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TEMA 1

O FASCISMO NA ITÁLIA

O CONTEXTO DE SURGIMENTO DO FASCISMO

Ao fim da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), a Itália, apesar de vitoriosa, teve cerca de 670
mil mortos e quase 1 milhão de feridos. As provincias do nordeste do país estavarn destruídas,
havia falta de mão de obra, matérias-primas e capital para investimento. Além disso Inglaterra
e França não cumpriram as promessas do Tratado de Londres, de 1915, e a Itália não recebeu
os territórios de Istria e Dalmácia, nos Bálcãs. Isso fez com que o ressentimento dos ex-com-
batentes aumentasse e se desenvolvesse o revanchismo de motivação nacionalista contra
ingleses e franceses.

Ao mesmo tempo, o fortalecimento das organizações operárias fazia com que as propostas
socialistas influenciadas pela Revolução Bolchevique Russa, de 1917, se espalhassem. O
campesinato pobre também se mobilizava, uma vez que esta era a origem da maioria dos
soldados, devido à promessa não cumprida de solucionar o problema da terra, distribuindo-a
entre os camponeses que vivíam ao norte da Itália.

Em 1919, na cidade de Milão, desempregados, veteranos da Primeira Guerra e antigos


sindicalistas fundaram o Fasci Italiani di Combattimento, movimento politico e paramilitar
liderado pelo então jornalista Benito Mussolini. Esse movimento, inicialmente marginalizado,
pregava o combate ao comunismo, à democracia liberal e às organizações operárias e
socialistas.

Durante a década de 1920, operários organizados realizaram grandes greves, ocupando


fábricas, o que foi suficiente para assustar a classe dirigente. Nesse contexto, e já com apoio
financeiro dos industriais, em maio de 1921, o movimento liderado por Mussolini transformou-
se em um partido político – o Partido Nacional Fascista-e elegeu 32 membros no Parlamento.
O momento decisivo para a consolidação de sua popularidade se deu em outubro de 1922,
quando promoveu a Marcha sobre Roma.

Pressionado, Vitor Emanuel III, rei da Italia entre 1900 e 1946 convidou Mussolini para ocupar
o cargo de primeiro-ministro em 30 de outubro de 1922. Mussolini, para ganhar tempo e a
confiança dos italianos, organizou um governo com politicos de várias vertentes com exceção
de socialistas e comunistas. Ao mesmo tempo, suas milicias, conhecidas como “Camisas
Negras”, perseguiam os movimentos operários e de camponeses.

Em novembro de 1922, a Câmara e o Senado italianos decidiram conceder plenos poderes a


Mussolini, instalando uma ditadura legal até às eleições de 1924. Com isso, Mussolini alterou a
lei eleitoral e obteve uma grande vitória nas eleições. Em 1924, por meio de várias estratégias
fraudulentas, o Partido Fascista tornou-se maioria nas eleições parlamentares.

A primeira fase do fascismo

A partir de 1925, o Partido Nacional Fascista se tornou o único partido politico do país. Dois
anos mais tarde, o slogan na Itália de Mussolini resumia bem seu objetivo ditatorial: “Tudo no
Estado, nada fora do Estado, nada contra o Estado”.
O fascismo baseava-se na ideia de que o Estado impusesse o controle sobre toda e qualquer
atividade pública ou privada da população italiana, assim como questões econômicas, culturais
e políticas. Para tanto, manteve alianças não somente com a burguesia e a monarquia
italianas, mas também com a Igreja católica. Nesse periodo, os jornais foram fechados e a
informação passou a ser preduzida e controlada pelo Estado. Eram utilizados métodos
violentos de perseguição aos opositores: milhares de prisões foram realizadas pessoas foram
executadas e centenas de intelectuais, artistas e pensadores fugiram do país.

Com a Carta del Lavoro, o Estado passou a controlar a economia e as organizações de


trabalhadores, por meio do corporativismo, ou seja, uma política em que o Estado faz a
intermediação entre patrões e empregados a fim de evitar conflitos sociais, entendendo a
unidade como fator essencial para manutenção da ordem na sociedade Esse documento
oficializou a concentração do poder em Mussolini,extinguindo a representatividade politica e
mantendo a monarquia apenas em um papel formal e representativo.

Os fascistas oficializaram uma aliança com a Igreja católica com a instituição do Tratado de
Latrão, em 1929. Por meio desse acordo Mussolini reconheceu a soberania do papa sobre o
Vaticano e regularizou a situação da Igreja católica em relação ao Estado italiano. Esse tratado
representou também o fim das hostilidades politicas entre o papado e o Estado italiano, uma
vez que os Estados Pontificios háviam perdido autonomia politica desde a unificação italiana,
no final do século XIX.

A segunda fase do fascismo

A crise mundial de 1929, no entanto, atingiu o regime fascista, uma vez que um de seus
pilares, além do combate ao comunismo e à de Mocracia liberal, era, justamente, o
crescimento econômico da Itália.

A partir da década de 1930, Mussolini tentou ampliar a influência da Itália além de seu
território com base na dependència de outros povos ao fascismo, reforçando internamente
esse sistema ao mobilizar a população italiana por meio do nacionalismo.

Uma das caracteristicas dessa expansão foi o desenvolvimento de um império colonial,


buscando evocar o passado imperial da antiguidade Romana. Desde 1923, por exemplo, o dia
21 de abril, data estipulada do nascimento de Roma e até então comemorada como feriado
municipal, transformou-se em uma data civica nacional e se tornou tão importante que passou
a ser o dia do fascismo. Mussolini mandou restaurar monumentos antigos e fez de Roma um
dos principais cenários para seus discursos voltados às massas.

Para dar prosseguimento à politica expansionista, em 1936 a Itália invadiu a Abissinia, atual
território da Etiópia, na África, e declarou a fundação da África Oriental Italiana,a qual se
constituiu por um vasto território no leste daquele continente. Essa corrida imperialista teve
continuidade até meados da década de 1940.

O REGIME STALINISTA

NA UNIÃO SOVIÉTICA
STALIN VENCE SEUS OPOSITORES

Com a morte de Lenin, em 1924, iniciou-se uma disputa pela liderança politica entre Leon
Trotski e Josef Stalin na União Soviética.Trotski propunha a revolução socialista mundial. Stalin,
então secretário-geral do Partido Comunista, defendia que era necessário primeiro consolidar
a revolução no país. Stalin venceu a disputa politica,aprovando suas teses no XIV Congresso do
Partido Comunista, em 1925, e passou a governar a União Soviética (URSS) como um ditador.
Trotski perdeu seus cargos no partido e foi deportado em 1929.

A fim de expandir e centralizar o controle politico, Stalin implantou uma rigida burocracia, cujo
comando ficava a cargo do Partido Comunista Soviético (PUCS), único partido permitido e
reconhecido Pelo Estado, e de seus membros. Com o tempo, os membros dessas burocracia
passaram a constituir um grupo distinto na sociedade Soviética, pois usufruiam de direitos e
privilégios que não estavam disponíveis ao restante da sociedade. Cabia ao partido a
supervisão dos sovietes, que com o tempo tiveram suas liberdades politicas Restringidas.

A economia

Em 1928, Stalin rompeu com a NEP (Nova Política Económica), implementada por Lennin, e
colocou em vigor um projeto modernização e planificação da economia soviética. Por meio dos
planos quinquenais, centralizou as decisões financeiras, estatizou empresas,Estabeleceu metas
de produção e iniciou a coletivização forçada da agricultura no campo.

A coletivização da agricultura obrigou mais de 100 milhões de camponeses a abandonarem


suas terras e se fixarem em fazendas coLetivas, as sovkhozes. Porém, uma parte dos
camponeses não aceitou essa política e o governo soviético reagiu com deportações, prisões e
até mesmo execuções daqueles que se negaram a entregar sua produção. Esse episódio trouxe
enormes prejuízos ao setor agrícola, visto que, antes de se renderem, os camponeses
sacrificaram seus animais e destruíram sua produção. Cerca de 45% do gado e 70% do rebanho
de caprinos foi sacrificado. A região que mais sofreu com Essa política foi a República Socialista
Soviética da Ucrânia. A fome generalizada na região deu origem a uma catástrofe que ficou
conhecida como Holodomor, cujo significado é “matar de fome”

A industrialização era um ponto de destaque nos planos econômicos de Stalin. Por meio dela,
esperava-se diminuir a dependência de produtos industrializados de origem estrangeira e
aumentar o poder bélico da URSS, considerado fundamental para a manutenção de sua
soberania. Para atingir esses objetivos, o governo estabeleceu um rígido sistema de metas de
produção, que eram alcançadas com base no estimulo ao trabalho.

Ficou famosa em toda a URSS a imagem do operário Stakhanov,que havia extraído 102
toneladas de carvão em 5 horas e 45 minutos.A figura incansável de Stakhanov serviu para
legitimar o sistema de metas ao qual todos os operários soviéticos estavam submetidos.

A industrialização soviética foi complementada com uma série de investimentos realizados


pelo governo nos setores de geração de energia, matéria-prima e infraestrutura de transporte.
Como resultado dessa política econômica, a URSS atingiu altos níveis de industrialização e,
entre os anos de 1933 e 1937, chegou a alcançar cerca de 16% de aumento de sua capacidade
produtiva.

O aumento da produção foi acompanhado da melhoria da qualidade de vida. Foram garantidos


direitos básicos, como controle de Preços dos aluguéis, assistência médica e pensões. Além
disso, uma vigorosa campanha de educação e erradicação do analfabetismo foi promovida
durante os anos do regime stalinista.

0 Grande Expurgo

Buscava-se validar o rigido sistema politico e econômico implementado por Stalin por meio de
uma intensa propaganda governamental. Junto à propaganda, estava a politica de terror
contra aqueles que faziam ou eram acusados de algum tipo de oposição ao regime. Entre 1936
e 1939, o governo montou processos judiciais para punir os considerados traidores da
revolução.

A perseguição sistemática recebeu o nome de Grande Expurgo.Opositores ao regime foram


perseguidos, fossem eles bolcheviques.Militantes moderados, comandantes do exército,
artistas, intelectuais ou homens e mulheres sem qualquer envolvimento com a
política.Aconteceram prisões e deportações para campos de trabalho forçado, chamados
gulags. Ao final, foram 2 milhões de pessoas mortas e entre 5 milhões a 8 milhões de pessoas
detidas em campos. Os Bolcheviques, que dirigiram a Revolução de 1917, acabaram sendo
eliminados.

Após ser derrotado na disputa política com o grupo dirigido por Stalin, Trotski passou por
vários países até fixar residência no México.Porém, foi assassinado nesse país em 1940, a
mando de Stalin.

O Realismo Socialista

Com a centralização de poder por Stalin, o Comité Central do Partido Comunista passou a
Controlar as manifestações culturais Artistas de Viam, a partir de então, representar os
objetivos Politicos e sociais do regime com base em uma estética oficial, o chamado Realismo
Socialista.

O Realismo Socialista rejeitava o considerado formalismo burgués”, que ignorava o conteúdo


ideológico das obras. A arte deveria exaltar a Pátria soviética e as realizações socialistas, dando
nova roupagem a Lenin e à Revolução aos soldados em guerra, operários e camponeses.

Sob o regime stalinista, a arte, financiada e controlada pelo Estado, deveria enaltecer a “pátria
soviética e representar apenas o mundo dos trabalhadores: soldados em guerra, operários e
camponeses fortes e felizes, mineiros sujos de fuligem.

Com um conjunto de normas e procedimentos de produção artistica previamente delimitados


pelo Estado, o Realismo Socialista tornou-se a arte oficial da União Soviética. Ele ajudou a
construir e desconstruir a imagem de personagens célebres da Revolução de 1917. Trotski,
assim como outras lideranças bolcheviques acusadas de traição, teve sua imagem apagada da
memória da Revolução Bolchevique por meio de diversas estratégias, entre elas a manipulação
fotográfica. A intenção era apagá-lo dos momentos relevantes da história soviética.

O NAZISMO NA ALEMANHA

OS NAZISTAS TOMAM O PODER

Os nazistas foram ganhando cada vez mais apoio ao longo dos Anos 1920, ao se apresentarem
como opção aos comunistas na Alemanha. Além disso, os efeitos da crise económica mundial
do capitalismo, no inicio da década de 1930, auxiliaram o Partido Nazista, que já tinha o apoio
de industriais e parte do exército, a ganhar cada vez mais apoio popular, principalmente nos
setores mais prejudicados pela crise. Esse apoio se refletiu nas eleições de setembro de 1930,
quando o partido de Adolf Hitler conseguiu 6,5 milhões de votos e 107 (de um total de 607)
cadeiras no Parlamento.

Com cerca de 14 milhões de votos, novas eleições em 1932 deram ao Partido Nazista 230
cadeiras no Parlamento. Ao mesmo tempo. Os comunistas também ganharam poder,
conquistando 100 cadeiras, que provocou uma polarização politica.

Com o avanço dos comunistas, Hitler conseguiu mais apoio do Grande empresariado, que
entendia esse movimento como um perigo para seus negócios. Nesse cenário, após as
eleições, grandes nomes da industria pediram ao presidente Paul von Hindenburg que o poder
fosse confiado ao “partido nacional mais importante”, indicando Hitler. Em 30 de novembro de
1933, Hitler foi nomeado chanCeler (cargo correspondente a primeiro-ministro) e,
inicialmente, se colocou como a figura que traria a conciliação necessária para estabilizar a
Alemanha.

Em 27 de fevereiro de 1933, um incêndio atingiu o Reichstag.Os nazistas se aproveitaram do


evento, responsabilizando o Partido Comunista e colocando-o na ilegalidade. Além disso,
conseguiram, com um decreto no dia seguinte ao incêndio, suspender liberdades Públicas e
prender cerca de 4 mil militantes de esquerda. Em meio a esse cenário, Hitler convocou novas
eleições para o Parlamento em Março de 1933, e conseguiu 44% das cadeiras para o Partido
Nazista. Em um último movimento para garantir a maioria, cassou 81 deputados comunistas.
Por fim, em 23 de março, em acordo com o Partido do Centro Católico, Hitler recebeu plenos
poderes por quatro anos.

0 Terceiro Reich

A partir da tomada de poder por Hitler, os partidos politicos se desfizeram ou foram


dissolvidos, até que, em julho de 1934, o Partido Nazista foi declarado partido único.
Sindicatos também foram ex-tintos, assim como a administração pública passou a ser toda
controlada com a nomeação de interventores nos estados, vinculados Diretamente a Hitler. As
tropas de assalto, conhecidas como AS (do Alemão Sturmabteilung), a milicia armada dos
nazistas, e a Gestapo,policia secreta, aumentaram a perseguição a opositores, incluindo os
judeus, que passaram a ser apontados pelas lideranças nazistas como culpados por todos os
males que assolavam a Alemanha.

Hitler consolidou-se então como o Führer, o condutor, o guia e o chefe da nação, tal como
havia ocorrido na Itália com Mussolini. O Regime nazista autoproclamou-se como o Terceiro
Reich, adotando esse nome em alusão aos outros dois impérios alemães – o Sacro Império
Romano-Germânico (962-1806) e o Império Alemão (1871-1918). A valorização de um passado
glorioso idealizado, que nem sempre correspondia à realidade histórica e sim a uma mitologia
politica criada com base nela, compunha vários aspectos do ideário e da estética nazistas. Uma
vez no poder, com o pleno controle de todas as instituições do Estado, o regime intensificou a
difusão de seu programa, pondo em prática diversas medidas para ampliar a popularidade e
consolidar, cada vez mais, o poder do Führer.

Com a morte de Hindenburg, em agosto de 1934, Hitler conseguiu do Parlamento a fusão dos
cargos de presidente e chanceler.

Tornando-se o chefe das Forças Armadas. O golpe constitucional foi também aprovado pelo
Exército e por plebiscito popular. A partir disso, Hitler teve o caminho livre para fundar seu
Estado totalitário baseado na violência e no discurso da superioridade do povo alemão.

Com a expansão territorial, Hitler começou a fundar as novas estruturas do aparelho de Estado
que deram seguimento a seu projeto de “um Reich que viveria mil anos”.

Justificativas ideológicas de nazismo

Um conjunto de justificativas ideológicas era responsável por afirmar e validar o regime A


literatura, os cartazes de propaganda e cinema, ou seja, todas as representações a serviço do
nazismo, propugavam essas ideias simplificadas a fim de dispensar qualquer reflexão por parte
das pessoas. Parte considerável da sociedade alemão, entre as décadas de 1930 e 1940, se
identificava com essas delas muitas vezes por ressentimento, revanchismo e por causa de um
grande descontentamento com os resultados da crise econômica que assolou o pais na década
de 1920 e no inicio da década de 1930.

Essa conjuntura foi paulatinamente manipulada pelos nazistas para chegarem ao poder e nele
se manterem insuflando o ódio da população contra aqueles considerados inimigos comuns e
uma visão que combinava belicismo, nacionalismo e racismo.

Por meio da mobilização de conceitos, preconceitos, clichés e sentimentos politicos que, por
vezes, já estavam presentes na sociedade alemã e em outras regiões que foram conquistadas
pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial, o nazismo se baseava em:

. Pangermanismo de acordo com essa tese, o Estado alemão deveria reunir todos os sujeitos
de etnia germànica que viviam em outros paises em uma mesma nação e em seguida,
estender seu dominio sobre outros territórios para assegurar sua permanència como potência
mundial.
. Arianismo (ou superioridade da raça aria-Na): difundido pelo nazismo, afirmava a suposta
superioridade dos brancos e entre estes, a dos descendentes do povo ariano indo-europeu. Os
descendentes mais próximos desse grupo seriam os alemães. Baseava-se nos principios da eu-
genia, surgida em meados do século XIX, que pregava a seleção de seres humanos por meio
da reprodução entre indivíduos que acreditavam ser arianos puros, com o intuito de criar uma
raça superior”. Ao mesmo tempo, apregoava que outros grupos humanos, ditos inferiores, não
poderiam se reproduzir e deveriam ser eliminados. A aplicação dessa ideologia levou ao
confinamento e posterior extermínio de milhões de indivíduos pertencentes a tais grupos,
como judeus, ciganos, eslavos, homossexuais, pessoas com deficiência e doença mental, entre
outros.

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