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Ficha de trabalho n.

º 1

Ficha de trabalho acerca dos regulamentos administrativos,elaborada pela


Docente Patrícia Pinto Alves e da autoria da Docente Patrícia Pinto Alves.

Caso prático n.º 1

Imagine que no passado dia 24 de março de 2022, a Assembleia da República


portuguesa elaborou / emanou um Estatuto Jurídico no sentido de que a organização
e funcionamento da Assembleia da República portuguesa apenas poderá versar
sobre o partido político maioritário (vencedor das atuais e últimas eleições
legislativas).

1. Quid Juris?

Resolução: Tendo em forte consideração o princípio da legalidade administrativa,


que advém, aliás, do disposto no artigo 3.º do atual Código do Procedimento
Administrativo português (doravante designado por CPA) [DL n.º 4/2015, de 07 de
Janeiro, com as suas sucessivas alterações (1)], é de referir, desde já, que em caso algum
um regulamento pode ser contrário a um ato legislativo, dado que a lei possui absoluta
primazia sobre os regulamentos, estando assim presente a direção do princípio da
legalidade, que, como Diogo Freitas do Amaral referia é habitualmente denominado por
«princípio da preferência de lei» ( 2).

A Assembleia da República portuguesa (doravante designada por AR) encontra-


se contemplada ao abrigo do disposto no artigo 147.º e seguintes da Constituição da
República portuguesa (doravante designada por CRP). Neste prisma, o artigo 147.º da
CRP dá-nos, desde logo, a noção de Assembleia da República, expressando que “a
Assembleia da República é a assembleia representativa de todos os cidadãos
portugueses”. Com poderes legislativos enaltecedores, a AR legisla sob a aforma de Lei,
tendo em consideração o disposto no artigo 161.º e seguintes da CRP, e ainda,

1
O CPA é pesquisável em:
https://www.pgdlisboa.pt/leis/lei_mostra_articulado.php?nid=2248&tabela=leis (acesso em: 27.03.2022).
2
Neste sentido, e para maiores desenvolvimentos, vd, Diogo FREITAS DO AMARAL, Curso de
Direito Administrativo, Com a colaboração de Lino Torgal, Volume II, 5.ª Reimpressão da Edição de 2001,
Almedina, Fevereiro de 2006, p. 180 e elenco bibliográfico lá citado.

1
considerando o denominado princípio da tipicidade dos atos legislativos (3), princípio este
que se infere do disposto no n.º 1, do artigo 112.º da CRP, na medida em que “são actos
legislativos as leis, os decretos-leis e os decretos legislativos regionais”.

Ora, quando nos reportamos aos Estatutos Jurídicos, estamos a reportar-nos a


regulamentos externos com características muito peculiares, e, estando no âmbito
regulamentar, este tem de ser exercido no desempenho da função administrativa. Neste
seguimento, e parafraseando Pedro Costa Gonçalves, “a função administrativa é uma
atividade pública, da responsabilidade originária e inicial do Estado ou de outra pessoa
coletiva pública (4)”.

Posto isto, antes de avançarmos na resolução do caso prático em concreto, cumpre


referir e explicar que os regulamentos administrativos diferenciam-se das leis. Desta feita,
antes de avançarmos na resolução do caso prático em concreto, torna-se conveniente
distinguirmos leis de regulamentos administrativos. Assim, uma possível definição de leis
que da nossa parte sugerimos é a de que por leis entende-se um conjunto de normas
jurídicas emanadas pela AR no desempenho da sua função legislativa e que versam sobre
determinadas matérias, podendo ser de cariz constitucional ou de cariz ordinário,
havendo, contudo, uma hierarquia legislativa entre as leis ordinárias, dado que estas
últimas podem ser leis ordinárias comuns, leis ordinárias reforçadas de alcance geral ou
leis ordinárias reforçadas de alcance limitado (5). Por sua vez, os regulamentos
administrativos, com consagração no artigo 135.º do Código do Procedimento
Administrativo português (doravante designado por CPA), são normas jurídicas de
caráter geral e abstrato que, no exercício de poderes jurídico-administrativos, têm por
finalidade a produção de efeitos jurídicos externos, sendo que num prisma «material», e
de acordo com o exposto por Diogo Freitas do Amaral, o regulamento administrativo
baseia-se em normas jurídicas (6), como aliás decorre logo da primeira parte do artigo

3
Cfr., e para mais desenvolvimentos, vd, o nosso, Patrícia PINTO ALVES, O Direito
Constitucional e a Constituição da República Portuguesa: ensinanças, Editora: Quid Juris, 2022, p. 212 e
ss e elenco bibliográfico lá citado.
4
Cfr., e para maiores desenvolvimentos, vd, Pedro COSTA GONÇALVES, Manual de Direito
Administrativo, Volume 1, Almedina, Setembro de 2020, p. 1010 e ss e elenco bibliográfico lá citado.
5
Para mais desenvolvimentos acerca destas matérias, vd, o nosso, Patrícia PINTO ALVES, O
Direito Constitucional e a Constituição da República Portuguesa: ensinanças, Editora: Quid Juris, 2022,
p.
6
Neste sentido, e para maiores desenvolvimentos, vd, Diogo FREITAS DO AMARAL, Curso de
Direito Administrativo, Com a colaboração de Lino Torgal, Volume II, 5.ª Reimpressão da Edição de 2001,
Almedina, Fevereiro de 2006, p. 154 e ss e elenco bibliográfico lá citado. O itálico utilizado no corpo do
texto foi assim colocado por este autor, na p. 154, desta sua obra aqui citada ao qual nos mantemos fiéis.

2
135.º do atual CPA, e de um prisma «orgânico», em regra, o regulamento é emitido por
um órgão de determinada pessoa coletiva pública que faz parte da AP portuguesa (7). Já
num prisma «funcional», o regulamento enquanto elemento funcional que é, é ditado no
desempenho do poder administrativo em causa ( 8).

Posto isto, quando certas entidades públicas menores têm a sua organização, a
sua competência orgânica, a definição das suas finalidades e dos meios para as alcançar,
a definição dos direitos e deveres dos membros que as integram, o procedimento a adotar
na sua atuação determinados, dentro dos limites legais, num regulamento dá-se a este a
designação de estatuto, tendo de ser aprovado, para produzir efeitos jurídicos, pela
entidade que desempenha poder tutelar sobre tal pessoa coletiva, sendo que a título de
exemplos existem os Estatutos da Ordem dos Solicitadores e dos Agentes de Execução
(OSAE) e da Ordem dos Advogados Portugueses (OA) (9).

No caso prático em concreto, a AR portuguesa, no passado dia 24 de março de


2022, a não procedeu devidamente ao elaborar / emanar um Estatuto Jurídico no sentido
de que a sua organização e o seu funcionamento apenas poderá versar sobre o partido
político maioritário (vencedor das atuais e últimas eleições legislativas), dado que viola
o princípio da legalidade administrativa contemplado ao abrigo do disposto no artigo 3.º
do CPA, mais precisamente o disposto no seu n.º 1, e ainda viola a própria CRP, mais
precisamente o princípio da igualdade contemplado nos n.ºs 1 e 2, do artigo 13.º da CRP.
Desde que em moldes constitucionais e legais, a única possibilidade em que a AR
portuguesa poderia operar seria através da emanação de uma lei que venha a habilitar o
Estatuto Jurídico em causa, mas mesmo que o fizesse estaria a atuar de forma ilegal.

- FUNDAMENTAR COM O DISPOSTO NO N.º 7, DO ARTIGO 112.º DA CRP;

- FALAR DA INVALIDADE DO REGULAMENTO – ARTIGOS 143.º (N.º 1,


EM ESPECÍFICO) + 144.º AMBOS DO CPA + 147.º DO CPA. Neste prisma, cumpre
explicitar que, e de acordo com as explicações de José Carlos Vieira de Andrade,

7
Neste sentido, e para maiores desenvolvimentos, vd, Diogo FREITAS DO AMARAL, Curso de
Direito Administrativo, Com a colaboração de Lino Torgal, Volume II, 5.ª Reimpressão da Edição de 2001,
Almedina, Fevereiro de 2006, p. 155 e ss e elenco bibliográfico lá citado. O itálico utilizado no corpo do
texto foi assim colocado por este autor, na p. 155, desta sua obra aqui citada ao qual nos mantemos fiéis.
8
Neste sentido, e para maiores desenvolvimentos, vd, Diogo FREITAS DO AMARAL, Curso de
Direito Administrativo, Com a colaboração de Lino Torgal, Volume II, 5.ª Reimpressão da Edição de 2001,
Almedina, Fevereiro de 2006, p. 157 e ss e elenco bibliográfico lá citado. O itálico utilizado no corpo do
texto foi assim colocado por este autor, na p. 157, desta sua obra aqui citada ao qual nos mantemos fiéis.
9

3
relativamente à tutela judicial (jurisdicional) efetiva dos direitos e interesses legalmente
protegidos dos cidadãos no que respeita a matérias de regulamentos, e tendo em linha de
conta o disposto no n.º 5, do artigo 268.º da CRP, verificamos que os regulamentos
externos são passíveis de impugnação contenciosa, mais precisamente toamndo partido
das ações administrativas especiais para a impugnação de normas ou de declaração de
ilegalidade com fundamento em omissão (10). Ora, da nossa parte, e neste seguimento,
acrescentamos ainda que em matéria de regulamentos administartivos suscetíveis de
impugnação contenciosa, não nos causa estranheza alguma que a estes se aplique também
o disposto nos n.ºs 1 a 5, do artigo 20.º da CRP [artigo este que temn por epígrafe «Acesso
ao Direito e tutela jurisdicional efectiva» (11)]. É ainda de declarar que tratando-se os
regulamentos administrativos de normas gerais e abstratas, também estes, sendo externos,
estão suscetíveis à fiscalização abstrata da constitucionalidade por parte do Tribunal
Constitucional português, por aplicação direta do disposto na alínea a), do n.º 1 do artigo
281.º da CRP (12).

Todavia, quanto à declaração de ilegalidade com fundamento em omissão e


fixação tempestiva, ou seja, do prazo, desde que não inferior e meio ano (seis meses),

10
Neste sentido, vd, José Carlos VIEIRA DE ANDRADE, Lições de Direito Administrativo, 5.ª
Edição, Coordenação Editorial: Maria João Padez de Castro, Design: Carlos Costa, Execução gráfica:
www.artipol.net , Imprensa da Universidade de Coimbra | Coimbra University Press, Dezembro de 2017,
p. 156 e elenco bibliográfico citado nesta obra.
11
Esta é a nossa posição. Aproveitamos a deixa para transcrever o disposto nos n.ºs 1 a 5, do artigo
20.º da CRP. Desta feita, com a epígrafe de «Acesso ao Direito e tutela jurisidiconal efectiva», o artigo 20.º
da CRP dispõe ao abrigo do disposto nos seus n.ºs 1 a 5, respetivamente, que: “1. A todos é assegurado o
acesso ao direito e aos tribunais para defesa dos seus direitos e interesses legalmente protegidos, não
podendo a justiça ser denegada por insuficiência de meios económicos. 2. Todos têm direito, nos termos da
lei, à informação e consulta jurídicas, ao patrocínio judiciário e a fazer-se acompanhar por advogado perante
qualquer autoridade. 3. A lei define e assegura a adequada protecção do segredo de justiça. 4. Todos têm
direito a que uma causa em que intervenham seja objecto de decisão em prazo razoável e mediante processo
equitativo. 5. Para defesa dos direitos, liberdades e garantias pessoais, a lei assegura aos cidadãos
procedimentos judiciais caracterizados pela celeridade e prioridade, de modo a obter tutela efectiva e em
tempo útil contra ameaças ou violações desses direitos”. Neste sentido, vd, o disposto nos n.ºs 1 a 5, do
artigo 20.º da CRP, pesquisável em: https://pgdlisboa.pt/leis/lei_mostra_articulado.php?nid=4&tabela=leis
(acesso em: 05.04.2022).
12
Ora, do disposto na alínea a), do n.º 1 do artigo 281.º da CRP, tomamos conhecimento de que:
“1. O Tribunal Constitucional aprecia e declara, com força obrigatória geral: a) A inconstitucionalidade de
quaisquer normas”. Neste sentido, vd, o disposto na alínea a), do n.º 1 do artigo 281.º da CRP, pesquisável
em:
https://pgdlisboa.pt/leis/lei_mostra_articulado.php?artigo_id=4A0280&nid=4&tabela=leis&pagina=1&fi
cha=1&so_miolo=&nversao=#artigo (acesso em. 05.04.2022). Na doutrina nacional, para maiores
desenvolvimentos acerca desta temática, vd, entre outros, o nosso, Patrícia PINTO ALVES, O Direito
Constitucional e a Constituição da República Portuguesa: ensinanças, Editora: Quid Juris, 2022, p. 379 e
ss e elenco bibliográfico lá citado.

4
para adevida emissão, José Carlos Vieira de Andrade entende que se trata de uma
“fixação de prazo que deve ser entendida como condenação (13)”.

- FALAR DA CADUCIDADE E DA REVOGAÇÃO REGULAMENTARES –


ARTIGOS 145.º, E 146.º, AMBOS DO CPA.

- FALAR DA PUBLICAÇÃO DOS REGULAMENTOS – ARTIGO 119.º DA


CRP + ARTIGO 139.º DO CPA.

- FALAR DA VIGÊNCIA REGULAMENTAR – ARTIGO 140.º DO CPA E DA


PROIBIÇÃO DA EFICÁCIA RETROATIVA – ARTIGO 141.º, N.ºS 1 E 2, DO CPA.

2. Tome agora em consideração que, em vez de emanar o referido Estatuto


Jurídico, a Assembleia da República portuguesa procedeu à emanação de
um regimento. Quid Juris?

Resolução: Os denominados órgãos colegiais existentes no cerne da AP têm o


poder de, “independentemente de norma constitucional ou legal expressa que o autorize”,
fazer e aprovar os seus próprios regulamentos que versem sobre a sua organização e sobre
o seu funcionamento, regulamentos tais que se denominam por regimentos (14), logo,
concluímos que a AR tem competência para emanar regimentos ao abrigo do
disposto na alínea a), do artigo 175.º da CRP [artigo este cuja epígrafe é «Competência
interna da Assembleia» e que nos relata que: “Compete à Assembleia da República: a)
Elaborar e aprovar o seu Regimento, nos termos da Constituição; (…)”], mas em termos
de eficácia jurídica, é de evidenciar que ao abrigo do disposto na alínea f), do n.º 1, do
artigo 119.º da CRP (artigo este cuja epígrafe é « Publicidade dos actos», “1. São
publicados no jornal oficial, Diário da República: (…) f) Os regimentos da Assembleia
da República, do Conselho de Estado e das Assembleias Legislativas das regiões
autónomas; (…)”.

13
Neste sentido, vd, José Carlos VIEIRA DE ANDRADE, Lições de Direito Administrativo, 5.ª
Edição, Coordenação Editorial: Maria João Padez de Castro, Design: Carlos Costa, Execução gráfica:
www.artipol.net , Imprensa da Universidade de Coimbra | Coimbra University Press, Dezembro de 2017,
p. 156 e elenco bibliográfico citado nesta obra.
14
Cfr., e para maiores desenvolvimentos, vd, Diogo FREITAS DO AMARAL, Curso de Direito
Administrativo, Com a colaboração de Lino Torgal, Volume II, 5.ª Reimpressão da Edição de 2001,
Almedina, Fevereiro de 2006, p. 177 e referência bibliográfica lá citada. As aspas utilizadas no corpo do
texto estão assim por nós colocadas porque correspondem a transcrições das palavras do autor e da obra
aqui citados. O itálico utilizado no corpo do texto é nosso.

5
3. Independentemente das questões anteriores, imagine agora que a
Administração Pública portuguesa (doravante designada por AP), mais
precisamente o Município Y emanou o ato administrativo X que derroga
o regulamento municipal em questão. Quid Juris?

Resolução: O poder regulamentar atinente às autarquias locais em Portugal é o


que advém do disposto no artigo 241.º da CRP. Ora, com a epígrafe de «Poder
regulamentar», o artigo 241.º da CRP revela que “as autarquias locais dispõem de poder
regulamentar próprio nos limites da Constituição, das leis e dos regulamentos emanados
das autarquias de grau superior ou das autoridades com poder tutelar”.

Como defende António Cândido de Oliveira, há regulamentos locais com o


objetivo de mediante medidas adequadas, procederem à ordenação da vida da localidade
de maneira a obter-se uma mais acertada satisfação das necessidades da coletividade
daquela comunidade (15).

Tendo em consideração o disposto no n.º 2, do artigo 142.º do CPA (artigo este


cuja epígrafe é «Aplicação de regulamentos» em vigor, tomamos conhecimento de que
“os regulamentos não podem ser derrogados por atos administrativos de caráter individual
e concreto”, logo, concluímos que, no caso em concreto, o Município Y ao emanar o ato
administrativo X que derroga o regulamento municipal agiu de forma ilegal, violando
inclusivamente o princípio da legalidade administrativa plasmado ao abrigo do disposto
no n.º 1, do artigo 3.º do CPA em vigor, que nos expressa que: “1 - Os órgãos da
Administração Pública devem atuar em obediência à lei e ao direito, dentro dos limites
dos poderes que lhes forem conferidos e em conformidade com os respetivos fins”.

Quer o regulamento quer o ato administrativo tratam-se de “comandos jurídicos


unilaterais” emanados por um órgão com competência para o efeito no desempenho “de
um poder público de autoridade”, sendo que o regulamento, na qualidade “de norma
jurídica que é”, trata-se de uma regra de cariz geral e abstrato, enquanto o ato
administrativo, na qualidade de “ato jurídico que é”, consiste numa decisão de cariz
individual e concreto (16), encontrando-se atualmente contemplado ao abrigo do disposto

15
Cfr. António Cândido de OLIVEIRA, Direito das autarquias locais, Coimbra, 1993, p. 291,
apud Diogo FREITAS DO AMARAL, Curso de Direito Administrativo, Com a colaboração de Lino
Torgal, Volume II, 5.ª Reimpressão da Edição de 2001, Almedina, Fevereiro de 2006, p. 190 e nota 333.
16
Cfr., e para maiores desenvolvimentos, vd, Diogo FREITAS DO AMARAL, Curso de Direito
Administrativo, Com a colaboração de Lino Torgal, Volume II, 5.ª Reimpressão da Edição de 2001,
Almedina, Fevereiro de 2006, p. 171 e ss e elenco bibliográfico lá citado. As aspas utilizadas no corpo do

6
no artigo 148.º do CPA (artigo este cuja epígrafe é «Conceito de ato administrativo» [DL
n.º 4/2015, de 07 de Janeiro, com as suas sucessivas alterações (17)], artigo este que nos
relata que: “Para efeitos do disposto no presente Código, consideram-se atos
administrativos as decisões que, no exercício de poderes jurídico-administrativos, visem
produzir efeitos jurídicos externos numa situação individual e concreta”.

4. Independentemente das questões anteriores, explicite, desenvolvendo a


sua resposta, que tipos de regulamentos conhece em Portugal, e se existe
ou não, uma hierarquia patente entre os mesmos.

Resolução: Existem várias espécies de regulamentos administrativos em


Portugal, havendo uma hierarquia entre os mesmos.

- Regulamentos internos;

- Regulamentos externos;

- Regulamentos complementares;

- Regulamentos independentes;

- Regulamentos nacionais;

- Regulamentos locais;

- Regulamentos institucionais;

- A alínea c), do artigo 199.º da CRP;

- A alínea d), do n.º 1, do artigo 227.º da CRP;

- O artigo 241.º da CRP;

- O artigo 138.º do CPA;

- O disposto no n.º 3, do artigo 138.º do CPA: “Entre os regulamentos


governamentais estabelece-se a seguinte ordem de prevalência:

texto estão assim por nós colocadas porque correspondem a transcrições das palavras do autor e da obra
aqui citados.
17
O CPA é pesquisável em:
https://www.pgdlisboa.pt/leis/lei_mostra_articulado.php?nid=2248&tabela=leis (acesso em: 27.03.2022).

7
a) Decretos regulamentares: [ver o disposto na alínea h), do n.º 1, do artigo
119.º da CRP + o disposto no n.º 6, do artigo 112.º da CRP – regulamentos
independentes – promulgação do Presidente da República e referenda do Governo].

b) Resoluções de Conselho de Ministros com conteúdo normativo: [Como


nos explicava Diogo Freitas do Amaral, embora se trate de uma forma de regulamento
do Governo possível, a verdade é a de que tais resoluções não têm obrigatoriamente
o cariz de regulamento, ou seja, tais resoluções podem ser em termos de aspetos
materiais regulamentos, mas também podem corresponder em aspetos materiais a
verdadeiros atos administrativos (18)].

c) Portarias: [nas situações em que determinado regulamento é emanado de


um ou mais de um ministros que atuam em nome do Governo de Portugal, estamos
aqui no âmbito das denominadas portarias, figuras estas que não são autonomizadas
de forma expressa pela CRP (19)].

d) Despachos:[nas situações em que determinado regulamento emana de um


ministro em nome do respetivo ministério, e não em nome do Governo, está aqui
presente a figura do denominado despacho normativo. Mas, também os denominados
«despachos simples» podem ter matéria de âmbito regulamentar, mesmo que não seja
adequado que a tenham ( 20)].

18
Cfr. Diogo FREITAS DO AMARAL, Curso de Direito Administrativo, Com a colaboração de
Lino Torgal, Volume II, 5.ª Reimpressão da Edição de 2001, Almedina, Fevereiro de 2006, p. 187.
19
Cfr. Diogo FREITAS DO AMARAL, Curso de Direito Administrativo, Com a colaboração de
Lino Torgal, Volume II, 5.ª Reimpressão da Edição de 2001, Almedina, Fevereiro de 2006, p. 187.
20
Cfr. Diogo FREITAS DO AMARAL, Curso de Direito Administrativo, Com a colaboração de
Lino Torgal, Volume II, 5.ª Reimpressão da Edição de 2001, Almedina, Fevereiro de 2006, pp. 187-188.
Os itálicos utilizados no corpo do texto assim como a expressão «despachos simples» foram assim
utilizados por este autor, na p. 188, desta sua obra aqui citada. As aspas interinas utilizadas no corpo do
texto são nossas.

8
5. Independentemente das questões anteriores, explicite que entidades
podem ser detentoras de Estatutos Jurídicos a si aplicáveis, explicitando,
para os devidos efeitos, a figura do Estatuto Jurídico. Exemplifique a sua
resposta.

Resolução: As associações públicas em Portugal [inseridas na Administarção


autónoma do Estado português (21)] são detentoras de Estatutos Jurídicos a si aplicáveis.
Já Diogo Freitas do Amaral referia que a noção de associação é a que decorre dos artigos
157.º do Código Civil português (22) (doravante designado por CC) e 167.º do CC ( 23),
sendo assim uma associação uma pessoa coletiva formada pelo agrupamento de variados
indivíduos, ou de pessoas ditas coletivas, que não tenha por finalidade o lucro económico
do seus associados, porque como ainda explicava Diogo Freitas do Amaral caso visasse
o lucro económico considerar-se-ia como sendo uma sociedade (24).

Ainda seguindo as sábias lições de Diogo Freitas do Amaral, este autor propôs
uma definição de associações públicas e parafraseando este autor, verificamos que este
autor defendia que se pode(ia) dar uma definição de “«associações públicas» como sendo
as pessoas colectivas públicas, de tipo associativo, criadas para assegurar a prossecução
de determinados interesses públicos pertencentes a um grupo de pessoas que se
organizam para a sua prossecução (25)”.

21
22
O artigo 157.º do Código Civil português tem por epígrafe «Campo de aplicação» refere que:
“As disposições do presente capítulo são aplicáveis às associações que não tenham por fim o lucro
económico dos associados, às fundações de interesse social, e ainda às sociedades, quando a analogia das
situações o justifique”. Neste sentido, vd, o disposto no artigo 157.º do Código Civil português (o DL n.º
47344/66, de 25 de Novembro, que “aprova o Código Civil e regula a sua aplicação - Revoga, a partir da
data da entrada em vigor do novo Código Civil, toda a legislação civil relativa às matérias que o mesmo
abrange”, com as suas sucessivas alterações), pesquisável em:
https://pgdlisboa.pt/leis/lei_mostra_articulado.php?artigo_id=775A0157&nid=775&tabela=leis&pagina=
1&ficha=1&so_miolo=&nversao=#artigo (acesso em: 05.04.2022).
23
O artigo 167.º do Código Civil português tem por epígrafe «Acto de constituição e estatutos»,
revelando-nos, ao abrigo do disposto nos seus n.ºs 1 e 2, respetivamente que: “1. O acto de constituição da
associação especificará os bens ou serviços com que os associados concorrem para o património social, a
denominação, fim e sede da pessoa colectiva, a forma do seu funcionamento, assim como a sua duração,
quando a associação se não constitua por tempo indeterminado. 2. Os estatutos podem especificar ainda os
direitos e obrigações dos associados, as condições da sua admissão, saída e exclusão, bem como os termos
da extinção da pessoa colectiva e consequente devolução do seu património”. Neste sentido, vd, o disposto
nos n.ºs 1 e 2, do artigo 167.º do Código Civil português, pesquisável em:
https://pgdlisboa.pt/leis/lei_mostra_articulado.php?artigo_id=775A0167&nid=775&tabela=leis&pagina=
1&ficha=1&so_miolo=&nversao=#artigo (acesso em: 05.04.2022).
24
Cfr., e para maiores desenvolvimentos, vd, Diogo FREITAS DO AMARAL, Curso de Direito
Administrativo, Com a colaboração de Lino Torgal, Volume II, 5.ª Reimpressão da Edição de 2001,
Almedina, Fevereiro de 2006, p. 399 e ss e elenco bibliográfico lá citado.
25
Cfr., e para maiores desenvolvimentos, vd, Diogo FREITAS DO AMARAL, Curso de Direito
Administrativo, Com a colaboração de Lino Torgal, Volume II, 5.ª Reimpressão da Edição de 2001,

9
Além das associações públicas, também as Instituições Particulares de
Solidariedade Social são detentoras de Estatutos próprios, havendo inclusive o Estatuto
Jurídico das Instituições Particulares de Solidariedade Social em Portugal, estando nós
aqui a referir-nos ao DL n.º 119/83, de 25 de Fevereiro, diploma este que aprova o
Estatuto das Instituições Particulares de Solidariedade Social, tendo em consideração as
suas sucessivas alterações (26).

Posto isto, quando certas entidades públicas menores têm a sua organização, a sua
competência orgânica, a definição das suas finalidades e dos meios para as alcançar, a
definição dos direitos e deveres dos membros que as integram, o procedimento a adotar
na sua atuação determinados, dentro dos limites legais, num regulamento dá-se a este a
designação de estatuto, tendo de ser aprovado, para produzir efeitos jurídicos, pela
entidade que desempenha poder tutelar sobre tal pessoa coletiva, sendo que a título de
exemplos existem os Estatutos da Ordem dos Solicitadores ou Agentes de Execução
(OSAE) e da Ordem dos Advogados Portugueses (OA) (27).

Para finalizar esta resposta e no sentido de complementarmos a mesma, cumpre


referir que em relação às associações públicas existem três modalidades das mesmas e
que são: as «associações de entidades públicas» que se trata de entidades que advêm da
associação, da união ou da federação de denominados entes públicos inferiores ( 28); as
«associações públicas de entidades privadas» sendo a categoria mais relevante e
abundante, sendo ainda a que foi mais lenta a ser aceite no novato regime democrático
nacional, tendo como exemplos as Ordens dos Advogados, dos Solicitadores e dos
Agentes de Execução, dos Arquitetos, dos Médicos, dos Enfermeiros (29), entre outras

Almedina, Fevereiro de 2006, p. 400 e ss e elenco bibliográfico lá citado. Os itálicos utilizados no corpo
do texto foram assim utilizados pelo autor aqui citado nesta sua obra aqui citada, assim como as aspas
interinas, aspetos aos quais nos mantemos fiéis.
26
Para um maior aprofundamento da matéria, vd, entre outros, Apelles J. B. CONCEIÇÃO,
Estatuto das Instituições Particulares de Solidariedade Social, Anotado – Regime Jurídico das Entidades
da Economia Social, 2.ª Edição, Almedina, 2015, pp. 51-132.
27
28
Neste sentido, vd, Diogo FREITAS DO AMARAL, Curso de Direito Administrativo, Volume
I, 2.ª Edição, 11.ª Reimpressão da 2.ª Edição de 1994, Almedina, Janeiro de 2006, p. 402. Este mesmo
autor, na mesma página desta sua obra aqui citada, deixou-nos como exemplo o facto de que “as nossas leis
de administração local declaram que os municípios podem decidir prosseguir em comum determinados fins
através de associações e federações de municípios – constituídas para explorarem em comum, por exemplo,
os transportes colectivos da área, ou os serviços de electricidade, de gás ou de saneamento básico, ou para
se fazer um plano de urbanização conjunto para uma zona abrangida por vários municípios”. Mantemo-nos
fiéis ao itálico utilizado na p. 402, por este mesmo autor, nesta sua obra aqui citada. Os itálicos utilizados
no corpo do texto pertencem a este autor nesta mesma página desta sua obra aqui citada. As aspas estão
assim utilizadas por nós.
29
Este exemplo foi acrescentado por nós.

10
(30); as «associações públicas de carácter misto» que se tratam daquelas “em que numa
mesma associação se agrupam pessoas colectivas públicas e indivíduos ou pessoas
colectivas privadas”, sendo exemplo de uma associação pública de caráter misto as
denominadas «cooperativas de interesse público» (31), previstas atualmente no Código
Cooperativo português [estando nós a referir-nos à Lei n.º 119/2015, de 31 de Agosto,
que “aprova o Código Cooperativo e revoga a Lei n.º 51/96, de 7 de setembro”, com a
sua sucessiva alteração], mais precisamente ao abrigo do disposto no seu artigo 6.º, cuja
epígrafe é «Cooperativas de interesse público» e que nos expressa ao abrigo do disposto
no seu n.º 1 que: “1 - É permitida a constituição, nos termos da respetiva legislação
especial, de cooperativas de interesse público, ou régies cooperativas, caracterizadas pela
participação do Estado, de outras pessoas coletivas de direito público e de cooperativas,
de utentes de bens e serviços produzidos ou de quaisquer entidades da economia social”,
relatando-nos ainda ao abrigo do disposto no seu n.º 2 que: “2 - O presente Código aplica-
se às cooperativas de interesse público, ou régies cooperativas, em tudo o que não
contrarie a respetiva legislação especial” (32).

6. Independentemente das questões anteriores, explicite as diferenças entre


regulamentos internos e regulamentos externos.

Resolução: Regulamentos internos: não necessitam de uma lei habilitante; basta


a sua mera divulgação, não necessitando de ser publicitados em Diário da República para
produzirem efeitos jurídicos.

30
Neste sentido, e para maiores desenvolvimentos, vd, Diogo FREITAS DO AMARAL, Curso
de Direito Administrativo, Volume I, 2.ª Edição, 11.ª Reimpressão da 2.ª Edição de 1994, Almedina, Janeiro
de 2006, p. 403. Mantemo-nos fiéis a alguns exemplos dados por este autor, nesta sua obra aqui citada,
mais precisamente na p. 403. Os itálicos utilizados no corpo do texto pertencem a este autor nesta mesma
página desta sua obra aqui citada. As aspas estão assim utilizadas por nós.
31
Neste sentido, vd, Diogo FREITAS DO AMARAL, Curso de Direito Administrativo, Volume
I, 2.ª Edição, 11.ª Reimpressão da 2.ª Edição de 1994, Almedina, Janeiro de 2006, p. 405. Os itálicos
utilizados no corpo do texto pertenceram a este autor nesta mesma página desta sua obra aqui citada. As
aspas estão assim utilizadas por nós. O exemplo utilizado no corpo do texto foi dado por este mesmo autor,
na p. 405, desta sua obra aqui citada.
32
O código Cooperativo português em vigor é pesquisável em:
https://www.pgdlisboa.pt/leis/lei_mostra_articulado.php?artigo_id=2469A0006&nid=2469&tabela=leis&
pagina=1&ficha=1&so_miolo=&nversao=#:~:text=1%20%2D%20%C3%89%20permitida%20a%20cons
titui%C3%A7%C3%A3o,ou%20de%20quaisquer%20entidades%20da (acesso em: 28.03.2022).

11
Os regulamentos internos, de acordo com o exposto por Diogo Freitas do
Amaral, são aqueles que produzem os respetivos efeitos jurídicos exclusivamente no
interior do campo jurídico da pessoa coletiva pública de que dimanam ( 33).

Por sua vez, regulamentos externos necessitam de uma lei habilitante e


necessitam de ser publicitados em Diário da República para produzirem efeitos jurídicos:
ver o disposto nos n.ºs 6 e 7, do artigo 112.º da CRP; ver o disposto na alínea c), do artigo
199.º da CRP; ver o disposto no artigo 136.º do CPA.

Os regulamentos externos, de acordo com o exposto por Diogo Freitas do


Amaral, são os que produzem efeitos jurídicos relativamente a outros sujeitos de Direito
díspares, ou seja, relativamente a outras pessoas coletivas públicas ou relativamente a
particulares (34).

7. Independentemente das questões anteriores, explicite as diferenças entre


regulamentos complementares e regulamentos independentes.

Resolução: Regulamentos complementares: são secundum legem e que podem ser


espontâneos ou devidos – FREITAS DO AMARAL, VOLUME II, P. 159.

Tendo em conta os ensinamentos de Diogo Freitas do Amaral, os “regulamentos


complementares” tratam-se dos regulamentos que procedem ao desenvolvimento ou ao
aprofundamento da disciplina jurídica patente numa lei, e, desta feita, completam essa
mesma lei, tornando viável, assim, a suas aplicação aos casos em concreto (35).

33
Neste sentido, e para maiores desenvolvimentos, Diogo FREITAS DO AMARAL, Curso de
Direito Administrativo, Com a colaboração de Lino Torgal, Volume II, 5.ª Reimpressão da Edição de 2001,
Almedina, Fevereiro de 2006, p. 163.
34
Neste sentido, vd, Diogo FREITAS DO AMARAL, Curso de Direito Administrativo, Com a
colaboração de Lino Torgal, Volume II, 5.ª Reimpressão da Edição de 2001, Almedina, Fevereiro de 2006,
p. 163. Um aspeto interessante é o de que este autor, na p. 163, desta sua obra aqui citada referia que “(…)
todos os regulamentos de polícia são externos”, sendo que em relação aos regulamentos de polícia, Diogo
Freitas do Amaral, na p. 162, desta sua obra aqui citada enaltecia que os regulamentos de polícia tratam-se
dos regulamentos que impõem restrições à liberdade individual visando evitar que, e consequência do
comportamento perigoso dos indivíduos, se realizem danos na esfera social.
35
Neste sentido, vd, Diogo FREITAS DO AMARAL, Curso de Direito Administrativo, Com a
colaboração de Lino Torgal, Volume II, 5.ª Reimpressão da Edição de 2001, Almedina, Fevereiro de 2006,
p. 159. As aspas utilizadas no corpo do texto pertenciam a este autor, na p. 159, desta sua obra aqui citada.

12
Já regulamentos independentes são praeter legem.

8. Explicite, e desenvolva, todas as fases regulamentares.

Resolução: Antes de avançarmos na explicação de cada uma das fases integrantes


do procedimento administrativo regulamentar, cumpre referir que esta apenas opera em
relação aos regulamentos externos. Posto isto:

- Fase da iniciativa: artigo 97.º do CPA: pode ser pública ou privada;

- Fase da publicitação do início do procedimento regulamentar e da participação


procedimental regulamentar: artigo 98.º do CPA;

- o «projeto de regulamento»: artigo 99.º do CPA;

- a «audiência dos interessados»: os n.ºs 1 e 2, do artigo 100.º do CPA e o


n.º 5, do artigo 100.º do CPA;

- a dispensa de audiência dos interessados: o disposto nas alíneas s), b), c)


e d), do n.º 3, do artigo 100.º do CPA e o disposto no n.º 4, do artigo 100.º do CPA.

- a «consulta pública»: a conjugação do disposto na alínea c), do n.º 3, do


artigo 100.º do CPA e dos n.ºs 1 e 2, do artigo 101.º do CPA.

- A fase final do procedimento regulamentar: aqui já há regulamento


administrativo, à partida válido.

- A fase da eficácia jurídica regulamentar: o princípio da publicidade


administrativa.

13
Caso prático n.º 2

Pelo Decreto-Lei n.º 123456/2019, de 5 de dezembro, a Assembleia da


República habilitou por Lei o Regulamento da Instituição Particular de
Solidariedade Social (vulgo IPSS) Cama Solidária, situada em Faro.

Porém, Adalberto, técnico superior jurista daquela IPSS, considera que o


Regulamento da IPSS Cama Solidária padece de inconstitucionalidade orgânica,
formal e / ou material.

1. Tendo em consideração o Direito Administrativo português a respeito,


quid juris?

Caso prático n.º 3

Caso prático n.º 4

BOM TRABALHO!

A Docente de Direito
Administrativo II,

Patrícia Pinto Alves

14
Ficha de trabalho n.º 2

Casos práticos de Direito Administrativo II acerca do ato administrativo


realizados pela Docente Patrícia Pinto Alves

Caso prático n.º 1

Imagine que no passado dia 4 de abril de 2022, António deslocou-se às


instalações da Polícia de Segurança Pública (vulgo PSP) requerendo a licença de uso
e porte de arma de uma caçadeira sua propriedade. A PSP agiu no sentido de
atribuição da respetiva licença de uso e porte de arma da respetiva caçadeira.

1. Quid Juris?

Resolução: É praticamente unânime na doutrina administrativista portuguesa de que


o ato administrativo configura um modo de exercício do poder administrativo (36).

Atualmente, a definição legal de ato administrativo encontra-se plasmada no artigo


148.º do Código do Procedimento Administrativo (doravante CPA) dali advindo que
para efeitos do estipulado no CPA em vigor “(...) consideram-se atos administrativos as
decisões que, no exercício de poderes jurídico-administrativos, visem produzir efeitos
jurídicos externos numa situação individual e concreta”. Note-se que importa evidenciar
que a grande mudança que há aqui neste novo conceito de ato administrativo introduzido
por este CPA de 2015, não é o efeito externo, a verdadeira alteração é que esse efeito dito
externo pode ser, nos dias que correm, introduzido por qualquer entidade ( 37).

Ora, parafraseando Licínio Lopes Martins (38), posição, aliás, com a qual
concordamos, vigora aqui no artigo 148.º do CPA “um princípio de indiferenciação”,

36
Neste sentido, vd, entre outros, .............
37
Neste sentido, vd, o nosso, Patrícia PINTO ALVES, «“Novo” Código do Procedimento
Administrativo: “novas” soluções?», in O Novo Código do Procedimento Administrativo, Para o Professor
Doutor António Cândido de Oliveira, uma oferta singela dos jovens investigadores de Direito Público da
Escola de Direito da Universidade do Minho, Coordenação: Isabel Celeste M. Fonseca, elsa – The
European Law Students` Association UMINHO, NEDip – Núcleo de Estudos de Direito Ius Pubblicum,
Braga, 2015, p. 338.
38
Cfr. Licínio LOPES MARTINS, opinião sua formulada na conferência realizada pelo NEDip no
“II Curso Breve de Atualização do CPA”, realizada no dia 6 de maio de 2015, no Conselho Distrital do
Porto da Ordem dos Advogados Portugueses, apud, o nosso, Patrícia PINTO ALVES, «“Novo” Código do
Procedimento Administrativo: “novas” soluções?», in O Novo Código do Procedimento Administrativo,
Para o Professor Doutor António Cândido de Oliveira, uma oferta singela dos jovens investigadores de
Direito Público da Escola de Direito da Universidade do Minho, Coordenação: Isabel Celeste M. Fonseca,

15
levando-nos, desta feita, a pensar que, à partida, tal facto nos gera consequências ao nível
de sabermos se será a última palavra a da AP. Da nossa parte, defendemos assim que, à
partida, o ato administartivo será administrativo e impugnável, remetendo o artigo 148.º
do CPA para o artigo 2.º do CPA (39).

Porém, antes de avançarmos no desenvolvimento da temática atinente ao ato


administrativo português, cumpre referir a noção legal de procedimento administrativo
diferenciando-a da noção legal de processo administrativo. Desta maneira, ao abrigo
do disposto do n.º 1, do artigo 1.º do CPA, percebemos que procedimento
administrativo é a sucessão ordenada de atos e de formalidades concernentes à formação,
à manifestação e à execução da vontade dos órgãos da Administração Pública portuguesa.
Por seu turno, processo administrativo é o conjunto de documentos adequadamente
ordenados em que se manifestam os atos e as formalidades que constituem o
procedimento administrativo, isto em respeito pelo disposto no n.º 2, do artigo 1.º do CPA
em vigor. Assim sendo, e dado que a cada procedimento administrativo corresponde um
processo administrativo (mas não em termos contenciosos), é de sublinhar que o processo
administrativo, pode assumir atualmente um suporte em papel ou um suporte eletrónico,
isto em respeito pelo disposto nos n.ºs 1 e 2, do artigo 64.º do CPA em vigor. O artigo
64.º do CPA em vigor tem precisamente por epígrafe «Documentação das diligências e
integridade do processo administrativo».

Certo é que quando nos reportamos ao procedimento administrativo devemos ter em


consideração o «princípio da adequação procedimental», princípio este que é
precisamente a epígrafe do artigo 56.º do CPA em vigor, e, de onde depreedemos que na
falta

Retomando a figura do ato administrativo, vamos agora elencar todas as suas


características, procedendo à explicitação das mesmas. Desta forma, constituem
características do ato administrativo o facto de o ato administrativo ser um ato jurídico,

elsa – The European Law Students` Association UMINHO, NEDip – Núcleo de Estudos de Direito Ius
Pubblicum, Braga, 2015, p. 338 e nota 11.
39
Esta é a nossa posição. O artigo 2.º do CPA em vigor tem por epígrafe « .....

16
um ato unilateral, uma declaração ou conduta voluntária(s), um ato praticado por um
órgão da Administração Pública portuguesa (doravante designada por AP), no exercício
do poder administrativo (dado que o ato administrayivo configura um modo do exercício
do poder administrativo), produzindo efeitos jurídicos externos, e contendo uma decisão,
versando também sobre uma situação individual e concreta ou então versando sobre um
conjunto de situações determinadas e concretas (40). Passamos agora à explicitação
individualizada de cada uma das características inerentes ao ato administrativo em
Portugal. Assim, o ato administrativo é:

 Um ato jurídico (....


 Um ato unilateral (....
 Uma declaração ou uma conduta voluntária(s) (...
 Um ato exercido por um órgão da AP portuguesa (...
 No desempenho do poder administrativo (...
 Que produz efeitos jurídicos (...
 E que contém uma decisão (...
 Versando sobre uma situação individual e concreta ou versando
sobre um conjunto de situações determinadas e concretas (...

 Explicitar as fases do procedimento do ato administrativo: artigo 102.º e ss do


CPA:
o A fase inicial (da iniciativa): artigos 102.º a 109.º do CPA;

o A fase da instrução (prova, sendo que o ónus da prova cabe ao


interessado): artigos 115.º a 120.º do CPA;

o A fase da audiência dos interessados (da participação): - que pode ser


escrita ou oral: artigos 121.º a 125.º do CPA;

o A fase de preparação da decisão: artigo 126.º do CPA;

40
Neste sentido, e para maiores desenvolvimentos, vd, entre outros, Diogo FREITAS FO AMARAL,

17
o A fase da decisão: artigos 127.º a 133-º do CPA e artigos 93.º a 95.º do
CPA;

o A fase complementar ou integrativa de eficácia (o ato administrativo é


juridicamente ineficaz enquanto não ocorrer esta fase):

 Os artigos 110.º do CPA + 111.º do CPA + 112.º do CPA + 113.º do CPA + 114.º
do CPA.

 Devem meniconar e explicar a regra geral da forma que o ato administrativo


deve revestir e a exceção à regra: n.ºs 1 e 2, do artigo 150.º do CPA em vigor;

 Devem mencionar as «menções obrigatórias» do ato administrativo: artigo 151.º


do CPA em vigor;

 Devem explicitar as situações de retroatividade do ato administrativo (artigo


156.º do CPA em vigor):

 Explicitar o disposto no n.º 3, do artigo 268.º da CRP + artigo 114.º do CPA +


artigo 124.º, n.º 1 do CPA + artigo 125.º do CPA + artigo 153.º do CPA;

Situações há em que são apostas a atos administrativos «cláusulas acessórias» como


aliás resulta da epígrafe do artigo 149.º do CPA em vigor (41).

Posto isto, cumpre-nos agora explanar que relativamente aos requisitos de eficácia do
ato administrativo, são «requisitos de eficácia» aquelas exigências que a lei faz para que
um ato administrativo, uma vez praticado, possa produzir os seus efeitos jurídicos ( 42).
Mas, é de evidenciar que os requisitos de eficácia do ato administrativo distinguem-se
dos requisitos de validade do ato administrativo, sendo que os pressupostos do ato
administrativo (43) não são requisitos de validade do ato administrativo. Desta feita, são
requisitos de validade do ato administrativo: os sujeitos ( ); o objeto ( ); o

41
Do disposto no artigo 149.º do CPA em vigor, depreendemos que: “
42
43
São pressupostos do ato administrativo ....

18
conteúdo ( ); a forma ( ); o procedimento ( ); e o fim ( ).
Mas, situações há em que um ato administrativo pode ser válido mas não ser eficaz, e
pode ser inválido mas ser eficaz. Regra geral, o ato administrativo produz efeitos desde o
momento da sua prática, isto em respeito pelo disposto no n.º 1, do artigo 155.º do CPA
em vigor (44), inferindo-se daqui o princípio da imediatividade dos efeitos jurídicos ( 45).
Ora, o ato administrativo considera-se praticado logo que se encontrem reunidos, nos
termos definidos por lei, os seus elementos essenciais. Assim, as patologias do ato
administrativo suscetíveis de conduzir
à mera anulabilidade ou irregularidade não o impedem de produzir os seus efeitos típicos,
isto em respeito pelo disposto no n.º 2, do artigo 155.º do CPA em vigor (46). Posto isto,
e tendo ainda em consideração o disposto no n.º 2, do artigo 155.º do CPA em vigor, o
ato administrativo considera-se praticado quando seja emitida uma decisão que
identifique o autor e indique o destinatário do ato administrativo, se for o caso, e o objeto
a que se reporta o seu conteúdo (47).

Todavia, há exceções à regra da imediatividade dos efeitos jurídicos, sendo tais


exceções a prevista no artigo 156.º do CPA em vigor relativamente à «eficácia retroativa»
do ato administrativo (dado que o ato administrativo pode produzir efeitos a partir de um
momento anterior ao da sua prática), e, ainda, a prevista no artigo 157.º do CPA em vigor
relativamente à «eficácia diferida ou condicionada» (dado que o ato administrativo só
poderá produzir os seus efeitos em momento posterior ao da sua prática).

 Evidenciar os princípios da atividade administrativa.

 No caso prático em concreto:

 A polícia (artigo 272.º da CRP); A PSP enquanto órgão de


polícia criminal.

44
O artigo 155.º do CPA em vigor tem por epígrafe «Regra geral» relativa à eficácia do ato
administrativo português, e é pesquisável em:
https://pgdlisboa.pt/leis/lei_mostra_articulado.php?artigo_id=2248A0155&nid=2248&tabela=leis&pagin
a=1&ficha=1&so_miolo=&nversao=#artigo (acesso em: 10.04.2022).
45
46
47

19
 Devem identificar o ato administrativo presente no enucniado
do caso prático apresentado;

 Devem identificar a (in)competência do órgão para emanar o


ato administrativo em apreço;

 Devem verificar se se verifica, neste caso em concreto, o


preenchimento dos requisitos patentes nas alíneas a) a g), do
n.º 1, do artigo 151.º do CPA em vigor, referentes às «menções
obrigatórias» do ato administrativo em apreço;

 Devem abordar a eficácia do ato administrativo: artigo 155.º


do CPA em vigor;

 Devem abordar e explicar o regime de publicação do ato


administrativo (artigo 158.º do CPA) e os «termos da
publicação obrigatória» do ato administrativo (artigo 159.º do
CPA);

 Evidenciar os princípios da atividade administrativa neste caso


prático em concreto.

20
2. Independentemente da questão anterior, imagine agora que a PSP não
atribuiu a respetiva licença de uso e porte de arma da dita caçadeira
a António. Insatisfeito com a situação, António pretende reagir.
Através de que mecanismo(s) poderá António reagir?

Tópicos de resolução: artigo 184.º e ss do CPA em vigor.

- Devem referir que as impugnações administrativas podem ser necessárias


(quando a lei o expressar) ou facultativas (n.º 1, do artigo 185.º do CPA);

De acordo com José Carlos Vieira de Andrade, relativamente aos «tipos de


procedimentos» existem «procedimentos de 1.º grau e procedimentos de 2.º grau
(impugnações administrativas) (48)».

- Noção de reclamação administrativa: entendemos que se trata de um


meio de impugnação administrativa gracioso, que pode ser de índole necessária (quando
a lei assim o expressar) ou facultativa conforme os casos, e que consiste na reclamação
para o autor do ato, da prática de qualquer ato administrativo ou da omissão de qualquer
ato administrativo, isto em respeito pelo disposto no n.º 1, do artigo 191.º do CPA em
vigor.

- Noção de recurso hierárquico: entendemos que se trata de um meio de


impugnação administrativa gracioso, junto da AP, através do qual, e, sempre em respeito
pela letra da lei, o recurso administrativo é possível ser utilizado para proceder à
impugnação de atos administrativos exercidos pos órgãos adstritos aos poderes de
hierarquia de outros órgãos (a alínea a), do n.º 1 do artigo 193.º do CPA em vigor), e,
também para proceder à reação contra a omissão ilegal de atos administrativos,
desencadeada por parte de órgãos adstritos aos poderes de hierarquia de outros órgãos (a
alínea b), do n.º 1 do artigo 193.º do CPA em vigor).

- Reclamação administrativa: artigo 191.º e ss do CPA.

- Recursos hierárquicos: artigo 193.º e ss do CPA:

48
Cfr. José Carlos VIEIRA DE ANDRADE, Lições de Direito Administrativo, 5.ª Edição,
Coordenação Editorial: Maria João Padez de Castro, Design: Carlos Costa, Execução gráfica:
www.artipol.net, Imprensa da Universidade de Coimbra | Coimbra University Press, Dezembro de 2017, p.
185. O negrito utilizado no corpo do texto é nosso.

21
- Recurso hierárquico especial (impróprio) [como o
designava Diogo Freitas do Amaral (49)]: recurso
hierárquico especial; estamos aqui no âmbito em que ao
abrigo do disposto na alínea a), do n.º 1 do artigo 199.º do
CPA em vigor, há lugar a recurso para um outro órgão da
mesma pessoa coletiva, e que nas palavras de José Carlos
Vieira de Andrade «onde ou quando não haja hierarquia,
incluindo o recurso de actos do órgão delegado para o
delegante ou de decisão de membro, comissão, secção ou
de segmento de órgão colegial para o plenário (mesmo que
a lei refira a impugnação como “reclamação”, como
acontece na impugnação de decisões da secção disciplinar
do Conselho Superior do Ministério Público para o
respectivo Plenário – embora não fosse esse, até 2015, o
entendimento dominante na jurisprudência administrativa)
(50)».

- Recurso hierárquico tutelar: recurso hierárquico


especial. Estamos aqui no âmbito em que ao abrigo do
disposto na alínea c), do n.º 1 do artigo 199.º do CPA em
vigor, ou seja, há lugar a “recurso hierárquico tutelar”,
conforme refere José Carlos Vieira de Andrade, “(...)
quando se recorre para o órgão de outra pessoa colectiva,
com poderes de superintendência ou de tutela (51)”.

- Garantias dos executados: artigo 182.º do CPA em vigor.

49
Neste sentido, vd, Diogo FREITAS DO AMARAL, Lições de Direito Administrativo, .... O
negrito utilizado no corpo do texto é nosso.
50
Neste sentido, vd, José Carlos VIEIRA DE ANDRADE, Lições de Direito Administrativo, 5.ª
Edição, Coordenação Editorial: Maria João Padez de Castro, Design: Carlos Costa, Execução gráfica:
www.artipol.net Imprensa da Universidade de Coimbra | Coimbra University Press, Dezembro de 2017,
pp. 246-247 e elenco bibliográfico lá citado.
51
Cfr. José Carlos VIEIRA DE ANDRADE, Lições de Direito Administrativo, 5.ª Edição,
Coordenação Editorial: Maria João Padez de Castro, Design: Carlos Costa, Execução gráfica:
www.artipol.net , Imprensa da Universidade de Coimbra | Coimbra University Press, Dezembro de 2017,
p. 247.

22
- Impugnação contenciosa junto do Tribunal Administrativo português
competente: CRP (a alínea b), do n.º 1 do artigo 209.º da CRP + o artigo 212.º da CRP)
+ CPTA (a alínea a) e a alínea b), do n.º 1 do artigo 37.º do CPTA + artigo 50.º e ss do
CPTA) + ETAF (n.º 1 do artigo 1.º do ETAF + n.º 1 do artigo 4.º do ETAF + artigo 11.º
e ss do ETAF).

PRAZOS PARA A IMPUGNAÇÃO CONTENCIOSA: as alíneas a) e b), do


n.º 1 do artigo 58.º do CPTA:

- a impugnação de atos nulos pode ser invocada a todo o tempo e por


qualquer interessado, logo, não carece de prazo legal para a impugnação destes atos
administrativois junto do Tribunal Administrativo português competente;

- a impugnação de atos administrativos anuláveis junto do Tribunal


Administrativo português competente está sujeita aos prazos.

- de 1 ano, caso seja promovida pelo Ministério Público


português;

- de 3 meses, nas demais situações.

Ora, no caso prático em concreto, e uma vez que o enunciado do mesmo é


omisso relativamente ao facto de se há ou não delegação de poderes, se foi o próprio
autor do ato administrativo quem o praticou pode haver lugar a reclamação
administrativa por parte de António, nos termos do disposto no n.º 1, do artigo 191.º
do CPA em vigor.

Caso tenha havido delegação de poderes (artigo 44.º e ss do CPA em vigor),


Antónia poderá fazer-se munir do recurso hierárquico previsto ao abrigo do
disposto na alínea a), do n.º 1 do artigo 193.º do CPA em vigor.

3. Explicite de que modo(s) será atribuída executoriedade ao ato


administrativo em causa.

Resolução: O regime legal da executoriedade / execução do ato administrativo


português encontra-se contemplado ao abrigo do disposto no artigo 175.º do CPA em
vigor ao artigo 183.º do CPA em vigor.

23
Seguindo os sábios ensinamentos de José Carlos Vieira de Andrade 52, verificamos
que o CPA em vigor regula com intensidae normativa, em termos generalistas e salvo
normas especiais, o denominado “procedimento de execução de actos administrativos”,
no sentido de que:

 Impõe o exercício prévio do ato exequendo (isto em respeito pelo disposto


no n.º 1, do artigo 177.º do CPA em vigor), “com a consequente
inadmissibilidade de decisões implícitas (quando desfavoráveis e
exequíveis);

 A não ser em estado de necessidade, há a obrigatoriedade de existir uma


«decisão autónoma», tendo esta de estar fundamentada devidamente, de
proceder à dita execução, estabelecendo o conteúdo e os termos desta
execução, isto em respeito pelo disposto no n.º 2 do artigo 177.º do CPA
em vigor;

 Quanto à decisão de executar, esta tem de ser notificada, de modo


autónomo ou em conjunto com a notificação do ato exequendo, com a
devida cominação de um prazo razoável para o devido cumprimento da
obrigação (ver os n.ºs 3 e 4 do artigo 177.º do CPA em vigor);

 É admissível a fixação de sanções pecuniárias, nas situações em que a


obrigação é de prestação de facto (ver o artigo 181.º do CPA em vigor);

 Prescreve e garante o respeito, em todos os casos, pelo princípio da


proporcionalidade em sentido amplo (adequação, necessidade e equilíbrio)
na escolha da forma de execução coerciva (ver o disposto no n.º 2, do
artigo 266.º da CRP e o disposto no artigo 178.º do CPA em vigor);

52
Vamos seguir aqui de perto, José Carlos VIEIRA DE ANDRADE, Lições de Direito
Administrativo, 5.ª Edição, Coordenação Editorial: Maria João Padez de Castro, Design: Carlos Costa,
Execução gráfica: www.artipol.net, Imprensa da Universidade de Coimbra | Coimbra University Press,
Dezembro de 2017, p. 201. Cfr., e para maiores desenvolvimentos, vd, José Carlos VIEIRA DE
ANDRADE, Lições de Direito Administrativo, 5.ª Edição, Coordenação Editorial: Maria João Padez de
Castro, Design: Carlos Costa, Execução gráfica: www.artipol.net, Imprensa da Universidade de Coimbra |
Coimbra University Press, Dezembro de 2017, pp. 197-205 e elenco bibliográfico lá citado.

24
 Determina as garantias dos executados, nomeadamente de impugnação
administrativa e também de acesso aos meios de natureza contenciosa (ver
o artigo 182.º do CPA em vigor).

Desta feita, ao abrigo do disposto no n.º 1 do artigo 175.º do CPA em vigor,


percebemos que estamos perante uma situação de execução do ato administrativo quando
se lhes é aplicável o regime comum que tem aplicabilidade relativamente aos
procedimentos administrativos direcionados à obtenção, mediante a utilização de meios
de natureza coerciva, da satisfação seja de obrigações de natureza pecuniária (artigo
179.º do CPA em vigor), seja de entrega de coisa certa (artigo 180.º do CPA em vigor),
seja de prestação de factos (artigo 181.º do CPA em vigor) ou também do respeito por
ações ou por omissões em cumprimento de restrições impostas por parte de atos
administrativos.

Cumpre ainda enaltecer que quanto aos princípios que relevam em sede de
execução do ato administrativo, na execução do mesmo, tem de ser respeitado o princípio
da proporcionalidade, nomeadamente recorrendo à utilização de meios que, asseverando
a efetivação total das suas finalidades, abarcem menor prejuízo para os interesses e
também para os direitos dos particulares envolvidos (cfr., o disposto no n.º 1 do artigo
178.º do CPA em vigor).

Ora, advém do teor do n.º 2 do artigo 178.º do CPA em vigor que “a coação direta
sobre indivíduos, quando permitida por lei, só pode ser exercida com observância dos
direitos fundamentais e no respeito pela dignidade da pessoa humana”.

Posto isto, devemos ainda fazer uma menção relativamente às «garantias dos
executados» em sede de execução do ato administrativo, na medida em que configura
precisamente a epígrafe do artigo 182.º do CPA em vigor, daqui se extraindo ao abrigo
do disposto nos seus n.ºs 1 e 2, respetivamente, que: “1 - Os executados podem impugnar
administrativa e contenciosamente o ato exequendo e, por vícios próprios, a decisão de
proceder à execução administrativa ou outros atos administrativos praticados no âmbito
do procedimento de execução, assim como requerer a suspensão contenciosa dos
respetivos efeitos. 2 - Sem prejuízo da aplicabilidade das garantias previstas na lei
processual tributária, durante a tramitação dos procedimentos de execução de obrigações

25
pecuniárias não são admitidos embargos, administrativos ou judiciais, em relação à
execução coerciva de atos administrativos (53)”.

Ora, no caso prático em concreto não se coloca nenhuma das situações de


exigibilidade de forma coerciva, dado que não estamos perante uma execução de
obrigação pecuniária (artigo 179.º do CPA em vigor), nem de uma execução para se
obter a entrega de coisa certa (artigo 180.º do CPA em vigor).

Mas, será que estamos perante uma situação de prestação de facto?

A resposta parece-nos ser negativa (artigo 181.º do CPA em vigor).

Caso prático n.º 2

Imagine que no passado dia 6 de abril de 2022, pelas 14 horas e 30 minutos,


a Câmara Municipal Y decidiu expurgar o ato de licenciamento de construção de
habitação que tinha concedido a António, por razões de ordenamento do território.

1. Quid Juris?

Tópicos de resolução:

1. A Câmara Municipal Y enquanto órgão executivo e enquanto órgão colegial


do município: artigo 252.º da CRP; os «órgãos colegiais» estão contemplados
ao abrigo do disposto no artigo 21.º e seguintes do CPA em vigor;

2. A expurgação do ato de licenciamento de construção de habitação enquanto


ato administrativo de natureza constitutiva desfavorável (ablativa): artigo
148.º e seguintes do CPA em vigor;

3. A «extinção do procedimento»: o artigo 93.º do CPA em vigor ao artigo 95.º


do CPA em vigor.

53
Cfr., o disposto nos n.ºs 1 e 2, do artigo 182.º do CPA em vigor, pesquisável em:
https://www.pgdlisboa.pt/leis/lei_mostra_articulado.php?artigo_id=2248A0182&nid=2248&tabela=leis&
pagina=1&ficha=1&so_miolo=&nversao=#artigo (acesso em: 21.04.2022).

26
4. No caso prático em concreto, temos uma situação que configura a revogação
administrativa: n.º 1 do artigo 165.º do CPA em vigor + artigo 169.º e
seguintes do CPA em vigor.

Desta feita, quanto à revogação administrativa cumpre explicar que a mesma se


diferencia da anulação administrativa (54). Assim, relativamente à figura da revogação
anulatória, também denominada anulação administrativa, o n.º 2 do artigo 165.º do
CPA em vigor dá-nos a sua noção. Assim, anulação administrativa é “o ato
administrativo que determina a destruição dos efeitos de outro ato, com fundamento em
invalidade”. Por seu turno, e nos termos do n.º 1 do artigo 165.º do CPA em vigor, a
revogação administrativa é “o ato administrativo que determina a cessação dos efeitos
de outro ato, por trazões de mérito, conveniência ou oportunidade”. Ora, a figura da
revogação anulatória no “novo” CPA representa uma importante inovação introduzida
pelo nosso legislador, na medida em que esta figura é quase que uma novidade no diploma
anterior em relação ao CPA de 1991. Todavia, na Seção IV do Capítulo II do atual CPA,
mais precisamente nos artigos 165.º a 174.º, são desenvolvidas as figuras da anulação
administrativa e da revogação administrativa convenientemente, em nosso entendimento,
as quais passaremos de seguida a explicitar ( 55).

Neste contexto legislativo atual, vamos explicar o objeto quer da revogação


administrativa quer da anualção administrativa. Assim, importa transcrever o disposto no
n.º 1 do artigo 166.º do atual CPA, referindo-se o mesmo, com as necessárias adaptações,
às figuras da revogação administrativa e da anulação administrativa (56). Desta feita:

54
Vamos seguir aqui muito de perto, o nosso, Patrícia PINTO ALVES, «“Novo” Código do
Procedimento Administrativo: “novas” soluções?», in O Novo Código do Procedimento Administrativo,
Para o Professor Doutor António Cândido de Oliveira, uma oferta singela dos jovens investigadores de
Direito Público da Escola de Direito da Universidade do Minho, Coordenação: Isabel Celeste M. Fonseca,
elsa – The European Law Students` Association UMINHO, NEDip – Núcleo de Estudos de Direito Ius
Pubblicum, Braga, 2015, p. 339-345 e elenco bibliográfico lá citado.
55
Cfr., o nosso, o nosso, Patrícia PINTO ALVES, «“Novo” Código do Procedimento
Administrativo: “novas” soluções?», in O Novo Código do Procedimento Administrativo, Para o Professor
Doutor António Cândido de Oliveira, uma oferta singela dos jovens investigadores de Direito Público da
Escola de Direito da Universidade do Minho, Coordenação: Isabel Celeste M. Fonseca, elsa – The
European Law Students` Association UMINHO, NEDip – Núcleo de Estudos de Direito Ius Pubblicum,
Braga, 2015, p. 339.
56
Cfr., o nosso, Patrícia PINTO ALVES, «“Novo” Código do Procedimento Administrativo:
“novas” soluções?», in O Novo Código do Procedimento Administrativo, Para o Professor Doutor António
Cândido de Oliveira, uma oferta singela dos jovens investigadores de Direito Público da Escola de Direito
da Universidade do Minho, Coordenação: Isabel Celeste M. Fonseca, elsa – The European Law Students`
Association UMINHO, NEDip – Núcleo de Estudos de Direito Ius Pubblicum, Braga, 2015, p. 339.

27
Artigo 166.º do atual CPA:

“1 – Não são suscetíveis de revogação nem de anualção administrativas:

a) Os atos nulos;
b) Os atos anulados contenciosamente;
c) Os atos revogados com eficácia retroativa”.

Ora, importa salientar ainda o facto de que, em relação aos atos cujos efeitos
tenham padecido de caducidade ou se encontrem esgotados, apenas há a possibilidade
dos mesmos serem objeto de revogação anulatória ou de revogação administrativa, desde
que tenham eficácia retroativa. Ora, apesar de a anulabilidade ser tida como desvalor-
regra, situações há no atual CPA que nos deixam algumas dúvidas (57), na medida em que
no n.º 5 do artigo 163.º do CPA é-nos relatado que:

“5 - Não se produz o efeito anulatório quando:

a) O conteúdo do ato anulável não possa ser outro, por o ato ser de conteúdo
vinculado ou a apreciação do caso concreto permita identificar apenas uma solução
como legalmente possível;

b) O fim visado pela exigência procedimental ou formal preterida tenha sido


alcançado por outra via;

c) Se comprove, sem margem para dúvidas, que, mesmo sem o vício, o ato teria
sido praticado com o mesmo conteúdo (58)”.

Posto isto, um aspeto deveras relevante a ser aqui exposto é o da legitimidade e


competência relativamente aos atos administrativos que podem ser objeto de revogação
administrativa e de revogação anulatória (ou anulação administrativa). Mas, o disposto
no n.º 1, do artigo 169.º do CPA em vigor refere-se à legitimidade, sendo que há
legitimidade para o efeito supra mencionado por parte dos órgãos competentes, ou a
pedido dos interessados, através dos meios da reclamação (cfr., o disposto no artigo 191.º

57
Cfr., o nosso, Patrícia PINTO ALVES, «“Novo” Código do Procedimento Administrativo:
“novas” soluções?», in O Novo Código do Procedimento Administrativo, Para o Professor Doutor António
Cândido de Oliveira, uma oferta singela dos jovens investigadores de Direito Público da Escola de Direito
da Universidade do Minho, Coordenação: Isabel Celeste M. Fonseca, elsa – The European Law Students`
Association UMINHO, NEDip – Núcleo de Estudos de Direito Ius Pubblicum, Braga, 2015, p. 340.
58
Cfr., o disposto nas alíneas a) a c), do n.º 5 do artigo 163.º do CPA em vigor, pesquisável em:
https://www.pgdlisboa.pt/leis/lei_mostra_articulado.php?artigo_id=2248A0163&nid=2248&tabela=leis&
pagina=1&ficha=1&so_miolo=&nversao=#artigo (acesso em: 21.04.2022).

28
do CPA em vigor e no artigo 184.º e ss do CPA em vigor) ou recurso administrativo (cfr.,
o disposto no artigo 193.º do CPA em vigor e nos artigod 184.º e ss do CPA em vigor).
Quanto à competência, esta está patente nos n.ºs 2, 3, 4 e 5 do artigo 169.º do CPA em
vigor. É ainda de relevar que o artigo 170.º do CPA em vigor reporta-se à forma e às
formalidades, sendo que em regra, o ato de revogação administrativa ou revogação
anulatória deve revestir a forma legalmente prescrita para o ato administrativo revogado
ou anulado (59).

Relativamente à tempestividade, achamos que o legislador estabelece prazos


demasiado longos neste novo CPA, no que respeita à revogação anulatória (anulação
administrativa), (60) e refere-os no seu artigo 168.º:

«Artigo 168.º

Condicionalismos aplicáveis à anulação administrativa»

“1 - Os atos administrativos podem ser objeto de anulação administrativa no prazo


de seis meses, a contar da data do conhecimento pelo órgão competente da causa de
invalidade, ou, nos casos de invalidade resultante de erro do agente, desde o momento da
cessação do erro, em qualquer dos casos desde que não tenham decorrido cinco anos, a
contar da respetiva emissão.

2 - Salvo nos casos previstos nos números seguintes, os atos constitutivos de


direitos só podem ser objeto de anulação administrativa dentro do prazo de um ano, a
contar da data da respetiva emissão.

3 - Quando o ato tenha sido objeto de impugnação jurisdicional, a anulação


administrativa só pode ter lugar até ao encerramento da discussão.

59
Cfr., em todos estes sentidos, o nosso, Patrícia PINTO ALVES, «“Novo” Código do
Procedimento Administrativo: “novas” soluções?», in O Novo Código do Procedimento Administrativo,
Para o Professor Doutor António Cândido de Oliveira, uma oferta singela dos jovens investigadores de
Direito Público da Escola de Direito da Universidade do Minho, Coordenação: Isabel Celeste M. Fonseca,
elsa – The European Law Students` Association UMINHO, NEDip – Núcleo de Estudos de Direito Ius
Pubblicum, Braga, 2015, pp. 340-341. Os negritos utilizados no corpo do texto são nossos.
60
Cfr., o nosso, Patrícia PINTO ALVES, «“Novo” Código do Procedimento Administrativo:
“novas” soluções?», in O Novo Código do Procedimento Administrativo, Para o Professor Doutor António
Cândido de Oliveira, uma oferta singela dos jovens investigadores de Direito Público da Escola de Direito
da Universidade do Minho, Coordenação: Isabel Celeste M. Fonseca, elsa – The European Law Students`
Association UMINHO, NEDip – Núcleo de Estudos de Direito Ius Pubblicum, Braga, 2015, p. 341. O
negrito utilizado no corpo do texto é nosso.

29
4 - Salvo se a lei ou o direito da União Europeia prescreverem prazo diferente, os
atos constitutivos de direitos podem ser objeto de anulação administrativa no prazo de
cinco anos, a contar da data da respetiva emissão, nas seguintes circunstâncias:

a) Quando o respetivo beneficiário tenha utilizado artifício fraudulento


com vista à obtenção da sua prática;

b) Apenas com eficácia para o futuro, quando se trate de atos constitutivos


de direitos à obtenção de prestações periódicas, no âmbito de uma relação
continuada;

c) Quando se trate de atos constitutivos de direitos de conteúdo pecuniário


cuja legalidade, nos termos da legislação aplicável, possa ser objeto de
fiscalização administrativa para além do prazo de um ano, com imposição do
dever de restituição das quantias indevidamente auferidas.

5 - Quando, nos casos previstos nos n.os 1 e 4, o ato se tenha tornado inimpugnável
por via jurisdicional, o mesmo só pode ser objeto de anulação administrativa oficiosa.

6 - A anulação administrativa de atos constitutivos de direitos constitui os


beneficiários que desconhecessem sem culpa a existência da invalidade e tenham
auferido, tirado partido ou feito uso da posição de vantagem em que o ato os colocava,
no direito de serem indemnizados pelos danos anormais que sofram em consequência da
anulação.

7 - Desde que ainda o possa fazer, a Administração tem o dever de anular o ato
administrativo que tenha sido julgado válido por sentença transitada em julgado, proferida
por um tribunal administrativo com base na interpretação do direito da União Europeia,
invocando para o efeito nova interpretação desse direito em sentença posterior, transitada
em julgado, proferida por um tribunal administrativo que, julgando em última instância,
tenha dado execução a uma sentença de um tribunal da União Europeia vinculativa para
o Estado português (61)”.

Por fim, o artigo 167.º do CPA em vigor indica os condicionalismos aplicáveis à


figura jurídica da revogação administrativa, explicitando que os atos administrativos não

61
Cfr., o disposto no artigo 168.º do CPA na íntegra, pesquisável em:
https://www.pgdlisboa.pt/leis/lei_mostra_articulado.php?artigo_id=2248A0168&nid=2248&tabela=leis&
pagina=1&ficha=1&so_miolo=&nversao=#artigo (acesso em: 21.04.2022).

30
podem ser revogados quando a sua irrevogabilidade resulte de vinculação legal, ou então,
nas situações em que deles resultem, para a AP, deveres legais ou direitos irrenunciáveis
(62).

Relevância carismática, em nosso entendimento, reveste a alínea c) do n.º 2 do


supra mencionado artigo 167.º do CPA em vigor porque, tendo em conta o expresso nesta
alínea deste n.º 2, os atos constitutivos de direitos apenas são suscetíveis de revogação
administrativa com fundamento na superveniência de conhecimentos técnicos e
científicos ou em alteração objetiva das circunstâncias de facto, em face das quais, num
ou noutro caso, não poderiam ter sido exercidas ( 63). Ora, esta alínea c) remete-nos para
o disposto no n.º 5 deste artigo 167.º do CPA em vigor. Desta maneira:

«Artigo 167.º

Condicionalismos aplicáveis à revogação»

“1 - Os atos administrativos não podem ser revogados quando a sua


irrevogabilidade resulte de vinculação legal ou quando deles resultem, para a
Administração, obrigações legais ou direitos irrenunciáveis.

2 - Os atos constitutivos de direitos só podem ser revogados:

a) Na parte em que sejam desfavoráveis aos interesses dos beneficiários;

b) Quando todos os beneficiários manifestem a sua concordância e não


estejam em causa direitos indisponíveis;

c) Com fundamento na superveniência de conhecimentos técnicos e


científicos ou em alteração objetiva das circunstâncias de facto, em face das quais,
num ou noutro caso, não poderiam ter sido praticados;

62
Cfr., o nosso, Patrícia PINTO ALVES, «“Novo” Código do Procedimento Administrativo:
“novas” soluções?», in O Novo Código do Procedimento Administrativo, Para o Professor Doutor António
Cândido de Oliveira, uma oferta singela dos jovens investigadores de Direito Público da Escola de Direito
da Universidade do Minho, Coordenação: Isabel Celeste M. Fonseca, elsa – The European Law Students`
Association UMINHO, NEDip – Núcleo de Estudos de Direito Ius Pubblicum, Braga, 2015, p. 342.
63
Esta é a nossa posição. Cfr., o nosso, Patrícia PINTO ALVES, «“Novo” Código do
Procedimento Administrativo: “novas” soluções?», in O Novo Código do Procedimento Administrativo,
Para o Professor Doutor António Cândido de Oliveira, uma oferta singela dos jovens investigadores de
Direito Público da Escola de Direito da Universidade do Minho, Coordenação: Isabel Celeste M. Fonseca,
elsa – The European Law Students` Association UMINHO, NEDip – Núcleo de Estudos de Direito Ius
Pubblicum, Braga, 2015, p. 342.

31
d) Com fundamento em reserva de revogação, na medida em que o quadro
normativo aplicável consinta a precarização do ato em causa e se verifique o
circunstancialismo específico previsto na própria cláusula.

3 - Para efeitos do disposto na presente secção, consideram-se constitutivos de


direitos os atos administrativos que atribuam ou reconheçam situações jurídicas de
vantagem ou eliminem ou limitem deveres, ónus, encargos ou sujeições, salvo quando a
sua precariedade decorra da lei ou da natureza do ato.

4 - A revogação prevista na alínea c) do n.º 2 deve ser proferida no prazo de um


ano, a contar da data do conhecimento da superveniência ou da alteração das
circunstâncias, podendo esse prazo ser prorrogado, por mais dois anos, por razões
fundamentadas.

5 - Na situação prevista na alínea c) do n.º 2, os beneficiários de boa-fé do ato


revogado têm direito a ser indemnizados, nos termos do regime geral aplicável às
situações de indemnização pelo sacrifício, mas quando a afetação do direito, pela sua
gravidade ou intensidade, elimine ou restrinja o conteúdo essencial desse direito, o
beneficiário de boa-fé do ato revogado tem direito a uma indemnização
correspondente ao valor económico do direito eliminado ou da parte do direito que
tiver sido restringida.

6 - Para efeitos do disposto no número anterior, consideram-se de boa-fé os


beneficiários que, à data da prática do ato revogado, desconheciam sem culpa a existência
de fundamentos passíveis de determinar a revogação do ato (64)”.

Da nossa parte julgamos que, na primeira parte do n.º 5 do artigo 167.º do CPA
em vigor, estamos perante uma situação de aplicação do artigo 16.º do Regime da
Responsabilidade Civil Extracontratual do Estado e Demais Entidades Públicas – Lei n.º
67/2007, de 31 de dezembro, alterada pontualmente pela Lei n.º 31/2008, de 17 de junho,

64
Cfr., o disposto no artigo 167.º do CPA em vigor na íntegra, em especial o disposto no seu n.º
5, pesquisável em:
https://www.pgdlisboa.pt/leis/lei_mostra_articulado.php?artigo_id=2248A0168&nid=2248&tabela=leis&
pagina=1&ficha=1&so_miolo=&nversao=#artigo (acesso em: 21.04.2022). O negrito utilizado no corpo
do texto é nosso.

32
que nos remete para o artigo 2.º do Regime da Responsabilidade Civil Extracontratual do
Estado e Demais Entidades Públicas (65).

Por conseguinte, é de expor que, quando falamos no artigo 16.º do Regime da


Responsabilidade Civil Extracontratual do Estado e Demais Entidades Públicas, em nosso
entendimento, estamos perante casos de Responsabilidade do Estado por Imposição de
Sacrifício, Responsabilidade esta objetiva por atos lícitos, e que se baseia num princípio
de justa repartição dos encargos públicos, princípio este com emanação constitucional
nos artigos 2.º, 13.º e 18.º da CRP. Para estarmos perante este tipo de Responsabilidade
Extracontratual do Estado, terá de haver a existência de danos especiais e anormais, sendo
que o artigo 2.º do Regime da Responsabilidade Civil Extracontratual do Estado e Demais
Entidades Públicas nos dá a noção dos mesmos, considerando-se especiais os danos ou
encargos que incidam sobre uma pessoa ou um grupo, mas sem nunca afetarem a
generalidade da comunidade; por seu turno, danos anormais podem ser definidos como
os que, ultrapassando os custos próprios da vida em sociedade, mereçam a tuttela do
Direito, pela sua gravidade inerente. Este tipo de responsabilidade supra mencionada não
tem o seu fundamento no artigo 22.º da CRP (66).

Finalizando, não podemos deixar de aludir ao artigo 171.º do CPA em vigor, artigo
este que se refere aos efeitos. A regra aqui é a de que a revogação só produz efeitos para
o futuro, podendo, contudo, o autor da revogação, no próprio ato, conceder-lhe eficácia
retroativa quando esta seja favorável aos interessados ou quando estes manifestem acordo
de forma expressa com a retroatividade e não estejam em causa direitos ou interesses
indisponíveis. Porém, a revogação de um ato revogatório apenas produz efeitos
repristinatórios se a lei ou o ato de revogação administrativa o determinem expressamente
neste sentido (67).

65
Esta é a nossa posição. Cfr., o nosso, Patrícia PINTO ALVES, «“Novo” Código do
Procedimento Administrativo: “novas” soluções?», in O Novo Código do Procedimento Administrativo,
Para o Professor Doutor António Cândido de Oliveira, uma oferta singela dos jovens investigadores de
Direito Público da Escola de Direito da Universidade do Minho, Coordenação: Isabel Celeste M. Fonseca,
elsa – The European Law Students` Association UMINHO, NEDip – Núcleo de Estudos de Direito Ius
Pubblicum, Braga, 2015, p. 342.
66
Cfr., o nosso, Patrícia PINTO ALVES, «“Novo” Código do Procedimento Administrativo:
“novas” soluções?», in O Novo Código do Procedimento Administrativo, Para o Professor Doutor António
Cândido de Oliveira, uma oferta singela dos jovens investigadores de Direito Público da Escola de Direito
da Universidade do Minho, Coordenação: Isabel Celeste M. Fonseca, elsa – The European Law Students`
Association UMINHO, NEDip – Núcleo de Estudos de Direito Ius Pubblicum, Braga, 2015, pp. 342-343 e
bibliografia citada na nota 14.
67
Cfr., o nosso, Patrícia PINTO ALVES, «“Novo” Código do Procedimento Administrativo:
“novas” soluções?», in O Novo Código do Procedimento Administrativo, Para o Professor Doutor António

33
No que respeita à anulação administrativa (revogação anulatória), em regra,
produz efeitos retroativos, mas o autor da anulação pode, na própria decisão, conferir-lhe
eficácia para o futuro, quando o ato se tenha tornado inimpugnável por via jurisdicional.
Também não podemos deixar de exprimir que a revogação anulatória produz efeitos
repristinatórios e, nas situações em que tenha por objeto a anulação de um ato revogatório,
só não determina a repristinação do ato revogado se a lei ou o ato de anulação o
dispuserem expressamente neste sentido (68).

Nos moldes do disposto no n.º 1 do artigo 172.º do atual CPA, parece-nps estar
aqui inerente a aplicação, por parte da AP, da figura da reconstituição da situação atual
hipotética, isto no que se refere à primeira parte do n.º 1 deste preceito e em relação à
figura jurídica da revogação anulatória ( 69).

Caso prático n.º 3

Imagine que no passado dia 7 de abril de 2022, o funcionário José da Câmara


Municipal Z, no exercício de delegação de poderes que lhe foram conferidos pelo seu
superior hierárquico, notificou Asdrúbal no sentido de que este último será
expropriado por utilidade pública da sua habitação privada situada no local X
devido ao facto de urgir a necessidade imperiosa de lá ser construída uma
autoestrada.

1. Quid Juris?

Tópicos de resolução:

Cândido de Oliveira, uma oferta singela dos jovens investigadores de Direito Público da Escola de Direito
da Universidade do Minho, Coordenação: Isabel Celeste M. Fonseca, elsa – The European Law Students`
Association UMINHO, NEDip – Núcleo de Estudos de Direito Ius Pubblicum, Braga, 2015, p. 343.
68
Cfr., o nosso, Patrícia PINTO ALVES, «“Novo” Código do Procedimento Administrativo:
“novas” soluções?», in O Novo Código do Procedimento Administrativo, Para o Professor Doutor António
Cândido de Oliveira, uma oferta singela dos jovens investigadores de Direito Público da Escola de Direito
da Universidade do Minho, Coordenação: Isabel Celeste M. Fonseca, elsa – The European Law Students`
Association UMINHO, NEDip – Núcleo de Estudos de Direito Ius Pubblicum, Braga, 2015, p. 343.
69
Esta é a nossa posição. Cfr., o nosso, Patrícia PINTO ALVES, «“Novo” Código do
Procedimento Administrativo: “novas” soluções?», in O Novo Código do Procedimento Administrativo,
Para o Professor Doutor António Cândido de Oliveira, uma oferta singela dos jovens investigadores de
Direito Público da Escola de Direito da Universidade do Minho, Coordenação: Isabel Celeste M. Fonseca,
elsa – The European Law Students` Association UMINHO, NEDip – Núcleo de Estudos de Direito Ius
Pubblicum, Braga, 2015, p. 343.

34
1. A Câmara Municipal Y enquanto órgão executivo e enquanto órgão colegial
do município: artigo 252.º da CRP; os «órgãos colegiais» estão contemplados
ao abrigo do disposto no artigo 21.º e seguintes do CPA em vigor;

2. A delegação de poderes: o n.º 2 do artigo 111.º da CRP + artigo 44.º e


seguintes do CPA em vigor.

3. A notificação do ato administrativo: o artigo 114.º do CPA em vigor + o artigo


113.º do CPA em vigor + artigo 111.º do CPA em vigor + artigo 112.º do CPA
em vigor.

4. O interesse público enquanto fim e fundamento da AP portuguesa: VIEIRA


DE ANDRADE p. 139 e ss Lições de Direito Administrativo, 5.ª Edição,
dezembro de 2017.

5. No caso prático em concreto, a expropriação por utilidade pública da


habitação privada de Asdrúbal é que é o ato administrativo: artigo 148.º e
seguintes do CPA em vigor. Devem analisar os princípios da atividade
administrativa, tendo em conta este caso prático em concreto, em especial os
princípios da prossecução do interesse público (artigo 4.º do CPA em vigor),
da legalidade (artigo 3.º do CPA em vigor) e da proporcionalidade (artigo 7.º
do CPA em vigor).

2. Imagine agora que Asdrúbal decidiu impugnar o ato administrativo


em causa junto do Tribunal Administrativo competente e este
Tribunal Administrativo deu-lhe razão. Quid Juris?

Tópicos de resolução: À partida, nada impede Asdrúbal de impugnar o ato


administrativo em causa junto do Tribunal Administrativo competente, fazendo-se valer
da ação administrativa para impugnação de ato administrativo, mais precisamente de ação
administrativa de condenação à prática de ato devido (70), isto ao abrigo do disposto
nos artigos ... (rever os artigos já citados acima).

70
Na doutrina nacional, neste mesmo sentido, vd, entre outros, José Carlos VIEIRA DE
ANDRADE, Lições de Direito Administrativo, 5.ª Edição, Coordenação Editorial: Maria João Padez de

35
1. Os Tribunais Administrativos estão consagrados na CRP nos artigos .... e
no ETAF nos artigos ....

3. Independentemente das questões anteriores, imagine agora que o


Tribunal Administrativo deu razão à conduta da Câmara Municipal
Z. Asdrúbal terá algum / alguns direitos que lhe assistam?

Tópicos de resolução: Caso a sentença/acórdão do Tribunal Administrativo já


tenha transitado em julgado, Asdrúbal terá de acatar a decisão tomada por este douto
tribunal.

Caso prático n.º 4

Imagine que no passado dia 7 de abril de 2022, Artur, assistente


administrativo da Universidade Pública H, emanou o ato administrativo Y no
sentido do seu deferimento, requerido pelo estudante João, estudante de economia
da Escola Superior de Economia pertencente à Universidade Pública H, no sentido
de que lhe seja atribuído o direito excecional a aceder à época especial de exames.
Todavia, tal ato administrativo apenas pode ser emanado pelo Presidente da dita
Escola Superior de Economia frequentada por João.

1. Quid Juris?

Tópicos de resolução: VIEIRA DE ANDRADE P. 116 E SS lições ...

Caso prático n.º 5

Imagine que ao abrigo da delegação de poderes conferida pelo Senhor


Presidente da Câmara Municipal H, o Vice-Presidente da Câmara Municipal H,
órgão este pertencente ao Município T, atribuiu uma licença de construção de uma
habitação privada, a situar-se no local Quinta dos Excelentes, a Esmeralda, a
requerimento desta.

Castro, Design: Carlos Costa, Execução gráfica: www.artipol.net, Imprensa da Universidade de Coimbra |
Coimbra University Press, Dezembro de 2017, p. 171 e elenco bibliográfico lá citado.

36
Todavia, ao emanar tal licença de construção da dita habitação privada, na
emanação deste ato não foi mencionada expressamente a delegação de poderes nem
tão-pouco a mesma foi reduzida a escrito, mas foi fundamentada embora que
insuficientemente.

1. Quid Juris?

2. Independentemente da questão anterior, explicite se haverá sempre lugar a


fundamentação do ato administrativo, e, ainda, se todos os poderes são
suscetíveis de serem delegados.

BOM TRABALHO!

A Docente de Direito

Administrativo II,

Patrícia Pinto Alves

37
Ficha de trabalho n.º 3

Casos práticos e demais exercícios, realizados pela Docente Patrícia Pinto Alves,
acerca da responsabilidade civil extracontratual do Estado e demais Entidades
Públicas.

Caso prático n.º 1

No passado dia 11 de abril de 2022, Anastácio, funcionário da Câmara


Municipal K agiu dolosamente no sentido de extraviar dinheiros públicos a seu favor
e a favor da sua esposa Lucrécia.

Tendo sido intentado um procedimento disciplinar interno contra Anastácio,


Anastácio defendeu-se alegando que não desviara quaisquer dinheiros públicos,
tendo antes tido recebido tais quantias monetárias na qualidade de subsídios
Estaduais pelo desempenho das suas funções administrativas.

1. Quid Juris?

Tópicos de resolução: A Lei n.º 67/2007, de 31 de dezembro concretiza o Regime


da Responsabilidade Civil Extracontratual do Estado e Demais Entidades Públicas (ao
qual designamos por RRcivilEEE).

1. Estamos aqui no âmbito da responsabilidade extracontratual administrativa;

2. Estamos aqui no âmbito da responsabilidade delitual (extracontratual


subjetiva) que assenta na ilicitude e na culpa tendo em consideração o disposto
nos artigos 7.º e 9.º ambos do RRcivilEEE;

3. Devem dar a noção de instituto da responsabilidade civil administrativa:


que é o conjunto de circunstâncias da qual emerge, para a AP e para os seus
titulares de órgãos, funcionários ou agentes, o dever de indemnização dos
prejuízos causados a outrem no exercício da atividade administrativa.

4. Neste seguimento, a CRP no seu artigo 271.º, cuja epígrafe é


«Responsabilidade dos funcionários e agentes» e de onde se extrai que:

38
«Artigo 271.º
(Responsabilidade dos funcionários e agentes)

1. Os funcionários e agentes do Estado e das demais entidades públicas são


responsáveis civil, criminal e disciplinarmente pelas acções ou omissões praticadas no
exercício das suas funções e por causa desse exercício de que resulte violação dos
direitos ou interesses legalmente protegidos dos cidadãos, não dependendo a acção ou
procedimento, em qualquer fase, de autorização hierárquica.

2. É excluída a responsabilidade do funcionário ou agente que actue no


cumprimento de ordens ou instruções emanadas de legítimo superior hierárquico e
em matéria de serviço, se previamente delas tiver reclamado ou tiver exigido a sua
transmissão ou confirmação por escrito.

3. Cessa o dever de obediência sempre que o cumprimento das ordens ou


instruções implique a prática de qualquer crime.

4. A lei regula os termos em que o Estado e as demais entidades públicas têm


direito de regresso contra os titulares dos seus órgãos, funcionários e agentes».

5. A relevância do artigo 22.º da CRP cuja epígrafe é «Responsabilidade das


entidades públicas» e de onde advém que: “O Estado e as demais entidades
públicas são civilmente responsáveis, em forma solidária com os titulares dos
seus órgãos, funcionários ou agentes, por acções ou omissões praticadas no
exercício das suas funções e por causa desse exercício, de que resulte violação
dos direitos, liberdades e garantias ou prejuízo para outrem”. (Princípio geral
da responsabilidade do Estado e das Demais Entidades Públicas, de
acordo com GOMES CANOTILHO).

6. Necessidade de preenchimento cumulativo de 5 (cinco)


pressupostos/requisitos:

i. Facto voluntário: quanto ao facto voluntário, só há


responsabilidade civil delitual por danos resultantes de factos
humanos, domináveis pela vontade – isto é, de atos em sentido

39
próprio, que podem consistir, quer em ações, quer em omissões
(artigos 7.º, n.º 1 e 8.º, n.ºs 1 e 2 do RRcivilEEE), constituindo
ações os regulamentos e os atos administrativos, assim como
as simples atuações administrativas e os atos reais, incluindo
todas as omissões juridicamente importantes. Apesar desta
exigência, a relevância das omissões é maior na
responsabilidade administrativa ( 71).

ii. Ilicitude: relativamente à ilicitude do facto voluntário (artigos


7.º, n.º 1 e 8.º n.ºs 1 e 2 do RRcivilEEE), esta é sinónimo de
antijuridicidade, que se expressa num juízo negativo (ou
desvalor) formulado pela ordem jurídica (predominantemente
incidente sobre o facto ou sobre o seu resultado, consoante os
casos). Ver também o disposto nos n.ºs 1 e 2, do artigo 9.º do
RRcivilEEE.

iii. Culpa: enquanto pressuposto da responsabilidade civil delitual


(artigos 7.º, n.º 1 e 8.º, n.ºs 1 e 2 do RRcivilEEE) consiste na
preterição da diligência pela qual a lei exigia que o autor do
facto voluntário e ilícito tivesse pautado a sua conduta ou o seu
comportamento. Assim, quando falamos em culpabilidade,
falamos do juízo formulado pela ordem jurídica sobre quem
age com culpa. A palavra “culpa” é, por vezes, utilizada
restritamente para designar a negligência (por exemplo, artigos
7º, n.º 1 e 8º, n. º1 do RRcivilEEE).

Dentro da culpa podemos ter o dolo ou a negligência, sendo que o dolo


pressupõe a intenção de provocar um determinado resultado danoso [dolo direto, se o
autor do facto voluntário pretender primariamente a produção desse resultado; dolo
necessário, se o autor do facto voluntário pretender primariamente a produção de outro
resultado cuja verificação implica necessariamente a produção do resultado danoso ou,

71
Cfr. Marcelo REBELO DE SOUSA /André SALGADO DE MATOS, Responsabilidade Civil
Administrativa, Direito Administrativo Geral, Tomo III, 1.ª Edição, (Reimpressão da 1.ª Edição: julho de
2010), Lisboa, Dom Quixote, 2008, p. 20.

40
pelo menos, a conformação com a produção de tal resultado (dolo eventual)] (72). Já a
negligência pressupõe a violação, consciente ou inconsciente, de deveres de cuidado.
Quando a diligência empregue tenha sido manifestamente inferior àquela a que o titular
de órgão ou agente se encontrava obrigado em razão do cargo por si ocupado (artigo 8º,
n.º 1 do RRcivilEEE), estamos perante a negligência dita grave, sendo certo que,
podendo estar na fronteira com o dolo eventual, é possível ainda identificar uma forma
de negligência grosseira, que não tem relevância normativa autónoma); nas demais
situações, diz-se leve (artigo 7º, n.º 1 do RRcivilEEE ).

Ora, a culpa é apreciada à luz da diligência e aptidão que seja razoável exigir,
em função das circunstâncias de cada caso, de um titular de órgão ou agente cumpridor e
zeloso (artigo 10, n.º 1 do RRcivilEEE), convocando-se o modelo da diligência e a aptidão
de um titular de órgão ou agentes médios. As “circunstâncias de cada caso” não podem
deixar de levar em conta os deveres funcionais do concreto titular de órgão ou agente
(artigo 8º, n.º 1 do RRcivilEEE, parte final), de forma a que seja respeitado o princípio
que nos diz que ninguém é obrigado a mais do que aquilo que pode fazer (ultra posse
nemo obligatur), mas também de forma a evitar que as condutas de titulares de órgãos ou
agentes administrativos de topo sejam avaliadas segundo padrões de diligência
benevolentes em razão da relevância das funções que lhes estão cometidas (73).

Quanto à prova da culpa (74) e presunções de culpa, a lei não dispõe de forma
direta sobre a prova da culpa, devendo, nos termos do artigo 10, n.º 2, considerar-se que
sobre a culpa deve incidir uma demonstração, pelo que é ao lesado que cabe o ónus de
provar a culpa do autor da lesão.

iv. Dano(s): o dano pode ser definido como a diminuição ou


extinção de uma vantagem que é objeto de tutela jurídica. É um
pressuposto da responsabilidade civil administrativa (artigos
7º, n.º 1, 8º, n.º 1 do RRcivilEEE) que decorre da própria

72
Cfr. Marcelo REBELO DE SOUSA /André SALGADO DE MATOS, ob. cit., pp. 25-26.
73
Cfr. Marcelo REBELO DE SOUSA /André SALGADO DE MATOS, ob. cit., pp. 26-27.
74
Para Margarida Cortez: “Um especial juízo de censura poderá ser formulado pelo tribunal nos
casos em que a Administração incorre em erro de interpretação de normas de sentido preciso e inequívoco
ou quando opta – como por vezes sucede – por contrariar o entendimento pacífico e reiterado dos tribunais
sobre uma dada questão jurídica”. Cfr. Margarida CORTEZ, Responsabilidade civil da Administração por
Actos Administrativos Ilegais e Concurso de Omissão Culposa do Lesado, Coimbra Editora, 2000, pp. 104-
105.

41
função do instituto da responsabilidade civil em geral. A noção
de dano para estes efeitos abrange situações de danos
emergentes e lucros cessantes; danos presentes e danos futuros
e danos patrimoniais e danos morais, sendo os danos
emergentes aqueles que correspondem à privação de
vantagens que já existiam na esfera jurídica do lesado à altura
da lesão e os lucros cessantes aqueles que correspondem à
privação de vantagens que iriam forma-se na esfera jurídica do
lesado se não tivesse ocorrido a lesão [artigo 564, n.º 1 do
Código Civil português – CC].
- Danos presentes e danos futuros (art. 3º, n.º 3 do
RRcivilEEE), sendo danos presentes aqueles que já
ocorreram no momento da fixação da indemnização;
danos futuros aqueles que ainda não ocorreram no
momento da fixação da indemnização (art. 564, n.º
2 do CC) (75).

v. Nexo de causalidade entre o facto e o dano.


a. A teoria da causalidade adequada.

No caso prático em concreto, a resolver na aula com as/os estudantes ...

75
Cfr., e para mais desenvolvimentos, vd, a nota 12 do nosso, Patrícia PINTO ALVES, “A
Responsabilidade Civil Extracontratual do Estado por Ato Administrativo no Ordenamento Jurídico
Português: Uma Tripla Perspectiva do Regime da Responsabilidade: Delitual, pelo Risco e por Facto Lícito
| The Non-Contractual Civil Liability oh the State in Administrative Acts for the Portuguese Legal System:
Tortius Liability, Risk Liability and Legal Liability”, in Revista de Direito | Viçosa | Volume 11, N.º 01,
2019, pp. 387-416, em específico a p. 399 e elenco bibliográfico lá citado. DOI:
https://doi.org/10.32361/20191113864

42
2. Imagine agora que Anastácio, recorrendo aos conhecimentos pessoais e
profissionais que detém junto da Câmara Municipal K, pediu ajuda no
sentido de que a sua esposa Lucrécia fosse contratada mediante concurso
público como assessora do Senhor Presidente da Câmara Municipal K,
tendo sido a mesma, nitidamente privilegiada, em relação às/aos demais
candidatas/os. Quid Juris?

Tópicos de resolução: A resolver na aula com as/os alunas/os.

1. Impedimentos / escusa ou suspeição: artigo 69.º e ss do CPA em


vigor e artigo 73.º do CPA em vigor.

2. Contratação Pública: eventual concurso público viciado. A


anulabilidade prevista no artigo 76.º do CPA em vigor + as
disposições aplicáveis do CCP em vigor.

3. Meios de reação admissíveis pelos candidatos preteridos.

Caso prático n.º 2

A empresa pública HKG, no bom exercício das suas funções, que se dedica ao
transporte de substâncias perigosas, ao deslocar na autoestrada KYH, derramou
uma elevada quantidade de combustíveis que se encontrava a transportar, tendo tal
conduta provocado acidentes rodoviários em cadeia de variados veículos automóveis
ligeiros de passageiros que ali se encontravam a circular. Indignados com a situação,
os automobilistas dos veículos ligeiros de passageiros resolvem reagor contra a
empresa pública HKG, requerendo a sua responsabilização.

1. Quid Juris?

Tópicos de resolução: Antes de mais convém sublinhar que como bem nos explica
José Carlos Vieira de Andrade, as denominadas «entidades públicas empresariais
(EPEs)» tratam-se de pessoas coletivas de Direito público mas de regime privado, que,
todavia, foram autonomizadas da noção de institutos públicos. Neste sentido, mesmo que
sujeitas a regimes de Direito privado, as EPEs dispõem, via de regra, de poderes públicos
43
de autoridade estando submetidas a tutela e superintendência. Este mesmo autor, dá-nos
alguns exemplos e que são os seguintes: «na área dos transportes [CR, API, NAV,
Metropolitano de Lisboa], na área da gestão de recursos públicos [SPMS (Serviços
Partilhados do Ministério da Saúde], Agência para o Investimento e Comércio Externo,
Parque Escolar], na área cultural [Teatro Nacional D. Maria II, Teatro Nacional de S-
João, OPART (Organismo de Produção Artística – CNB e TNSC)] e na área da saúde
[alguns Hospitais (Curry Cabral, Amadora-Sintra, etc.), Centros Hospitalares (Centro
Hospitalar de São João, Centro Hospitalar de Coimbra, etc.) e Unidades Locais de Saúde
(Alto Minho, Baixo Alentejo, Guarda)] (76).

1. Responsabilidade civil extracontratual do Estado e Demais Entidades Públicas por


factos lícitos (objetiva) pelo risco. Aqui não há culpa nem ilicitude.

2. Deve haver o preenchimento (cumulativo) de 3 (três) requisitos:


i. Facto voluntário;
ii. Dano;
iii. Nexo de causalidade entre o facto e o dano.
a. A teoria da esfera de proteção da norma.

No caso prático em concreto, a empresa pública HKG, enquanto empresa pública


que é trata-se de uma sociedade de capital exclusiva ou maoritariamente público,
instituída para fm público sob a forma de sociedade comercial ( 77), logo, a dita empresa
pública deveria terminar, a título de exemplo com a sigla SA.

Passando agora à figura fulcral da responsabilidade civil extracontratual, no caso


prático em concreto ...

76
Cfr. José Carlos VIEIRA DE ANDRADE, Lições de Direito Administrativo, 5.ª Edição,
Coordenação Editorial: Maria João Padez de Castro, Design: Carlos Costa, Execução gráfica:
www.artipol.net, Imprensa da Universidade de Coimbra | Coimbra University Press, Dezembro de 2017,
pp. 117-118.Os itálicos utilizados no corpo do texto estão assim colocados por este autor, nas pp. 117-118,
desta sua obra aqui citada aos quais nos mantémos fiéis.
77
Neste sentido, acerca da noção de empresa pública, e para maiores desenvolvimentos, vd, José
Carlos VIEIRA DE ANDRADE, Lições de Direito Administrativo, 5.ª Edição, Coordenação Editorial:
Maria João Padez de Castro, Design: Carlos Costa, Execução gráfica: www.artipol.net, Imprensa da
Universidade de Coimbra | Coimbra University Press, Dezembro de 2017, p. 118.

44
2. Imagine agora que determinada mata pertencente ao Estado português não
foi devidamente limpa, quando deveria ter sido, e, por decorrência de um
incêndio, as chamas que dali decorreram destruíram vinte habitações
particulares. Chamados os devidos meios de socorro Estaduais tudo resultou
inoperacional. Quid Juris?

Tópicos de resolução: A resolver na aula com a participação das/dos estudantes!

Caso prático n.º 3

Imagine que no passado dia 7 de abril de 2022, o funcionário José,


funcionário da Câmara Municipal Z, no exercício de delegação de poderes que lhe
foram conferidos pelo seu superior hierárquico, notificou Asdrúbal no sentido de
que este último será expropriado por utilidade pública da sua habitação privada
situada no local X devido ao facto de urgir a necessidade imperiosa de lá ser
construída uma autoestrada.

1. Quid Juris?

Tópicos de resolução: A «imposição pelo sacrifício»: o artigo 16.º do RRcivilEEE.

1. Deve haver o preenchimento (cumulativo) de 3 (três) requisitos:


- Facto voluntário;
- Dano(s);
- Nexo de causalidade entre o facto e o dano.
2. Os danos especiais e anormais: o artigo 2.º do RRcivilEEE;

3. A expropriação por utilidade pública: o interesse público releva.

4. O princípio constitucional do pagamento de justa indemnização: o n.º 2 do


artigo 62.º da CRP.

5. O princípio da justa repartição dos encargos públicos: artigos 2.º, 13.º e 18.º
todos da CRP;

45
6. Ora, na indemnização pelo sacrifício, artigo 16.º do RRcivilEEE, importa a
especialidade e a anormalidade do dano (artigo 2º do RRcivilEEE), sendo certo
que entendemos que esta constitui uma modalidade de responsabilidade civil
extracontratual do Estado e demais entidades públicas, e não estamos perante uma
mera compensação pelo sacrifício (78);

7. Cálculo da indemnização: artigo 3.º do RRcivilEEE.

No caso prático em concreto,

78
Cfr., e para mais desenvolvimentos, vd, o nosso, Patrícia PINTO ALVES, “A Responsabilidade
Civil Extracontratual do Estado por Ato Administrativo no Ordenamento Jurídico Português: Uma Tripla
Perspectiva do Regime da Responsabilidade: Delitual, pelo Risco e por Facto Lícito | The Non-Contractual
Civil Liability oh the State in Administrative Acts for the Portuguese Legal System: Tortius Liability, Risk
Liability and Legal Liability”, in Revista de Direito | Viçosa | Volume 11, N.º 01, 2019, pp. 387-416, em
específico a p. 406 e ss e elenco bibliográfico lá citado. DOI: https://doi.org/10.32361/20191113864

46
Ficha de trabalho n.º 4

Casos práticos e demais exercícios, realizados pela Docente Patrícia Pinto Alves,
acerca da Contratação Pública portuguesa.

Caso prático n.º 1

Imagine que foi aberto pelo Município NJ, um concurso público devidamente
publicitado no Portal dos Contratos Públicos português, no sentido de que fosse
adjudicado determinado circuito de transporte escolar. Foram apresentadas sete
propostas, mas ilicitamente aquando da assinatura do contrato público não foram
lá contempladas duas cláusulas constantes do caderno de encargos.

1. Quid Juris?

Tópicos de resolução: o contrato (público) configura um modo de exercício do poder


administrativo (79) (80).

De acordo com José Carlos Vieira de Andrade, o CCP em vigor, que se encontra
aprovado pelo DL n.º 18/2008, de 29 de janeiro, envereda por um caminho
diferenciado,dado que, e nas palavras de José Carlos Vieira de Andrade “embora parta de
um conceito-quadro (amplíssimo) de contrato público, acaba por adoptar dois conceitos
polarizadores, embora em grande medida sobreponíveis, para efeitos de delimitação do
respectivo âmbito de aplicação, que abrange, por um lado, a contratação administrativa
(formação do contrato) e, por outro, o regime substantivo da relação contratual
(execução do contrato) (81).

79
Neste sentido, vd, entre outros, José Carlos VIEIRA DE ANDRADE, Lições de Direito
Administrativo, 5.ª Edição, Coordenação Editorial: Maria João Padez de Castro, Design: Carlos Costa,
Execução gráfica: www.artipol.net, Imprensa da Universidade de Coimbra | Coimbra University Press,
Dezembro de 2017, p. 249 e ss e elenco bibliográfico lá citado.
80
Na resolução destes exercícios acerca da contratação pública em Portugal, e criados por nós,
vamos seguir em termos doutrinários José Carlos VIEIRA DE ANDRADE, Lições de Direito
Administrativo, 5.ª Edição, Coordenação Editorial: Maria João Padez de Castro, Design: Carlos Costa,
Execução gráfica: www.artipol.net, Imprensa da Universidade de Coimbra | Coimbra University Press,
Dezembro de 2017, p. 249 e ss e elenco bibliográfico lá citado, e, também, Pedro COSTA GONÇALVES,
Direito dos Contratos Públicos, Colaboração de Carla Machado e José Azevedo Moreira, Almedina, junho
de 2015. Em relação a esta obra citada da autoria de Pedro Costa Gonçalves, cumpre referir que a versão
mais atualizada da mesma é Pedro COSTA GONÇALVES, Direito dos Contratos Públicos, 5ª Edição -
Reimpressão de 2021, Almedina, junho de 2021, 1024 pp.
81
Neste sentido, e para maiores desenvolvimentos, vd, José Carlos VIEIRA DE ANDRADE,
Lições de Direito Administrativo, 5.ª Edição, Coordenação Editorial: Maria João Padez de Castro, Design:

47
São princípios da contratação pública portuguesa: artigo 1.º-A do CCP em vigor.

«Artigo 1.º-A

Princípios

1 - Na formação e na execução dos contratos públicos devem ser respeitados os


princípios gerais decorrentes da Constituição, dos Tratados da União Europeia e do
Código do Procedimento Administrativo, em especial os princípios da legalidade, da
prossecução do interesse público, da imparcialidade, da proporcionalidade, da boa-
fé, da tutela da confiança, da sustentabilidade e da responsabilidade, bem como os
princípios da concorrência, da publicidade e da transparência, da igualdade de
tratamento e da não-discriminação (82).

2 - As entidades adjudicantes devem assegurar, na formação e na execução dos


contratos públicos, que os operadores económicos respeitam as normas aplicáveis em
vigor em matéria social, laboral, ambiental, de igualdade de género e de prevenção e
combate à corrupção, decorrentes do direito internacional, europeu, nacional ou regional.

3 - Sem prejuízo da aplicação das garantias de imparcialidade previstas no Código do


Procedimento Administrativo, as entidades adjudicantes devem adotar as medidas
adequadas para impedir, identificar e resolver eficazmente os conflitos de interesses que
surjam na condução dos procedimentos de formação de contratos públicos, de modo a
evitar qualquer distorção da concorrência e garantir a igualdade de tratamento dos
operadores económicos.

4 - Para efeitos do disposto no número anterior, considera-se conflito de interesses


qualquer situação em que o dirigente ou o trabalhador de uma entidade adjudicante ou de
um prestador de serviços que age em nome da entidade adjudicante, que participe na
preparação e na condução do procedimento de formação de contrato público ou que possa
influenciar os resultados do mesmo, tem direta ou indiretamente um interesse financeiro,
económico ou outro interesse pessoal suscetível de comprometer a sua imparcialidade e
independência no contexto do referido procedimento».

Carlos Costa, Execução gráfica: www.artipol.net, Imprensa da Universidade de Coimbra | Coimbra


University Press, Dezembro de 2017, p. 254 e ss e elenco bibliográfico lá citado.
82
Os negritos utilizados no corpo do texto são nossos. Na doutrina nacional, a respeito destes
princípios, vd, entre outros, Cláudia VIANA, Os princípios comunitários na contratação pública, Coimbra,
Coimbra Editora, 2007.

48
Ora, existem, ao abrigo do disposto no artigo 16.º do Código dos Contratos Públicos
português [DL n.º 18/2008, de 29 de Janeiro, com as suas sucessivas alterações]
«Procedimentos para a formação de contratos» e que são:

“1 - Para a formação de contratos cujo objeto abranja prestações que estão ou sejam
suscetíveis de estar submetidas à concorrência de mercado, as entidades adjudicantes
devem adotar um dos seguintes tipos de procedimentos:

«a) Ajuste direto» + (ajuste direto simplificado) (83): [artigo 112.º, n.º 2 e ss do
CCP + a alínea a), do n.º 1 do artigo 16.º do CCP em vigor + artigos 24.º ao 27.º todos do
CCP em vigor + artigos 128.º e 129.º ambos do CCP em vigor];

«b) Consulta prévia» (84): [artigo 112.º, n.º 1 e ss do CCP em vigor + a alínea b), do
n.º 1 do artigo 16.º do CCP em vigor + artigo 27.º-A do CCP em vigor];

«c) Concurso público» + (concurso público urgente) (85): [artigo 130.º e ss do CCP
em vigor + a alínea c), do n.º 1 do artigo 16.º do CCP em vigor + artigo 155.º e ss do CCP
em vigor];

«d) Concurso limitado por prévia qualificação»: [artigo 162.º e ss do CCP em vigor
+ a alínea d), do n.º 1 do artigo 16.º do CCP em vigor + artigo 29.º do CCP em vigor];

«e) Procedimento de negociação»: [artigo 193.º e ss do CCP em vigor + a alínea e),


do n.º 1 do artigo 16.º do CCP];

«f) Diálogo concorrencial»: [artigo 204.º e ss do CCP em vigor + a alínea f), do n.º
1 do artigo 16.º do CCP em vigor + artigo 29.º do CCP em vigor];

«g) Parceria para a inovação»: [artigo 218.º-A e ss do CCP em vigor + a alínea g),
do n.º 1 do artigo 16.º do CCP em vigor + artigo 30.º-A do CCP em vigor].

83
Ao abrigo do disposto no n.º 2 do artigo 112.º do CCP em vigor “o ajuste direto é o procedimento
em que a entidade adjudicante convida diretamente uma entidade à sua escolha a apresentar proposta”.
84
Ao abrigo do disposto no n.º 1 do artigo 112.º do CCP em vigor “a consulta prévia é o
procedimento em que a entidade adjudicante convida diretamente pelo menos três entidades à sua escolha
a apresentar proposta, podendo com elas negociar os aspetos da execução do contrato a celebrar”.
85
Ao abrigo do disposto no n.º 1 do artigo 130.º do CCP em vigor “o concurso público é
publicitado no Diário da República, através de anúncio conforme modelo aprovado por portaria dos
membros do Governo responsáveis pela edição do Diário da República e pelas áreas das finanças e das
obras públicas”.

49
2 - Para os efeitos do disposto no número anterior, consideram-se submetidas à
concorrência de mercado, designadamente, as prestações típicas abrangidas pelo objeto
dos seguintes contratos, independentemente da sua designação ou natureza:

«a) Empreitada de obras públicas» (86): artigo 343.º e ss do CCP em vigor;

«b) Concessão de obras públicas»: artigo 407.º e ss do CCP em vigor;

«c) Concessão de serviços públicos»: artigo 407.º e ss do CCP em vigor;

«d) Locação ou aquisição de bens móveis»: artigo 431.º e ss do CCP em vigor;

«e) Aquisição de serviços»: artigo 450.º e ss do CCP em vigor;

«f) Sociedade» [/Governação]: artigo 454.º-A e ss do CCP em vigor.

- A importância do valor do contrato público: ver o artigo 17.º do CCP em vigor,


na íntegra;

- O dever de fundamentação da decisão de escolha do devido procedimento de


formação de contratos (públicos) – ver o artigo 38.º do CCP em vigor na íntegra.

- O artigo 51.º do CCP em vigor, com a epígrafe de «prevalência» expressa que


(87): “As normas constantes do presente Código relativas às fases de formação e de
execução do contrato prevalecem sobre quaisquer disposições das peças do procedimento
com elas desconformes”.

Existem, neste âmbito, regras comuns de tramitação procedimental (88) e que são:

- Ver o disposto no n.º 1 do artigo 40.º do CCP em vigor: peças do


procedimento:

86
Na doutrina portuguesa, acerca da empreitada de obras públicas e do seu regime jurídico, vd,
Licínio LOPES MARTINS, Empreitada de obras públicas, Edição: Reimpressão de 2020, Coleção: Teses
de Doutoramento, Almedina, 2020, 854 pp.
87
Cfr., e para maiores desenvolvimentos, vd, Pedro COSTA GONÇALVES, Direito dos Contratos
Públicos, Colaboração de Carla Machado e José Azevedo Moreira, Almedina, junho de 2015, p. 213 e ss e
elenco bibliográfico lá citado.
88
Neste sentido, e para maiores desenvolvimentos, vd, Pedro COSTA GONÇALVES, Direito dos
Contratos Públicos, Colaboração de Carla Machado e José Azevedo Moreira, Almedina, junho de 2015, p.
207 e ss e elenco bibliográfico lá citado. Vamos seguir aqui muito de perto a obra aqui citada da autoria de
Pedro Costa Gonçalves, mais especificamente o explanado na p. 207 e ss e elenco bibliográfico citado,
deste manual de contratação pública portuguesa.

50
«CAPÍTULO III

Peças do procedimento

Artigo 40.º

Tipos de peças

1 - As peças dos procedimentos de formação de contratos são as seguintes (89):

a) No ajuste direto, o convite à apresentação das propostas e o caderno de


encargos, sem prejuízo do disposto no artigo 128.º;

b) Na consulta prévia, o convite à apresentação de propostas e o caderno


de encargos;

c) No concurso público, o anúncio, o programa do procedimento e o


caderno de encargos;

d) No concurso limitado por prévia qualificação, o anúncio, o programa


do procedimento, o convite à apresentação de propostas e o caderno de encargos;

e) No procedimento de negociação, o anúncio, o programa do


procedimento, o convite à apresentação de propostas e o caderno de encargos;

f) No diálogo concorrencial, o anúncio, o programa do procedimento, a


memória descritiva, o convite à apresentação de soluções, o convite à
apresentação de propostas e o caderno de encargos;

g) Na parceria para a inovação, o anúncio, o programa do procedimento,


o convite à apresentação de propostas e o caderno de encargos.

2 - As peças do procedimento referidas no número anterior, com exceção da minuta


do anúncio, são aprovadas pelo órgão competente para a decisão de contratar.

3 - Nos concursos de conceção, os termos de referência constituem a única peça do


procedimento, sendo aprovados pelo órgão competente para a decisão de selecionar um
ou vários trabalhos de conceção.

89
Os negritos e os sombreados são nossos.

51
4 - As indicações constantes do programa do procedimento, do caderno de encargos
e da memória descritiva prevalecem sobre as indicações do anúncio em caso de
divergência.

5 - As peças do procedimento prevalecem sobre as indicações constantes da


plataforma eletrónica de contratação, em caso de divergência».

- Salvo o diálogo concorrencial que contém o “convite à apresentação das


soluções” – artigo 209.º do CCP em vigor, e a “memória descritiva” – artigo 207.º do
CCP em vigor, constituem peças do procedimento o caderno de encargos que é de
exigir em todos os procedimentos, o programa do procedimento que é de exigir em
todos os procedimentos, salvo no ajuste direto, e ainda o convite à apresentação das
propostas patente em todos os procedimentos, salvo no concurso público (90).

- Quanto ao programa do procedimento, releva o disposto no artigo 41.º


do CCP em vigor, e como bem nos explica Pedro Costa Gonçalves trata-se do
«regulamento» “que define os termos a que obedece a fase de formação do contrato até à
sua celebração” (91). Relativamente ao conteúdo: quanto ao programa respetivo do
concurso público – artigo 132.º do CCP em vigor; quanto ao programa específico do
concurso limitado – artigo 164.º do CCP em vigor; quanto ao programa específico de
procedimento de diálogo concorrencial – artigo 206.º do CCP em vigor (92).

- Relativamente ao caderno de encargos, este trata-se da peça do


procedimento que detem as cláusulas a incluir no contrato (público) a celebrar – ver o
disposto no n.º 1 do artigo 42.º do CCP em vigor, sendo que podem ser descritos pelas
cláusulas do caderno de encargos “aspetos da execução do contrato submetidos à
concorrência” e ainda “aspetos da execução do contrato não submetidos à concorrência”

90
Cfr., e para maiores desenvolvimentos, vd, Pedro COSTA GONÇALVES, Direito dos Contratos
Públicos, Colaboração de Carla Machado e José Azevedo Moreira, Almedina, junho de 2015, p. 207 e ss e
elenco bibliográfico lá citado. Os negritos utilizados no corpo do texto são nossos.
91
Cfr. Pedro COSTA GONÇALVES, Direito dos Contratos Públicos, Colaboração de Carla
Machado e José Azevedo Moreira, Almedina, junho de 2015, p. 210. O negrito utilizado no corpo do texto
é nosso.
92
Cfr., e para maiores desenvolvimentos, vd, Pedro COSTA GONÇALVES, Direito dos Contratos
Públicos, Colaboração de Carla Machado e José Azevedo Moreira, Almedina, junho de 2015, p. 210. O
negrito utilizado no corpo do texto é nosso.

52
(93). Ainda a respeito do caderno de encargos releva o disposto no n.º 2 do artigo 100.º do
CPTA, dos n.ºs 5 e 6 do artigo 96.º do CCP em vigor, do artigo 48.º do CCP em vigor, do
n.º 8 do artigo 48.º do CCP em vigor, dos artigos 44.º e 45.º ambos do CCP em vigor, e
do artigo 46.º do CCP em vigor (94).

- Por fim, quanto ao convite, e parafraseando Pedro Costa Gonçalves:


«Importa sublinhar a diferença entre o convite à apresentação das propostas no âmbito
do procedimento de ajuste direto (artigo 115.º) – que, com sentidos diferentes, “substitui”
o anúncio e o programa do procedimento, ambos exigíveis em todos os outros
procedimentos – em face do convite à apresentação das propostas como peça de início da
segunda fase dos procedimentos de concurso limitado por prévia qualificação (artigo
189.º), de negociação (artigo 199.º) e de diálogo concorrencial (artigo 217.º) ( 95)».

- A relevância da figura do contraente público: o artigo 3.º do CCP em vigor +


artigo 308.º do CCP em vigor (em relação aos atos administrativos emanados no
desempenho dos poderes do contraente público: n.º 1 do artigo 308.º do CCP).

Desta feita:

93
Cfr., e para maiores desenvolvimentos, vd, Pedro COSTA GONÇALVES, Direito dos Contratos
Públicos, Colaboração de Carla Machado e José Azevedo Moreira, Almedina, junho de 2015, p. 210. O
negrito utilizado no corpo do texto é nosso. Mantemo-nos fiéis às aspas altas utilizadas por este autor, na
p. 210 desta sua obra aqui citada. O negrito utilizado no corpo do texto é nosso.
94
Cfr., e para maiores desenvolvimentos, vd, Pedro COSTA GONÇALVES, Direito dos Contratos
Públicos, Colaboração de Carla Machado e José Azevedo Moreira, Almedina, junho de 2015, p. 211. O
negrito utilizado no corpo do texto é nosso. Mantemo-nos fiéis às aspas altas utilizadas por este autor, na
p. 211 desta sua obra aqui citada. Este mesmo autor refere que: “O artigo 46.º autoriza a elaboração de
formulários de caderno de encargos. Na sequência, a Portaria n.º 959/2009, de 21 de agosto, aprovou o
formulário de caderno de encargos relativo aos contratos e empreitadas de obras públicas”. Cfr. Cfr., e para
maiores desenvolvimentos, vd, Pedro COSTA GONÇALVES, Direito dos Contratos Públicos,
Colaboração de Carla Machado e José Azevedo Moreira, Almedina, junho de 2015, p. 211.
95
Cfr. Pedro COSTA GONÇALVES, Direito dos Contratos Públicos, Colaboração de Carla
Machado e José Azevedo Moreira, Almedina, junho de 2015, p. 211. O negrito utilizado no corpo do texto
é nosso. Mantemo-nos fiéis às aspas altas utilizadas por este autor, na p. 211, desta sua obra aqui citada
assim como aos itálicos utilizados por este mesmo autor, na p. 211, desta sua obra aqui citada.
Pedro Costa Gonçalves cita ainda “(...) o artigo 209.º, sobre o convite à apresentação das soluções,
peça exclusiva do procedimento de diálogo concorrencial, e o artigo 142.º, sobre o convite à participação
em leilão eletrónico, que não surge referenciado no elenco das peças do procedimento”. Cfr. Pedro COSTA
GONÇALVES, Direito dos Contratos Públicos, Colaboração de Carla Machado e José Azevedo Moreira,
Almedina, junho de 2015, p. 211. Mantemo-nos fiéis aos itálicos utilizados por este autor aqui citado, na p.
211, desta sua obra aqui citada.

53
«Artigo 3.º

Contraentes públicos

1 - Para efeitos do presente Código, entende-se por contraentes públicos:

a) As entidades referidas no n.º 1 do artigo anterior;

b) As entidades adjudicantes referidas no n.º 2 do artigo anterior sempre que os


contratos por si celebrados sejam, por vontade das partes, qualificados como contratos
administrativos ou submetidos a um regime substantivo de direito público.

2 - São também contraentes públicos quaisquer entidades que, independentemente da sua


natureza pública ou privada, celebrem contratos no exercício de funções materialmente
administrativas».

- Ver ainda o disposto no artigo 7.º do CCP em vigor relativo às «Entidades


adjudicantes nos setores da água, da energia, dos transportes e dos serviços postais».

Contudo, transcrevendo o disposto, especificamente, no n.º 2 do artigo 1.º do CCP


em vigor, tomamos conhecimento de que: “o regime da contratação pública estabelecido
na parte ii é aplicável à formação dos contratos públicos que, independentemente da sua
designação e natureza, sejam celebrados pelas entidades adjudicantes referidas no
presente Código e não sejam excluídos do seu âmbito de aplicação”.

- O «início do procedimento»: artigo 36.º e ss do CCP em vigor.

- As «peças do procedimento»: artigo 40.º do CCP.

- O «programa do procedimento»: artigo 41.º do CCP.

- O «caderno de encargos»: artigo 42.º e ss do CCP.

Ora, relativamente à conformação da relação contratual temos, desde logo:

 A execução contratual;
 O incumprimento do contrato;
 A extinção do contrato.

54
Quanto à conformação da relação contratual, é conveniente explicitarmos o
seguinte: relativamente aos poderes do contraente público releva o disposto no artigo
302.º do Código dos Contratos Públicos português [DL n.º 18/2008, de 29 de janeiro, com
as suas sucessivas alterações (96)] (doravante designado por CCP). Assim, cumpre
explanar que configuram poderes do contraente público:

 O poder de direção contemplado ao abrigo do disposto no disposto na


alínea a) do artigo 303.º do CCP e no artigo 304.º do CCP;

 O poder de fiscalização consagrado ao abrigo do disposto na alínea b) do


artigo 303.º do CCP e nos artigos 305.º do CCP e 306.º do CCP;

 O poder de modificação unilateral contemplado ao abrigo do disposto


na alínea c) do artigo 303.º do CCP e nos artigos 282.º do CCP e 315.º do CCP;

 O poder de aplicação de sanções consagrado ao abrigo do disposto na


alínea d) do artigo 303.º do CCP e nos artigos 329.º do CCP e 403.º do CCP;

 O poder de resolução unilateral do contrato contemplado ao abrigo do


disposto na alínea e) do artigo 303.º do CCP e no artigo 334.º do CCP;

 O poder de ordenar a cessão da posição contratual do cocontratante


para terceiro consagrado consagrado ao abrigo do disposto na alínea f) do
artigo 303.º do CCP e do artigo 318.º-A do CCP, em especial o seu n.º 4.

Posto isto, relativamente à execução contratual, aqui, subjacente à execução dos


contratos está:

 O valor da estabilidade contratual, presente no princípio


pacta sunt servanda;

 O valor da adaptabilidade do contrato por imperativo de


interesse público.

96
O DL n.º 18/2008, de 29 de janeiro, “aprova o Código dos Contratos Públicos, que estabelece a
disciplina aplicável à contratação pública e o regime substantivo dos contratos públicos que revistam a
natureza de contrato administrativo”, e é pesquisável em:
https://www.pgdlisboa.pt/leis/lei_mostra_articulado.php?nid=2063&tabela=leis (acesso em: 11.04.2022).

55
De evidenciar ainda que aqui, falamos da importância do gestor do contrato
(artigo 290.º-A do CCP). Ora, o gestor do contrato deve acompanhar a execução do
contrato, isto em respeito pelo disposto no n.º 1, do artigo 290.º-A do CCP, sendo ainda
de sublinhar que pode ser delegada no gestor do contrato a adoção de medidas
corretivas, exceto em matéria de modificasção ou cessação do contrato, isto em respeito
pelo disposto no n.º 4, do artigo 290.º-A do CCP).

Por sua vez, quanto ao incumprimento contratual cumpre referir que releva o
disposto no artigo 325.º e seguintes do CCP. O regime de incumprimento contratual
assenta na vinvulação existente entre o objeto do contrato administrativo e a prossecução
do interesse público, daí a desigualdade de tratamento da posição do contraente público
e do cocontratante aquando do incumprimento das obrigações contratuais. Neste
seguimento, o incumprimento contratual pode advir de uma de três formas e que são: o
incumprimento, o cumprimento defeituoso, e, por dim, o atraso no cumprimento por parte
do cocontratante.

Assim, o incumprimento do contrato pode levar:

 À resolução do contrato (cfr., o disposto no n.º 2, do artigo 325.º,


in fine, do CPP);

 À aplicação ao cocontratante das sanções previstas no contrato,


pecuniárias e outras (cfr., o disposto no n.º 4, do artigo 325.º do
CCP, e nos artigos 329.º do CCP e 403.º do CPP).

Posto isto, havendo lugar a incumprimento por parte do cocontratante público


devido a atarsos nos pagamentos releva o disposto no artigo 326.º do CCP, havendo lugar
à cobrança de juros de mora. Mas, ao abrigo do disposto no n.º 6, do artigo 326.º do CCP,
o atraso num ou mais pagamentos não implica o vencimento antecipado dos restantes.

Ainda no âmbito do incumprimento do contrato, é de realçar que o regime


plasmado ao abrigo do disposto no artigo 327.º do CCP traduz / espelha a prevalência do
interesse público, sendo que em matéria de extinção do contrato releva o disposto no
artigo 330.º do CCP.

- Estudar a invalidade do contrato público: artigo 283.º e ss do CCP.

56
- As «centrais de compras» públicas: artigo 260.º e ss do CCP.

- A celebração de acordos-quadro: artigo 251.º e ss do CCP.

- As «garantias administrativas» em sede de contratação pública: o artigo 267.º


e ss do CCP;

- Estudar a «Delegação de competências»: artigo 109.º e ss do CCP em vigor.

Posto isto, no caso prático em concreto, estamos no âmbito de um concurso


público (97) (artigo 130.º e ss do CCP em vigor);

Ora, acerca do concurso público, vamos seguir aqui de perto os ensinamentos de


Pedro Costa Gonçalves a respeito (98). Assim, e como nos explica Pedro Costa Gonçalves
estamos aqui no âmbito de um procedimento de adjudicação unifásico ( 99), sendo, no
entanto, de evidenciar que, comparativamente ao ajuste direto, o procedimento atinente
ao concurso público tem uma tramitação muito mais desenvolta (100).

- Devem identificar o(s) contraente(s) público(s) no caso em concreto;

- O princípio da legalidade;

- O princípio da igualdade;

- O princípio da proporcionalidade;

- O princípio da transparência e o princípio da prossecução do intereese


público: artigo 1.º-A do CCP em vigor;

- O princípio da concorrência;

97
Na doutrina nacional, acerca do concurso público, vd, entre outros, Pedro COSTA
GONÇALVES, Direito dos Contratos Públicos, Colaboração de Carla Machado e José Azevedo Moreira,
Almedina, junho de 2015, pp. 204-205 e elenco bibliográfico lá citado.
98
Cfr. Pedro COSTA GONÇALVES, Direito dos Contratos Públicos, Colaboração de Carla
Machado e José Azevedo Moreira, Almedina, junho de 2015, pp. 204-205 e elenco bibliográfico lá citado.
99
Cfr. Pedro COSTA GONÇALVES, Direito dos Contratos Públicos, Colaboração de Carla
Machado e José Azevedo Moreira, Almedina, junho de 2015, p. 204.
100
Cfr. Margarida OLAZABAL CABRAL, “O concurso público no Código dos Contratos
Públicos”, in Estudos de Contratação Pública (CEDIPRE), I, p. 181 e ss; Margarida OLAZABAL
CABRAL, “Procedimentos clássicos no Código dos Contratos Públicos”, in CJA, n.º 64, 2007, p. 15 e ss;
Mário ESTEVES DE OLIVEIRA / Rodrigo ESTEVES DE OLIVEIRA, Concursos e outros procedimentos
de contratação pública, Coimbra, Almedina, 2011, p. 717 e ss; Alexandra LEITÃO, Lições de Direito dos
Contratos Públicos, Lisboa, AAFDL, 2014, p. 147 e ss, apud Pedro COSTA GONÇALVES, Direito dos
Contratos Públicos, Colaboração de Carla Machado e José Azevedo Moreira, Almedina, junho de 2015, p.
204 e nota 166.

57
- A relevância dos documentos de habilitação: artigo 81.º e ss do CCP em
vigor;

- A noção de adjudicação: artigo 73.º do CCP em vigor;

- A relevância do anúncio da adjudicação: artigo 78.º do CCP em vigor;

- A «adjudicação por lotes»: artigo 46.º-A do CCP;

- O conteúdo e a forma que o contrato deve conter: artigos 96.º, 94.º e 95.º
todos do CCP em vigor;

- As peças do procedimento (do concurso público):

- Neste prisma, como bem nos explica Pedro Costa Gonçalves:

«1) O procedimento inicia-se com a publicação de um anúncio (no Diário


da República ou no Jornal Oficial da União Europeia). A partir dessa data, são também
disponibilizadas aos interessados as peças do procedimento (o programa do procedimento
e o caderno de encargos).

2) Também aqui, a apresentação das propostas pode ser precedida da


solicitação e prestação de esclarecimentos, bem como da retificação de “erros e
omissões” das peças do procedimento.

3) Segue-se a apresentação de propostas pelos interessados, sendo


publicitada, imediatamente após o termo do respetivo prazo, uma lista dos concorrentes
e facultada a estes a consulta de todas as ofertas apresentadas.

4) De seguida, o júri procede à análise e à avaliação das propostas


apresentadas pelos concorrentes.

5) No caso da formação de certos contratos, e desde que previsto no


programa do procedimento, haverá lugar a um leilão eletrónico, isto é, a “um processo
eletrónico destinado a permitir aos concorrentes melhorar progressivamente os atributos
das respetivas propostas”, realizado nos termos descritos nos artigos 140.º e segs.

6) Seguidamente, inicia-se o citado período de “preparação da


adjudicação”, em que o júri começa por produzir um relatório preliminar propondo ao
órgão adjudicante a ordenação das propostas e a eventual exclusão de algumas delas (cf.
artigo 146.º).

58
7) Elaborado o citado relatório, o mesmo é enviado aos concorrentes que
sobre ele se poderão pronunciar em sede de audiência prévia (cf. artigo 147.º).

8) Ponderadas as observações dos concorrentes, o júri redige o relatório


final, mantendo ou alterando as conclusões do relatório preliminar. Resultando do
relatório final uma alteração na ordenação das propostas, o júri procede a nova audiência
prévia e prepara um segundo relatório final (cf. artigo 148.º).

9) No caso dos contratos de concessão de obras públicas ou de serviços,


poderá haver lugar a uma fase de negociação dos atributos das propostas, aberta a todos
os concorrentes (não excluídos) ou restringida àqueles cujas propostas foram ordenadas
nos lugares cimeiros. Na sequência desta negociação, serão apresentadas as propostas
finais, seguindo-se a elaboração pelo júri de um segundo relatório preliminar, a audiência
prévia dos proponentes e, caso seja alterada a ordenação das propostas (finais), a
produção de um segundo relatório final (cf. artigos 149.º e segs).

10) Perante as conclusões finais do júri, o órgão adjudicante procede então


à emissão do ato de adjudicação (101)».

- De acordo com Pedro Costa Gonçalves: «o princípio da estabilidade das


peças do procedimento»: neste sentido, e para maiores aprofundamentos, vd, Pedro
COSTA GONÇALVES, Direito dos Contratos Públicos, Colaboração de Carla
Machado e José Azevedo Moreira, Almedina, junho de 2015, p. 212.

- O caderno de encargos e a sua noção: artigo 42.º e ss do CCP em vigor;

- O contrato público: a sua noção e a sua correlação com o caso prático em


concreto;

- As «garantias administrativas» em sede de contratação pública nacional: o


artigo 267.º e ss do CCP:

- A regra geral é a de que as impugnações administrativas têm


natureza facultativa: artigo 268.º do CCP em vigor;

101
Neste sentido, vd, Pedro COSTA GONÇALVES, Direito dos Contratos Públicos, Colaboração
de Carla Machado e José Azevedo Moreira, Almedina, junho de 2015, pp. 204-205. Mantemo-nos fiéis aos
itálicos utilizados por este autor, nas pp. 204-205 desta sua obra aqui citada, sendo que os itálicos são sua
pertença.

59
- A suscetibilidade de impugnações administrativas aplica-se a
“quaisquer decisões administrativas ou outras àquelas equiparadas proferidas no âmbito
de um procedimento de formação de um contrato público”: n.º 1 do artigo 269.º do CCP
em vigor;

- Relativamente à «apresentação da impugnação», o interessado


tem que expor, na reclamação administrativa ou no requerimento de interposição do
recurso hierárquico, todos os fundamentos da impugnação administrativa, tendo, contudo,
a faculdade de juntar os documentos que tenha em mente que sejam oportunos (n.º 1 do
artigo 271.º do CCP em vigor); Mas, quanto ao recurso administrativo relativo às
deliberações do júri, este tem de ser interposto para o órgão com competência para o
efeito, seja por lei ou por delegação de poderes, para a decisão de proceder à contratação
(n.º 2 do artigo 271.º do CCP em vigor);

- Quanto à tempestividade, releva o disposto no artigo 270.º do


CCP em vigor, dado que salvo o disposto no n.º 3 do artigo 138.º do CCP em vigor (artigo
este cuja epígrafe é «Lista dos concorrentes e consulta das propostas apresentadas»,
advindo do disposto no seu n.º 3 que “o interessado que não tenha sido incluído na lista
dos concorrentes pode reclamar desse facto, no prazo de três dias contados ds publicitação
da lista, devendo para o efeito apresentar comprovativo da tempestiva apresentação da
sua proposta”), e, salvo o disposto no n.º 3 do artigo 177.º do CCP em vigor (artigo este
cuja epígrafe é «Lista dos candidatos e consulta das candidaturas apresentadas»,
derivando do disposto no seu n.º 3 que “o interessado que não tenha sido incluído na lista
dos candidatos pode reclamar desse facto, no prazo de três dias contados da publicitação
da lista, devendo para o efeito apresentar comprovativo da tempestiva apresentação da
sua candidatura”), “as impugnações administrativas de quaisquer decisões
administrativas ou de outras àquelas equiparadas” concernentes à formação de um
contrato público têm de ser apresentadas no prazo de cinco dias a contar da devida
notificação.

- É relevante mencionar que em sede de garantias administrativas e quanto à


contagem dos prazos os prazos contam-se nos moldes do disposto no artigo 87.º do
CPA em vigor, sendo que nunca lhes é aplicável o disposto no artigo 88.º do CPA em
vigor (n.º 2 do artigo 267.º do CCP em vigor).

60
- Ora, relativamente à impugnação, mais precisamente aos seus efeitos, a verdade
é a de que a apresentação seja de que tipo de impugnações administrativas não suspende
a concretização das operações seguintes do respetivo procedimento (n.º 1 do artigo
272.º do CCP em vigor).

- Contudo, ainda em sede da impugnação e dos seus respetivos efeitos: ver o


disposto nas alíneas a) a c), do n.º 2 do artigo 272.º do CCP, respetivamente. Deste modo:

«2 - Enquanto as impugnações administrativas não forem


decididas ou não tiver decorrido o prazo para a respetiva decisão, não se
pode proceder:

a) À decisão de qualificação;

b) Ao início da fase de negociação;

c) À decisão de adjudicação».

- Por fim:

- Há lugar à fase da audiência dos contrainteressados nos moldes do


disposto no artigo 273.º do CCP em vigor, ou seja, nos casos em que a impugnação
administrativa tenha por objeto a decisão de qualificação, a decisão de adjudicação ou a
rejeição de impugnação administrativa de qualquer de tais decisões, o órgão com
competência para dela ter conhecimento deve, nos dois dias subsequentes à respetiva
apresentação, notificar os candidatos (artigo 52.º do CCP em vigor) ou notificar os
concorrentes (artigo 53.º do CCP em vigor) para, assim entendendo, se pronunciarem no
prazo legal de cinco dias, acerca do pedido e dos respetivos fundamentos.

- Quanto à tomada de decisão, é de mencionar que as impugnações


administrativas têm de ser decididas no prazo de cinco dias a contar da data da
respetiva apresentação da(s) mesma(s), sendo que em caso de silêncio o mesmo
equivale à rejeição das impugnações administrativas em causa (n.º 1 do artigo 274.º do
CCP em vigor). Torna-se conveniente ainda proclamar que havendo o exercício da
audiência dos contrainteressados nos moldes do disposto no artigo 273.º do CCP em
vigor, o prazo para a tomada de decisão da impugnação administrativa em curso deve-se
contar do fim do prazo determinado para a audiência dos contrainteressados.

61
- A aplicação subsidiária do CPA em vigor que advém do disposto no n.º
1 do artigo 267.º do CCP em vigor e que nos remete, conforme os casos, para o disposto
no artigo 184.º e ss do CPA em vigor e/ou para o disposto no artigo 191.º e ss do CPA
em vigor.

- Analisar a eventual invalidade do contrato;

- Ter em consideração a plataforma eletrónica e o princípio da boa


Administração eletrónica;

- O Portal dos Contratos Públicos português ( 102): “O portal dos contratos


públicos, denominado Portal Base, destina-se a divulgar informação pública sobre os
contratos públicos sujeitos ao regime do Código dos Contratos Públicos, de acordo com
o previsto no artigo 2.º do DL nº 111-B/2017, de 31 de agosto, que alterou e republicou
o Código dos Contratos Públicos (CCP), aprovado pelo DL n.º 18/2008, de 29 de janeiro.

O portal tem por função essencial centralizar a informação sobre os contratos


públicos celebrados em Portugal, configurando um espaço virtual onde são publicitados
os elementos referentes à formação e execução dos contratos públicos, permitindo assim
o seu acompanhamento e monitorização.

Para cumprimentos das obrigações estatísticas previstas nas Diretivas, compete ao


Instituto dos Mercados Públicos, do Imobiliário e da Construção, I.P. (IMPIC , I.P.), nos
termos do n.º 1 do artigo 472.º do CCP, elaborar e remeter à Comissão Europeia, um
relatório estatístico relativo aos contratos de aquisição e locação de bens e aquisição de
serviços, empreitada de obras públicas e contratos de concessão de obras e serviços
públicos.

A gestão do portal Base é da responsabilidade do IMPIC, I.P. conforme dispõe o


artigo 3º nº 3 alínea f) do Decreto-Lei nº 232/2015, de 13 de outubro e oartigo 3.º da
Portaria n.º 57/2018, de 26 de fevereiro (103)”.

102
Vd, a respeito, Pedro COSTA GONÇALVES, Direito dos Contratos Públicos, Colaboração de
Carla Machado e José Azevedo Moreira, Almedina, junho de 2015, pp. 51-52 e elenco bibliográfico lá
citado. O Portal dos Contratos Públicos português é o Portal «BASE», pesquisável em:
https://www.base.gov.pt/Base/pt/OPortal/Base (acesso em: 11..05.2022).
103
Cfr., e para maiores desenvolvimentos, vd, “O que é o Portal Base?”, pesquisável em:
https://www.base.gov.pt/Base/pt/OPortal/Base (acesso em: 11.05.2022).

62
- A possibilidade de intentar uma ação administrativa, em sede de
contencioso pré-contratual, processo urgente, no Tribunal Administrativo
competente – artigo 100.º e ss do CPTA em vigor.

Posto isto, e de acordo com o nosso escrito intitulado «“Novo” Código do


Procedimento Administrativo: “novas” soluções”» (104), defendemos que um aspeto que
nos parece deveras interessante e adequado não esquecer de abordar é o que concerne à
figura dos contratos públicos em Portugal. Desta feita, citando Lourenço Vilhena de
Freitas, há aqui neste “novo” CPA a manutenção da distinção entre contratos
administrativos (sujeitos a um regime substantivo de direito administrativo) e contratos
submetidos a um regime de Direito privado. Mantém-se neste particular a tradição
nacional nesta temática, tradição legislativa consolidada no Código do Procedimento
Administrativo, que distinguia contrato administrativo de contrato de direito privado
(pela negativa, na medida em que definia contrato administrativo e estabelecia o seu
regime), parcialmente irnfirmada no ETAF de 2002-2004 com a sujeição à jurisdição
administrativa dos contratos privados precedidos de um procedimento pré-contratual
público, mas logo reconfirmada no artigo 1.º, n.º 6, do CCP; mas também tradição
jurisprudencial e doutrinal [assim MAGALHÃES COLAÇO, MELO MACHADO,
MARQUES GUEDES, MARCELLO CAETANO, FREITAS DO AMARAL,
SÉRVULO CORREIA, MARCELO REBELO DE SOUSA (numa primeira fase do seu
pensamento)], ORLANDO DE CARVALHO, PAZ FERREIRA, PAMPLONA CORTE
REAL, FERREIRA DE ALMEIDA, entre muitos outros, sem que, no entanto, existissem
posições opostas, das quais se sublinha MARIA JOÃO ESTORNINHO, tendencialmente
acompanhada em certo momento por VASCO PEREIRA DA SILVA e JOÃO CAUPERS
e em parte por MARCELO REBELO DE SOUSA e ANDRÉ SALGADO DE MATOS),
sustentando a proximidade entre o contrato administrativo e o contrato de Direito privado
da Administração, mencionando de preferência “a níveis de administratividade” (105).

104
A partir daqui, inclusive, vamos seguir aqui de perto o nosso escrito, Patrícia PINTO ALVES,
«“Novo” Código do Procedimento Administrativo: “novas” soluções?», in O Novo Código do
Procedimento Administrativo, Para o Professor Doutor António Cândido de Oliveira, uma oferta singela
dos jovens investigadores de Direito Público da Escola de Direito da Universidade do Minho,
Coordenação: Isabel Celeste M. Fonseca, elsa – The European Law Students` Association UMINHO,
NEDip – Núcleo de Estudos de Direito Ius Pubblicum, Braga, 2015, p. 335-338 e elenco bibliográfico lá
citado.
105
Cfr. Lourenço VILHENA DE FREITAS, “Análise do projecto de revisão do CPA relativamente
ao regime para os contratos da Administração Pública” in ICJP (Instituto de Ciências Jurídico-Políticas),
fevereiro de 2014, pp. 1 e 2. Vd., http://www.icjp.pt/debate/4268/4418, apud o nosso, Patrícia PINTO
ALVES, «“Novo” Código do Procedimento Administrativo: “novas” soluções?», in O Novo Código do

63
Todavia, é de evidenciar que há a existência de contratos que, mesmo sendo
qualificados enquanto contratos de Direito privado da AP dentro do Direito interno, estes
não podem deixar de se sujeitar de forma parcial a um regime de execução que está
adstrito a limites de interesse público, estando desta forma sujeitos a um regime
administrativo embora que parcialmente. Neste seguimento, é de explanar que o disposto
no n.º 2 do artigo 200.º do atual CPA remete-nos para o disposto no n.º 4 do artigo 2.º do
CPA em vigor. Doravante, não tem uma menção concernente ao princípio da
concorrência, o que nos leva a crer, em nosso entendimento, que há aqui uma lacuna na
lei, ou seja, melhor falando no DL, neste sentido ( 106).

Ora, como explicitamos no nosso escrito que temos vindo a citar, o denominado
CCP já não nos dá uma definição expressa do que é um contrato administrativo, sendo
que deixou ainda de constar, em termos doutrinais, em parte, um elenco dos ditos
contratos administrativos, na medida em que, da nossa parte julgamos que, a Parte III do
CCP somente se aplica aos contratos lá indicados, contratos tais que revistam, por Direito
próprio, a natureza de contrato administrativo (107).

2. Imagine agora que o gestor do contrato não apôs a sua assinatura digital no
relatório final atinente a este concurso público que o mesmo elaborou. Quid
Juris?

Tópicos de resolução: a figura do gestor do contrato (artigo 290.º-A do CCP) (108).

Procedimento Administrativo, Para o Professor Doutor António Cândido de Oliveira, uma oferta singela
dos jovens investigadores de Direito Público da Escola de Direito da Universidade do Minho,
Coordenação: Isabel Celeste M. Fonseca, elsa – The European Law Students` Association UMINHO,
NEDip – Núcleo de Estudos de Direito Ius Pubblicum, Braga, 2015, pp. 335-336, e nota 8. A expressão “a
níveis de administratividade” pertence a Lourenço Vilhena de Freitas estando assim colocada em aspas
altas, às quais nos mantemos fiéis na p. 336 deste nosso escrito aqui citado.
106
Cfr., o nosso, Patrícia PINTO ALVES, «“Novo” Código do Procedimento Administrativo:
“novas” soluções?», in O Novo Código do Procedimento Administrativo, Para o Professor Doutor António
Cândido de Oliveira, uma oferta singela dos jovens investigadores de Direito Público da Escola de Direito
da Universidade do Minho, Coordenação: Isabel Celeste M. Fonseca, elsa – The European Law Students`
Association UMINHO, NEDip – Núcleo de Estudos de Direito Ius Pubblicum, Braga, 2015, pp. 336-337.
107
Esta é a nossa posição. Cfr., e para maiores desenvolvimentos, vd, o nosso, Patrícia PINTO
ALVES, «“Novo” Código do Procedimento Administrativo: “novas” soluções?», in O Novo Código do
Procedimento Administrativo, Para o Professor Doutor António Cândido de Oliveira, uma oferta singela
dos jovens investigadores de Direito Público da Escola de Direito da Universidade do Minho,
Coordenação: Isabel Celeste M. Fonseca, elsa – The European Law Students` Association UMINHO,
NEDip – Núcleo de Estudos de Direito Ius Pubblicum, Braga, 2015, p.p. 336-337 e ss e elenco bibliográfico
lá citado.
108
Acerca da assinatura digital, vd, o nosso, Patrícia PINTO ALVES, “Contratação pública,
plataforma electrónica e assinatura”, in www.verbojuridico.net , 2015, 14 pp.

64
1. O disposto no n.º 2 do artigo 81.º do CCP em vigor;
2. O artigo 148.º do CCP.

3. E se agora se tratar de um ajuste direto, como se procederá?

Tópicos de resolução: n.º 2 do artigo 112.º do CCP em vigor + artigos 115.º a 127.º
todos do CCP em vigor.

O ajuste direto trata-se do procedimento em que a dita entidade adjudicante procede


ao convite de forma direta de uma entidade à sua escolha para que esta apresente proposta
(n.º 2 do artigo 112.º do CCP em vigor).

Proposta: artigo 56.º do CCP + artigo 57.º do CCP + artigo 58.º do CCP + artigo 59.º
do CCP (acerca das «propostas variantes») + artigo 60.º do CCP + artigo 62.º do CCP
+ artigo 62.º-A a 66.º todos do CCP + artigo 70.º do CCP + artigos 71.º e 72.º ambos do
CCP + artigo 112.º do CCP (consulta prévia: n.º 1 vs ajuste direto: n.º 2) + artigo 115.º
do CCP + artigo 135.º do CCP (concurso público) + artigos 136.º e 137.º ambos do CCP
+ artigos 138.º e 139.º ambos do CCP + artigo 160.º do CCP («concurso público
urgente»).

- Noção de proposta: ao abrigo do disposto no n.º 1 do artigo 56.º do CCP, artigo


este cuja epígrafe é precisamente «Noção de proposta», proposta define-se como sendo:

«Artigo 56.º

Noção de proposta

1 - A proposta é a declaração pela qual o concorrente manifesta à entidade


adjudicante a sua vontade de contratar e o modo pelo qual se dispõe a fazê-lo.

http://www.verbojuridico.com/ficheiros/doutrina/administrativo/patriciaalves_contratacaopublica.pdf
(trabalho sujeito a avaliação no Mestrado em Direito Administrativo na Universidade do Minho na
disciplina de Direito da contratação pública), Ano Letivo de 2011-2012.

65
2 - Para efeitos do presente Código, entende-se por atributo da proposta qualquer
elemento ou característica da mesma que diga respeito a um aspeto da execução do
contrato submetido à concorrência pelo caderno de encargos».

Acerca da figura do «ajuste direto simplificado» ver o artigo 128.º + 129.º ambos
do CCP em vigor.

4. Tendo em conta o exposto por si supra, entende que os contratos


administrativos são contratos públicos? Em caso afirmativo, entende que
podem existir outros contratos públicos além dos contratos administrativos?
Justifique e fundamente as suas respostas.

Resolução: Como nos explica José Carlos Vieira de Andrade, o conceito legal de
“contrato público” que advém do disposto no n.º 2 do artigo 1.º do CCP em vigor, abarca,
«(...) todos os contratos celebrados no âmbito da função administrativa,
independentemente da sua designação e da sua natureza (isto é, mesmo que sejam de
direito privado), desde que sejam outorgados pelas “entidades adjudicantes” referidas na
lei (artigo 2.º) (109)».

Quanto aos contratos administrativos, para Pedro Costa Gonçalves (110), contratos
administrativos serão todos os contratos celebrados pela AP em que preencham certos
requisitos. Já José Carlos Vieira de Andrade (111) manifesta que o contrato administrativo
assume a natureza de figura de utilização geral pelas entidades administrativas.

109
Cfr., e para maiores desenvolvimentos, vd, José Carlos VIEIRA DE ANDRADE, Lições de
Direito Administrativo, 5.ª Edição, Coordenação Editorial: Maria João Padez de Castro, Design: Carlos
Costa, Execução gráfica: www.artipol.net, Imprensa da Universidade de Coimbra | Coimbra University
Press, Dezembro de 2017, p. 255 e ss e elenco bibliográfico lá citado. Os itálicos utilizados no corpo do
texto, assim como as aspas interinas, estão assim colocadas por este autor, na p. 255 desta sua obra aqui
citada, aos quais nos mantemos fiéis.
110
Cfr. Pedro COSTA GONÇALVES, Contrato Administrativo, Coimbra, Almedina, 1998, pp.
28-29.
111
Cfr. José Carlos VIEIRA DE ANDRADE, As Novas Regras da Actividade Administrativa,
Centro de Estudos e Formação Autárquica (CEFA), 1993, p. 101.

66
5. Independentemente das questões anteriores, que entidades adjudicantes
existem em Portugal? Justifique e fundamente a sua resposta com a(s) base(s)
legal(ais) aplicável(ais).

Tópicos de resolução: As previstas no artigo 2.º do CCP em vigor, ou seja:

«Artigo 2.º

Entidades adjudicantes

1 - São entidades adjudicantes:

a) O Estado;

b) As Regiões Autónomas;

c) As autarquias locais;

d) Os institutos públicos;

e) As entidades administrativas independentes;

f) O Banco de Portugal;

g) As fundações públicas;

h) As associações públicas;

i) As associações de que façam parte uma ou várias das pessoas


coletivas referidas nas alíneas anteriores, desde que sejam
maioritariamente financiadas por estas, estejam sujeitas ao seu controlo de
gestão ou tenham um órgão de administração, de direção ou de fiscalização
cuja maioria dos titulares seja, direta ou indiretamente, designada pelas
mesmas.

2 - São também entidades adjudicantes:

a) Os organismos de direito público, considerando-se como tais quaisquer


pessoas coletivas que, independentemente da sua natureza pública ou privada:

i) Tenham sido criadas especificamente para satisfazer


necessidades de interesse geral, sem caráter industrial ou comercial,
entendendo-se como tais aquelas cuja atividade económica se não submeta

67
à lógica concorrencial de mercado, designadamente por não terem fins
lucrativos ou por não assumirem os prejuízos resultantes da sua atividade;
e

ii) Sejam maioritariamente financiadas por entidades referidas no


número anterior ou por outros organismos de direito público, ou a sua
gestão esteja sujeita a controlo por parte dessas entidades, ou tenham
órgãos de administração, direção ou fiscalização cujos membros tenham,
em mais de metade do seu número, sido designados por essas entidades;

b) Quaisquer pessoas coletivas que se encontrem na situação referida na


alínea anterior relativamente a uma entidade que seja, ela própria, uma entidade
adjudicante nos termos do disposto na mesma alínea;

c) (Revogada.)

d) As associações de que façam parte uma ou várias das pessoas coletivas


referidas nas alíneas anteriores, desde que sejam maioritariamente financiadas por
estas, estejam sujeitas ao seu controlo de gestão ou tenham um órgão de
administração, de direção ou de fiscalização cuja maioria dos titulares seja, direta
ou indiretamente, designada pelas mesmas.

3 - (Revogado.)». + As contempladas ao abrigo do disposto no artigo 7.º do CCP


em vigor!

Caso prático n.º 2

Imagine que aberto o concurso nacional de acesso ao ensino superior público,


candidataram-se ao curso de engenharia informática na Universidade Y 200
(duzentas) pessoas, sendo que foram todas as vagas esgotadas logo na primeira fase
de candidaturas a este curso nesta instituição de ensino superior, sendo que o último
candidato, Anastácio, foi colocado na dita Universidade Y com a média de 14
valores. Sucede que, Carolina havia-se candidatado a este mesmo curso nesta mesma
instituição de ensino superior, tendo tido a média final de candidatura de 15 valores,
e não foi colocada.

1. Quid Juris?

68
Tópicos de resolução: artigo 162.º e ss do CCP [concurso limitado por prévia
qualificação].

1. A respeito, vd, Pedro COSTA GONÇALVES, Direito dos Contratos Públicos,


Colaboração de Carla Machado e José Azevedo Moreira, Almedina, junho de
2015, pp. 205-206 e elenco bibliográfico lá citado.

2. No caso prático em concreto, [estamos ou não perante um concurso limitado


por prévia qualificação?]. A resolver com as/os estudantes na aula!

2. Por qual razão estamos a reportar-nos a candidatos e não a concorrentes?


Justifique e fundamente a sua resposta com a(s) base(s) legal(ais)
aplicável(ais).

Tópicos de resolução:

- Noção de candidato: artigo 52.º do CCP;

«Artigo 52.º

Candidatos

É candidato a entidade, pessoa singular ou coletiva, que participa na fase de qualificação


de um concurso limitado por prévia qualificação, de um procedimento de negociação, de
um diálogo concorrencial ou de uma parceria para a inovação, mediante a apresentação
de uma candidatura».

- Noção de concorrente: artigo 53.º do CCP + artigo 56.º do CCP + artigo 135.º
do CCP. Assim:

«Artigo 53.º

Concorrentes

69
É concorrente a entidade, pessoa singular ou coletiva, que participa em qualquer
procedimento de formação de um contrato mediante a apresentação de uma proposta».

3. Independentemente das questões anteriores, explique a parceria para a


inovação, justificando e fundamentando a sua resposta com as bases legais
aplicáveis.

Tópicos de resolução: artigo 218.º-A e ss do CCP + artigo 30.º-A do CCP + artigos


218.º-A a 218.º-D do CCP + o disposto na alínea g), do n.º 1 do artigo 16.º do CCP.

Esta é uma das grandes novidades introduzidas co CCP em vigor, e é relativamente


recente.

4. Independentemente das questões anteriores, diga quando nos deparamos


perante uma situação de resgate ou ao invés quando nos deparamos perante
uma situação de sequestro. Fundamente as suas respostas com as bases legais
aplicáveis, sendo o caso.

Resolução: Artigos 421.º CCP («Sequestro») + 422.º CCP («Resgate»): ler e


interpretar muito bem estes dois artigos.

O sequestro encontra-se previsto ao abrigo do disposto no artigo 421.º do CCP


em vigor. Desta feita, ao abrigo do disposto no n.º 1 do artigo 421.º do CCP em vigor, há
lugar a sequestro nas situações em que “em caso de incumprimento grave pelo
concessionário de obrigações contratuais, ou estando o mesmo iminente, o concedente
pode, mediante sequestro, tomar a seu cargo o desenvolvimento das atividades
concedidas”. Note-se que entendemos que o disposto nas alíneas a) e b), do n.º 2 do artigo
421.º do CCP em vigor é meramente exemplificativo, na medida em que o n.º 2 do artigo
421.º do CCP em vigor utiliza a palavra «designadamente».

Por seu lado, estamos perante uma situação de resgate quando o concedente resgata
a concessão, por motivos de interesse público, depois do decurso do prazo determinado
no contrato ou, na sua ausência, decorrido precisamente um terço do prazo de vigência
do contrato (n.º 1 do artigo 422.º do CCP em vigor), sendo que havendo resgate, o

70
concessionário tem direito a ser indemnizado tendo tal indemnização de ser
correspondente quer a danos emergentes quer a lucros cessantes, sendo que em relação
aos lucros cessantes, deve deduzir-se o benefício que advenha da antecipação dos ganhos
antecipados (n.º 5 do artigo 422.º do CCP em vigor).

Para termninar a nossa resposta, deixamos aqui uma nota que consideramos ser
relevante e que se prende com a «Responsabilidade perante terceiros» prevista no
artigo 424.º do CCP em vigor, sendo inclusive a sua epígrafe. Desta maneira, cumpre
referir que ao abrigo do disposto no n.º 1 do artigo 424.º do CCP em vigor, o concedente
deve responder pelos danos provocados pelo concessionário a outrem na desenvoltura das
atividades concedidas por facto que ao concedente seja imputável. Ora, ao abrigo do
disposto no n.º 2 do artigo 424.º do CCP em vigor, tomamos conhecimento de que o
concedente também responde por facto que não lhe é ou seja imputável, mas nesta
situação apenas após exercidos quaisquer direitos derivados de contrato de seguro que na
situação caibam e desde que excutidos os bens doi património do respetivo concessionário
(n.º 2 do artigo 424.º do CCP em vigor).

71
Ficha de trabalho n.º 5

Alguns exercícios, realizados pela Docente Patrícia Pinto Alves, acerca das
garantias dos administrados (reclamação administrativa e recursos hierárquicos).

Caso prático

Imagine que no passado dia 14 de abril de 2022, pelas 15 horas e trinta


minutos a Câmara Municipal y procedeu ao indeferimento do requerimento
apresentado por Amílcar, não tendo, contudo, fundamentado o ato administrativo
em causa. Note-se que tal ato administrativo foi emanado ao abrigo de delegação de
poderes.

1. Quid Juris?

Tópicos de resolução: a resolver na aula com as/os estudantes.

Têm de explicitar a:

- Competência;
- Legitimidade;
- Tramitação;
- Tempestividade.

1. Têm de abordar e explicar a figura do ato administrativo e as suas fases;

2. Identificar a Câmara Municipal y enquanto órgão executivo e justificar com a base


legal aplicável;

3. Têm de abordar e explicar a delegação de poderes: artigo 44.º e ss do CPA em


vigor;

4. Têm de identificar o ato administrativo in casu: o indeferimento;

72
5. Têm de abordar, identificar e explicar as garantias administrativas e eventuais
garantias contenciosas.

2. Imagine agora que não tinha havido delegação de poderes para o efeito,
mas o ato administrativo foi o indeferimento. Quid Juris?

Tópicos de resolução: a resolver na aula com as/os estudantes.

3. Via de regra, qual é o prazo para apresentar reclamação administrativa?

Tópicos de resolução: ver o artigo 86.º e ss do CPA.

- Ao abrigo do disposto no n.º 3 do artigo 191.º do CPA em vigor, nas situações


em que a lei não fixe prazo diferente, a reclamação administrativa deve ser
apresentada no prazo de 15 dias.

«Artigo 192.º

Notificação dos contrainteressados e prazo para a decisão

1 - Apresentada a reclamação, o órgão competente para a decisão deve notificar


aqueles que possam ser prejudicados pela sua procedência para alegarem, no prazo
de 15 dias, o que tiverem por conveniente sobre o pedido e os seus fundamentos.

2 - O prazo para o órgão competente apreciar e decidir a reclamação é de 30


dias, podendo confirmar, revogar, anular, modificar ou substituir o ato reclamado, ou
praticar o ato ilegalmente omitido.

3 - Quando a reclamação for necessária, o decurso do prazo referido no número


anterior, sem que haja sido tomada uma decisão, confere ao interessado a possibilidade
de utilizar o meio de tutela, administrativo ou contencioso, adequado para satisfação da
sua pretensão».

73
«Artigo 188.º

Início dos prazos de impugnação

1 - O prazo da reclamação e dos recursos pelos interessados a quem o ato administrativo


deva ser notificado só corre a partir da data da notificação, ainda que o ato tenha sido
objeto de publicação obrigatória.

2 - O prazo da reclamação e dos recursos por quaisquer outros interessados dos atos que
não tenham de ser obrigatoriamente publicados começa a correr do seguinte facto que
primeiro se verifique:

a) Notificação;

b) Publicação;

c) Conhecimento do ato ou da sua execução.

3 - O prazo da reclamação e dos recursos contra a omissão ilegal de ato administrativo


conta-se da data do incumprimento do dever de decisão».

«Artigo 190.º

Efeitos sobre prazos

1 - A reclamação de atos ou omissões sujeitos a recurso administrativo necessário


suspende o prazo da respetiva interposição.

2 - Nos demais casos, a reclamação não suspende o prazo de interposição dos recursos
administrativos que no caso couberem.

3 - A utilização de meios de impugnação administrativa facultativos contra atos


administrativos suspende o prazo de propositura de ações nos tribunais administrativos,
que só retoma o seu curso com a notificação da decisão proferida sobre a impugnação
administrativa ou com o decurso do respetivo prazo legal.

4 - A suspensão do prazo prevista no número anterior não impede o interessado de propor


ações nos tribunais administrativos na pendência da impugnação administrativa, bem
como de requerer a adoção de providências cautelares».

74
4. Via de regra, qual é o prazo para apresentar recurso hierárquico?

Tópicos de resolução: ver o artigo 86.º e ss do CPA.

«Artigo 194.º

Interposição

1 - O recurso é dirigido ao mais elevado superior hierárquico do autor do ato ou


da omissão, salvo se a competência para a decisão se encontrar delegada ou subdelegada.

2 - O requerimento de interposição do recurso é apresentado ao autor do ato ou da


omissão ou à autoridade a quem seja dirigido, que, neste caso, o remete ao primeiro, no
prazo de três dias».

«Artigo 195.º

Tramitação

1 - Recebido o requerimento, o autor do ato ou da omissão deve notificar aqueles


que possam ser prejudicados pela sua procedência para alegarem, no prazo de 15
dias, o que tiverem por conveniente sobre o pedido e os seus fundamentos.

2 - No mesmo prazo referido no número anterior, ou no prazo de 30 dias, quando houver


contrainteressados, deve o autor do ato ou da omissão pronunciar-se sobre o recurso e
remetê-lo ao órgão competente para dele conhecer, notificando o recorrente da remessa
do processo administrativo.

3 - Quando os contrainteressados não hajam deduzido oposição e os elementos constantes


do processo demonstrem suficientemente a procedência do recurso, pode o autor do ato
recorrido revogar, anular, modificar ou substituir o ato, informando da sua decisão o
órgão competente para conhecer do recurso.

4 - Para efeitos do disposto no número anterior, o autor do ato recorrido não pode
modificar ou substituir o ato recorrido em sentido menos favorável ao recorrente.

5 - O órgão responsável pelo incumprimento do dever de decisão pode praticar o ato


ilegalmente omitido na pendência do recurso hierárquico, disso dando conhecimento ao

75
órgão competente para conhecer do recurso e notificando o recorrente e os
contrainteressados que hajam deduzido oposição.

6 - Na hipótese prevista no número anterior, o recorrente ou os contrainteressados podem


requerer que o recurso prossiga contra o ato praticado, com a faculdade de alegação de
novos fundamentos e da junção dos elementos probatórios que considerem pertinentes.

7 - O requerimento a que se refere o número anterior deve ser apresentado dentro do prazo
previsto para a interposição de recurso hierárquico contra o ato praticado».

«Artigo 198.º

Prazo para a decisão

1 - Quando a lei não fixe prazo diferente, o recurso hierárquico deve ser decidido no
prazo de 30 dias, a contar da data da remessa do processo ao órgão competente para dele
conhecer.

2 - O prazo referido no número anterior é elevado até ao máximo de 60 dias, quando


haja lugar à realização de nova instrução ou de diligências complementares.

3 - No âmbito do recurso hierárquico necessário, o superior hierárquico deve apreciar


todas as questões suscitadas pelo recorrente, excetuadas aquelas cuja decisão esteja
prejudicada pela solução dada a outras.

4 - O indeferimento do recurso hierárquico necessário ou o decurso dos prazos referidos


nos n.os 1 e 2, sem que haja sido tomada uma decisão, conferem ao interessado a
possibilidade de impugnar contenciosamente o ato do órgão subalterno ou de fazer valer
o seu direito ao cumprimento, por aquele órgão, do dever de decisão».

5. Independentemente das questões anteriores, explique em que


circusntâncias haverá lugar ao recurso tutelar. Fundamente e justifique
a sua resposta com a(s) bases(s) legal(ais) aplicável(ais).

Tópicos de resolução: a resolver na aula com as/os estudantes.

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6. Independentemente das questões anteriores, explique em que
circunstâncias haverá lugar ao recurso hierárquico impróprio.
Fundamente e justifique a sua resposta com a(s) bases(s) legal(ais)
aplicável(ais).

Tópicos de resolução: a resolver na aula com as/os estudantes.

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