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A Revolução Russa e a

formação da URSS
O contexto pré-revolucionário
• A Revolução Russa representou um marco na história
do século XX, evidenciando as contradições da crise
social, econômica e política do mundo europeu.
• A realidade russa era a expressão da desigualdade,
visto que uma parcela de proprietários de terras, o
clero e os oficiais desfrutavam de privilégios ao lado
do czar.
• A massa camponesa (mujiques) era explorada pelos
boiardos (nobres detentores de parte considerável
das terras férteis), não existindo uma divisão
equilibrada de terras.
• O governo czarista, ao se apropriar de um número
signi­ficativo de terras dos nobres, submetia a
comunidade rural a um regime de servidão, dirigido
pelo Estado, a quem os camponeses deveriam pagar
impostos para terem acesso às terras.
• Analisando a trajetória política da Rússia, podem-se
mencionar estes czares:
• Pedro, o Grande (1682-1725), que estimulou o
expansionismo e o desenvolvimento russo, trazendo
tecnologias do Ocidente e promovendo reformas
educacionais, além de ter transformado São
Petersburgo na capital russa;
• Alexandre II (1855-1881), que, mesmo tendo abolido
oficialmente a servidão dos camponeses, testemunhou
a permanência do sistema no regime produtivo;
• Alexandre III (1881-1894), que incentivou o
desenvolvimento industrial por meio da captação de
recursos estrangeiros (belgas, alemães, franceses,
ingleses), aprofundando a desigualdade entre os
atrasos do sistema agrário e a elevada concentração de
renda estimulada pelos investidores, e combateu as
forças políticas opositoras a seu governo;
• e Nicolau II (1894-1917), que intensificou o ritmo das
contradições, pois, ao mesmo tempo que impulsionava
o processo de modernização, permitia a existência de
uma massa populacional analfabeta e miserável no
campo.
• As oposições ao absolutismo da dinastia Romanov
tornavam-se crescentes.
• A figura do czar se confundia com a do Estado, e a
população permanecia esquecida.
• As camadas burguesas não concordavam com as
posturas absolutistas, já que estas acabavam
emperrando o desenvolvimento econômico burguês.
• A decadência do czarismo refletia-se no caráter
despótico do imperador, contrastando com as
tendências liberais de outros países da Europa.
• Mas tanto o governo dos czares como as nações
europeias apresentavam pontos em comum no que
diz respeito às disputas por espaços coloniais.
• A derrota russa na Guerra Russo-Japonesa (1904-
1905), pela disputa da Coreia e da Manchúria.
• Deixou a população, que estava com forte sentimento
nacionalista, frustrada diante da humilhação do czar.
• Assim, os protestos internos contra o autoritarismo
dos Romanov se fortaleceram.
• A Rússia entregou possessões territoriais aos
vencedores (Ilha de Sacalina, Península de Liaotung) e
reconheceu os direitos dos japoneses sobre a Coreia.
• Em 22 de janeiro de 1905, na sede do governo em São
Petersburgo, uma manifestação popular pacífica foi
violentamente reprimida.
• Os participantes requeriam uma audiência com o czar
e a apresentação de uma carta de intencionalidades.
• O massacre sofrido ficou conhecido como Domingo
Sangrento.
• Tentando conter os ânimos que poderiam gerar
revoltas mais intensas contra seu governo, o czar
Nicolau II propôs o Manifesto de Outubro, que
lançava a promessa da instalação de uma monarquia
constitucional e parlamentar.
• Nesse período, as manifestações populares, no
campo e nas cidades, estimularam a formação dos
sovietes (conselhos de trabalhadores) em várias
regiões da Rússia.
• Em 1906, o Duma (Parlamento) foi instalado,
liderado pela elite social russa, o qual formulou
decretos que subjugavam o czar.
• Posteriormente, foi estabelecida a condição censitária
para fazer parte do Parlamento.
• Em 1911, com a morte do ministro Stolypin, o czar
Nicolau II descaracterizou o Duma e a Constituição
russa, voltando a censurar a imprensa e levando
novamente o Estado policial ao território russo.
As reações
• Dentre as várias facções contrárias aos czares, podem-
se mencionar os populistas, os anarquistas e os
social-democratas, que defendiam os princípios
marxistas.
• Nesse contexto havia duas correntes do Partido
Operário Social-Democrata que viam na classe
operária a capacidade para concretizar a revolução.
• A primeira era representada pelos mencheviques, de
presença minoritária no Congresso russo.
• Eles defendiam o amadurecimento do capitalismo,
para, dessa forma, alcançarem o socialismo, e tinham
como líderes Martov e Plekhanov.
• A outra frente social-democrata era a dos
bolcheviques, maioria no Congresso, que acreditava
na revolução socialista, defendia um governo
operário e concordava com a implantação de uma
ditadura do proletariado. Foi liderada por Lenin.
• Mesmo estando divididas, as correntes ideológicas
intensificavam a expressão pública de insatisfação
quanto ao despotismo do czar e à própria condição
socioeconômica da Rússia.
• O caráter imperialista russo, sempre interessado na
ampliação de suas fronteiras, fez o Estado entrar na
Primeira Guerra, intensificando os problemas sociais
e ampliando a impopularidade do czar à medida que a
Rússia perdia batalhas no conflito.
• Com a perda de grande parte de seu território
ocidental para a Alemanha, os russos constatavam o
agravamento de sua crise nacional.
• No quadro social, ocorreram a perda de plantações, a
contaminação do solo e a morte de milhares de
soldados.
• No âmbito político, o desequilíbrio, somado ao
autoritarismo, fez diferentes facções da população
russa requererem uma mudança significativa,
promovendo a derrubada do czar Nicolau II, em
fevereiro de 1917.
• A coalizão que levou à derrubada do czar instalou um
governo provisório, conhecido como República de Duma.
• Revelando posturas conservadoras por colocar
representantes da nobreza (príncipe Lvov e general
Kerensky) e da burguesia no poder, esse período foi visto,
pelos historiadores, como a época da Revolução Branca.
• Em que mencheviques articulavam um governo ao lado
de setores conservadores.
• Vislumbrando a manutenção do capitalismo até que este
alcançasse seu ápice, apresentasse suas falhas e, então,
viesse a ser substituído pelo regime socialista.
• Devido aos interesses burgueses, a Rússia seria
mantida na Primeira Guerra.
• Já os bolcheviques queriam a imediata revolução
operária, com o equilíbrio das forças nos planos
externo e interno.
• Dessa forma, Lenin, pregando todo o poder aos
sovietes, lançou as Teses de Abril, que apresentavam,
entre suas diretrizes, a entrega de terras aos
camponeses, a nacionalização de bancos e indústrias
e a retirada da Rússia da Primeira Guerra.
• A milícia revolucionária em Petrogrado, atual São
Petersburgo, era recrutada por Trotski, responsável
por lançar as bases físicas para a construção do
processo revolucionário.
• Assim, em 7 de novembro de 1917, os bolcheviques
tomaram o Palácio de Inverno de Petrogrado,
destituindo o governo menchevique e instalando o
Conselho de Comissários do Povo, liderado por
Lenin.
• Dentre as mais importantes medidas dos bolcheviques,
podem-se citar a retirada da Rússia da Primeira Guerra,
com a assinatura do Tratado de Brest-Litovsk.
• A Rússia abriu mão de alguns territórios: Letônia,
Estônia, Lituânia, Finlândia e Polônia), o confisco e a
entrega de propriedades aos camponeses e a
nacionalização de bancos e indústrias.
• Oficialmente, o Conselho entregava o poder aos
sovietes.
• Na divisão dos poderes, Lenin seria o presidente, Leon
Trotski ficaria encarregado dos assuntos estrangeiros e
Josef Stalin chefiaria os assuntos internos.
A Guerra Civil e o governo de Lenin (1917-1924)
• Liderados por Lenin, os bolcheviques, chamados de Ursos
Vermelhos, tiveram de enfrentar as forças
contrarrevolucionárias, também conhecidas como Ursos
Brancos, representadas pelos czaristas, pelos mencheviques
e pelas forças internacionais (Inglaterra, Estados Unidos e
Japão), os quais não aceitavam que a revolução se alastrasse.
• Em razão dessas divergências, o país começou uma
sangrenta Guerra Civil, na qual os Ursos Vermelhos
implantaram o comunismo de guerra, voltando os olhares
econômicos e políticos para o conflito.
• Em 1921, com a vitória dos Ursos Vermelhos na Guerra
Civil, fazia-se necessário retirar a Rússia dos graves
problemas que assolavam o país (como revoltas
camponesas e crise agrícola).
• Assim, Lenin estabeleceu a Nova Política Econômica
(NEP), que permitia a adoção de padrões que mesclavam
características do socialismo com o capitalismo por meio
de um planejamento estatal.
• O qual englobava ações como a liberdade de comércio
interno, a permissão para a instalação de pequenas
empresas privadas, o incentivo à produção e o
atendimento à demanda por alimentos.
• A NEP durou até 1928, alcançando a revitalização de
setores estratégicos para a sobrevivência do Estado e
aumentando a produção industrial e agrícola e a
atividade comercial.
• Em oposição ao liberalismo, foi adotado o centralismo
estatal, por intermédio do Partido Comunista Russo.
• Em 1923, nascia a União das Repúblicas Socialistas
Soviéticas (URSS) – em um primeiro momento, por meio
de um acordo entre diferentes regiões do antigo Império
Russo, transformadas em repúblicas federais socialistas.
• Em 1924, com a morte de Lenin, o poder na URSS foi
dispu­tado entre Trotski (chefe do exército), adepto da
revolução permanente.
• Segundo a qual o socialismo deveria ser imediatamente
difundido para o mundo.
• E Stalin (secretário-geral do Partido Comunista Russo),
líder da tese da revolução em um só país, em que as
bases do socialismo deveriam ser garantidas, a
princípio, na URSS e, após essa consolidação, a
revolução alcançaria a Europa.
• Depois de vencer Trotski, Stalin governou a União
Soviética de 1924 a 1953, instalando os planos
quinquenais, rompendo com a NEP e promovendo a
socialização geral da economia soviética.
• Esses planos foram elaborados pela Gosplan (órgão
responsável pela planificação econômica), que
pretendia modernizar e industrializar a URSS.
• O primeiro plano buscava ampliar a indústria pesada;
nas áreas rurais, agiu por meio da coletivização agrícola,
implantando os sovkhozes (fazendas estatais) e os
kolkhozes (cooperativas).
• Já o segundo visava acelerar o progresso, aprofundando
o crescimento das indústrias de base e de bens de
consumo.
• Por fim, o terceiro plano era voltado para o
desenvolvimento da química fina, porém não foi
implantado por causa do início da Segunda Guerra
Mundial, que impediu sua completa execução.
• Na esfera política, Stalin adotou o controle pleno do
Partido Comunista, que supervisionava todos os
sovietes.
• Subordinada ao partido, estava a polícia política
revolucionária, a Tcheca. A administração também
estava sob a chefia de Stalin, centralizando todo o
poder e combatendo as oposições.
• Entre 1936 e 1938, Stalin promoveu julgamentos e
perseguições que afastavam seus opositores, os quais
eram conhecidos como expurgos de Moscou.
• Muitos foram afastados, exilados ou mandados para
regiões remotas como a Sibéria, como acontecera
com Trotski, acusado de traição.
• Mesmo fora da URSS, Trotski foi um ativista da
revolução permanente, sendo assassinado no México,
em 1940.
• No âmbito externo, ocorreu o VII Congresso Mundial
da Internacional Comunista, durante o governo de
Stalin, em 1935.
• Essa foi a última reunião da Internacional Comunista
(Komintern), que foi criada por Lenin, em 1919, para
reunir os partidos comunistas dos demais países e
dissolvida em 1943, como forma de conciliação com
os países aliados, com destaque aos Estados Unidos.
• Em meio a esse contexto, na década de 1930, antes
do fechamento da Internacional Comunista, os países
totalitários que formariam as chamadas Potências do
Eixo (Alemanha, Japão e Itália) assinaram o Pacto
Antikomintern.
• Com o objetivo de interromper a influência da
principal liderança comunista da Europa e da Ásia,
encaminhando a participação da Rússia na Segunda
Guerra Mundial.

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