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INTRODUÇÃO À POLÍTICA INTERNACIONAL

CADERNO DE MONITORIA

RENAN CANELLAS
Definindo a Política Internacional
Bibliografia:
• LAWSON, Stephanie. International Relations (Polity Short Introductions Series).
Cambridge: Polity Press. 2017. pp. 1-19.

1) Política Internacional é a combinação de duas palavras:

Em linhas gerais, política pode ser resumida pelo seguinte: who gets what, when, why
and how? (quem recebe o que, quando, por que e como?);

Ø a palavra "internacional", deve-se reconhecer, é nova; embora, espera-se,


suficientemente análogo e inteligível. É calculado para exprimir, de forma mais
significativa, o ramo do direito que passa pelo nome de direito das gentes; uma
denominação tão atípica que, não fosse pela força do costume, pareceria referir-
se à jurisprudência interna (Bentham, 1780);

2) O que é a política internacional?

> É a interação entre Estados que possuem fronteiras e um governo constituído. É um


ramo que estuda o comportamento dos Estados dentro e fora de suas fronteiras.

A política é internacional e não interestatal. Por quê?


Existe uma diferença entre política internacional e política externa!

2) Quais são os desdobramentos desta definição?


Os Estados são os atores dominantes neste campo.

3) O que é que a política significa?


Não há uma definição clara do conceito.

à Temas e conceitos fundamentais da política internacional

1) Soberania estatal: Qualidade do Estado de ser politicamente independente de outros


Estados (autonomia legal);

2) Sistema estatal: Relações entre Estados com grau de independência e autonomia em


relação aos outros
Não estão subordinados a nenhum poder ou autoridade superior

5 regras básicas de um sistema estatal:


• Segurança nacional (forças armadas, poder militar)
• Liberdade (pessoal e nacional -> independência)
• Ordem (interesse comum na manutenção da ordem)
• Justiça (manter compromissos legais)
• Bem-estar (emprego, baixa inflação, investimento constante,
fluxo de comércio)

3) Anarquia interestatal: Ausência de um sistema formal de governo;

4) Hegemonia: Poder e controle exercidos por um Estado proeminente sobre o outro;

5) Balança de poder: Equilíbrio de poder entre Estados;

Relações Internacionais: O Surgimento de uma Disciplina


Bibliografia:
• OWENS, Patricia, BAYLIS, John, SMITH, Steve. From International Politics to
World Politics. In: OWENS, Patricia, BAYLIS, John, SMITH, Steve (Eds). The
Globalization of World Politics: An Introduction to International Relations.
Oxford: Oxford University Press. 2017. pp. 1-14.

Ø A agenda de pesquisa das Relações Internacionais é, inicialmente, eurocêntrica e


privilegia o “norte global”;

Ø 1919: Criação do 1º departamento de Relações Internacionais;

Ø A disciplina se desenvolve no contexto em que a sociedade europeia está arrasada:


a gripe espanhola havia dizimado a base produtiva de reconstrução da Europa no
pós-guerra pois era letal na população jovem, além da sociedade estar
convulsionado devido à Revolução Russa de 1917. Ao mesmo tempo, a disciplina
é criada em um contexto no qual o Reino Unido ainda é uma hegemonia e grande
potência do sistema internacional;

Ø O estudo da política internacional favorecia a projeção política das hegemonias


do período. A disciplina Relações Internacionais apresenta um aspecto acadêmico,
mas, acima de tudo, um projeto político significativo, que sustenta a visão do
sistema internacional baseado na cosmovisão das hegemonias ocidentais;

Ø Nesse sentido, o conhecimento das RI deveria ser um instrumento da paz para os


Estados, de modo a guiá-los para uma política externa mais pacífica, menos
agressiva;

Ø Como livrar a humanidade dos efeitos da guerra?

Ø A solução encontrada era apoiar e dar o suporte necessário para o direito


internacional e para as Liga das Nações! A criação de uma organização
intergovernamental de caráter global tinha como objetivo de servir como fonte de
autoridade moral sobre os Estados!
Ø A guerra não poderia ser utilizada como instrumento de política externa dos
Estados, pois ela ocorreu devido ao caráter antidemocrático destes. O objetivo da
Liga era, então, fomentar mais democracias;

Ø A democracia seria incompatível com a guerra, então o que deveria ser feito era
promover democracias, diferentemente do que a Revolução Russa estava
defendendo (o comunismo seria propenso ao conflito e a ditadura do proletariado);

Estudando as Relações Internacionais Através do Liberalismo


Bibliografia:
• ANGELL, Norman. A Grande Ilusão. Brasília e São Paulo: Editora Universidade
de Brasília, Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais e Imprensa Oficial
do Estado de São Paulo. 2002. p. 3-34.
• WILSON, Woodrow. "The Fourteen Points," Address to the U.S. Congress, 8
January 1918. In: MINGST, Karen A. & SNYDER, Jack L. Essential Readings in
World Politics. New York and London: W.W. Norton & Company. 2017. pp. 32-
34.

à A Grande Ilusão (ANGELL, 1910)

Ø Angell escreve sua obra em uma etapa anterior à Primeira Guerra Mundial, cujo
momento de transição de um século para o outro foi marcado por um rápido
processo de industrialização das potências ocidentais, integração do mercado
mundial e expansão do imperialismo.

Ø Além disso, a partir do século XIX, os movimentos nacionalistas ganham força


no contexto europeu devido ao crescente processo de centralização do poder.
Ø O crescente nacionalismo na Europa, aliado à industrialização e à corrida
armamentista, produziram no final do século XIX um pensamento belicista muito
forte. Angell observa, portanto, que este progresso das forças econômicas
contribui para a criação de um cenário muito importante para os liberais: um
cenário de interdependência econômica.

Ø Interdependência Econômica: Devido aos avanços industriais e tecnológicos, cada


vez mais os Estados se encontravam integrados entre si economicamente.

Ø Nesse sentido, Angell apontava que: a interdependência econômica em que os


Estados se encontravam era incompatível com a lógica expansionista e
armamentista dos Estados.
Ø É por este motivo que Angell enfatiza que a lógica expansionista dos Estados era
uma “grande ilusão”. Os Estados não irão se tornar mais ricos ou desenvolvidos
se oprimirem outros povos.

Ø As políticas expansionistas representavam um grande entrave para o


desenvolvimento das nações;

Ø Prosperidade e bem-estar não se relacionam exclusivamente com poder militar;

Ø O poder militar não traz sempre benefícios e resultados favoráveis àqueles que
detêm mais recursos militares, como ocorreu na Guerra do Vietnã;

Ø A prosperidade viria através das forças econômicas!

Ø As práticas imperialistas trazem muito mais dano para o comércio, economia, e


integração entre os povos e criam condições desfavoráveis para o avanço das
forças de mercado, políticas e sociais;

Ø Desse modo, o padrão de colonização sobre diversas nações ia contra a lógica do


crescimento e desenvolvimento que os liberais acreditavam que a economia e o
comércio poderiam trazer. A guerra atrapalha o desenvolvimento integral dos
estados no sistema internacional;

Ø Na medida em que as forças de mercado se expandem, cria-se condições


desfavoráveis para o conflito e favoráveis para o progresso. Para a teoria liberal,
é pela força econômica que o caráter democrático é acentuado nos Estados;

à 14 Pontos (WILSON, 1918)

Ø Para além da defesa do livre comércio, da diplomacia aberta e de relações


econômicas justas e igualitárias, Woodrow Wilson defende políticas anticoloniais;

Ø As organizações internacionais são um elemento central para pensamento liberal,


pois avançam em três grandes objetivos:

1º) Por que um mundo dotado de organizações internacionais é tão importante?

Pois as organizações internacionais aumentam o fluxo de informações, permitindo uma


maior transparência nas políticas de Estado e uma melhor coordenação de estratégias para
a resolução de problemas comuns. Na medida em que os Estados conhecem mais as
intenções um do outro, há maior espaço para se alcançar acordos de paz;

2º) Por que um mundo de organizações internacionais é mais seguro?


Pois permite que os Estados cumpram seus compromissos, pois estão sobre escrutínio da
comunidade internacional;

3º) Como as organizações internacionais mudam a expectativa dos Estados?

Através de regras, procedimentos, estabelecimento de comportamento aceitáveis ou não,


entre outros. Se o Estado tem determinado interesse e ele não está alinhado com a
comunidade global, a organização chamará a atenção para o fato de que a política traz
mais prejuízo do que benefício, provocando uma mudança de expectativa. As
organizações impedem que os Estados operem fora das regras do jogo Controla os
benefícios da cooperação e os malefícios da deserção;

Ø Os liberais no início do século XX acreditam que as organizações internacionais


poderiam funcionar como fonte de autoridade moral sobre os Estados;

Ø Eles acreditavam que as organizações provocariam uma harmonização de


interesses;

Ø Os realistas se opõem ao afirmarem que é impossível gerar essa harmonização de


interesses;

à Ou seja...os três elementos centrais do pensamento liberal são: 1. Livre comércio;


2. Organizações internacionais; 3. Democracia (que pode ser alcançada através dos
outros dois);

Estudando as Relações Internacionais Através do Realismo


Bibliografia:
• MORGENTHAU, Hans. A Política Entre as Nações. Brasília e São Paulo: Editora
Universidade de Brasília, Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais e
Imprensa Oficial do Estado de São Paulo. 2003. pp. 3-28.

à Contextualização:

Ø De acordo com Carr, em “20 Anos de Crise”, durante o período entre guerras
(1919-1939), as premissas liberais começaram a ser questionadas. O Liberalismo
foi incapaz de entender as mudanças que ocorreram após a derrocada da Liga das
Nações, devido à ascensão de movimentos nazifascistas, nacionalistas e
autárquicos, contrapostos com a lógica da paz e que glorificavam a guerra.

Ø Com a Segunda Guerra Mundial, houve um verdadeiro rompimento com o status


quo da política internacional do século XIX, levando os Realistas a afirmarem que
era impossível defender a lógica liberal da harmonização de interesses (paz e
segurança internacional). Uma das razões para isto foi o fracasso da Liga das
Nações, que apresentou três principais problemas:

1. Certeza: Falta de Unanimidade no Conselho e na Assembleia

Ø O desenho do Conselho inviabilizou a socialização entre os Estados, a


transparência e a troca de informações. Havia uma incapacidade de vincular as
decisões do Conselho e da Assembleia entre os Estados-membros.

2. Utilidade: Individualidade dos Instrumentos Institucionais

Ø Os instrumentos institucionais dialogavam muito pouco entre si e operavam


dentro de suas próprias competências, em vez de fomentar diálogos sociais para a
resolução de conflitos. Somente o uso da força e as intervenções militares não são
suficientes para atingir a paz, é necessário um diálogo. Desse modo, a ideia de que
a Liga seria um fórum diplomático para resolução de controvérsias e lançamento
de acordos não se cumpriu na prática.

3. Inclusividade: Falta de representatividade e seletividade de engajamento

Ø Uma das principais críticas à Liga das Nações é o fato de que a criação da
organização por si só já exprimia a lógica da imposição dos “vencedores sobre os
vencidos”. Ela carregava consigo os anseios e agendas das potências vencedoras
da Primeira Guerra Mundial;

Ø Diversas potências como Inglaterra e França queriam conservar sua a posições de


poder dentro dos assuntos europeus e, diante destes fatores, houve um descrédito
generalizado por parte da organização;

Ø Por este mesmo motivo, a Liga não resolveu grande crises de segurança no sistema
internacional por não fazerem parte do escopo de resolução do Tratado. Não
houve um rompimento com o isolacionismo político em prol da segurança
regional e internacional;

à Principais premissas do Realismo Clássico:

Ø No campo do pensamento, ênfase na aceitação dos fatos e análise. No campo da


ação, ênfase no poder irresistível das forças existentes (aceitação e adaptação a
tais forças);

Ø Os realistas afirmavam que o papel do poder exercido pelos Estados no sistema


internacional tinha sido negligenciado pelos liberais, que acreditavam que a fonte
de autoridade seria a moralidade, e não o poder;
Ø Grande diversidade e ampla riqueza do realismo. Ênfase no que acontece no
sistema internacional (Estado caixa preta). Pessimismo anunciado e definitivo em
relação à natureza humana (distribuição de poder);

Ø É impossível alterar a natureza conflitiva humana, representada também na ação


dos Estados. Para os realistas, a guerra é um estado permanente nas relações
internacionais e seria impossível evitá-la, pois a competição por poder é um status
permanente/ imutável. No entanto, o realismo não dispensa o papel da cooperação,
mas a cooperação existiria exclusivamente como instrumento de atendimento aos
interesses nacionais;

à Conceitos importantes:

Ø Estado: Ator central das relações internacionais (não as organizações).

• Objetivos:
1) Manter a paz dentro de suas fronteiras
2) Manter a segurança dos seus cidadãos em relação a agressões externas
3) Detém o monopólio legítimo do uso da força
4) Age de maneira uniforme e homogênea – interesse nacional

• O sistema internacional é constituído por unidades soberanas estatais (o Estado


tem legitimidade para definir sua política externa). Desse modo, se as
organizações internacionais atuarem contra os interesses do Estado, ele tem
legitimidade em deixar estas organizações.

• Também defendem que é impossível conciliar os interesses nacionais diversos,


por isso as organizações são sempre reféns dos interesses dos Estados.

Ø Anarquia: É a ausência de uma autoridade suprema e legitima (não existe um


soberano que detenha sistematicamente o monopólio do uso da força).

• É a apropriação do pensamento Hobbesiano sobre o Estado de Natureza, no qual


há uma luta permanente por sobrevivência política.

Ø Sobrevivência: O interesse nacional do Estado é sua sobrevivência.

• A sobrevivência do Estado deve levar à mobilização de todas as capacidades


nacionais.

Ø Poder: Elemento central da análise realista.

• Definições:
- Primeira Definição: É a soma das capacidades políticas, militares, econômicas e
tecnológicas dos Estados.

- Segunda Definição: É a comparação de poder entre Estados. Nesta definição, a


desigualdade de poder é inevitável e natural.

- Terceira Definição: É a capacidade de influenciar o sistema internacional (Waltz);

Ø Balança/Equilíbrio de Poder: Atores se juntam ao poder ou se juntam contra o


poder;
Ø Autoajuda: É resultado da anarquia, é a luta pela sobrevivência. Cada Estado só
pode contar com suas próprias capacidades e deve permanecer vigilante para
garantir sua sobrevivência.

à Hans Morgenthau:
Ø 6 Princípios do Realismo:

1. A política, assim como a sociedade, é governada por leis objetivas que refletem a
natureza humana à olhar para a natureza humana conflitiva e egoísta explica o
comportamento dos Estados.

2. Todos os Estados têm o mesmo objetivo: o poder à o poder é perseguido na


política internacional por todos os Estados.

3. O poder varia no tempo e espaço (assume diferentes formas) à


Dependendo de circunstâncias históricas, o poder econômico, cultural e político
pode variar. Não é estático e muda com o contexto.

4. Os princípios morais devem ser subordinados aos interesses da ação política à a


visão liberal moralista é inferior e subordinada à ação política e ao poder.

5. Os princípios morais não são universais, mas particulares à os princípios são


particulares às características e interesses nacionais dos Estados.

6. Reafirmação da autonomia (separação) da esfera política em relação às demais à


a dimensão da ação política e do interesse nacional se sobrepõe a todas as outras
dimensões.

Estudando as Relações Internacionais Através do Neoliberalismo


Bibliografia:
• NYE, Joseph; KEOHANE, Robert. Power and Interdependence. New York:
HarperCollins Publishers, 1977. pp. 19-31.
à Contextualização:

a) Relaxamento das Hostilidades

Ø Momento em que os Estados Unidos e a URSS se encontram em um cenário de


distensão das hostilidades, marcando o surgimento do regime de não-proliferação
de armas de destruição em massa e abrindo uma reflexão sobre o papel da
cooperação entre os Estados em um sistema internacional anárquico.

Ø Isso permite que os neoliberais repensem o papel das organizações internacionais,


que mudam de figura pois não funcionam mais como uma fonte de autoridade
moral sobre os Estados. Agora, elas têm um caráter mais objetivo e utilitarista,
para reduzir os custos da Interdependência Complexa.

b) Crise do Petróleo

Ø Países menos desenvolvidos produtores de petróleo determinavam o preço do


barril do petróleo, deixando as grandes potências com pouca margem de manobra
para reverter essa decisão.

Ø Desse modo, a máxima realista de que “manda quem pode, obedece quem tem
juízo” não se confirma. Isso leva os neoliberais a sugerirem que os conflitos agora
serão de ordem econômica.

c) Descolonização da Ásia

Ø A independência de diversas nações, com suas demandas e questões particulares,


influencia uma pluralidade de entradas de novos membros em organizações
internacionais, mostrando que as OIs não perderam totalmente sua importância.

à Reações ao Realismo Clássico:

Ø A década de 70 é um momento no qual a noção do Realismo de que o Estado é o


ator central e unitário do sistema internacional passa a ser questionada. O
Realismo começa a se tornar incapaz de explicar a complexidade da política
internacional contemporânea.

Ø Os Estados precisam da ajuda de organizações internacionais para manter seus


interesses, sua agenda de poder e sua própria sobrevivência, pois são as
organizações que diminuem os custos e assimetrias da Interdependência. Os
neoliberais apontavam a existência de outros atores na política internacional:

a) Existência de Múltiplos Canais de Comunicação


- Contatos informais;
- Diversos atores;
- Organizações Internacionais;

à O espaço de interação entre Estados e agentes não-estatais é complexa e há diversas


modalidades de participação dentro do sistema de governança internacional.

b) Agenda Múltipla

- Diversidade de questões;
- Ausência de hierarquia;
- Difusão de fronteira entre doméstico/internacional;

à Várias questões passam a integrar a agenda dos Estados, levando à ausência de


hierarquia nesta agenda: enquanto os realistas acreditavam que a agenda de segurança era
mais importante, os liberais determinam que não há esta relação.

c) Utilidade Decrescente da Força

- Força militar é descartada;


- High e low politics se confundem - Poder militar não é tangível;

à O poder militar se torna cada vez menos determinante, sendo descartado das grandes
mesas de negociação (perde caráter de barganha e de instrumento de resolução).

Ø O princípio que organiza o sistema internacional e explica o comportamento dos


Estados é a Interdependência Complexa. Esse sistema de governança global é
povoado por Estados e outros atores da sociedade civil, e o papel das organizações
é manejar os efeitos da Interdependência Complexa.

Ø Porém, os neoliberais agora abandonam a ideia de que as organizações


internacionais funcionam como fonte de autoridade global e alcançam uma
estabilidade universal.
Ø Essa Interdependência Complexa não gera uma harmonização de interesses, ela é,
na verdade, uma fonte de conflito entre os Estados.

– Sensibilidade: É o efeito/impacto da ação de um Estado sobre o outro. Quanto maior


for o efeito, mais sensível o Estado tende a ser.

– Vulnerabilidade: É o custo de reposta que um Estado tem para fazer frente aos
impactos externos. Quanto maior o custo de resposta, mais vulnerável é.

Ø O papel das organizações internacionais é reduzir essa sensibilidade e


vulnerabilidade!
Estudando as Relações Internacionais Através do Neorrealismo
Bibliografia:
• WALTZ, Kenneth. Theory of International Politics. Massachusetts: Addison-
Wesley Publishing Company. 1979. pp. 39-59.

à Contextualização

Ø O final da década de 70 foi marcado pela ameaça de uma guerra nuclear total, o
que impactou o pensamento liberal que afirmava não existir diferença entre os
assuntos militares e sociais;

Ø A possibilidade de uma guerra nuclear mostrou aos liberais que os termos


econômicos estavam sim subordinados às questões de segurança, e que a
segurança não havia perdido totalmente sua relevância e protagonismo nas
Relações Internacionais;

Ø A ideia de que o mundo se baseia na interdependência complexa não estava certa.


Na realidade, é a estrutura anárquica do sistema que determina o comportamento
dos Estados, e não os princípios da interdependência complexa que os neoliberais
defendiam, como por exemplo a ideia de que as organizações internacionais
assumem um papel relevante;

Ø Desse modo, a tese neoliberal não se confirma, pois os termos de segurança


estavam acima do econômico e social. O mundo não estava menos anárquico
como os neoliberais apontavam! Não havia sinal de um mundo mais interligado,
interdependente e governado pelas organizações internacionais;

à Realismo estrutural do Waltz

Ø O final da década de 70 foi marcado pela ameaça de uma guerra nuclear total, o
que impactou o pensamento liberal que afirmava não existir diferença entre os
assuntos militares e sociais;

Ø A possibilidade de uma guerra nuclear mostrou aos liberais que os termos


econômicos estavam sim subordinados às questões de segurança, e que a
segurança não havia perdido totalmente sua relevância e protagonismo nas
Relações Internacionais;

Ø A ideia de que o mundo se baseia na interdependência complexa não estava certa.


Na realidade, é a estrutura anárquica do sistema que determina o comportamento
dos Estados, e não os princípios da interdependência complexa que os neoliberais
defendiam, como por exemplo a ideia de que as organizações internacionais
assumem um papel relevante;
Ø Desse modo, a tese neoliberal não se confirma, pois os termos de segurança
estavam acima do econômico e social. O mundo não estava menos anárquico
como os neoliberais apontavam! Não havia sinal de um mundo mais interligado,
interdependente e governado pelas organizações internacionais;

à Características da Estrutura para Waltz

1) Princípio Ordenador

O princípio ordenador é a Anarquia (ausência de autoridade soberana). Waltz negava a


existência de uma estrutura hierárquica.

2) Características de suas Unidades

Os Estados cumprem a mesma função, a garantia de sua sobrevivência, mas podem se


especializar (cumprir funções diferentes).

3) Distribuição de Capacidades

O sistema pode ser Bipolar ou Multipolar.

Ø Mesmo operando nas condições da Anarquia, a cooperação é possível. Como?

Mudando o ambiente estratégico de interação entre os atores, é possível alcançar o melhor


resultado para todos. Isso é feito através das Organizações Internacionais. A cooperação
é sempre o melhor caminho, pois promove ganhos absolutos e não relativos.

Ø Qual o papel as organizações internacionais desempenham no contexto de


Anarquia

1º) Aumentam o fluxo de informações, permitindo maior transparência e reduzindo


incertezas, contribuindo para a coordenação de estratégias de cooperação.

2º) Permitem o cumprimento de compromissos, monitorando se os Estados estão aderindo


a determinados acordos.

3º) Mudam as expectativas dos atores a respeito da solidez dos acordos ao longo do tempo.

à Algumas coisas importantes...

Waltz é considerado por muitos como o autor mais importante das Relações
Internacionais, não por uma concordância com sua análise e seus argumentos, mas sim
pelo fato de que sua obra foi extremamente influente até o início dos anos 90, mas após
o fim da Guerra Fria, o debate em RI, por muito tempo, se centrou em contrapor os
argumentos de Waltz. A Teoria Crítica, o Construtivismo, as Abordagens Pós-Coloniais
e Decoloniais, a Teoria Pós-Estrutural e até as Teorias Feministas rebatem, em certa
medida, os argumentos waltzianos.

Ø Waltz – 1959 (Man, the State, and War) à 3 níveis de análise para a política
internacional: (1) Indivíduo [Homem], (2) Estado e (3) Sistema Internacional;

Ø Waltz – 1979 (Theory of International Politics – Existe uma trad. portuguesa desse
livro que traduz o título para “Teoria das Relações Internacionais”, mas vejam, o
Waltz não está falando de uma teoria de Relações Internacionais, mas sim de
POLÍTICA INTERNACIONAL, não confundam!) à Apenas UM nível de
análise: Sistema Internacional;

à Realismo Clássico x Realismo Estrutural

- Realismo Clássico olha para os líderes estatais e para suas avaliações subjetivas para a
política internacional; tenta traçar uma ética da política internacional;

- Realismo Estrutural desconsidera qualquer análise que venha do nível individual, a


estrutura do sistema que é o elemento analítico central para essa versão do Realismo;
Distribuição de poder também é um elemento central para essa análise sistêmica; o
neorrealismo se propõe a ser mais científico e menos subjetivo, e menos ético também;

Realismo Liberalismo
Atores O Estado; O Estado é um dos atores mais importantes;
organizações internacionais; empresas
multinacionais;
*Neoliberalismo: o Estado é o ator mais
importante;
Interesse Dominante dos Clássico: o poder; Variável, dependendo do ator e das circunstâncias;
Atores Estrutural: sobrevivência ou dominação;
Nível de Análise Clássico: Estado e/ou sistema Sociedade doméstica/internacional
Estrutural: sistema
Dinâmica Conflito Cooperação e conflito
Lógica de Produção do Balança de poder Institucionalização
Ordenamento
Temas mais Importantes Guerra Economia
Poder: Definições e Desdobramentos
Bibliografia:
• NYE, Joseph S. The Future of Power. New York: Public Affairs. 2011. pp. 3-24.

Ø PODER é o componente central do sistema de governança global e elemento


central na disciplina de Relações Internacionais!

à Definições

1º) “Poder como atributo ou posse de determinados recursos/capacidades”

Ø O poder é algo que os indivíduos, grupos ou Estados possuem ou tem acesso. O


foco é nos meios/capacidades à disposição dos outros, e tais recursos se
manifestam em:

* Território (extensão e localização estratégica)


* População (força produtiva para o Estado)
* Recursos Naturais
* Renda per capita (capacidade de investimento e desenvolvimento nas áreas centrais)
* Força Militar (quanto maior, maior o poder exercido na política internacional)

Ø O poder, tangível e papável, pode ser medido a partir de seu potencial latente.
Enquanto o poder latente é o que se consegue medir, o poder real é o que de fato
se consegue exercer.

Obs: na política internacional, influência não significa poder!

2º) “Poder como relação social”

Ø É a habilidade que indivíduos, grupos ou Estados tem de exercer influência sobre


os outros. Neste caso, o poder é uma relação entre indivíduos ou grupos sociais;
Ø Para que seja exercido, o poder depende, assim como a política, de um conjunto
de agentes ou indivíduos, e sua importância reside na capacidade de alterar o
comportamento do outro;

Obs: Tal definição, no entanto, apresenta uma deficiência, pois não assume que o poder
pode ser exercido de forma estrutural.

Ø O poder deve ser colocado em um contexto no qual indivíduos consigam


influenciar uns aos outros;

3º) “Poder é estrutural”

Ø O poder é o que decide “como as coisas serão feitas”. A autora Susan Strange
estabelece a existência de quatro estruturas de poder:

*Financeira: Conjunto de atores que controlam o acesso aos créditos de investimento,


determinando o que o Estado deve ou não fazer;
*Conhecimento: Influencia o conjunto de crenças, ideias e percepções dos atores,
estabelecendo o que é verdadeiro e o que não é;
*Segurança: Empresas privadas e militares de Segurança exercem cada vez mais
autoridade no campo internacional;
*Produção: Afeta todo o desenvolvimento econômico;

Obs: É a estrutura que define o tipo de poder dos agentes, e não o contrário!

à Formas de uso do poder

Ø Os recursos de poder (latente) podem ser usados de dois principais modos para o
exercício do poder, tornando-o real;

• Hard Power: Fundamenta-se em estímulos ou ameaças, e se baseia na


superioridade material;
• Soft Power: Fundamenta-se na persuasão, convencendo o outro a ter o mesmo
desejo de quem o persuade à tal poder reside na CULTURA, e envolve
mecanismos mais brandos de poder;

• Smart Power: Fundamenta-se na capacidade de se equilibrar ambos os poderes!

Como o Poder se Manifesta na Política Internacional


Bibliografia:
• HEYWOOD, Andrew. Global Politics. New York: Palgrave Macmillan. 2014. pp.
216-245.

Ø Política: É a manifestação clara e óbvia do poder, marcada pela imposição de


objetivos;

à Origens da relação entre política e poder:

• Primeira explicação: NATUREZA HUMANA:

Ø Tal perspectiva afirma que “toda manifestação política é uma manifestação de


poder”, devido à natureza egoísta e inclinada ao poder do homem à todo ato
político é um ato de poder!

Ø De acordo com Morgenthau, a política estaria diretamente relacionada a natureza


humana, e o Estado deteria, em seu âmago, o constante interesse por poder;

• Primeira explicação: ESTADO DE NATUREZA:

Ø De acordo com Thomas Hobbes, devido à inexistência de uma autoridade superior


no Estado de Natureza, o apelo ao uso da força seria uma possibilidade constante;

Ø O poder, no entanto, não pode ser necessariamente relacionado à violência!


Ø A ausência de uma autoridade supranacional obriga os atores a recorrerem a seus
instrumentos de poder, visando garantirem sua sobrevivência e status perante os
demais;

à Diferença entre política doméstica e internacional:

Ø Política doméstica: É marcada por leis e um conjunto de instrumentos que


centralizam o poder, tornando-a estável e possibilitando a obediência e comando;

Ø Política internacional: É marcada pela inexistência de leis e instrumentos que


centralizam o poder, tornando-a instável e suscetível a transformações abruptas,
dificultando a imposição da hegemonia por certas potências;

Ø Poder político: É definido por Morgenthau como uma relação mútua de controle
entre titulares da autoridade pública (estadistas) e o povo à o poder político é
crucial para a relação entre as unidades políticas separadas, os Estados;

Ø Poder militar: Uso da força para o controle de espaços e regiões da política


internacional à quanto mais poder, mais facilmente um país pode impor sua
vontade sobre o outro;

Estado
Bibliografia:
• MINGST, Karen A. & TOFT, Ivan M. Arreguin. Ivan. Princípios de Relações
Internacionais. Rio de Janeiro: Elsevier. 2014. pp. 105-125.

à Por que os indivíduos se associam politicamente?

• Primeira hipótese: NATUREZA HUMANA

Ø De acordo com Aristóteles, a associação política decorreria da própria natureza


humana, e o Estado seria formado de modo natural, devido à necessidade do
homem de viver em comunidade e se associar politicamente à “O indivíduo é
um ser político por excelência”

• Segunda hipótese: PROCESSO ARTIFICIAL

Ø A associação política decorreria de um processo artificial, o qual resultaria em um


pacto para satisfazer as necessidades não garantidas pelo Estado de Natureza;

à Estados “falidos, frágeis e colapsados”

Ø Os Estados detêm identidades distintas em termos de crenças, comportamentos e


cultura. Por isso, tal análise é crucial para a compreensão da diversidade na
política internacional;

• Estado Anárquico: Total fragmentação do poder devido a disputas internas entre


grupos políticos e o governo central ausente;
Ex: Somália

• Estado Fantasma: Há autoridade devido ao governo central constituído, porém


é utilizada exclusivamente para a proteção de seus dirigentes;
Ex: República Democrática do Congo

• Estado Capturado: Captura de um Estado por determinado grupo com o objetivo


de avançar sua agenda política;
Ex: Ruanda

• Estado Abortado: Apresenta falhas ainda em seu processo de formação, isto é,


já nasce com problemas relativos a realidade;
Ex: Kosovo

à Elementos constitutivos do Estado


Ø De acordo com Marx Weber, os Estados detêm como principal elemento o
monopólio legítimo do uso da força para o combate e resolução de conflitos.
• População;
• Território;
• Centralização Política;
• Organização Interna/Governo/Burocracia;

à Soberania dos Estados:


Ø Soberania: Princípio que iguala juridicamente os Estados na arena internacional
à “A soberania pressupõe a suprema autoridade legal” (Morgenthau)

Ø Apesar de já serem poderosos por excelência, os Estados buscam mais poder para
realizarem seus interesses nacionais, como segurança e glória;

Ø Os princípios que derivam da noção de soberania é o de não interferência, no qual


os Estados não podem interferir nos assuntos dos demais;

Ø De que modo os Estados buscam seus interesses nacionais?

............Através da DOUTRINA DE RAZÃO DO ESTADO (Raison d'État): Baseia-se na


ética dos resultados, na qual uma ação é julgada como “bem-sucedida” de acordo com a
projeção dos interesses nacionais. O Estado deve fazer o que for necessário para atender
seus interesses, visto que seu bem-estar é prioridade em relação às questões éticas,
jurídicas e religiosas.
Ø De que forma os atores não estatais se diferenciam dos Estados?

Ø Somente os Estados possuem legitimidade para recorrer às forças internas e


externas.

Ø Os atores não estatais podem garantir obediência somente através do soft power e
não por vias coercitivas.
Nação
Bibliografia:
• HOBSBAWM, Eric. Nações e Nacionalismos desde 1780: Programa, Mito e
Realidade. São Paulo: Paz e Terra. 2013. pp. 27-67.

Ø Entidade cultural caracterizada por unir indivíduos com valores, tradições, línguas,
religiões, ancestralidade e raças em comum;

Ø Para Benedict Anderson, “a nação é uma comunidade política imaginária”;

à Definições de Nacionalismo:

Ø PERSPECTIVA DISCURSIVA: As nações e o nacionalismo seriam


artificialmente construídos e se desenvolveriam a partir da ‘diferença’. A
identidade nacional é forjada como resposta às mudanças na história e na
sociedade;

Ø PERSPECTIVA ESSENCIALISTA: A identidade nacional estaria historicamente


embutida no indivíduo, isto é, sua herança cultural seria enraizada em aspectos
culturais. ANTECEDE a formação do próprio Estado;

Ø Quando o Estado é criado, uma de suas responsabilidades é falar em nome de toda


sua coletividade. O que cumpre isso é a nação, através do casamento Estado-nação;

Ø NACIONALISMO ÉTNICO: Baseia-se na ideia de uma identidade comum


partilhada por todos os membros de uma mesma etnia, falantes da mesma língua,
devotos a uma mesma religião e/ou praticantes da mesma cultura;

Ø NACIONALISMO CÍVICO: Baseia-se na ideia de uma associação de indivíduos


que se identificam como pertencentes a uma mesma nação, detentores de direitos
políticos iguais e fiéis a valores semelhantes;

Ø Em governos democráticos, o nacionalismo não é agressivo, e sim contribui para


o sentimento de pertencimento mútuo, promovendo estabilidade política;
à NACIONALISMO PARA OS REALISTAS

Ø De acordo com a vertente realista, o nacionalismo seria um componente


fundamental para o poder do Estado, sendo responsável por sustentar o caráter
anárquico do sistema e limitar a cooperação entre os países;

Ø Além disso, o nacionalismo seria, por excelência, narcisista, e por isso estaria
diretamente relacionado a uma lógica expansionista, opressora e agressiva,
produzindo diversas patologias como antissemitismo, xenofobia e limpezas
étnicas;

à NACIONALISMO PARA OS LIBERAIS

Ø De acordo com a perspectiva liberal, o nacionalismo estaria diretamente


relacionado a uma dimensão cívica, pois seria o responsável por sustentar o
Estado Democrático de Direito e possibilitar a autodeterminação dos povos;

Ø Ademais, o nacionalismo não seria, necessariamente, agressivo, pois produz


benefícios como a liberdade e se opõe a lógica imperial e colonialista;

à NO CONTEXTO INTERNACIONAL

Ø A nação, elemento que compõe o poderio dos Estados, foi responsável por
estimular a eclosão de inúmeras guerras e revoluções na política internacional;

Ø Atualmente, no combate comercial entre Estados Unidos e China, o conceito de


nação vem sendo muito utilizado para endurecer políticas de contenção comercial
chinesas;

à NAÇÃO E GLOBALIZAÇÃO

Ø A ideia de nacionalismo modificou diversas fronteiras na política internacional;


Ø A relação entre globalização e nação potencializa não apenas o fluxo de recursos,
mas também de pessoas, promovendo um multiculturalismo no sistema
internacional. Isso faz com que o Estado nacional seja cada vez menos homogêneo,
enfraquecendo a ideia do Estado de coeso e integrado em termos de agenda e
objetivos, valores, tradições e costumes. A globalização, portanto, não dá espaço
para que o nacionalismo floresça;

Sociedade Civil
Bibliografia:
• HERZ, Mônica; HOFFMANN, Andrea; TABAK, Jana. Organizações
Internacionais: História e Práticas. Rio de Janeiro: Campus. 2015. Capítulo 6.
Sociedade Civil Global.

à Sociedade Civil Global: Espaço de atuação e pensamento formado por iniciativas de


indivíduos ou grupos. Apresenta caráter voluntário e sem fins lucrativos, isto é, não visa
a maximização econômica à é transnacional, perpassando as fronteiras do Estado, o que
explica o poder que exerce;

Ø As organizações internacionais estão presentes desde os séculos XVII e XVIII,


porém somente no século XIX houve maior participação de tais atores na política
internacional;

Ø EXPLICAÇÃO MARXISTA

Para os marxistas, a sociedade civil surgiu como uma reação às ideias neoliberais e aos
efeitos negativos da globalização econômica. Dessa forma, seu objetivo seria questionar
o status quo, visto que é um agente que recorrentemente favorece as grandes empresas e
a força capital;

Ø EXPLICAÇÃO LIBERAL

Para os liberais, a sociedade civil teria surgido a partir das próprias oportunidades que o
mundo interdependente haveria criado. Desse modo, a sociedade civil resultaria de tal
pluralização do sistema de governança global, com as novas tecnologias de comunicação
apresentando papel significativo em seu engajamento;

Ø EXPLICAÇÃO HUMANITÁRIA

A sociedade civil teria surgido como uma reação às crises em Estados frágeis, falidos e
colapsados. Diante da eclosão de fenômenos que fragilizaram tais regiões, foram
encontradas novas formas de organização de pautas e agendas comuns na política
internacional;

à Relação entre Estado e sociedade civil global:

Ø NO REALISMO

Os realistas acreditavam que a sociedade era irrelevante para a formulação do interesse


nacional do Estado, visto que este era uma entidade autônoma e, assim, a sociedade não
esclarecia aspectos sobre seu comportamento. Ademais, o relacionamento entre Estado e
sociedade seria sempre estratégico, e nunca societal;

Ø NO LIBERALISMO

Para os liberais, a sociedade é marcada por um equilíbrio e harmonização de interesses,


o que torna o Estado um árbitro neutro na mediação de conflitos sociais. Para o
liberalismo clássico, portanto, há uma importante relação entre Estado e sociedade civil
global, pois a sociedade pluraliza o poder do Estado e auxilia no processo de tomada de
decisões;

Ø NO MARXISMO

De acordo com os marxistas, apesar de ser uma esfera autônoma do Estado, a sociedade
não expressaria, necessariamente, uma harmonização de interesses, pois questiona as
políticas de status quo do Estado. Além disso, afirmam que o Estado se caracteriza não
só por sua dimensão política, mas por sua esfera societal também, diferentemente do
pensamento realista;
à Tipos de sociedade civil global:

Ø MOVIMENTOS SOCIAIS TRANSNACIONAIS:

- Formado por indivíduos ou grupos;


- Fragmentação e separação dos grupos sociais por razões econômicas, políticas ou
culturais;
- Objetivo: transformação do status quo;
- Aplicam mecanismos não violentos e não coercitivos para a realização do objetivo;
- Exemplos: Movimento Feminista, Movimento Negro

Ø REDES OU COALIZÕES TRANSNACIONAIS:

- Formado por ligações entre grupos;


- União por causas comuns em questões fundamentais;
- Objetivo: organização das iniciativas através da mobilização de um campo muito maior
de atores;
- Exemplos: Fórum Social Mundial, Fórum de São Paulo.

Ø REDES ORGANIZAÇÕES NÃO GOVERNAMENTAIS (ONG’s):

- Formalização e institucionalização muito superior às demais sociedades civis, pois


apresentam sedes, cartas constitutivas e burocracia interna;
- Norteiam-se por princípios de independência, universalidade e humanitarismo;
- Podem lidar com áreas de interesse específicas ou abrangentes;
- Sensibilização da opinião pública através da disseminação de informações públicas e
denúncias, construindo um quadro de crise no sistema internacional;
- Sem fins lucrativos.
Exemplos: Greenpeace, Cruz Vermelha

Ø ONG’s x OG’s
- As organizações não governamentais tem estado cada vez mais presentes nas
organizações governamentais, contribuindo para a:

* Participação e observação de sessões e assembleias


* Formulação de normas, diretrizes e relatórios
* Consultoria, à convite das OG’s, para debater questões * Monitoramento do
comportamento dos Estados

- Dessa forma, tais atores apresentam uma importante relação entre si, o que contribui
para o aumento de sua influência e relevância na política internacional;

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