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Fichamento

Obra: Introdução Às relações internacionais


Autor: Jackson, Robert H. e Sorensen, Georg.

Resumo Primeiro grande debate


O liberalismo utópico, no estágio inicial das Relações Internacionais (RI), era
caracterizado por ideias claras e firmes crenças dos pensadores liberais sobre a prevenção de
grandes desastres futuros. Essa abordagem contava com um sólido apoio político do estado
mais poderoso do sistema internacional. Woodrow Wilson, por exemplo, buscava disseminar
valores democráticos liberais na Europa, propondo um programa de catorze pontos para
estabelecer uma nova ordem internacional baseada em ideais liberais. Destacavam-se a
promoção da democracia e autodeterminação como meios de alcançar um mundo mais
pacífico, acreditando que governos democráticos não entraram em guerra entre si.
O liberalismo utópico enfatizava a criação da Liga das Nações como uma organização
internacional para fortalecer as relações entre estados, indo além das percepções realistas do
Concerto Europeu e da balança de poder. A visão de Wilson buscava subjugar os políticos a
leis, instituições e organizações internacionais para alcançar uma paz permanente.
Norman Angell, em "A Grande Ilusão", argumentava contra a crença de que o sucesso
na guerra traria benefícios, enfatizando que a conquista territorial era custosa e desagregadora
politicamente. Tanto Wilson quanto Angell acreditavam na racionalidade humana e na
capacidade de estabelecer organizações benéficas para todos. No entanto, o idealismo liberal
não se mostrou eficaz nas RI, com a Liga das Nações sendo impotente diante do aumento do
poder de regimes autoritários na década de 1930.
Diante dos vinte anos de crise, surge um pensamento mais realista, colocando o poder
como elemento central. E. H. Carr critica o liberalismo como utópico, enquanto Hans J.
Morgenthau, pai do realismo, incorpora a ideia de que a natureza humana, guiada pelo auto-
interesse, propicia conflitos. A política internacional, segundo o realismo, é uma busca
constante pelo poder, sendo essencial para preservar a paz um equilíbrio de poder, já que a
diplomacia e as negociações são consideradas insuficientes. A visão cíclica da história e uma
perspectiva pessimista sobre a natureza humana são características marcantes do realismo
clássico, que não vislumbra mudanças permanentes nas relações internacionais.
Resumo Realismo
O realismo básico abrange premissas como uma visão pessimista da natureza humana,
a crença de que as relações internacionais são marcadas por conflitos resolvidos pela guerra,
a valorização da segurança nacional e da sobrevivência do Estado, e o ceticismo em relação
ao progresso comparável ao da política nacional. Para os realistas, os seres humanos são auto-
interessados, buscando poder para evitar exploração e com um desejo máximo pelo poder na
política internacional, refletindo uma perspectiva pessimista da natureza humana.
Hans J. Morgenthau, um representante do realismo, destaca o poder como um objetivo
imediato humano, retratando a política internacional como uma arena de rivalidade, conflitos
e guerras entre Estados. Os realistas afirmam que a política mundial opera em uma anarquia
internacional, sem uma autoridade central, e as relações internacionais são uma luta entre
grandes potências pelo domínio e segurança. O Estado é visto como o protetor de seu
território e interesses, e os acordos internacionais são condicionais, cumpridos de acordo com
a vontade dos Estados.
O realismo neoclássico, centrado em valores de segurança nacional e sobrevivência
estatal, destaca-se na política externa realista. Morgenthau sintetiza sua teoria em seis
princípios, enfatizando a natureza humana como permanentemente caracterizada pelo auto-
interesse. A política é autônoma e não pode ser reduzida, sendo uma expressão dos interesses
humanos e estatais. A ética das relações internacionais é uma ética política, separada da
moralidade privada, e os realistas opõem-se à imposição de ideologias sobre outros países,
considerando isso uma ameaça à paz e à segurança. A política, para os realistas, é uma
atividade séria que requer uma compreensão profunda das limitações e imperfeições
humanas.

Resumo liberalismo
O liberalismo, uma corrente nas Relações Internacionais, fundamenta-se em diversas
premissas básicas. Isso inclui uma visão positiva da natureza humana, a convicção de que as
relações internacionais podem ser cooperativas em vez de conflituosas e a crença no
progresso. Originando-se de pensadores como John Locke, a tradição liberal associa-se ao
surgimento do Estado liberal moderno, promovendo o progresso humano na sociedade civil e
na economia capitalista.
A revolução intelectual, caracterizada pela fé na racionalidade e razão humana, forma
a base do pensamento liberal, que aplicou a razão às questões internacionais. Os liberais
defendem a existência de interesses comuns entre os indivíduos, possibilitando ações sociais
cooperativas tanto nacional quanto internacionalmente. Conflitos e guerras são evitados
quando a razão é utilizada para alcançar cooperação benéfica mútua.
O liberalismo clássico, focando na liberdade, cooperação, paz e progresso, destaca a
importância do progresso para o bem-estar dos indivíduos. O Estado é visto como uma
entidade constitucional que estabelece e impõe o estado de direitos, sendo parte do interesse
racional dos estados constitucionais a adesão ao direito internacional em suas políticas
externas.
O liberalismo republicano, uma vertente normativa do liberalismo clássico, destaca
que as democracias liberais não entram em guerras entre si, baseando-se em valores nacionais
de resolução pacífica de conflitos, valores morais comuns e ligações mutuamente benéficas
de interdependência e cooperação econômica. Essa linha de pensamento é otimista,
promovendo a promoção da democracia no mundo para alcançar a paz.
Pontos-chave do liberalismo incluem a ênfase no indivíduo como ponto de partida, a
análise das coletividades como Estados, corporações e organizações, a crença na cooperação
benéfica mútua por meio da razão humana, e a divisão dos argumentos liberais em quatro
partes: liberalismo sociológico, liberalismo da interdependência, liberalismo institucional e
liberalismo republicano.

Resumo Sociedade Internacional


A abordagem da sociedade internacional, representada pela escola inglesa, reconhece
a importância do poder e do interesse nacional nas questões internacionais, compartilhando
semelhanças com o realismo. No entanto, ela rejeita a visão realista de que a política mundial
é um estado hobbesiano desprovido de normas internacionais, considerando-a uma sociedade
anárquica. Os teóricos, como Henry Bull, enfatizam as interações entre Estados e subestimam
a importância das relações transnacionais.
Contrariamente à visão liberal, a sociedade internacional argumenta que embora
existam regras e normas que devem ser seguidas, elas por si só não garantem cooperação e
harmonia internacional. O poder e a balança de poder permanecem sólidos na sociedade
anárquica, e os Estados são vistos como cruciais tanto quanto os seres humanos. Os estadistas
têm responsabilidades internas e internacionais, incluindo o respeito aos direitos de outros
Estados e a defesa dos direitos humanos globalmente.
A abordagem da escola inglesa desafia a dicotomia entre realismo e liberalismo,
propondo uma visão mais fluida das relações internacionais. Os desafios dessa abordagem
configuram um novo debate nas relações internacionais, integrando ideias realistas e liberais
para uma perspectiva alternativa. A sociedade internacional considera as relações
internacionais como um campo de relações humanas, destacando sua natureza normativa e
subjetiva.
Concluindo, os acadêmicos da sociedade internacional destacam a presença
simultânea de elementos realistas e liberais na política global, reconhecendo conflitos,
cooperação, Estados e indivíduos como partes integrantes. A abordagem humanista dessa
escola reconhece a complexidade da situação e a necessidade de estudos abrangentes diante
dos dilemas apresentados.
Pontos-chave da sociedade internacional incluem sua ênfase nas relações
internacionais como partes das relações humanas, foco nos valores políticos humanos,
aceitação da anarquia internacional e a visão de uma sociedade anárquica com regras, normas
e instituições. A sociedade internacional busca uma posição intermediária entre o realismo e
o liberalismo clássicos, considerando as relações internacionais como uma sociedade de
Estados vinculados por regras comuns. Enquanto enfatiza a anarquia e o poder, também
incorpora aspectos de sociedade, direito internacional, humanitarismo, direitos humanos e
justiça. A responsabilidade dos políticos é abordada em três dimensões: nacional,
internacional e humanitária.
Resumo Segundo grande debate
O Segundo Grande Debate das Relações Internacionais, ocorrido predominantemente
nas décadas de 1950 e 1960, foi um período crucial na evolução dessa disciplina
fundamental. Este debate emergiu como uma resposta às teorias predominantes no período
pós-Segunda Guerra Mundial, especialmente o Realismo, e envolveu duas correntes
principais: o Realismo e o Idealismo.
No contexto histórico pós-guerra, com a ascensão da Guerra Fria e a formação de
organizações internacionais, tornou-se essencial compreender as dinâmicas das relações entre
os Estados em meio a uma crescente complexidade geopolítica e econômica.
O Realismo, representado por figuras como Hans Morgenthau, enfatizava a natureza
conflituosa e competitiva das relações internacionais. Morgenthau argumentava que os
Estados, em um sistema anárquico, buscavam principalmente seus próprios interesses de
segurança e poder, o que resultava em uma busca incessante por vantagem e estabilidade.
Por outro lado, o Idealismo, personificado por pensadores como E.H. Carr, defendia a
possibilidade de cooperação e desenvolvimento de instituições internacionais para promover
a paz e resolver conflitos. Carr via a construção de uma ordem internacional baseada em
valores éticos e na cooperação entre Estados como essencial para o progresso e a estabilidade
global.
O debate entre essas duas correntes centrais destacou as tensões fundamentais na
análise das relações internacionais: o papel do poder e da segurança versus a possibilidade de
cooperação e construção de ordem baseada em valores comuns.
Embora o Segundo Grande Debate não tenha produzido uma resolução definitiva,
suas contribuições foram significativas para o desenvolvimento teórico das Relações
Internacionais. Além disso, o legado do debate continuou a influenciar novas teorias e
abordagens na disciplina, incluindo o Neorealismo, o Neoliberalismo e perspectivas críticas
que exploram as interações complexas entre poder, ética e instituições no cenário
internacional.
Em síntese, o Segundo Grande Debate das Relações Internacionais foi um marco
importante que expôs as diferentes visões sobre a natureza do sistema internacional e
contribuiu para moldar o campo das Relações Internacionais como o conhecemos hoje.
Neorrealismo

Waltz e o Neorrealismo
Kenneth Waltz propõe que uma teoria eficaz das relações internacionais se concentre
na estrutura do sistema, suas unidades interativas e seus atributos permanentes e dinâmicos.
No paradigma neorrealista, a estrutura do sistema, externa aos atores, é o elemento analítico
central, diminuindo a importância dos atores, pois são condicionados pela estrutura a agir de
maneiras específicas.
No realismo de Waltz, as relações internacionais são baseadas em uma estrutura
descentralizada de anarquia entre os estados, que são similares em todos os aspectos
funcionais, diferenciando-se apenas em suas capacidades variadas. Essas variações
influenciam as mudanças na balança de poder e explicam as relações internacionais.
As grandes potências desempenham um papel crucial na determinação das mudanças
na estrutura do sistema internacional. A possibilidade de guerra é uma constante em um
sistema anárquico. Assim, Waltz argumenta que os sistemas bipolares são mais estáveis do
que os multipolares, proporcionando melhor garantia de paz e segurança. Portanto, ele
valoriza uma ordem internacional que só pode ser alcançada em um sistema bipolar.
Waltz parte do pressuposto de que os Estados têm como foco principal a segurança e a
sobrevivência, considerando as guerras como seu principal problema e estabelecendo a
manutenção da paz e da segurança como uma tarefa fundamental das relações internacionais.
No entanto, o autor se distancia do realismo clássico ao enfatizar a estrutura do
sistema em detrimento dos agentes que o operam. Para Waltz, não há espaço para a
formulação de uma política externa independente da estrutura do sistema. Líderes estatais, na
condução de sua política externa, se aproximam de uma atuação mecânica moldada pelas
barreiras estruturais internacionais, pois a estrutura define a política.
Ele argumenta que as grandes potências têm amplo interesse em seu sistema e
administrá-lo é compensador. Portanto, Waltz busca apresentar uma abordagem explicativa e
científica das relações internacionais, fundamentada em aspectos normativos do realismo
tradicional.

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