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URSS: planificação e coletivização

O objetivo da revolução soviética tinha sido a construção de uma sociedade socialista.


No entanto, Lenine reabriu através da NEP, alguns setores da economia à iniciativa privada.
Incentivados pelo lucro, os pequenos agricultores e industriais voltaram a intensificar a produção e
os abastecimentos melhoraram. Ao mesmo tempo, começou a formar-se uma nova burguesia
constituída pelos kulaks (proprietários agrícolas) e pelos nepmen (homens de negócios).
Em 1928, Estaline decidiu pôr termo à NEP e empreender a grande viragem para o socialismo. A
URSS passou a basear a sua economia em dois novos princípios: a nacionalização dos meios de
produção e a planificação da economia.
Com a nacionalização e coletivização dos meios de produção, o Estado passou a deter a propriedade
da terra e do subsolo, das instalações fabris e dos principais meios de transporte. A propriedade
privada foi praticamente eliminada. Através da planificação económica, a economia era toda dirigida
pelo Estado, de acordo com planos quinquenais fixados: todos os 5 anos, um plano definia os
objetivos gerais da economia e as metas de produção a atingir pelas empresas nesse período.
Em relação à indústria, foi dada prioridade absoluta à indústria pesada, que cresceu a um ritmo
extraordinariamente rápido: alargou-se a rede de caminhos de ferro e de canais e construíram-se
grandes complexos hidroelétricos, siderurgias, fábricas de máquinas agrícolas, etc.

Na agricultura, optou-se pela coletivização das propriedades agrícolas e pela mecanização intensiva,
no sentido de produzir o suficiente para abastecer a população. Em menos de um ano (1929-1930), a
classe dos kulaks foi aniquilada e as terras que possuíam foram confiscadas e agrupadas em
sovkhozes (propriedades agrícolas do Estado, cujos trabalhadores eram assalariados) e kolkhozes
(cooperativas de camponeses que exploravam em comum a terra).
Estas transformações desencadearam, porém, uma profunda resistência. Só uma repressão policial
violentíssima, que se saldou por deportações em massa, permitiu levar a cabo a coletivização. A área
dos kolkhozes subiu de 1,4 para 92 milhões de hectares, mas o abalo provocado por estas
transformações causou uma terrível baixa de produção em 1932-1934. E, devido à repressão e à
fome, morreram milhões de camponeses.

O totalitarismo estalinista

A Constituição da URSS aprovada em 1936 definiu a organização do Estado soviético, baseando-a na


ditadura do proletariado.
Segundo o princípio dessa ditadura, o Estado devia estar ao serviço de uma única classe, o
proletariado. Admitia-se que, em nome dessa classe, o Estado pudesse utilizar um poder ilimitado
para levar a cabo a construção do socialismo. Competia ao Partido Comunista, a «vanguarda dos
trabalhadores», guiar o Estado nessa tarefa, controlando todos os órgãos estatais.
Na prática, em nome da ditadura do proletariado, instituiu-se uma ditadura de partido único, o
Partido Comunista, constituído, cada vez mais, por funcionários obedientes e subordinado ao poder
quase ilimitado de uma única pessoa: Estaline.
Ao acumular as funções de chefe do Governo e de secretário-geral do Partido, Estaline colocou sob o
seu poder pessoal os aparelhos estatal e partidário. Uma vigilância constante, levada a cabo por uma
polícia política todo-poderosa, assegurava a obediência de dirigentes e de cidadãos reprimindo a
mais ligeira suspeita de desvio da linha oficial.
A partir de 1934, Estaline desencadeou uma vaga sistemática de perseguições contra os seus
opositores, reais ou supostos, incluindo altos quadros do Partido e do Exército, alguns deles
protagonistas da primeira fase da revolução soviética. Instalou-se assim um clima de terror policial.
Centenas de milhar de suspeitos foram condenados à morte, depois de, em «julgamentos
fantoches», serem obrigados a reconhecer-se culpados dos crimes mais inacreditáveis.
Ao mesmo tempo, milhões de pessoas eram deportadas para «campos de trabalho corretivo» na
Sibéria, onde eram sujeitos a trabalhos forçados e de onde a maior parte nunca regressou.
A propaganda oficial alimentou um autêntico culto da personalidade do chefe soviético: espalhou o
seu nome, as suas estátuas e os seus retratos por todo o país, atribuindo-lhe qualidades e
capacidades geniais ou sobre-humanas.
Embora partindo de princípios ideológicos diferentes e até opostos, o estalinismo acabou por adotar
as mesmas formas de atuação dos regimes fascistas.

As respostas das democracias à crise

Nos países da Europa e da América do Norte que se mantiveram democráticos, a maioria dos
industriais, banqueiros e comerciantes defendia o liberalismo económico. Só passaram a aceitar a
intervenção do Estado quando perceberam que era talvez a única forma de ultrapassar os terríveis
efeitos da crise.
Quem primeiro iniciou uma política de intervencionismo econômico foram os Estados Unidos da
América. O presidente Franklin Roosevelt lançou, a partir de 1933, o chamado New Deal. Os
objetivos eram resolver o problema do desemprego e aumentar o poder de compra da população,
de forma a relançar o consumo e, consequentemente, a produção.
Entre as medidas tomadas, contaram-se as seguintes: financiamento de grandes obras públicas
(estradas, barragens, escolas, etc.) para criar novos empregos; limitação da semana de trabalho a 40
horas para proporcionar novos postos de trabalho; concessões de subsídios às empresas que
admitissem novos trabalhadores; melhoria do poder de compra dos assalariados através de medidas
sociais, como o salário-mínimo ou o subsídio de desemprego.
A política de Roosevelt conseguiu reanimar efetivamente a atividade económica nos EUA, mas os
efeitos da crise só desapareceram totalmente com a II Guerra Mundial.

A crise de 1929-1932 foi sentida de forma intensa em toda a Europa, provocando inclusivamente
profundas mudanças políticas.
No Reino Unido, os partidos que alternavam no poder (o Partido Trabalhista e o Partido
Conservador) uniram-se em governos de unidade nacional para combater a crise. Concederam
apoios às empresas industriais e lançaram campanhas de caráter protecionista. O mesmo tipo de
medidas foi também tomado na Suécia, com a chegada do Partido Social-Democrata ao poder, em
1932.
Em França, uma coligação dos partidos de esquerda, a Frente Popular, que ganhou as eleições em
1936, promoveu um intervencionismo mais radical. Foram concedidos aumentos salariais,
estabelecida a semana de 40 horas de trabalho e garantido, pela primeira vez, o direito a 15 dias de
férias pagas. Foram, além disso, nacionalizados os caminhos de ferro e as fábricas de armamento.
Mas, ao fim de um ano, a Frente Popular foi dissolvida.
Também em Espanha, em 1936, uma Frente Popular chegou ao poder, mas, como verás, manteve-se
por muito pouco tempo.

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