Você está na página 1de 32

Dos fascismos à Segunda Guerra Mundial

História das Relações Internacionais II


Daniel De Lucca - UNILAB
Impactos da Primeira Guerra Mundial

Mundo dividido entre:


países satisfeitos/vencedores
(EUA, UK, França e Japão) e
descontentes/endividados (Alemanha,
Áustria, Hungria, Bulgária, Turquia e Itália).

Catorze pontos de Woodrow Wilson

O documento afirmava ser mais importante selar a


paz e evitar outra guerra do que apontar as punições
destinadas aos perdedores e as compensações dos
vencedores. Em outros termos, o presidente norte-
americano abraçava uma espécie de “paz sem
vencedores”.

Foi fundamental para a criação da Liga das Nações. A


Europa recebeu bem os Catorze Pontos, mas países
como França, UK e Itália permaneciam cépticos
quanto à aplicabilidade de seu idealismo.
Catorze pontos de Woodrow Wilson

Constitui uma carta levada para as negociações de


paz após a Grande Guerra, apresentada pelo
Presidente dos EUA Woodrow Wilson,
a 8 de janeiro de 1918:

Nações não deveriam mais firmar acordos


diplomáticos que não fossem reconhecidos
publicamente;

A livre navegação e o comércio deliberado entre as


nações reforçariam a cooperação internacional;

os aparatos militares deveriam se restringir somente


àquilo que fosse necessário para a manutenção da
segurança nacional;

Povos tinha “direito à autodeterminação” e que, mesmo colonizados, deveriam ter acesso a
algum meio representativo.

Formação de uma “associação geral” (internacional) que tivesse a missão de resguardar a


autonomia política e territorial das grandes e pequenas nações - Liga das Nações (cuja
participação dos EUA foi vetada pelo congresso).
Tratado de Versalhes s e Liga das Nações

Primeira tentativa de regulamentação global,


promovendo o desarmamento, a paz e a
segurança mútua.

A neutralidade da Liga das Nações era manifesta como indecisão e lentidão (a política de
apaziguamento das potências ocidentais), não como mediação de interesses pelo direito.

Ficam de fora 4 potências: EUA, URSS, também Alemanha e Japão.


EUA

Emerge como primeira potência econômica


global, devido aos empréstimos e importações
ocorrida durante a 1GM. O papel diplomático
dos banqueiros é fortalecido. Lidera as
Conferências Pan-Americanas consolidando
sua hegemonia continental.

A produção industrial americana continua a


crescer aceleradamente na década de 1920,
mesmo com a demanda por consumo,
nacional e internacional, em queda.

Quebra da bolsa de valores em 1929 estabelece


uma crise econômica mundial sem precedentes,
causando aumento da cobrança de dívidas,
do desemprego, da inflação e de uma descrença
no liberalismo e nos regimes democráticos.
Há uma prática generalizada de adotar soluções
nacionais para problemas internacionais.
URSS

Estabelece o modelo revolucionário de um partido único (todos os outros movimentos revolucionários adotariam
esta estratégia de um “partido de vanguarda”) Guerra de guerrilha torna-se um padrão nos movimentos políticos
inspirado nos soviéticos. A essência destes movimentos socialistas é rural e asiática (diferente do Marx previra).
URSS apoiou guerrilhas em outros países (China e Brasil)

A luta para manter sua integridade territorial e tem dificuldades derivadas da guerra civil (1918-1921). Inicia com
um “comunismo de guerra” e depois busca adaptar sua economia à industrialização.

Stalin assume o poder:


planos quinquenais (economia planificada),
coletivizarão das terras,
aumento da burocracia,
do autoritarismo (gulags)
e do terror.

Passa de um modelo
exemplar (sistema social
alternativo) para o realismo
da “coexistência pacífica”
capitaneado por Stalin.

Os “interesses nacionais”
da Rússia de Stalin
passam a falar mais alto
que a prometida
“Revolução mundial”.
UK: ampliou suas possessões coloniais em África e Papua, fortaleceu-se no Oriente Médio. Quer conter a
Alemanha, mas vê no “bolchevismo” um perigo maior. Substitui o termo Empire por Commonwealth.

França: sai orgulhosa, precisa de dinheiro e quer evitar a desforra alemã. Apoia-se nas novas nações criadas
na Europa Oriental: cordão sanitário/cinturão de povos mistos. Gradativo declínio frente a ascensão alemã.

Alemanha: queria quebrar Versalhes, abandonar as dívidas, retirar a etiqueta de “culpado”. Em 1922
estabelece relações diplomáticas com a Rússia, choque internacional. Entra na Liga das Nações em 1926 e
Hitler sai em 1933, não pagava, desprezada tratados e acordos.
Importância da Segunda Guerra Mundial

Foi uma guerra mais mundializada


e mais violenta que a Primeira

Impacto humano:
Estimativa entre 50 milhões
e 65 milhões de mortos no conflito.

A URSS foi o país que mais sofreu,


com 16 milhões de mortos.

Impacto material:
não possui um foco de destruição, é mais ampla e difusa,
envolveu populações civis, diversas cidades, indústrias e agriculturas destruídas.

Mudou o mundo e instalou uma nova hegemonia global.

EUA sai como superpotência, deslocando o poder internacional europeu.


Após 45 a unipolaridade nos anos 40 vira bipolaridade da Guerra Fria nos anos 1950.
Origens da Segunda Guerra

Como a guerra começou?

Multicausalidade ou culpa?

Entre-guerras é marcado pela crise do liberalismo


econômico e pela incapacidade de regular conflitos
internacionais.
A emergência dos regimes autoritários e fascistas na
Após a 1GM a mobilização da opinião pública Europa, e a agressiva política externa destes regimes,
encontra-se diretamente relacionada às políticas de é tida como um das principais razões que
Estado e às relações exteriores, por meio dos meios desencadearam a Segunda Grande Guerra.
de comunicação de massa, periódico, rádio e cinema.
O controle da opinião pública é um tema importante Como caracterizar os regimes autoritários em
para estabelecer o consenso nacional. ascensão?

Na Europa Ocidental o pacifismo é tema chave, Como e pq estes regimes autoritários não foram
enquanto na Europa Central e Oriental o diplomacia contidos (política externa)?
nacionalista tende ao espetáculo, movendo-se rumos
às “necessidades vitais dos povos”.
Como o princípio de segurança coletiva,
estabelecido pelas potências de Versalhes e pela
Sociedade das Nações, foi sendo minado no
decorrer do entre guerras?
Caracterização do Fascismo

O ultranacionalismo é fator central para


a caracterização dos facismos.

Trata-se de um regime com uma visão


pré-definida e missionária da nação que se
quer atingir. Busca-se a regeneração
nacional. Por isso, há muitas variações
entre os movimentos e regimes fascistas.
Caracterização do Fascismo

A nação é pensada em termos orgânicos, como um


organismo dividido em distintas funções que
funcionam em prol do todo vivo. Assim, não há
divisão de classes, identidades lingúisticas, identidades
de gênero e geração. A identidade nacional é
fundamental e engloba as outras.

É anticomunista, pois contrário ao internacionalismo


de classe e seu antagonismo. Trabalhadores devem
seguir o interesse nacional.

É anti-individualista, não há direitos individuais,


apenas do povo (raça) que conforma a nação e é
representada por um partido único.

É antiliberal, criticam a desregulamentação do


liberalismo e buscam controlar a atividade das
empresas em função da nação e não do capital.

É antidemocrático, contrário ao multipartidarismo e o


pluralismo político.
Hanna Arendt (1906-1975) em O conceito de totalitarismo permitiu
seu livro utilizou o conceito de aproximar analiticamente regimes políticos
totalitarismo como forma de que eram entendidos como completamente
abordar problemas resultantes de antagônicos: o fascismo europeu e o
regimes fundados na dominação comunismo soviético.
total da vida social e que faziam
1. Líder totalitário que mobiliza e une as
do terror uma forma central do
massas desenraizadas
relacionamento do Estado com os
cidadãos. 2. Gradativa destruição da esfera pública, do
pluralismo e da sociedade civil (controle dos
sindicatos e associações)

3. Colapso do sistema parlamentar e


multipartidário

4. A proliferação de apátridas e párias é a


outra face da formação dos “campos” e do
“fim dos direitos dos Homens”

5. A emergência de figuras e espaços de


exceção permitiu o extermínio e a eliminação
de populações inteiras em nome da defesa da
raça e da classe.
Sucessão de crises internacionais

1.Ocupação japonesa da Manchúria em


1931

2.Invasão italiana da Etiópia em 1935 e,


em 1939, da Albânia.

3.Remilitarização da Renânia em 1936

4. Guerra Civil Espanhola (1936-1939)

5.Ocupação alemã da Áustria, dos


Sudetos e desmembramento da
Tchecoslováquia em 1938.

6. Invasão alemã da Polônia e declaração


de guerra!
1. Ocupação japonesa da Manchúria
China recorre à liga das nações (1931)

Rompimento da segurança coletiva

Japão é reprovado e sai da Liga


Representação da ocupação japonesa na Coreia (1905-
1945)
Pintura do primeiro ataque japonês às tropas chinesas na Manchúria
(1931)
2. Invasão italiana da Etiópia (1935)
Projeto imperial fascista de Mussolini
2. Invasão italiana da Etiópia (1935)
3. Remilitariação da Renânia (1936)
4. Guerra Civil Espanhola (1936-1939)

Nacionalistas X Republicanos
(fascistas e monarquistas) (comunistas, anarquistas e democratas)
4. Guerra Civil Espanhola - envolvimento internacional

Inglaterra e França assumem neutralidade e impõem embargo de armas que não é respeitado

Com nacionalistas: Alemanha, Itália, Portugal, Irlanda e Vaticano

Com republicanos: Rússia, movimentos de esquerda e intelectuais

400 mil espanhóis mortos


Gernikara (1937)
Pablo Picasso, Guerra (acima) e Paz (abaixo), 1952.
5. Ocupações Alemãs da Áustria (Anschluss) e
dos Sudetos (Tchecoslováquia) 1938
Conflitos na Europa Central
“Espaço vital” do pangermanismo e pan-eslavismo
Segunda Guerra Mundial na Europa
Segunda Guerra Mundial na Europa
Evolução da Segunda Guerra Mundial no Pacífico
Brasil e América Latina na Segunda Guerra Mundial
África na Segunda Guerra Mundial

Você também pode gostar