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RESUMOS DE FUNDAMENTOS (1º teste)

A EVOLUÇÃO DA DISCIPLINA DE RI NO SÉCULO XX

A SOCIEDADE INTERNACIONAL ENTRE AS 2 GM


No período de 1919 a 1939 o estudo da política internacional nasce como disciplina
autónoma e surgem argumentos que ainda hoje são utilizados e considerados válidos
nos debates académicos.
A disciplina de RI surge de um diálogo entre os focos de poder o que lhe confere
aspetos positivos e negativos:
 Positivos- por utilizar os meios da discussão da política, não lhe permite que
esta se afaste da realidade, resolvendo assim problemas concretos.
 Negativos- autolimita-se a se focar apenas nos problemas com consequência
política imediata, apesar de, em alguns casos, se poder mostrar que estes
poderiam apresentar consequências a longo prazo
Existe uma forma constante de contar a história evolutiva das RI que consiste num
grupo de intelectuais, apelidados de idealistas, que queriam mudar o mundo no
contexto do pós primeira guerra. Por as suas análises terem pressupostos errados que
sustentavam as suas análises, isto resultou numa 2ªGM. Acabando com o paradigma
existente do idealismo e colocando no seu lugar o realismo que prestava atenção às
verdades concretas da natureza Humana e dos Estados em vez de um ideal do que
estas deveriam ser. Esta forma de percecionar a historia apresenta vantagens e
desvantagens:
 Vantagens
o Facilita o seu ensinamento por a simplificar em tipos ideais muito claros
o Permite explicar o paradigma por sobrevalorizar a importância de
ignorar as consequências de ignorar as verdades da vida.
o Sugere uma ligação direta entre a experiencia concreta e a produção
intelectual
 Desvantagens
o Se analisarmos o que de facto aconteceu nesta época conseguimos
perceber que esta forma de contar a história é feita de uma forma
exageradamente generalizada e que se distancia da realidade.
A popularização desta versão da história deve se a 3 fatores:
 Utilidade política num contexto de guerra fria
 Repetição constante torna o mito realidade
 Preguiça de verificar os factos que relatam por parte dos comentadores

O CONTEXTO INTERNACIONAL NA ALTURA DA FUNDAÇÃO DE RI


A 1ª GM (1914-1918) foi uma guerra traumática e transformadora que inaugurou uma
nova era histórica. Foi a primeira guerra total da história e esta ficou marcada pelos
seguintes fatores:
 Ao contrario das guerras que se verificaram nos séculos anteriores que eram
feitas por exércitos profissionais, esta foi uma guerra que mobilizou populações
 Transformou a economia do país para ser colocada a serviço da guerra
 Grau de carnificina levou com que os horrores da guerra de fizessem sentir
junto da consciência das populações dos países mais afetados
 Abalou a fé no progresso moral e material da civilização
 Convicção dos intelectuais assim como da população generalizada que era
necessário abolir os mecanismos internacionais que tinham sido incapazes de
evitar a devastadora mortandade da guerra
Em 1919, os meios académicos e políticos eram unanimes na admissão da necessidade
imediata de criar um sistema capaz de regular os conflitos da vida internacional sem
recurso à guerra. Assim, a disciplina de RI surgiu com uma relevância prática de
conhecer as dinâmicas da sociedade internacional e contribuir para as canalizar por
caminhos pacíficos.

CRÍTICAS À ORDEM INTERNACIONAL VIGENTE


O sistema anterior falhou e foram sujeitos a critica em especial dois elementos o
principio do equilíbrio de poderes e a ideia de diplomacia secreta.
 O principio de equilíbrio de poderes:
o Ideia cujo objetivo era manter o modelo vestefaliano do estado
independente e soberano
o Ideia semelhante à da ”mão invisível” de economia que defendia que
havia uma tendência natural para a procura do equilíbrio internacional
e que quando este deixava de funcionar, dava origem a um período de
instabilidade (onde podiam existir guerras. Até se encontrar um novo
ponto de equilíbrio.
o Guerra com função reguladora na procura de novos pontos de equilíbrio
o 1ªGM poe em causa esta noção através de 3 maneiras:
 devido à forte industrialização, países como a Inglaterra e
Alemanha passaram a a ter um poder tecnológico e militar muito
maior que os outros países. Assim os estadistas passaram a
calcular o equilíbrio segundo os critérios industrias em vez dos
mais tradicionais (território e população). Qualquer equilíbrio
era instável devido ao ritmo da mudança
 nunca uma guerra tinha ficado tao cara devido aos custos
económicos e humanos da destruição massiva que esta teve,
deixando que a ideia da guerra ser uma procura de pontos de
equilíbrio fosse desacreditada por uma Europa devastada pelas
suas consequências.
 A guerra passou a envolver toda a população e isto, a par das
movimentações politicas internas que davam maior voz aos
trabalhadores, produziu um contexto em que era preciso ter em
conta a opinião publica.
o Assim em 1919 , esta ideia estava fortemente desacreditada, havendo
um consenso na necessidade de haver um mecanismo de regulação
internacional cujo principal objetivo fosse evitá-la
 Diplomacia secreta
o Considerada pelo presidente americano Wilson como uma diplomacia
feita nas costas das populações porque contrariavam os seus interesses
fundamentais
o A condenação desta politica serviu como mecanismo de reivindicação
de uma politica externa mais democrática, mais sensível as opiniões e e
interesses das populações.
o Esta assentava numa noção de que a Grande Guerra teria assentado
num ideal de desacreditação da vida humana.
o Do ponto de vista houve quem duvidasse da possibilidade ou viabilidade
desta diplomacia aos olhos de todos, mas do ponto de vista político o
descredito de diplomatas e governantes fez com que a sua
concretização fosse possível.

ELEMENTOS DA NOVA ORDEM INTERNACIONAL


Na conferencia de Versalhes foram redesenhados os princípios que teriam por
base a nova ordem internacional que teriam, ainda assim, como principais
atores do SI os Estados.
1. Segurança coletiva
 Todos os estados reconhecem a paz como interesse comum por isso
acordam em não utilizar a força para a resolução de conflitos de
interesses.
 Concordam em punir os Estados que não o respeitem.
 Promove a paz tanto em termos imediatos (ameaça contra os que
utilizam a força) e mais genéricos (promove a cooperação entre
estados)
 Ideia do inimigo anónimo- estados comprometem-se a cumprir as
suas obrigações contra qualquer estado, deixando de parte os seus
interesses individuais e focando-se no interesse comum, a paz.
 Sociedade das nações como entidade para a implementação deste
sistema que poderia classificar-se de segurança para todos
 Pressuposto que veio a criar varias dificuldades práticas.

2. Diplomacia Multilateral Permanente


 Sociedade das nações corresponde à institucionalização de um
sistema onde os Estados membros podiam estar em permanente
contacto com os outros para a discussão e resolução de problemas
comuns (diplomacia multilateral permanente)
 Baseado na ideia de Wilson de uma diplomacia onde a opinião
pública mundial soubesse exatamente quem promove a paz e quem
tem outros interesses
 Por isso, as décadas de 20 e 30 presenciaram o aparecimento da
propaganda como instrumento de politica externa pois centrava o
seu esforço na necessidade de convencer as populações.
 Apesar dos esforços de Wilson na redação dos estatutos da
Sociedade das Nações, o Senado não ratificou a participação dos
EUA na mesma.
 A importância da Sociedade das Nações como regulados da
Sociedade internacional foi perdendo a relevância ate à irrelevância
em 1939.
o Apesar disso vários elementos foram, mais tarde,
enquadrados na ONU

3. Autodeterminação dos povos


 O fim da grande guerra representou também o fim dos impérios
territoriais europeus, introduzindo o princípio da autodeterminação
dos povos.
 Isto foi feito por duas razões:
o Existência de um problema pratico por resolver da existência
de 60 milhões de pessoas que viviam sobre o domínio de
outros povos.
 Associado a este havia uma necessidade de regular a
desintegração controlada dos impérios austro-
húngaros e otomano.
 Assim criaram-se vários pequenos países com
soberania reconhecida, reduzindo o número de
pessoas de 60 milhões para 30.
 Ou seja, os problemas foram resolvidos com recurso
ao principio da soberania dos Estados,
redesenhando-se o mapa segundo as necessidades
o Wilson acreditava que a democracia produzia paz. Assim, a
sociedade das Nações devia ser composta por povos
democráticos, pois só estes poderiam oferecer garantias de
se comprometer à manutenção da paz.
 Este principio levanta a pergunta de quem seria o juiz
para determinar se um regime é ou não democrático,
mas foi considerado válido sendo que um regime
seria considerado aceitável se representasse um
estado independente.
 Este ideal acabou por ser legitimado como principio
fundamental no tratado de Versalhes, apesar de ter
em si a contradição sobre como identificar quem era
o povo para que este se pudesse identificar.

4. Globalização da política internacional


 No século XIX a politica internacional era essencialmente europeia
tanto a nível cultural como filosófico. Apos a grande guerra alterou-
se esse domínio em especial como o caso dos estados unidos que
ganharam um papel relevante no plano internacional.
 Depois da grande guerra, e com ainda mais forca apos a 2ªGM,
países não europeus começaram a participar mais ativamente e com
maior protagonismo na cena internacional.
o Apesar de tudo, isto foi possível a partir de mecanismos
europeus como o DI, respeito pela soberania dos Estados e
diplomacia.

5. Supressão de focos de contágio da revolução de Bolchevique


 Os princípios defendidos pelos novos governantes russos eram
contraditórios à sociedade internacional:
o O verdadeiro tratado era entre o proletariado
o As relações de estado a estado deviam ser substituídos por
relações entre povos e os seus verdadeiros representantes
o O principio da não intervenção nos assuntos internos de
outros Estados era rejeitado porque contrariava o dever de
solidariedade internacional entre revolucionários.

APARECIMENTO DE RI COMO DISCIPLINA AUTÓNOMA


As RI estavam dispersas em vários campos do saber como o direito a economia e,
como resultado da globalização forçada pela 1ª GM. Os homens sentiram a
necessidade de criar uma disciplina que estudasse as causas da Guerra e uma forma de
impedir outra.
O fenómeno traumático da grande guerra levou a duas conclusões:
 A política internacional não era um meio autorregulador, as instituições
existentes não estavam à altura dos problemas do séc. XX. Os mesmos
mecanismos resultariam nos mesmos resultados com a agravante do efeito
multiplicador das novas tecnologias
 Para além de terem falhado os mecanismos, também falharam os governantes
e diplomatas sublinhando a necessidade de uma maior intervenção cívica
Assim nasce a disciplina de RI:
 A partir de um sentimento de urgência face aos problemas da guerra e da paz
internacional, chamando à atenção para a necessidade de concentrar o olhar
na especificidade dos problemas internacionais
 Nasce como disciplina militante com o objetivo expresso de melhorar o mundo
e contribuir para que no futuro se evitassem catástrofes como a Grande Guerra
 Ciência social aplicada- que tratava de formas de encontrar os males de que
padecia o Sistema internacional.
VESTEFÁLIA E A EVOLUÇÃO DA SOCIEDADE INTERNACIONAL MODERNA

É costume dar relevância nesta disciplina à data de 1648, data de aparecimento de


Vestefália, simbolismo do início de uma nova era da sociedade internacional. Esses
tratados, que tinham por objetivo primário o de trazerem uma paz duradoura para a
Europa do final da guerra dos 30 anos. Porém, esta ficou mais conhecida por ter sido
nessa altura que se verificaram algumas características da sociedade internacional
moderna. Sendo esta, portanto, a inauguração da modernidade nas RI.
Apesar de podermos afirmar que durante 3 séculos e meio o modelo vestefaliano foi o
dominante na sociedade internacional, não podemos dizer que é a única possível.
Sistema Internacional- contexto no qual as diferentes unidades envolvidas estão de
alguma forma relacionadas entre si ao ponto de terem um impacto umas sobre as
outras e afetarem mutuamente as decisões que cada toma.
 uma sociedade internacional pressupõe a existência de um sistema
internacional. Um SI pode existir sem que haja uma sociedade internacionais

O MODELO VESTEFALIANAO
A implementação deste modelo tem a si ligadas 3 questões:
o O desenvolvimento e a consolidação dos Estados Modernos
o A laicização do poder e a emancipação em relação ao papado - desenvolve-se
uma ordem internacional baseada em entidades territoriais distintas e
autónomas, causando um desaparecimento de uma ordem onde a autoridade
política do clero e da nobreza fosse perdendo a eficácia
o Impõe-se a doutrina independência dos poderes políticos em relação à
igreja católica
o Independência em relação à igreja e também em relação aos outros
estados por já não haver uma entidade superior que os liga (igreja
cristã)
o No entanto este processo não foi fácil, nem pacífico.
o O aparecimento de novas formas de relacionamento económico no
enquadramento territorial fornecido pelos novos Estado

Princípios introduzidos pelos Tratados Vestefalianos


o O princípio da soberania- dupla qualidade do Estado moderno que constitui
uma superioridade interna e uma insubmissão externa, que caracteriza o
principio da ordem vestefaliana (a independência tinha de ser reconhecida
pelos outros países  caso China e Taiwan)
o Os conflitos devem ser ser resolvidos a favor da manutenção da ordem
vestefaliana sendo que os estados têm direito a não sofrer interferências
externas nos seus assuntos internos e têm a obrigação de não interferir nos
assuntos internos
o Estados com os mesmos direitos e obrigações- independentemente do seu seu
tamanho, localização, população ou poder militar
o Todos os estados têm a obrigação de respeitar os seus compromissos- se não o
fizerem põe em causa o bom funcionamento do SI
Elementos estruturantes da sociedade internacional
o Equilíbrio internacional de poderes- situação na qual a soberania das diversas
unidades que participem na sociedade internacional é garantida pelo facto de
nenhum Estado ter preponderância de poder que lhe permita conquistar ou
dominar o mundo
o O direito internacional- codificação de uma série de práticas que regulamentam
formalmente as relações internacionais. Convivência em que os entendimentos
e valores comuns têm crescido ao longo destes últimos séculos resultou num
corpo cada vez mais alargado e ousado de regras jurídicas que são por vezes
violadas
o Concertação multicultural- resolução de grandes crises internacionais através
de congressos e conferências, nos quais os princípios soberanos europeus ou os
seus representantes se reuniam para discutirem e chegarem a um novo
equilíbrio
o Ordem comum é considerara responsabilidade de todos e portante
todos os atores relevantes devem participar na resolução dos
problemas comuns
o As potencias maiores tem mais responsabilidades em manutenção da
ordem internacional
o Diplomacia permanente- desenvolvimento de uma rede cada vez mais intensa
de contactos bilaterais, que foi muito importante na evolução gradual de um
certo consenso sobre como deviam ser geridas as RI
o Promoção da economia do mercado- promoção de comércio internacional

A EXPANSÃO DA SOCIEDADE INTERNACIONAL VESTEFALIANA:


1. INCORPORAÇÃO DE PAÍSES CRITÃOS
A base dos tratados de Versalhes consistia no desenvolvimento de regras para a
convivência entre e estadistas cristãos que não queriam aceitar a igreja católica no
todo da hierarquia.
O processo de expansão europeia, começa no séc. XV e continua até ao início do
séc. XX, representa a imposição do sistema vestefaliano, inicialmente cristão e
europeu, a nível planetário. Esta expansão da sociedade internacional ao longo de
três séculos a meio aconteceu a partir de uma base europeia e cristã, não
representa a expansão de um modelo rígido plenamente adquirido para o resto do
mundo.
Assim é importante lembrar a base da ordem internacional não é multicultural e
que a absorção de novos membros da sociedade internacional aconteceu
essencialmente através da aceitação por estes das normas adquiridas, e não por
via da negociação ou alteração dessas normas.

2. Incorporação de países não cristãos


3. Autodeterminação dos povos
O CONCEITO DE ESTADO NA DISCIPLINA CONTEMPORÂNEA

Diferentes sentidos de estado na História


o Nas décadas de 20 e 30- estado como fórum natural para a resolução de
problemas políticos internos, enquanto os problemas políticos internacionais
seriam resolvidos no plano internacional de forma interestatal
o Outra linha de pensamento desta década- a própria natureza do Estado
constituía um problema por ter tendências bélicas, defendendo o federalismo
nacional e até uma gradual dissolução dos Estados
o Realistas clássicos e neo-realistas- Estado como ator unitário e racional que
manobra e se defende da melhor forma para sobreviver
o Transnacionalistas dos anos 60 e 70- Estado era algo que estava
constantemente a ser ultrapassado por forças vivas das sociedades
o Graham Allison- sugere que nos Estados Unidos a política externa resultava de
um processo de negociação entre funcionários, cuja principal motivação era o
aumento do poder dos seus departamentos
o Marxistas- Estado como uma estrutura com autonomia para alterar as relações
de poder internacionais, combatendo por uma nova ordem económica
o Pós-guerra fria- estado em vias de se tornar irrelevante que deixou. De ser ser
uma estrutura adequada para os desafios que se colocam à humanidade
o Vestefaliana- território + população + capital + capacidade de gerir o seu
território

Estado na atualidade
o Definição- estado como conjunto de instituições jurídicas, militares e
administrativas mais ou menos coordenadas por um órgão executivo,
reconhecendo que o Estado é historicamente constituído e as características de
um Estado podem ser diferentes de outro. Melhor forma de o fazer na
atualidade, apesar de poder ser substituído.
o Características:
 Estado como ator jurídico- qualidade de sujeito de Direito Internacional
que é reconhecido pelos seus pares e tem certos direitos e certas
obrigações
 Estado enquanto instrumento de controle efetivo-as instituições do
Estado têm controle efetivo sobre a distribuição de poder e as
responsabilidades a nível interno e responsabiliza o Estado por decisões
tomadas em seu nome em matéria de participação internacional
 Estado enquanto participante em redes normativas- os estados
participam na definição dos componentes destas através da
participação na vida internacional. Isto acontece através da aceitação
ou desafio de um Estado às normas estabelecidas, contribuindo para a
consolidação ou enfraquecimento dessas redes. Estas vão alterar-se ao
longo dos tempos devido às alterações dos comportamentos dos
Estados
GOVERNÂNCIA E GLOBALIZAÇÃO

CARACTERÍSTICAS DA GLOBALIZAÇÃO
É importante saber identificar os fatores mais importantes que nos levam a admitir
que vivemos num período de globalização
1. Descobertas e aplicações tecnológicas
2. Criação de mercados mundiais em vários produtos
3. Aumento da consciência da interligação internacional a nível pessoas, povos,
empresas, associações e governos
4. Desenvolvimento de novas formas identitárias
5. Implantação hegemónica de determinados preceitos para as opções políticas e,
sobretudo, económicas dos governos.
Porém temos de olhar para esta lista tendo em conta 3 pontos:
1. É, sem qualquer dúvidas, uma lista incompleta
2. A lista tem vários fatores interligados e também interdependentes entre si
3. Não estabelece uma hierarquia clara, levando a debates inconclusivos
4. Os elementos da globalização podem interagir entre si de formas diferentes,
por isso, isto pode levar a diferentes formas de como estas contribuem para as
dinâmicas do processo

PAPEL PARA A SOCIEDADE CIVÍL


Quando falamos de processos históricos de longa duração compreendemos os longos
ciclos da história sem necessidade de explicar cada gesto político. Contudo, na
globalização vemos uma aceleração da história, tornando menos distinta a diferença
entre longa duração e história episódica sendo que se trata de várias decisões políticas
e económicas do momento e as forças históricas que condicionam a sua existência.
O processo de globalização é sentido como uma força da natureza inevitável que rouba
assim aos indivíduos e aos governos o sentido de que têm controle dos seus próprios
destinos. Assim, as principais revoltas sentidas contra a globalização são caracterizados
pela raiva de quem se sente impotente, em vez do empenho de quem procura
construir algo novo.
O espaço para a sociedade civil internacional aumenta à medida que diminuem as
margens de opção dos governos, manifestando-se através de, por exemplo,
solidariedades que acolhem as preocupações de pessoas mais remotas, solidariedades
exclusivistas que estabelecem fortes distinções entre pessoas mais próximas e outras
mais longínquas, seja em termos geográficos, culturais ou sociais.

MECANISMOS DE GOVERNÂNCIA
A globalização provocou interrogações sobre o impacto destes processos a nível de
formas de organizar e governar as sociedades.
O modelo vestefaliano assenta sobre uma distinção absoluta entre o nacional (domínio
da soberania dos Estados por via dos seus órgãos executivos) e os internacionais (não
há soberanias que se sobreponham ao Estado). Assim há que perguntar se é possível
existirem mecanismos de regulação da sociedade transnacionais.
O modelo vestefaliano reconheceu a necessidade deste mecanismo de governância
internacional e institucionalizou as grandes conferências reguladoras internacionais
(onde os representantes diplomáticos das principais potências envolvidas se sentavam
à mesa para estabelecerem regras de novo relacionamento internacional.
Existem tendências importantes que podem ser identificadas nas formas de
governância e têm grande importância:
1. Nível da procura de mecanismos de governância internacional-
desenvolvimento de múltiplas áreas de atividade cuja regulamentação só pode
ser feita internacionalmente
 O sistema vestefaliano não permite a existência de regras que
interfiram no plano nacional de um Estado
2. Nível dos atores envolvidos em processos de governância- há um
aparecimento de múltiplos atores não estatais nos processos de governância,
em especial, empresas transnacionais
 Existência de um conjunto de atores que atuam em uníssono,
tornando-se desta forma relevantes, mesmo que nenhum deles
tenha, individualmente, peso decisivo
3. Nível das margens de escolha dos atores tradicionais, nomeadamente os
Estados- participação em processos de governação internacional não é algo
que os Estados podem ou não aceitar conforme lhes apetece. A participação
destes pode ser de dois tipos:
 Passiva- acompanhamento das regras da convivência internacional à
medida que elas vão aparecendo.
 Ativa- alguns estados têm capacidade de participar na discussão das
normas que moldam a vida internacional
4. Nível da forma como a participação em mecanismos internacionais tem um
impacto sobre a identidade dos participantes- relacionamento entre os
mecanismos de governância e os atores que neles participam
 Exemplo da UE onde os estados membros são obrigados a ajustar
aspetos da sua organização social e formas de governância para
poderem entrar
Assim, há uma exigência de um mecanismo de governância como processo integrador,
ou seja, as mesmas regras aplicam-se a diversos países e tendem a harmonizar
internacionalmente procedimentos que, noutras épocas eram decididos a nível local
ou nacional. Podendo argumentar que estamos a caminhar para um governo global.
O conceito de governância remete para a necessidade de regulamentar os campos de
atividade transnacional, a ausência de mecanismos implicaria a lei do mais forte,
portanto a principal questão é: quem decide o quê e em nome de quem?
Duas grandes dificuldades se põem no caminho dos mecanismos de governância
transnacionais:
1. Ritmo acelerado da história- faz com que seja impossível ajustar as estruturas de
decisão e de participação democrática de modo a acompanharem as novas
necessidades à medida que elas aparecem
2. Dificuldade de introduzir valores estranhos- num período de expansão histórica
de direitos humanos e de democracias multipartidárias as populações são cada vez
mais chamadas a decidir sobre menos
Há, ocasionalmente, manifestações da sociedade civil que sugerem capacidade social
face a desafios da globalização tal como, quando num conflito de interesse entre os
interesses das empresas farmacêuticas transnacionais e acesso à saúde na africa do
Sul, um grupo de ativistas bem organizado derrotou as farmacêuticas.

O FIM DA ERA VESTEFALIANA?


O modelo vestefaliano está hoje demasiado longe da realidade, contudo, nunca
corresponde de forma precisa à realidade que se vivia ma servia para consolidar e
legitimar o poder estatal e deslegitimar outras.
O porquê de cada princípio já não fazer sentido atualmente.
1. Princípio da soberania- Os estados territoriais são os atores fundamentais da
vida internacional e são soberanos internamente (o Estado é a entidade política
suprema) e externamente (os Estados não se submetem à autoridade formal
de qualquer Estado)
 O papel dos Estados é hoje muito menos relevante no que diz
respeito à sua capacidade de regulação da vida interna como na sua
participação nas decisões internacionais. No entanto, continua a ser
uma importante fonte de autoridade
2. Princípio da proibição de interferência nos assuntos internos de outros
Estados
 Esta ideia de tratar cada Estado como se fosse uma ilha ou tivesse
fronteiras estanques é simplesmente irrealista no mundo
contemporâneo.
 É difícil definir com clareza o âmbito dos “assuntos internos” de cada
Estado
3. Princípio da igualdade dos Estados- são iguais nos seus direitos e deveres
perante o DI e a sociedade internacional de uma forma geral
4. Princípio de obrigação de respeitar os seus compromissos- especialmente os
de contornos jurídicos
 Isto mantem-se, mas a perspetiva jurídica oferece-nos uma visão
muito limitada da realidade e a manutenção estática de princípios
num contexto de mudanças radicais no mundo. Ou seja, alguns
destas obrigações acordadas são agora datadas e têm de se adaptar
as mudanças constantes do mundo

O modelo vestefaliano é útil para compreender o mundo tal como ele é e para ajudar
a transformá-lo conforme preferirmos?
Apesar de nos ser difícil sustentar que se possa compreender a distribuição do mundo
contemporâneo com recurso a este modelo vestefaliano, é igualmente difícil imaginar
que os Estados poderão reinventar-se por forma a serem veículos de democracia para
a governância internacional.
O PODER

O QUE É O PODER?
 Características
o Relativo- depende da imagem e perceção dos outros
o Variável- acompanha a mudança num contexto internacional mas
também em relação de outros (um pais tenta sempre ter + poder que
outros)
 Diferentes tentativas de o definir
o Robert Dahl- o poder como a capacidade de levar os outros a fazer o
que de outro modo não fariam
 Supõe que devemos conhecer os limites e escolhas dos ouros e
medir a sua mudança
o Na prática o político vê o poder como posse de determinados recursos
população, capacidade industrial recursos, força militar e a eficácia
diplomática
 Estes recursos vão ter um peso diferente consoante a época
histórica em que estamos (hoje em dia não está tão ligado à
conquista militar, mas mais à ciência, pesquisa, ou crescimento
económico)
 Poder como várias dimensões que interagem entre si e um
conjunto de aspetos que estão interligados
 Poder político ≠ força militar
 Poder político = relação psicológica entre os que exercem o
poder e aqueles sobre o qual este é exercido através de ordens,
ameaças, persuasão, autoridade ou carisma
o Raymond Aron- propõe uma análise do poder em relação a 3 aspetos
 a posição geográfica, as dimensões do Estado, o número e a
densidade da população, a capacidade de organização, o nível
cultural, o tipo de fronteira e a atitude dos países vizinhos
 espaço das unidades políticas- habilidade de intervenção, a
perseverança e a capacidade de adaptação e ainda os materiais
disponíveis e o saber (que permite convertê-los em armas),
assim como o número de homens e a arte de os transformar em
soldados e, ainda, a capacidade de ação coletiva (organização
das forças armadas, disciplina dos combatentes, qualidade do
comando civil e militar)
 fatores económicos- a fertilidade do solo e as riquezas minerais,
a organização industrial, o nível tecnológico, o desenvolvimento
do comércio e das transações, e, finalmente, as forças
financeiras
o Crítica de Haulet Christophe que diz que estes elementos são
demasiado militaristas. Contudo assume que há uma necessidade para
estes no contexto atual (exemplo Iraque)
o Valérie Niquet, Barthélémy Courmont e Bastien Nivet - apontam o poder
como uma questão principal na questão das relações internacionais
para medir, avaliar e comparar a capacidade de ação dos Estados de
forma a estabelecer entre eles uma hierarquização.
 Poder ligado às noções de independência nacional, soberania e
capacidade de estruturar o ambiente internacional
 o poder de um estado- a capacidade de este dispor, dominar ou
fazer convergir em torno dos seus interesses o maior número
possível de atores internacionais ou transnacionais, no sentido
de construir, a longo prazo, o mundo que ele gostaria que
existisse
 mecanismos que expressão concreta do seu poder- as alianças,
as redes, as estratégias de influência ou as organizações
internacionais
o Jean Bárrea- poder como uma relação de poder
 Interesse nacional- meios de poder que garantam a segurança,
prosperidade e salvaguarda da identidade nacional
 Relação de poder- exercer esses meios contra os atores do
sistema internacional cuja política externa coloque em questão o
interesse nacional desse mesmo país
 força (violência) ≠ poder (pressão para persuadirem o outro)
 poder funcional (Adriano Moreira)- poder pequenos estados (no ponto de
vista da projeção do poder internacional) para negociar recursos com outros
o exemplo: Países sem acesso a mar que dependem da boa vontade.
através da diplomacia, dos seus vizinhos para conseguirem concretizar
os seus interesses

HARD POWER VS SOFT POWER VS SMART POWER


Hard power- praticado através de:
o Sanções económicas
o Sanções militares
o Incentivos económicos
Soft power- capacidade de um estado obter o que deseja através do poder da atração
da sua cultura, das suas ideias, políticas domésticas e da sua diplomacia
o Exemplo: USA e o sonho americano
o Não confundir com influencia  persuasão ou capacidade de iniciar as pessoas
por meio de organização
Smart power- mistura entre valores e força (hard e soft)

ESTADOS POTÊNCIA
1. Superpotência- tem de ter supremacia em todas áreas do saber (USA)
o Economia- 1ª economia mundial
o Militar
o Soft power- modelo americano
2. Grande potência- China, Alemanha, Rússia UK
3. Média potência- França
4. Pequena potência- Portugal

Potências médias e potências regionais


 Potências regionais
o Características
 Grande população
 Alto PIB
 Forças armadas convencionais sofisticadas
 Em alguns casos possuem armas nucleares
o Importância
 Dinâmica interna- papel estabilizador e de liderança na sua
região
 Dinâmica externa- deve ser reconhecido pelo pelos seus vizinhos
como líder responsável pela sua região
 São potências médias a nível global por auxiliarem as
superpotências
o Exemplos
 India, Brasil
 Potências médias
o Características
 Estão a perder a influência
 Caracterizam-se pela função que desempenham na política
internacional (auxiliarem as potências regionais)
o Exemplos:
 Holanda Canadá

Potência emergente
 Origem
o Mercados bolsistas nos anos 80
o Três divisões entre as grandes potências, países em vias de
desenvolvimento e os países subdesenvolvidos
 Sabine Sciortino
o Potência emergente como uma potência média que no plano regional
desempenha o papel de superpotência, caminhando para potência
global.
o Aquisição ascendente de poder que tem de ser reconhecida pelos
outros atores internacionais
 Paul Kennedy
o Potências emergentes contestam a organização hierárquica do sistema
internacional e o lugar das potências dominantes
o Hegemonia como fase histórica transitória sendo que o declínio da
potencia emergente é algo inevitável
 Pode não chegar a ser potência global por problemas internos ou externos
tendo de ser reconhecida pelos outros atores internacionais
UM SISTEMA INCERTO
Mudança de poder
 Antes
o impunha-se pela simples força das armas, exigindo e obtendo o respeito
do inimigo
o elemento de equilíbrio- regulava as alianças e organizava as proteções
 Atualmente- atores são mais do que os Estados
o reivindicam mais o seu lugar na política mundial em vez de apenas
aceitarem o seu lugar
o sentem insatisfação quanto à hegemonia dos EUA
o levanta-se a pergunta de quem irá substituir os EUA no seu lugar de
superpotência
 James Roseneau- o mundo está em mutação
o Poder dominante (fronteiras e autoridade) estão a ser contestados
 Caráter de imprevisibilidade- em relação ao poder
 Governação mundial vacila
 Sistemas sociais deterioram-se
 Conflitos entre grupos aumentam
 Ordem internacional é posta em causa
 Governação pode ocorrer na ausência de governo
o Fenómenos que causam turbulência na antiga ordem internacional
 Terrorismo
 Poluição do meio ambiente
 Globalização das economias
 Tráficos de droga
 Diminuição das distâncias graças às novas tecnologias
o Governos não tem de se tornar completamente inativos, mas as suas
competências podem ser atribuídas a outros atores
 Joseph Nye- poder se encontra disseminado por causa de 5 fatores
Interdependência económica
 Atores transnacionais
 Nacionalismo presente nos Estados fracos
 Transferências de tecnologia
 Novos problemas políticos
o Atores são individuais e múltiplos ao mesmo tempo, anónimos e
invisíveis o que torna ainda mais difícil conter os seus movimentos e
exige uma negociação e um consenso, muito difíceis e lentos
 Richard Hass- mundo apolar
o Apolaridade resultará de uma série de ameaças causadas poer
terroristas
o Isto é inevitável, mas os seus efeitos negativos podem ser evitados
pelos atores internacionais de modo a perturbar a ordem global o
menos possível
 Problema de que uma governação sem governo possa levar à anarquia- a
ausência autoridade central capaz de impor força se necessário
 Fim da guerra fria levou à insurgência dos EUA como única superpotência, não
estamos preparados para que atualmente haja mais que uma como se vê que
estão a surgir.

UM MUNDO “UNI-MULTIPOLAR” (Samuel Hunting)


 Sistema internacional unipolar
o Existência de uma única superpotência e algumas grandes potências e
bastantes de menor peso
o Esta única superpotência é os EUA
o Não quer dizer que o sistema atual seja unipolar porque
 Sistema atual é constituído por potencias que não podem ser
consideradas menores
 Superpotência deveria poder resolver sozinha os grandes
problemas internacionais e não podem permitir-se tudo sem o
apoio de outros países. Mas, os EUA devem cooperar
principalmente em situações mais complexas
 Não podemos aceitar a governação de um único centro político
apenas pela sua capacidade militar
 Sistema multipolar
o Sistema de diversas grandes potências de forças comparáveis que
cooperam e rivalizam entre si, onde é necessário existir uma coligação
de estados importantes para solucionar os grandes problemas
internacionais
o Não é correspondente ao atual
 Sistema uni-multipolar
o Conceito hibrido que funde as características dos dois sistemas
o Supõe a existência de uma superpotência e várias grandes potências
que cooperam nas grandes questões internacionais
 Pierre Hassner
o Sistema unipolar do ponto de vista militar
o Multipolar do ponto de vista económico e cultural
o Estes podem coexistir por os atores serem extremamente complexos e
imprevisíveis

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