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História

A RÚSSIA CZARISTA
A Rússia era um império, governado por um sistema
político denominado pelo czar (Nicolau II), que exercia
um poder autocrático semelhante ao dos monarcas
absolutistas.

Poder autocrático: Poder político concentrado nas mãos


do governante que o exerce de forma ditatorial, sem
depender de ninguém.

A economia russa atravessava uma situação de crise


profunda. A agricultura era pouco produtiva devido à
utilização de técnicas rudimentares e ao sistema
tradicional de exploração da terra: as propriedades
pertenciam sobretudo à nobreza, que se limitava a
arrendá-las aos camponeses, aplicando impostos muito
altos.

A indústria era frágil, estava concentrada e algumas


cidades e dependia de capitais do Estado e estrangeiros.

Com uma agricultura e uma indústria pouco produtivas


o comércio era um setor pouco ativo.

Esta situação de fragilidade económica será agravada


pelas sucessivas derrotas da Rússia na 1ª Grande
Guerra. O investimento nas tropas e nos equipamentos
de guerra e a perda de familiares no conflito aumentou a
negação da população ao czar.
A sociedade era marcada por enormes desigualdades.
Era dominada pelas classes privilegiadas. Os
camponeses e os operários viviam em condições
miseráveis devido aos baixos salários, ao excesso de
horas de trabalho e à falta de condições de saúde e de
habitação. Esta situação originava greves frequentes e
uma abertura às ideias socialistas.

1905: O INÍCIO DA REVOLUÇÃO


Em 1905, deu-se uma manifestação de operários e
camponeses que se dirigiram ao czar com uma petição
para a melhoria de vida e por mudanças políticas. Esta
manifestação foi imediatamente esmagada pelas tropas
do czar, mas funcionou como um rastilho para greves e
outras manifestações que levaram ao czar a realizar
reformas sociais e políticas, tais como: autorizar a
existência de partidos políticos (o Bolchevique e o
Menchevique) e a criação de um Parlamento – a Duma.
Estas medidas não foram eficazes porque quer os
partidos quer a Duma eram controlados pelo czar.

A REVOLUÇÃO BURGUESA EM FEVEREIRO DE


1917
Após os acontecimentos de 1905, as condições
económicas e sociais na Rússia agravaram-se. A
população russa exigia o fim do czarismo,
demonstrando-o em sucessivas greves e manifestações.

Em janeiro de 1917, a Duma foi desfeita, acusada de


corrupção. Em fevereiro de 1917, a população da capital
voltou a manifestar-se contra o czar, mas contando
agora com o apoio de grande parte dos soldados, que se
recusaram a agir contra os manifestantes. O czar, sem
proteção, foi obrigado a desistir. Foi o início da
revolução!

Formaram-se então os sovietes dos operários e


soldados, com o objetivo de defender a revolução.
Entregaram o governo a um Comité Executivo
Provisório. Este Governo Provisório tomou medidas
para aproximar a Rússia dos regimes liberais dos
países ocidentais. Destas medidas, destacavam-se: a
abolição da pena de morte; a anulação das penas
impostas aos presos políticos; a abolição das diferenças
relacionadas com a etnia e a religião e a convocação de
uma assembleia constituinte. Estas medidas não eram
suficientes para os sovietes, que começaram a fazer
reclamação ao Governo Provisório, criticando a
permanência da Rússia da Guerra.

Sovietes: Assembleia de delegados eleitos pelos


trabalhadores, camponeses e soldados com o objetivo de
defender a revolução.

A REVOLUÇÃO BOLCHEVIQUE – OUTUBRO DE


1917
Entre os que faziam oposição ao Governo Provisório
destacavam-se os bolcheviques, que pretendiam uma
revolução profunda. O principal líder dos bolcheviques
era Lenine, que juntamente com Trotsky e baseado na
ideologia socialista de Marx, inicia uma forte oposição
ao Governo Provisório.

Em outubro de 1917, o exército militar dos


bolcheviques destruiu o Governo e instaurou um
governo revolucionário liderado por Lenine. Trotsky e
Estaline assumiram também funções do governo. Este
novo governo defendeu a nacionalização e a
coletivização de toda a economia russa, os operários
deveriam participar na gestão de fábricas e a
propriedade privada foi abolida; as grandes
propriedades rurais foram distribuídas pelos
camponeses. Avançava a instauração de uma ditadura
dos trabalhadores. Em 1918, o novo Governo assinou
um tratado com a Alemanha, retirando a Rússia da
Guerra.

Bolcheviques: Partido formado pelos camponeses que


dirigia a Rússia.
Nacionalização: Processo político e económico em que
os bens de produção passam para a posse do Estado.
Coletivização: Medida que aprova que os meios de
produção da propriedade privada passam para a
propriedade coletiva.
Ditadura do proletariado: Conjunto de medidas das
quais se destaca a apropriação, pelo estado, dos meios
de produção de modo que estes sejam geridos pelos
trabalhadores.

A GUERRA CIVIL
Após a Revolução de Outubro, alguns elementos da
burguesia e da nobreza, ajudados pela Inglaterra, França
e os EUA, apoiaram a criação de um exército para
combater os apoiantes de Lenine – o Exército Branco.
Em resposta, os bolcheviques organizaram um Exército
Vermelho e instalou-se na Rússia uma guerra civil que
levou ao assassinato brutal do czar e da sua família, à
morte de milhões de russos e ao agravamento da
situação económica do país. Em 1921, o regime
bolchevique conseguiu controlar todo o território,
pondo fim a esta guerra civil.

O COMUNISMO DE GUERRA E A NEP


Lenine foi avançando então algumas das medidas que
tinha implementado: avançou com a nacionalização
das empresas, da banca e do comércio externo e
ordenou a requisição das colheitas agrícolas.

Lenine teve dificuldades em implementar estas


medidas, o que o levou a endurecer as suas posições
pondo em prática o comunismo de guerra: instituiu o
partido único - Partido Comunista Bolchevique; criou
uma polícia política (a Tcheka) e estabeleceu a
censura, perseguindo e matando os adversários
políticos.

As medidas do comunismo de guerra agravaram a


situação de crise que se vivia na Rússia. A população
ameaçava revoltar-se novamente, o que colocava em
perigo o regime bolchevique.

Para recuperar a economia, melhorar as condições de


vida dos trabalhadores e acabar com a fome, Lenine
definiu uma Nova Política Económica para a Rússia.
Um conjunto de medidas que misturavam elementos
capitalistas e socialistas, a NEP permitia a existência de
pequenas empresas e explorações privadas, industriais e
agrícolas, o comércio interno e a venda de produtos no
mercado e a entrada de bens materiais estrangeiros no
país para modernizar a indústria e aumentar a
produtividade. A adoção deste modelo pode ser vista
como um novo começo para os bolcheviques. Lenine
assumiu-a como uma fase de mudança necessária para a
implementação do socialismo, pois trouxe alguma
recuperação para a economia russa.

A FORMAÇÃO DA URSS E A EXPANSÃO DO


COMUNISMO
A Rússia ocupava um vasto território com diferentes
povos. Para facilitar a gestão e impedir as normas
capitalistas nos seus domínios, foi criada uma estrutura
federal. Criou-se também uma nova Constituição que
veio reforçar esta organização formando-se a União das
Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) que ocupava
uma extensa área, toda ela unida pelo mesmo regime
político e económico.

A URSS, quer pela sua extensão quer pela posição


estratégica com fronteiras que se ligam da Europa à
Ásia, foi afirmando o seu poder, rivalizando com a
China.

A OPOSIÇÃO DO COMUNISMO
Em alguns países, o impacto da revolução soviética
quase não se fez sentir, foi o caso de Portugal. Como
acontece com qualquer princípio político, também o
comunismo sofreu oposição.

Alguns governos procuraram resolver as questões


sociais e as dificuldades económicas com uma maior
ação do Estado, surgindo movimentos autoritários e
antidemocráticos, a revolução Russa e a contra-
revolução foram um alerta para a crise das
democracias liberais, que se encontravam agora
ameaçadas por forças de esquerda e de direita.

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