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UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA (UEPB)

CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SOCIAIS APLICADAS (CCBSA)


DEPARTAMENTO DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS
DISCIPLINA: HISTÓRIA DAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS II
PROFESSOR: MÁRCIO APRIGIO
ALUNA: EDVANIA SANTOS ALVES

CERVO, Amado Luiz. A instabilidade internacional (1919-1939). in José Flávio


Sombra Saraiva (org.), História das Relações Internacionais Contemporâneas, 2º
ed., São Paulo: Saraiva, 2007, 131-167.

Depois da Primeira Guerra Mundial, o Sistema saiu da restrição europeia e


passou a ter um cunho expansivo e Internacional, esse cenário ganhou uma nova
dinâmica concentrada em indagações sobre a paz, se ela era relativa, se ficava
apenas em discurso, era uma ilusão de óptica e utópica? E entre outras. É importante
analisar todas as referências ligadas aos termos de paz que eram objetos de
interesses depois da Primeira Guerra, para entender o período entre guerras e as
instabilidades do Sistema Europeu.

Além disso, um questionamento importante era como os países iriam se situar


nesse período entre guerras. Assim, de início foi instalada a Conferência de Paris em
1919 com o propósito de estabelecer termos de paz, e através também de comissões
resolver questões de reestruturação econômica, política, militar, social, organizar as
fronteiras, com observação nos efeitos do movimento imperialista, articular interesses,
principalmente os conflitantes para a tomada de decisões e reivindicar sanções dos
países derrotados, especialmente, da Alemanha, Império Turco- Otomano e Império
Austro-húngaro.

Nessa conjuntura da Conferência, aparecem a figura de alguns importantes


líderes estadistas, o David Lloyd George, Primeiro-Ministro do Reino Unido, George
Clemenceau, estadista francês e autor da famosa frase “É bem mais fácil fazer a
guerra do que a paz”, Vittorio Orlando, Primeiro-Ministro da Itália e Woodrow Wilson,
representante dos Estados Unidos. Alguns acordos prévios estavam em pautas para
serem feitos, disso surge os 14 pontos de Wilson que pautaram as discussões para
além da conferência e estavam no imaginário das opiniões públicas das grandes
potências. O preambulo os Estados Unidos é que o país entrou na guerra e,
posteriormente, nas agendas internacionais de discussão para manter o Sistema
Internacional pacifico, segundo ele, não tinha um interesse especifico. Além disso, os
termos do armistício de rendição alemã com o princípio de paz e segurança coletiva
seguiria em linhas gerais os aspectos dos 14 pontos.

Muitos questionamentos foram feitos a respeito do exagero dos desejos das


grandes potências, como a Inglaterra e a França, um exemplo disso foi Keynes, uma
figura importante nos estudos econômicos e autor da obra “As consequências
econômicas da paz” que propõe a revisão das reparações de guerra da Alemanha e
apresenta proposições de dualidade, primeiro a França revanchista atuando com
aspectos da velha diplomacia com o intuito de impor uma paz primitiva devido as
reivindicações, sem poucos graus de negociação e que, posteriormente, acarretaria
em novos conflitos, fatos responsáveis pelas instabilidades; e por outro lado, se
encontrava o idealismo norte americano com um discurso baseado na segurança
coletiva.

A Liga das Nações que tinha um intuito de manutenção da paz, associar e


integrar os interesses conjuntos para a resolução das instabilidades, fracassou, pois
era repleta de contradições e não tinha um poder supremo sob as questões
particulares dos países.

Aliados e associados foram acionados para participar da liga das nações e


apresentarem juntos uma proposta aos beligerantes, era uma espécie de pré-
Conferência para se reunirem e discutir diretos trabalhistas, questões de navegação,
minorias étnicas, questões militares e entre outros fatores que foram pautas na
Conferência. A verdade é que era um momento histórico muito delicado, o legado da
Revolução Russa era presente nas revoltas sociais, havia um problema de
abastecimento, doenças e o cenário era dificultoso para construir uma nova
Conferência, é tão certo que durante a própria Conferência de Paris eclodiu uma
Revolução comunista na Hungria e se tornou ainda mais perceptível que a
instabilidade social era crescente e gerava mudanças na sociedade.

Ademais, a emergência de novas potências no sistema internacional foi notória,


dentre elas a preeminência regional japonesa com o seu o expansionismo,
nacionalismo e imperialismo, fato que entrou em choque com interesses de alguns
países colonialistas na Ásia, Europa e entre outros, e com os americanos que queriam
colocar empecilhos para frear essa movimentação japonesa que vivia uma explosão
demográfica. Os Estados Unidos que já vinha numa projeção de ascensão, também
cresceu e desejava fazer da américa uma fortaleza econômica, mesmo ele com
características de um isolacionismo.

É preciso também verificar a crise de 1929 para compreender nuances do


Sistema internacional e perceber que não foi apenas uma situação de caráter
econômico, mas que decorreu também das fragilidades políticas, ou seja, os efeitos
foram em diversos segmentos que estimularam as tendências de instabilidades e
rivalidades políticas e econômicas na Ásia e Europa. O interessante a se pensar é
como a interação de problemas econômicos e as instabilidades políticas e as
fragilidades do sistema internacional contribuíram para o contexto da crise. A
Produção industrial dos Estados Unidos estava crescendo bastante antes mesmo da
primeira guerra mundial e com a guerra a produção aumentou em larga escala, pois
a indústria americana começou a suprir as necessidades europeias, o que ocasionou
um impulso de produção, entretanto em 1918 o consumo começa a se retrair e o
resultado é uma superprodução com prejuízos, visto que não se tinha mais tantos
destinatários.

Por fim, a convergência para um segundo conflito mundial caracterizava-se


pela presença de movimentos fascistas, pela ascensão de ditaduras em detrimento
às democracias, além da ligação entre a Itália de Mussolini e a Alemanha de Hitler
que se tornou mais estreita, essa ligação, inicialmente, não era militar, era mais um
acordo anticomunismo, ademais, a Itália se une em 1937 ao pacto Anti-Komintern,
pacto realizado, primeiramente, entre Alemanha e o Japão, para coordenar também
políticas contra a Internacional Comunista, e posteriormente, a Alemanha e a Itália
firmam uma Aliança militar defensiva e ofensiva em maio de 1939. O Enfraquecimento
da ligação entre a França e URSS, que tinham realizado um acordo militar defensivo
em 1935 o qual não foi tanto exposto, cria um campo propício para entender o conflito.
A estrutura de contenção que era imposta à Alemanha se tornou mínima ou quase
inexistente.

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