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DIREITO DO PROCESSO DO TRABALHO

Prof. Reginaldo B. Marques

Aula 02. FONTES DO DIREITO DO


TRABALHO

1. INTRODUÇÃO

Na doutrina, quando se fala em fontes do Direito, busca-se a origem, a gênese


ou fundamentos que darão sustentação ao Direito em estudo.

Uma alusão muito pertinente para entender as fontes do Direito é pensar no leito
de um rio que direciona o fluxo das águas.

2. CLASSIFICAÇÃO DAS FONTES DO DIREITO


Nesse passo, as fontes podem ser classificadas em:

FORMAIS – São as exteriorizações do Direito, perfazendo na regulação de uma regra


pautada nos fatos. Exemplo: Constituição Federal, CLT, leis, decretos etc.

MATERIAS – São fatores, pautados em fatos ocorridos, que dão início à norma. Exemplo:
Greve, Protestos, petições, pressões etc.

HETERÔNOMAS - São impostas por um agente externo. Exemplo: lei, decreto,


Constituição Federal etc.

AUTÔNOMAS – Elaboradas pelos próprios interessados. Exemplo: Acordos, costumes,


contrato bilateral etc.

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ESTATAIS – Estabelecidas pelo Estado. Exemplo: Constituição Federal, leis, decretos
etc.

EXTRAESTATAIS – Oriundas pelas próprias partes. Acordos, Contratos bilaterais,

VOLUNTÁRIAS – Depende da vontade e interesse das partes.

INTERPRETATIVAS – Parte de uma imposição externa do Estado. Exemplo: Constituição


Federal, lei, sentença etc.

3. FONTES DO PROCESSO DO TRABALHO


3.1 CONSTITUIÇÃO FEDERAL - CF
É a fonte suprema de onde emana os PRINCÍPIOS e GARANTIAS que vão
direcionar o desencadeamento do pensamento do processo. Ademais, será a Lei Mor que
estabelece a organização, bem como a competência da Justiça do Trabalho. Assim pode ser
visto na CF:

• Organização da Justiça do Trabalho – art. 114, CF


• Competência – art. 111, CF
• Princípio do devido processo legal – art. 5º, inciso LIV, CF
• Princípio do contraditório e da ampla defesa - art. 5º, inciso LV, CF
• Princípio da inafastabilidade da jurisdição – art. 5º, inciso XXXV, CF

3.2 – TRATADOS INTERNACIONAIS


Esses institutos vêm somar ao estabelecer garantias e direitos necessários a
proteção. Nesse sentido, o art. 5º, § 2º, da CF, privilegia os tratados como fonte do direito.

3.3 – CONSOLIDAÇÕES DAS LEIS DO TRABALHO – CLT


Uma lei ordinária, trazida pelo Decreto-lei n. 5.452, de 01 de maio de 1943. É um
dos principais direcionamentos quanto ao processo do trabalho, estabelecendo no corpo da
lei:

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• Organização da Justiça do Trabalho e Ministério Público do Trabalho – art. 643 a 762,
CLT.
• Processo do trabalho – art. 763 a 910, CLT.

3.4 - LEIS ESPARSAS

• Lei 5.584/70 – regula a assistência judiciária na Justiça do Trabalho


• Lei 7.701/88 – trata da competência dos recursos no Tribunal Superior do Trabalho – TST.
• Lei 6.830/80 – aplicação do instituto legal no processo do trabalho em detrimento do
artigo 889 da CLT.
• Decreto-lei 5.452/43 – versa sobre o processo do trabalho para os Entes da
Administração Pública.
• Decreto 10.854/2021 – Disciplina a mediação feita pelo funcionário da Secretaria do
Trabalho do Ministério Público.
• Regimento interno dos Tribunais – regulam procedimentos para a tramitação dos
processos, bem como a forma recursal.
• Instrução Normativa n. 39/2016 – Norma emitida pelo TST que estabelece a limitação
do CPC/2015.
• Instrução Normativa. 41/2018 - retrata a aplicação da parte processual da Reforma
Trabalhista.

Importante salientar que não existe a utilização de MEDIDA PROVISÓRIA em


relação processo do trabalho, ante a vedação constitucional do artigo 62, § 1º, inciso I, alínea
“b”, da CF.

Em apreço, a competência para legislar sobre material processual trabalhista é


da UNIÃO, haja vista que a Justiça do Trabalho integra a Justiça especializada da União, com
âmbito nacional. Portanto, não é aplicado LEIS ESTADUAIS em relação ao processo do
trabalho, como acontece na Justiça comum, conforme art. 24, XI, CF.

3.5 – CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL


É um amparo subsidiário para o direito do processo do trabalho que, em caso de
omissão da CLT, servirá aplicado o CPC, desde que a regulação não contrarie as normas já
previstas na CLT, assim prevê o artigo 769, da CLT.

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Art. 769 - Nos casos omissos, o direito processual comum será fonte
subsidiária do direito processual do trabalho, exceto naquilo em que
for incompatível com as normas deste Título.

Inobstante, o legislador processual civilista disciplinou no artigo 15, do CPC a


aplicação subsidiária (para norma insuficiente) e supletiva (falta de regramento) do Código do
Processo Civil quanto ao processo trabalhista.

Destaca-se aqui nesse ponto que a norma geral não revoga a norma especial.
Assim, prioriza-se o regramento específico a matéria para em seguida aplicar a norma
genérica.

3.6 OUTRAS FONTES DO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO


Como forma de complementar o assunto, é cediço apontar o importante cunho
normativa que as decisões dos Tribunais (Regionais ou Superior) desencadeiam em matéria
processual do trabalho.

Destacam-se que as inovações interpretativas por provimentos, atos, instruções


normativas, jurisprudência, sentenças entre outros, vão desenhando a aplicação das normas
processuais, fixando precedentes para reiteradas decisões

Nesse intermeio, grande relevância tem as JURISPRUDIÊNCIAS, SÚMULAS e


ENUNCIADOS como fonte advindas de precedentes estudados e debatidos pelos
Excelentíssimos, trazendo direcionamento para a aplicação do direito.

A DOUTRINA, embora não vinculam as decisões judiciais, pode ser um base para
novas interpretações, fomentando inovações e formas de pensamentos. O Importante papel
trazido pela doutrina é a possibilidade de contrapor uma forma de interpretar estabelecido,
apresentando antíteses a doutrina dominante.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

MARTINS, Sérgio Pinto. Direito processual do trabalho / Sérgio Pinto Martins – 46 ed. – São
Paulo : SaraivaJur, 2024.

TEIXEIRA, Bruno. ANDRADE, Gustavo. Direito processual do trabalho / Bruno Teixeira e


Gustavo Andrade. – 1 ed. – Brasília : CP IURIS, 2024.

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