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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

Instituto de Educação à Distância

Tema: O Papel da revista Claridade na emancipação da Cultura Cabo Verdiano

Nome: Tiago Emiliano

Código: 708206490

Curso: Licenciatura em Ensino de Português


Disciplina: Literatura Africana de Língua
Portuguesa I
Ano de Frequência: 3o Ano

Mocimbua da Praia, Maio 2022

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Classificação
Categorias Indicadores Padrões Nota
Pontuação
do Subtotal
máxima
tutor
 Índice 0.5
 Introdução 0.5
Aspectos
Estrutura  Discussão 0.5
organizacionais
 Conclusão 0.5
 Bibliografia 0.5
 Contextualização
(Indicação clara do 2.0
problema)
 Descrição dos
Introdução 1.0
objectivos
 Metodologia
adequada ao objecto 2.0
do trabalho
 Articulação e
domínio do discurso
académico
3.0
Conteúdo (expressão escrita
cuidada, coerência /
coesão textual)
Análise e  Revisão
discussão bibliográfica
nacional e
2.0
internacional
relevante na área de
estudo
 Exploração dos
2.5
dados
 Contributos teóricos
Conclusão 2.0
práticos
 Paginação, tipo e
tamanho de letra,
Aspectos gerais Formatação paragrafo, 1.0
espaçamento entre
linhas
Normas APA 6ª  Rigor e coerência
Referências edição em das
2.0
Bibliográficas citações e citações/referências
bibliografia bibliográficas

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Recomendações de melhoria:

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Índice
Introdução......................................................................................................................4

1. Revista Claridade....................................................................................................5

1.1. Objectivos da Revista Claridade.........................................................................5

1.2. Importância da Revista Claridade para a cultura cabo verdiana.........................5

2. Períodos literários Cabo verdianos.........................................................................6

1o Período: Iniciação (das origens até 1925)..................................................................6

2º Período: Hisperitano (1926 a 1935)...........................................................................6

3º Período: Cabo-verdianidade, (1936 até 1957)...........................................................7

4º Período: Cabo-verdianitude, de 1958 até 1965.........................................................7

5º Período: Universalismo, de 1966 até 1982................................................................8

6°. Período: Consolidação, de 1983 até o presente........................................................8

Conclusão.......................................................................................................................9

Referências Bibliográficas...........................................................................................10

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Introdução

A revista Claridade, marco da literatura moderna cabo-verdiana, surgiu num momento


de grande turbulência nacional e internacional. No âmbito nacional, a situação de
grande penúria do povo cabo-verdiano, consequência de uma má administração secular
do colonizador português e das prolongadas estiagens típicas do arquipélago, bem como
o estado de extrema opressão e repressão causado pelo regime ditatorial salazarista
marcaram o quotidiano das ilhas. No plano internacional, acontecimentos significativos
do século XX, tais como a Queda da Bolsa de Valores de Nova Iorque, o Nazismo e o
Fascismo, presentes na Europa, bem como a Guerra Civil Espanhola, caracterizaram um
período composto por graves consequências económicas, políticas e sociais.

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1. Revista Claridade

O movimento Claridade surgiu na década de 1930 e marcou o início do modernismo em


Cabo Verde. Foi um movimento intelectual que tentava demonstrar a predominância de
uma cultura nacional, a caboverdiana, e tem entre os seus maiores representantes
Baltasar Lopes, Manuel Lopes, António Aurélio Gonçalves, Teixeira de Souza e Gabriel
Mariano. Para os escritores, o movimento foi o percursor do surgimento de uma
literatura caboverdiana autónoma.

A Claridade foi uma revista literária surgida em 1936 na Cidade do Mindelo, Ilha de
São Vicente, e que está no centro de um movimento de emancipação cultural, social e
política da sociedade cabo-verdiana cujos responsáveis foram Manuel Lopes, Baltasar
Lopes da Silva e Jorge Barbosa.

MARQUES (2019) salienta que

É necessário lembrar que no período posterior à Primeira Guerra Mundial (1914-1918)


despontaram vários movimentos independentistas africanos em países como Estados
Unidos, Martinica, Haiti e Cuba. Acontecimentos históricos como a independência dos
Estados Unidos, assim como a Revolução Francesa (que deu origem à Declaração dos
Direitos Humanos) fizeram surgir questionamentos sobre os limites da liberdade e da
igualdade por parte das comunidades africanas em face de seu passado de povos
colonizados. (p. 249).

1.1. Objectivos da Revista Claridade

Ao nível político e ideológico, a Claridade tinha como objectivo

 Procurar afastar definitivamente os escritores cabo-verdianos do cânone português,


procurando reflectir a consciência colectiva cabo-verdiana e chamar a atenção para
elementos da cultura cabo-verdiana que há muito tinham sido sufocados pelo
colonialismo português, como é o exemplo da língua crioula.
 Expressar a cabo-verdianidade por meio do uso da língua cabo-verdiana nas poesias
e textos ficcionais, do estudo sociológico e antropológico do homem do arquipélago
e da valorização da cultura e do folclore do povo das ilhas, promovendo uma
emancipação cultural, muito antes da própria emancipação política do arquipélago.

1.2. Importância da Revista Claridade para a cultura cabo verdiana

Influenciados pela revista portuguesa Presença e pela literatura brasileira moderna, os


escritores cabo-verdianos puderam, através da Claridade, revelar ao mundo a existência

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de um país com graves carências e sérios problemas sociais, intervindo na realidade
social e política do arquipélago.

A partir do movimento Claridade nasce a modernidade das letras cabo-verdianas,


estando a visão telúrica e realista sobre Cabo Verde no centro da produção intelectual.
A revista e o movimento que daí surgiu foram fundados por Baltasar Lopes da Silva,
Jorge Barbosa e Manuel Lopes.

2. Períodos literários Cabo verdianos

Segundo LARANJEIRA (s/d), “as Literaturas Africanas de Língua Portuguesa


emergem no colonialismo pela sua prática, instituindo-se, de imediato, contra os
conceitos da Literatura “Colonial” e “Ultramarina” ou Portuguesa de África.” (p. 73).

 1o Iniciação, das origens até 1925;


 2º Hisperitano, 1926 a 1935;
 3º Cabo-verdianidade, de 1936 até 1957;
 4º Cabo-verdianitude, de 1958 até 1965;
 5º Universalismo, de 1966 até 1982 e finalmente
 6º Consolidação, de 1983 até o presente.

1o Período: Iniciação (das origens até 1925)

Marcado por grandes vazios em termos de produção literária e pela abrangência de uma
vasta gama de textos influenciados pelo baixo romantismo e pelo Parnasianismo. Este
período ainda marcado pela publicação do Romance “O Escravo”, de José Evaristo
D’Almeida.

Principais nomes: Antónia Pusich, Guilherme Dantas, Joaquim Barreto, Luís Medina e
Vasconcelos, Maria Lusa Serra Pinto Ferro, Eugénio Tavares, José Lopes e Pedro
Cardoso.

2º Período: Hisperitano (1926 a 1935)

Desde os primeiros tempos, até ao final deste 2° Período, entendemos que vigorou o
Cabo-verdianismo, caracterizado como de “regionalismo telúrico”, mas que, nalguns
textos, se expande para temas e elementos recorrentes da literatura cabo-verdiana, como

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os da fome, do vento e da terra seca, ou de certa insatisfação e incomodidade, numa
atmosfera muito próxima do naturalismo.

De acordo com MARGARIDO (1980: 38), “o fundamento que leva a que se possa
designar tal período como Hesperitano ressalta da assunção do antigo mito
hesperitano ou arsinário”.

Vimos nesse trecho que trata-se do mito, proveniente da Antiguidade Clássica, de que,
no Atlântico, existiu um imenso continente, a que deram o nome de Continente
Hespério.

Os poetas criaram o mito poético para escaparem idealmente à limitação da pátria


portuguesa, exterior ao sentimento ou desejo de uma pátria interna, íntima,
simbolicamente representada pela lenda da Atlântida, de que resultou também o nome
de atlantismo hesperitano, por oposição ao continentalismo africano e europeu.

3º Período: Cabo-verdianidade, (1936 até 1957)

Principia no ano de 1936 (ano da publicação da revista-mater Claridade) e vai até 1957,
muito mais tarde do que a fase a que Luís Romano chamados Regionalistas ou
Claridosos (para ele termina com os neo-realistas da revista Certeza, de 1944)

António Nunes publica, depois, os Poemas de longe (1945) e Manuel Lopes, os Poemas
de quem ficou (1949), a que se segue o romance fundador Chiquinho (1947), de
Baltasar Lopes, passando pelo Caderno de um ilhéu (1956), de Jorge Barbosa, e o
primeiro romance de Manuel Lopes, Chuva braba (1956). LARANJEIRA (1995. p. 182)

Todos sem interferência da Negritude, mas, curiosamente, coincidindo no tempo as


publicações de neo-realistas e claridosos, não sem que, entretanto, fossem impressos
livros deslocados no tempo, como os Lírios e cravos (1951), de Pedro Cardoso, e as
Poesias (1952), de Januário Leite, poetas do cabo-verdianismo.

4º Período: Cabo-verdianitude, de 1958 até 1965

4°. Período, indo de 1958 a 1965, em que, com o Suplemento Cultural, se assume uma
nova cabo-verdianidade que, por não desdenhar o credo negritudinista, se pode apelidar
de Cabo-verdianitude, que, desde a sua ténue assunção por Gabriel Mariano, num curto
artigo (1958), até muito depois do virulento e celebrado ensaio de Onésimo Silveira
(1963), provocou uma verdadeira polémica em torno da aceitação tranquila do
patriarcado da Claridade.

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Do Suplemento Cultural do Boletim Cabo Verde fizeram parte Gabriel Mariano,
Ovídio Martins, Aguinaldo Fonseca, Terêncio Anahory e Yolanda Morazzo.

5º Período: Universalismo, de 1966 até 1982

Do Universalismo assumido, sobretudo por João Vário, quando o PAIGC (acoplando


forças políticas de Cabo Verde e da Guiné-Bissau) se achava já envolvido, desde 1963,
na luta armada de libertação nacional, abrindo, aquele poeta, muito mais cedo do que
nas outras colónias, a frente literária do intimismo, do abstraccionismo e do
cosmopolitismo: aliás, só depois da independência, e passado algum tempo, surgiu
descomplexada e polémica, sobretudo em Angola e Moçambique.

Podemos datar de 1966, com a impressão dos poemas, em Coimbra, de Exemplo geral,
de João Vário (João Manuel Varela), essa viragem, que, diga-se, pouco impacto veio
provocar.

6°. Período: Consolidação, de 1983 até o presente.

Começando por uma fase de contestação, comum aos novos países, para gradualmente
se vir afirmando como verdadeiro tempo de Consolidação do sistema e da instituição
literária.

O primeiro momento é dominado pela edição da revista Ponto & Vírgula (1983-1987),
liderada por Germano de Almeida e Leão Lopes.

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Conclusão

Assim, a revista Claridade tinha por objectivo expressar a cabo-verdianidade por meio
do uso da língua cabo-verdiana nas poesias e textos ficcionais, do estudo sociológico e
antropológico do homem do arquipélago e da valorização da cultura e do folclore do
povo das ilhas, promovendo uma emancipação cultural, muito antes da própria
emancipação política do arquipélago.

Dessa forma, mesmo diante de uma imprensa incipiente, com poucos recursos materiais
e sob uma censura que pretendia impedir o surgimento e continuidade tanto do
movimento cultural Claridade quanto da revista do grupo de intelectuais claridosos, o
periódico, ainda que com algumas interrupções na publicação de seus números, foi um
factor determinante para que o próprio povo cabo-verdiano tomasse consciência de sua
identidade.

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Referências Bibliográficas

LARANJEIRA, Pires. (1995). Literaturas Africanas de Expressão Portuguesa, vol. 64,


Universidade Aberta, Lisboa. (pp. 180-185)

LARANJEIRA Pires (s/d). Ensaios Afro-Literários, Novo Imbondeiro, Lisboa.

MARGARIDO, Alfredo (1980). Estudos sobre literaturas das nações africanas de


língua portuguesa – ensaios. Lisboa: A Regra do Jogo.

MARQUES Simone Donegá. (2019). O “Ficar os pés na Terra” Cabo verdiana.


Garrafa. Vol. 17, n 50, Outubro – Dezembro. p. 247-272.

http://lusofonia.om.sapo.pt/caboverde.htm, acesso em 03 de Maio de 2022.

__________. (Org. coord. e dir.). Revista Claridade. Ed. Facsimilar. 2. ed. Praia:
Instituto Caboverdeano do Livro, 2003.

__________. O fulgor e a esperança de uma nova idade. Claridade: revista de artes e


letras. Praia: Instituto Caboverdeano do Livro, p. 19, 2012.

__________. Literaturas africanas de expressão portuguesa. Lisboa: Instituto de


Cultura Portuguesa, 1999.

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