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Nahuel Moreno
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A teoria do socialismo em um só país nasceu como reação a um fato real, a derrota da Revolução
Alemã, e se consolidou diante de outro fato semelhante, a derrota da Revolução Chinesa em
1925-27. Essas derrotas jogaram momentaneamente por terra as esperanças de Lenin e Trotsky,
de que a expansão da revolução proletária de um país adiantado como a Alemanha colocaria fim
ao isolamento da URSS e daria um poderoso impulso ao desenvolvimento das forças produtivas
sob o regime da ditadura do proletariado.
Junto com isso, a paralisia total das forças produtivas na URSS devido à Guerra civil e ao
isolamento do Estado Operário havia obrigado a direção bolchevique, desde 1921, a
implementar a Nova Política Econômica (NEP). A essência dessa política consistia na restauração
do mercado interno capitalista (não do comércio exterior, cujo monopólio manteve-se nas mãos
do Estado Operário), para facilitar o intercâmbio entre a agricultura, privada em sua maior parte,
e a indústria, majoritariamente estatal.
A aplicação dessa política teve um duplo efeito: por um lado, deu um impulso às forças
produtivas, por outro lado permitiu o ressurgimento de uma pequena classe capitalista,
exploradora, na URSS: os homens da NEP nas cidades e os kulaks, ou camponeses ricos, no
campo.
A política da NEP, tal como foi aplicada pela burocracia, foi a origem do “socialismo em um só
país”. Escutemos Trotsky:
Ou seja, que a teoria do socialismo em um só país é, também, uma aplicação particular da teoria
dos campos. Neste caso, o campo inimigo é o da burguesia dos países capitalistas, que querem
derrotar a Revolução Proletária. O campo progressista é o da NEP, com o Estado Operário e a
burguesia que começa a reaparecer (kulaks e os Nepman). Este campo deve ser preservado a
todo custo: por isso, é necessário construir o socialismo “a passo de tartaruga”, segundo a
conhecida frase de Bukharin, não acelerar a industrialização, nem aplicar políticas que impeçam
o enriquecimento dos aliados no campo. Ao mesmo tempo, nega-se e oculta-se a luta de classes
dos kulaks e Nepman contra os explorados e o estado operário.
Para não exagerar em exemplos, recordemos que, no afã de manter o campo “antifascista” com
as burguesias democráticas, adotou-se a política das frentes populares, que conduziram à
derrota da Revolução na Espanha e França.