
prática do estado soberano é definir o conjunto de regras
que nortearão o comportamento do estado nas relações
internacionais moderna, tendo a “norma da reciprocidade”,
para Martin Wight (apud Keohane, 1978), sido parte dessa
prática (“inerente na concepção ocidental de soberania”).

Assim, para Keohane (1998), a melhor definição para


instituições é “um conjunto de regras que prescreve o papel
comportamental, atividades restritivas e expectativas”,
focando em instituições específicas e em suas práticas. Para
o autor, as práticas na política mundial irão afetar a
formação, mudanças e extinção de certas instituições,
principalmente da soberania.
Soberania sob o Dilema
de Segurança: Corrida
Armamentista e
Desarmamento
Robert Jervis (1978) explica que o Dilema da Segurança será conduzido,
principalmente, diante do medo de um estado vir a ser explorado por outro,
levando-o a atacar antes mesmo de ser atacado.

Segundo Jervis (1978, p. 173), os custos de atacar ou ser atacado será


diferente, a depender do poder desse estado, sendo que em “um mundo de
pequenos estados se sentirá o efeito da anarquia muito mais do que um
mundo de grandes potencias estatais”, acarretando na cooperação em
benefício de todos, mesmo quando há um acordo de segurança para o
controle de armas.

No caso, quando a deserção é a escolha de ambos estados (dilema do


prisioneiro), a vulnerabilidade será maior para o estado menor,
principalmente quando o estado maior resolve atacar somente para se
prevenir da ameaça do outro.

Jervis explica que quando o estado opta por interferir na negociação interna
de outro, através da criação de um tratado por meio de cooperação, pode se
deparar com a posição contrária do outro estado frente ao seu dilema de
segurança (Jervis, 1978).
A questão da soberania, também será um impasse para o dilema da
segurança, quando as razões do estado derivam das diferenças extremas
entre valores e ideologias que marcam os conflitos internacionais.

O “aspecto subjetivo da segurança”, nesse sentido, permite observar a


tomada de decisão na qual o ator pode pressionar outros estados com
um complexo industrial-militar, sob o qual o custo será torná-lo
relativamente invulnerável.

De outro ponto de vista, a percepção do outro, como adversário ou


ameaça, pode levar a ação “mais estranha” do que aquele que vê o outro
com interesses comuns (Jervis, 1978, p.174).

Todavia, a “alta segurança” requer menos cooperação e mais


armamento, enquanto a “baixa segurança” requer a escolha de não
correr riscos e partir para conciliação com o agressor. Nesse caso, há
tendência para a conciliação somente se o estado acreditar no “sistema
de segurança coletiva”.
Como coloca Walker, os limites entre o internacional e o
imperial apresentam antagonismo, por vezes evidentes na
politica moderna, tendo o monopólio da violência servido
apenas para alicerçar as bases desse universalismo.

No caso da “guerra contra o terror”, trazido por Schmitt


(apud Walker, 2006), o estado de exceção explicita a
intenção do soberano em exterminar aquilo que não está
alinhado com seus interesses, ou mesmo como considera
Walker (2006), está evidente na politica moderna a
imanência e transcendência de conceitos que confundem
o internacional e o imperial no sistema de estados, criando
um ambiente “apocalíptico” (Walker, 2006, p.78).
A segurança no sistema moderno
de estados seria na verdade a
proposta de uma negação do
império, porém, a aceitação das
práticas de excepcionalidade
torna as relações entre estados
um desafio para as liberdades
que são notoriamente limitadas
em sua capacidade de exercer a
soberania de fato.
Segundo Jervis (1978), alguns pontos ilustram a posição de
estadistas quanto a incitarem uma guerra, ou porque “o estado
pode ser desertado pelos aliados ou atacado pelos neutros”.

Nesse caso, “o custo doméstico seria pesado” para arcar com a


guerra, levando os estados a optarem por uma era de paz relativa
ao aderir ao sistema de segurança coletiva.

Embora existam também os benefícios trazidos com as guerras,


ao conduzir líderes políticos para realizar conflitos externos de
“valor positivo”, acabando por tornar a cooperação algo
inatingível.
Ou mesmo, os estados que estabelecem relações de ganhos em
trocas econômicas com outros estados, previnem a guerra para
não atingir o comércio internacional, tendo na cooperação
mútua, além da riqueza, ganhos diretos com o bem-estar, ao ver
a prosperidade no outro.
O jogo do “dilema de segurança”, nesse ultimo caso, difere
então da “caça ao veado” ou do “dilema do prisioneiro”,
quando uma guerra se torna custosa para ambos os lados.

A visão dos estadistas positiva, quanto a interdependência,


pode favorecer perspectivas teóricas que não concebam a
cooperação como uma vantagem, mesmo diante dos ganhos
com a exploração, ou outras, como o auxílio da força militar, o
custo de atacar outro estado se torna maior do que se
fornecer bens e serviços como meio para realizar uma
exploração eficaz.

O custo do impasse para os estados é maior, e diminuir a


capacidade bélica do outro estado, deixando-o mais
vulnerável, é o caminho possível para alcançar uma
cooperação mútua.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A noção de soberania após a virada linguística, portanto,
perdeu o sentido em sua definição atemporal e universal,
quando trouxe para a discussão das RIs, os estudos que
analisam as instituições internacionais e sua influencia sobre
a mudança de atitude do ator estatal.

O alto custo para o estado guerrear tornou o Sistema de


Segurança Coletiva a principal política de compensação para
garantia do equilíbrio de poder.

Todavia, a corrida armamentista representa o mecanismo


pelo qual o estado mais forte garante sua soberania, através
das estratégias de “alta segurança”, enquanto cabe aos
estados fracos aceitar a “baixa segurança”, ao conciliar com
o agressor e aderir à política de desarmamento.
Os limites da soberania, desse modo, revelam as assimetrias
de poder, e evidencia aquilo que Walker (2006) considera ser
a herança política do sistema moderno de estados, quando
propôs-se a negação do império, através da formação de
sistema internacional de estados soberanos, porém, com o
objetivo de alicerçar as bases do universalismo.

Contudo, a soberania é uma hipocrisia organizada, como


considera Krasner (1999), demonstrando o seu caráter
excepcional com as estratégias de segurança nacional e de
defesa territorial, descrita por Jervis no dilemo de segurança.
Mesmo para os institucionalistas, como Keohane (1978), as
práticas na política mundial irão extinguir com instituições
como a soberania.
Nesse sentido, o Conselho de Segurança Coletiva
concebida no sistema contemporâneo de estados,
quando aceita as práticas de excepcionalidade tornam
as relações entre estados um desafio, sobretudo,
porque nega as liberdades dos estados mais fracos, em
coordenarem suas políticas domesticas de forma
autônoma, limitando assim sua capacidade política,
econômica e militar, não garantindo ao estado exercer
de fato sua soberania nacional.
FIM

MUITO OBRIGADA!

Magrinelli.lisboa@gmail.com

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