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1- TEORIA E CONJUNTURA
- por que o hegemon é o que mais contribui para a desestruturação das regras e
instituições do próprio sistema. Tampouco consegue entender porque o hegemon
segue competindo e atropelando as demais potências do sistema, mesmo nos
períodos de máxima segurança e “tranqüilidade hegemônica”. P.21 - “disfunção
sistêmica”.
- Por fim, desde a década de 1970, está em curso uma quarta “explosão expansiva”
do sistema mundial. [...] o aumento da “pressão competitiva” dentro do sistema
mundial está sendo provocado em grande medida pela estratégia expansionista e
imperial dos EUA, mas também pela multiplicação dos Estados soberanos do
sistema, que já são cerca de duzentos, e, finalmente, pelo crescimento vertiginoso do
poder e da riqueza dos estados asiáticos, e da China em particular. O tamanho desta
“pressão competitiva” neste início do século XXI permite prever uma nova “corrida
imperialista” entre as grandes potências, e uma gigantesca expansão das fronteiras
deste “universo mundial”. P.24
-[...] desde o início, o novo sistema estatal europeu esteve sob o controle compartido
e competitivo de um pequeno número de ‘Estados-impérios’ que se impuseram na
sua região e se transformaram no ‘núcleo central’ do sistema de estados europeus.
-[..]no sistema interestatal, toda grande potência está obrigada a seguir expandindo o
seu poder, mesmo que seja em períodos de paz, e se possível, até o limite do
monopólio absoluto e global. P.30
- [...] o impulso conquistador desses Estados impediu que seus mercados locais se
fechassem sobre si mesmos e alargou suas fronteiras, com a inclusão de outras
economias no seu “território econômico supranacional”, ao mesmo tempo que foi
criando as oportunidades monopólicas para a realização dos “lucros extraordinários”
que movem o capitalismo. P.31-2
-Desde o início do novo sistema interestatal até hoje, “a expansão competitiva dos
seus ‘Estados-economias nacionais’ criou impérios e internacionalizou a economia
capitalista, mas nem os impérios nem o ‘capital internacional’ eliminaram os
Estados e as economias nacionais”. E mesmo nos países vitoriosos que lideraram a
internacionalização capitalista, os seus capitais sendo “designados” e “realizados”
nas suas próprias moedas nacionais. A idéia de uma “moeda internacional”, vista
como um “bem público” – como na teoria da estabilidade hegemônica, por exemplo
- , esconde o fato de que todas as moedas são nacionais, e um instrumento de poder
na luta pela supremacia econômica internacional. P.32
-Nesse sentido, pode-se afirmar que não existe capital nem capitalismo sem a
mediação do poder, do território e da moeda, ou seja, não existe capital “em geral” ;
existem sempre capitais nacionais que se internacionalizam sem perder seu vínculo
e sua referência com alguma moeda nacional ou soberana. E através da história,
todas as “moedas internacionais” foram sempre as moedas nacionais dos “Estados
vencedores”. P.33
- [...] por isto, crises econômicas e guerras não são , necessariamente, um anúncio do
“fim” ou do “colapso” dos Estados e das economias envolvidas. Pelo contrário,
podem ser uma parte essencial e necessária da acumulação do poder e da riqueza
destes Estados, e do próprio sistema mundial. E nesta conjuntura, em particular, as
crises e guerras que estão em curso fazem parte – de uma transformação estrutural,
de longo prazo, que começou na década de 1970 e que aponta para a “pressão
competitiva” mundial – geopolítica e econômica – e para o início de uma nova
“corrida imperialista” entre as grandes potências, que já faz parte de mais uma
“explosão expansiva” do sistema mundial, que se prolongará pelas próximas
décadas. P. 34
2- A CONJUNTURA INTERNACIONAL
- [...] a estratégia imperial americana dos anos 1970 teve um papel decisivo na
transformação de longo prazo da geopolítica mundial, ao trazer de volta a Rússia e a
Alemanha e ao fortalecer a China, a Índia e quase todos os principais concorrentes
dos EUA neste início de século. Ao mesmo tempo, pode-se dizer, do ponto de vista
do curto prazo, que a crise de liderança dos EUA, depois de 2003, deu visibilidade
ou abriu portas para que essas novas e velhas potências regionais passassem a atuar
de forma mas “desembaraçada” na defesa dos seus interesses nacionais e na
reivindicação de suas “zonas de influência”. Ou seja, também neste caso a política
expansiva da potência líder ou hegemônica ativou a aprofundou as contradições do
sistema mundial, derrubou instituições e regras, fez guerras e acabou fortalecendo os
Estados e as economias que disputam com os EUA as supremacias regionais ao
redor do mundo. p.37