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jornalismo impresso
Professor mestre Artur Araujo
(artur.araujo@puc-campinas.edu.br)

Crítica X Resenha

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José Marques de Melo
A resenha
• O gênero jornalístico que se
convencionou chamar de resenha
corresponde a uma apreciação das
obras de arte ou dos produtos
culturais, com a finalidade de orientar a ação
dos fruidores ou consumidores.
• O termo resenha ainda não se generalizou no
Brasil, persistindo o emprego das palavras
crítica para significar as unidades jornalísticas
que cumprem aquela função e crítico para
designar quem as elabora.
Entendendo um pouco melhor
Porque crítica e resenha

José Marques de Melo


se confundem?
• A explicação está na transição
por que passou o jornalismo
brasileiro, da fase amadorística
para o período profissionalizante.
• Houve uma dupla recusa dos
grandes intelectuais e dos editores culturais em
relação à crítica esteticamente embasada.
Os motivos dos intelectuais

José Marques de Melo


e dos jornalistas
• Os grandes intelectuais não quiseram
fazer concessões à simplificação e à
generalização pretendidos pela
indústria cultural.
• Os editores culturais porque
entendiam indispensável ampliar o raio de influência da
crítica da arte, tornando-a utilitária em relação ao grande
público e evitando o seu direcionamento para as elites
universitárias.
José Marques de Melo
O refúgio da crítica
• Os grandes intelectuais
continuaram a realizar exercícios
críticos estruturados segundo os
padrões da análise acadêmica
refugiaram-se nos periódicos especializados.
José Marques de Melo
O que vemos nos jornais
• A resenha é hoje exercida, no Brasil,
por jornalistas que desempenham
(ou já o fizeram no passado)
atividades vinculadas ao campo
privilegiado de análise, o que os torna
competentes para esse trabalho.
• Isso não exclui a existência de “críticos” que,
designados para cobrir determinadas áreas da
produção cultural, acabaram se enfronhando nos
bastidores do setor e despontaram como analistas
capazes de merecer a credibilidade do público.
José Marques de Melo
Mudanças históricas
• Historicamente, a apreciação
dos produtos culturais começa
na imprensa brasileira pelas
áreas artísticas tradicionais:
literatura, música, teatro, artes plásticas.
• Quando o jornalismo atinge escala industrial e,
a partir da década de 30, começa a ampliar
consideravelmente o público leitor,
abrangendo também a classe média e setores
do operariado qualificado, a apreciação dos
bens culturais busca novos caminhos.
José Marques de Melo
A arte como produto
• A mudança ocorre não apenas na forma
a substituição da crítica pela resenha,
mas também no conteúdo - o que se
analisa não são mais as obras de arte e
sim os novos produtos da indústria cultural.
• Assim, não é a literatura que se aprecia, mas o livro
colocado no mercado. A música executada nos
recintos fechados deixa de interessar aos jornais
diários, cedendo lugar para o registro e avaliação dos
produtos da indústria fonográfica.
Da essência para a

José Marques de Melo


conjuntura
• Desaparece (ou se torna residual)
a crítica estética, dedicada a
aprender o sentido profundo das
obras de arte e situá-las no
contexto histórico, surgindo, em seu lugar, a
resenha, uma atividade mais simplificada,
culturalmente despojada, adquirindo um nítido
contorno conjuntural.
Resenha prima pela

José Marques de Melo


superficialidade
• A resenha é atividade propriamente
jornalística que se caracteriza por ser
um "comentário breve", quase sempre
permanecendo "à margem" da obra ou
saindo do "a propósito".
• Enquanto isso, a crítica "exige métodos e critérios
que tornam o seu resultado incompatível com o
exercício periódico e regular em jornal, e mais
incompatível com o próprio espírito do jornalismo,
que é informação, ocasional e leve".
Artur Dapieve
Crítica (scholar) e resenha

José Marques de Melo


(imprensa)
• A crítica (gênero literário)
destina-se a "scholars";
a resenha (gênero jornalístico)
dirige-se ao "consumo popular".
• A resenha configura-se, então, como um
gênero jornalístico destinado a orientar o público na
escolha dos produtos culturais em circulação no
mercado. Não tem a intenção de oferecer julgamento
estético, mas de fazer uma apreciação ligeira, sem
entrar na sua essência enquanto bem cultural.
Diálogo com público

José Marques de Melo


e produtores
• A atuação dos resenhadores
(ou críticos, como continuam a
ser chamado) não se restringe ao
monólogo que dirigem ao público,
mas procura também assumir o caráter de um
"diálogo" com os produtores, oferecendo
pistas para autores, diretores ou atores das
obras em apreciação.
As funções da resenha:

José Marques de Melo


informar
• Informa, proporcionando
conhecimento sobre o que está
em circulação no mercado
cultural e sobre a natureza e a
qualidade das obras comercializadas;
As funções da resenha:

José Marques de Melo


elevar o nível cultural
• Eleva o nível cultural, pelo
caráter didático com que aprecia
os bens culturais, despertando
muitas vezes o senso crítico
para a sua fruição;
Funções da resenha:

José Marques de Melo


identidade
• Reforça a identidade comunitária,
fazendo o julgamento das obras
segundo padrões peculiares à
comunidade, o que significa
descobrir especialidades geoculturais em
produtos que possuem destinação massiva;
Funções da resenha:

José Marques de Melo


aconselhamento
• Aconselha como empregar
melhor os recursos dos
consumidores, fazendo-os
recusar os produtos de baixa
qualidade;
Funções da resenha:

José Marques de Melo


estímulo aos artistas
• Estimula e ajuda os artistas,
elogiando o bom desempenho
ou enfatizando falhas e
imperfeições;
Funções da resenha:

José Marques de Melo


identificar o novo
• Define o que é novo,
distinguindo os produtos
tradicionais dos lançamentos
que fogem à tendência dominante;
Funções da resenha:

José Marques de Melo


documentação
• Documenta para a história,
permitindo reconstruir momentos
de uma atividade que é efêmera
pela própria natureza da indústria
cultural;
Funções da resenha:

José Marques de Melo


divertir
• Diverte, porque resgata situações
inusitadas, cômicas ou hilariantes,
desde que realizadas com humor.
Tipos de resenha

José Marques de Melo


com crítica
• Marques de Melo define dois
tipos básicos: a autoritária e a
“impressionista”
José Marques de Melo
A autoritária
• a) distancia o público do centro
da análise, já que a apreciação se
faz a partir da obra e de sua
significação no quadro histórico;
• b) cria uma atmosfera de
categorização, que se torna um fim em si mesmo,
impedindo ou dificultando a inclusão de novas
tendências ou de novos elementos; ou seja, corre o
risco de tornar-se eminentemente conservadora. ”
José Marques de Melo
A impressionista
• a) propicia a anarquia cultural,
porque não se baseia em modelos
ou padrões;
• b) torna-se a-histórica, sem que o
público possa ter uma perspectiva temporal
sobre a produção em julgamento;
• c) contém o perigo de fomentar o ego do
crítico, transformando-o em figura todo-
poderosa.
José Marques de Melo
A resenha se espraia
• O âmbito de ação da resenha
contempla os produtos
tradicionais, como a literatura e o
livro, a música a as artes plásticas,
o teatro e a dança, mas atribui ênfase aos
novos produtos da indústria cultural que
constituem fonte segura de receita publicitária:
a televisão, o cinema, a música, e até mesmo o
esporte, a gastronomia e a publicidade.

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