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Exame 16/01 sala ⅘ - Relações Internacionais

PROPOSTA DE RI NO HEMISFÉRIO SUL


→ mais do que uma teoria das ri no sentido em que não se presta em analisar ri mas avalia também as
questões sócio-político-económicas (Economia do Desenvolvimento) e a inserção internacional do
subcontinente (RI).
→ menos do que uma teoria convencional de RI porque é menos abstrata do que qualquer TRI que
tenhamos estudado (middle range theories). Observação empírica de um determinado fenómeno é que
permite fazer a generalização, e só depois se inicia a categorização.
→ A observação da história da América Latina desde o final do séc XIX até ao presente (processos de
independência), nota-se existência de período ou ciclos históricos pelo que é possível aos académicos
tanto da história tanto das RI dividir esta linha cronológica em ciclos históricos (modelos)

- Proposta de RI da América do Sul tem início, segundo vários académicos, no final do séc XIX.

Porquê? Porque é nesta altura que se concluem os processos independentistas das antigas colónias
portuguesas e espanholas da América do Sul e dá-se a formação de novos Estados independentistas. Uns
formam-se na República e outros no Império (Brasil).

Esta fase vai durar desde o século XIX até 1930 e é designada: fase liberal conservadora ou modelo
liberal conservador.

Para os novos Estados terem o reconhecimento dos Estados Europeus para conseguirem ser Estados no
sistema internacional, alinharam-se aos EUA em termos de política externa para trabalharem em
conjunto. O Brasil perdeu a sua hegemonia sobre a América do Sul por causa desta aliança com os EUA,
que lhe garantia o reconhecimento /apoio da sua independência da Europa. Esta aliança do Brasil com os
EUA foi uma aliança não-escrita.

Na aliança não-escrita estava definido que:


-A América do Norte ficava com toda a hegemonia da América Latina;
-O Brasil se subjugava aos EUA, a nível económico;
-O Brasil perdia a hegemonia que tinha sobre a América Latina e ficava com um sub-hegemonia.

Ou seja, a hegemonia total sobre toda a América Latina pertencia à América do Norte, e dentro dessa
hegemonia estava uma sub-hegemonia que pertencia ao Brasil desde que ficasse em subserviência
(obediência) e não entrasse em conflito com o facto da América do Norte ter toda a hegemonia sobre a
América Latina.

Por outro lado, este período que vai do final do século XIX até 1930, as novas repúblicas adotaram uma
nova forma de comércio igual à da metrópole com as colónias, uma economia liberal.
Economia liberal – comércio que visava o lucro da própria república sem a preocupação da vantagem
relativa do outro. (Modelo liberal conservador - vigorou até ao crash da bolsa em 1929, pois os Estados
tiveram de se adaptar à nova situação económica/financeira da realidade do sistema internacional.

Até que a partir de 1942, os Estados começam a saber gerir as suas relações externas através da chamada
Diplomacia da Barganha, que teve o seu auge em plena 2º GM.

-Os Estados da América, sobretudo da América do Sul, o México e o Brasil jogam, com sucesso,
com um lado e com o outro do conflito militar. Negociam, cedem e exigem dos dois lados do conflito,
obtendo vantagens económicas dos dois lados.

-O objetivo da diplomacia de Barganha é obter vantagens económicas.

-Acaba em 1943, pois Getúlio Vargas encontra-se com o Presidente Roosevelt no Brasil, porque os
norte-americanos receavam que a vitória dos nazi em África chegasse ao nordeste brasileiro e tal situação
poderia levar os nazis aos EUA. Para evitar tal acontecimento, Roosevelt deu a Vargas tudo o que este
precisava para construir a Volta Redonda.

-Quando Vargas recebe o financiamento coloca-se no lado dos Aliados do conflito militar, por isso
terminou a Diplomacia de Barganha (só poderia existir se nenhum país da América Latina estivesse
colocado numa posição oficial do conflito militar).

A partir de 1945, a industrialização passa a ser o principal obejtivo dos estados sem o qual não se poderia
alcançar o desenvolvimento económico.

Para dar resposta a esta realidade era necessário os novos líderes que conseguissem satisfazer estas
medidas → modelo desenvolvimentista - um modelo que dá atenção ao desenvolvimento, ao contrário
do modelo liberal conservador, coloca o Estado ao serviço da economia. O Estado como agente investidor
nas principais áreas económicas, impulsionando as mesmas especialmente as indústrias, havendo
desenvolvimento económico e industrial.

Este modelo desenvolvimentista é aquele que dura mais tempo (1945-1982), a política externa é posta
em serviço do desenvolvimento industrial e torna-se pragmática, de forma a beneficiar o Estado
economicamente. Toda a política externa é posta ao serviço do crescimento industrial.

Golpes militares ( Brasil e Argentina) depois da 2º GM eram apoiados pelos EUA, logo são golpes militares
de direita que apoiam o liberalismo, o capitalismo, o que não é compatível com a existência de um Estado
interventor na economia.

Em 1982, os EUA sofrem uma crise e recorrem às instituições financeiras internacionais e são impostas
novas medidas, a crise da dívida veio dar origem ao modelo neoliberal - modelo que tem na base o
cumprimento das exigências das instituições financeiras internacionais, ou seja, tudo aquilo que o FMI, o
Banco Mundial,… exigem à América Latina tem de ser cumprido senão não lhes emprestam o dinheiro.
Como os Estados da América Latina precisavam de dinheiro, cumpriram as exigências e daí foi criado o
Consenso de Washington.

Consenso de Washington:
-não é um tratado escrito, é só uma reunião
- gerou-se entre as instituições financeiras internacionais, no sentido de acordarem as medidas
que os Estados da América Latina teriam de satisfazer para beneficiar dos empréstimos

Realismo periférico (Carlos Escudé): países com o Brasil ou Argentina deviam adotar uma posição de país
periférico, ou seja, de submissão às grandes potências, pois ela é periférica e só assim os países
conseguiriam tirar dividendos do sistema internacional que existia na época neoliberal. Se querem tirar
vantagens económicas do sistema internacional devem contentar-se com uma posição de periferia.

No final dos anos 90, formaram-se várias manifestações antiglobalização, anti-modelo neoliberal, etc. e
começaram a reunir-se em reuniões no Santigo do Chile e em Buenos Aires, onde foi formado o Consenso
de Buenos Aires, que não teve repercussões.

A partir do início do séc. XXI começaram a subir ao poder, através das eleições livres e democráticas,
líderes oriundos da esquerda política do espectro tradicional esq-dir:
Brasil – Lula ; Bolívia - Evo Morales ; Venezuela – Hugo Chávez ; Argentina – Cristina Kirchner

Nesse sentido, houve várias esquerdas a subir ao poder neste panorama esquerdista.

Modelo logístico (praticado por Lula e Dilma): é uma combinação entre aquilo que é positivo do
neoliberalismo (a abertura dos mercados e o investimento direto estrangeiro feito no Brasil e que o Brasil
faz lá fora) com o que é positivo do modelo desenvolvimentista (intervenção do Estado na economia),
sendo certo que no modelo logístico o Estado intervém apenas como Estado empresário no setores-chave
da economia.

Em 2010 há uma nova onde de direita no poder:


Brasil – Michel Temer ; Argentina – Mauricio Macri ; Chile - Sebastián Piñera

Provavelmente, a direita chegou ao poder por as esquerdas não darem resposta às necessidades
desiguais, violentas da sociedade latino-americana, e neste sentido as populações manifestavam o seu
grande desagrado nas urnas. O Brasil foi uma situação de corrupção que levou Bolsonaro a conseguir
capacitar todo o ódio contra a corrupção e disse que os iria resolver, sendo eleito.
Questões para resposta rápida (valendo 5 valores):
1. Considerando as relações internacionais e a política internacional, distinga-as.
2. O que são as Relações Internacionais? Quando surgiram e porquê?
A disciplina das RI nasceu após a 1 aGG, a disciplina tornou-se autónoma por passar a ter um objeto de
estudo próprio, “o internacional” que é entendido como um conjunto de interações e onde todos os
autores têm importância fora das fronteiras nacionais. Para já, ainda não tinha metodologia própria; esta
só aparecerá na década de 50.
Durante muito tempo a política internacional e as relações internacionais foram confundidas, sendo
consideradas a mesma coisa, mas a separação entre ambas iniciou no final da II Guerra Mundial, com o
surgimento de novos atores os atores das relações internacionais são todos aqueles capazes de exercer
influência fora das fronteiras nacionais, isto é, na sociedade internacional, por exemplo, as ONG’s, as multi
e transnacionais, de natureza não estatal com poder de atuação sobre o sistema internacional.

3. Qual o objeto de estudo e os objetivos do estudo das Relações Internacionais?


4. Qual é a epistemologia do primeiro grande debate das Relações Internacionais?
5. Qual a importância de escolher níveis de análise para o estudo das Relações Internacionais?
- Ajudam-nos a entender conflitos internacionais e analisar eventos relacionados a conflitos;
- Identificar tendências de comportamento e ação; sugerir o tipo adequado de evidência;

6. Explicite o conceito, classifique e diga quem classificou a guerra.


7. Em que consiste a Lei da Complexidade Crescente das Relações Internacionais?
Lei da Complexidade Crescente das RI: o mundo tende a caracterizar-se pela universalização dos
fenómenos políticos. Deixaram de haver regiões, povos e governos independentes, no verdadeiro sentido
da palavra. Deixaram de existir acontecimentos políticos que sejam indiferentes para o resto da
Humanidade.
Existe, assim, um aumento quantitativo e qualitativo das relações internacionais. Quantitativos pois existe
um aumento do número de atores das relações internacionais, novos Estados, novas organizações
internacionais. Qualitativo pois começam a existir novos tipos de relação entre atores, são mais
complexas e existe um aprofundamento dessas relações entre os diferentes atores.
8. O que é o fenómeno da globalização?
9. Considerando a proposta paradigmática sulista de Relações Internacionais, em que modelo vive hoje
a América Latina?

Questões para resposta de desenvolvimento (valendo 10 valores):


1. Considerando o núcleo duro dos três grandes debates das Relações Internacionais, explique-os
detalhadamente e discorra sobre o seu conceito de relações internacionais.
2. A partir das lentes teóricas ou perspetivas com que a globalização pode ser encarada, através de qual
delas melhor se enquadra para compreender e explicar o fenómeno da globalização e porquê?
3. Comente a seguinte afirmação: “Desde o Congresso de Westfália, pelo menos, que as unidades
politicamente organizadas se comportam, no sistema internacional então criado, de forma realista. Mas
esta é uma afirmação que apenas pode ser feita de modo informal, já que o Realismo era uma teoria
inexistente à época. Mesmo depois, no século XVIII e no século XIX, aquando do Concerto Europeu, às
vésperas da Grande Guerra, era esse o comportamento dos Estados. Comportamento que terá mesmo
conduzido à guerra”. Raquel de Caria Patrício
4. Partindo das premissas teóricas do Construtivismo, avalie-as criticamente e refira, justificadamente,
se, do seu ponto de vista, esta teoria deve inserir-se nas abordagens reflexivistas, conforme considera a
maioria dos académicos, ou num meio-termo entre essas abordagens e as racionalistas, conforme
considera Emmanuel Adler.

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