- Primeira revolução vitoriosa inspirada no socialismo. - Antecedentes: 1. Absolutismo do Czar Nicolau Romanov II – A dinastia Romanov governava a Rússia desde o séc. VI. 2. País mais atrasado da Europa. 3. Ausência de liberdades individuais. 4. Igreja ortodoxa monopolizava o ensino e possuía privilégios (clero). 5. Concentração fundiária (boiardos = nobres proprietários) – Aristocracia russa. 6. Camponeses (mujiques) explorados de forma quase feudal. 7. Poucas Indústrias (capital estrangeiro da BEL, FRA, ALE e ING – minoria) - Os camponeses, tratados como servos, reagiram à servidão. Sobre os movimentos oposicionistas pode-se destacar: 1. Eram todos clandestinos. 2. Niilitas (anarquistas) – prática de atentados. 3. Populistas Narodiniques – socialismo com base na comunidade rural camponesa (MIR) 4. Partido Socialista-Revolucionário (1901) – composto por camponeses e intelectuais. 5. POSDR – Partido Operário Social Democrata Russo (1898) – formado por intelectuais e liderado, principalmente, por Lênin e Trotsky. O partido foi perseguido pela polícia do czar, Lênin e Trotsky deixaram a Rússia e voltaram a se organizar no exterior. Por divergências internas o partido foi dividido em 1903. Mencheviques (minoria) – eram liderados por Yuly Martov e Georgy Plekanov e tinham uma postura mais ajustada com o pensamento do marxismo ortodoxo, isto é, defendiam que a revolução comunista na Rússia deveria seguir as etapas definidas por Marx. Sendo assim, a burguesia deveria desenvolver o país por intermédio de uma reforma industrial capitalista profunda, enterrar o regime czarista e só depois a classe operária protagonizaria uma revolução na esteira do comunismo. Bolcheviques (maioria) – tinham como líder Vladimir Ilitch Ulianov, conhecido como Lenin, propunham uma alternativa diferente daquela sustentada pelo marxismo ortodoxo. Para Lenin, a revolução poderia ser acelerada em um país sem quadros econômicos com alto desenvolvimento capitalista (como era o caso da Rússia). Essa “aceleração” poderia ser operada e protagonizada pela aliança entre a classe operária e o campesinato – sendo que ambos receberiam a orientação de um comitê revolucionário formado por intelectuais e por dirigentes partidários. - A rebelião popular de 1905 e o ingresso da Rússia na primeira guerra mundial: 1. A Rússia entra em guerra com o Japão pelo controle de Manchúria. Derrotada, a Rússia perdeu territórios e prestígio e gerou uma crise no Império do autocrata Nicolau Romanov. 2. Derrotado militarmente, o Império sofre tensão econômica, social e política. 3. Insatisfeita, a população faz reivindicações ao czar. Este, por sua vez, as reprime violentamente. Esse episódio que aconteceu em 1905 ficou conhecido como domingo sangrento. Tal evento acaba por enfraquecer o poder do czar. - Os populares reagiram ao massacre, mas foram novamente reprimidos pelas autoridades. Diante da necessidade de fortalecimento, os camponeses organizaram os primeiros sovietes - conselhos de deputados eleitos por operários, camponeses e soldados. - Após as rebeliões e greves iniciadas em 1905, o Império Russo procurou articular-se com os liberais para tentar promover reformas que beneficiassem camponeses, operários e burgueses. A saída para isso foi a criação da Duma, isto é, Assembleia de representação popular. Enquanto isso, havia também o processo de organização política dos trabalhadores em torno dos sovietes, isto é, conselhos deliberativos que foram extintos após a retomada da ordem pelo czar e que só voltariam a ter destaque em 1917. - Outro que fator que afetou a popularidade do czar Nicolau II e intensificou a crise foi a adesão do Império Russo à primeira guerra. Aliados aos ententes França e Inglaterra, os russos sofreram derrotas homéricas da sua rival Alemanha. Entenda: 1. Exército despreparado e desarmados. 2. Táticas de combate antigas. 3. Comando ineficiente. 4. Pouca aparelhagem. 5. Abastecimento precário. - O czar perde o controle sobre o país: incompetência, burocracia dispendiosa e inoperante. - Misticismo causa maior descrédito do czar sobre o povo (Rasputin – monge de muita influência sobre a família imperial russa). - Crise econômica. - Mais de 5 milhões de mortos (guerra, fome, doenças) - O czar é deposto em fevereiro de 1917. Uma junção de manifestações, greves e vários atos de insubordinação por parte de camponeses, operários e militares por toda a Rússia provocou a queda do czar e o fim do Império. Esses acontecimentos ficaram conhecidos como Revolução de Fevereiro. - Instala-se o governo provisório: uma aliança entre o soviete de Petrogrado, que era controlado por trabalhadores e militares, e um poder central controlado pela burguesia liberal. - Essa aliança, entretanto, logo se mostrou frágil. A dualidade dos interesses burgueses e proletários acirrou-se nos meses seguintes. Um dos principais pontos de divergência entre os dois comandos era a continuação da presença na guerra, defendida pelo Governo Provisório e repudiada pelo soviete de Petrogrado. - Lênin retorna à Rússia e defende a derrubada do governo provisório e a retirada da Rússia da primeira guerra, além da repartição de terras entre os camponeses. - Lênin ganha inúmero adeptos devido a imensa insatisfação social com as condições atuais do império. - Em 24 de outubro de 1917 teve início a revolução: os bolcheviques liderados por Lênin e Trotsky tomaram o poder e tinham o governo da Rússia em suas mãos. - Lênin liderava a Rússia no cargo de presidente do Conselho de Comissários do povo. - O governo de Lênin e a guerra civil: - Após alcançar o poder, os revolucionários de outubro realizaram uma série de mudanças interessadas em romper com os antigos alicerces que sustentavam a Rússia Czarista: 1. Vários bancos e indústrias foram nacionalizados. 2. Títulos de nobreza perderam o seu valor. 3. As liberdades civis foram reorganizadas por novas leis. 4. As forças armadas ganharam nova formação. 5. Os operários poderiam participar na gestão das indústrias em que trabalhavam. 6. Negociação de um acordo que determinasse a saída pacífica dos russos da Primeira Guerra Mundial. Assinado em 3 de março de 1918, o Tratado de Brest-Litovsk alcançou tal objetivo por meio da liberação de regiões antes controladas pelo regime czarista. Desse modo, a saída russa do conflito acabou estabelecendo a formação de novas nações independentes como a Letônia, Lituânia, Ucrânia, Polônia e Finlândia. - Apesar da pacificação, o governo revolucionário ainda teve de enfrentar as forças militares contrarrevolucionárias do Exército Branco, formado essencialmente por conservadores, oficiais monarquistas e tropas de nações europeias que temiam a divulgação da revolução popular da Rússia para outras nações. Nesse contexto, foi necessária a implantação do comunismo de guerra, marcado por ações rigorosas de intervenção econômica que garantissem a manutenção do Exército Vermelho. Em 1921, as forças revolucionárias acabaram vencendo o conflito. - Após o fim dos conflitos, o governo de Lênin se deparou com as graves mazelas de um país completamente desgastado pelo atraso e pela guerra. Para que a situação vigente fosse contornada, Lênin anunciou um novo pacote de ações que integraria a chamada Nova Política Econômica (NEP). Essa nova política permitiu que algumas práticas de natureza capitalista fossem praticadas a fim de aquecer a economia do país. Em curto prazo, as liberdades oferecidas pela NEP conseguiram projetar a recuperação econômica do país. - Se, por um lado, a economia vivenciava essa situação de abertura, o contexto político russo se direcionava em sentido contrário. O Partido Comunista Russo passou a representar o governo do país e era reconhecido como a única agremiação política autorizada a funcionar. Uma nova constituição foi formulada e regiões vizinhas que também aderiram ao socialismo passaram a integrar a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), criada em 1923. - No ano de 1924, o governo russo foi seriamente abalado com a morte de Vladimir Lênin. A partir daquele momento, as conquistas concretizadas pelo sucesso da experiência revolucionária deveriam ser repassadas para as mãos de um novo líder. Foi nessa situação que os líderes políticos Leon Trotsky e Josef Stálin disputaram entre si o controle da URSS. Tendo uma articulação política mais vigorosa e um discurso voltado para as questões internas do país, Stálin acabou assumindo o governo. - De um lado estava Leon Trotsky, segundo homem da revolução com destacado papel militar; do outro Joseph Stálin, secretário-geral do Partido Comunista. - Trotsky acreditava que o ideário da revolução deveria ser propagado para outras nações, transformando a experiência russa no início de uma “revolução permanente”. Em contrapartida, Stálin tinha o objetivo de concentrar seu governo nas questões internas da Rússia, promovendo o “socialismo em um só país” e, só depois disso, promover a expansão revolucionária em outras partes do mundo. Em 1924, após a convenção comunista, os líderes bolcheviques optaram pelas propostas de Joseph Stálin. - Inconformado, Trotsky começou a apontar as falhas e riscos que o regime stalinista ofereceria ao processo revolucionário. - Em contrapartida, Stálin empreendeu a subordinação dos sovietes às diretrizes do Partido Comunista. Paralelamente, criou um mecanismo de repressão política com a criação da GPU, polícia encarregada de combater os críticos de seu governo. Tendo seus poderes ampliados, Stálin prendeu, exilou e executou todos os seus opositores. - Depois de ser condenado ao exílio, Trotsky continuava a criticar as ações stalinistas, acusando o novo líder russo de ter “prostituído o marxismo”. Mesmo fora de seu país, Trotsky foi perseguido como uma séria ameaça aos planos stalinistas. Em 1940, um agente da GPU deu fim às contundentes críticas trotskistas ao assassinar o incendiário intelectual no México. Com isso, o poder de Stálin não teria dificuldades à definitiva ampliação dos poderes do Estado soviético.
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