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Propostas de Resoluções

Conferência Nacional da Esquerda Marxista 2022

Este é um caderno aos participantes da Conferência Nacional da EM onde reunimos as propostas de


resoluções que o Comitê Central apresenta à Conferência Nacional da EM.
- O Informe Político foi aprovado pelo CC em 26/3, estamos propondo algumas atualizações no texto para
que seja aprovado agora como Resolução Política da Conferência. Elas estão marcadas, tachado em
vermelho o que se propõe suprimir, e em amarelo o que se propõe adicionar.
- Segue novamente a resolução do CC “Construir a Esquerda Marxista no combate eleitoral”, já enviada no
BI 4, em 3/6. Esta resolução o CC apresenta também para aprovação na Conferência.
- Por fim, enviamos a proposta de resolução “Campanha de comemoração dos 20 anos de ocupação da
Cipla e Interfibra”, já enviada ontem com o BI 6.
Estas são as 3 resoluções em discussão que o CC apresenta para aprovação dos delegados à Conferência
Nacional da Esquerda Marxista.
Saudações,
Alex M. (secretário de organização)

INFORME POLÍTICO DO CC À RESOLUÇÃO POLÍTICA DA CONFERÊNCIA NACIONAL DA


ESQUERDA MARXISTA – 2022

1. O capitalismo em crise, uma sociedade em decadência, origens e consequências


2. A guerra na Ucrânia é o mais recente fruto da agonia do regime capitalista. A Esquerda
Marxista analisou as motivações deste conflito em declaração lançada em 26 de fevereiro. O
documento afirma: “trata-se de conflito reacionário entre diferentes frações da burguesia. A classe
trabalhadora do mundo não tem nada a ganhar apoiando qualquer um dos lados”.
3. A razão central para o surgimento desta guerra é o aprofundamento da crise econômica
mundial e seu desenvolvimento com o surgimento da pandemia, na situação de decadência geral da
sociedade capitalista que só faz ampliar sua desagregação econômica, social, política, cultural e
intelectual, fazendo ressurgir e amplificando os traços bárbaros da época do imperialismo. Época que
Lenin definiu como "a época das guerras e das revoluções” em que a burguesia, o imperialismo, “é a
reação em toda linha”.
4. A decadência geral do sistema capitalista, provocada por suas próprias contradições internas,
liquidou praticamente, ainda não em todos seus aspectos, o sistema internacional estabelecido após
a 2ª Guerra Mundial em Breton Woods, assim como levou à crise conjunta do imperialismo e da
burocracia contrarrevolucionária do Kremlin liquidando a “Ordem Mundial” reacionária dos Acordos
de Yalta e Potsdam definidos por Stálin e Roosevelt, com a colaboração subalterna de Churchill, ao fim
da 2ª Guerra Mundial.
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5. Uma expressão extraordinária desta crise conjunta foi o Maio de 1968 que, em todo o mundo,
expressou a unidade mundial da luta de classes e a combinação da revolução social contra o capital
com a revolução política contra as burocracias estalinistas.
6. A situação atual é a expressão da desagregação desta ordem contrarrevolucionária que
destruiu o Estado Operário degenerado na URSS e os Estados Operários burocráticos desde seu
nascimento como os do Leste europeu, China e Vietnam, onde o capitalismo foi restaurado e que
concentrou todas as contradições do sistema capitalista e suas implicações políticas nas mãos do
imperialismo do EUA dominante e seus parceiros menores.
7. É isto que explica a situação atual do imperialismo que vê seu controle sobre as condições
econômicas e políticas mundiais se desagregar e permitir o surgimento de cada vez mais iniciativas de
burguesias locais, imperialistas ou não, que buscam no quadro do capitalismo e da reação defender
seus interesses próprios. É este quadro convulsivo de desagregação do mercado mundial e seu
controle que aparece como “certa independência” das inciativas das diferentes burguesias. O que por
sua vez só exacerba as fricções e os choques entre as diferentes frações burguesas, imperialistas ou
não.
8. Esta é a situação histórica e atual que explica como o imperialismo do EUA, com suas 745
bases militares em todo o mundo, com a mais poderosa frota naval do planeta, a mais poderosa Força
Aérea militar existente, enfim com o maior e mais poderoso exército do mundo, foi derrotado no
Afeganistão e expulso de forma absolutamente vergonhosa pelos Talibãs que não tinham Força Aérea,
nem tanques nem mísseis significativos.
9. Os marxistas não se enganam com as aparências. As guerras não são travadas pela ambição
de um homem ou por delírios de grandeza, nunca sendo decisões descoladas da realidade.
10. O general alemão Carl von Clausewitz afirma em sua obra “Da Guerra” que “A guerra é a
continuação da política por outros meios” e Lenin, que o citou diversas vezes, concordava com isso,
mas explicou ainda mais longe a origem das guerras afirmando que a política, da qual a guerra é uma
expressão, é a “economia concentrada”. Este é o fundo material fundamental da questão. E a
economia é o terreno de onde partem as classes sociais para a luta política. A partir de determinado
momento a guerra é não apenas possível como necessária. A 2ª Guerra Mundial não foi iniciada
porque Hitler era louco e queria dominar o mundo. A guerra foi feita porque a burguesia alemã
pretendia redividir o mercado mundial em seu proveito. E encontrou o homem para preparar e reunir
as condições para isso e assim financiou o nazismo e a destruição antecipada de todas as organizações
operárias.
11. O nazismo foi a expressão mais bárbara do capital financeiro em nosso tempo que encontrou
um homem e um setor social para cumprir este papel na história. Como a época da reação
termidoriana na revolução francesa decapitou Danton, Robespierre e Saint Just, também Stálin foi o
homem encontrado para expressar a época da reação contra a revolução russa e seu estrangulamento
após a derrota das revoluções na Europa, a pressão da reação interna e do imperialismo que levou à
liquidação do Partido Bolchevique, no terror stalinista e finalmente à restauração capitalista.
12. Os estopins da guerra na Ucrânia
13. Os problemas econômicos e políticos internos de Rússia e EUA, no quadro da crise mundial,
foram as razões centrais para esta guerra. Tanto para Putin quanto para Biden, desatar o conflito foi
útil para buscar fomentar um sentimento de “unidade nacional” em cada país, no contexto de crise
econômica e queda de popularidade de ambos. Buscam desviar a atenção da população dos
problemas internos para o inimigo externo.

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14. Para Putin, a guerra é utilizada como pretexto para aprofundar a repressão e criminalização
dos movimentos de oposição a seu governo, reforçando assim sua ditadura. Cerca de 15 mil russos
foram presos até 18 de março por protestarem contra a invasão realizada na Ucrânia. Em discurso no
dia 16 de março, declarou o presidente sobre os que se opõem à guerra: “Estou convencido de que
uma autopurificação natural e necessária da sociedade só fortalecerá nosso país". E continuou: "O
povo russo sempre será capaz de distinguir verdadeiros patriotas da escória e dos traidores e
simplesmente cuspi-los como uma mosca que voou em suas bocas”.
15. Fazer girar a indústria da guerra, o complexo industrial-militar, importante setor da economia
de Rússia e EUA, também é do interesse daqueles que Biden e Putin representam, cada um à sua
maneira. Biden como expressão da mais poderosa burguesia do mundo e Putin como expressão de
uma minúscula burguesia mafiosa, constituída pela apropriação criminosa do patrimônio estatal
conquistado pela Revolução Russa, que necessita de um ex-membro da Polícia Política, Putin, para
governar sobre a base da repressão e da corrupção. E buscam alimentar a indústria de guerra e
provocar guerras e destruição no interesse de oxigenar a economia em uma brutal crise de
superprodução, através da destruição acentuada de Forças Produtivas em todo o mundo. O Manifesto
Comunista explica que “Através de que meios a burguesia supera as crises? Por um lado, pelo
extermínio forçado de grande parte das forças produtivas; por outro lado, pela conquista de novos
mercados e da exploração mais metódica dos antigos mercados. Como isso acontece então? Pelo fato
de que a burguesia prepara crises cada vez mais amplas e poderosas, e reduz os meios de preveni-las.”
16. Explica a declaração da Esquerda Marxista:
17. “Assim, Biden e Putin tratam de utilizar, neste momento, o desenvolvimento da indústria de
armamentos e os Orçamentos de Defesa como um motor de reserva posto em funcionamento para
oxigenar e bombear a economia capitalista. Em primeiro lugar em seus próprios países, mas também
na Europa, através da expansão da OTAN e da multiplicação por quatro dos gastos militares dos países
membros da OTAN nos últimos 20 anos. Fabricação de armas, máquinas de guerra, bombas, tem
necessidade de guerras para serem estocadas e consumidas, podendo assim dar continuidade à
produção destas mercadorias que, nas mãos das classes dominantes capitalistas só servem ao deus da
destruição. E mantém o sistema capitalista apodrecido e moribundo sustentado por tubos bombeando
o sangue e o suor da classe trabalhadora mundial. Este mecanismo interessa a Putin e a Biden e as
classes capitalistas em seu conjunto. É assim que as Forças Produtivas desenvolvidas na História são
transformadas em Forças Destrutivas da Humanidade”.
18. A guerra na Ucrânia foi a justificativa usada pela Alemanha, por exemplo, para triplicar os
gastos com o orçamento de defesa neste ano.
19. O povo trabalhador ucraniano sofre com este jogo macabro de frações burguesas. O governo
de Zelensky e, antes, o de Poroshenko (ambos submissos ao imperialismo), submeteram o povo
ucraniano a 8 anos de guerra civil, com ações de grupos paramilitares fascistas em conluio com o
Estado, além de promoverem cortes de direitos, austeridade e medidas repressivas. Os
revolucionários marxistas não apoiam de nenhuma forma nem Zelensky nem sua “resistência”,
financiada e orientada pela OTAN e, portanto, pelos EUA.
20. Os imperialistas gritam que Zelensky é um governo democraticamente eleito, o que é uma
barbaridade mentirosa a mais. Eleito democraticamente com o Partido Comunistas proscrito, assim
como todas as organizações de esquerda condenadas à clandestinidade, enquanto o partido nazista
Svoboda participa legal e livremente das eleições, junto com todos os outros partidos de extrema
direita nacionalista e outros financiados pelos diferentes imperialismos? Eis a democracia dos
imperialistas e seus lacaios!

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21. A posição da Esquerda Marxista e da Corrente Marxista Internacional é de que não há lado
progressista nesta guerra. A única posição coerente dos comunistas é se colocar contra a guerra,
contra os governos reacionários da Rússia e da Ucrânia, contra a OTAN e o imperialismo que,
hipocritamente, recriminam a invasão russa, quando o próprio EUA e seus sócios europeus realizaram
invasões, massacres e crimes de guerra em diferentes países (Iugoslávia, Iraque, Líbia, Afeganistão,
Síria - para ficar apenas em alguns exemplos recentes). Somos pelo desmantelamento da OTAN, pela
paz entre os povos, pela unidade internacional da classe trabalhadora contra o verdadeiro inimigo, a
classe burguesa e os governantes a seu serviço. “O principal inimigo está em nosso próprio país!”,
como afirmou Karl Liebknecht, em maio de 1915, contra a guerra. Assim, seja na Rússia de Putin, na
Ucrânia de Zelelensky, nos EUA de Biden ou no Brasil de Bolsonaro, a tarefa dos revolucionários
continua a mesma, em cada país, de acordo com as circunstâncias, construir a organização
revolucionária em luta para varrer o regime da propriedade privada dos meios de produção e seus
governos reacionários.
22. É a economia, é o capitalismo
23. A guerra na Ucrânia é parte e fruto da crise econômica internacional, raiz da crise política ao
redor do mundo, crise de dominação da burguesia. Segundo o Banco Mundial, 90% dos países tiveram
contração do PIB em 2020, um impacto mais amplo do que nas duas guerras mundiais.
24. A propagada recuperação econômica em 2021 foi muito débil e insuficiente. O PIB da
Alemanha, por exemplo, segundo os dados oficiais cresceu 2,7% em 2021, mas após uma queda de
3,4% em 2020. O mesmo no Reino Unido, crescimento de 7,5% em 2021, mas após uma queda de
9,4% em 2020. Mesmo nos EUA, o comemorado crescimento de 5,7% em 2021 deve ser comparado
com a queda de 3,4% no ano anterior. A recessão global em 2020, vale frisar, foi acelerada e
potencializada pela pandemia da Covid-19, porém, esta crise já estava sendo gestada pelas
contradições capitalistas.
25. A situação atual não é de estabilidade. Praticamente todos os governos injetaram dinheiro na
economia para enfrentar a crise. O resultado é um aumento da já elevada dívida pública. Em janeiro
de 2022, a dívida pública dos EUA superou pela primeira vez os 30 trilhões de dólares. A injeção de
dinheiro público, somada a gargalos na produção e transporte de mercadorias, provocou um
fenômeno global de alta da inflação. Os EUA tiveram 7% de inflação acumulada em 2021, a maior alta
nos últimos 40 anos! Além destes fatores de instabilidade para a economia global, há ainda o problema
das bolhas especulativas, com destaque para a bolha do mercado imobiliário na China. A monstruosa
dívida da incorporadora chinesa Evergrande, revelada no ano passado com sua quase falência, pode
ser apenas a ponta do iceberg de onde emergem as dezenas de grandes cidades artificiais construídas
pela China e que estão abandonadas, são cidades fantasmas.
26. Este é um mundo em crise. Crise econômica, pandemia, mudanças climáticas e tragédias
ambientais, guerras, refugiados, decadência social e cultural. Porém, este não é o fim do mundo, é a
agonia de um modo de produção que há muito tempo deixou de promover o desenvolvimento e
progresso para a sociedade, e que precisa ser enterrado antes de conduzir toda a humanidade para a
barbárie.
27. A luta de classes continua em todo o mundo
28. Ao mesmo tempo, a constante luta da classe trabalhadora evolui para uma luta política por
um outro futuro. Buscam novas alternativas políticas, e logo descartam os demagogos de direita e de
esquerda que estão unidos na defesa do capitalismo. Nos últimos anos vimos explosões insurrecionais
em diferentes países. Em 2020, nos EUA, o movimento Black Lives Matter e, na Bielorrússia, a luta
contra a fraude eleitoral da ditadura de Lucashenko. Em 2021, mobilizações massivas de agricultores
na Índia, manifestações contra os governos de direita no Paraguai e na Colômbia, a heroica resistência
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popular contra o golpe militar no Sudão e em Mianmar, onda de greves nos EUA e Turquia. Já no início
de 2022, os grandes protestos no Cazaquistão contra o governo a partir do aumento do preço de
combustíveis, protestos reprimidos, aliás, com o apoio do exército de Putin. Na própria Rússia,
ocorreram significativas manifestações de rua contra a guerra, apesar da repressão e perseguição. No
primeiro semestre de 2022 ocorreram ainda as manifestações massivas contra o governo no Sri Lanka,
que levaram à queda do primeiro-ministro e, recentemente, as grandes mobilizações e a greve
nacional no Equador, contra o odiado governo de Guillermo Lasso. A vitória eleitoral de Gustavo Petro
na Colômbia também é expressão da vontade da classe trabalhadora e da juventude por mudanças
radicais, que busca se utilizar do que tiver à mão para a sua luta, mesmo que nesse caso o próprio
Petro não queira ir tão longe quanto seus eleitores gostariam que ele fosse.
29. Também em Cuba, a crise e as medidas econômicas e sociais adotadas pelo governo tem
gerado um sentimento popular de insatisfação de que a oposição ligada e financiada pelo imperialismo
busca utilizar para seus objetivos reacionários. Em 11 de julho de 2021 ocorreram protestos na ilha
convocados por diferentes grupos reacionários pró capitalistas buscando manipular o sentimento
popular de insatisfação, ampliado com as medidas recentes do governo (reordenamento econômico
etc., que buscam preparar a restauração capitalista à sua maneira). Por isso se viu o coro de
“solidariedade” internacional dos imperialistas com seus lacaios de Havana conduzindo a
manifestação, que tinha como objetivo atacar as conquistas da revolução cubana e patrocinar a
restauração capitalista.
30. No entanto, houve um caráter heterogêneo nestes protestos pelo país. Em San Antonio de
los Baños, por exemplo, predominou o caráter de uma revolta popular espontânea, diante dos cortes
de energia, da falta de produtos básicos e do atraso na vacinação. O imperialismo, obviamente, deseja
esmagar a revolução e restaurar o capitalismo, é preciso combater todos os ataques imperialistas e,
centralmente, lutar contra o embargo econômico. Ao mesmo tempo, é preciso compreender que a
burocracia no poder também dá passos em direção à restauração capitalista. Um elemento
significativo da conjuntura em Cuba foi o surgimento dos Pañuelos Rojos (Lenços Vermelhos),
agrupamento de jovens que organizou uma concentração de 48 horas no centro de Havana contra o
bloqueio econômico e em defesa da revolução, mas por fora das instituições do Estado e com discursos
críticos à burocracia. Só uma verdadeira democracia operária em Cuba (com sovietes e sem privilégios
para uma casta burocrática) e o internacionalismo proletário, podem salvar a revolução. A tragédia
da situação em Cuba é a ausência de uma verdadeira direção revolucionária capaz de impedir a
manipulação dos sentimentos populares e ajudar os trabalhadores a tomar em suas próprias mãos a
luta contra a restauração capitalista, a luta contra o imperialismo e a reação interna.
31. Toda a situação mundial, de decadência do capitalismo e crise de direção do movimento
revolucionário, só reforça a necessidade e atualidade do combate que a Corrente Marxista
Internacional (CMI), e sua seção brasileira, a Esquerda Marxista, travam pela construção de uma
verdadeira internacional dos trabalhadores que, agindo internacionalmente, e em cada país, pela
unidade e independência de classe dos trabalhadores, com base nas verdadeiras tradições
revolucionárias do movimento operário mundial e no programa marxista, possa ajudar a conduzir a
classe trabalhadora em direção à tomada do poder e à construção de um mundo socialista.
32. A luta para derrotar Bolsonaro, pela independência de classe e pelo socialismo no Brasil
33. A disposição de luta de jovens e trabalhadores ao redor do mundo se fez presente também
no Brasil nos últimos anos. Longe do governo Bolsonaro conseguir avançar em direção a um regime
fascista ou uma ditadura totalitária - como boa parte da “esquerda” alardeava assim que Bolsonaro
foi eleito em 2018 -, o seu mandato está marcado pela fraqueza, instabilidade, choques com frações
majoritárias da burguesia e o ódio popular.

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34. Já em 2019 ocorreram as grandes mobilizações contra os cortes na educação. Em 2020, os
panelaços e as mobilizações de rua pelo “Fora Bolsonaro” em plena pandemia. No ano passado,
manifestações massivas contra o governo por todo o país. Manifestações que só não se
desenvolveram, só não chegaram a uma greve geral e culminaram na derrubada do governo, por conta
da traição das direções.
35. A crise econômica também atingiu fortemente o país. Apesar do crescimento de 4,6% do PIB
em 2021, a queda em 2020 foi de 4,1%. A inflação (IPCA) em 2021 fechou em 10,06% e segue
aumentando, provocando o arrocho no salário dos trabalhadores. A dívida pública federal (interna e
externa) chegou a R$ 5,6 trilhões no fim do ano passado. Esta dívida, no final de 2019, era de R$ 4,25
trilhões, um aumento de mais de 30% em dois anos. O desemprego oficial (IBGE) terminou 2021 em
11,1%, mas vale lembrar que este índice não leva em conta os que desistiram de procurar emprego
(desalentados), os que trabalham menos horas do que gostariam e o aumento do trabalho informal
mas este índice é bastante distorcido, pois desconsidera arbitrariamente os que desistiram de
procurar emprego, os que trabalham menos horas do que gostariam e o trabalho informal. Assim, de
uma população apta a trabalhar de 176 milhões de pessoas, o governo considera apenas 97 milhões
de pessoas, fazendo com que 11,1% equivalham a apenas cerca de 13 milhões de desempregados.
Porém, segundo dados do próprio governo reunidos e organizados pelo ILAESE (Instituto Latino-
Americano de Estudos Socioeconômicos), em 2020 haviam 58 milhões de desempregados no Brasil e
mais 33 milhões de subempregados (trabalhadores em trabalho informal e precarizado), enquanto
apenas 44 milhões de pessoas empregadas com trabalho assalariado e 28 milhões de aposentados
que não trabalham.. Segundo um levantamento da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e
Segurança Alimentar e Nutricional, 116 125 milhões de brasileiros (mais da metade da população)
vivem com algum grau de insegurança alimentar e, destes, 19 33 milhões passam fome. Oficialmente,
são mais de 650 mil vítimas fatais da Covid-19 no país, fruto direto da sabotagem do governo às
medidas de distanciamento social, desde o início da pandemia, e à vacinação. Este é o Brasil governado
por Bolsonaro, por isso ele caminha para a derrota eleitoral em outubro.
36. No entanto, a mobilização das massas já poderia ter colocado fim a este governo odiado.
Havia disposição da base para isso, mas as direções dos aparatos (PT, PCdoB, CUT, UNE, dos grandes
sindicatos) foram paulatinamente desmontando a luta pela derrubada do governo. Jovens e
trabalhadores, sem uma direção decidida, começaram a considerar como a saída possível, a via mais
econômica, colocar fim ao governo reacionário pela via eleitoral. Mesmo que isso não descarte, diante
da gravidade da crise e da instabilidade política, a possibilidade de novas explosões de luta ainda antes
das eleições.
37. A maioria da direção do PSOL, que também combateu por mais de um ano contra a palavra
de ordem “Fora Bolsonaro!”, lançada publicamente pela Esquerda Marxista em março de 2019, agora
não pretende decidiu não lançar candidatura própria para a presidência da República e apoiar Lula,
mesmo com suas alianças com a burguesia, desde o primeiro turno. Tal posicionamento revela muito
da progressiva adaptação do partido às instituições burguesas, ao jogo eleitoral e parlamentar, à
conciliação de classes e ao reformismo. De fato, a política defendida por esta direção pouco se
diferencia da defendida por Lula e o PT. O PSOL já teve seu momento para se construir como uma
alternativa de esquerda para a reorganização de jovens e trabalhadores. Só uma virada à esquerda na
política do partido, conectando-se à luta da classe trabalhadora e da juventude contra o capital
(mudança de rota improvável de ser realizada por essa direção) poderia recolocar a possibilidade do
PSOL ser alternativa para a organização das massas oprimidas.
38. As federações partidárias, inovação na lei eleitoral que entra em vigor já nas eleições deste
ano, no lugar das coligações para as disputas de cargos proporcionais, abre o caminho para se
aprofundar a adaptação do PSOL, diante da possibilidade aventada pela direção de constituição de

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federação com partidos burgueses a partir da aprovação, pela maioria da direção, da constituição de
federação com a Rede, um partido pequeno-burguês a serviço da burguesia. A lei determina uma
unidade de ao menos quatro anos entre os partidos que aderirem à federação, com estatuto e
programa comuns, além de uma direção nacional própria.
39. A entrada em federações com partidos burgueses (Rede, PSB, PV etc.) significa, para os
partidos que reivindicam da classe trabalhadora, como PT, PCdoB, PSOL, o avanço em direção à
dissolução do seu caráter de classe para se integrarem em instrumentos políticos com setores da
burguesia. Movimento similar, de dissolução do caráter de classe como organização operária, ocorre
na CUT, com a proposta apresentada pela direção nacional e aprovada em sua 16ª Plenária Nacional
(outubro/2021) que possibilita a integração à central do que classificaram como “organizações
fraternas” (entidade religiosas, culturais, esportivas, de imigrantes etc.), ou seja, um ataque ao caráter
sindical (de classe) da CUT. Na plenária nacional, sindicalistas ligados à corrente DS (Democracia
Socialista) propuseram ainda que estas “organizações fraternas” tivessem direito a voz e voto nas
instâncias da CUT, portanto levando muito adiante a destruição da CUT como organização de classe.
Esta questão foi remetida para o Congresso Nacional da CUT de 2023. A Esquerda Marxista combate
a degeneração que significa a aliança orgânica com partidos burgueses assim como a
descaracterização da CUT com a integração destas organizações estranhas ao movimento sindical e às
necessidades imediatas e históricas da classe trabalhadora.
40. O Comitê Central da Esquerda Marxista, em 12 de fevereiro de 2022, sempre reafirmando o
combate que trava para que o PSOL lance candidatos próprios com uma plataforma que reúna os
interesses imediatos dos explorados e oprimidos, mas também seus interesses históricos de varrer o
capitalismo e construir o socialismo, aprovou uma declaração sobre as eleições em que define:
41. A Esquerda Marxista deve continuar seu combate pela independência de classe e por sua
própria construção na situação dada e com as circunstâncias que hoje são as mais prováveis de
desenvolvimento no próximo período.
42. Confirmada a decisão do PSOL de não ter candidatura própria a presidente e de apoio a Lula
desde o primeiro turno (a Conferência Eleitoral Extraordinária convocada é só uma formalidade, como
se sabe), os marxistas devem manter sua posição de classe: o voto crítico em Lula, o candidato de um
partido operário burguês contra um candidato direto da burguesia. O PT segue sendo um partido com
origem e base entre os trabalhadores, mesmo que sua direção defenda e aplique uma política a serviço
da burguesia, e mesmo que o PT e Lula já não controlem a classe operária como o fizeram no passado.
Controle político que perderam e que dificilmente poderão retomar.
43. As massas que vão votar em Lula, o farão, em sua imensa maioria, para “derrotar Bolsonaro”.
Longe de ser uma nostalgia dos governos Lula, a necessidade de derrotar Bolsonaro se apresenta de
tal forma urgente que, hoje, 54,5% dos jovens entre 18 e 24 anos, que conscientemente não viveram
os governos Lula, declaram desde já seu apoio ao candidato mais bem posicionado para enterrar este
governo da escória burguesa e pequeno-burguesa.
44. O chamado ao voto crítico em Lula tem o sentido de derrotar Bolsonaro ou qualquer candidato
burguês. Ao mesmo tempo, é indispensável condenar publicamente as alianças de Lula e do PT com a
burguesia e seu programa de submissão ao capital, explicando as consequências disso para os
explorados e oprimidos. Responsabilizamos Lula e o PT por apoiar-se nos anseios das massas para traí-
las sustentando o regime da propriedade privada dos meios de produção, suas instituições e o Estado
burguês. E para ajudar na compreensão e clarificação das necessidades imediatas e históricas das
massas oprimidas, apresentamos o nosso programa de defesa das conquistas e reivindicações,
portanto, de enfrentamento ao capital.

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45. Esta é a posição de classe a ser adotada no cenário mais provável que se desenha para a
disputa presidencial. A vergonhosa aliança que se costura entre Lula e Alckmin, com Alckmin como
vice de Lula, e que busca se expandir para outros setores da burguesia para a formação de um governo
de unidade nacional para salvar as instituições do regime e defender o capitalismo, não modifica esta
posição de combate pela frente única.
46. O programa a ser apresentado pelos marxistas nestas eleições, deve partir dos seguintes
pontos:
• Não pagamento da dívida pública (interna e externa), que não foi o povo que fez e que é
o principal instrumento de domínio imperialista e de exploração da classe trabalhadora e de
todos os oprimidos!
• Todo investimento necessário nos serviços públicos! Realização imediata de concursos
públicos para preenchimento de todas as vagas existentes e ampliação do atendimento!
Saúde e Educação públicas e gratuitas para todos! Abaixo a Reforma do Ensino Médio!
Cancelamento de todas as OSs, na Saúde, e fim do financiamento público para empresas
privadas de educação! Contratação efetiva e direta pelo Estado de todos os trabalhadores
das parcerias privadas (ONGs, OSs etc.), com garantia de direitos e estabilidade no emprego.
• Seguro-desemprego para todos os desempregados. Estabilidade no emprego, nenhuma
demissão! Reajuste mensal automático dos salários de acordo com a inflação!
• Anulação de todas as reformas trabalhistas e das reformas da Previdência de FHC, Lula,
Dilma, Temer e Bolsonaro! Previdência pública e solidária, aposentadoria com o último salário
integral após 35 (homens) / 30 (mulheres) anos de trabalho, sem idade mínima.
• Congelamento dos aluguéis. Proibição de despejos por falta de pagamento de aluguéis!
Expropriação dos prédios e terrenos ocupados: Moradia para todos os trabalhadores sem-
teto!
• Reforma agrária já! Por uma verdadeira reforma agrária que deve passar pela
expropriação e estatização do Agronegócio e do latifúndio, sob controle dos trabalhadores!
• Anulação de todas as privatizações de serviços e empresas públicas realizadas pelos
governos FHC, Lula, Dilma, Temer e Bolsonaro!
• Abaixo o governo Bolsonaro! Abaixo o capitalismo! Pela revolução socialista com um
governo dos trabalhadores sem patrões nem generais!
• Viva o socialismo internacional!
47. A resolução do CC de 12/02/2022 também define as tarefas das candidaturas lançadas pela
Esquerda Marxista:
48. A Esquerda Marxista combate as ilusões no terreno das ilusões, apontando a necessária
organização independente dos trabalhadores na luta por suas reivindicações imediatas e históricas.
49. Esta será também a tarefa das candidaturas lançadas pela Esquerda Marxista, candidaturas
que sob as palavras de ordem de “Abaixo Bolsonaro! Abaixo o Capitalismo! Pela Revolução Socialista!”
(...), tem como objetivo central e dominante, construir a organização revolucionária. Campanhas da
Esquerda Marxista que não serão organizadas como agitação, mesmo que participemos das agitações
existentes, mas de explicação paciente e de organização, de construção.
50. Campanhas especialmente dirigidas à juventude, ressaltando e explicando nossa plataforma
revolucionária para derrotar Bolsonaro e enfrentar o capital, apontando a urgência do socialismo no
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Brasil e no mundo para interromper a caminhada da humanidade em direção à barbárie e abrir um
futuro em que a maioria, hoje, explorada e oprimida pelo capital, tenha vez e voz. Encerrando assim o
regime da propriedade privada dos meios de produção, constituindo uma sociedade sob controle
coletivo e baseada na planificação no interesse da maioria
51. A luta de classes neste 2022 passará pelo terreno eleitoral. É tarefa dos marxistas intervir
neste terreno distorcido da classe inimiga. Nosso objetivo central nesta batalha, nossa prioridade total,
será construir a Esquerda Marxista, seção brasileira da Corrente Marxista Internacional. O sucesso de
nossa intervenção eleitoral não será medido, em nenhum caso, pelo número de votos nas candidaturas
apresentadas, mas sim, e fundamentalmente, pelo número de novos militantes ganhos, de novas
células constituídas e, também, pela arrecadação feita para garantir a independência financeira que
garante a independência política e que provê os meios para a construção da organização
revolucionária. Conforme a tradição bolchevique, que é a sua tradição, a Esquerda Marxista não aceita,
recusa, qualquer valor do Fundo Partidário ou do Fundo Eleitoral, instrumentos burgueses reacionários
para controlar os partidos socialistas a partir do aparelho do Estado e destruí-los como instrumento de
classe.
(novo parágrafo). Nessas eleições, nossas candidaturas terão como slogan central a palavra de ordem:
Abaixo Bolsonaro! Abaixo o capitalismo! Por um governo dos trabalhadores sem patrões nem
generais! Viva o socialismo!
52. O resultado mais provável das eleições de outubro será a vitória de Lula, que tende a receber
o apoio eleitoral majoritário diante do rechaço popular a Bolsonaro e da necessidade da classe de se
defender deste governo decretando o seu fim. Ao mesmo tempo, no cenário atual, de crise econômica,
rechaço ao sistema e de experiência acumulada com os governos do PT, a paciência das massas será
muito menor em um possível novo governo Lula. A luta de classes segue a pleno vapor, antes, durante
e depois das eleições.
53. Construção da Esquerda Marxista, rumo aos 300 militantes organizados em célula
54. No combate eleitoral e em cada intervenção cotidiana, a construção da organização
revolucionária deve ser o objetivo central de todos os militantes.
55. A Esquerda Marxista experimentou um importante avanço na construção desde o início da
pandemia. Por outro lado, não atingimos o nosso objetivo de 300 militantes organizados em célula e
pagando suas cotas mensalmente.
56. A linha política geral da organização não tem sido um empecilho para a construção, ao
contrário. As análises centrais da EM e da CMI têm sido confirmadas pelos desenvolvimentos da
situação política. As posições da organização dialogam e se conectam com os setores mais conscientes
da juventude e dos trabalhadores.
57. A situação objetiva pode facilitar ou dificultar a construção da organização revolucionária,
mas não é um bloqueio absoluto. Uma situação de refluxo do movimento pode representar um
obstáculo para o desenvolvimento da organização. No entanto, a situação atual não é de refluxo.
Neste momento, apesar de não haver mobilizações de massa generalizadas no país, jovens e
trabalhadores não se sentem derrotados e desmoralizados. É um momento de espera, em que a base,
majoritariamente, aguarda o combate eleitoral para pôr fim ao governo Bolsonaro.
58. Se uma situação de mobilizações de massas e efervescência política, como a do fim do
primeiro semestre de 2021, pode facilitar que novos contatos sejam atraídos para a luta organizada
pela revolução, por outro lado, a situação objetiva atual está longe de significar um bloqueio para
atingirmos o objetivo imediato de 300 militantes em célula.

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59. A organização já poderia ter ultrapassado os 300 militantes se não fossem os desligamentos.
É de certa forma natural perder alguns militantes Há diversos tipos de dificuldades. Novos militantes
podem não se adaptar ao trabalho cotidiano, além disso, as pressões da sociedade burguesa são
permanentemente pela dissolução da organização revolucionária. Neste momento, dois anos de
pandemia, a crise econômica, o retorno às aulas e ao trabalho presencial, são pressões para que
militantes desistam da luta organizada para cuidar de problemas particulares. É tarefa do coletivo, da
organização, em particular dos dirigentes, contrapor-se a essa pressão. Explicar com clareza as análises
e perspectivas da situação política, pensar e propor iniciativas concretas de ação que animem os
militantes, fomentar a formação teórica, que é a base para compreender a realidade e o sentido
profundo de nosso combate. Todo militante deve trabalhar para ter uma frente de intervenção e as
células devem discutir planos para cada frente de intervenção.
60. É preciso impulsionar, nas reuniões de célula e em todos os organismos, as discussões
políticas e teóricas. Combater permanentemente a rotina que conduz a um funcionamento
administrativo das instâncias, com pontos em reunião que poderiam ser um e-mail ou mensagem de
WhatsApp. Reuniões puramente administrativas só podem levar ao desânimo e, depois, ao abandono
de militantes. A tarefa central continua a ser formar militantes comunistas que ajam na luta de classes
e não apenas agrupar ativistas. Cada ativista recrutado deve receber como prioridade a discussão
política teórica, histórica e da atualidade. Compreender o mundo e o que fazer para mudá-lo é o que
estes ativistas desejam e mais necessitam.
61. O Manual Básico do Militante da EM-CMI lançado no final de 2021 e a formalização da figura
do quadro-orientador para os novos militantes (apresentada junto com o manual) são importantes
instrumentos para aperfeiçoar o funcionamento e a intervenção da organização, e para a consolidação
dos novos militantes. Todos as instâncias devem discutir o manual e todos os novos militantes devem
receber o manual assim que ingressam, organizando a leitura e discussão com seu quadro-orientador.
62. Há plenas condições da organização avançar no recrutamento e atingir os 300 militantes
nossos objetivos em um curto espaço de tempo. Os militantes marxistas devem intervir nas lutas
concretas, colocando-se como a fração mais resoluta do movimento e que apresenta as análises e
propostas mais consequentes. Ao mesmo tempo, os militantes não são ativistas que estão no
movimento pelo movimento. A tarefa central de todo militante é ajudar a elevar a consciência de
classe da base, explicar como as lutas econômicas se conectam às lutas políticas, e que o problema de
fundo é o regime capitalista, recrutando os mais conscientes para a organização revolucionária.
63. É fundamental, na construção, um sistemático trabalho com os contatos. Cada contato que
se inscreve para uma atividade, que demonstra interesse na organização em um ato ou panfletagem,
que compra um jornal, que se identifica com a intervenção prática de um militante em uma assembleia
ou luta, cada contato deve ser registrado, designado um militante responsável por dialogar com ele,
e ser controlado permanentemente a evolução da discussão.
64. É preciso cuidado para não adotar uma abordagem conservadora. Esperar demasiadamente
para convidar um contato para fazer as discussões do Grupo de Estudos Revolucionários (GER) e se
integrar à organização, um conservadorismo nisso pode significar a perda da oportunidade de recrutar
um novo militante para nossas fileiras. Um critério que deve ser observado para propor o GER é o
envolvimento do contato com nossas iniciativas políticas e campanhas. Quanto maior o envolvimento
e participação do contato mais correto é propor o GER.
65. A prioridade de construção segue sendo a juventude. O trabalho dirigido à juventude não é
tarefa apenas dos militantes jovens, mas de toda a organização, de todos os militantes. A juventude é
o setor mais aberto às ideias revolucionárias e mais disposto a se integrar à luta organizada pelo
socialismo.

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66. Retomada do trabalho presencial
67. Com o início da pandemia, em março de 2020, a organização foi obrigada a modificar seu
funcionamento e intervenção, adotando o formato online para reuniões e atividades. A capacidade de
se adaptar e continuar um funcionamento regular e disciplinado, além da realização de uma série de
atividades públicas exitosas nesses últimos dois anos, é uma demonstração de força da organização.
68. Neste momento, praticamente todas as atividades da vida cotidiana da sociedade retornaram
a um funcionamento presencial. As escolas e universidades retomaram totalmente as aulas
presenciais. O comércio, os serviços e a indústria, ou nunca interromperam o trabalho presencial, ou
já voltaram há algum tempo ao pleno funcionamento. A vida concreta está se dando presencialmente
e a organização também precisa retomar o funcionamento e as atividades presenciais.
69. Apesar da pandemia prosseguir, os dados mostram estabilidade e a baixa probabilidade de
desenvolvimento de quadros graves da Covid-19 entre os vacinados com 3 doses.
70. Diante dessa situação, os organismos devem discutir a retomada das reuniões presenciais e
a organização de atividades públicas regionais presenciais. No atual estágio, o uso de máscaras segue
sendo uma necessidade. Nas reuniões e atividades, a orientação é que todos utilizem máscaras,
mesmo que governos tenham flexibilizado de maneira precipitada sua obrigatoriedade.
71. Militantes que tenham comorbidades que os coloquem no grupo de risco, e idosos, devem
manter cuidados redobrados. Inclusive, se necessário, sendo dispensados de participar de atividades
presenciais.
72. Deve-se priorizar, no primeiro momento, a realização de atividades gerais presenciais nos
Comitês Regionais: plenárias, debates, atos. A retomada regular das reuniões presenciais de
organismos deve se dar de maneira paulatina. Trata-se do retorno a uma rotina, após mais de 2 anos
de funcionamento online, ou a introdução de uma nova rotina para os militantes que ingressaram
após o início da pandemia. Se a pandemia se mantém estável, o objetivo é que a partir de agosto todos
os organismos retomem o pleno funcionamento presencial. Havendo dificuldades em realizar esta
retomada plena ou outras possibilidades de funcionamento, deve-se discutir com o Comitê Regional
(no caso das reuniões de células e setores) ou a Comissão Executiva (no caso das reuniões de CRs).
73. O retorno às atividades presenciais deve significar também um fator de ânimo para os
militantes e impulsão política para a construção da organização. Ao mesmo tempo, o conhecimento
técnico adquirido em utilizar ferramentas para reuniões e atividades online, lives etc., é uma conquista
e o uso destas ferramentas continuará sendo uma forma complementar em nosso funcionamento e
intervenção.
74. Liberdade e Luta
75. O retorno às aulas presenciais nas escolas secundaristas e nas universidades deve
potencializar a construção entre a juventude.
76. Cada Comitê Regional, mesmo que não tenha militantes secundaristas, deve eleger pelo
menos uma escola secundarista (pública, técnica ou privada) para atuar. Em geral, o primeiro passo
para abrir uma intervenção é realizar uma panfletagem em frente à escola, buscando dialogar com os
estudantes sobre o conteúdo do panfleto e coletando o maior número de contatos, principalmente o
número do WhatsApp. O objetivo é que no final da panfletagem tenhamos uma lista de contatos para
trabalhar.
77. O primeiro contato com o estudante deve ocorrer até 24 horas após conhecê-lo na
panfletagem. O diálogo deve prosseguir apresentando o site da Liberdade e Luta, as redes sociais da
organização, e, assim que possível, convidá-lo para uma ação conjunta (manifestação, próxima
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panfletagem, colagem de lambes etc.) e/ou uma discussão (uma atividade pública nacional ou
regional, ou mesmo agendar uma conversa para apresentar melhor a organização para aqueles mais
interessados). Nosso objetivo é transformar os contatos mais avançados em militantes de nossas
células o mais rápido possível.
78. As panfletagens devem ocorrer de maneira periódica, ao menos quinzenalmente. Os
panfletos devem tratar de temas que interessem a juventude (defesa do meio ambiente, a luta contra
o machismo, contra o racismo, tarefas do movimento estudantil, a guerra etc.) apresentando uma
perspectiva revolucionária sobre cada questão.
79. Essas mesmas orientações sobre panfletagens podem ser aplicadas nas universidades, bem
como a utilização de bancas de materiais.
80. Nas escolas e universidades que tivermos condições de realizar uma reunião com os
estudantes, devemos refletir sobre quais temas podem gerar mais interesse e convidá-los para um
debate ou reunião do núcleo da LL para discutir o tema. Nestas atividades, além de apresentar
explicações marxistas sobre o tema, devemos buscar criar um ambiente em que os estudantes se
sintam à vontade para apresentar sua opinião, dúvidas etc. Além disso, vale abrir um momento
também para discutir os problemas concretos existentes na escola ou universidade e que tipo de ação
concreta poderia ser adotada sobre essas questões. Nas atividades da LL devem se associar as nossas
campanhas e palavras de ordem do MPS e MNS.
81. Nos locais de estudo em que temos militantes jovens, é preciso levantar as entidades de base
(grêmios e centros acadêmicos) existentes, quando será a próxima eleição da entidade ou a
possibilidade de formar uma entidade de base caso ela não exista. No estágio atual de nossa
intervenção no movimento estudantil, a prioridade é a intervenção nas entidades de base. Reunir
colegas, explicar a importância da organização dos estudantes, discutir um programa político,
enfrentar outras tendências políticas, organizar, mobilizar e lutar pelas reivindicações, são passos
importantes para a educação política dos jovens e para ganharmos para a luta revolucionária aqueles
que chegam às conclusões mais avançadas.
82. Entre a classe trabalhadora, os jovens também são os mais abertos às ideias revolucionárias.
Neste ano, a LL começa a editar o boletim Jovens Trabalhadores. Os Comitês Regionais devem avaliar
como utilizar este instrumento, escolhendo locais de trabalho com uma presença significativa de
jovens (fábricas, empresas de telemarketing, logística etc.). O objetivo também deve ser coletar
contatos e convidar aqueles que demonstrarem interesse em prosseguir o diálogo para conhecer a
Liberdade e Luta e a Esquerda Marxista. Além da tentativa de abrir contato entre jovens trabalhadores,
esta iniciativa pode ser muito educativa para que estudantes entrem em contato com setores da classe
trabalhadora, aprendendo a ver o mundo com os olhos da classe operária.
83. Para o segundo semestre de 2022 será organizado o 3º Seminário em Defesa da Educação
Pública, Gratuita e Para Todos. Essa atividade concentrará nossos esforços no segundo semestre e
deve ser cuidadosamente preparada, acompanhada e impulsionada por todos os militantes,
especialmente pelos estudantes e profissionais da educação. O formato do seminário deve ser
“híbrido” esse ano, mantendo uma transmissão online nacional, mas reunindo os inscritos para assistir
e participar presencialmente em cada região. A realização do seminário deve ocorrer entre os meses
de setembro e outubro de 2022, mas a sua preparação deve começar muito antes com textos sobre a
aplicação da reforma do ensino e sobre a obra e trabalho de Paulo Freire desde uma crítica marxista.
Esses materiais devem ser cuidadosamente estudados nas células e as direções regionais devem
avaliar como utilizar esses instrumentos para atividades de preparação e construção do evento,
visando o recrutamento mesmo antes da realização do seminário.

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84. Em 2022, não realizaremos um Encontro Nacional da LL. Os combates centrais na juventude
são, portanto: abrir intervenção em escolas secundaristas, construir os núcleos da LL entre
secundaristas e universitários, disputar ou constituir entidades estudantis de base, preparar o
Seminário de Educação e realizá-lo com encontros presenciais em cada região. A LL também atuará
nas campanhas do MPS e MNS.
85. Movimento Mulheres Pelo Socialismo e Movimento Negro Socialista
86. O movimento Mulheres Pelo Socialismo e o Movimento Negro Socialista são importantes
frentes impulsionadas pela Esquerda Marxista no combate ao machismo e ao racismo a partir de uma
perspectiva de classe, revolucionária e socialista.
87. Os casos de machismo e racismo, de violência e opressão contra mulheres e negros,
multiplicam-se como consequência da decadência generalizada do sistema capitalista. A indignação
gerada a partir destes casos, principalmente entre a juventude, deve servir de combustível para que
se chegue a conclusões revolucionárias, da necessidade de um mundo socialista para pôr fim a todo
tipo de discriminação, preconceito e opressão.
88. No entanto, é preciso constatar, tanto o MPS quanto o MNS têm atravessado dificuldades em
se desenvolver. A pandemia e a impossibilidade de atividades presenciais foram dificultadores, em
particular para a manutenção de reuniões regulares de núcleos do MPS que vinham ocorrendo no
período anterior. É preciso reforçar a impulsão política destas duas frentes, fundamentais para a
construção da organização.
89. Este reforço deve iniciar pela comissão nacional destes dois movimentos. Todo militante que
tiver interesse em estudar, discutir e ajudar na construção do MPS ou do MNS, está convidado a
participar das reuniões da comissão nacional de cada uma destas frentes. Não é necessário ter um
estudo prévio ou experiência prática, o mais importante é o interesse, a disposição, o ânimo e a
disponibilidade para estudar e participar de reuniões mensais destas comissões.
90. As comissões nacionais devem se dedicar ao estudo teórico, dos clássicos e as elaborações
anteriores da organização sobre estes temas. A partir destas discussões, retomar o trabalho de novas
elaborações de fundo do MPS e do MNS. As comissões nacionais devem estar atentas aos cotidianos
casos de machismo e racismo no país, lançar declarações com agilidade e avaliar medidas concretas,
campanhas, que podem ser desenvolvidas a partir dos casos concretos.
91. A partir do Encontro Nacional do movimento Mulheres Pelo Socialismo com o tema “As
conquistas das mulheres na Revolução Russa e como seria a vida das mulheres no socialismo?”,
iniciamos o relançamento do movimento Mulheres Pelo Socialismo, com reuniões mensais ampliadas
da comissão nacional do MPS e atividades públicas mensais do MPS em cada comitê regional, de
preferência presenciais.
92. O Movimento Negro Socialista, a partir do lançamento da nova edição do livro Racismo e Luta
de Classes, de autoria do camarada Serge Goulart, no dia 14 de maio, retoma também reuniões
mensais da comissão com o objetivo de realizar uma atividade nacional de relançamento do MNS em
novembro de 2022.
93. Jornal Tempo de Revolução
94. A partir de sua 17ª edição, o jornal Tempo de Revolução passa passou por algumas
modificações. O número de páginas salta saltou de 8 para 16 e isso tem relação com seu novo caráter.
O novo Tempo de Revolução passa passou a ter artigos mais aprofundados, teóricos e de análise,
dando suporte para as ações práticas, intervenções e campanhas da organização.

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95. As editorias anteriormente presentes de Juventude, Mulheres Pelo Socialismo, Movimento
Negro Socialista, formação, CMI etc., continuam, mas com artigos de fundo sobre cada tema,
retomando os ensinamentos históricos e das obras clássicas do marxismo. Coletâneas de artigos
publicados no jornal poderão se converter em brochuras publicadas pela Editora Marxista. Já notícias
sobre nossas intervenções, relatos de atividades, passam a ser publicados no site marxismo.org.br.
96. Em 1º de maio, como parte da retomada do trabalho presencial da organização, o jornal
Tempo de Revolução volta voltou a ser impresso. O jornal impresso é um importante instrumento para
a intervenção nos locais de trabalho e estudo, em manifestações, assembleias, reuniões e debates
presenciais. Ter o jornal impresso nas atividades, apresentá-lo, vendê-lo, anotar o contato de quem
comprou, continuar o diálogo posteriormente sobre artigos do jornal, este é todo um processo que
tem o potencial de converter cada intervenção em construção da organização, utilizando o jornal
como instrumento.
97. Com o sentido auxiliar na educação de militantes na venda do jornal impresso, os piquetes
de venda do jornal podem cumprir um importante papel. Estes piquetes podem ser organizados pela
célula, setor ou CR, e realizados em uma frente de intervenção, em um local com presença de jovens,
circulação de trabalhadores etc. É importante que um militante com mais experiência participe da
ação, auxiliando a orientar os mais novos na abordagem das pessoas para apresentação do jornal.
Hoje, nas vendas presenciais, além de receber em dinheiro e realizar o depósito na conta da
organização, há a opção de pedir um PIX ao comprador. Um camarada deve ser designado responsável
por centralizar as vendas do piquete. Reforçamos: cada comprador é um potencial contato político, é
preciso organizar o controle deste contato e a continuidade da discussão.
98. Aos contatos cotidianos, ter o jornal impresso facilita sua apresentação para a venda de uma
assinatura anual. A batalha é que todo contato com o qual já temos uma relação, mantemos diálogo
frequente, torne-se um assinante do jornal.
99. As células devem continuar a pautar o jornal e realizar a apresentação de cada nova edição,
um revezamento deve ser feito entre os membros da célula e todos os militantes devem ser capazes
de explicar o conteúdo do jornal.
100. Em Que Fazer?, Lenin compara o jornal com os andaimes que “se levantam ao redor de um
edifício em construção”, isto é, o Partido. Ser os andaimes ao redor da edificação da Esquerda
Marxista, esta é a vocação do jornal Tempo de Revolução.
101. Rearmar e construir a Esquerda Marxista!
102. O site marxismo.org.br é um grande êxito, com um amplo alcance para além dos contatos
próximos. Foram mais de 30 mil visualizações em média por mês em 2021! Os artigos publicados no
site não devem ser tratados de maneira passiva pelos militantes. Editoriais e declarações da EM e da
CMI devem ser divulgados por todos os militantes para seus contatos e servir de ponto de partida para
o diálogo com eles. Análises, artigos teóricos, notas, que possam interessar um contato ou um grupo
de contatos, devem ser compartilhados com o mesmo sentido. Ou seja, o site, suas publicações, são
um instrumento para construir a organização revolucionária.
103. A revista teórica América Socialista/Em Defesa do Marxismo adotou o formato digital desde
o início da pandemia. As vendas, como instrumento central das Campanhas Financeiras da
organização, continuaram acima dos 500 exemplares por edição. Ela continua sendo o principal
instrumento da Campanha Financeira atual como edição on-line. No 2º semestre de 2022 a revista
voltará a ser impressa (além de manter o formato on-line) e isso deve potencializar sua utilização para
a formação política e teórica de militantes e simpatizantes, além de instrumento de arrecadação
financeira.

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104. Demos passos importantes na formação. Retomamos a formação básica em âmbito regional.
A Universidade Marxista Internacional e a Universidade Marxista Brasil são iniciativas que têm
incentivado a formação de militantes e atraído novos contatos para a organização. Após o ciclo
dedicado ao estudo das revoluções proletárias, a UMB deverá realizar (mantendo o formato online)
uma séria de módulos sobre a filosofia marxista, o materialismo dialético, como parte da campanha
da CMI em defesa da teoria marxista. O lançamento desta campanha é foi a Escola de Quadros
Nacional da EM realizada em junho, que se integra na participação da nossa seção na Universidade
Marxista Internacional em julho e deve prosseguir durante o ano, culminando com o lançamento em
português do livro A História da Filosofia – Uma Perspectiva Marxista, do camarada Alan Woods, com
debates regionais de lançamento.
105. Para a organização existir, combater e se desenvolver, transformar em realidade as ideias, ela
depende de dinheiro. Nosso princípio é a independência financeira, recusamos com orgulho recursos
financeiros de empresas e do Estado burguês. Baseamos nossa arrecadação na contribuição voluntária
de militantes e simpatizantes. Temos objetivos ousados de arrecadação neste ano para permitir o
progressivo retorno ao trabalho presencial, além da manutenção e o reforço de nosso aparato,
principalmente com a liberação de mais militantes para que se dediquem em tempo integral à
construção da organização. O combate pelas finanças é um combate político, de convencimento de
militantes e simpatizantes sobre a política da organização e a necessidade de um sacrifício pessoal
para a construção desta organização no combate pelo socialismo. Impulsão política permanente em
primeiro lugar, seguida do controle político do objetivo e resultado com rigor, este é o método para
cumprirmos os objetivos financeiros, fundamentais para o sucesso de nosso trabalho.
(Novo parágrafo). O Movimento Negro Socialista e o movimento Mulheres Pelo Socialismo são
importantes frentes impulsionadas pela organização. É nossa tarefa apresentar uma perspectiva de
classe, revolucionária e socialista contra o racismo, o machismo e toda forma de preconceito,
discriminação e opressão. Devemos também discutir, organizar e adotar medidas para reforçar a
impulsão do MNS e do MPS no próximo período
106. A prioridade da construção da organização é a juventude, em particular os estudantes. Ao
mesmo tempo, não devemos descuidar do trabalho sindical e dos possíveis avanços nessa área. Nesse
trabalho, devemos olhar com atenção especial para os setores mais jovens das categorias em que
temos intervenção. Nacionalmente, a mais importante intervenção sindical da organização se dá entre
os educadores. É preciso avançar na elaboração sobre a situação e as lutas destas categorias. Além de
professores e servidores, temos intervenção inicial em outras categorias a partir da juventude. Com o
objetivo de retomar e impulsionar um trabalho sindical, até o final deste ano devemos reconstituir,
nacionalmente, uma comissão sindical nacional.
107. A Esquerda Marxista se orgulha dos combates travados e dos avanços conquistados. No
entanto, é preciso mais, muito mais. O objetivo dos marxistas não é comentar a luta de classes, e sim,
utilizando a teoria como guia para a ação, agir nos desenvolvimentos da luta de classes. A capacidade
de influenciar nos rumos da história depende da quantidade de quadros revolucionários capazes de
dirigir setores da classe operária e, em uma situação revolucionária, ganhar a confiança das massas
para dirigir o proletariado em direção à tomada do poder. Este foi o papel cumprido pelos
bolcheviques em outubro de 1917.
108. As modestas forças da CMI e da EM, apesar do crescimento geral no último período,
continuam longe da capacidade de cumprir este papel. O trabalho cotidiano de construção da EM e
da CMI hoje, é o combate fundamental e necessário, como tendências do movimento operário
nacional e internacional, pela construção do Partido Revolucionário e da Internacional Revolucionária,
ou seja, das organizações revolucionárias com influência de massas do proletariado, que não
necessariamente serão fruto apenas do desenvolvimento formal da EM e da CMI hoje. No entanto,
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são os marxistas, com a teoria, o programa e os métodos corretos, o embrião fundamental para a
construção da direção revolucionária.
109. Da construção desta direção revolucionária do proletariado depende o futuro da
humanidade. Grandes revoltas ou mesmo revoluções são levadas ao impasse e à derrota se não há
uma direção do movimento capaz de garantir a verdadeira vitória do proletariado. A história mostra
isso. É necessário um sentido de urgência, o mundo caminha em direção à barbárie pelas mãos do
capitalismo e só a vitória internacional do socialismo é que pode interromper esta caminhada e abrir
um novo futuro, de progresso e realização de todas as capacidades humanas, saindo do reino da
miséria e do sofrimento para o reino da felicidade e da abundância, de felicidade e prosperidade. Um
mundo socialista!

Comitê Central da Esquerda Marxista


26/03/2022
Conferência Nacional da Esquerda Marxista
02/07/2022

CONSTRUIR A ESQUERDA MARXISTA NO COMBATE ELEITORAL

1. As eleições deste ano ocorrerão em meio à profunda crise internacional do regime capitalista,
crise já analisada no Informe Político à Conferência Nacional da Esquerda Marxista. A disputa eleitoral
será o centro dos debates políticos e mobilizará jovens e trabalhadores. A intervenção da Esquerda
Marxista neste processo será o combate central para a construção da organização nos próximos
meses.
2. A caminhada do PSOL
3. A burguesia, diante da decadência generalizada de seu modo de produção, ataca. Ataca as
condições de vida das massas, os direitos e conquistas do proletariado, ataca as liberdades
democrática e, também, a existência das organizações operárias (os partidos que reivindicam a classe
trabalhadora e os sindicatos).
4. Nesse ataque, a burguesia conta com o apoio e colaboração da maioria das direções das
organizações operárias, que há anos têm sucumbido à ofensiva burguesa de integração de partidos e
sindicatos ao Estado.
5. Em relação aos partidos, praticamente todos os que se dizem de esquerda no país, além de
várias das tendências que compõem estes partidos, têm algum grau de dependência do financiamento
estatal, ou seja, dos recursos provenientes do fundo partidário, do fundo eleitoral, das verbas de
mandatos no Parlamento ou no Executivo.

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6. A introdução da cláusula de barreira como condição para ter acesso ao fundo partidário e a
criação das federações partidárias como possibilidade para a superação desta cláusula, são
instrumentos adicionais de pressão para corromper as direções dos aparatos.
7. Nesse quadro insere-se a decisão do PSOL de federar-se com a Rede Sustentabilidade, e a
decisão do PT e PCdoB de formarem federação com o PV. A formação destas federações com partidos
pequeno-burgueses ou burgueses, significa um avanço na dissolução do caráter de classe de PSOL, PT
e PCdoB, ou seja, o caminho para eliminá-los como partidos que reivindicam a classe trabalhadora
(mesmo que submissos aos interesses da burguesia) e convertê-los em partidos representantes de
diferentes classes sociais.
8. No PSOL, a trajetória de adaptação política da maioria da direção do partido deu mais um passo
com a decisão da Conferência Eleitoral, de 30 de abril, de apoiar a candidatura de Lula desde o primeiro
turno, recusando-se a apresentar uma alternativa de independência de classe e de luta pelo socialismo
nas eleições presidenciais. Sucumbe assim, o PSOL, à posição de que frente à possibilidade de um
regime totalitário é preciso defender a democracia burguesa, as instituições burguesas e aliar-se com
setores da burguesia. A Esquerda Marxista já explicou inúmeras vezes a impossibilidade do governo
Bolsonaro de transitar para uma ditadura totalitária ou para um regime fascista, não há base social
suficiente para sustentar essa aventura, nem disposição da burguesia e do imperialismo em apoiá-la.
Mas independente deste fato, a reação burguesa se combate com a frente única do proletariado, e
não com alianças com a burguesia.
9. O PSOL avança em sua adaptação e degeneração. É um partido em crise. Não se constituiu
como um partido de massas por conta das vacilações e traições de sua direção, apesar do potencial
que havia para isso. Algumas lideranças oportunistas do partido foram ainda mais para a direita nos
últimos anos, Marcelo Freixo e sua ida para o PSB é o caso mais emblemático. Mas também, grupos e
militantes, desiludidos com a adaptação do PSOL, estão se decidindo pela desfiliação.
10. Este é um processo em curso, de dissolução do caráter de classe do PSOL e de desintegração
do partido. Diante deste cenário em desenvolvimento, a organização deverá ter a flexibilidade tática
necessária para que, a cada momento, a tática corresponda aos nossos objetivos estratégicos, em
particular ao objetivo de construção da organização revolucionária. Neste momento, a Esquerda
Marxista lançará suas candidaturas pelo PSOL, prosseguindo a crítica à adaptação política do partido,
apresentando as consequências práticas da federação com a Rede e a necessidade da ruptura desta
federação, defendendo que o PSOL não deve participar de um eventual governo Lula ao lado da
burguesia, etc.
11. As tarefas das candidaturas da Esquerda Marxista
12. O CC reafirma que a tarefa central das candidaturas da EM é a construção da organização, o
recrutamento de novos militantes. Nosso objetivo central não é conquistar muitos votos, não é tornar
o candidato uma figura pública mais popular. A prioridade é apresentar as análises e a plataforma de
combate da organização, ganhar o maior número possível de militantes para a luta consciente e
organizada pelo socialismo.
13. Neste sentido, as campanhas de nossas candidaturas serão campanhas concentradas na
propaganda, ou seja, na explicação profunda de nossas ideias e posições, apresentando a plataforma
necessária para o avanço do combate do proletariado. Esta é a plataforma presente no Informe
Político à Conferência Nacional:

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• Não pagamento da dívida pública (interna e externa), que não foi o povo que fez e que
é o principal instrumento de domínio imperialista e de exploração da classe trabalhadora e
de todos os oprimidos!

• Todo investimento necessário nos serviços públicos! Realização imediata de concursos


públicos para preenchimento de todas as vagas existentes e ampliação do atendimento!
Saúde e Educação públicas e gratuitas para todos! Abaixo a Reforma do Ensino Médio!
Cancelamento de todas as OSs na Saúde, e fim do financiamento público para empresas
privadas de educação! Contratação efetiva e direta pelo Estado de todos os trabalhadores
das parcerias privadas (ONGs, OSs etc.), com garantia de direitos e estabilidade no emprego.

• Seguro-desemprego para todos os desempregados. Estabilidade no emprego, nenhuma


demissão! Reajuste mensal automático dos salários de acordo com a inflação!

• Anulação de todas as reformas trabalhistas e das reformas da Previdência de FHC, Lula,


Dilma, Temer e Bolsonaro! Previdência pública e solidária, aposentadoria com o último salário
integral após 35 (homens) / 30 (mulheres) anos de trabalho, sem idade mínima.

• Congelamento dos aluguéis. Proibição de despejos por falta de pagamento de aluguéis!


Expropriação dos prédios e terrenos ocupados: Moradia para todos os trabalhadores sem-
teto!

• Reforma agrária já! Por uma verdadeira reforma agrária que deve passar pela
expropriação e estatização do Agronegócio e do latifúndio, sob controle dos trabalhadores!

• Anulação de todas as privatizações de serviços e empresas públicas realizadas pelos


governos FHC, Lula, Dilma, Temer e Bolsonaro!

• Abaixo o governo Bolsonaro! Abaixo o capitalismo! Pela revolução socialista com um


governo dos trabalhadores sem patrões nem generais!

• Viva o socialismo internacional!


14. Pedimos votos para esta plataforma, o candidato é apenas a figura que representará esta
plataforma no combate eleitoral.
15. O slogan central das candidaturas da Esquerda Marxista deverá ser: ABAIXO BOLSONARO!
ABAIXO O CAPITALISMO! POR UM GOVERNO DOS TRABALHADORES SEM PATRÕES NEM GENERAIS!
VIVA O SOCIALISMO!
16. A ação correta no combate eleitoral, que irá dominar os debates políticos no próximo período,
será determinante para o cumprimento dos objetivos de construção da organização. Reafirmamos
ainda o voto em Lula explicando toda a verdade, ou seja, que o voto em Lula é para derrotar Bolsonaro
e que está acompanhado da exigência do atendimento das reivindicações presente na plataforma, que
Geraldo Alckmin de vice é inaceitável, que Lula prepara um governo de unidade nacional com a
burguesia e de submissão aos interesses do imperialismo, que em um provável governo Lula será
necessária a organização do proletariado e da juventude, a luta de massas, de maneira independente
de governos e patrões, para barrar novos ataques e abrir uma saída diante da crise do capitalismo.

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17. Firmeza nos princípios, flexibilidade na tática e audácia. Temos as condições de utilizar a
intervenção nas eleições para atingir e ultrapassar a marca de 300 militantes. Ao combate!
CC da EM
21 de maio de 2022
Conferência Nacional da Esquerda Marxista
02/07/2022

CAMPANHA DE COMEMORAÇÃO DOS 20 ANOS DE OCUPAÇÃO DA CIPLA E


INTERFIBRA

Em 31 de outubro de 2022 serão 20 anos da histórica ocupação da Cipla e Interfibra, em Joinville/SC,


onde os trabalhadores decidiram por expulsar os patrões e tomar o destino das fábricas em suas mãos,
dando início a uma luta implacável em defesa dos empregos, pela estatização das fábricas sob controle
operário, em defesa dos direitos sonegados e, acima de tudo, da dignidade humana, contra a ameaça
concreta do desemprego. Um exemplo ímpar do movimento operário brasileiro, inspirado nas
experiências históricas do movimento internacional dos trabalhadores.
A luta travada por aqueles trabalhadores se confunde com a história da Esquerda Marxista, por isso é
tarefa de todo militante não só conhecer, mas também garantir que a história da nossa classe continue
sendo erguida como exemplo a esta e às futuras gerações. Retomando a lição de Lenin em Que Fazer?,
é preciso lembrar: “Só um partido dirigido por uma teoria de vanguarda é capaz de cumprir a missão
de combatente de vanguarda”.
Para organizar as comemorações e garantir que esta tarefa seja um forte empuxe para a construção
da organização, a Conferência Nacional da Esquerda Marxista decide por um cronograma de
comemorações para o segundo semestre de 2022, que precisa ser construído pelo conjunto da
organização:
1. Formação de uma comissão nacional de trabalho das comemorações dos 20 anos da
Ocupação, cuja composição deverá ser definida pelo CC.
2. Lançamento das comemorações em 22 de agosto (segunda-feira) no site da Esquerda
Marxista com materiais propostos pela Comissão com ampla divulgação.
3. Espaço no jornal (caderno especial) de publicação em todos os jornais a partir de 22 de
agosto até dezembro – 20 anos da Ocupação da Cipla e Interfibra
4. Espaço no site (mesmo período) com publicações no mínimo mensais- 20 anos da Ocupação
da Cipla e Interfibra
5. Materiais de divulgação para organizar atividades (rodas de conversa, palestras,
panfletagens etc.) em universidades, escolas, com categorias a partir de um texto introdutório lançado
em 22 de agosto.
6. Revista Em Defesa do Marxismo / América Socialista número 21, em comemoração aos 20
anos da Ocupação da Cipla e Interfibra

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7. Lançamento de publicação na semana de 31 de outubro. Previsão: Brochura 20 anos da
Ocupação
Comitê Central da EM
26/06/2022
Conferência Nacional da Esquerda Marxista
02/07/2022

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