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O governo de Stálin

Apostila 1 – Capítulo A2 – Página 56


Professor: Ricardo Conrado Lopes

Os Planos Quinquenais
Ao assumir o poder, Stálin considerou que a economia da URSS já havia sido
beneficiada pelos efeitos da NEP e que o país já estava pronto para dar os
“dois passos à frente” e efetivar a montagem de um Estado socialista.

Ao invés de adotar medidas capitalistas, Stálin anunciou os chamados Planos


Quinquenais – que consistiam no estabelecimento de metas de produção a
serem cumpridas em prazos de cinco anos.

O objetivo de Stálin era ter um maior controle sobre a produção de alimentos,


combustíveis e de estruturas industriais, de modo a permitir um crescimento
planejado da URSS.

Os efeitos surtidos pelos Planos Quinquenais em alguns setores podem ser


percebidos na tabela a seguir.

Apesar de os Planos Quinquenais terem beneficiado a produção soviética em


logo prazo, Stálin enfrentou algumas dificuldades para atingir as metas
propostas.
Muitos camponeses enriquecidos (os Kulaks), por exemplo, organizaram
boicotes, já que não concordavam com a ação do governo soviético, que
confiscava parte da produção agrícola para dividir os alimentos com toda a
população.
Considerando que o modelo socialista não atendia aos seus interesses, muitos
Kulaks escondiam ou até destruíam o excedente produzido para não ter que
entregá-lo ao governo de Stálin.

Stálin, por sua vez, não concordou com esse tipo de atitude e buscou eliminar
toda a oposição existente contra o seu governo.

Um dos episódios marcantes referente a esse processo foi a perseguição de


Trotsky.

Ao ser destituído do cargo de comissariado no ano de 1925, Trotsky foi expulso


do Partido em 1927, com a acusação de impulsionar oposição dentro dele.

Em 1928, foi exilado, sendo obrigado a viver no México.

Dessa forma, o regime soviético iniciou um processo para minimizar a


importância histórica de Trotsky, alterando documentos, imagens, pinturas ou
mesmo excluindo o líder das lutas de 1917.

No exílio, Trotsky continuou mantendo atividade política, liderando outros


exilados que estavam em desacordo com as políticas de Stálin.

O antigo líder do Exército Vermelho foi assassinado em agosto de 1940 ainda


no exílio e a mando de Stálin, tornando-se símbolo de resistência ao stalinismo.

A ditadura stalinista
O governo de Stálin foi caracterizado por uma intensa centralização política e
pela instalação de um governo totalitário, ou seja, um monopólio do poder
exercido pelo Partido Comunista que controlava não só a economia soviética,
mas todos os setores da vida cotidiana da população, não respeitando,
inclusive, a proclamada autodeterminação dos povos do governo de Lênin.

Uma das características marcantes do totalitarismo, que se enquadra no


governo stalinista, é a utilização da propaganda e do terror. Como afirma a
filósofa Hannah Arendt,

As perseguições e condenações políticas marcaram seu governo.

Calcula-se que, durante o governo de Joseph Stálin, sem contar os que fugiram
do país, cerca de 20 milhões de soviéticos foram vítimas de perseguições e /
ou assassinatos políticos, ações conhecidas como expurgos soviéticos.

Os presos, geralmente, eram levados aos campos de concentração no “deserto


gelado” da Sibéria, onde eram obrigados a trabalhar para o governo.

Aqueles que tinham impedimentos para o trabalho ou que se recusavam a


servir o regime stalinista eram mortos e, sem identificação prévia, enterrados
em valas comuns que ainda hoje são pesquisadas por historiadores.

Outra medida promovida por Stálin para fortalecer o seu governo foi a insistente
utilização da sua imagem, sempre associada ao nacionalismo e a um governo
de sucesso.
Nesse sentido, pode-se dizer que o líder soviético foi muito beneficiado pela
campanha vitoriosa da URSS na Segunda Guerra Mundial, afinal, lutando
contra Alemanha nazista, as tropas soviéticas tiveram participação fundamental
na deposição de Hitler do poder.

Para os russos – que viram seu país sair arrasado da Primeira Guerra Mundial
no começo do século XX – aquele parecia ser um feito inatingível, e Stálin
soube associar a vitória soviética a seu favor.

Durante a campanha na Segunda Guerra, as tropas soviéticas puderam, ainda,


expandir o seu domínio sobre o Leste Europeu.

Naquela ocasião, enquanto marchavam em um ataque contra a Alemanha, os


soldados usaram a oportunidade para depor o nazismo de várias nações da
região.

Sendo vistas, portanto, como libertadoras, as tropas soviéticas exerceram


grande influência sobre várias repúblicas, que, de forma autônoma ou
involuntária, integraram-se à URSS.

Assim, o país saiu da Segunda Guerra como uma das forças capazes de duelar
com os EUA, que exibiam o seu poder do lado ocidental do planeta.

Os anos que se seguiram a 1945 também foram favoráveis para Stálin, que
aproveitou o contexto da Guerra Fria para justificar o seu governo forte.

O conflito – que colocava frente a frente o capitalismo estadunidense e o


socialismo soviético – era visto por Stálin como um momento crucial para a
sobrevivência da URSS e, por isso, ele aumentou os gastos do Estado não só
com produção de armas, mas também com uma forte propaganda nacionalista.

Stálin também censurou a imprensa e orientou a polícia secreta russa a


identificar os inimigos internos e externos do regime stalinista.
Se comparado aos objetivos iniciais da revolução proposta pelos bolcheviques,
o regime de Stálin foi um fracasso, pois consolidou a formação de um Estado
forte, capaz de punir os seus opositores e que, muitas vezes, não representava
os interesses dos soviéticos.

Contrário à tudo isso, Marx acreditava que toda forma de poder duradoura era
opressora.

Assim, o Estado socialista devia ser provisório e buscar meios para efetivar o
modelo comunista, permitindo a coordenação dos meios de produção pelos
operários.

Os stalinistas, por sua vez, alegavam que o líder soviético não podia
enfraquecer o Estado, já que a URSS estava envolta pela Guerra Fria.

Assim, o governo stalinista afastou os soviéticos da efetivação do comunismo


e assumiu os altos custos de uma guerra que duraria quase meio século.

O resultado dessa combinação refletiu nos governos posteriores e gerou anos


muito conturbados à URSS, que, já na segunda metade do século XX, passou
a conviver com crises econômicas e atrasos tecnológicos.
A solução adotada pelos políticos que sucederam Stálin após a sua morte, em
1953, para evitar a falência do país, foi o início do processo de desestalinização
da URSS, buscando apagar as reformas do antigo ditador.

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