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Natal - RN
2018
2
M528i
Melo, Paulo Gabriel Batista de Melo. 1968;
Título INDIGENISMO: NOSSOS POVOS
ORIGINÁRIOS, UMA HISTORIOGRAFIA DOS
POVOS DA AMÉRICA. Paulo Gabriel Batista de
Melo; Columbia, SC. USA: Editora: Independently
published, 2020. Idioma: Português.
317 p
APRESENTAÇÃO DO LIVRO
1
MENEZES, Marilda Aparecida. Historia Oral: Uma metodologia para o estudo da memória. In:
Revista vivência: Memória. Natal: EDUFRN, 2004 (P.20 a 36) O que se pretende com a história
oral aproxima-se bastante da perspectiva de Geertz com a proposta de "descrição densa", que
busca não uma interpretação da fala do nativo e sim uma aproximação de seu ponto de vista.
Para Geertz, através do estudo na aldeia, o antropólogo procuraria construir pontes para conciliar
a sua subjetividade e a do informante [...] Os trabalhos baseados em relatos orais tentam
incorporar as vantagens da subjetividade dos documentos. Ao se incorporar as relações de
subjetividade entre o pesquisador e o informante, questiona-se o pressuposto da verdade
histórica. História oral na origem, ela foi associada ao estudo das minorias, dos marginalizados,
atualmente, incorporou no seu campo um debate teórico-metodológico profícuo. O
reconhecimento e adesão por um considerável número de pesquisadores de diferentes
disciplinas demonstra o seu êxito[...] disciplinas como história, sociologia, antropologia,
linguística, literatura e psicologia. Vários pesquisadores chamam atenção para a necessidade de
não perder de vista o compromisso político com os grupos sociais oprimidos e com pouco direito
a voz, o que constituía um dos princípios originais dos pesquisadores, lideranças de movimentos
sociais que utilizaram esta metodologia [...]O registro escrito da história de vidas de grupos
sociais considerados "sem voz" era concebido como uma ferramenta política, sendo o
conhecimento do passado fundamental para a preparação da luta futura e para a compreensão
global de sua realidade.
5
DEDICATÓRIA
AGRADECIMENTOS
Aos meus filhos Pablo e Patrick, meus tesouros, perdão por minha
ausência em tantos anos de pesquisa, trabalho e estudo. Amo vocês.
Aos meus pais Francisco Barboza e Terezinha Batista de Melo, por ter
me dado a vida, por seu esforço incondicional e pelo apoio moral da infância a
idade adulta.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ................................................................................................,,,...09
BIOGRAFIA DO AUTOR .......................................................................................22
CAPITULO I - A HISTÓRIA INDÍGENA NA AMÉRICA, NO BRASIL E SEU
DESENVOLVIMENTO DA COLONIZACÃO AOS DIAS ATUAIS
.......................................................................................................................................25
1.1 AS PODEROSAS CIVILIZAÇÕES INDÍGENAS ASTECAS, MAIAS E INCAS....30
1.2 NUESTROS PAISANOS LOS INDIOS................................................................35
1.3 OS INDIOS DO URUGUAI - A TRISTE HISTÓRIA DOS CHARRÚAS.... 44
1.4 ORIGENS NO BRASIL.........................................................................................54
1.5 NOMES IMPORTANTES NO INDIGENISMO NO BRASIL................................78
1.6 DETERMINISMO GEOGRÁFICO.........................................................................97
1.7 POVO MENKRAGNOTI UMA LIÇÃO DE ECOLOGIA..........................................97
1.8 UMA LINDA LENDA DE FOZ DO IGUAÇU...............................................101
1.9 HÁ ÍNDIOS NO RIO GRANDE DO NORTE?............................................105
1.10 OS MAPUCHES DO CHILE E DA ARGENTINA.....................................120
1.11 APRENDENDO COM OS MUSEUS .......................................................123
CAPITULO II - A VIDA DOS XUKURÚS ANTES E APÓS A DEMARCAÇÃO.........151
2.1 A TERRA É O CENTRO DOS CONFLITOS E A FAZENDA É O LOCAL DA
LUTA...........................................................................................................................151
2.2 OS MOVIMENTOS SOCIAIS QUE BUSCAM A TERRA COMO MANUTENÇÃO DE
SUA DENTIDADE.......................................................................................................154
CAPITULO III - A VIDA DOS XUKURÚS ANTES E APÓS A DEMARCAÇÃO.......159
3.1 A HISTÓRIA DO CACIQUE CHICÃO.................................................................159
3.2 OS CONFLITOS NA SERRA DO ORORUBÁ COM OS FAZENDEIROS............184
3.3 A VIDA DO POVO XUKURÚ NO GOVERNO MILITAR ....................................190
3.4 AS LEIS DE PROTEÇÃO NA CONSTITUIÇÃO DE 1988....................................194
3.5 COMO PODE SER VISTA A HISTORIOGRAFIA DA EDUCAÇÃO NACIONAL..218
3.6 A VIDA DO POVO APÓS A DEMARCAÇÃO......................................................223
INTRODUÇÃO
2 BORGES, Vavy Pacheco. O que é história. 2 Ed. Ver. São Paulo: Brasiliense,
1993. "Para compreender a história de cada nação, preocupação geral do século , os
historiadores voltam ao passado, procurando caracterizar o espírito de cada povo; esse espírito
é que explica para eles sua situação e sua maneira de ser".
10
O interessante é notar que escola que deveria ser uma instituição que
educa e mantém a cultura, no caso dos povos originários foi a grande vilã que
dizimou a sua cultura, a ponto de matar até a língua, quando conheci os Xukurus
eles tinham apenas cento e sessenta e cinco palavras em seu vocabulário. É
possível depreender que quanto mais próximos estavam do litoral do Nordeste
mais rápido era o contato com os Europeus e mais rápido era a sua dizimação,
metade dos índios morriam de doenças, pois não tinham imunidade, "os
europeus eram pestilentos"3, cheios de doenças incubadas, as quais já tinham
adquirido imunidade era fatal para os índios. Dessa forma foram dizimados por
doenças e assassinatos vinte milhões de índios na América, é o segundo maior
etnocídio, só perdendo para os cem milhões de negros mortos nas américas
durante a escravidão, não entendo por que tão pouco se fala deste tema, será
que é porque teríamos uma dívida moral para com esses povos.
Na constituição de 19884, foi reconhecido aos índios Em seu Capítulo VIII
e seu Art. 231, os direitos constitucionais para sua melhoria na qualidade de vida,
cultural e educacional, porem, muito falta para sua execução.
Esquecendo-se que não existem culturas inferiores5, os conquistadores
de terras brasileiras praticaram a mais horrenda das atrocidades, que segundo
vários historiadores nominados nesta pesquisa apontam para um objetivo. A
busca do vil metal (ouro e prata).
Sou descendente de Judeus vindos de Portugal, por isso não é
depreciativa a reflexão que pretendo gerar. Mais ou menos seis milhões de
judeus foram mortos nos campos de extermínio da Alemanha nazista, esse fato
repugnou a humanidade que não esqueceu até hoje segundos alguns
historiadores do RN isto se deve pelo fato de que os judeus são em sua grande
maioria empresários e fazem parte d uma elite que está também na mídia ao
passo que índios, negros e outros grupos não, mas e quanto ás outras
mortandades? Porque o mundo não dá a mesma importância? Será que a mea
culpa nos acusa nessas outras e por isso não damos muita importância?
3
RIBEIRO, Darcy. O povo brasileiro. A formação e o sentido do Brasil. São Paulo. Companhia das letras,
1998.
4
BRASIL. Constituição Federal do Brasil. Brasília: Senado Federal, 1988.
5 VILA NOVA, Sebastião. Introdução a sociologia. São Paulo: Atlas, 1985.
11
6 PERISSINOTO, Renato M. Hannah Arendt, poder e a crítica da "tradição". Lua Nova, 2004. nº 61,
p.115-138.
13
A RELEVÂNCIA DO TEMA
Podemos dividir a história do Brasil em Período Colonial,
Período Imperial e Período Republicano, mas ainda podemos pormenorizar
estes períodos e analisar seu currículo em todos esses períodos. Hoje
começamos a desvendar a pré história brasileira, comprei meus primeiros livros,
de pesquisadores alemães e alguns brasileiros, muito falta nessa área.
7
Em entrevista ao professor da UFRN - Thiago Ruzemberg, este número pode chegar a vinte
milhões segundo novas pesquisas arqueológicas realizadas em cidades e territórios indígenas
na Amazônia.
8 OLIVEIRA, Dimas da Cruz. História do Brasil. 1500-1822, os primeiros séculos
do período colonial. São Paulo: Discovery publicações, 2000. " Massacres e
dizimação causada por doenças, sem esquecer o extermínio sistemático de tribos inteiras, como
paresi, paiaguá, e guaicurus [...] no lucrativo escambo do pau-brasil os índios foram abertamente
escravizados pelos colonizadores [...] através dos séculos a população indígena foi dizimada por
guerras de extermínio"
9
________ MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO. Diretrizes
Curriculares Nacionais para a Formação Inicial e Continuada dos Profissionais do
Magistério da Educação Básica. PARECER CNE/CP Nº:2/2015.
14
Por ter sido aeronavegante da Força Aérea por trinta anos, morei em
diversos estados do Brasil e em todos eles fiz minhas pesquisas, também em
muitos países da América do Sul (quase todos estive com exceção das Guianas
e do Equador), por isso pude aprofundar em muito as minhas pesquisas que na
maioria das vezes era de convivências com os indígenas como foi o caso dos
sete anos com os Yanomamis (Rr), do 15 anos com os Xukuru's (Pe), os dez
anos com os Terenas (Ms) e por ai começam as minhas pesquisas sobre índio
na América, quero te convidar a fazer esta viagem cultural fascinante pelos
povos originários da nossa Sudamérica.
Em 18 de novembro de 2015 fui com minha esposa a um seminário promovida
pelo SEBRAE10 na cidade de Natal no qual houve uma palestra da na qual se
intitulava como educação empreendedora e das quais uma palestrante nos
chamou a atenção pelo brilhantismo como conduziu a história da educação no
Brasil A Sra. Vânia Rego11 ao afirmar que a educação em nosso país deve ser
diversa, pois 'ele não é uno é diverso e que a nossa diversidade é a nossa
riqueza e não a nossa fraqueza'.
De 22 de abril de 1500 - Descobrimento oficial por Pedro Álvares Cabral
até 1549, período pré-colonial, nada houve no Brasil com relação a educação,
no Brasil colônia de 1549 - 1822 nada fora feito pela educação, apenas eventos
isolados de interesse de alguns poucos que mais queria impor o português para
catequizar os índios e escravizá-los do que para educá-los e nisso já se vão
trezentos e vinte e dois anos sem nada de educação. Em 1808 A família real
com D. João veio para o Brasil fugindo das guerras napoleônicas, evento que
10
Serviço Brasileiro de Apoio ás Micro e Pequenas Empresas
11
Vânia Rego é Graduada em Pedagogia, mestre em Gestão e Políticas Públicas Educacionais,
pela Universidade de Brasília. É professora da Rede Pública e atuou na Educação Superior por
mais de uma década. Na Secretaria de Estado de Educação, já exerceu, nos últimos 20 anos,
as funções de professora do Ensino Fundamental, coordenadora pedagógica, vice-diretora e
diretora eleita – época em que a escola recebeu, da UNESCO, CONSED e UNDIME, o título de
“Referência Nacional em Gestão Escolar”. Foi Articuladora do Centro de Referência em
Alfabetização de Ceilândia. Na década de 1980, a professora foi sócia fundadora do CEPAFRE
– Centro de Educação Paulo Freire de Ceilândia. Coordenou a elaboração da Proposta Político
Pedagógica do Projeto SESI – Por um Brasil Alfabetizado; Coordenou a elaboração de livro
sobre EJA do DR-CE do SESI, em parceria com a Universidade Federal do Ceará. É uma das
autoras do livro Políticas Públicas e Gestão da Educação Básica-O Distrito Federal em Foco,
publicado pelo Núcleo de Pesquisas em Políticas e Gestão da Educação UnB/FE/PPGE. Em
1990, a professora foi aprovada em concurso da CEB-Cia Energética de Brasília e foi demitida
pelo, então Diretor de Distribuição, José Roberto Arruda, e readmitida pela justiça trabalhista seis
anos depois. Hoje, ocupa o cargo de Subsecretária, como Chefe da UAG da SEEDF. Acesso em
24 de novembro de 2015 http://donnysilva.blog.br/vania-rego-educadora-exemplar.
15
vieram quatorze mil nas caravelas e somente eles tinham acesso a educação,
os índios ainda passaram amargamente por algum processo de catequese, mas
os negros africanos eram considerados sem alma, por isso nem sequer eram
catequizados, eram simplesmente um objeto de posse, do qual J. Paulo II pediu
perdão pela Igreja ter endossado e permitido tamanha brutalidade, nós não
somos descendentes de escravos, somos descendentes de africanos porque
escravatura não é condição de ser humano é consequência dos desvios
humanos da moral. Em 1822 Começa o período do Brasil império e em 15 de
novembro de 1889 ocorre a Proclamação da República pelo Marechal Deodoro
da Fonseca que toma o poder na madrugada juntamente com os republicanos
ao ocuparem o quartel general do Rio de Janeiro. De 1889 - 1930 temos o
período da República Velha no qual não havia interesse que o povo fosse
educado e assim houve poucos avanços na área educacional e assim já se
passavam quatrocentos e trinta anos sem nada de educação no Brasil. De 1930
- 1945 ocorre a era Vargas, sendo que de 1930 a 1937 é o período da República
Nova e em 1937 o Estado Novo. Em 1930 oitenta por cento da população
brasileira era analfabeta e na República Velha só votava doze por cento que
eram os homens alfabetizados, 'educação é para todos se é para poucos é
privilégio. O período de 1930 a 1937 é primeiro espaço em quatrocentos anos
onde é aberto espaço para educação com o 'Manifesto dos Pioneiros' de Anísio
Teixeira, que me emociona sempre que leio, diz Vânia Rego, em 1934 pela
primeira vez o Estado assume a educação pública. Nesse ponto da palestra ele
fez algo que me marcou e me fez refletir, pois havia mais ou menos seiscentas
pessoas no auditório e ela pediu para levantar a mão quem dos presentes tinha
pais que haviam feito o curso superior, somente dez pessoas levantaram as
mãos, em seguida ela pediu que levantasse a mão que tinha curso superior e
quase todos levantaram as mãos, ela nos falava que não era por incompetência
de nossos pais, mas simplesmente por falta de oportunidade que lhes fora
negada, depois de muita luta, em especial de Nísia Floresta é que as mulheres
puderam votar12.
12
Campos, Elza Maria. A luta pela participação política da mulher. Com acesso em 24 de
novembro de 2015 em http://www.gazetadopovo.com.br/opiniao/artigos/a-luta-pela-participacao-
politica-da-mulher-ci4jvqyjuiinqdey45nx005jk "No Brasil de fins do século 19, a luta das primeiras
organizações de mulheres era pela educação e pelo voto. Uma das vozes destacadas era a
abolicionista feminista Nísia Floresta, no Rio Grande do Norte, onde também elegeu-se a
16
O reflexo disso é que o Rio Grande do Norte é hoje o estado com a maior
representatividade feminina na política nacional, a luta de poucos é a melhoria
de muitos. O estado Novo de 1937 a 1945 foi implantado a educação somente
nos centros urbanos. 1945 - 1964 ocorre a era populista com vinte e seis anos
de democracia com a Lei Magna da educação 4024/1961 de Vicente Martins.
Em 13 de março de 1964 João Goulart começa a reforma agrária e um projeto
de educação de qualidade, mas em primeiro de abril 1964 ocorre o Golpe Militar,
Paulo Freire é o primeiro a ser preso e fichado nesse regime por ser considerado
uma grande ameaça a segurança nacional. Em Brasília ocorre a segunda maior
greve de professores do país, pois queríamos melhorias no 'Currículo escolar',
visto que ele materializa a desigualdade.
No final de 1979 e início de 1980 chega o primeiro avião com os exilados
políticos, e em 1980 ocorreu as 'diretas já', com a eleição de Tancredo Neves e
em 1988 a Constituinte que começava a nortes a educação de uma forma mais
justa e igualitária com os artigos de 205 a 214 e a Lei 9394/96 a LDB - Lei de
Diretrizes e Base da Educação Nacional.
A Sra. Vânia Rego fecha sua palestra com uma frase impactante que nos
faz refletir a corrupção em nosso país. 'Quem defende privilégios, nega direitos'.
Em 19 de outubro de 2015 realizei a prova do mestrado em uma
Universidade federal do Nordeste cujo tema foi o segundo eixo temático do Plano
Nacional de Educação ''Diversidade cultural - indígena'', imaginei que como
pesquisava há vinte anos a questão indígena no Brasil, em especial no estado
de Pernambuco, eu conseguiria expor as idéias que eram fruto de muita
pesquisa, mas as universidades federais do Brasil não aceitam alunos em pós
graduação que tenham sido alunos seus, é uma muralha intransponível e que
apesar de ser pública este índio desaldeado que vos escreve nem mesmo pode
pegar um livro emprestado na biblioteca das universidades federais, criadas e
mantidas pelo erário público, pois na verdade foram feitas para manter as elites
em seu poder, sendo o mais excludente instrumento educacional do Brasil, o
plano nacional de educação tem como meta até 2024 ter 65 mil mestres, imagino
que isso só acontecerá se a iniciativa privada trabalhar e investir duramente, pois
em educação as universidades federais oferecem apenas quatro vagas, estas
primeira mulher, em 1928 – Alzira Soriano, prefeita de Lajes, que não pôde terminar o mandato
porque o Senado anulou os votos das mulheres"
17
não são para índios e nem para alunos que não fizeram seus cursos lá, dessa
forma o governo continua investindo milhões nas universidades federais para a
elite burguesa que é quem estuda nos seus programas de pós graduação, na
mesma semana fiz prova e entrevista para mestrado na USACH - Universidade
de Santiago do Chile e passei, passei também no mestrado particular do
Salesiano, mas na federal jamais passaria por não ter estudado lá, uma prova
que tinha que discursar sobre indígenas, este índio na federal não foi aprovado,
que mais precisa afirmar a não ser que no Brasil quem faz o investimento em
educação é o próprio povo, que tira dinheiro de seu pão para pagar a educação
como fiz toda a minha vida, ficam com nossos impostos e dão caviar para os
ricos nas federais deste país, quis passar nos outros mestrados apenas para
provar que eu não tinha um currículo deficiente, mas que a federal tinha um
currículo de seleção excludente. É um mundo de arrogância e prepotência de
homens e mulheres que se consideram os deuses do olimpo, fui conversar na
mesma semana com um pós graduado que dá aula na federal que prestei
concurso, e perguntei sinceramente qual a forma de ingresso e obtive como
resposta 'os alunos daqui da federal ainda na graduação, observam os
professores que orientam no mestrado e doutorado e começam a fazer projetos,
vão a seminários e congressos que o professor está presente, para serem
notados, aí se apresentam para o devido professor para fazer pesquisas em seus
projetos, para que o mesmo lhe permita ser um orientando seu', perguntei então
o que era feito com as pessoas de boa fé que pagam cento e cinquenta reais -
valor de 2015 - fazem a prova com a ilusão de que serão admitidas, não seria
desonesto, ao que ele me respondeu 'pense bem se um orientador vai
desperdiçar seu tempo com um estranho que ele não sabe se levará o mestrado
até o final. Então suponho que os milhares de alunos que desistem de seus
cursos de graduação, não devessem fazer o ENEM e nem entrar para
universidade se não terminarem seus cursos e que agora os professores é que
irão escolher seus alunos, não precisa mais gastar dinheiro com provas, nem o
governo nem os alunos.
Tive ainda a oportunidade de conversar com funcionários e orientandos
das federais e os mesmos confirmaram que esta era de verdade a forma de
ingresso, embora eles não concordassem com esta prática.
18
BIOGRAFIA
22
Parnamirim - RN
Cursos de Pós Graduações, Graduações e técnicos :
ESTÁGIOS
Operações e vida na selva (CENTRO DE EB) CIGS 1992
Mecânica de ANV T-27 AFA 1989
Extensão e Mecânica -BMA EEAR 1995
Padronização de monitores (2°/8° Gav) 1997
Medicina Aeroespacial (BARF) BARF 1998
Segurança de vôo (SERAC II) SERAC II 1999
Gestores de manutenção (SERAC II) SERAC II 2000
Eletrônica de combate 2º/8º GAV BARF 2002
Sobrevivência no gelo (QUINTERO-CHILE) CHILE 2012
Cargos Exercidos
Coordenador de curso Aeroclube Recife 1996/06
Membro da Equipe de Resgate 7º/8º GAV - FAB 1990/96
Membro da Equipe de Resgate 2º/8º GAV - FAB 96/2006
Membro da Equipe de Resgate 2°/10° GAV - FAB 2006/13
Coordenador de curso AFAER - Recife 1996/06
Professor da Faculdade Helena Guerra Campo Grande 2005
MS
Professor do Curso de Teologia EDAP Campo Grande
MS 2004
Operações de grande vulto que participou
Acidente do avião da GOL (SERRA DO CACHIMBO- AM)
Diversos acidentes aeronáuticos, Náuticos e terrestres de 1989 a 2014
24
10 - Informações Complementares
Fundador da AFAER (Academia de Formação de Aeronautas - Recife - PE)
E-mail :gabrielmelopaulo@gmail.com
25
CAPITULO I
A PRÉ-HISTÓRIA BRASILEIRA E NA SUDAMÉRICA
Pouco tenho visto em livros escritos sobre a pré-história brasileira em nossas
livrarias, e nos países da América do Sul também, poucos sítios arqueológicos
temos e pouco investimento tem sido destinado a eles aqui no Brasil, já Israel
que é do tamanho de Alagoas tem diversos sítios arqueológicos, com pesados
investimentos, mas com tanta corrupção no Brasil não sobra nada pra pesquisa.
O livro é caro, as bibliotecas das Universidades federais só fazem empréstimos
para seus alunos que são 20% da população universitária brasileira, diversas
cidades brasileiras não tem biblioteca pública, aí me pergunto como se tornar um
bom leitor com tamanha resistência e dificuldade, só me resta concluir que a elite
que está no poder, seja ela quem quer que seja, ao chegar ao poder não pensa
no país e muito menos no povo.
Encontrei um bom livro sobre nossa pré-história de um escritor alemão chamado
por Ludwig Schwennhagem13.
Em suas pesquisas, ainda com muito por andar no Brasil, afirma que a nossa
origem é fenícia e apresenta mais de duas mil inscrições fenícias em petroglifos
espalhadas por toda América do sul, como prova inconteste que em 1.100 a.C.
eles estavam por aqui, e que muitas palavras dos Tupis são de origem fenícia,
já o sítio arqueológico que encontrou Luzia fez a datação em 12 mil anos,e ela
passou a ser um dos fósseis mais antigos da América 14, há ainda muitos
pesquisadores que afirmam em 15 mil anos a chegada do primeiro humano na
América.
Ainda podemos citar uma boa obra sobre a pré-história do Uruguai no seu
capítulo dois do escritor Kleim (2012)15 e a incrivel obra de Sarassola (2013)16
13 Ludwig Schwennhagem em sua obra Antiga História do Brasil: de 1100 a.C. a 1500 d.C. Limeira-SP:
Editora do Conhecimento, 2004. R$ 45,00.
14 Luzia, o fóssil mais antigo da América (encontrado em 1974), o pesquisador Walter Neves percebeu que
a ossada era bem diferente da dos índios brasileiros atuais. Assim, os cientistas começaram a desconfiar
que, além da primeira, uma segunda onda migratória, com traços mais asiáticos, poderia ter ocorrido há
cerca de 12 mil anos. disponível em https://revistagalileu.globo.com/Sociedade/noticia/2017/03/cranio-
encontrado-em-minas-pode-mudar-historia-da-migracao-das-americas.html
15 Kleim, Fernando. Nuestro pasado indígena. Montevideo: Zonalibro, 2012. $ 320 (pesos uruguaios).
obs.obra em espanhol
16Sarasola, Carlos Martínez. Nuestros paisanos los indios. Buenos Aires: Del nuevo extremo. 2013. $ 230
(pesos argentinos). A obra de Sarasola é riquíssima porque ele escreveu três livros e por último juntou
todos eles em um único exemplar, um legado para a historiografia do indigenismo na Sudamérica.
obs.obra em espanhol
26
descrita mais a frente, este conjunto de autores fazem uma perfeita harmonia
dos povos originários pré-históricos da Sudamérica.
Afirma Kleim (2013) sobre a paisagem pré-histórica que "do ponto de vista
geomorfológico o cenário que ocupa o território uruguaio era perfeitamente
habitável ao ser humano desde 13.000 antes do presente(AP)" Afirma ainda que
"Os grupos humanos que chegaram a la Cuenca del plata entre oa anos de
13.000 e 10.00 (AP) estavam adaptados ou tiveram que adaptar-se a um
ambiente de estepe".
Afirma ainda Kleim (2013) que os arqueólogos tem admitido uma ocupação de
seres humanos na região do Ururguai com data não menor que 13.000 anos
(AP), afirmado ainda que eles conviveram com a megafauna, mamíferos de mais
de toneladas.
Essa população conviveu durante milênios com uma fauna hoje
extinta, com animais de grandes dimensões cujo peso superava
a tonelada. Os níveis do mar variavam de forma extrema com
distanciamentos deste com relação a costa, em alguns casos,
ou em aumentos de seu nível até cobrir amplas zonas do atual
território uruguaio, em outras.
Ele afirma também que não foram as condições climáticas, mas o consumo
humano que extinguiu a megafauna, e ao relatar os instrumentos dos
povoadores naquelas terras diz que a indústria lítica evoluiu de tosca para polida
até surgir a cerâmica que se tornou cada vez mais complexa. "A caça e a pesca 17
e seu vínculo com o nomadismo" e até sedentarismo fez surgir o cacicado como
chefes políticos, o shamam o sacerdote e outras hierarquias e a medida que a
população aumentou sugiu a horticultura medicinal e alimentar com o cultivo de
milho já domesticado pelo homem, abóbora e feijão, porém não se considera
agricultura, Yuval N. Hahari doutor em História por Oxford, afirma em sua obra
Sapiens18 que houve três importantes revoluções a saber: a revolução cognitiva
17
Os estudiosos dos hábitos alimentares dos povos originários acreditam que a pesca era usada
como fonte suplementar de alimentação mas nunca sua fonte principal, visto que não ddá para
alimentar cem pessoas com pesca artesanal, motivo pelo qual eles acreditam que os grupos não
tinham mais de cem pessoas nesse período.
18Hahari, yuval Noah. Sapiens: uma breve história da humanidade. 18ª Ed. Porto Alegre: L&PM, 2016.
Pág. 11. Como assíduo leitor, creio que a maneira como escreveu Sapiens, de uma forma científica e
engraçada, tornou a obra mais prazerosa do que muitas obras que por vezes são enfadonhas, muito
simpatizei com o estilo de escrita deste autor, para uma humanidade tão pouco leitora.
27
plantas como feijão e abóbora, milho; estes restos de vegetais podem dar uma
datação que se extende desde 4.000 anos a.C. até a chegada dos europeus".
Muitos instrumentos feitos com pontas de osso, cerâmicas simples e elaboradas
e é comum a prática de se enterrar os mortos.
Kleim (2013) como diversos autores faz uma importante consideração a respeito
dos enterros e a forma como revelam diversos modos de vida de sociedades
antigas.
Os restos funerários mostram trato diferenciado para uns poucos
indivíduos, o qual sugere complexidade social com uma
organização mais sofisticada da mão de obra comum, ao que o
Professor López Mazz propõe um modelo para os construtores
de sambaquis como resultado de uma sociedade com uma
organização não igualitária.
Fiz muitas pesquisas sobre indigenismo e muito absorvi nas visitas aos museus
e nos estudos de seus acervos, pois são fontes riquíssimas e um verdadeiro
quebra-cabeças da história, muito divertido, é uma descoberta a cada museu,
pena que nossos jovens e muitos adultos acham essa prática enfadonha e sem
graça e por isso deixam de aprender uma história viva e disponível a um custo
baixíssimo, há vinte anos estudo e visitos os museus e posso afirmar que muito
tenho aprendido com estas visitas, agora sempre que pouso em um país já deixo
na agenda a visita aos museus, sou capaz de cancelar compromissos só para ir
aos museus.
O europeu não via negros e índios como seres humanos, mas como
animais, os índios depois de batizados (no catecumenato) ainda se salvavam
pois se transformavam em criaturas de Deus, os negros não tinham essa chance,
achavam eles que nem mesmo alguma organização social era possível aos
selvagens, hoje sabemos da complexa organização de astecas, maias e incas
30
com calendários que nos assustam ainda hoje com suas previsões, muitíssimos
bem organizados com poderes e reinos definidos, emblemáticos em suas
campanhas militares e na ritualística de seus sacrifícios, tal era o
desconhecimento de no Século XVI afirmava Sir Henry Maine segundo Ribeiro
(1998)19:
Não fosse a brutal invasão dos europeus, esses povos seriam hoje muito
ricos em termos de cultura. Eles foram castrados dos seus direitos de existir e
continuar desenvolvendo suas leis, seus comércios e tudo aquilo que poderia
ajudá-los em sua busca de crescimento, eles praticamente foram dizimados e
impedidos pelo uso da força bélica, somente nisso superiores tecnologicamente,
em uma luta desigual de canhões e rifles contra arcos e flechas.
O motivo foi a busca pelo vil metal como em todas as terras da América,
conforme cita Grespan (2003)20:
O fenômeno persistente da inflação durante o século XVI, associado
ao afluxo de metais preciosos da América recém conquistada levou
19Ribeiro, Renato Janine. Hobbes: o medo e a esperança. São Paulo: Nova Cultural, coleção 'Os
pensadores1', 1988.
20
GRESPAN, Jorge. Revolução francesa e iluminismo. São Paulo: Contexto, 2003, p 22.
31
ASTECAS
Originários do norte do México, começaram a crescer no século XII quando os
outros povos ameríndios estavam em plena decadência, eles fizeram alianças
com diversos povos e ainda cresciam quando do contato exterminador dos
europeus.
Quando os espanhóis chegaram a América encontraram essa civilização no seu
auge, no apogeu de sua glória. Em pouco tempo os europeus invadiram o maior
centro que era Tenochtitlán, onde fica hoje a atual Cidade do México.
MAIAS
A civilização Maia consolidou-se como império no final do século IX, sendo
a primeira a atingir esse status. Localizava-se no seu auge do sul do atual México
até a Guatemala. Afirmam os arqueólogos que o esgotamento do solo foi o
principal motivo da decadência desse povo.
Quando os espanhóis chegaram a América encontraram simples
agricultores, os Maias já estavam em declínio.
INCAS
Habitavam a cordilheira, da região norte do Equador à região central do
Chile, Cuzco era a capital do império Inca por muito tempo com cerca de 40 mil
habitantes e Machu Picchu a segunda com mil pessoas, Cuzco quer dizer
umbigo, a astronomia era o centro e o que norteava a localização onde as
cidades deveriam ser construídas, inclusive por projeção e trigonometria, há
historiadores que falam das linhas de Nazcar.
32
pirâmide aterrada
La libreria de Avila
21
SARASOLA, Carlos Martinez. Nuestros paisanos los índios. Buenos Aires: Del Nuesvo Extremo,
2013.
40
A Carta Encíclica 'Ladauto Si' 22, exorta que cuidar da terra é um dever de
todos, se pararmos agora talvez ainda encontramos uma maneira de
coexistirmos todos nesta mesma casa.
2. Esta irmã clama contra o mal que lhe provocamos por causa do uso
irresponsável e do abuso dos bens que Deus nela colocou. Crescemos
a pensar que éramos seus proprietários e dominadores, autorizados a
saqueá-la. A violência, que está no coração humano ferido pelo
pecado, vislumbra-se nos sintomas de doença que notamos no solo,
na água, no ar e nos seres vivos. Por isso, entre os pobres mais
abandonados e maltratados, conta-se a nossa terra oprimida e
devastada, que «geme e sofre as dores do parto» (Rm 8, 22).
Esquecemo-nos de que nós mesmos somos terra (cf. Gn 2, 7). O
nosso corpo é constituído pelos elementos do planeta; o seu ar
permite-nos respirar, e a sua água vivifica-nos e restaura-nos.
O meu apelo
O papa Francisco faz um apelo aos cidadãos do mundo inteiro para que
coloquem o ser humano, principalmente os excluídos em um lugar de
humanidade, dignidade e respeito aos direitos fundamentais da pessoa humana
como direitos inalienáveis, devendo seus governantes trabalhar pelo bem
22
Carta encíclica 'Ladauto Si' do Santo Padre o Papa Francisco, sobre o cuidado da casa
comum, disponíveis no website da Santa Sé http://w2.vatican.va/content/vatican/it.html.
44
23
DIREITOS HUMANOS NO BRASIL: relatório da rede social de justiça e direitos humanos em
colaboração com Global Exchange. São Paulo : Ed.Book. 2003.
45
Não fiquei muito feliz em saber que não havia mais índios no Uruguai, porém
uma entrevista com o senhor Carlos24 no Parque do Prado onde há um
monumento dos últimos Charruas que foram levados para Pariz como atração
de circo e por lá morreram, uma história triste pois os índios ajudaram a criar a
República do Uruguai e lutaram contra seus invasores.
24
Entrevista semi-estruturada realizada com o senhor Carlos no parque do prado. Optei por este
tipo de netrevista em virtude de ter pouco domínio do assunto no Uruguai, tendo a possibilidade
com este tipo de entrevista de fazer novas perguntas para fechar as lacunas existentes no
trabalho, ela foi realizada no dia 17 de abril de 2018 as 10h, com o recurso do celular pelo próprio
pesquisador sendo validada pela presença do auxiliar do adido aeronáutoco do Brasil em
Montevideo Suboficial Gildoberto Freire.
46
Monumento a diligência
Ao entrevistar o Sr. Carlos no Parque do Prado, ele contou que ainda havia mais
de dois mil descendentes dos índios Charruas e a placa abaixo do monumento
corrobora esta informação, ao afirmar que houve um encontro de descendentes
em 1988.
25
Realizada com entrevista semi-estruturada nos moldes do ítem anterior, porém esta no dia
14 de abril de 2018.
26
https://www.google.com.br/maps
49
27
Kleim, Fernando. Nuestro pasado indígena. Montevideo: Zonalibro, 2012.
50
Ele afirma que os estudos feitos mostraram que os índios uruguaios eram
amistosos, que lutaram em muitas batalhas na defesa do Uruguai, que ao
contrário não eram bárbaros ou selvagens e muito menos reticentes aos
europeus. Houve grande troca de mercadorias, porém não eram um grupo só de
Charruas como relatam alguns historiadores, afirma Kleim (2012) que diversas
etnias constituíam os indígenas uruguaios entre eles: Arachanes, Charrúas,
Chaná, Minuanes, Bohanes, Guenoas, Guarani, dessa forma todas estas etnias
formaram um conjunto que hoje por sua extinção chamou-se apenas Charrúas.
Muitos anciãos de Montevideo que entrevistei ficam envergonhados pelo
massacre aos índios, pela forma degradante como foram tratados em Pariz
sendo apresentados em uma jaula como animais de circo, isso os deixa
consternados.
A história dos índios naquele país me deixou chocado, pela brutalidade com que
foram tratados, de forma desumana e cruel, para mim os maiores selvagens
foram os europeus.
Assim descreve Kleim (2012):
Durante os três séculos que vão do primeiro contato com o grupo
europeu até Salsipuedes e combates posteriores, o índio foi
perseguido, teve que migrar se queria viver debaixo de suas
diretrizes, foi aculturado e se mestiçou, finalmente foi
exterminado; suas mulheres e filhos foram distribuidos entre as
famílias da sociedade uruguaia, o resto foi enviado a prisão ou a
ultramar oferecidos como mercadoria aos capitães do porto.
Com o tempo a história não representou o índio, as letras dos
romances e nunca alcançou o espaço que devia ter em nossa
sociedade.
28
Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=WLMpA_GJYx0 com acesso em 03 de maio
de 2018.
29
Sobre os efetivos de cada lado, muitos anciãos falam em 400 Charrúas e mil combatentes das
tropas que lutara do lado do governo de Rivera com canhões e armas e também os índios
Guaranis que eram inimigos dos Charrúas.
52
famílias esponholas do recém criado do Estado do Uruguai e hoje eles são dois
mil e lutam por reconhecimento, o monumento fala por si só.
O povo uruguaio airma que eles são a única nação da América do sul que não
tem índios, porque não reconhece os seus descendentes.
Esse foi o triste fim dos índios uruguaios, "a população nativa extinguiu-se pouco
a pouco pelas drásticas mudanças em sua cultura e os diversos enfrentamentos
bélicos na região. Os últimos registros destas populações são da segunda
metade do século XIX".
Para Kleim (2012) pode-se dividir os indígenas uruguaios em três grupos:
1º - Charrúas
Subgrupos: Bohanes, Guenoas, Minuanes e Guayanaes-yaros.
2º - Guaraníes
Subgrupos: Tapes e Arechanes.
3º - Chanás
Charrúas são os primeiros povoadores do Uruguai e tais fatos são descritos por
diversos cronistas no decorrer dos séculos, e eles são o testemunho e a prova
de que estes índios em muito contribuíram com a história do Uruguai, como nos
mostra Kleim (2012):
Os Charrúas foram os primitivos povoadores da ribeira do norte
do Rio da Prata, assim aparecem nos testemunhos dos cronistas
europeus como na memória de Diego Garcia (ano 1526), Ulrico
Schmidel (ano 1536), Barco Centenera (ano 1602), Ruy Díaz de
Gusmám (ano 1612) e o P. Lozano, jesuíta cuja obra foi escrita
entre os anos de 1754 e 1755.
Narra o referido autor em sua obra que alguns Charrúas no ano de 1600 foram
para o lado Argentino permanecendo dos dois lados por tempos diferentes até a
colonizaçao quando se dividiram. Os relatos do professor José Imbelloni é que
estes índios tinham um porte alto e robusto e um cranio volumoso, demonstrando
um porte atlético. Narra ainda Félix Azara geógrafo espanhol e especialista
marinho mandado pelos espanhóis para delimitar as terras na América do Sul
(1742-1821) que os índios eram mais altos que os espanhóis eram
principalmente "soberbos, altivos e ferozes"
53
Peça de cobre de índio Charrúa adquirida pelo autor na feira indígena de Montevideo
30
Marques, Janote. O descobrimento do Brasil no contexto da expansão marítima ibérica ocorrida nos
séculos XV e XVI. Recife: Ed. Universitária UFPE, 2000.
56
31
Marques, Janote Pires. O descobrimento do Brasil no contexto da expansão marítima ibérica ocorrida
nos séculos XV e XVI. Recife: Ed. Universitária UFPE, 2000.
57
32
GODINHO, Vitorino Magalhães. A economia dos descobrimentos Henriquinos, Lisboa: Livraria Sá da
Costa Editora, 1962.
59
33
GRESPAN, Jorge. Revolução francesa e iluminismo. São Paulo: Contexto, 2003, p 64
34
IDEM nota 5
35
PIGAFETTA, Antonio. A primeira viagem ao redor do mundo. Porto Alegre: L e PM, 1985, pp81.
60
36
IDEM nota 5
61
37
As informações para a confecção desta tabela foi retirada das obras "Sangue, suor e riqueza"
de Ana Lígia, "O capitão dos índios" de Ana Lígia 2007 e de "Pesqueira secular: crônicas da
velha cidade" de Pedro Cruz; Aloísio Falcão; Potiguar Matos;Nivaldo Burgos e Sílvio Lins 1978.
63
tendo obtido a graça do cacique que lhe deu como esposa a índia Luzia
Soares,essa era um prática comum descrita por Darcy Ribeiro em suas
obras sobre o indigensmo no Brasil "cunhadismo".
Segundo a historiadora Lígia Lyra, Manuel Vicente da Anunciação resolveu
adentrar ao sertão de Pernambuco para fazer fortuna em 1820:
Foi na intenção de fazer fortuna que Manuel Vicente da
Anunciação chegou à região da então Vila de Cimbres, agreste
setentrional de Pernambuco, por volta de 1820 onde se instalou
após comprar a fazenda Lagoa dos cavalos (hoje Santa Rosa,
distrito de divisa entre Pesqueira e Alagoinha).
38
http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI1526145-EI6791,00-
Saga+de+milionario+portugues+em+PE+vira+roteiro.html acesso em 18 de
maio de 2018.
65
O meu dilema e conflito é que esse meu tetravô, foi o grande explorador
dos índios Xukurus, mas descendo dele com a índia Luzia Soares da mesma
etnia, e ao que contam os índios a índia foi presente do cacique, ao qual se ele
recusasse seria visto como ofensa, então ele constituiu família com ela e
registrou na igreja através do batismo (batistério) que era o documento oficial da
época. O fato de Manuel Vicente ter três esposas talvez nos deixe perplexo, mas
descendente de Judeu e ainda Judeu no Brasil, este hábito de poligamia era
comum em seu contexto, como o é para muitos judeus ainda hoje, da mesma
67
39
REVISTA VEJA. O que os índios Querem. Edição 14 de Novembro de 2012. ano 46, Ed. Abril,
São Paulo.
40
IDEM nota 7
68
A falta de condições dignas fez ocorrer o êxodo, pois há quatro anos 12.500
índios viviam na periferia de Manaus. Hoje estima-se que são 30.000 vivendo
apinhados em construções precárias na cidade.
Uma pergunta que deve ser feita é que se a criação de reservas é alardeada
como a demanda mais urgente dos povos indígenas, porque eles as estão
abandonando para viver em favelas nos grandes centros urbanos?
Segundo a pesquisa as motivações que os levam a ir para cidade são
similares aos anseios da saciedade não indígena:
41
IDEM nota 5
71
45
IDEM nota 10
73
46
MINISTÉRIO DA CULTURA - Fundação Biblioteca Nacional. Departamento Nacional do livro. A
carta de Pero Vaz de Caminha.
74
Essa impressão no decorrer dos meses e anos, foi péssimo aos índios
que morreram aos milhares, embora a pior arma tenha sido o próprio contato
que sem defesas dizimava metade das tribos.
E uma daquelas moças era toda tingida, de baixo a cima daquela
tintura; e certo era tão bem-feita e tão redonda, e sua vergonha (que
ela não tinha) tão graciosa, que a muitas mulheres da nossa terra,
vendo-lhe tais feições, fizera vergonha, por não terem a sua como ela.
Nenhum deles era fanado, mas, todos assim como nós. E com isto nos
tornamos e eles foram-se [...] Também andavam, entre eles, quatro
ou cinco mulheres moças, nuas como eles, que não pareciam mal.
Entre elas andava uma com uma coxa, do joelho até o quadril, e a
nádega, toda tinta daquela tintura preta; e o resto, tudo da sua própria
cor. Outra trazia ambos os joelhos, com as curvas assim tintas, e
também os colos dos pés; e suas vergonhas tão nuas e com tanta
inocência descobertas, que nisso não havia nenhuma vergonha.
Essa pode ter sido a impressão que custou a honra de muitos caciques,
visto que em relatos de muitos historiadores como Janote, muitas esposas e
filhas de caciques e todas aquelas desejadas pelos europeus foram estupradas
na frente de seus pais e maridos, a ponto de os índios os chamarem de bestiais,
eu me pergunto quem eram os atrasados culturalmente, a degradação e o
conflito eram inevitáveis. Janote afirma em suas pesquisas feitas em Portugal
que os bebês índios eram arrancados do colo de suas mães e atirados de cabeça
nas pedras, e diziam as gargalhadas "vamos ver se esses animaizinhos
sobrevivem", há um relato de um capitão de uma nau que ao desembarcar em
uma praia começaram a matar os índios e colocar lado a lado, só parando
quando atingiram três kilômetros de mortos, era uma verdadeira caça ao lebre
ou a raposa, esporte de caça que divertia os europeus em seus reinados. Nunca
houve e não haverá tribunal de guerra para esses assassinos bárbaros e cruéis
que dizimaram os filhos da terra. Afirma Janote (2000):
Começando os cristãos a tomar as mulheres e filhos dos índios para
servir-se e para usar mal deles [...] começavam a entender os índios
que aqueles homens não deviam ter vindo dos céus [...] os cristãos
davam-lhes bofetadas, de punhos e paus até por suas mãos nos
senhores dos povoados. e chegou isto a tanta temeridade e
desavergonha que ao maior rei (cacique), senhor de toda ilha, um
capitão violou por força a própria mulher dele... os cristãos com seus
cavalos e espadas e lanças, começaram a fazer matanças e
crueldades estranhas neles. Entravam nos povoados, nem deixavam
meninos nem velhos, nem mulheres grávidas ou páridas que não
desbarrigassem e faziam em pedaços, como se fossem cordeiros
75
luta, esperando contribuir com eles nessa área da linguagem da qual sou
psicopedagogo. Mas para minha surpresa os Potiguaras na Paraíba tinham o
mesmo problema e num congresso indígena na cidade de Santa Cruz - RN o Dr,
em antropologia Adriano descreveu que eles estavam completando as palavras
que faltavam com o dicionário tupy que foi escrito pelo Padre José de Anchieta,
achei uma iniciativa louvável e muito eficiente.
2 - MACRÔ - JÊ
FAMÍLIAS:
BORORO
bororo
OFAYÉ
Ofayé
ofayé-xavante
opaie
YATHÊ
Yathê
Iatê
Fulniô
carnijó
RIKBAKTSÁ
Rikbatsá
erikpaksú
KRENÁK
kranák
JABUTI
Jabuti
arikapu
MAXAKALI
Maxakali tikmu'um
GUATÓ
guató
KARAJÁ
Karajá
karajá
javaé
xambiaú
AKWÉN
Xakiobá
Xavante
xerénte
APINAYÉ
77
KAIGANG
kaigang do Paraná
kaigang central
kaigang do sudoeste
KAYAPÓ (MEBENGOKRE)
gorotire
KARARAÔ
KOKRAIMARA
KUBENKRAKENG
MENKRONGNOT
MENTUKITIRE (txucarramae)
SUYÁ (kisédjê)
suyã tapayúno
TIMBIRA
canela aponiekro
canela romkokamekra
gavião do Pará
gavião do Maranhão
kronô
krikatí (krienkati)
XOKTÉNG
KARIB
aparaí do Pará
aparaí do Pará
bakain
golibi do oiapoque
hixikang
ikipeng
ingarirú
kaxunyóna
kaxunyóna
shikuyána
makuxi
mayongóig
makiritóre
yekuond
taulipang
pemong
tiriyo
tirio
trio
waimiri
waimiri - atroari
wai - wai
wayóna
língua karib do Alto Xinguana
Xinguana
kuikuro
kaipalo
matipu
nahukwá
LÍNGUAS ISOLADAS
FAMÍLIAS:
1 TRUMAI
2 PIRAHÃ
3 JABUTI
4 AIKANÃ
78
5 KANOÊ
6 KWAZÁ
7 IRÂNTXE
8 MYNKÝ
9 TIKUNA
fonte: Dennis Moore47 (2008)
47
MOORE, Dennis.Desafio de documentar e preservar línguas. publicação de artigo na Scientific
American. 2008
79
Ele foi sem dúvida, de acordo com o escritor Virgílio Corrêa, 'o mais
profundo conhecedor dos aborígenes do Brasil', era fascinado pelas fábulas das
florestas da Turíngia desde criança. Ele foi um artesão que aos 16 anos tornou-
se aprendiz de mecânico ótico da empresa Zeiss, onde deve ter adquirido a
habilidade de trabalhar em pequena escala. Não fez universidade, preferia ter
uma vida de aventura pelo mundo, mas seu trabalho elogiado e comprado por
doutores de museus e etnólogos de todo mundo seus diários de campo viraram
relíquias expostas em museus europeus como Louvre na França, mas sua maior
doação foi ao museu do Brasil na cidade de Belém do Pará - Museu Emílio
Goeldi. Junto com imigrantes aportou em São Paulo e de lá se aventurou pelas
matas do nosso rincão, leu O Guarani e se encantou com a obra, indo morar
80
48
IBGE - Mapa etno-histórico de Curt Nimuendaju. Rio de Janeiro: 1987
81
'Quer que lhe mande uma história da minha vida, é simples? Nasci em
Jena, no ano de 1883, não tive instrução universitária de espécie
alguma, vim para o Brasil em 1903, tinha como residência permanente
até 1913 São Paulo, e depois Belém do Pará, e em todo o resto foi, até
hoje, uma série ininterrupta de explorações, das quais enumerei na
lista anexa aquelas de que me lembro. Fotografia minha não tenho'.
Certamente não era a biografia que o Dr. Herbert Baldus esperava, mas
a expressão 'todo o resto foi até hoje, ao se referir aos quarenta e dois anos de
exploração, dava-lhe o mais nobre dos títulos que nenhum etnógrafo possuía e
o que validava suas pesquisas. A biblioteca de Curt está no Museu Nacional.
Em minhas pesquisas para a pós-graduação estudei atentamente os
escritos de Curt, seus mapas, pois uma questão não conseguia esclarecer com
precisão em Pernambuco, quantos povos indígenas tinham originalmente, antes
da invasão e extermínio português, ele nos mostra no seu mapa que haviam 44
etnias, hoje só restam 8 e as 36 forma extintas com suas culturas, costumes e
línguas que não se pode mais recuperar, ao menos sobraram-lhe o nome pelas
quais serão lembradas. São tão ricos os livros do Curt que este ao qual estudo
possui 973 citações, com uma boa segurança afirmo que em questões
etnográficas ele foi um gênio.
Em 1901 ele fez parte de uma expedição Sueca na cordilheira, em 1913
era o superintendente do museu de Gotemburgo e em 1924 era professor de
etnografia do mesmo. Em 1922 produziu o único e melhor mapa etnográfico da
história indígena brasileira todo feito a mão, com capricho e carinho, usando
penas e tintas disponíveis na época criando uma metodologia própria que até
hoje é copiada e estudada em muitas universidades.
Muitos museus financiaram sua pesquisa pois o museu nacional pouco ou
quase nada liberava em fundos para que o mesmo pudesse arcar com as
pesquisas, e aqui quero fazer uma crítica a nossa nação, ainda hoje ao visitar
sítios arqueológicos no Brasil vejo mais investimento internacional do que
nacional, além do fato de que alguns sítios são coordenados por doutores de
outros países, que recebem mais financiamentos do exterior do que muitos de
nós, falo por mim mesmo, há trinta anos faço pesquisas indígenas e nada ganhei
de auxílio para pesquisar, foi tudo por conta própria, esperamos que essa
situação mude pois pesquisa é o braço forte da educação e ela não deve ser
82
49
Ver nota IBGE - Mapa etno-histórico de Curt Nimuendaju.
83
Institution e outro para o museu nacional, feito por último e por isso mais
completo que para fazer esse mapa valeu-se de nada menos que 580 fontes.
Ao todo ele fez 34 expedições, sendo muitas delas feitas durante anos
cada uma 'identificando uma milhar e meio de tribos indígenas', ele soube unir
seus talentos mais valiosos neste empreendimento que eram suas habilidades
de artesão e de fiel e determinado pesquisador.
Nimuendaju descobriu 32 troncos linguísticos e mapeou a frequencia com
que se repetiam nos povos indígenas, nunca ninguém pensara em fazer tal
análise, entre elas o Aruak que ele encontrou em duzentos povos indígenas essa
língua que hoje está extinta, o Karib falado por 170 povos, o Tupi foi um dos
recordistas era falado na época de Curt por 250 povos só perdendo para as
línguas desconhecidas que eram faladas por 590 povos. Encantei-me como
pesquisador pela veridicidade de seu trabalho, entristece-me apenas a pouca
divulgação histórica da nossa riqueza cultural muitas vezes mais valorizada fora
do Brasil do que aqui dentro.
Os relatos de Charlotte Ememerich e Yonne Leite do Museu Nacional
sobre um pequeno bilhete de Curt deixa transparecer o suor e sofrimento das
condições adversas encontradas por ele em meio as selvas e na confecção do
mapa, trabalhando horas a fio, como o mesmo relata:
Comecei o trabalho dia 5 de setembro. Vae progredindo devagar
porque não aguento mais que umas cinco horas por dia na posição
forçada a que o tamanho do mapa me obriga. Creio que estará prompt
até o fim do anno. Quando o mapa chegar no Museu a Snra me dirá si
isto é ou não um trabalho de quatro meses - Curt.
Esta foi sua obra mais completa, minuciosa, bem trabalhada, detalhada,
e acima de tudo o mais rico documento da nossa identidade nacional. Sua
grande tristeza ao ficar doente foi não mais poder voltar a estar entre os seus
amados irmãos índios, ainda voltou e aos 10 de dezembro de 1945 faleceu
CURT NIMUENDAJU entre os irmãos Tikuna, seus amigos de longas datas.
Depois de sua morte foi praticamente impossível as gráficas e ditoras
reproduzirem a sua obra pela grande quantidade de cores e detalhes, antes
nunca visto, em termos antropológicos é a maior obra brasileira.
84
50
Ribeiro, Darcy. O Povo Brasileiro, A formação e o sentido do Brasil. Companhia das Letras, Segunda
edição. São Paulo– 1995.
85
Que povo não ficaria maravilhado com uma definição tão bela e carinhosa
da formação da nossa identidade. O nosso futuro, ele o descreve porque tem
uma fé gigante, mas principalmente por amar o nosso país e a nossa gente, ele
acredita em nós brasileiros de uma forma que nós ainda não acreditamos.
Precisa agora se‐lo no domínio da tecnologia da futura civilização, para
se fazer uma potência econômica, de progresso auto‐sustentado.
Estamos nos construindo na luta para florescer amanhã como uma
nova civilização, mestiça e tropical, orgulhosa de si mesma. Mais
alegre, porque mais sofrida. Melhor, porque incorpora em si mais
humanidades. Mais generosa, porque aberta à convivência com todas
as raças e todas as culturas e porque assentada na mais bela e
luminosa província da Terra.
Darcy sempre via no Brasil um povo só, uma nação unida pelo que há de
mais belo e semelhante apesar das diferenças regionais de cada região e suas
particularidades, sonhava com uma nação forte e unida por suas matrizes que
mais davam força para sermos o povo do futuro, que vive em paz mesmo em
suas diferenças, aqui não brigando o árabe e o judeu, aqui todos se entendem.
Mais que uma simples etnia, porém, o Brasil é uma etnia nacional, um
povo‐nação, assentado num território próprio e enquadrado dentro de
um mesmo Estado para nele viver seu destino. Ao contrário da
Espanha, na Europa, ou da Guatemala, na América, por exemplo, que
são sociedades multiétnicas regidas por Estados unitários e, por isso
mesmo, dilaceradas por conflitos interétnicos, os brasileiros se
integram em uma única etnia nacional, constituindo assim um só povo
incorporado em uma nação unificada, num Estado uni‐étnico. A única
exceção são as múltiplas microetnias tribais, tão imponderáveis que
sua existência não afeta o destino nacional.
86
4. IG
Aquelas línguas que não se enquadram nestas são chamadas línguas
isoladas, sendo os Xukuru's considerados pela FUNAI (Fundação Nacional do
Índio) em questões linguísticas como uma língua isolada.
1.4.5 NOEL NUTELS
Faleceu no dia 9 de junho de 1597, já doente vai para Reritiba, aldeia que
fundou no Espírito Santo, onde passa seus últimos dias.
Segundo Ramos (2003)52, Anchieta foi responsável por criar a primeira
gramática da língua tupi, também criou o método de ensino do Evangelho
incorporado a cultura indígena o que a Igreja Católica só viera formalizar no
Concílio Vaticano II em 1965, criando assim uma forma de expandir o
conhecimento cristão o que em certas ocasiões os salvava das mãos dos
apresamentos pelos colonizadores. Ele pregava em forma de poemas, peças de
teatro e foi o fundador de São Paulo, aos moldes de Francisco de Assis era
encontrado pelos índios conversando com os animais, o que fazia crescer ainda
mais seu prestígio entre os habitantes da terra. Hoje os vocábulos estão sendo
recriados entre os povos indígenas que já não dispõem de palavras e outros
tantos são completados com a gramática de Anchieta, tamanho foi o seu legado
para a causa dos índios.
Aos dez anos 'O apóstolo do Brasil' como ficou conhecido decidiu viver
para a caridade franciscana, renunciando ás coisas materiais para proteger os
humildes e indefesos. Com mais seis jesuítas viajou no porão de um navio com
destino a terra brasilis. Quase todos os padres que vieram na expedição de
Duarte da Costa eram professores e muitos sofriam de alguma enfermidade
como mostra Ramos:
Os males de todos, do superior Luíz de Grã até ele, o mais novo dos
irmãos, foram considerados incuráveis. Como ficou registrado em
Coimbra, num documento de 1553, 'o padre doutor só lhes dera licença
51
http://www.e-biografias.net/jose_anchieta/ com acesso em 10 de nov de 2015
52
Ramos, Luciano. José de Anchieta: poeta e apóstolo. São Paulo: Ed Paulinas, 2003.
89
53
Ramos, Luciano. José de Anchieta: poeta e apóstolo. São Paulo: Ed Paulinas, 2003. pp 14 e 15
90
54
Silva, Edson Hely. Xukuru: Memórias e história dos índios da Serra do Ororubá
(Pesqueira/PE), 1950-1988. Tese de doutorado. UNICAMP, Campinas - SP, 2008
92
bem dos índios já que afirmava não haver mais índios no Nordeste, como afirma
Silva (2008):
“homem de ciência”, já que era sócio do IAGHP - Instituto
Arqueológico, Histórico e Geográfico de Pernambuco -
Possivelmente ele era visto como representante do universo
intelectual católico romano, em um ambiente que reunia a elite
pensante de Pernambuco que, no início da década de 1920 era
tributária de idéias do ainda tão próximo século XIX. No seu
texto, quando tratou sobre os índios, o religioso estava em
consonância com a discussão do IAGHP, ou seja, a opção por
uma visão civilizatória na qual os índios desapareceriam,
transformados em caboclos como expressavam outros textos
publicados por sócios daquele Instituto.
55
Silva, Edson Hely. Xukuru: Memórias e história dos índios da Serra do Ororubá
(Pesqueira/PE), 1950-1988. Tese de doutorado. UNICAMP, Campinas - SP, 2008
93
Seu golpe final sobre os Xukuru's foi quando escreveu conforme afirma
Silva, chamando-os de rancorosos por que os brancos haviam tomado suas
terras.
Sobre a religião, Mário Melo escreveu que se tratava de “uma
espécie de idolatria, por infiltrações do catolicismo”. E ainda:
“Sabem, perfeitamente, que descendem da tribu xucurú, que
ocupou aquela região, tem orgulho da sua procedência e se
julgam superiores aos outros habitantes, guardando rancôr dos
brancos por lhes haverem tomado as terras”. (grifo nosso)
A sua vida de estudos começou cedo, com apenas treze anos já entrava para o
Seminário Menor da cidade de Cajazeiras, na Paraíba. Algo bastante inusitado
também ocorreu quando o jovem Joaquim foi estudar em Roma aos 16 anos de
idade no ano de 1866, lá ele cursou Ciências e Letras, Filosofia e Teologia, ele
concluiu os estudos no Pontifício Colégio Pio Latino Americano, um colégio
reservado para poucos. De origem nobre e índia, "descendia dos Cavalcanti
de Florença e de Jerônimo de Albuquerque, irmão do primeiro senhor de
Pernambuco, que se unira à filha do chefe tupi Arcoverde, da tribo dos
tabajaras"57.
56
https://pt.wikipedia.org/wiki/Joaquim_Arcoverde_de_Albuquerque_Cavalcanti em 10
agosto 2016
57
IDEM nota anterior
95
Grande era sua influência, a ponto do regente Dom Pedro II sugerir sua indicação
para bispo auxiliar da Bahia, porém ele não aceitou.
O BRASÃO
O brasão das autoridades eclesiásticas tem um significado para cada peça que
o compõe. O do Cardeal Arcoverde foi assim constituída 58:
Descrição: Escudo eclesiástico, esquartelado. O 1º de blau, com
uma torre de jalde, firmada num contra-chefe diminuto de sable,
tendo em chefe uma Hóstia de argente, carregada das letras IHS
de sable. O 2º e o 3º de sinopla, com cinco flores-de-lis de jalde,
postas em sautor – armas modificadas da família Albuquerque.
O 4º de argente, mantelado de goles semeado de quadrifólios
do primeiro esmalte (argente) e uma asna de blau brocante
sobre o traço do mantelado – Armas da família Cavalcanti. O
escudo assente em tarja branca. O conjunto pousado sobre uma
cruz trevolada de ouro, entre uma mitra de prata adornada de
ouro, à dextra, e de um báculo do mesmo, a senestra, para onde
se acha voltado. O todo encimado pelo chapéu eclesiástico com
seus cordões em cada flanco, terminados por seis borlas cada
um, tudo de verde. Brocante sob a ponta da cruz um listel de
blau com a legenda: DOMINI FORTITUDO NOSTRA, em letras
de jalde.
Mais tarde, quando arcebispo, foram-lhe acrescentados: mais
quatro borlas verdes em cada cordão, o pálio e mais um traço
na cruz.
Quando foi criado cardeal, o chapéu eclesiástico foi substituído
por outro, com seus cordões em cada flanco, terminados por
quinze borlas cada um, tudo de vermelho
Interpretação: O escudo obedece as regras heráldicas para os
eclesiásticos. O 1º campo, de blau (azul) representa o manto de
Maria Santíssima sob cuja proteção o Cardeal pôs toda a sua
vida sacerdotal, sendo que este esmalte significa: justiça,
serenidade, fortaleza, boa fama e nobreza. A torre representa
a Igreja, sendo de jalde (ouro) simboliza: nobreza, autoridade,
premência, generosidade, ardor e descortínio; esta é
a Igreja que está edificada sobre São Pedro e seus sucessores,
representados pela rocha de sable (negro), esmalte que
simboliza: a sabedoria, a ciência, a honestidade, a firmeza e a
obediência ao Sucessor de Pedro. A Hóstia representa Nosso
Senhor Jesus Cristo, Senhor supremo da Igreja e da história,
sendo de argente (prata) simboliza a inocência, a castidade, a
pureza e a eloqüência. As letras IHS (IESUS HOMINUM
SALVATOR) são a expressão do reconhecimento de Jesus
Cristo como único salvador da humanidade. O 2º, o 3º e o 4º
campos representam as armas familiares do bispo, originário da
nobreza lusitana. Sendo que o 2º e o 3º foram tomados das
armas antigas dos Albuquerques, permutando-se a cor goles
(vermelha) do campo por sinopla (verde), numa referência ao
nome "Arcoverde" do prelado, sendo que esta cor simboliza
esperança, liberdade, abundância, cortesia e amizade. O 4º
representa as armas da família Cavalcanti, sendo que a cor
58
IDEM nota anterior.
96
59
Disponível em http://www.arquisp.org.br/historia/dos-bispos-e-arcebispos/bispos-
diocesanos/dom-joaquim-arcoverde-de-albuquerque-cavalcanti acesso em 02 de maio de 2012.
60
L’osservatore Romano. Anno CLVIII n. 100, edição de 4 de Maio de 2018. O povo sabe se o
bispo é um pastor. PP Francisco.
97
61
STEVENSON, Roland. Rething our pré-history: how the revolutionary concept of somatic
morphology is changing perceptions of the first colonizers of the world. Manaus: Ed Lorena, 1994.
98
os índios sempre nos deram uma lição de ecologia. Não sabemos cuidar das
florestas como eles, para eles a terra é sagrada, não pode ser comercializada,
pois nela esta a semente de seus ancestrais, é mais forte que a religião em uma
experiência transcendente, além de nossa compreensão. A terra é a mãe deles,
é dela que se sustentas as aldeias, tudo é de todos não há necessitados entre
eles.
parecia uma serpente, filho de Tupã. O cacique da tribo, Igobi, tinha uma bela
filha chamada Naipi, que era tão bonita que as águas do rio Iguaçu paravam
quando ela se banhava, devido a sua beleza. Por causa de sua beleza, Naipi
seria consagrada ao deus M'BOY, passando a viver somente para seu culto.
Havia no entanto entre os Caigangues um jovem guerreiro chamado
Tarobá que se apaixonou por Naipi. No dia em que foi anunciada a festa de
consagração da bela índia, quando o cacique e o pajé bebiam cauim (bebida
feita de milho fermentado), e os guerreiros dançavam, Tarobá fugiu com Naipi
em uma canoa, que seguiu rio abaixo arrastada pela correnteza.
M'BOY ficou furioso quando soube da fuga e penetrou nas entranhas da
terra. Retorcendo seu corpo, produziu uma enorme fenda que formou uma
catarata gigantesca. Envolvidos pelas águas da imensa caída, os fugitivos
caíram de uma grande altura tragados pela imensa cachoeira. Naipi foi
transformada em rocha logo abaixo da cachoeira, fustigada pelas águas revoltas.
Tarobá foi convertido em uma palmeira, situada a beira do abismo,
Debaixo dessa palmeira existe uma gruta, de onde o monstro vingativo vigia
eternamente suas vítimas 62.
No marco das três fronteiras é possível pesquisar relatos históricos no
qual afirmam que com a chegada dos portugueses e espanhóis a partir da
metade do século XVI, os Guaranis e Caigangues foram escravizados e
doutrinados segundo a cultura religiosa do homem civilizado, esta atitude
tomada pelos exploradores europeus, acarretou na morte e mais tarde na fuga
dos índios sobreviventes para regiões de mata fechada.
No final do século XIX existiam nesta região, mais estrangeiros do que
brasileiros. A fim de garantir este território e disciplinar a exploração dos recursos
naturais, fundou-se em 1889 a colônia militar. Em 20 de julho de 1903 foram
inaugurados os marcos do Brasil e da Argentina, que tinham como finalidade
representar a divisa simbólica, sendo os rios Iguaçu e Paraná, os divisores
físicos. Os marcos foram pintados nas cores das bandeiras dos três países,
divididos pelos rios Iguaçu e Paraná.
62
Texto escrito no marco das três fronteiras das cataratas do Iguaçu em Foz do Iguaçu. Junho de 2013.
104
63
Azevedo, Márcio Adriano de. Seminário de Estudos Afrodescendente e Indígena realizado pelo IFRN
na cidade de Santa Cruz - RN sobre a diversidade cultural e étnica do Brasil, realizado no mês de junho de
2015.
106
64
ÉTNICOS - Recuperando história. Exposição no Centro de Convivência Djalma Marinho sobre os
indígenas do Rio Grande do Norte. Campus Universitário da UFRN em agosto de 2015.
107
65
GUERRA, Jussara Galhardo. Étnicos - Recuperando Histórias. Natal: UFRN, 2015.
108
66
Jornal Tribuna do Norte ano 65. n 28, ed. 23 de agosto de 2015, fl Natal 5.
110
67
Silva, A. Maria Dionice da. A história de Estremoz. Natal: Sebo vermelho editora, 2010.
112
68
Aula de campo nas ruínas de Estremoz realizada com os graduandos do curso de História da Universidade Estadual
Vale do Acaraú em 17 de abril de 2016.
113
69
IDEM nota 1
114
Gaspar de Samperes também foi o arquiteto que projetou o Forte dos Reis
Magos para defesa da capitania e da cidade, ainda hoje está intacto, e é um dos
mais conservados do país, tombado pelo patrimônio histórico.
Entra as peças do seu acervo ele guarda o marco de "Touros" que é a
prova viva de que foi no Rio Grande do Norte que os portugueses aportaram pela
primeira vez, levando em conta as correntes marítimas da época e de hoje, não
116
era possível que se aportasse em Porto seguro na Bahia distante duas mil milhas
impossível para uma caravela daquele período vencer correntes já sem
mantimentos e provisão tendo todo uma terra farta pela frente, mas falta ainda
aparecer uma historiografia potiguar para comprovar tudo, esse marco datado
na pedra mostra que em 1500 foi aqui que eles chegaram primeiro, é o que
afirma o historiador potiguar Lenine Pinto da UFRN 70.
Edital simplificado de seleção pública para formação da equipe da Ação Saberes Indígenas
na escola-IFRN/Campus Canguaretama- 2016/ 2017
1. Da Ação
Vemos aqui de forma oficial neste edital de concurso, que no RN há toda essa
diversidade de etnias indígenas, nominadas pelos pesquisadores do IFRN,
mostrando de forma clara que há sim várias etnias que se fazem presentes. Para
aqueles que tem pouco conhecimento da questão indígena sempre atrelada a
terra e sua posse, pode parecer algo banal, negar a existência indígena, mas ao
leitor esclarecido declarar índios em uma área de terra no Brasil, é permitir que
a FUNAI faça estudos com sua equipe de antropólogos para futura, desintrusão,
indenização e demarcação de reservas indígenas, por isso o latifundiário, os
119
Neste edital era solicitado apresentar uma carta de intenção que a deixo aqui
como modelo:
CARTA DE INTEÇÃO
Solicito a V. Srª a inclusão do Sr. Paulo Gabriel Batista de Melo RG xxxxxxxxxxx SSP/MS, CPF
xxxxxxxxxxxxxx para participar do processo seletivo para professores formadores e formadores
conteudistas, de acordo com o edital Nº 26/2016/DG - PROGRAMA SABERES INDÍGENAS NA
ESCOLA/IFRN-CAMPUS CANGUARETAMA/2016/2017.
Afirma Rolando Rojas71 'Chile perdió más territorio del que ganó a Perú y
Bolivia al “ceder” la Patagonia a la Argentina por el tratado de límites de 1881', o
Chile ao ceder seus territórios na Patagonia com o tratado de 1881, perdeu mais
terras que o Peru e a Bolívia. Ele afirma ainda que se a elite chilena tivesse
interesse na patagonia não a teria doado no acordo.
Las elites chilenas lograron convertir sus intereses particulares en
interés nacional. Si estas elites chilenas habrían tenido intereses
económicos en la Patagonia, lo más probable es que nunca hubiesen
cedido tan extenso territorio. […] lo que prevaleció no fue la visión de
futuro de las elites chilenas, sino sus fines de corto plazo
71
Rojas , Rolando. Artigo publicado na Revista Argumentos. Revista de análise crítica do Chile, ele é
membro do conselho editorial da mesma.
122
1999.
125
75
http://www.funai.gov.br/index.php/comunicacao/notas/2334-nota-da-funai-sobre-a-uhe-belo-monte
acesso em 30 junho 2015
126
Nada foi tão valioso para minhas pesquisas quanto a carta (mapa) do povo
Xukuru do Ororubá com todas as aldeias e pontos capitais, ai entendi a
importância dos mapas para aqueles que vão trabalhar em delimitações e
demarcações, embora tenha ido diversas vezes, pois nunca encontrava o
responsável pelo setor. São José e Couro D'anta foram as aldeias foco do meu
trabalho.
128
Decolei pela manhã para Brasília a fim de ficar duas semanas realizando
pesquisas nas bibliotecas, museus e entidades ligadas a causa indígena. Passei
no museu JK, do Índio, da FUNAI, nas bibliotecas nacional, do MEC e outras que
muito me ajudaram nas pesquisas, depois disso concluí que a capital federal é
um Brasil á parte pela facilidade em realizar pesquisas, a senhora da biblioteca
da FUNAI permitiu-me scanear mapas importantes para a causa indígena no
nosso país, além de me mostrar uma grande quantidade de obras e autores que
nem conhecia como Curt, em compensação fui a um andar do prédio querendo
uma cópia do mapa da área demarcada da etnia Xukuru e o responsável não
estava voltei lá desde as oito da manhã até as quatorze horas, hora em que ele
chegou, ainda de cara fechada, possivelmente porque eu o tinha tirado de algum
outro trabalho e deu-me uma cópia da área demarcada, podia ser apenas um
pedaço de papel, mas para mim pesquisador há 15 anos dessa etnia era um
mapa da fortuna, fiquei tão feliz que não conseguia dormir, eu não tinha uma
cópia de um mapa eu tinha o mapa original e originalidade para um pesquisador
é uma luta de vida. Afinal este livro é fruto de mais de vinte anos de trabalho e
pesquisa financiado apenas por mim mesmo e também graças a Força Aérea
Brasileira que me enviou constantemente em missão as etnias da Amazônia por
sete anos, para o Chile com os Mapuches, Bolívia e todos os estados do Brasil,
pude conhecer de perto esta realidade muitas vezes triste dos povos indígenas.
Algo curioso aconteceu-me na biblioteca do MEC, enquanto nas
universidades federais eu não conseguia sequer um empréstimo de livro visto
que não era aluno da instituição, entrei na biblioteca popular e peguei vários
livros de meu interesse para pesquisa, fui até o balcão já sabendo que não iria
poder levar, assumindo a derrota, para minha surpresa a bibliotecária disse-me
que na biblioteca popular eu podia levar para mim e de graça todos os livros que
eu quisesse, levei o que pude carregar, o mesmo aconteceu na biblioteca da
FUNAI, fiquei tão feliz que foi outra noite sem dormir, livro no Brasil é muito caro,
é mais uma forma de exclusão, e para um pesquisador é imprescindível ter uma
biblioteca particular, falam que o brasileiro lê pouco eu creio que os livros são
caros devido os impostos, um país que quer priorizar a educação deveria retirar
os impostos dos livros para barateá-los, como ocorre nos EUA, conheço colegas
que editam seus livros lá, pois é mais barato.
MUSEU DA BASE AÉREA DE CAMPO GRANDE - MS
130
76
O museu da Língua portuguesa em São Paulo sofreu com um incêndio em 21 de dezembro de 2015 e não
sei se este acervo ainda está disponível pois as fotos foram tiradas antes do incêndio conforme nota do G1.
"As chamas se propagaram de forma muito rápida. Tivemos a notícia que o incêndio começou e se propagou
rapidamente até pela estrutura de madeira, material plástico e borracha que compõem o museu. Isso faz com
que o fogo se propague rapidamente", disse Palumbo à GloboNews. http://g1.globo.com/sao-
paulo/noticia/2015/12/incendio-atinge-museu-da-lingua-portuguesa-em-sp-dizem-bombeiros.html.
131
real motivo de uma cultura tão rica e tão forte, subjugada por colonizadores
europeus.
136
137
todos os tipos, faz desse museu o melhor que eu visitei na América do Sul, os
museus brasileiros são os melhores nesta área, os de outros países do
continente sulamericano tem um acervo menor. Creio até que tal acervo me
permitiria escrever um livro sobre museus indígenas.
MUSEU DO ÍNDIO EM BRASÍLIA
77
Informações contidas no painel na entrada do Museu, escrito em português e inglês.
139
BIBLIOTECAS
Durante as minhas pesquisas de pós graduação em psicopedagogia resolvi
acrescentar um dado ao artigo, as bibliotecas do Brasil e o fator quantitativo de
seu acervo, percebi que sobre a matriz indígena encontramos pouquíssimas
obras, realizei um levantamento pessoal in loco em algumas dúzias de
bibliotecas espalhadas por mais de 15 estados da nossa república, inclusive as
melhores do Brasil como a Biblioteca Nacional em Brasília, entristeceu-me a
escassez de publicações sobre o indigenismo no Brasil, em quase todas
encontrei pouquíssimas obras, chegou ao cúmulo de dois exemplares em uma
biblioteca municipal de uma cidade com 100 mil habitantes, ao passo que Darcy
Ribeiro descreve em sua mais famosa obra sobre a formação do povo brasileiro
que os anos de exílio no Uruguai, ele escreveu quase 400 páginas sobre este
assunto sem sair da biblioteca pública de lá:
Percebi que estava pesquisando sobre o tema correto, já que tão pouco
acervo existe em nosso país de umas das nossas matrizes, o índio. A realidade
de nossas bibliotecas é caótica, os que lá trabalham geralmente são professores
afastados da sala de aula e reabilitados para este fim, pasmem em quase todas
não tem uma bibliotecária com curso superior nesta área, é uma situação de
abandono, tal qual a educação desse país.
Quando se fala em minorias, marginalizados e aqueles a quem os direitos
humanos tentam englobar, vemos no Plano Nacional de Educação em Direitos
Humanos que o Estado deve " propor a criação de um setor específico de livros
e periódicos em direitos humanos no acervo das bibliotecas das IES (instituição
de ensino superior)";
As únicas bibliotecas decentes que encontrei foram das Universidades
Católicas e das Universidades federais e aqui deixo minha crítica, as
universidades federais são criadas e mantidas com dinheiro público, logo todo
cidadão brasileiro é seu financiador, e nas diversas que fui não pude fazer
empréstimo de livro para pesquisar pois não era docente do referido campus.
Nas diversas cidades com mais de duzentos mil habitantes, como é o caso de
Parnamirim, sequer há uma biblioteca municipal, creio que educação em nosso
país ainda está longe de ser uma prioridade, a começar pelas bibliotecas.
SISTEMA DE BIBLIOTECAS DO PARANÁ
É louvável o sistema bibliotecário do estado do Paraná, e digo sistema
porque segundo Ferreira78 (2009) é a disposição das partes ou dos elementos
de um todo, coordenados entre si, e que formam estrutura organizada, motivo
pelo qual resolvi dedicar-lhe esta parte do livro. Estive pesquisando no referido
estado durante quatro anos, visitando bibliotecas, museus e fazendo uma
comparação com os demais estados da nossa federação. Resolvi começar pelas
cidades fronteiriças de Foz do Iguaçu, Francisco Beltrão (pólo universitário da
região), Barracão já fazendo fronteira com a Argentina, depois viajando no
sentido Leste do estado até a capital Curitiba a cerca de quase quinhentos. A
primeira literatura que observamos ao entrarmos nas bibliotecas é o jornal das
bibliotecas do estado presentes em todas as que visitei, gratuito e com temas
bem diversos sobre literatura, história e conhecimentos gerais. As bibliotecas
78
Ferreira, Aurélio Buarque de Holanda. Dicionário da língua portuguesa.. Curitiba: 7 ed. Ed. Positivo. 2009.
145
pode entrar no próximo que passa a cada quinze minutos. Também encontrei
extensões da biblioteca nos bondes que são relíquias turísticas e em vários
outros pontos da cidade, só não lê quem não quer.
Um desses livros que ganhei em Beltrão, é uma coletânia de artigos
científicos feitos pelos graduandos de diversas áreas, um deles abordava a
questão indígena no Paraná e seu autor é Samuel Crestani sendo o livro
organizado pelos docentes Bonamigo e Schneider.
Bonamigo79 (2008) assim define as questões de terra no estado do
Paraná e no Brasil:
A especificidade da formação do campesinato brasileiro é
marcado pelas diversas matrizes constitutivas, assim como por
processos diferenciados de relação com a terra, com a
propriedade, com a natureza e com o mercado, dando-lhe
características socioculturais singulares, constituindo uma
totalidade econômica, social, política e cultural específica, sem,
porém, estar alheio às determinações de domínio da relação
com o capital em dimensão geral.
79
Bonamigo e Schneider (Orgs). História: conhecimento e prática social. Francisco Beltrão -
PR: Ed. Grafisul, 2008.
147
O povo Xetá que habitava o Paraná tiveram seu primeiro contato no século XX,
mais precisamente na década de 1950 e dez anos depois estavam a beira da
extinção, e de que forma um povo pode ser extinto em tão pouco tempo é que
nos afirma Crestani apud Silva (2006) por uma violência quase animal por parte
dos colonizadores:
Estupros, envenenamentos, transferências de famílias para
outras áreas indígenas no Estado do Paraná, roubo de crianças,
dispersão de famílias inteiras que eram colocadas em
caminhões de companhias de colonizadoras e soltas a esmo em
locais desconhecidos até hoje (Silva, 2006, p. 49).
80
http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia-estado/2016/01/09/morte-de-bebe-indigena-em-sc-
expoe-rotina-de-descaso.htm
148
fonte:www.noticiasaominuto.com.br/brasil/morte-de-bebe-indigena-em-sc
Acredite essas mesmas ações eu presenciei entre os índios da Amazônia
e toda sua fronteira brasileira da Venezuela onde comecei minhas pesquisas,
passando pela Colômbia e as Farc's, Peru, Bolívia e Paraguai (meu objeto de
149
pesquisa por seis anos) e por fim Argentina, e embora não faça parte de nossa
fronteira em 20012 fiz pesquisas no Chile com os Mapuches de Santiago,
Quintero, Valparaíso e Viña del mar. A realidade indígena na América continua
caótica após tantos séculos.
Os remanescentes dos Xetá, bem como outros povos indígenas
reivindicam junto aos órgãos a posse de suas terras, que lhes forma roubadas,
mas devemos entender também o lado dos que hoje sem culpa alguma e por
incentivo do próprio governo, construiu suas lavouras e plantações em terras
indígenas, em conversa com D. Dimas Lara Barbosa, arcebispo metropolita de
Campo Grande, ele afirmava que não se pode errar duas vezes, o governo deve
pagar justa indenização aos fazendeiros pelo que eles investiram nas terras ou
se cometerá outra injustiça, vi isso em pesqueira, pessoas perderem suas terras
e receberem uma quantia ínfima que mai deu para comprar um casebre na
cidade.
Outro povo indígena bastante conhecido pelos estudos arqueológicos,
antropológicos e históricos são os Guarani's, infelizmente vivem as margens das
rodovias do Paraná, nos quinhentos quilômetros que percorri entre Beltrão e
Curitiba, os vi vendendo artesanato a margem da rodovia, muitos dormem com
suas famílias em baixo dos bueiros das pontes ou em abrigos improvisados em
completo abandono. Alguns poucos vivem em reservas mantidas pelo estado.
Os Kaigang tem a história marcada por variações demográficas afirma
Crestani, com a vinda migratória dos mesmo e o seu confinamento na região.
Os Xokleng muito pouco se sabe a seu respeito sobre sua permanência
no Paraná, a não ser que habitavam cavernas e pequenos abrigos.
Quanto a educação indígena é quase unanimidade entre os diversos
autores e fontes que os povos indígenas tem feito a sua parte, principalmente os
professores das aldeias e os índios de outras graduações, eles tem contribuído
grandemente para recuperação e reconstrução da língua, muitas quase extintas
como os Xukuru, os Potiguaras e tantos outros. Não me deterei sobre a
astronomia indígena, visto que foge ao intuito da obra.
A vinda da família real ao Brasil, ocasionou a morte e o esquecimento dos
indígenas por D. João VI, em sua carta régia de 5 de novembro de 1808, na qual
ele tira a 'humanidade' dos índios e os transforma em animais, em especial aos
150
do Sul e de São Paulo, num total de mais de vinte e cinco mil índios segundo
Crestani apud Fernandes (2006).
Sendo-me presente o quasi total abandono, em que se achão os
campos geraes de coritiba e os de guarapuava, assim como
todos os terrenos que desaguam no Paraná e formam do outro
lado das cabeceiras do Uruguai (...) infestados pelos índios
denominados Bugres, que matam cruelmente todos os
fazendeiros e proprietários (...) e fazendo-se cada vez mais
evidente que não há algum meio de civilizar povos bárbaros, (...)
sou servido por estes e outros justos motivos que hora fazem
suspender a humanidade que com eles tinha mandado praticar
ordeno-vos: deveis considerar como principiada a guerra contra
esses bárbaros índios (...) carta régia de 5 de novembro de 1808.
Fernandes (2006) p.68.
Afirma Ricardo Cid Fernandes que eles lutavam por território e hoje lutam por
ser índios, para se manterem índios em meio a uma sociedade que os quer excluir.
CAPITULO II
2.1 A TERRA É O CENTRO DOS CONFLITOS E A FAZENDA É O LOCAL DA LUTA
Na hierarquia dos seres a terra ocupa o lugar mais antigo, é dela que
seres de muitas espécies vivem e dela tiram seu sustento, em especial os
humanos, no início caçadores e coletores apenas caçavam e colhiam sementes
comestíveis, como a 'domesticação do milho', que diferente de outras plantas
não tem suas sementes carregadas pelo vento, e se nasce e não for colhida
morre e apodrece dentro da espiga, motivo pelo qual incas e maias
domesticaram o milho em suas diversas espécies, o milho roxo do Peru, o
amarelo do Brasil, e até outras variantes o branco da canjica e do mungunzá, o
da pipoca e por ai vai, mas um fator é comum a todos, eles precisam de terra,
pois ela é o centro da raça humana, no início ela não tinha dono até que o homem
evolui e cerca as terras, e nasce assim a fazenda, o local do terreno de batalha,
pois quase todo conflito anterior as grandes guerras e em muitos casos mesmo
depois delas é na fazenda que está o poder, seja em forma de casa grande,
castelo, burgo ou seja lá que nome tenha adquirido em algum ponto da história
151
81
GRESPAN, Jorge. Revolução francesa e iluminismo. São Paulo: Contexto, 2003, p 70
152
foto do autor - vaqueiro Zé de Zuza com gibão de couro para proteção na caatinga. (in
memorian ao amigo e irmão descendente dos bravos guerreiros índios do sertão)
82
OLIVEIRA, Dimas da Cruz. História do Brasil. 1500-1822, os primeiros séculos do período colonial.
São Paulo: Discovery publicações, 2000.
153
LIGAS CAMPONESAS
83
Junior, Antonio Gasparetto. Disponível em http://www.infoescola.com/historia/ligas-camponesas acesso
em 23 de agosto de 2015.
154
MST
No início da pesquisa buscando no site do MST já nos deparamos com a
definição de 'quem somos', e percebe-se que a terra é o centro da disputa de
movimentos e de governos84
O Movimento Sem Terra está organizado em 24 estados nas cinco
regiões do país. No total, são cerca de 350 mil famílias que
conquistaram a terra por meio da luta e da organização dos
trabalhadores rurais. Mesmo depois de assentadas, estas famílias
permanecem organizadas no MST, pois a conquista da terra é apenas
o primeiro passo para a realização da Reforma Agrária.
O objetivo principal dos sem terras é a luta pela terra, concreta para que
as massas se mobilizem é o primeiro passo e o primeiro objetivo a ser alcançado
nas suas lutas.
84
http://www.mst.org.br/quem-somos acesso em 23 de agosto de 2015.
155
Nesse movimento até a educação é voltada para a terras, tudo a ela está
vinculado, e nessa questão vemos o apoio de países socialistas como Cuba,
China, Rússia e outros financiarem projetos de diversas formas inclusive pela
luta armada se preciso for, com mobilidade de quatrocentos homens a qualquer
hora em qualquer parte do território nacional em duas horas, até mesmo o
Exército leva quatro horas para se mobilizar, é o que afirma o escritório de recife
na Boa Vista. As relações internacionais do movimento ultrapassam as barreiras
do Brasil e buscam obter apoio internacional como está no site do MST.
A política de Relações Internacionais do MST tem como alicerce os
valores da solidariedade, do humanismo e do internacionalismo, um
legado histórico da classe trabalhadora. Não há fronteiras, geográficas
ou étnicas, que devam limitar as lutas contra a exploração do ser
humano pelo ser humano. O Coletivo de Relações Internacionais (CRI)
do MST tem o papel de articular a solidariedade às nossa lutas,
contribuir com as lutas de todos os povos e despertar e aprimorar, junto
à nossa base social, os valores que nos fazem mais humanos e
solidários, construtores de uma sociedade socialista.
Educação para eles tem por base o viver da terra e sua dignidade por
produzir e dela se sustentar:
Antes da segunda eleição que levou ao poder pela segunda vez Dilma
Roussef, vi a beira das rodovias do Paraná, Mato Grosso do Sul e outros
estados, acampamentos que chegavam a quase um quilometro de extensão que
podem ficar lá acampadas por anos, embora tenha visto que muitos são
contratados para estarem lá e que os mentores só aparecem lá umas poucas
vezes, em agosto de 2004 eles faziam curso superior em Cuba em medicina,
direito e já tinham projeto de terem sua própria universidade que estava sendo
construída no Rio Grande do Sul segundo o funcionário do MST da agencia
Recife.
REFORMA AGRÁRIA
Para o MST A luta pela Reforma Agrária consiste na distribuição massiva
de terras a camponeses, democratizando a propriedade da terra na sociedade e
garantindo o seu acesso, distribuindo-a a todos que a quiserem fazer produzir e
dela usufruir.
O México realizou a sua reforma agrária há cem anos atrás, no Brasil o
grande mentor da reforma morreu num acidente de avião no sul do Pará, Marcos
Freire de forma bem semelhante a Eduardo Campos, dois pernambucanos que
ascendiam na política e morreram do mesmo jeito e por que não dizer pela
mesma causa, bem como Ulisses Guimarães, Nereu Ramos, Jorge Lacerda e
Castelo Branco é uma infeliz coincidencia.
A constituinte de 1988 que Ulisses defendeu e a fez promulgar defendia
o direito a terra para índios pela primeira vez na história do Brasil em 500 anos
e até hoje tem sue artigos que protegem as terras indígenas, embora haja
projetos para mudar esses artigos, creio que isto não agradou aos latifundiários
que em muita das vezes são políticos ou patrocinadores de campanha destes.
Creio que o destino levará para outra dimensão qualquer um que defenda a terra
em prol dos pobres, sejam índios, sem terra, camponeses, ligas... No caso do
157
Presidente castelo Branco o seu avião um Piper Azteca PA-23 foi atingido por
um caça T-33 da Força Aérea e o inquérito foi inconclusivo.
Em 2014 ano de eleições para presidente e governador no Brasil o avião
do candidato ao governo do estado do MS teve seu avião sabotado, porém o
mecanico ao fazer o pré-voo, inspeção diária obrigatória antes da decolagem,
percebeu que estava faltando parafusos nas superfícies de comando de voo do
aileron e profundor, a Polícia Federal foi chamada e abriu uma investigação.
Em meio a todo este caos está uma classe que não tem onde morar, se
fosse no campo seria sem terra mas cidade são chamados sem teto. Há várias
158
CAPITULO III
A VIDA DOS XUKURÚS ANTES E APÓS A DEMARCAÇÃO
85
CENTRO DE CULTURA LUIZ FREIRE. Xucuru filhos da mãe natureza. Uma história de resistência e
luta. Olinda: 1997.
159
86
Entrevista feita por Elizabete Ramos em "Memórias do povo Xukuru" - CCLF/1997.
160
87
CENTRO DE CULTURA LUIZ FREIRE. Xukuru filhos da mãe natureza. Uma história de resistência
e luta. Olinda: 1997.
88
WELLEN, Aloys I. O regresso: o difícil regresso a mãe naturaza. O caso do povo Xukuru do Ororubá.
João Pessoa: Manufatura Editora, 2002.
161
autônomo. Dessa forma partia para a terra da garoa Chicão futuro cacique do
povo. Ele nasceu em 23 de março de 1950 e seu pai afirmava sempre que não
queria riquezas para si ou para seu povo, mas queria "dignidade humana e lutar
pelos seus direitos", Chicão estudou na aldeia Pedra D'água até a 4ª série, quem
queria estudar mais tinha que se deslocar para Pesqueira, somente lá havia
escola depois desta série. Nessa escola aprendia-se o português e a
matemática, nada sobre cultura indígena, pelo contrário era proibido estudar e
ensinar cultura indígena, os mais velhos eram ameaçados de morte se falassem
a língua indígena ou dançassem o Toré. Alguns ainda tentaram mas o pior
aconteceu:
Os capangas que batiam na gente, então disseram abertamente que
esta surra era dada por ordem de Fulano de tal, seu patrão, e este
mandava dizer que esse era o primeiro aviso, se não parassem iriam
morrer.
Ao estudar um povo o seu código (a linguagem) é um ponto crucial, se a
língua morre o povo morre, a língua é uma das formas de identidade de um povo
e sua cultura.
Aos 18 anos como todo brasileiro, ele se alistou no Exército (Tiro de
guerra de Pesqueira), voltou para a aldeia e casou-se com D. Zenilda e tiveram
sete filhos.
89
CNBB - Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. Por uma terra sem males, fraternidade e povos
indígenas. São Paulo: Editora Salesiano, 2001.
163
90
IDEM nota 20
164
eles os bororo sempre atraíram grande atenção pelos estudiosos devido a sua
riqueza em artefatos e em sua plumária91.
Estive muitas vezes em Miranda no Mato Grosso do Sul, pesquisando a
etnia do povo Terena, e sua riquíssima cultura, principalmente no artesanato e
cerâmica. Há na cidade um museu dos índios da região mantido pela prefeitura,
os artesanatos que eles produzem são vendidos e todo dinheiro é retornado para
a aldeia, isso é uma mostra do que é respeitar a cultura das nossas raízes.
91
Pesquisa e visita ao museu do índio D. Bosco no parque das nações indígenas da cidade de Campo Grande
- MS. 2014
165
92
Caboclo, caboco (na linguagem do povo), mameluco, caiçara, cariboca ou curiboca é
o mestiço de branco com índio. Também era a antiga designação do indígena brasileiro
168
93
CIMI- Conselho Indigenista Missionário da igreja católica que cuida da pastoral dos índios
169
94
Barone, João. 1942: O Brasil e a sua guerra quase desconhecida. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2013.
170
que o viam no limite da coragem que quase beirava a insanidade tamanha era
sua ousadia no combate
Segundo ainda afirma Barone95 (2013):
O primeiro tenente Massaki Udihara, do 6º Regimento, relatou
em suas memórias o temperamento contundente do general,
que, desde o início das ações, parecia ávido pelas primeiras
baixas da FEB (Força Expedicionária Brasileira). "Ainda não
temos nenhum morto? Precisamos de heróis", teria dito Zenóbio
[...] as opiniões vindas tanto de seus comandados quanto de
seus comandantes sempre se referiam a ele com os maiores
elogios e considerações [...] guardadas as devidas proporções,
não seria exagero afirmar que a FEB tinha nos seus quadros um
candidato ao título de "general Patton brasileiro" [...] O coronel
Lima Brayner, que integrava o Estado - Maior da FEB, se referia
ao general Zenóbio como "o índio corumbaense".
95
Barone, João. 1942: O Brasil e a sua guerra quase desconhecida. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2013.
171
revidassem, como ele mesmo dizia: "se houve derramamento de sangue, não foi
por parte de índio e sim de homem branco, estão me ameaçando... tentaram me
matar várias vezes em emboscada... até que em maio de 1998 ele foi morto.
Estava em Recife quando vi na televisão que Chicão tinha sido
assassinado, não quis acreditar que isto tinha acontecido liguei para casa de
meus pais e minha irmã confirmou a tragédia, que fazer, que dizer ao povo,
estariam desorientados? O povo forte deu a volta por cima e a terra foi
demarcada.
9 98
96
IDEM nota 29
173
que havia índio na cidade e nem mesmo eu sabia que era descendente de uma
índia Xukuru, sai de lá em 1985 e fui estudar e morar na capital de Pernambuco
- Recife, quando perguntávamos aos parentes que moravam na Serra do
Ororubá o que eles se consideravam eles se diziam caboclos.
Além do abandono do uso da própria língua, os Xukurus, na sua grande
maioria, ficaram com medo de viver os seus costumes. Sentiam-se
perseguidos, de todos os lados e de todas as maneiras, de tal forma
que muitos passaram a realizar as suas festas típicas ás escondidas.
Mas o pior foi que muitos dos parentes ficaram até com medo de se
identificar como sendo do povo Xukuru, ou até mesmo de se identificar
como índio.
Ainda afirma o Dr, Wellen que em 1970 de toda terra dos Xukurus 92%
estavam nas mãos de fazendeiros e posseiros, ou seja 20.780 hectares estavam
em poder dos fazendeiros, nesse ano a seca castigou a região do Cariri e os
sertões, eles não tinham trabalho nem reservas, possuíam as piores terras,
estavam prontos para morrerem.
Os fazendeiros fechavam as suas portas, colocando capangas
armados como vigilantes em suas propriedades. Até o acesso aos
açudes, mesmo sendo construídos com dinheiro público, foi negado e
houve casos até de assassinarem pessoas que tentavam conseguir um
balde ou uma lata de água para matar a sede dos seus... O que fazer
nesta triste situação, sem nenhuma saída á vista?
A grande arma dos fazendeiros e posseiros era o terror pelo medo, é uma
situação de estresse constante, que ocasiona diversos distúrbios até a
consequente morte. A veterinária Maria Albeline em suas pesquisas pela UFPE
(Universidade Federal de Pernambuco) disserta sobre a morte uma zebra no
zoológico de Dois Irmãos em Recife, ao analisar o animal foi constatado que ele
era jovem e gozava de boa saúde, sua alimentação era perfeita e nada havia
que indicasse a causa da morte, ao se fazer a necropsia do animal foi verificado
que o seu estômago estava com dezenas de úlceras, num quadro de gastrite
crônica e muitas semanas em pesquisa consumiu os pesquisadores que não
chegavam a uma conclusão, mas ao analisar a planta geofísica do zoológico foi
percebido que a 1 Km e na mesma direção do vento estava a jaula dos grandes
felinos, leões, onças, a noite o animal devia sentir o cheiro, ouvir seus rugidos.
174
Isso tudo acarretou a morte por stress da zebra, como a veterinária anda de
mãos dadas com a medicina o que se aplica aos animais em muitas situações
aplica-se aos humanos, não é a toa que os EUA tem um departamento de guerra
psicológica para trabalhar em conflito o terror pelo medo.
97
Escola que surgiu na França e trabalhava a memória oral como forma de conhecimento científico.
176
objetivo que segundo Freire deve impulsionar o agir "estudar é criar e recriar e
não repetir apenas o que os outros dizem"... assim sendo os índios começaram
a se reunir em grupos e estudar focando os estudos em seus problemas mais
imediatos, a médio e longo prazo, e assim eles tomaram contatos com
declarações internacionais de direitos indígenas, dentre elas San José (de Costa
Rica), com seus 37 artigos que para eles naquele momento da luta foi de
importância crucial que em síntese nos aponta diretrizes como é exposto a
seguir98:
6-7 de Dezembro, 2004 - San Jose, Costa Rica
Declaração de Corobici
Preâmbulo
1. Nós, os povos indígenas reunidos em São José, Costa Rica,
reafirmamos os princípios contidos na Declaração de Kari Oca, na
Declaração de Letícia, na Declaração de Kimberly e o Plano de Ação
dos Povos Indígenas para o Desenvolvimento Sustentável, e o Plano
de Ação de Wendake. Através de uma série de ações, como a defesa
comunitária das florestas, as consultas nacionais, a documentação de
estudos de caso e a aplicação do conhecimento indígena, os povos
indígenas estão contribuindo com a gestão sustentável das florestas e
sua proteção.
2. Os povos indígenas aportam soluções concretas a muitas das
questões que hoje enfrenta a humanidade, e reforçando o papel dos
povos indígenas através de uma participação efetiva em áreas como a
gestão de florestas e o desenvolvimento sustentável, os povos
indígenas podem contribuir significativamente para um futuro
sustentável a toda a humanidade.
3. Estamos indignados pela deterioração acelerada de nossas terras,
territórios, florestas, água e subsolo, e pela contínua violação de
nossos direitos. O livre acesso e uso de nossas terras, florestas e
águas é impedido. A titulação de nossas terras é postergada para
favorecer a terceiros. Áreas protegidas, concessões pesqueiras,
petroleiras e minerais, e plantações florestais se sobrepõem,
resultando em expulsão e restrições a nossos povos. Líderes e
comunidades que defendem suas florestas aso arbitrariamente presos
e reprimidos. A luta por nossos direitos é criminalizada e nossos
territórios são militarizados. É alarmante a impunidade e a
multiplicação de casos, como foi apontado pelas lideranças e
especialistas reunidos.
4. Expressamos nossa preocupação profunda pela atitude dos
organismos das Nações Unidas e dos governos de tratar de maneira
fragmentada o tema de conhecimentos tradicionais, negando a
natureza holística dos mesmos e sua unidade indissolúvel com nossos
direitos coletivos como povos.
5. Preocupa-nos que os processos nacionais e internacionais
relacionados com os tratados de livre comércio entre os estados
propiciam a usurpação e degradação de nossas florestas, terras e
territórios, assim como a biopirataria e acesso descontrolado a
recursos genéticos em nossas florestas, terras e territórios.
6. Os maiores obstáculos para a implementação dos mecanismos e
normas internacionais relativos aos direitos e liberdades fundamentais
dos povos indígenas são a falta de vontade política dos estados
nacionais, as leis injustas e discriminatórias, e a ausência de fundos
98
Extraído do web site: http://www.socioambiental.org/nsa acessado em 12 de julho de 2015
177
99
Conselho Indigenista Missionário - setor da igreja católica Apostólica Romana que apóia a luta dos índios
na demarcação de suas terras e no reconhecimento de seus povos.
179
emboscada na fazenda Cana Brava pelo fazendeiro Egivaldo Farias Filho no dia
4 de agosto de 1992, o criminoso fugiu, a polícia nada fez, revoltados os índios
foram até a fazenda e encontraram munição e armamento e uma lista com 21
nomes, entre eles o índio morto, o cacique Chicão, o pajé e vários outros.
No dia 27 de agosto uma passeata com mais de cem índios foi
interrompida a tiros dado pelo prefeito da cidade de Pesqueira João Leite, tendo
como alvo o candidato a vereador e amigo dos índios que era feroz opositor dos
fazendeiros e do prefeito, era um clima tenso até para pesquisar, pois era fácil
ser confundido como defensor dos índios, entrando na lista de mortos e inimigos
dos poderosos, mas o amor a pesquisa era o que me encorajava, sempre usava
camisa com o nome da faculdade, estava sempre com bloco de notas e caneta,
até que decidi ouvir também os fazendeiros e resolvi entrevistá-los, era também
uma forma de manter a neutralidade na pesquisa, mesmo assim o clima em meio
as mortes era muito tenso e tinha até taquicardia em algumas aldeias com
iminencia de conflitos, mas como se fala na caserna 'soldado que vai a guerra e
tem medo de morrer é um covarde' e isso nunca combinou com meu caráter.
Em 1995 a demarcação corria em meio aos conflitos, os índios
demarcavam a terra com apoio dos agentes da Polícia Federal, que usava
armamento pesado, metralhadoras e vários equipamentos como rádios,
binóculos com sensores e eles avisavam aos pesquisadores que a área era de
conflito, davam um briefing de segurança e recomendavam em caso de tiroteio
que se jogassem no chão e rastejasse até encontrar um abrigo. Os índios não
ligavam, pareciam até que queria ser mártires, tamanha sua determinação,
juntamente com topógrafos que seguiam a risca os limites fixados pelo governo
federal, minha felicidade foi ver um tempo depois ao ir a uma assembléia anual
na aldeia São José, uma placa enorme no bairro Xukuru já na entrada da reserva
na qual dizia TERRA INDÍGENA, COM ACESSO INTERDITADO A PESSOAS
ESTRANHAS', estava concluída a luta, ou estava começando, somente a
história dirá.
A DANÇA DO TORÉ
180
A CIDADE DE PESQUEIRA
Entrando na cidade após 500 mt já vemos uma placa indicativa do município de
Cimbres, na serra, bastante frio a noite por ser bem alta a serra. Tem asfalto até a vila
que foi construída pelo governador da época Marco Maciel, não sei se o motivo era que
um dos fortes fazendeiros da serra era seu primo, Abelardo Maciel, médico da cidade,
o fato importante é que todas as benfeitorias ali realizadas, barragens, estradas, escolas
agora tudo é reserva do povo do Ororubá.
182
100
FUNDAÇÃO DE CULTURA ZEFERINO GALVÃO. Pesqueira - Cidade da graça, terra do doce e da
renda. Pesqueira: ML Editora, 2002.
101
IBGE, censo de 1991. Governo Brasileiro.
183
Vê-se que Marx em "O capital" nos mostra que a luta de classes no ambiente
capitalista está acima de muitos valores ou mesmo como diz Vavy Pacheco 103:
102
IDEM nota 26
103
BORGES, Vavy Pacheco. O que é história. 2 Ed. Ver. São Paulo: Brasiliense, 1993.
184
VILANOVA104 (1994)
É um princípio sociológico que quando os grupos humanos sofrem
alguma ameaça externa real ou fictícia, eles tendem a aumentar
a sua coesão.
104
VILA NOVA, Sebastião. Introdução a sociologia. São Paulo: Atlas, 1985
185
Dos muitos casos curiosos que vivi entre os Yanomamis, lembro de uma
criança (curumim) que andava com um sargento do pelotão de fronteira, e os
dois eram grandes amigos onde ia um o outro também ía, eis que chegou a
transferência pois o referido militar já estava na fronteira há mais de dois anos,
e o amor entre eles quase de pai e filho, os atormentava, a situação foi tão forte
que a FUNAI autorizou a adoção juntamente com o exército, pois os dois já não
concebiam viver separados, a própria natureza os uniu e tantos outros casos
maravilhosos, viver entre os índios é viver sem maldade, sem egoísmo, é repartir
o pouco.
A cultura tem como função evidente satisfazer necessidades humanas,
bem como as idéias a respeito do modo convencionalmente correto de satisfazê-
las. Porem, quando esta não é respeitada atuarão códigos que punam os
infratores para não gerar anomia.
Ainda para VILANOVA106 (1994)
Na sociologia subcultura significa parte de uma cultura. Ela é antes
constituída de valores, crenças, normas e padrões de comportamento,
ou seja um modo de vida próprio.
105
PLATÃO. A república. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2011.
106
IDEM nota 13
186
Da esquerda para direita: índio Doca, Pesquisador Gabriel, Pajé Zequinha (90 anos).
Muitos índios também são católicos e evangélicos, mas não encontrei
nenhuma outra denominação religiosa. O catolicismo ainda é em sua maioria a
religião dos índios.
No calendário Xukurú107 as principais datas incluem suas lutas seus
costumes e sua tradição como segue:
JANEIRO
06 Festa do Rei do Ororubá
107
MEC - GOVERNO BRASILEIRO. Caderno do tempo. Professoras e professores indígenas em
Pernambuco. Olinda: 2006.
187
108
Entrevistas realizada com os senhores João de Barros, Francisco de Assis, e outros
moradores da rua Barão de Vilabela próximos a cadeia pública nos anos de 1983 a 2014.
109
Silva, Edson Hely. Xukuru: Memórias e história dos índios da Serra do Ororubá
(Pesqueira/PE), 1950-1988. Tese de doutorado. UNICAMP, Campinas - SP, 2008.
190
110
Revista Educação & Sociedade. Editorial. vol.35 no.129. ISSN 1678-4626 Campinas ed.
out./dez. 2014
194
111
IDEM nota 60. Revista Educação & Sociedade.
112
COSTA, Marcio da e BARTHOLO, Tiago Lisboa. Padrões de segregação escolar no
Brasil: um estudo comparativo entre capitais do país. 2014, vol.35, n.129, pp. 1183-1203.
195
113
Valente, Lucia de Fatima e Costa, Maria S. Ferraz P. M. O Plano de Ações Articuladas
(PAR): perspectivas e desafios na melhoria da qualidade do ensino Revista Educação em
Questão, Natal, v. 50, n. 36, p. 183-210, set./dez. 2014
114
Magna França, Mariangela Momo, (organizadoras). Processo democrático participativo:
a construção do PNE –Campinas, SP: Mercado de Letras, 2014.
196
Segundo Aurélio (2009)115 ele apresenta seis definições sendo a que mais
se liga a educação "o ponto principal, o centro" ou "reta que passa pelo centro
de um corpo". As duas definições falam do centro. Logo a educação é o centro
dos nossos problemas e de nossas soluções.
Temos um grave problema na educação nacional que é a formação dos
professores, principalmente na educação básica, onde apenas 6,1 estão
cursando o ensino superior, dados do governo segundo Dourado (2006).
Os indicadores a seguir evidenciam o complexo desafio para a
formação de professores na medida em que o número de
docentes atuando na educação básica sem a correspondente
formação em nível superior, é significativo (25,2% do total de
2.141.676 de docentes). Merece ser ressaltado que, desse
contingente de profissionais sem formação superior, 0,1% não
completou o Ensino Fundamental, 0,2% possui apenas o Ensino
Fundamental completo, e 24,9% possuem o Ensino Médio, dos
quais 13,9% concluíram o Ensino Médio Normal/Magistério e
4,9%, o Ensino Médio sem Magistério, enquanto 6,1% estão
cursando o Ensino Superior. A problematização de tais
indicadores, bem como análise mais acurada destes, propicia
elementos analíticos importantes para as políticas.
115
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Dicionário da língua portuguesa. Ed. Positivo, 7
ed. Curitiba: 2008.
116
DOURADO, Luiz Fernandes (Org.). Plano Nacional de Educação (2011-2020): avaliação e
perspectivas. Goiania: Editora UFG; Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2011.
197
117
BRASIL. Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos. Secretaria de Direitos
Humanos da Presidência da República, 2006.
198
Embora não determine quem são os grupos, afirma o plano que se deve
ampliar a participação proporcional de 'grupos historicamente desfavorecidos’ na
educação superior, inclusive mediante a adoção de políticas afirmativas, na
forma da lei, apenas conheço muito claramente dois: indígenas e negros
Trás ainda como estratégia dessa mesma meta:
Expandir atendimento específico a populações do campo e
comunidades indígenas e quilombolas, em relação a acesso,
permanência, conclusão e formação de profissionais para
atuação nessas populações;
Vale do Acaraú - CE) no nordeste seja a única que trabalhe realmente com
qualidade e preço baixo para a população, vejamos:
118
________. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO.
Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação Inicial e Continuada dos Profissionais
do Magistério da Educação Básica. PARECER CNE/CP Nº:2/2015.
207
119
MELO, Paulo Gabriel Batista de. Educação indígena no Brasil. Artigo científico publicado pela
UCDB-MS. 2014.
208
reivindicação dos professores toda vez que faço pesquisas de campo nas
escolas indígenas das aldeias desse povo.
Diz o Art. 12 que os cursos de formação inicial, respeitadas a diversidade
nacional e a autonomia pedagógica das instituições, constituir-se-ão dos
seguintes núcleos:
Núcleo de estudos de formação geral, das áreas específicas e
interdisciplinares, e do campo educacional, seus fundamentos e
metodologias, e das diversas realidades educacionais,
articulando o conhecimento, avaliação, criação e uso de textos,
materiais didáticos, procedimentos e processos de ensino e
aprendizagem que contemplem a diversidade social e cultural da
sociedade brasileira;
NA CONSTITUIÇÃO DE 1988
Ainda afirma a constituição121 brasileira, embora haja um movimento
querendo desfazê-lo, com relação aos direitos dos índios em seu Capítulo VIII -
Dos Índios- ela nos trás.
Art. 231. São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes,
línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras que
tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e fazer
respeitar todos os seus bens.
§ 1º São terras tradicionalmente ocupadas pelos índios as por eles habitadas em
caráter permanente, as utilizadas para suas atividades produtivas, as
imprescindíveis à preservação dos recursos ambientais necessários a seu bem-
120
BRASIL. MINISTÈRIO DA EDUCAÇÃO. SECRETARIA DE EDUCAÇÃO BÁSICA.
Parâmetros nacionais de qualidade para a educação infantil. Ministério da Educação.
Secretaria de Educação Básica: Brasília (DF), 2006.
121
IDEM nota 9
214
122
IDEM NOTA 63 - MELO, Paulo Gabriel Batista de. Educação indígena no Brasil. Artigo
científico publicado pela UCDB-MS. 2014
215
delas havia um bibliotecário com formação, aliás na maioria nem curso técnico
de auxiliar bibliotecário eles tinham. Biblioteca faz parte da educação e precisa
ter especialistas, ao menos um bibliotecário por biblioteca. Logo, concluo que se
deva incluir segurança nas escolas como parte integrante da educação, visto
que centenas de professores sofrem violência de todos os tipos: assédio,
estupro, agressão, lesão corporal grave... não podemos mais tampar o sol com
a peneira, a realidade do educador brasileiro é dramática. Sem prestígio com
antigamente em que era autoridade na sala, sem dinheiro e moralmente
desacreditado, as nossas leis são as melhores em todas as áreas, mas o
cumprimento delas é o que falta para um salto de qualidade.
Assim se expressa Jamil Cury123 sobre o PNE, PCN, DIRETRIZ e outras
leis criadas para a educação:
Se tais medidas forem articuladas entre si, se a União mais uma
vez não descumprir os termos desse novo pacto, se houver
vontade de efetivar tais propósitos e metas, se houver um
aumento da relação PIB/educação em vista de uma expansão
qualificada, é possível dizer que estamos vislumbrando uma
saída racional para um direito proclamado como direito social
(art. 6º da Constituição), com padrão de qualidade como direito
de todos e dever do Estado entre cujos princípios norteadores
está tanto o resguardo da cidadania, quanto um dos pilares dos
direitos humanos.
[...]
Se esta herança pesada do passado e o caráter necessário e
atual de uma educação de qualidade, representados, de um
lado, pelo não cumprimento das promessas contidas no
ordenamento jurídico nacional e internacional, e de outro, pela
urgência pedida pela sociedade em vista da qualidade,
nasceram da ação dos homens de tantas gerações passadas, é
da ação consciente dos educadores de hoje que devem ser
construídas as balizas de uma educação escolar que tenha a
cidadania e os direitos humanos como pilares de sua realização.
123
Jamil Cury, Carlos Roberto. A QUALIDADE DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA COMO DIREITO
Educação & Sociedade, vol. 35, núm. 129, octubre-diciembre, 2014, pp. 1053-1066 Centro de
Estudos Educação e Sociedade, Campinas, Brasil
216
A Associação Nacional de História (ANPUH-Brasil) vem, por meio desta, repudiar a criação da
Comissão Parlamentar de Inquérito criada pela Câmara dos Deputados, no dia 11 de novembro
próximo passado, que visa apurar supostas "fraudes" na elaboração de laudos
antropológicos. Esses documentos vêm sendo realizados por equipes interdisciplinares
compostas por antropólogos, historiadores, geógrafos, arqueólogos, dentre outros. O diálogo
entre diferentes áreas de conhecimento tem sido frutífero no sentido de intercâmbios de saberes.
Da mesma forma que a Academia é acionada no sentido de prestar sua expertise em querelas
sociais, os conhecimentos produzidos nesses contextos ajudam a redesenhar e repensar aquilo
que se tinha consolidado a respeito da escravidão, do pós-Abolição e das comunidades
tradicionais. No que diz respeito à cada vez mais ativa participação de historiadores, sua
contribuição, por um lado, substancializa e enriquece os conhecimentos que temos do passado
de nosso país e, por outro, maximiza as possibilidades de inserção cidadã de comunidades
historicamente marginalizadas, ao oportunizar a legitimação ou a restituição de seus territórios
tradicionais.
Os povos originários do Brasil sofreram e seguem sofrendo um brutal processo de genocídio. Ao
mesmo tempo em que nosso país os aciona como símbolo da nacionalidade, inviabiliza sua
existência e a reprodução de seus modos de vida tradicionais. O mesmo pode ser dito das
comunidades negras rurais, designadas na Constituição Federal de 1988 como comunidades
remanescentes de quilombos. A Constituição Federal está prestes a completar 30 anos de
existência e quase nada foi feito em termos de legalização de terras tradicionalmente ocupadas,
já que isso contraria interesses do capital, do agronegócio e, por vezes, dos próprios
governantes. Contudo, índios e quilombolas são cidadãos brasileiros que também devem ter
seus direitos constitucionais assegurados, o que lhes tem sido negado na Nova República, de
forma a reiterar a exclusão histórica que têm sofrido. Preocupa-nos sobremaneira que, diante
deste cenário, se crie uma Comissão que novamente se encarrega de cerceá-los do exercícios
de seus direitos democráticos, ao propor-se à desconstrução dos laudos e relatórios de
identificação, caminho legalmente adequado para o alcance de seus direitos territoriais.
A petição de criação da CPI é desconectada da realidade, ao apelar para o "mito da democracia
racial", apontando um ilusório cenário idílico e harmonioso das relações raciais em nosso país,
cenário este há muito e por demais demonstrado como inexistente pelas ciências sociais
brasileiras. Pelo contrário, diversos estudos apontam para os efeitos de dissimulação de relações
de autoritarismo entre os diversos grupos raciais por trás desse discurso. É o que acontece, está
demonstrado, nas comunidades ora atacadas, onde são pródigos os episódios de violência inter-
racial e de expropriação de territórios em função da assimetria de poder oculta sob o viés da
"harmonia".
A Associação Nacional de História (ANPUH-Brasil) entende a Comissão Parlamentar de
Inquérito ora criada como uma inaceitável tentativa de submeter o pensamento crítico e
autônomo dos profissionais em ciências sociais aos ditames das pressões do poderio econômico
e político e de subtrair direitos constitucionais de povos historicamente marginalizados.
São Paulo, 15 de dezembro de 2015.
Maria Helena Rolim Capelato
Presidente da ANPUH-Brasil (Biênio 2015-2017)
124
Extraído do site da associação Associação Nacional de História (ANPUH-Brasil), através da
pessoa de sua presidente, Maria Helena Rolim Capelato, em dez 15, como forma de protestar
contra a retirada das as terras indígenas de suas mãos e extinguir suas reservas, bem como
impedir que novas áreas sejam demarcadas. com acesso a http://site.anpuh.org/index.php/2015-
01-20-00-01-55/noticias2/noticias-destaque/item/3166-nota-em-defesa-das-terras-indigenas-e-
quilombolas em 10 de fev 16.
217
125 BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Legrand , Louis. Freinet, Célestin. Coleção educadores, 2010.
218
mecanismos para incluí-los, pois isso era o que Freinet vislumbrava com a
educação.
Sua dedicação à causa popular e o senso de justiça social, que
o levaram a conceber uma proposta educacional que
promovesse a libertação intelectual da classe operária, e que o
fizeram filiar-se ao Partido Comunista, bem como, mais tarde,
com esse mesmo partido se indispor; sua habilidade
organizacional e sua tranquila tenacidade em meio às piores
dificuldades físicas, psicológicas e, mais frequentemente,
financeiras; sua cultura e sua curiosidade sempre alerta perante
tudo o que pudesse supor inovações técnicas e conceituais;
enfim, seu amor pela humanidade e sua cordialidade, que
impressionavam a todos os que o conheceram, entre os quais
tenho a honra de me incluir.
126 Meneses; Barros et al. Estrutura e funcionamento da educação básica. Vários autores. São Paulo: Ed Pioneira,
1998.
219
Essa lei separava os currículos dos meninos e das meninas, eles tinham
conteúdos diferenciados, as meninas não deveriam aprender geometria, e a
parte de aritmética somente as quatro operações, e incluir também 'economia
doméstica, bordado e agulha que são mais necessários'127.
Segundo o discurso do Deputado Antônio Cândido da Cunha Leitão eram
analfabetos pouco mais da metade da população masculina e entre a feminina
era ainda pior 'muito mais da metade', dentre as meninas que frequentavam a
escola, 'mais que o triplo não frequentavam e mais de duas terças partes das
meninas de seis a quinze anos deixavam de frequentar a escola', pelos mais vis
motivos como por exemplo a filha de um fazendeiro de Pesqueira de nome
Cavalcante França foi retirada da escola para não aprender a escrever para o
namorado.
Assim o Império deixa á República os seus anseios e planos que foram
realizados e uma enorme tarefa no que diz respeito a educação pública para
todos de forma gratuita, ainda que fosse a educação primária, destarte até 1930
o ensino estava 'quase totalmente entregue a iniciativa particular' 128. Até o final
da primeira República havia ausência de coordenação central de uma política
nacional de educação que contemplasse todas as modalidades da educação,
grande repercussão ocorreu em São Paulo com a criação do ensino primário e
a formação no magistério no início da república em 1890 - 1893, passando a
servir de modelo. O magistério oi a primeira profissão respeitável que a mulher
pode exercer no Brasil.
E assim, após 430 anos do descobrimento não havia educação pública
mantida pelo governo em nosso país. Em 1924 foi criada a ABE Associação
Brasileira de Educação que desempenhou importante papel com o discurso de
obrigatoriedade de escola pública mantida pelo governo, o direito de todos a
educação e a exigência de uma política nacional de educação. Muitas dessas
ideias se transformaram no manifesto dos pioneiros da educação nova. de 1932
e nos dispositivos da carta de 1934.
Com a industrialização acelerou-se o processo de urbanização elevando
a taxa da população urbana para:
Afirma Anísio Teixeira que a educação até 1930 era dual, destinada a
ricos e pobres e que ela reproduzia a estrutura desigual da sociedade brasileira.
O Ministério da Educação foi criado, em novembro de 1930, a educação
brasileira vivia um clima de esperanças e expectativas alentadoras em
decorrência das mudanças que se operavam nos campos político, econômico e
cultural. A divulgação do Manifesto dos pioneiros em 1932, a fundação, em 1934,
da Universidade de São Paulo e da Universidade do Distrito Federal, em 1935,
128
IDEM nota anterior.
221
são alguns dos exemplos anunciadores de novos tempos tão bem sintetizados
por Fernando de Azevedo no Manifesto dos pioneiros.
Todavia, a imposição ao país da Constituição de 1937 e do Estado Novo,
haveria de interromper por vários anos a luta auspiciosa do movimento
educacional dos anos 1920 e 1930 do século passado, que só seria retomada
com a redemocratização do país, em 1945. O manifesto dos pioneiros e uma
educação para todos era castrado pela ditadura Vargas
Os anos que se seguiram, em clima de maior liberdade, possibilitaram
alguns avanços definitivos como as várias campanhas educacionais nos anos
1950, a criação da Capes e do CNPq e a aprovação, após muitos embates, da
primeira Lei de Diretrizes e Bases no começo da década de 1960. Manifesto dos
Educadores de 1959, também redigido por Fernando de Azevedo, haveriam de
ser novamente interrompidas em 1964 por uma nova ditadura de quase dois
decênios.
Estou certo de que o lançamento, em 2007, do Plano de Desenvolvimento
da Educação (PDE), como mecanismo de estado para a implementação do
Plano Nacional da Educação começou a resgatar muitos dos objetivos da política
educacional presentes em ambos os manifestos. Acredito que não será demais
afirmar que o grande argumento do Manifesto de 1932.[...] “Na hierarquia dos
problemas de uma nação, nenhum sobreleva em importância, ao da educação”.
A divulgação do Manifesto dos pioneiros em 1932, a fundação,
em 1934, da Universidade de São Paulo e da Universidade do
Distrito Federal, em 1935, são alguns dos exemplos
anunciadores de novos tempos tão bem sintetizados por
Fernando de Azevedo no Manifesto dos pioneiros. Todavia, a
imposição ao país da Constituição de 1937 e do Estado Novo,
haveria de interromper por vários anos a luta auspiciosa do
movimento educacional dos anos 1920 e 1930 do século
passado, que só seria retomada com a redemocratização do
país, em 1945 [...]Os anos que se seguiram, em clima de maior
liberdade, possibilitaram alguns avanços definitivos como as
várias campanhas educacionais nos anos 1950, a criação da
Capes e do CNPq e a aprovação, após muitos embates, da
primeira Lei de Diretrizes e Bases no começo da década de
1960. No entanto, as grandes esperanças e aspirações
retrabalhadas e reavivadas nessa fase e tão bem sintetizadas
pelo Manifesto dos Educadores de 1959, também redigido por
Fernando de Azevedo, haveriam de ser novamente
222
129BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Manifesto Dos Pioneiros Da Educação Nova (1932) e dos Educadores
(1959). Coleção educadores. Recife: Ed. Massangana. 2010.
130 SILVA, E.H. História, memórias e identidade entre os Xukuru do Ororubá. Rev. Tellus, v.7,
n.12, p.89-102, 2007.
131 Entrevistas realizadas com 100 índios moradores de pesqueira de 1996 a 2015 para o artigo
científico da pós graduação em psicopedagogia pela UCDB-MS 2014
223
132
http://www.luizberto.com/colcha-de-retalhos-ismael-gaiao/geraldo-rolim-%E2%80%93-um-
procurador-federal-assassinado acessado em 27jun15
224
133
CUNHA, Euclides da. Os sertões. São Paulo: Ed. Rideel, 2000.
225
134
http://robertoalmeidacsc.blogspot.com.br/2015/04/prefeito-de-lajedo-recebe-homenagem-no.html
acesso em 27jun15
226
A VIOLÊNCIA NO CAMPO
Roseane Lacerda135 do CIMI em seu relatório sobre violência no campo,
especificamente com os indígenas nos mostrava que até o presente momento a
soma já chegava a 245 casos com 276 índios mortos por fazendeiros, grileiros e
posseiros e o detalhe é que estes índios haviam sido assassinados em suas
terras.
O ano de 2003 assustou pelo expressivo aumento do número de
assassinatos de indígenas em todo país. Só no mes de janeiro,
primeiro mes de governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, cinco
homicídios já haviam sido contabilizados. No fim de fevereiro, este
número já chegava a nove. Até o dia 29 de março, 12 indígenas haviam
sido assassinados. Em dez meses, até o fechamento deste artigo, já
são 22 indígenas assassinados e um desaparecido, contra 7 em todo
o ano anterior. Trata-se de um dos maiores índices de homicídios dos
últimos dez anos, os quais, somados, apontam para 245 casos com
276 vítimas.
Esse foi o balanço do massacre indígena no Brasil, como há 500 anos
atrás os índios continuam sendo mortos, sem que isso incomode ninguém, nem
mesmo ao descaso do ministro da justiça responsável direto por estes crimes, a
sua ineficiencia e morosidade em demarcar as terras indígenas, resolver os
conflitos das terras indígenas é o motivo pelo qual mais se mata impunemente
nesse país. Essa matança ainda não parou, não há um só ano que não morra
135
Roseane Lacerda, é advogada jurídica do CIMI - Conselho Indigenista Missionário. organismo anexo a
CNBB - Conferencia Nacional dos Bispos do Brasil. autora do artigo publicado pela Global Exchange em
2003, ano do primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
227
índios em nosso país, rico em terras, das quais só treze por cento são de
reservas indígenas, mas o preconceito étnico continua forte como no período
colonial.
HOMICÍDIOS NO BRASIL 1993 A 2003
Homicidio 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 Total
Casos 28 42 29 24 26 21 14 18 16 05 22 245
vítimas 43 45 30 27 29 21 16 18 17 07 23 276
FONTE - Global Exchange136
Mais de 500 índios foram mortos desde 2003 no Brasil, aponta Cimi. Em 2011,
foram assassinados 51 indígenas; MS concentra 62% dos casos. Mortes
têm como principal causa disputa por terras, diz órgão da CNBB.
Levantamento feito pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi),
órgão vinculado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB),
indica que desde 2003 mais de 500 índios foram assassinados no país.
Somente no ano passado foram 51 casos, o equivalente à morte de um
indígena por semana. Em relação ao ano anterior, houve redução no
número de índios assassinados – haviam sido 60 casos em 2010.
Dos 51 mortos no ano passado, 41 eram homens, afirma o relatório do
Cimi. Entre as 51 vítimas estavam ainda quatro menores de 18 anos –
um deles um bebê de 9 meses que morreu esfaqueado em novembro do
ano passado em meio a uma discussão em aldeia de Santa Helena de
Minas (MG).
De acordo com o Cimi, "as violências internas, praticadas entre os
indígenas e as externas, cometidas contra lideranças, famílias,
comunidades e contra os povos no estado têm como causa principal a
questão fundiária". Para o órgão, o governo precisa agir para acelerar as
demarcações de terras indígenas.
O relatório critica ainda a morosidade do Poder Judiciário "em
reconhecer o direito dos povos indígenas" que "contribui sobremaneira
para a perpetuação das invasões de terras indígenas no país."
Segundo dados da Fundação Nacional do Índio (Funai), o Censo
Demográfico realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE) em 2010 identificou 817 mil pessoas que se declaram indígenas
no Brasil, 0,42% do total da população brasileira.
O estado com o maior número de índios é o Amazonas, com 168
mil indígenas. O estado onde a população indígena tem o maior
percentual dentro do território na comparação com a população em geral
é Roraima, com 11% da população total do estado.
136
DIREITOS HUMANOS NO BRASIL: relatório da rede social de justiça e direitos humanos em
colaboração com Global Exchange. São Paulo : Ed.Book. 2003.
137
http://g1.globo.com/brasil/noticia/2012/06/mais-de-500-indios-foram-mortos-desde-2003-no-brasil-
aponta-cimi.html com acesso em 03 de nov 2015,
228
Não sei se algum dia vou digitar na internet 'indígenas mortos no Brasil' e
aparecerá que não houve, pois não há um só ano, desde o início de minhas
pesquisas há vinte anos atrás que morram muitos índios todo ano, em uma
população que não chega a um milhão de habitantes em todo país.
Ainda vivemos em um velho oeste á brasileira, só falta exibirmos nossos
índios mortos em filmes como o fez Hollywood com seus sioux, apaches e
demais etnias, afinal a frase 'índio bom é índio morto' é de um general americano,
mas que ainda continua no Estado Brasileiro em pleno Século XXI.
Além de assassinatos houve em 2003 uma onda de articulações contra
os indígenas em nosso país, fazendeiros, empresários da pecuária e
agronegócio, madeireiras, políticos donos de fazendas, e pasmem até veículos
de comunicação lutaram contra tentando impedir o avanço das demarcações nas
terras indígenas. A concentração fundiária é o motivo real para tantas mortes.
Muitos são os crimes do latifúndio na terra de Santa Cruz segundo nos diz
a rede social de justiça e direitos humanos ligados a pastoral da terra com dados
do instituto de criminologia como pode-se ver os dados138.
138
DIREITOS HUMANOS NO BRASIL: relatório da rede social de justiça e direitos humanos em
colaboração com Global Exchange. São Paulo : Ed.Book. 2003.
229
leitor neste livro, e para que se entenda a tese resumo que ela se trata de uma
inovação que pretendeu melhorar a dificuldade de leitura e escrita da Língua
Portuguesa dos alunos indígenas nas escolas Natureza Sagrada e Rei Ororubá,
localizadas na cidade de Pesqueira. Foi desenhada uma intervenção feita com
a gravação e transcrição das canções, para serem utilizadas nas atividades em
sala pelas professoras indígenas, aplicadas aos vinte e seis alunos do pré I ao
3º ano nas duas escolas com idades entre quatro e dez anos, a fim de permitir
que eles se apropriem se apropriem desta competência de ler e com o recurso
didático específico, um livro próprio da sua realidade de índio, retratada em forma
de canções.
A metodologia adotada buscou as informações das professoras em uma análise
FODA (Fortalezas, Oportunidades, Deficiências e ameaças), entrevista semi-
estruturada e questionário para elaborar um livro didático específico para
realização de atividades em sala, podendo ser monitorado e avaliado pelas notas
e registros do diário dos professores.
A inovação mostrou sua eficiência através das notas e registros no diário de
classe e caderno de planejamento das professoras, ao apresentar que os alunos
passaram a cometer menos erros na escrita e leitura das palavras, suas notas
finais melhoraram, tiveram mais autonomia e fluência na leitura, aumentaram as
visitas a biblioteca, foi confeccionado um livro didático específico, os alunos
confeccionaram um álbum de vocábulos e realizou-se uma capacitação para os
professores indígenas.
A tese foi delineada da seguinte forma:
A inovação proposta apresentava a implementação de materiais
didáticos usando as canções indígenas para melhorar a deficiente
leitura e escrita dos alunos das escolas indígenas da aldeia São José,
melhorar o desempenho dos professores com um material específico
para sua cultura.
O primeiro passo que nos foi exigido para o tema que cada mestrando fosse
abordar era realizar um "DIAGNÓSTICO INSTITUCIONAL" e este deveria conter
as seguintes informações apresentadas entre vinte a vinte e cinco laudas
(páginas), e deveria trazer também a "Descrição da realidade externa e interna"
da população escolhida para o tema nessa ordem.
Na descrição da realidade externa foi abordado que o povo Xukuru tem uma
população de 9.335 índios, 36 Escolas Estaduais indígenas sendo que em três
é ofertado o Ensino Médio sendo que a maior delas a Escola Intermediária
Monsenhor Olímpio Torres oferta do Ensino fundamental ao médio e conta com
759 alunos, 32 professores e 4 coordenadores, esse povo indígena possui ainda
uma demanda de 3. 100 alunos índios, 186 professores indígenas sendo o
segundo município do Nordeste em número de índios segundo o IBGE (Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística) , e ainda assim tudo que os índios
conseguiram foi fruto de suas lutas e nunca por uma iniciativa governamental.
O contexto cultural mostra que os índios Xukuru's tem grande riqueza cultural
nos seus rituais e principalmente na musicalidade que herdaram de seus
232
quintais e plantações, os veículos transitam ao lado da escola que por não ter
muro coloca os alunos em risco de atropelamento.
Na aldeia São José há duas escolas: Escola Estadual Natureza Sagrada onde
a professora leciona uma turma mista de segundo e terceiro ano e a Escola
Estadual Rei do Ororubá onde a outra professora leciona um turma de pré I, pré
II e primeiro ano juntos, ambas funcionam utilizando a mesma estrutura física,
uma sala de aula para cada escola e os demais espaços são de uso comum para
as duas.
A reserva Xukuru é constituída por vinte e quatro aldeias, com duas escolas
estaduais de ensino médio, e 36 escolas de ensino fundamental, a reserva não
dispõe de internet, com deficiente capacitação dos professores, deficiente
material cultural devido a roubos de peças históricas dos índios por parte do
governo e dos museus, poucas vias de acesso asfaltadas, não há faculdades na
reserva, distando as faculdades mais próximas dependendo do curso á 50, 100
e 300 quilômetros de distância da reserva, há no território um posto médico do
município e um da FUNAI (Fundação Nacional do Índio), há um santuário
diocesano de grande visitação turística devido as aparições de Nossa Senhora
e duas igrejas a de Cimbres e a de N. Sra. das montanhas na aldeia Guarda.
Um dos graves problemas é a perda da língua materna, que conta hoje com
apenas cento e sessenta e cinco palavras, o material cultural é escasso e não
há projetos para sua recuperação nem para escrita de livros e textos específicos
236
da cultura, embora haja uma riquíssima cultura oral e musical com centenas de
cantos que retratam a vida, os costumes e a cultura do povo.
Nas oportunidades:
✓ Quatro paradidáticos foram editados pelas ONG's ( CCLF -Centro de
Cultura Luiz Freire) e pelo CIMI (Conselho Indigenista Missionário)
✓ As canções são cantadas diariamente pelos alunos.
Debilidades:
3 - Aplicação de cuestionario.
Também foi utilizado um questionário contendo 51 indicadores com as
duas professoras do período matutino para coleta de dados, porém percebeu-se
que todos os trabalhos do povo Xukuru são realizados coletivamente por
sugestão do COPIXO (Conselho de Professores Indígenas Xukuru do Ororubá)
o que por vezes dificulta uma amostra individual de participantes do grupo de
professores, coordenadores, tendo sido apontados como fatores contribuintes
para a dificuldade de leitura e escrita diversos fatores, mas o que mais preocupa
242
Livrol didático
inadequado
Os alunos Dificuldade de
conhecem as leitura e Pouca
canções, mas escrita dos capacitação
as leem e as alunos da para os
escrevem com Aldeia São professores
dificuldades José
Há poucas
poucas
capacitações
para as
professoras
Elaboração própria
Os principais aspectos desta Ilustración mostram que a dificuldade
apresentada na leitura e escrita dos alunos se deve em parte pelo livro didático
inadequado, gerando insatisfação na aprendizagem dos alunos pelos
professores pois não trabalham com material específico da sua cultura, e o
governo federal e estadual envia material que segundo elas 'só servem para
recorte', motivo pelo qual a inovação proporcionará o trabalho com atividades de
suas canções visto que os alunos as conhecem, embora ainda apresentem
dificuldades na leitura e escrita das mesmas.
Após isso o mestrando deveria fazer uma "Análise dos problemas" na qual se
pode afirmar que os principais problemas apresentados na educação indígena
das escolas da aldeia São José, são a dificuldade de leitura e escrita dos alunos
e o fato de ter somente dois livros didáticos para trabalhar todas as séries:
Objetivo geral
Melhorar a leitura e a escrita dos alunos indígenas por meio da transcrição de
suas canções, construindo um material didático específico da cultura Xukuru.
Objetivos específicos
a) Desenhar um plano de intervenção educativa - lista das canções a serem
transcritas para confecção de livro didático.
b) Capacitar as professoras com as canções selecionadas nas atividades de
leitura e escrita
c) Realizar atividades de leitura e escrita das canções com os alunos
d) Construir livro de apoio didático especifico da cultura Xukuru.
d) Monitorar a evolução das atividades de leitura e escrita dos alunos utilizando
as canções
e) Avaliar as atividades dos alunos com a transcrição da canções indígenas do
seu povo.
Foi apresentado como justificativa para a inovação os seguintes aspectos:
índios Potyguaras na Paraíba. O Tupi pode ser usado para preencher a falta das
palavras que faltam no idioma Xukuru, pois ele foi o principal tronco linguístico
da maioria dos povos indígenas litorâneos do Brasil, principalmente porque
fizeram guerras com muitos povos indígenas fundindo suas culturas, assim
poderá ser criado um material didático em sua própria língua ajudando a
propagação em seu idioma original.
Presente Futuro
Passado
Elaboração própria
Tabla 4-3 Canciones indígenas del pueblo Xukuru do Ororubá transcritas com
filmadora e gravador de voz
Tabla 4-4 Quantidades de palavras nas canções e sua tradução ao idioma nativo
A análise desta tabela mostra que são poucas as palavras que existem em idioma
nativo, mesmo assim estas poucas palavras são trabalhadas em sala de aula, sendo mais
importante trabalhar atividades na Língua Portuguesa com canções que tenham mais significado
para sua tradição, respeitando sua cultura como foi feito nesta inovação. Motivo pelo qual
algumas canções não foram trabalhadas.
Foram excluídas também as canções de número seis, quinze e dezesseis por serem
pequenas e não serem específicas dos Xukuru's, mas usadas quando da visita de outros povos
indígenas do Nordeste como os Atikum, Kambiwá, Kapinawá, Pankará, Pankararu, Truká, Fulni-
ô, sendo a de número quinze específica do povo Bororo da Bahia.
Após a escolha das canções as mesmas foram revisadas pelas professoras e pelas
lideranças para que não fosse passado aos alunos algum texto de forma diferente do que é
ensinado pelos anciãos do povo, só então as canções puderam ser trabalhadas na sala de aula.
Para os povos indígenas o coletivo vem antes do individual e nada é decidido por uma só pessoa,
mas por todos os líderes das aldeias e membros do COPIXO, o que por vezes atrasava os
trabalhos dessa inovação devido a espera para que se reunissem e dessem o seu veredito.
Figura 2 - Mural dos gêneros sala da professora Maria Rogéria- foto do autor
Tabla 4- 6 Atividades da innovación
- Leitura na lata
- Cortina de leitura
específica
Árvore de lideranças
- Pé de árvore de leitura
- Sussurro poético
- interpretação da leitura
- Exercícios de cópia
(ditado) das palavras das
canções
- escrita dos significados
dos desenhos feitos pelos
alunos
- escrita de parte das
canções que mais
gostaram
- Ligar desenhos a
palavras
Passo 4 Confecção de livro
didático específico
Passo 5 Resultados dos trabalhos Resultados dos trabalhos
- Aplicação de
indicadores para
avaliação da inovação
Elaboração própria
especial no povo Xukuru, elas estão sempre atentas as necessidades dos alunos
e aos seus anseios nesta inovação.
A maioria dos recursos materiais didáticos e de expediente foram
disponibilizados pela coordenação indígena, os exercícios preparados e
impressos, a execução das tarefas pelos alunos, a correção pelas professoras e
o acompanhamento da evolução dos alunos por toda a equipe e o
acompanhamento constante registrado no diário de classe, também foi
necessário realizar um curso na justiça brasileira para capacitar as professoras
na identificação de perturbações apresentadas pelos alunos como pode ser visto
em resultados imprevistos.
Os deslocamentos mensais até a aldeia nestes dois anos foram
custeados com recursos próprios, bem como o material extra não disponível na
aldeia foram adquirido nos comércios locais e nas capitais dos estados de
Pernambuco e Rio Grande do Norte como cartuchos de tinta para impressoras,
lápis de cores e outros materiais utilizados.
A alimentação nas aldeias foi fornecida pelas escolas indígenas servindo
comidas típicas e regionais dos índios durante todas as visitas de 2017.
Os pernoites foram feitos na residência da índia Xukuru Vanielle e de
seu esposo, um pouco abaixo da Aldeia São José. Ela também fez a função de
guia nas serras do Ororubá porque por diversas vezes, perdeu-se este
pesquisador nas matas do Ororubá, sendo auxiliado pelos índios locais das
diversas aldeias Xukuru's.
Nos períodos chuvosos, foi contratado motoristas do município de
Pesqueira, porque só é possível chegar com veículos de tração nas quatro rodas
devido as chuvas e as estradas de terra para o deslocamento entre as aldeias,
um deles por nome José havia sido morador da serra, conhecia os caminhos e
os perigos das estradas sendo também muito rica as suas informações sobre o
povo indígena no período que ele morou na serra, que foi anterior ao assassinato
do Cacique Xicão.
Tornou-se necessário a aquisição de cadernos de caligrafia no nível de
cada aluno, para melhorar a qualidade da caligrafia dos mesmos.
ATIVIDADES DO PERÍODO
SÉRIES III BIMESTRE IV BIMESTRE
1º Ano (3 alunos) 20 21
2º Ano (6 alunos) 40 45
3º Ano (6 alunos) 48 53
TOTAL 7,2 Tarefas por 7,9 Tarefas por
aluno aluno
Elaboração própria
Após os acompanhamentos dos exercícios do mês de agosto, julgou-se
necessário implementar a inovação com a ferramenta Pé de árvore de leitura
sugerido pelas professoras, para incentivar os alunos a buscar mais leitura fora
da escola. Foram espalhados diversos livros na árvore ao lado da escola para
que os alunos manuseassem, depois contassem o que entenderam e assim a
cada dificuldade forma implementadas novas ações, conforme se necessitava
delas..
Os resultados esperados começaram a aparecer no mês de setembro,
os alunos começaram a frequentar mais a pequena biblioteca da escola
incentivados pelas professoras, a trazer notícias de outras aldeias e de notícias
da televisão, mostrando assim que trazer sempre uma ferramenta nova ajudaria
a inovação.
Um fato muito curioso com os alunos indígenas do Povo Xukuru, é que
ao ser solicitado que escrevam os mesmos sempre desenham algo, e em sua
maioria eles usam a cor verde de forma predominante que representa a sua
265
didático com as canções e foi feita uma capacitação para as professoras destas
escolas.
Os resultados da inovação educativa, a pedra preciosa que coroa o mestrado,
foi obtido pelos registros no caderno de planejamento das professoras e pelo
registro oficial do Diário de Classe, no qual foram acompanhadas as melhorias
de notas e da evolução da leitura e escrita pelos alunos indígenas. O plano de
intervenção educativa com as canções transcritas gerou a construção de livro
didático específico da tradição indígena , capacitou-se as professoras para
trabalhar com as canções nas atividades de leitura e escrita com os alunos em
sala de aula.
Posso apresentar como resultados previstos no planejamentoO diagnóstico
apresentado no início da inovação foi realizado com a utilização de entrevista
semi-estruturada, uma análise FODA e a aplicação de questionário onde se
detectou a utilização de recurso didático inadequado (livro) e a deficiente leitura
e escrita dos alunos. Esperava-se uma melhoria nas notas da disciplina de
Língua portuguesa o que de fato ocorreu.
Os resultados previstos nesta inovação foram alcançados usando a estratégia
da construção de um livro didático específico usando a transcrição das canções
indígenas, também os alunos confeccionaram um álbum de vocábulos (em
português e em Xukuru), dessa forma contribuiu com a melhora das dificuldades
de leitura e escrita apresentadas pelos alunos indígenas da aldeia São José nas
escolas Natureza Sagrada e Rei do Ororubá, utilizando para isso atividades com
gêneros textuais diferentes, e outras atividade desenvolvidas por iniciativa
própria das professoras como leitura na lata, sussuro poético, pé de árvore de
leitura, baú do xenupre, bingo do conhecimento todos abordando as canções
tradicionais do povo Xukuru.
A leitura mediada foi o recurso usado para motivar e despertar o gosto pela
leitura, facilitado pelas professoras no início com os instrumentos de Pé de
árvore de leitura e Leitura na lata até que os alunos fossem ganhando autonomia
como pode ser visto na tabela abaixo.
272
1 - Leitura mediada:
Realizar a leitura mediada das canções da cultura oral indígena do Povo Xukuru do
Ororubá a fim de melhorar as práticas de leitura e a escrita dos alunos.
1 Realizar a leitura mediada das canções promove o desenvolvimento 1 2 3 4 5
dos alunos quanto ao hábito da leitura
2 Houve dificuldade de realizar alguma tarefa da inovação por parte 1 2 3 4 5
das professoras: leitura mediada, ditado
3 Houve dificuldade de realizar alguma tarefa da inovação por parte 1 2 3 4 5
dos alunos e alunas
4 Trabalhar a leitura e a escrita das canções está em harmonia com 1 2 3 4 5
o planejamento feito pelos coordenadores indígenas
5 Os alunos tiveram desempenho positivo nas tarefas feitas com as 1 2 3 4 5
canções
6 A professora leu as canções antes de lê-las para os alunos 1 2 3 4 5
7 Os alunos conseguiram interpretar os textos das canções indígenas 1 2 3 4 5
8 Foi possível identificar nas tarefas dos alunos o que eles não 1 2 3 4 5
conseguiram entender
Elaboração própria
A análise desta tabela mostra que praticar atividades de leitura e escrita com os
alunos por meio de tarefas sobre as canções transcritas da tradição oral indígena
desenvolve melhor esta habilidade, embora nem sempre o professor consiga
transmitir a todos os alunos. Mesmo assim, houve bom rendimento nas
atividades e foi louvável a criatividade das professoras ao desenvolver tantos
trabalhos diferentes causando nas crianças um sentimento lúdico de que
estavam brincando com a leitura e a escrita.
Monitorar e avaliar a melhoria na leitura e escrita das tarefas feitas pelos alunos
com as canções da cultura oral indígena do Povo Xukuru e a sua motivação para
o desenvolvimento desse hábito, foi abordado no questionário aplicado às
professoras interrogando as atividades de interpretação das canções lidas,
escrita e exercícios aplicados aos alunos e possibilitando o aumento de materiais
didáticos de apoio.
Conforme foi relatado pelas professoras houve melhoria nas práticas de leitura
e escrita e ainda ocorreu a discussão com outros professores, aumentando o
material de apoio específico da cultura.
Pode ser feita a análise desta tabela verificando que interpretar, ler e
escrever a letra das canções é uma forma de melhorar as práticas de leitura. Os
alunos realizaram tarefas em casa o que favoreceu a discussão com seus pais,
tios avós (embora nem todos os pais o fizeram) enriquecendo sua bagagem
cultural e o fortalecimento da cultura indígena.
12
10
8
6 12 Melhorou
4 2 Manteve
2 1 Reprovou
0
Melhoria de
nota de 15
alunos
Elaboração própria
Foi importante perceber o despertar dos alunos pela leitura e pela sua
cultura, fase muito importante para uma leitura mediada e depois autônoma, em
virtude do aluno procurar e escolher aquilo que ele mesmo quer ler, aumentando
seu vocabulário, sua capacidade de criação e imaginação. Foi autêntica a
iniciativa dos alunos em identificar o nome dos cancioneiros nas canções, algo
que não foi solicitado para eles, e a forma como desenham em todas as
atividades, sua identificação com a natureza e os costumes do povo. Foi bem
além do que se esperava deles.
c) Possibilidade de recuperação da língua materna.
Percebeu-se ser possível fazer o preenchimento das palavras que faltam
no idioma Xukuru completando com as palavras do idioma Tupi, que foi a língua
mãe dos povos indígenas do litoral brasileiro, inclusive algumas palavras do
idioma Xukuru tem sua correspondente no Tupi. O padre José de Anchieta e o
padre Vieira construíram uma gramática Tupi, que está disponível na Biblioteca
Nacional do Rio de Janeiro, e no Museu do índio de Brasília, capital do Brasil.
Esta estratégia de recuperação da língua começou a ser utilizada pelos índios
Potiguaras da Baia da Traição no estado da Paraíba auxiliados pelo Dr. Adriano
do IFRN (Instituto Federal do Rio Grande do Norte), estando no início dessas
atividades, logo por serem povos próximos, cerca de 400 km de distância é
possível que essa estratégia possa dar resultados também com o povo Xukuru.
Esta estratégia pode ser aplicada a todos os povos indígenas litorêneos, pois
tem a base na língua Tupi.
d) Identificação de distúrbios nos desenhos feitos pelas crianças
Devido a grande quantidade de desenhos produzidos pelos alunos foi solicitado
a equipe de psicólogos do Fórum do Rio Grande do Norte que assessora os
magistrados das diversas Varas da justiça do estado do RN, que avaliassem os
desenhos dos alunos das escolas indígenas e relatasse suas impressões, já que
eles são especialistas com curso na área e dos poucos capacitadas para
analisar desenhos de crianças, e os mesmos constataram que um dos desenhos
"parece apresentar algum distúrbio", embora essa conclusão só poderia ser feita
após uma "avaliação psicológica composta de diversos instrumentos de análise
e acompanhamento de um psicólogo especialista nessa área" para se ter certeza
do diagnóstico da verdade de fato ou se ele apresenta fantasia por ser criança.
O desenho apresenta "forte traçado denotando ansiedade e tensão, desenhos
279
FECHADO
CURSO DE CAPACITAÇÃO SOBRE IDENTIFICAÇÃO DE DISTÚRBIO PELOS 09/12/2017
DESENHOS FEITOS PELAS CRIANÇAS.
MATERIAL EM
PROFESSORES DISPONIBILIZADO ABERTO
TEMA LOCAL PARTICIPANTES PARA OS OU DATA
DA ALUNOS DO FECHADO
AULA CURSO
AULA 1: Sala de aula da 2 Aulas em power FECHADO
Definição de Escola indígena point e caderno 09/12/2017
DISTÚRBIO Rei do Ororubá com as 17 canções
AULA 2: 2 Aulas em power FECHADO
Sala de aula da
Identificando point e caderno 09/12/2017
Escola indígena
distúrbio em com as 17 canções
Rei do Ororubá
desenhos infantis.
AULA 3: 2 Aulas em power FECHADO
Sala de aula da
A justiça brasileira e point e caderno 10/12/2017
Escola indígena
os casos de com as 17 canções
Rei do Ororubá
distúrbio.
AULA 4: 2 Aulas em power FECHADO
Sala de aula da
Estudo de casos point e caderno 10/12/2017
Escola indígena
pelo livro de Trinca com as 17 canções
Rei do Ororubá
(2013)
Foi realizado uma segunda capacitação para as professoras da Aldeia São José
nos dias 9 e 10 de dezembro, em virtude das crianças produzirem muitos
desenhos e elas necessitarem ter algum conhecimento ao se depararem com
desenhos que sugerem distúrbios á crianças e as professoras eram desprovidas
deste conhecimento. Muitas dúvidas foram sendo tiradas no decorrer da
capacitação que estava planejada para seis horas e foi concluído com dez horas,
havendo discussão e espaço para outros dez. Foram feitos nesta capacitação
diversos exercícios com desenhos de crianças com distúrbios, bem como a
definição de cada um, também forma feitos alguns exercícios e pesquisas a
serem realizadas por elas na internet, bem como diversos estudos de casos
retirados do livro de Trinca (2013).
e) Criação de novo componente curricular trazendo a parte escrita das
canções ao qual a coordenação indígena chamou de 'pontos do Toré'.
Após a inovação as professoras em conjunto com a coordenação
indígena Xukuru criaram um novo componente curricular para trabalhar a
musicalidade em todas as escolas do povo Xukuru do Ororubá, apresentando o
que o governo manda que se trabalhe no currículo, mas também abordando a
musicalidade na tradição e cultura próprias do povo Xukuru, e como as canções
são muitas elas representam um inesgotável fonte de textos, pois há no povo
cancioneiros que criam novas canções para certos momentos como visitas de
outros povos indígenas, assembléias indígenas e outros momentos onde as
281
Está criada uma estratégia que neste caso pode ser inovada a cada
canção criada pelos índios desta etnia, uma fonte inesgotável de recursos
didáticos (livros) para ser trabalhado com os alunos em todas as disciplinas.
Nas palavras da professoras Shirleide e Rogéria 'os alunos perguntavam
se fariam novamente os trabalhos das canções, pois eles tem a oportunidade de
cantar, dançar, escrever e ler cada uma das canções', a ponto de um cancioneiro
282
Conteúdo oficial:
componente Artes:
Elaboração própria
mais sua cultura, e a cada nova canção que surge eles passam a ter mais
material para trabalharem melhorando e contribuindo na manutenção de sua
cultura, é uma fonte permanente de textos para enriquecer os alunos.
Uma vez que os pais tem poucos anos de estudo, não conseguiam
acompanhar os seus filhos nas atividades escolares, porém o fato deles
conhecerem as canções facilitou a inovação quando a criança esquecia a letra,
os pais podiam cantar mesmo sem saber ler, pois a canção já está presente em
sua cultura há muitas gerações.
de todas as aldeias, será necessário todo o ano em curso para capacitar todos
os professores de todas as aldeias.
A estratégia combinada de transcrever as canções, realizar exercícios
que seriam usados no conteúdo do livro didático mostrou-se desafiador e
gratificante com os resultados apresentados pelos alunos, o interesse deles por
mais livros, e cadernos de escrita torna todo trabalho prazeroso. Na fala das
professoras de outras aldeias no último encontro que ocorreu na formatura dos
alunos no Terreiro Sagrado, elas perguntaram se não podíamos desenvolver
este trabalho com as turmas de outras aldeias, mostrando que também se
interessavam pela aplicação da estratégia de construção de um livro específico,
com a participação dos alunos. Todos, alunos e professoras foram os
construtores do livro com conteúdo que os agrada, pois é parte de sua cultura.
Freire (2003) afirma que 'A leitura de mundo precede a leitura da palavra', logo
a bagagem cultural do aluno e sua cultura pode ser utilizada como ferramenta
no processo de melhoria de competências da língua Portuguesa e indígena,
afirma ainda que há maior desenvolvimento de leitura e escrita quando estas são
feitas na realidade do aluno como mostra Freire (2003) 'O comando da leitura e
da escrita se dá a partir de palavras e de temas significativos à experiência
comum dos alfabetizandos e não de palavras e de temas apenas ligados à
experiência do educador'.
Amparadas pelo marco legal: a Constituição Federal de 1988 (Capítulo VIII, Arts.
231 e 232), pelo Estatuto do Índio (Lei nº 6.001/ 1973) criadas com base na
Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) é que foi
possível que as escolas das aldeias do povo Xukuru passaram ao nível de
estaduais, e deixaram de ser do município. Foi perceptível a mudança, que no
início começou a trabalhar atividades de um currículo diferenciado que incluía
artesanato indígena, confecção de roupas e adereços indígenas, começou-se a
trabalhar as cento e sessenta e cinco palavras indígenas com os alunos e um
trabalho de recuperação da língua também foi conduzido pelos anciãos e
lideranças indígenas, com isso houve uma sensível melhora na auto-estima dos
alunos e professores, embora as professoras até sejam contratadas e não
288
Apresento como reflexão para esta inovação que a melhor parte desta inovação
foi poder contribuir pela primeira vez com esse povo de forma prática, depois de
vinte anos que só pesquisava, estudava e escrevia, contribuindo apenas na
divulgação de sua cultura, mas não desenvolvendo algo palpável que pudesse
289
ser utilizado em sua educação. Conquistá-los nestes vinte anos foi a parte mais
difícil, pois é um povo que já muito sofreu nas mãos de aproveitadores, por isso
hoje se tem uma lei que precisa de autorização para trabalhar em áreas
indígenas, se o cacique e as lideranças não autorizarem, não se pode
desenvolver nenhum trabalho, mas o fato de se construir a inovação com
elementos de sua cultura tornou mais fácil esta aceitação, nada foi imposto, as
canções já são parte de seu cotidiano. A frase da professora dita ao Pajé que
sempre resistia ter em suas terras pessoas não índias, foi que este pesquisador
já era um deles, acabei por estas palavras fazendo parte de um pequeno grupo
que de verdade contribuiu para com a educação indígena, sendo esta a maior e
mais gratificante recompensa por tudo que foi realizado em conjunto com as
professoras e as lideranças que permitiram este trabalho, e por ter acreditado e
confiado seus alunos a um não índio.
Para melhor realizar esta inovação foi feita uma capacitação com as professoras
para trabalhar as canções selecionadas em atividades com os vinte e seis alunos
do turno matutino da aldeia São José, construindo um livro de apoio didático
especifico da cultura Xukuru, sendo monitorado a evolução de cada aluno na
disciplina de Português com as atividades de leitura e escrita utilizando as
canções para ao final avaliar a evolução e as notas dos mesmos.
As transcrições das canções da tradição oral desse povo foi trabalhada
pelas professoras que lecionam em duas turmas multiseriadas (préI e II, 1º. 2º e
3º ano do Ensino Fundamental) com idades entre 6 e 13 anos, em sala de aula.
Esta inovação foi desenvolvida com atividades em sala, abordando a cultura do
povo do Ororubá em diversos temas do seu dia-a-dia, rituais e festejos através
da musicalidade das canções, diariamente incluídas em forma de cantos e
danças na sala de aula, e ainda trabalhadas na leitura e na escrita.
292
Logo que foi autorizado pelos líderes indígenas, conforme determina a Lei
brasileira para que a inovação pudesse ser realizada, e mesmo com os 500 km
para se chegar até a aldeia São José, sendo necessário diversas vezes ficar com
eles durante semanas para que a inovação pudesse progredir, o compromisso
incondicional das professoras da aldeia São José motivavam a continuidade dos
trabalhos, indo muito além do que se esperava delas, que afirmaram durante a
formatura dos alunos no terreiro sagrado ao qual participei com autorização do
Cacique e do pajé, que a inovação causou grande reflexão na educação
indígena, pois possibilitou criar uma enorme quantidade de recursos didáticos a
partir das canções que não se esgotam.
para um dia não se correr o risco de dizer que a cultura indígena foi extinta.
Como já se pode dizer de diversas etnias que a cada década é extinta no Brasil,
nos boletins da FUNAI responsável pelo setor indígena no Brasil.
Como pode ser visto na fundamentação, o amparo dado pela Carta Magna de
1988 'Constituição Federal do Brasil' ás culturas nativas e, originárias foi a mais
importante contribuição, que deu amparo aos povos originários permitindo que
a educação indígena tivesse um currículo diferenciado embora pouco trabalhado
atá hoje, baseado na cultura milenar de cada povo indígena que é tão rico em
nosso pais com duzentas e setenta e quatro línguas (IBGE 2010) divididas em
dois grandes troncos linguísticos (Tupi e Macro-jê) com mais de dezenove
familias, cada uma com suas especificidades, o que torna o Brasil um grande e
rico poço cultural que conseguiu preservar a custa de muita luta as tradições dos
índios. A língua Tupi é a que predomina em maior quantidade de famílias, porque
esse povo dominou muitas tribos em quase toda extensão do litoral e interior do
país, os povos indígenas litorâneos em sua maioria descendem dos bravos
Tupi's.
Diversas Políticas públicas contribuíram para a melhoria do Currículo escolar
indígena dentre elas, a Constituição Federal de 1988 ; O Estatuto do Índio; A
Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT); A Declaração
das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas; A Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional (LDB); Os PCN's; O Pacto Nacional pela
Alfabetização na Idade Certa; O Referencial curricular nacional para a educação
infantil Vol. 1 e 3, tudo isso corroborou para uma melhoria, porém a maior
dificuldade é o seu cumprimento uma vez que incomoda fazendeiros,
congressistas donos de grandes extensões de terra, multinacionais do
agronegócio, ricos e poderosos, contra povos pobres e humildes que só tem um
pouco de terra.
Quero apresentar ao leitos uma das muitas canções transcritas neste projeto de
inovação por ser ela a canção que as crianças índias mais gostam de cantar:
CANÇÃO INDÍGENA DO POVO XUKURU DO ORORUBÁ
(CANÇÃO ESCOLHIDA PELOS ALUNOS)
Nº 18 PISA LIGEIRO
Canção Momento que se Instrumentos Vestimentas
canta
18. PISA 1-Início dos Maraca ( ) Barretina ( )
LIGEIRO trabalhos escolares; Palmas ( ) Saia de palha ( )
2-Toré Flauta ( ) Pinturas na pele (
Sagrado )
(TRECHO FALADO)
VIVA OS ÍNDIOS, VIVA.
VIVA AS MATAS, VIVA.
VIVA OS ALUNOS, VIVA.
VIVA A FLORESTA, VIVA.
VIVA O TORÉ, VIVA.
VIVA O CACIQUE MARCOS, VIVA
UMA SALVA DE PALMAS...
(TRECHO CANTADO)
PISA LIGEIRO, PISA LIGEIRO
QUEM NÃO PODE COM A FORMIGA
NÃO ASSANHA O FORMIGUEIRO
PISA LIGEIRO, PISA LIGEIRO
QUEM NÃO PODE COM A FORMIGA
NÃO ASSANHA O FORMIGUEIRO
PANKARARU
O povo Pankararu tem sua localização no município de Tacaratu e Jatobá,
com localização geográfica na Serra do Tacaratu, no Brejo dos Padres, na
Serrinha e em Entre Serra, com uma população de 4.840 índios na divisa do
estado ao sul.
Os Pankararu realizam todas as suas tarefas em um calendário que é
baseado no sol, na lua e nas estrelas, como por exemplo a plantação de
mandioca e milho, o corte da madeira para a construção de cercas e outros
trabalhos.
Uma de suas festividades é o 'flechamento do imbú' onde o primeiro fruto
do imbú é levado aos anciãos para que eles com sua sabedoria digam se terão
boas colheitas. No mês de fevereiro ocorre a corrida do imbú acompanhada da
dança do cansação, é uma festividade em que eles colocam suas esperanças
que terão um ano de promessas de boas colheitas, eles se vestem com as
palhas de ouricuri, parecendo lngas túnicas de sacerdotes, nesse ritual eles
139
MEC- Caderno do tempo. Professores e professoras indígenas de Pernambuco. Belo Horizonte, 2 Ed.
2006.
298
CALENDÁRIO PANKARARU
MÊS ATIVIDADE
JANEIRO Mestre guia, safra da manga e caju, festa de N. Sra. da Saúde
FEVEREIRO Corrida do imbú
MARÇO Preparo da terra para plantio
ABRIL Plantações
MAIO Plantações
JUNHO 1 a 13 Novenário de Santo Antonio
JULHO Colheita do milho e feijão
AGOSTO Penitencia e guarda a N. Sra. da Boa Morte
SETEMBRO Plantio da mandioca
OUTUBRO Festa de N. Sra, Aparecida
NOVEMBRO Flechamento do imbu
DEZEMBRO Festa de Santa Luzia
PIPIPÃ
O povo Pipipã tem sua localização no município de Floresta, com
localização geográfica na Serra Negra, Serra dos Pipipã, Lagoa do jacaré, Barra
do Juá, Lagoa do junco, Baixa do Urubú e Jiquiri, com uma população de 2.050
índios no centro do estado.
O Cocá do povo tem doze sementes pretas que representam os meses
do ano, as vinte e quatro sementes vermelhas representam o vinte e quatro
Torés - dança ritual do povo, comum a muitos povos indígenas do Nordeste.
O Kraua´ é uma planta nativa que é usada desde os antepassados para
fazer os diversos utensílios usados pelo povo como por exemplo a rede, cortinas,
vestimentas, cordas e tapetes.
A ligação do indígena com a natureza é muito forte, a observação da fauna
e flora fala, apresentam sinais peculiares que regem a vida do povo. Uma cigarra
cantando fala ao povo pela melodia de seu canto se o ano vindouro será bom
para plantio e colheita, e isso passou dos índios para cultura popular arraigada
299
na tradição do sertanejo que vive esses costumes.Outros animais que dão sinais
são o cupim, o fura-bananeira, a abelha...
A plantação de milho, feijão, mandioca, melancia, jerimum, algodão, fava
e macaxeira são as plantações básicas que alimentam o povo, além da criação
de pequenos animais como galinhas, porcos. Eles também caçam o peba, tatu,
tamanduá, veado, caititu, seriema e cambaba, bem como muitos outros tipos de
animais.
CALENDÁRIO PANKARARU
MÊS ATIVIDADE
JANEIRO De janeiro a junho é tempo de reprodução das árvores, de caça e
colheita de frutas, safra do umbú. De 10 a 21 aricuri. De acordo com
as chuvas pode ocorrer as plantações.
FEVEREIRO Chuvas, plantações e produções.
MARÇO Colheita do catolé outras frutas
ABRIL Semana dos povos indígenas, dia de Santo Expedito padroeiro do
travessão do ouro
MAIO Mes de Maria, novenas e procissões na comunidade
JUNHO Comemoração de São Pedro, S. João e S. Antonio. fogueiras,
comidas típicas de são joão
JULHO Dia 20 dia do Pe Cícero
AGOSTO Falecimento do índio Joaquim Roseno, usa-se vinho da jurema para
celebrar
SETEMBRO Em 1802 foram aldeiados 114 gentios bravos Pipipã na aldeia da
missão, Lagoa do jacaré.
OUTUBRO Ritual do aricuri no qual se colhem o ruto da massaranduba, café.
NOVEMBRO Queda das folhas
DEZEMBRO Falecimento da india Amélia Maria e do índio espancado até a morte
ao receber voz de prisão em Serra Negra
ATIKUM
O povo Atikum tem sua localização no município de Carnaubeira da
Penha, com localização geográfica na Serra do Uma, com uma população de
4.736 índios a oeste do estado.
300
CALENDÁRIO ATIKUM
MÊS ATIVIDADE
JANEIRO Chuva
FEVEREIRO Plantio do feijão de arranca
MARÇO Novenário de S. José na aldeia Pedra de Fogo. limpa das lavouras
ABRIL Comemoração da semana dos povos indígenas
MAIO Colheita dos feijões de arranca e de corda. festejo do mes mariano
nas aldeias Areia e Jatobá
JUNHO Comemoração de São Pedro, S. João e S. Antonio. fogueiras,
comidas típicas de são João.
JULHO Caça e pesca. festa de N. Sra. de Santana
AGOSTO Colheita de milho e fava
SETEMBRO Venda de produtos agrícolas
OUTUBRO Festejo de N.Sra da Misericórdia
NOVEMBRO Preparo para plantio
DEZEMBRO Festejo de N. Sra. da Conceição
TRUKÁ
O povo Truká tem sua localização no município de Cabrobo e Orocó, com
localização geográfica é no Rio São Francisco - Ilha de Assunção, Ilha da Onça
301
e Ilha Tapera - com uma população de 3.463 índios no final do estado, sendo a
última etnia a oeste de Pernambuco.
Dançam o Toré, bebem á Jurema sagrada, recebem orientação dos
encantados para guiar o povo com sabedoria. Caçam preá, tatu, teju, jacaré,
capivara e aves.
CALENDÁRIO TRUKÁ
MÊS ATIVIDADE
JANEIRO Plantio de arroz e retomada da ilha
FEVEREIRO Período de pesca
MARÇO Plantio de milho. caminhada dos penitentes e novena da Quaresma
ABRIL Comemoração da semana dos povos indígenas
MAIO Novenário de Maria e comemoração da retomada da ponta da ilha
JUNHO Grande colheita de arroz e milho
JULHO Fim da colheita de arroz e milho
AGOSTO Novenário da padroeira dos Truká N. Sra. Rainha do Anjos
SETEMBRO Comemoração da retomada da caatinga grande
OUTUBRO Dia 4 S. Francisco;12 N. Sra, Aparecida; 31 romaria a Juazeiro de
Pe Cícero
NOVEMBRO Dia de todos os santos
DEZEMBRO Plantio da cebola; N. Sra. da Conceição; morte de Acilon Ciríaco; dia
de santa Luzia; morte de Antonio Cirilo
KAMBIWÁ
O povo Kambiwá tem sua localização no município de Ibimirim, Inajá e
Floresta, com localização geográfica na Serra Negra e no Riacho da Alexandra,
com uma população de 2.852 índios no sertão do estado.
Como os outros povos do Pernambuco usam a natureza, a chuva o canto
das cigarras os ventos e as plantas para se guiarem nas decisões do povo. O
que eles produzem é vendido nas feiras livres de Ibimirim aos sábados e Inajá
nas segundas. Plantam como muitos agricultores de terras áridas a palma, uma
espécie de cactos que alimenta o gado nos períodos de estiagem e que dá um
fruto exótico.
CALENDÁRIO KAMBIWÁ
302
MÊS ATIVIDADE
JANEIRO Trovoadas, plantação de milho e colheita de cajú
FEVEREIRO Época do umbu e murici. Padroeira do tear N. Sra. da Saúde
MARÇO Colheita do feijão-de-corda, milho verde e semana santa
ABRIL Comemoração da semana dos povos indígenas, tempo de mel,
morte do índio Vicente Gomes 1992
MAIO Comemoração do dia das mães, novena de maio, morte do índio
Pedro Profiri o primeiro pajé da tribo
JUNHO Festas juninas e plantio da mandioca
JULHO Colheita do feijão de arranca
AGOSTO Na lua cheia a dança do praiá, morte de Pedro Ferreira 1978
SETEMBRO Retomada de kambiwá 2000
OUTUBRO Festas de São Francisco e de N. Sra. Aparacida, caça ao tatu, peba,
veado, cutia e preá. romaria a Juazeiro do Pe Cícero
NOVEMBRO Colheita do milho seco, da fruta de palma e dia de finados
DEZEMBRO Preparação da terra para o cultivo, dia de santa Bárbara padroeira
da aldeia Pereiros
FULNI- Ô
O povo Fulni-ô tem sua localização no município de Águas Belas, com
localização geográfica na Serra do Cumanati, com uma população de 3.101
índios na divisa do estado ao sul na fronteira com o estado de Alagoas.
CALENDÁRIO FULNI- Ô
MÊS ATIVIDADE
JANEIRO
FEVEREIRO
MARÇO
ABRIL Comemoração da semana dos povos indígenas
MAIO
JUNHO
JULHO
AGOSTO
SETEMBRO
OUTUBRO
303
NOVEMBRO
DEZEMBRO
KAPINAWÁ
O povo Kapinawá tem sua localização no município de Buíque, com
localização geográfica no Vale do Catimbáu e Mina Grande, com uma população
de 1.065 índios no início do agreste pernambucano.
CALENDÁRIO KAPINAWÁ
MÊS ATIVIDADE
JANEIRO
FEVEREIRO
MARÇO
ABRIL Comemoração da semana dos povos indígenas
MAIO
JUNHO
JULHO
AGOSTO
SETEMBRO
OUTUBRO
NOVEMBRO
DEZEMBRO
PANKARÁ
O povo Pankará tem sua localização no município de Carnaubeira da
Penha, com localização geográfica na Serra do Arapuá, Serra da Cacaria, Grota
do Enjeitado, Riacho das Lajes Brancas e Grota da Toca , com uma população
de 4.300 índios no sertão do estado.
CALENDÁRIO PANKARÁ
MÊS ATIVIDADE
JANEIRO
FEVEREIRO
MARÇO
304
E assim cada estado da nossa república tem suas diversas etnias indígenas.
305
"Nenhuma pessoa poderá morrer em paz se não tiver feito tudo o que for preciso
para que os outros vivam" (Luís Rétif)
Família indígena que deixou a tribo Xucuru e foi morar no bairro Xucuru em
Pesqueira. (foto do autor)
307
APROFUNDAMENTO
Para aqueles que desejarem aprofundar-se na questão indígena seja o
leitor um jornalista, historiador, professor de história, profissional da educação,
ou outra categoria, o Prof. Mestre da UFRN, Thyago Rusemberg, presenteou-
me com uma bibliografia por períodos da história indígena em nosso país, que
aqui deixo na integra.
HISTÓRIA INDIGENA
RIBEIRO, Berta Gleizer. O índio na história do Brasil. 6 ed. São Paulo: Global,
1983.
CUNHA, Manuela Carneiro (org.). História dos índios do Brasil. São Paulo:
Companhia das Letras, 1992.
MONTEIRO, João Manuel. Negros da terra: índios e bandeirantes nas origens
de São Paulo. São Paulo: Companhia das Letras, 1994.
PUNTONI, Pedro. A Guerra dos Bárbaros: Povos indígenas e a colonização do
sertão nordeste do Brasil, 1650-1720. São Paulo. HUCITEC; EDUSP; FAPESP,
2002.
VAINFAS, Ronaldo. A Heresia dos índios: catolicismo e rebeldia no Brasil
colonial. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
309
BRASIL COLÔNIA
COSTA, Emília Viotti. Da senzala à colônia. (2ª ed.) São Paulo, Ciências
Humanas, 1982.
GONÇALVES, L.A.O e GONÇALVES E SILVA, P.B. O Jogo das Diferenças - O
Multiculturalismo e seus contextos. Belo Horizonte: Autêntica, 1998.
ALENCASTRO, Luiz Felipe de. O trato dos viventes: formação do Brasil no
Atlântico Sul séculos XVI e XVII. São Paulo: Companhia das Letras, 2000. B
BOXER, Charles. O Império marítimo português (1415-1825). São Paulo:
Companhia das Letras, 2002.
BOXER, Charles R. A Idade do Outro do Brasil: dores de crescimento de uma
sociedade colonial. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2000.
311
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
312
DA TESE DA USACH
Alencar, José de. Iracema. São Paulo: Ciranda Cultural, 2010.
Araya, David Andrés Herrera. A retroalimentación docente como estrategia
evaluativa para la mejora de los aprendizajes en história, geografia y
ciencias sociales. Santiago: USACH, 2016.
________. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Diretrizes
Curriculares Nacionais para a Formação Inicial e Continuada dos
Profissionais do Magistério da Educação Básica. Parecer CNE/CP
Nº:2/2015.
Barone, João. 1942: O Brasil e sua guerra quase desconhecida. Rio de Janeiro:
Nova Fronteira, 2013.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. O
governo brasileiro e a educação escolar indígena 1995-1998. Ministério
da Educação. Secretaria de Educação Fundamental: Brasília (DF), 1998.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Parâmetros
nacionais de qualidade para a educação infantil. Ministério da Educação.
Secretaria de Educação Básica: Brasília (DF), 2006.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Parâmetros
nacionais de qualidade para a educação infantil. Ministério da Educação.
Secretaria de Educação Básica: Brasília (DF), 2006.
BRASIL. Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos. Secretaria de
Direitos Humanos da Presidência da República, 2006.
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perspectivas de uma nova Política Indigenista. FUNAI. Brasília, 2012.
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http://pacto.mec.gov.br/images/pdf/pacto_livreto.pdf (consulta: 20 de julho
de 2017).
BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação
Fundamental. Referencial curricular nacional para a educação infantil /
Ministério da Educação e do Desporto, Secretaria de Educação
Fundamental. Vol. 1 — Brasília: MEC/SEF, 1998.
BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação
Fundamental. Referencial curricular nacional para a educação infantil /
313