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Antes da revolução de 1917, a Rússia era governada por um poder absoluto exercido por um
imperador, o Czar Nicolau. A estrutura social e econômica do país era essencialmente agrária e atrasada, ou
seja, 85% da população vivia no campo. A partir desta realidade, existia uma nobreza proprietária das terras
e uma massa de camponeses que vivia em péssimas condições, sujeita ao frio, fome e doenças.
As condições de trabalho no campo eram atrasadas, ainda se usavam instrumentos medievais de
colheita e pouca tecnologia. Existiam algumas indústrias nas cidades, mas estavam nas mãos das grandes
potências como Inglaterra, Alemanha e Bélgica. O modo de vida dos operários urbanos não se diferenciava
dos camponeses. Em resumo, o sistema russo era marcado pela desigualdade social extrema e pelo
autoritarismo com que governavam os Czares.
A OPOSIÇÃO
Após 1905, as greves e as manifestações de camponeses e operários se tornaram corriqueiras. A
partir da organização política dos movimentos de oposição ao regime czarista, surgiu o Partido Social
Democrata Russo, que contava com duas alas internas. Eram elas:
► Mencheviques: termo que significa “minoria”. Defendiam o amadurecimento do capitalismo na Rússia
contra a política absolutista dos Czares. Acreditavam no papel da Duma para a realização de reformas,
visando uma transição lenta e pacífica para o socialismo;
► Bolcheviques: Termo que significa “maioria”. Tinham forte influência das teorias do socialismo científico
de Karl Marx e Friedrich Engels. Defendiam a aliança entre operários e camponeses para a derrubada do
Czar, bem como a implantação de um modelo socioeconômico socialista.
A REVOLUÇÃO DE FEVEREIRO (1917)
Em uma manifestação em março de 1917, os soldados do Exército russo se recusaram a seguir as
ordens do Czar, não fazendo nada para reprimir o movimento. Sem as Forças Armadas, o Império russo
perdeu sua força política, abrindo caminho para a primeira fase da revolução, que ficou conhecida por
diversos nomes: Revolução de Fevereiro, Revolução Branca ou Revolução Burguesa. Uma nova estrutura
política se formou após fevereiro; o Czar abdicou do trono, a Duma conquistou autonomia política e surgiram
os Sovietes, uma espécie de conselhos formados por trabalhadores urbanos, camponeses e soldados. Até
aqui, estava indo tudo bem, mas o governo provisório, liderado pelo Ministro de Guerra, Kerensky, cometeu
um grave erro ao decidir manter o país na Primeira Guerra Mundial e, ainda, preparar uma ofensiva contra a
Áustria-Hungria.
Agora, vamos pensar juntos: os camponeses, que já passavam por inúmeras dificuldades, foram
recrutados pelo Exército durante a guerra. Isso significava queda na produção e o agravamento da fome e
da miséria, afastando as massas do governo provisório.
STALINISMO
Com a morte de Lenin, no ano de 1924, teve início uma disputa interna no PCUS. Dois líderes
importantes da Revolução e muito próximos de Lenin passaram a disputar a liderança do partido para
conduzir os rumos da União Soviética. Os dois líderes eram Joseph Stálin e Léon Trotsky (aquele mesmo
da Guarda Vermelha), cada um com visões táticas diferentes: Stálin acreditava que, primeiro, deveria ocorrer
a consolidação e o fortalecimento do socialismo na União Soviética para, depois, exportá-lo para outros
países. Já Trotsky era adepto da Teoria da Revolução Permanente, ou seja, segundo ele, a URSS deveria
incentivar as revoluções socialistas em todos os países.
Joseph Stálin venceu a disputa e deu início ao período conhecido como “Stalinismo”, que durou de
1928 até 1953. Esse nome faz referência ao seu apelido, Stalin, que significa “homem de aço”. Nesse
período, a URSS passou elaborar um projeto de desenvolvimento de longo prazo; surgiram os planos
quinquenais (metas de produção a cada cinco anos) e o incentivo à indústria, sobretudo a indústria pesada
(siderurgia e metalurgia)
Na agricultura, o governo criou fazendas coletivas (Kolkhozes) e estatais (Sovkhozes), onde os
camponeses vendiam a produção a preço de custo para o Estado e ficavam com parte do excedente.
O planejamento econômico estatal focou na construção de grandes obras de infraestrutura e no
estimulo às indústrias de aço, petróleo, bélica, maquinários e de energia. Com isso, a URSS viveu, nas
décadas de 1930 e 1940, um processo de industrialização acelerada, tornando-se uma grande potência
no período entreguerras.
A economia planificada era caracterizada pela produção padronizada conforme as necessidades
básicas da população. Desta forma, as lojas eram estatais e havia pouca variedade de produtos.
Vale lembrar que esse processo de industrialização não ocorreu de forma pacífica; o governo utilizou
forte repressão e perseguição aos opositores. Eram considerados traidores todos aqueles que teciam críticas
ao modelo de coletivização da agricultura, à burocracia estatal e ao centralismo político. Um dos mais
famosos perseguidos foi León Trotsky que, por construir um movimento contra Stálin, acabou expulso da
URSS e assassinado no México em 1940. Outro elemento que marca a forte repressão eram as prisões
dedicadas ao trabalho forçado, conhecidas como Gulags.
Precisamos entender que Revolução Russa de 1917 é tão importante quanto a Revolução Francesa
para compreendermos a contemporaneidade. Tratou-se da construção da primeira experiência socialista da
história e, a partir dela, toda a Europa passou por um processo de grande transformação.