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O MODELO VESTEFALIANAO
A implementação deste modelo tem a si ligadas 3 questões:
o O desenvolvimento e a consolidação dos Estados Modernos
o A laicização do poder e a emancipação em relação ao papado - desenvolve-se
uma ordem internacional baseada em entidades territoriais distintas e
autónomas, causando um desaparecimento de uma ordem onde a autoridade
política do clero e da nobreza fosse perdendo a eficácia
o Impõe-se a doutrina independência dos poderes políticos em relação à
igreja católica
o Independência em relação à igreja e também em relação aos outros
estados por já não haver uma entidade superior que os liga (igreja
cristã)
o No entanto este processo não foi fácil, nem pacífico.
o O aparecimento de novas formas de relacionamento económico no
enquadramento territorial fornecido pelos novos Estado
Estado na atualidade
o Definição- estado como conjunto de instituições jurídicas, militares e
administrativas mais ou menos coordenadas por um órgão executivo,
reconhecendo que o Estado é historicamente constituído e as características de
um Estado podem ser diferentes de outro. Melhor forma de o fazer na
atualidade, apesar de poder ser substituído.
o Características:
Estado como ator jurídico- qualidade de sujeito de Direito Internacional
que é reconhecido pelos seus pares e tem certos direitos e certas
obrigações
Estado enquanto instrumento de controle efetivo-as instituições do
Estado têm controle efetivo sobre a distribuição de poder e as
responsabilidades a nível interno e responsabiliza o Estado por decisões
tomadas em seu nome em matéria de participação internacional
Estado enquanto participante em redes normativas- os estados
participam na definição dos componentes destas através da
participação na vida internacional. Isto acontece através da aceitação
ou desafio de um Estado às normas estabelecidas, contribuindo para a
consolidação ou enfraquecimento dessas redes. Estas vão alterar-se ao
longo dos tempos devido às alterações dos comportamentos dos
Estados
GOVERNÂNCIA E GLOBALIZAÇÃO
CARACTERÍSTICAS DA GLOBALIZAÇÃO
É importante saber identificar os fatores mais importantes que nos levam a admitir
que vivemos num período de globalização
1. Descobertas e aplicações tecnológicas
2. Criação de mercados mundiais em vários produtos
3. Aumento da consciência da interligação internacional a nível pessoas, povos,
empresas, associações e governos
4. Desenvolvimento de novas formas identitárias
5. Implantação hegemónica de determinados preceitos para as opções políticas e,
sobretudo, económicas dos governos.
Porém temos de olhar para esta lista tendo em conta 3 pontos:
1. É, sem qualquer dúvidas, uma lista incompleta
2. A lista tem vários fatores interligados e também interdependentes entre si
3. Não estabelece uma hierarquia clara, levando a debates inconclusivos
4. Os elementos da globalização podem interagir entre si de formas diferentes,
por isso, isto pode levar a diferentes formas de como estas contribuem para as
dinâmicas do processo
MECANISMOS DE GOVERNÂNCIA
A globalização provocou interrogações sobre o impacto destes processos a nível de
formas de organizar e governar as sociedades.
O modelo vestefaliano assenta sobre uma distinção absoluta entre o nacional (domínio
da soberania dos Estados por via dos seus órgãos executivos) e os internacionais (não
há soberanias que se sobreponham ao Estado). Assim há que perguntar se é possível
existirem mecanismos de regulação da sociedade transnacionais.
O modelo vestefaliano reconheceu a necessidade deste mecanismo de governância
internacional e institucionalizou as grandes conferências reguladoras internacionais
(onde os representantes diplomáticos das principais potências envolvidas se sentavam
à mesa para estabelecerem regras de novo relacionamento internacional.
Existem tendências importantes que podem ser identificadas nas formas de
governância e têm grande importância:
1. Nível da procura de mecanismos de governância internacional-
desenvolvimento de múltiplas áreas de atividade cuja regulamentação só pode
ser feita internacionalmente
O sistema vestefaliano não permite a existência de regras que
interfiram no plano nacional de um Estado
2. Nível dos atores envolvidos em processos de governância- há um
aparecimento de múltiplos atores não estatais nos processos de governância,
em especial, empresas transnacionais
Existência de um conjunto de atores que atuam em uníssono,
tornando-se desta forma relevantes, mesmo que nenhum deles
tenha, individualmente, peso decisivo
3. Nível das margens de escolha dos atores tradicionais, nomeadamente os
Estados- participação em processos de governação internacional não é algo
que os Estados podem ou não aceitar conforme lhes apetece. A participação
destes pode ser de dois tipos:
Passiva- acompanhamento das regras da convivência internacional à
medida que elas vão aparecendo.
Ativa- alguns estados têm capacidade de participar na discussão das
normas que moldam a vida internacional
4. Nível da forma como a participação em mecanismos internacionais tem um
impacto sobre a identidade dos participantes- relacionamento entre os
mecanismos de governância e os atores que neles participam
Exemplo da UE onde os estados membros são obrigados a ajustar
aspetos da sua organização social e formas de governância para
poderem entrar
Assim, há uma exigência de um mecanismo de governância como processo integrador,
ou seja, as mesmas regras aplicam-se a diversos países e tendem a harmonizar
internacionalmente procedimentos que, noutras épocas eram decididos a nível local
ou nacional. Podendo argumentar que estamos a caminhar para um governo global.
O conceito de governância remete para a necessidade de regulamentar os campos de
atividade transnacional, a ausência de mecanismos implicaria a lei do mais forte,
portanto a principal questão é: quem decide o quê e em nome de quem?
Duas grandes dificuldades se põem no caminho dos mecanismos de governância
transnacionais:
1. Ritmo acelerado da história- faz com que seja impossível ajustar as estruturas de
decisão e de participação democrática de modo a acompanharem as novas
necessidades à medida que elas aparecem
2. Dificuldade de introduzir valores estranhos- num período de expansão histórica
de direitos humanos e de democracias multipartidárias as populações são cada vez
mais chamadas a decidir sobre menos
Há, ocasionalmente, manifestações da sociedade civil que sugerem capacidade social
face a desafios da globalização tal como, quando num conflito de interesse entre os
interesses das empresas farmacêuticas transnacionais e acesso à saúde na africa do
Sul, um grupo de ativistas bem organizado derrotou as farmacêuticas.
O modelo vestefaliano é útil para compreender o mundo tal como ele é e para ajudar
a transformá-lo conforme preferirmos?
Apesar de nos ser difícil sustentar que se possa compreender a distribuição do mundo
contemporâneo com recurso a este modelo vestefaliano, é igualmente difícil imaginar
que os Estados poderão reinventar-se por forma a serem veículos de democracia para
a governância internacional.
O PODER
O QUE É O PODER?
Características
o Relativo- depende da imagem e perceção dos outros
o Variável- acompanha a mudança num contexto internacional mas
também em relação de outros (um pais tenta sempre ter + poder que
outros)
Diferentes tentativas de o definir
o Robert Dahl- o poder como a capacidade de levar os outros a fazer o
que de outro modo não fariam
Supõe que devemos conhecer os limites e escolhas dos ouros e
medir a sua mudança
o Na prática o político vê o poder como posse de determinados recursos
população, capacidade industrial recursos, força militar e a eficácia
diplomática
Estes recursos vão ter um peso diferente consoante a época
histórica em que estamos (hoje em dia não está tão ligado à
conquista militar, mas mais à ciência, pesquisa, ou crescimento
económico)
Poder como várias dimensões que interagem entre si e um
conjunto de aspetos que estão interligados
Poder político ≠ força militar
Poder político = relação psicológica entre os que exercem o
poder e aqueles sobre o qual este é exercido através de ordens,
ameaças, persuasão, autoridade ou carisma
o Raymond Aron- propõe uma análise do poder em relação a 3 aspetos
a posição geográfica, as dimensões do Estado, o número e a
densidade da população, a capacidade de organização, o nível
cultural, o tipo de fronteira e a atitude dos países vizinhos
espaço das unidades políticas- habilidade de intervenção, a
perseverança e a capacidade de adaptação e ainda os materiais
disponíveis e o saber (que permite convertê-los em armas),
assim como o número de homens e a arte de os transformar em
soldados e, ainda, a capacidade de ação coletiva (organização
das forças armadas, disciplina dos combatentes, qualidade do
comando civil e militar)
fatores económicos- a fertilidade do solo e as riquezas minerais,
a organização industrial, o nível tecnológico, o desenvolvimento
do comércio e das transações, e, finalmente, as forças
financeiras
o Crítica de Haulet Christophe que diz que estes elementos são
demasiado militaristas. Contudo assume que há uma necessidade para
estes no contexto atual (exemplo Iraque)
o Valérie Niquet, Barthélémy Courmont e Bastien Nivet - apontam o poder
como uma questão principal na questão das relações internacionais
para medir, avaliar e comparar a capacidade de ação dos Estados de
forma a estabelecer entre eles uma hierarquização.
Poder ligado às noções de independência nacional, soberania e
capacidade de estruturar o ambiente internacional
o poder de um estado- a capacidade de este dispor, dominar ou
fazer convergir em torno dos seus interesses o maior número
possível de atores internacionais ou transnacionais, no sentido
de construir, a longo prazo, o mundo que ele gostaria que
existisse
mecanismos que expressão concreta do seu poder- as alianças,
as redes, as estratégias de influência ou as organizações
internacionais
o Jean Bárrea- poder como uma relação de poder
Interesse nacional- meios de poder que garantam a segurança,
prosperidade e salvaguarda da identidade nacional
Relação de poder- exercer esses meios contra os atores do
sistema internacional cuja política externa coloque em questão o
interesse nacional desse mesmo país
força (violência) ≠ poder (pressão para persuadirem o outro)
poder funcional (Adriano Moreira)- poder pequenos estados (no ponto de
vista da projeção do poder internacional) para negociar recursos com outros
o exemplo: Países sem acesso a mar que dependem da boa vontade.
através da diplomacia, dos seus vizinhos para conseguirem concretizar
os seus interesses
ESTADOS POTÊNCIA
1. Superpotência- tem de ter supremacia em todas áreas do saber (USA)
o Economia- 1ª economia mundial
o Militar
o Soft power- modelo americano
2. Grande potência- China, Alemanha, Rússia UK
3. Média potência- França
4. Pequena potência- Portugal
Potência emergente
Origem
o Mercados bolsistas nos anos 80
o Três divisões entre as grandes potências, países em vias de
desenvolvimento e os países subdesenvolvidos
Sabine Sciortino
o Potência emergente como uma potência média que no plano regional
desempenha o papel de superpotência, caminhando para potência
global.
o Aquisição ascendente de poder que tem de ser reconhecida pelos
outros atores internacionais
Paul Kennedy
o Potências emergentes contestam a organização hierárquica do sistema
internacional e o lugar das potências dominantes
o Hegemonia como fase histórica transitória sendo que o declínio da
potencia emergente é algo inevitável
Pode não chegar a ser potência global por problemas internos ou externos
tendo de ser reconhecida pelos outros atores internacionais
UM SISTEMA INCERTO
Mudança de poder
Antes
o impunha-se pela simples força das armas, exigindo e obtendo o respeito
do inimigo
o elemento de equilíbrio- regulava as alianças e organizava as proteções
Atualmente- atores são mais do que os Estados
o reivindicam mais o seu lugar na política mundial em vez de apenas
aceitarem o seu lugar
o sentem insatisfação quanto à hegemonia dos EUA
o levanta-se a pergunta de quem irá substituir os EUA no seu lugar de
superpotência
James Roseneau- o mundo está em mutação
o Poder dominante (fronteiras e autoridade) estão a ser contestados
Caráter de imprevisibilidade- em relação ao poder
Governação mundial vacila
Sistemas sociais deterioram-se
Conflitos entre grupos aumentam
Ordem internacional é posta em causa
Governação pode ocorrer na ausência de governo
o Fenómenos que causam turbulência na antiga ordem internacional
Terrorismo
Poluição do meio ambiente
Globalização das economias
Tráficos de droga
Diminuição das distâncias graças às novas tecnologias
o Governos não tem de se tornar completamente inativos, mas as suas
competências podem ser atribuídas a outros atores
Joseph Nye- poder se encontra disseminado por causa de 5 fatores
Interdependência económica
Atores transnacionais
Nacionalismo presente nos Estados fracos
Transferências de tecnologia
Novos problemas políticos
o Atores são individuais e múltiplos ao mesmo tempo, anónimos e
invisíveis o que torna ainda mais difícil conter os seus movimentos e
exige uma negociação e um consenso, muito difíceis e lentos
Richard Hass- mundo apolar
o Apolaridade resultará de uma série de ameaças causadas poer
terroristas
o Isto é inevitável, mas os seus efeitos negativos podem ser evitados
pelos atores internacionais de modo a perturbar a ordem global o
menos possível
Problema de que uma governação sem governo possa levar à anarquia- a
ausência autoridade central capaz de impor força se necessário
Fim da guerra fria levou à insurgência dos EUA como única superpotência, não
estamos preparados para que atualmente haja mais que uma como se vê que
estão a surgir.