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Escola Secundária de Caldas das Taipas

Ano letivo de 2022-2023 – História A – 12ºAno

Estalinismo

O Estalinismo é uma outra forma de aplicar a mesma política: o totalitarismo.

- Lenine não chegou a ver o êxito da NEP, pois morreu em Janeiro de 1924, deixando
um enorme vazio politico e uma renhida luta entre Estaline (secretário-geral do
PCUSS, desde 1922) e Trotsky (chefe do Exército Vermelho).

Em poucos anos, Estaline desembarcar-se-á dos seus opositores, metodicamente


eliminados. Por exemplo, Trotsky foi deportado (1928) para o Cazaquistão, depois
expulso da URSS (1929), exilando-se, mais tarde, no México, onde foi morto, em
1940).
A partir de 1929, dominou sozinho o PCUS e, através dele, os principais órgãos do
regime (centralismo democrático), poder que conservou até morrer em 1953,
tornando-se o chefe “incontestado” da União Soviética, neste período.

Em resposta á crise capitalista de 1929, impôs o abandono da NEP que, aliás,


considerava ser um obstáculo á consolidação do socialismo, pois permitia a existência
da classe burguesa e de elementos capitalistas na economia soviética. Assim, desde o
V Congresso do PCUS que Estaline defendia que o único meio de conseguir uma
efectiva igualdade social era a colectivização dos meios de
produção/nacionalização terras, minas, indústrias, bancos, empresas comerciais
— que passaram para as mãos do Estado, para que este os reorganizasse e
gerisse.

A) Na agricultura - Em 1929, Estaline determinou que se expropriassem as


propriedades (com o gado), criadas durante a NEP, o que provocou uma
enorme onda de revolta dos KulaKs (cerca de 3 milhões de pequenos
proprietários) que resistiram mas que foram brutalmente reprimidos,
deportados para a Sibéria (Gulags, campos de trabalhos forçados) ou até
executados. Os terrenos, onde se integram também as terras incultas ou
abandonadas, foram reorganizados em cooperativas de exploração:

• Kolkhozes (75% de área cultivada) eram cooperativas de produção, cultivadas em


comum pelos camponeses das antigas aldeias e administradas por técnicos indicados
pelo PCUS. Estas quintas possuíam duas partes distintas: uma trabalhada
colectivamente e outra dividida em lotes (1/2 há) que cada camponês explorava e
onde colocava a sua casa.

• Sovkhozes (25% de área cultivada) eram propriedades estatais onde trabalhavam


camponeses-assalariados, à tarefa, e administradas por uma equipa de técnicos
(funcionários) públicos.

O Estado concedia auxílio às cooperativas agrícolas através dos MTS — organismos


públicos regionais que possuíam alfaias agrícolas necessárias ao desenvolvimento
do trabalho — que as alugavam a troco de géneros rendimentos). Em 1939, 97% da
agricultura soviética era colectivizada. Apesar da resistência, os resultados foram
positivos, sobretudo para a produção de algodão, trigo, beterraba e açúcar.
Por outro lado, a colectivização rural era indispensável para libertar mão-de-obra para
as fábricas e garantir a sua alimentação.
A indústria foi o alvo principal de Estaline para fortalecer a URSS e desenvolveu-
se segundo uma rígida planificação, contrastando com a livre iniciativa do
capitalismo liberal que permitiu a ocorrência de crises de superprodução.

O Estado soviético estipulava metas para a economia, através de planos —


quinquenais — que eram elaborados pelo Gosplan (departamento
governamental criado para o efeito) para definir os objectivos e orientar o
crescimento económico do país para 5 anos:

1° Plano (1928-1933) — Para além da colectivização da agricultura, apontou-se


para a indústria pesada — siderurgia, energia eléctrica, minas e maquinaria —, os
transportes e a produção de matérias-primas industriais (ex: algodão).
Recorreram a técnicos estrangeiros mas também permitiram a formação especializada
de técnicos no exterior.

2º Plano (1933-1938) — Foi dada prioridade à indústria ligeira (têxtil/s e alimentar)


à criação de gado, de modo a elevar a qualidade de vida da população.

3° Plano (1938-1945) — Apoio às indústrias químicas e energéticas, mas foi


interrompido em 1941 pela invasão alemã, no âmbito da 2ª guerra mundial.
Após a guerra, e entre 1945 e 1955, os planos quinquenais foram reiniciados para
alcançar a retoma económica da produção agrícola e industrial desorganizada durante
o conflito. Ao nível dos circuitos comerciais, cedo se formaram cooperativas de
consumo e armazéns que impediam a especulação dos intermediários.

Esta economia planificada só foi possível graças à existência do centralismo


económico, isto é, a economia estava ao serviço e sob a autoridade do Estado,
mas não foi fácil implementá-la: à inicial resistência das populações e falta de
meios, o Estado soviético respondeu com persistência e métodos persuasivos.

De qualquer forma, os planos quinquenais tornaram a URSS numa potência


industrial moderna que, ao entrar na 2a guerra mundial ocupava o 3° lugar atrás
dos E.U.A. e da Alemanha, era o 2° produtor de petróleo e o 3° de carvão e aço.

Após o conflito atingiram o estatuto de super-potência, ao lado dos americanos.


Para este crescimento económico soviético, qualquer que seja a perspectiva histórica,
muito terá contribuído a acção governativa de Estaline que, além de repressiva, foi
decisiva para o rumo da História e para a URSS, pois colocou-a entre as grandes
potências industriais e tornou-se o líder do mundo socialista.

A interacção do Partido e do Estado é específica da URSS, no que se opõe à


concepção de Estado liberal do ocidente, em que o Estado representa a Nação e é
suprapartidário (acima dos partidos), servindo de árbitro. Para o comunismo, o
Estado é parcial, pois governa em nome do proletariado, sendo o partido a sua
vanguarda, a sua elite (Nomenklatura) e o seu fiscal, tal como está previsto na sua
Constituição de 1936 (houve duas anteriores: 1918 e 1924).

Assim:

1- Uma democracia, pelo uso do sufrágio universal da população para eleger os


membros dos órgãos políticos.
2- Outra autoritária, centralizadora e repressiva que obriga todos a obedecer às
decisões vindas de cima para baixo, isto é do Partido.

Trata-se, portanto, do centralismo democrático que reveste ainda um carácter


totalitário, pois toda a sociedade soviética estava enquadrada em organismos que
vigiavam o rigoroso cumprimento das regras e valores soviéticos (da mesma maneira
que os regimes fascistas):
- Os jovens, primeiro nos Pioneiros e, depois, nas Juventudes Comunistas e os
trabalhadores que eram obrigados a filiarem-se no partido;

- A própria cultura estava ao serviço do Estado, através da propaganda para a


revalorização do passado histórico russo, encarnado na figura do chefe (Estaline)
que se torna, também, alvo de culto da personalidade.

- Do ponto de vista político, a partir de 1935, Estaline lança um clima de terror —


depurações ou purgas — com o objectivo de manter a disciplina e os princípios
revolucionários do comunismo e do partido. Instaura uma verdadeira perseguição
policial (até 1953), de que resulta a morte de 70% dos principais membros do PCUS
ou na deportação para trabalhos forçados nos Gulags (como foi o caso da
colectivização da agricultura). A polícia política — KGB — agia como um estado
dentro do Estado, julgando à porta fechada e sentenciando penas de morte,
prisões perpétuas ou deportações sem qualquer hipótese de recurso.

A docente,
Maria da Graça Castro

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