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CRÔNICAS DE LIMOEIRO

TOMO I
O Diálogo dos Povos

Índios, brancos e negros


na construção da identidade socioeconômica
e política de Limoeiro de Anadia
GILBERTO BARBOSA FILHO

CRÔNICAS DE LIMOEIRO

TOMO I
O Diálogo dos Povos

Índios, brancos e negros


na construção da identidade socioeconômica
e política de Limoeiro de Anadia

Maceió | Alagoas | 2019


© Gilberto Barbosa Filho

Reitor
Dr. João Rodrigues Sampaio Filho

Vice-reitor
Prof. Dr. Douglas Apratto Tenório

Presidência: Prof. Dr. Douglas Apratto Tenório

Conselho Editorial
Profa. Dra. Claudia Cristina Silva Medeiros
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Coordenação Editorial: José Rodrigo de Araújo Guimarães


Assessor Editorial: Sebastião Medeiros
Assistente Editorial: Cibelle Araújo
Revisão: Emanuel Varela
Capa: Jaymerson Lima
Diagramação: Ed Vasconcelos
Supervisão gráfica: Márcio Roberto Vieira Melo

Catalogação na Fonte
Departamento de Tratamento Técnico Editora CESMAC
B238c Barbosa Filho, Gilberto
Crônicas de Limoeiro: tomo I: o diálogo dos povos índios,
brancos e negros na construção da identidade socioeconômica e
política de Limoeiro de Anadia / Gilberto Barbosa Filho. –
Maceió: Editora CESMAC, 2019.
221p.: il.

ISBN: 978-85-92606-48-0

1.Limoeiro de Anadia. 2. Crônicas. 3. Diálogo dos povos.


5. História. I. Título.

CDU: 82-32
Bibliotecária: Ana Paula de Lima Fragoso Farias – CRB/4 2195

Direitos desta edição reservados à: Editora afiliada:


Editora CESMAC
Fundação Educacional Jayme de Altavila.
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Fone: 082 3215-5094 | editora.cesmac.edu.br
Dedicatória

Para Célia Maria, Gilberto Barbosa (In memoriam),


Michelle, Izabelle, Priscilla, Gilcélia, Gisele, Jéssica, Rose, Michel,
Pedro, Clara, Eduarda, Sofia, Melissa, Calebe, Eloá, Milena,
Valentina, Miguel e Thomas, os capítulos mais importantes da
minha história.
À memória do amigo José Edvaldo Tenório, que certo dia
me disse: ―quero ler este livro‖.

Gilberto Barbosa
Agradecimentos

Agradeço a minha esposa Michelle e minhas filhas Izabelle


e Priscilla. Obrigado pelo apoio, pela paciência e pelo amor infinito.
Agradeço aos amigos Ademir Cezário e Emanoel Varela,
pela parceria. Agradeço a professora Maria Helena Aragão, pelo
apoio no primeiro livro (que alimentou os meus sonhos).
Agradeço ao historiador Douglas Apratto Tenório e ao
professor Daniel Alves dos Santos, pela grande contribuição ao
prefaciarem este livro. Agradeço ao meu professor Antônio Barbosa
Lúcio, pelos ensinamentos. Agradeço a todos que de alguma forma
contribuíram para este novo trabalho.
Sumário

Prefácio ......................................................................................11
Prefácio II ...................................................................................15
Limoeiro de Anadia - Resumo Histórico....................................17

Capítulo I
Índios, Brancos e Negros nas Terras de Nossa Senhora –
A Colonização de Limoeiro de Anadia ....................................19
1. Caetés, Cariris e Aratus: A presença indígena na região
de Limoeiro ..........................................................................21
2 A Colonização Branca de Limoeiro ......................................39
3. Entre Sobrados e Mocambos: O escravo negro e a
sociedade patriarcal ..............................................................59

Capítulo II
Coronéis, Comerciantes e Padres no Processo de
Construção da Identidade Política de Limoeiro ........................ 89
1. A Formação da Identidade Política.......................................91

Capítulo III
A Aquisição dos Direitos Civis e a Evolução Histórica de
Limoeiro de Anadia ................................................................109
1. A Emancipação Política ......................................................111
2. O Alvorecer da República - Evolução do Município de
Limoeiro .............................................................................125
Posfácio ................................................................................... 157
Referências .............................................................................. 159

Anexos .................................................................................... 165


Anexo I – Doações de sesmarias no contexto do tratado de
paz entre a Capitania de Pernambuco e Palmares ................... 167
Anexo II – Compra de escravo ................................................ 168
Anexo III – Cartas de Alforria................................................. 169
Anexo IV – Documentos/Símbolos......................................... 170
Anexo V – Mapas .................................................................... 172
Anexo VI – Dados Gerais........................................................ 180
Anexo VII – Resumo dos acontecimentos .............................. 194
Anexo VIII – Listas Gerais...................................................... 197

10 Gilberto Barbosa Filho


Prefácio

O belo é a surpresa já repetiam os ideólogos do surrealismo,


Magritte, André Breton, Salvador Dali à frente.
E que belo e surpreendente é esse trabalho de Gilberto
Barbosa Filho sobre um pequeno lugarejo alagoano, a altaneira
Limoeiro de Anadia, com uma análise mais que interessante
sobre a comunidade que escolheu para sua pesquisa. Imaginei
inicialmente ser mais um estudo trivial sobre o tema, tão explorado
por dezenas de autores que se dedicaram ao assunto em outras
cidades. Não é. Enganei-me. Trata se de uma obra que vale ser lida
e conhecida. Traz contribuição inovadora, tratamento histórico,
atualização metodológica.
Os povos, os membros de todas as comunidades humanas,
por maiores ou menores que sejam, tem direito a conhecer a
sua história, a levantar pistas, para encontrar sua verdadeira
identidade. Tem direito a conhecer a verdade, de saber o que
foi ocultado, que se exagerou, que se manipulou. Quem são os
verdadeiros atores da história de Limoeiro de Anadia? São os
vencedores que imprimiram sua solidez cultural ou forjadores da
violência para a construção indenitária? Ou são os esquecidos,
índios e negros, a gente pobre sem eira nem beira que tiveram
participação importante levados a meras citações menores de pé
de página. Gilberto reescreve a história.
A localidade já vem sendo vítima de escorregões
bibliográficos que se repetem, a partir da própria explicação
de seu nome que teria sido dado porque alguns exploradores
que caçavam na região descansaram a sombra de um frondoso
Limoeiro. Ora, Gilberto chama a atenção que um Limoeiro
não é uma arvore frondosa, de copa, é de pequeno porte e não
oferece sombra alguma. Depois não há floresta de limoeiros. E
como alguém vai descansar a sobra de vegetais assim dotador
de espinhos pontiagudos? Gilberto tem razão, o pequeno
oratório em homenagem a santos da Igreja Católica, próximo
a um exemplar de um vegetal dessa espécie dos Citrus Limon
deve ter sido a verdadeira razão. Algo místico e da raiz religiosa
de nosso povo.
Traz outra contribuição com a explicação da toponímia
indígenas de alguns povoados que formaram o município, sobre
o termo caboclo, o estudo genealógico dos patriarcas fundadores,
a extraordinária contribuição com a menção da existência de
judeus ou cristãos novos na localidade, a importância dos rios
na colonização, a importante contribuição dos negros africanos
vindos como escravos para as fazendas locais, dos indígenas,
habitantes primitivos que estavam lá antes da colonização ou
que fugiram de outras plagas para ali se abrigarem, da influência
poderosa a religião católica, e tambémdomovimentoabolicionistas
operando naquelas terras no ultimo quartel do século XIX. Para
não esquecer os famosos cristãos novos, que ficaram em Alagoas
após derrota dos holandeses, lembramos que as famílias de Luiz
Gutemberg e Luitigarde Barros, provém desses remanescentes
que fugiram para o sertão e o agreste, continuando aqui após o
século XVII.
Em síntese, é um prazer e um privilégio acompanhar a
edição do presente trabalho, que considero uma obra de valor.
Gilberto nos mostra que é possível fazer uma obra com a utilização
de material eminentemente alagoano, buscar informações em
suas instituições, sem recorrer a provincianismo xenófobo,
ou o paroquialíssimo infantil, construído sua desenrolar em a
síndrome do envelhecimento precoce, fazendo a micro história,
a história regional, em sua verdadeira dimensão. A obra é uma
homenagem aos alagoanos e joga luz sobre nossa formação. Um

12 Gilberto Barbosa Filho


trabalho que traz algo novo e diz sim a uma história regional que
pode ser coletiva e inovadora.

Douglas Apratto Tenório

Crônicas de Limoeiro 13
Prefácio II

O trabalho do historiador é manter aceso o que corre


risco de sucumbir nos abismos da memória, registrar sensações
submersas inexistentes no âmbito da razão e identificar as fendas
das paredes dos labirintos do conhecimento histórico. Fazer
conhecer as tramas que constituem o tecido das relações de
poder que fizeram emergir, no Agreste de Alagoas, a Limoeiro de
Anadia, é o ponto principal do trabalho do historiador Gilberto
Barbosa Filho nesta obra aqui apresentada.
Alagoas necessita ser lida e relida em cada momento, e na
atualidade, o trabalho do Professor Gilberto surge como uma teia de
sentidos acerca de uma outra Alagoas. O espaço agrestino alagoano
é um espaço de memória muitas vezes injustiçado pela produção
historiográfica acadêmica, mas atitudes de homens e mulheres
comprometidos com a produção do conhecimento é um martelo que
quebra o academicismo em direção à uma produção autônoma sobre
o que se tem como a Alagoas distante dos sonhos da beira do mar.
Esta obra traz um emaranhado de fios tecidos enquanto
fontes diversas. Fontes oficiais produzidas pela burocracia
administrativa. Imagens que se movem em uma gama de
sentidos. Vastidão material bibliográfica. Diversidade étnica.
Povos do passado. Casas, igrejas, ruas, pedras e pessoas. Uma
poética histórica enquanto certidão de nascimento do município
de Limoeiro. Uma historiografia de sentidos, memória, ditos e
feitos. Índios, Brancos e Negros. Dias e noites. Eventos e artefatos
de compromisso historiográfico. Isto é fazer História segundo as
condições de produção do Agreste Agreste.
Alagoas é berço de grandes pensadores. Assim como os
clássicos ―A Utopia Armada‖ e ―A Razão Quilombola‖ do grande
Dirceu Lindoso podem ser lidos como certidões de nascimento
das lutas dos povos da Alagoas Boreal, a obra de Gilberto deve
ser encarada como o Registro Geral de uma parte do interior
de Alagoas. E ambas as obras ocorrem fora dos domínios
acadêmicos. São obras produzidas por historiadores que se fizeram
historiadores no seu fazer historiográfico, em sua percepção, em
sua sensibilidade e olhar comprometido com o saber.
Dirceu Lindoso nos escreveu que ―Alagoas é o que se ama e
dói‖ e o trabalho de Gilberto deve se tornar leitura obrigatória aos
estudantes e pesquisadores alagoanos que, como a grande parte
de nossa população, amam Alagoas mesmo sentindo suas dores.
Dores do corpo e da alma. Dores de vida e morte. Dores de si e
dos outros. Dores de amor por várias Alagoas contidas no espaço
alagoano. Uma Alagoas vista de dentro para fora.

Daniel Alves dos Santos


Professor de História

16 Gilberto Barbosa Filho


Limoeiro de Anadia
Resumo Histórico

No final do século XVIII, Antônio Rodrigues da Silva e sua


família, dentre eles membros da família Barbosa, todos procedentes
de Taperaguá, povoação da Vila das Alagoas (hoje Marechal
Deodoro), se estabeleceram em uma propriedade chamada Cruzes
ou Oitizeiro, conhecida pelas duas denominações, comprada ao
senhor Amaro Alves Bezerra, às margens do rio Coruripe, para a
lida de gado na região.
A origem da cidade de Limoeiro de Anadia possui
versões populares diferenciadas. A primeira, disseminada entre a
população local aponta para o fato de que caçadores descansavam
à sombra de frondosos pés de limoeiro. Já em outra versão, o
nome do município é atribuído à construção - por Rodrigues da
Silva - de uma capela em devoção à Santa Cruz e a Nossa Senhora
da Conceição do Limoeiro. Por ter se desenvolvido o povoado
próximo à capela, ficou conhecido por Limoeiro.
O povoado foi crescendo. No ano de 1865 foi criada
a Freguesia Eclesiástica de Nossa Senhora da Conceição do
Limoeiro, desmembrando-se da Matriz de Anadia, que por sua
vez foi fundada em 1801. Em 1879, pela resolução nº 812, de 21 de
junho, houve sua integração a Junqueiro, ou seja, a sede da Freguesia
foi transferida para aquele povoado, mas tendo o governador do
bispado recusado sua aprovação canônica, a transferência foi
revogada (ALMANAK DO ESTADO DE ALAGOAS, 1891).
Elevada à categoria de vila e município em 31/05/1882,
pela Lei 866, sendo somente instalada em 08/01/1883. Teve como
primeiro administrador do município o coronel Cândido Barbosa
da Silva, que, sendo o vereador mais votado, passou a exercer a
dupla função como membro do legislativo e de administrador do
novo município até o advento da República. Com o advento da
República, surgiu nos municípios a figura do intendente (prefeito).
Em 1890, o Major Luiz Carlos de Souza Barbosa foi nomeado
como o primeiro intendente de Limoeiro, tendo como missão
organizar as primeiras eleições. Ainda em 1890 houve a realização
das eleições para o exercício do biênio 1891/92, tendo sido eleito
para o cargo de intendente o capitão Ursulino Barbosa da Silva
(ALMANAK, 1891, p. 427; Jornal Orbe, nº 06, p. 02, 1890).
A vila (sede do município) foi elevada à categoria de cidade
em 1901, porém logo em seguida sua sede foi transferida para
Junqueiro, voltando novamente e definitivamente para Limoeiro
somente em 1903, em virtude da criação da vila de Junqueiro, pela
Lei 379, de 15 de junho daquele ano (BARROS, Tomo II, 2005).

18 Gilberto Barbosa Filho


CAPÍTULO I

Índios, Brancos, Negros


nas Terras de Nossa Senhora –
A Colonização de Limoeiro de Anadia
Caetés, Cariris e Aratus
A presença indígena na região de Limoeiro

Os índios foram os primeiros habitantes das terras


brasílicas desde muito antes da chegada das naus portuguesas.
Destarte, durante a colonização dos primeiros povoados de
Alagoas a partir do século XVI, houve o embate entre o elemento
branco e os nativos, que viu o seu espaço sendo invadido.
À época, havia diferentes correntes indígenas vivendo em
terras alagoanas. Entre as quatro correntes indígenas existentes
na época do achamento do Brasil ―- Tupis, Tapuias, Nu - Aruaks
e Caribas -, em Alagoas predominavam os Tupis, subdivididos
em diversas tribos (BARROS, 2005, p.53)‖. Abelardo Duarte
sistematiza os grupos indígenas de Alagoas em:

Abatiaras ou Abaticiaras; Aconãs (ou


Aconans, Iakóna, Jaconans, Uacona); Arua
(ou Aruás, Aruarê ou Aruarês); Caetés;
Cariris; Chocoz (ou Shoco, Xocó); Carapotiós,
Ceococes, Moriquitos ou Mariquitos ou,
ainda, Mosquitos; Naconã. Natu; Omaris (ou
Romaris ou ainda Umaris; Prakió, Pipianos
ou Pipiões); Prarto ou Pratto; Romaris ou
Romariz; Progê (ou Porgê); Schrus (o)u
Chucurus, ou, ainda Xucurus; Vouvés ou
Voubrés; Umãs; Wakona (DUARTE apud
BARROS, 2005, p.53).

Ivan Fernandes Lima cita que ―os índios se localizavam


especialmente na costa, como os Caetés, pertencentes à nação
Tupi, e no interior, os Cariris‖. E acrescenta que ―os Cariris se
uniram aos desbravadores praticantes da criação de gado na área
das caatingas (LIMA apud BARROS, 2005, p.53)‖.
Assim, a partir do que Lima demonstra, a escravidão, tendo
como justificativa a produção econômica das famílias brancas,
seria uma das formas de submissão que parecia se fazer presente
em Alagoas e que foi semelhante ao processo de colonização
brasileira. A outra maneira usada para submetê-los seria por
meio de orientação religiosa (catequese). No entanto, atentamos
com muito cuidado sobre a ―união‖ que o autor diz ter existido
entre os índios e o homem branco, pois de fato não existiu dessa
forma, o que houve foi a exploração da mão de obra indígena no
desbravamento da nova terra.
Nesse sentido, Gennari diz que ―de 1530 a 1600, a
exploração escrava dos índios vai ser a força motora da produção
da colônia (GENNARI, 2008, p.15)‖. Este autor destaca ainda, que:

a substituição destes pelos cativos africanos


conta com as crescentes pressões da coroa
portuguesa e dos traficantes. Ao veicular a
idéia de que os indígenas são preguiçosos,
incapazes e menos resistentes ao esforço físico,
buscam abrir caminhos à elevação dos gordos
lucros obtidos com o tráfico de escravos graças
a troca destes pelas mercadorias destinadas à
exportação (GENNARI, 2008, p.15).

As Fallas (relatórios) dos presidentes da Província de


Alagoas contribuem para o entendimento sobre a ocupação
das aldeias alagoanas e do ―convívio‖ com o elemento branco.
Na sua Falla, lida na Assembleia Legislativa de Alagoas, o
presidente da Província, Henrique Marques d‘Oliveira Lisboa,
que à época não tinha muitas informações sobre as aldeias
indígenas, diz que:

22 Gilberto Barbosa Filho


esta Província não tem felizmente as hordas de
Indios selvagens e errantes, que fação incursões
no Paiz de tempos a tempos, como succede em
outras do Imperio, e todos os Indios que nela
existem achão-se Aldeados, na proximidade
do Penêdo no lugar denominado Collegio, na
Palmeira, Atalaia, Jacuipe, e Corcal (LISBOA,
FALLAS, 1845, p.18).

E acrescenta que,

não obstante a ignorancia em que vivem


os Indios, que desconhecem os primeiros
rudimentos da vida social, e da Religião Santa
de Jezus Christo, há nelles muita tendencia
para os objetos Religiosos, tendencia que
convem animar, para tiral-os deste estado de
ignorancia, que produz a irregularidade de
costumes, que em alguns se observa (LISBOA,
FALLAS, 1845, p.18/19).

Na sua Falla, o então presidente da Província de Alagoas,


Manoel Felizardo de Souza e Mello, corrobora com Lisboa:

a experiencia tem demonstrado que os Indios,


entregues á si mesmos são menos felizes, e
menos úteis á sociedade, e que decrescem de
huma maneira espantosa. A única maneira
de conservarmos os primitivos habitantes da
terra de S. Cruz he continuar-lhes a paternal
administração com que forão as Missões
estabelecidas, fazendo-se-lhes apenas as
pequenas correções, que demandarem as
alterações, que ha sofrido a Legislação Geral
(MELLO, FALLAS, 1842, p.26/27).

Pelas questões expostas acima, as diferenças que atualmente


são tratadas como imprescindíveis para o convívio em sociedade,

Crônicas de Limoeiro 23
à época, não eram vistas dessa maneira. Para aquela sociedade as
diferenças existentes entre o índio e o homem branco deveriam ser
corrigidas. Para tanto, os indígenas tinham que ser catequizados
e introduzidos aos hábitos da ―civilidade‖ branca, por meio das
chamadas missões. Nesse sentindo, existiam quatro missões em
Alagoas ―nos Municipios de Penedo, Palmeira, Atalaia, e Porto
Calvo (MELLO, FALLAS, 1842, p.25/26)‖.
Em sua Falla de 1856, o então Presidente da Província
de Alagoas Antônio Coelho de Sá e Albuquerque, ao falar da
existência de aldeias indígenas em Alagoas, ressalta o indígena
como preguiçoso, apresenta uma versão comum em parte da
historiografia brasileira de retratar, sob a ótica do dominante,
uma versão falaciosa da escravidão indígena; fala também, da
existência de trabalho assalariado, da não demarcação de terras,
problema que é recorrente até os dias atuais. Sua versão da
História parece insinuar a lógica do bom negro e do mau índio
fugitivo, insubordinado, o bom índio, seria aquele manso, leia-se
―que obedecia‖. Demonstra o então presidente da província que
existiam oito aldeias indígenas na Província de Alagoas: ―Jacuipe,
Cocal, Urucú, Limoeiro, Atalaia, Santo Amaro, Palmeira, e
Collegio (ALBUQUERQUE, FALLAS, 1856, p.26)‖.
Vale ressaltar que a aldeia de Limoeiro, nada tem a ver
com Limoeiro de Anadia, pois se localizava na antiga vila de
Assembleia, atual cidade de Viçosa. O presidente da Província
alagoana Jose Bento da Cunha Figueiredo Júnior, em relatório de
16 de março de 1870, corrobora conosco, ao demonstrar que ―o
aldeiamento de Limoeiro é no termo de Assembléa, tres leguas
abaixo da povoação de Corrente em Pernambuco (FIGUEIREDO
JUNIOR apud BRANDÃO, 1914, p.15)‖.
Os índios brasileiros tinham características singulares.
No campo religioso, adoravam o deus Tupã, a Lua, o Sol e Rudá,
a deusa do amor. Também acreditavam em seres sobrenaturais,
temiam os ―fenômenos‖ da natureza e o pajé era o intermediário

24 Gilberto Barbosa Filho


entre o índio e o divino. Percebiam a importância da terra para
a manutenção e continuidade da vida e, possuíam uma relação
de produção diferenciada do colonizador. Os índios das aldeias
alagoanas labutavam na terra para sua subsistência.
Assim, mesmo introduzindo a cultura da criação de gado,
os seus costumes se contrapunham aos interesses econômicos
vigentes oriundos do mundo português, da expansão capitalista
e da própria lógica de dominação dos novos territórios anexados
aos interesses de Portugal. Portanto, a descaracterização de seu
modo de vida, foi uma necessidade para a consolidação dos
novos interesses que se sobressaíam na colônia portuguesa no
Brasil. Tal situação parecia evidente, tanto sob os interesses
escravocratas, como no processo de expulsão da população
indígena de suas terras.
No agreste alagoano, principalmente na região dos atuais
municípios de Arapiraca, Coité, Taquarana e Limoeiro, tal situação
se fazia presente por meio do processo de colonização, com a
chegada do Capitão Antônio Rodrigues da Silva e sua família,
a partir do final do século XVIII e com a construção de casas e
capelas, como a da Santa Cruz e Nossa Senhora da Conceição
em 1798. Tal situação – a construção de capelas ou de pequenos
oratórios e a criação de animais – demonstrava o interesse de
fixação do colono. A fixação do elemento branco fez o índio
perder espaço. Muitos foram expulsos de suas terras, outros, num
primeiro momento, foram escravizados, e ainda houve aqueles
que não tiveram tanta ―sorte‖ e foram dizimados. Portanto, um
dos motivos para o desaparecimento dos índios, na região de
Limoeiro, foi à presença marcante do colonizador que fazia uso
da força para manter e expandir a sua propriedade.
Sobre as lutas entre os índios e colonos alagoanos, a Falla
de Manoel Felizardo de Souza Mello cita que

não vos são occultas as differentes questões


que tem havido entre os Indios e differentes

Crônicas de Limoeiro 25
Senhores de Engenhos. Já em tempo de hum
e meos predecessores aquelles se reunirão,
destruirão, e queimarão algumas propriedades
(MELLO, FALLAS, 1842, p.25/26).

Anos depois, o então presidente da Província de


Alagoas, Antônio Coelho Sá e Albuquerque corrobora com
a citação de Mello, dizendo que ―continuam as lutas entre os
índios e os proprietários de terras nas proximidades das aldeias
(ALBUQUERQUE, FALLAS, 1856, p.25)‖. Durante a luta contra
o elemento branco colonizador, os índios dispunham de meios,
digamos, pouco eficazes para se protegerem. Dessa forma, quando
não eram mortos ou escravizados, viam-se obrigados a se retirar
de seu habitat.
Outro fator que contribuiu para o desaparecimento
indígena foi a mistura racial provocada pelo relacionamento de
brancos com índios, fazendo com que estes fossem perdendo seus
costumes e migrando para outros locais. No relatório entregue à
Assembleia provincial, o Presidente da Província de Alagoas, José
Antônio Saraiva diz que

esta Província não tem Indios a catechisar;


conta porém as aldeias de Jacuipe, Cocal,
Urucú, Limoeiro, Atalaia, Palmeira e
Collegio com uma população que orça
em 3.657 almas, e que já muito pouco se
parece com o indígena, em conseqüência
do cruzamento dessa raça com as outras
que habitam o nosso territorio (SARAIVA,
FALLAS, 1854, p.18).

Antônio Coelho de Sá e Albuquerque corrobora:

na Província não há Indios a catechisar, e


rigorosamente não se encontra em nenhuma
aldeia a raça índia com o seu caráter primitivo.

26 Gilberto Barbosa Filho


O cruzamento da raça tem-se dado em
todas as aldeias, e o typo tem desapparecido
(ALBUQUERQUE, FALLAS, 1856, p.25).

Ângelo Thomaz do Amaral ainda acrescenta que

o typo primitivo dessa raça tem quasi


desapparecido, nas aldeias existentes, pelas
informações que tenho, encontram-se
reunidas todas as raças em que se divide a
população do paiz (AMARAL, FALLAS,
1858, p.19).

A Falla do presidente da Província de Alagoas, Luiz Rômulo


Peres de Moreno, sintetiza muito bem a situação em que a maioria
das aldeias se encontrava devido à miscigenação, a introdução de
indivíduos ―não indígenas‖ em seu habitat e a disputa pelas terras
contra a usurpação de proprietários vizinhos. Moreno não tinha
dúvidas de que era preciso extinguir as ditas aldeias e, em seguida,
promover um levantamento para verificar a população indígena
para distribuir parte dos terrenos ocupados entre eles (MORENO,
FALLAS, 1872).
A extinção dos oito aldeamentos de Alagoas em 1872
favoreceu o embate entre índios e fazendeiros, pois, se já era
difícil ter controle sobre o choque de interesses quando ainda
existiam as aldeias, agora, sem as demarcações tornava-se ainda
mais difícil fazê-lo. De acordo com Aldemir Barros da Silva
Júnior, com o ―processo de extinção dos aldeamentos, o Estado
pretendia imprimir a transição dos indígenas da condição étnica
para o quadro imputado de trabalhador rural (SILVA JÚNIOR,
2011, p.01)‖.
Tal situação contribuiu para a perda dos costumes
indígenas, através da ―contaminação branca‖, que fazia uso da
imposição para introduzir o índio no sistema capitalista de
trabalho/produção.

Crônicas de Limoeiro 27
Diante da constatação de que o indígena não era apto ao
trabalho braçal, o homem branco acabou desistindo de mantê-
los sob seus ―cuidados‖ e os substituíram na labuta da terra pelos
africanos, que passaram a fazer os serviços penosos.

Uma vez que a mão de obra indígena se


mostrava fragilizada era necessário substituí-
la, logo, optaram por escravizar os negros
africanos, pois eles possuíam habilidades não
somente nos engenhos de cana de açúcar, e
mas também trabalhavam na produção de
fumo, carne, aguardente e outros (SANTOS,
2014, p.265).

No entanto, muitos historiadores defendem que o motivo


que fez os colonos mudarem a sua mão-de-obra e optarem pelos
negros foi outro. Estava presente no europeu a ânsia de obter
lucros no tráfico de escravos negros. Afinal, se o índio era mão-
de-obra gratuita, qual a razão de os colonos pagarem por escravos
negros vindos de longe senão o lucro?
Sobre que grupos indígenas viveram na região Agreste,
especificamente no vasto território de Limoeiro, surgem
questionamentos: quais tribos habitavam a região à época da
colonização? Que grupo indígena deixou os cemitérios centenários
de igaçabas?
Em relação a que grupo indígena habitava e vivia na região
de Limoeiro à época de sua colonização, que inclusive aparecem
no censo de 1872, pouco há de concreto. No entanto, temos
alguns indícios desse povoamento, nos escritos de importantes
historiadores alagoanos. Como vimos anteriormente, Ivan
Fernandes Lima diz serem os Cariris que habitavam a região
central do território alagoano. Vale ressaltar que os Cariris não
eram naturais de Alagoas e sim do Piauí, de onde foram capturados
pelo terço (tropa) de Domingos Jorge Velho e trazidos para
combater o Quilombo dos Palmares, como comprova Lindoso

28 Gilberto Barbosa Filho


os índios Cariris-Oruases e Cariris-
Cupinharós que o acompanharam no terço
– índios soldados que Camiglio confessa
serem de fato servos do mestre-de-campo –
não eram índios paulistas, mas dos sertões
piauienses (LINDOSO, 2005, p.143).

Aliado a isso, há o fato de as tribos alagoanas somente


terem sido organizadas sob a forma de aldeia a partir da Guerra
de Palmares, por meio das Missões, e posteriormente com o
movimento denominado Cabanagem.
A terceira edição da Enciclopédia dos Municípios de
Alagoas, sob a coordenação do historiador alagoano Douglas
Apratto Tenório, diz que na época da colonização de Anadia, a
região ―era habitada pelos índios caetés, guerreiros indômitos,
que como em todos os lugares onde viviam, foram alvo de
implacável campanha de extermínio (TENÓRIO, 2012, p.290)‖.
Esta versão, que contraria a de Lima, diz que, em virtude da
perseguição impetrada aos Caetés, estes saíram em êxodo da
região do atual município de Coruripe por volta de 1556 para
outros pontos do, à época, território pernambucano, e que
provavelmente também tenham se instalado na área dos atuais
municípios de Anadia e Limoeiro.
As duas versões podem estar corretas, as duas tribos
podem ter convivido/habitado à região no mesmo período. O
padre Serafim Leite destacava a mobilidade dos Cariris, que
expandiram a sua presença no ―Médio e Baixo São Francisco, e
embaralhada a outras presenças indígenas, em todas as aldeias de
Alagoas (LEITE apud LINDOSO, 2005, p.145)‖.
Cariri ou Caeté, seja qual for a etnia que tenha habitado
a região de Limoeiro durante a colonização branca, o destino
reservado a elas não foi dos melhores, restando apenas resquícios
de sua participação no atual município de Limoeiro, como as
denominações de povoados ou alguns usos e costumes. Dentre

Crônicas de Limoeiro 29
eles, pelo menos cinco foram por muitos anos habitados ou devem
sua toponímia aos índios, são eles, os atuais povoados: Cadoz,
Genipapo, Mamoeiro, Taquara e Seu Soubera.
O povoado Genipapo1 recebeu sua denominação devido
à existência do fruto jenipapo, de onde se extraia um líquido
que, em contato com a pele, se transforma em uma tinta preta
que se fixa na pele por até duas semanas. O povoado Cadoz,
em suas origens, recebeu sua denominação devido a uma
substância retirada de árvore copaíba, conhecida por eles
como ―pó - dói‖. Os índios do Genipapo saíam em direção ao
atual Cadoz, para extrair essa substância. Com o passar dos
anos o lugar passou a ser conhecido como ―pó - dói‖, sofrendo
em seguida algumas alternações: Pó - dói, Pau - dói, Ca - dói,
Cadox e finalmente Cadoz.
Os povoados de Mamoeiro, Taquara e Seu Soubera são
um caso à parte. Mediante pesquisas realizadas pela Universidade
Federal de Alagoas, descobriu-se que esses povoados foram locais de
vivência de uma tribo já extinta há pelo menos setecentos anos, e que,
portanto, não tiveram contato com os colonizadores: os Aratus, povos
indígenas que ocupavam algumas regiões do território brasileiro
antes dos índios Tupis-Guaranis, da época da Colonização do Brasil.
Os Aratus são conhecidos pela agricultura (plantio de milho, feijão,
mandioca e amendoim) e produção de peças cerâmicas.

Os indígenas relacionados à Tradição


Arqueológica Aratu, a julgar pela cultura
material encontrada em diversas áreas foram
responsáveis por cobrir grande parte da
extensão geográfica do Nordeste, incluindo
Alagoas (Palmeira dos índios, União dos
Palmares, Anadia, Limoeiro de Anadia,
dentre outras) (FUNDEPES, 2013, p.27).

1
Grafia errada, o certo é Jenipapo. Para mudar a toponímia do povoado é preciso um
projeto de lei municipal, já que ―Genipapo‖ com G aparece nos documentos oficiais.

30 Gilberto Barbosa Filho


Uma das particularidades dos Aratus, que os diferenciava
de outros grupos indígenas que viveram pelos Campos de Inhauns
é definida,
ao menos em linhas gerais, pela sua
tecnologia relacionada a recipientes
cerâmicos, particularmente urnas
funerárias, bem como a padronização
de suas aldeias e contexto funerário bem
demarcado (ALLEN; e FERNANDES, apud
FUNDEPES, 2013, p.27).

No povoado Mamoeiro, por exemplo, foram encontradas


igaçabas cheias de ossos no final da década de 1980, o que deixou
a população amedrontada, acreditando se tratar de algo ligado a
prática de feitiçaria. Já a povoação de Taquara é um caso especial,
pois foi primitivamente local de vivência de uma tribo indígena,
que com o passar dos anos deram contribuição nos achados
arqueológicos do Instituto Histórico de Alagoas (BARROS, 2005).
Os acontecimentos que provam a existência de índios no
sítio Seu Soubera também são recentes. A primeira urna funerária
foi encontrada entre as décadas de 1930 e 1940; a segunda, mais
ou menos no mesmo período, sendo atualmente utilizada como
reservatório d‘água pela Sra. Josefa da Conceição Silva; a terceira
foi encontrada por volta de 1996, pelo agricultor José Givanildo
da Cruz, sendo enterrada novamente e não mais achada pelo
mesmo agricultor; e a quarta foi achada às 11h30min, do dia 16
de setembro de 2010, pelos agricultores Gilberto da Silva e José
Givanildo da Cruz, durante as escavações para a construção de
uma casa na fazenda Baixa das Flores. Dentro da igaçaba existiam
ossadas humanas e artefatos de cor branca, que possivelmente
faziam parte de uma espécie de colar. Perto do local foi achado
outro artefato, a pedra de corisco, instrumento que era usado
tanto pelo homem pré-histórico, como pelos índios da época do
achamento do Brasil para criar armas e ferramentas.

Crônicas de Limoeiro 31
A descoberta chamou a atenção dos limoeirenses e de
moradores de outras localidades. Acompanhados da professora
do curso de Geografia da UNEAL, Ângela Leite, visitamos o
local. Não demorou para que o fato chegasse ao conhecimento da
imprensa. O repórter Davi Salsa, registrou o acontecimento na
edição nº 944 do Jornal Tribuna Independente, de 18 de setembro
de 2010; e a TV Gazeta de Alagoas fez uma reportagem sobre o
achado no dia 22 de setembro, com filmagens e entrevistas feitas
no local.
Dias depois, pesquisadores da UFAL também estiveram
no local para verificar o achado do sítio Seu Soubera. No entanto,
somente em 2012 é que voltaram ao local para fazer os estudos e
as escavações necessárias. Foram encontradas pela equipe mais
três urnas mortuárias atribuídas à antiga nação Aratu. De acordo
com a arqueóloga Rute Barbosa, os primeiros indícios apontam
que as urnas, que devem conter restos mortais de indígenas,
tenham entre 600 e 900 anos. Em seguida, os pesquisadores
também encontraram vestígios do antigo cemitério de Taquara.
É importante ressaltar que existia uma urna funerária no meio de
uma estrada que passa no sítio Olho D‘água, próximo do sítio Seu
Soubera, que também foi retirada pela equipe de pesquisadores.
Uma característica que liga os acontecimentos e as
localidades onde foram encontradas as igaçabas é o fato de os
cemitérios indígenas encontrarem-se próximos de rios, açudes ou
riachos, o que comprova que os índios tinham os mesmos hábitos
das antigas civilizações orientais e africanas: fixar residência
próxima das águas. Entretanto, o que chama atenção nos costumes
Aratus, é a questão da morte. O modo como enterravam seus
entes leva a crer que eles acreditavam na imortalidade da alma.
Com a morte de seus entes, eles colocavam os corpos acocorados
em potes de barro, chamados de igaçabas, protegendo-os, e os
depositavam em covas. Em seguida, davam início a rituais onde
costumavam lembrar os feitos do morto com grande lamentação.
A prova desse costume estava no cemitério de igaçabas, colocadas

32 Gilberto Barbosa Filho


simetricamente, encontradas no sítio Taquara, Freguesia de
Limoeiro, Vila de Anadia, em julho de 1873,

os despojos estavam em grandes recipientes de


barro (igaçabas), sendo uma delas transferida,
em 1874, para o Instituto Histórico. Próximo
às urnas funerárias foi encontrado um
machado de ferro, oxidado (BARROS, 2005,
p.434).

Sobre Taquara, em 1874, o secretário perpétuo do IAGA,


João Francisco Dias Cabral, cita que, ―mediante a exploração
agrícola do solo, foi descoberta a presença de ossadas indígenas
(CABRAL apud FUNDEPES, 2013, p.33)‖.

O achado moveu a curiosidade e no fundo


das formas encontraram os pesquisadores
ossos humanos com fragmentos, raros
esqueletos de cócoras que perdiam a posição
ao menor abalo, sendo ainda encontrados de
mistura com esses restos diversos objetos de
uso ordinário entre os indígenas (CABRAL
apud FUNDEPES, 2013, p.33).

Acrescenta ainda que

a forma grande e cônica se parece com


jarras antigas de nossas olarias, oferecendo
da base ao ápice e de diâmetro 3 palmos
e meio, é a igaçaba ou urna funerária ; a
pequena parecendo ter de altura dois palmos,
constituindo a tampa da forma grande e
ambas se adaptam pelas bocas, indo as beiras
da tampa repousar na grande circunferência
da urna, meio palmo além da abertura.
Ambos os vasos são de argila e sem lavores
(CABRAL apud FUNDEPES, 2013, p.33).

Crônicas de Limoeiro 33
A importância desse achado é confirmada por Roberto
Calheiros de Melo. Em relatório produzido por ele no dia
30 de janeiro de 1874, e incluído como anexo I do relatório
anual feito pelo Presidente da Província de Alagoas, Luiz
Romulo Peres de Moreno, datado de 15 de março daquele
ano, Calheiros cita que entre o acervo do Instituto Histórico
encontrava-se ―as igaçabas e ossadas de próximo excavadas
do antiquíssimo jazigo da Taquára, em Anadia (MORENO,
FALLAS, 1874, p.69)‖. No mesmo documento, ele relata a
Luiz Romulo que deveria existir uma atenção maior a fim de
resguardar as instalações e o acervo do Instituto, ―as brochuras
pedem capas, as preciosidades naturaes e artísticas – espaço
e ahi estão os segredos archeologicos da Taquára exigindo
apurada exploração (Idem, Ibidem)‖.
Na verdade as igaçabas eram potes utilizados para o
preparo da farinha de mandioca. Também servia de recipiente
de alimentos sólidos e/ou líquidos, como o cauim – bebida
fermentada feita da mandioca, bebida predileta dos índios. No
entanto, também eram utilizadas para os enterros primários e
secundários 2 dos membros das tribos da região. Dessa forma,
era comum o índio ser sepultado de cócoras com a cabeça
aflorando na boca do vaso com o cocuruto coberto pela tampa,
posição que os especialistas denominam posição fetal. Sobre
esse costume, Gabriel Soares de Souza (1964) descreve que:
―[...] mettem-no em cócoras, atados os joelhos com a barriga,
em um pote em que elle caiba [...] (SOUZA, 1964, p.582)‖.
A versão dos pesquisadores da UFAL pode resolver
a questão sobre o grupo indígena ―dono‖ das igaçabas.
Entretanto, a ―tese‖ defendida por eles é no mínimo curiosa,
haja vista a ausência de fonte bibliográfica em Alagoas que
contenha alguma citação sobre esse grupo indígena no
2
Nos sepultamentos primários em urna, o colpo era depositado em posição fetal
no sentido vertical. Já os secundários, incompletos com os ossos desconectados,
ocorreram em pequena proporção.

34 Gilberto Barbosa Filho


Estado, o que transforma essa versão, se comprovada, em
algo revolucionário na historiografia alagoana. Será que essa
prática, de sepultamento em urnas funerárias, se resumia a
esses povos? No mais, ainda deve haver mais pesquisas a fim
de se construir um quadro mais completo a fim de resolver
esses questionamentos. O mesmo acontece com as versões de
Apratto e de Lima, pois também necessitam de estudos mais
aprofundados para que possamos verificar que grupo indígena,
de fato, teve contato com o branco colonizador na região na
qual Limoeiro estava inserida.
Os achados de Taquara, Mamoeiro e de Seu Soubera
demonstram que já é momento das entidades competentes
fazerem estudos, digamos, mais aprofundados para verificar
a que época pertence os despojos indígenas e finalmente
incluírem a região de Limoeiro no quadro de sítios
arqueológicos de Alagoas. É evidente que o tema ainda
carece de pesquisas que busquem essa contribuição para a
historiografia alagoana. A incompleta historiografia do índio
alagoano e limoeirense dificultam a compreensão de sua
importância para a região analisada.
Há dois motivos que podem explicar a ausência de
maiores dados sobre os índios de Anadia e de Limoeiro nos
relatórios do governo. O primeiro é que o achado do cemitério
indígena da Taquara demonstra que aqueles nativos viveram em
um período histórico anterior aos estudos empreendidos pelo
governo da província alagoana e, por isso, não são citados nesses
relatórios. O segundo é o fato de que os indígenas encontrados
pelos colonizadores na época da fundação de Limoeiro serem
índios ―desaldeados‖, ou seja, eram grupos indígenas que não se
organizavam em aldeias propriamente ditas para, entre outras
coisas, não serem recrutados para as forças de polícia ou para
a manutenção das obras públicas, o que também dificultou o
processo de conhecimento desses grupos, chamados nômades.

Crônicas de Limoeiro 35
Em relatório incluso na Falla do presidente da província
de Alagoas Antônio Alves de Souza Carvalho, Manoel Lourenço
da Silveira diz que são vários os motivos para o abandono
indígena às aldeias

alguns as tem abandonado por circunstancias


diversas e de pouca importância para
estabelecerem residencias fora dos
aldeiamentos, mas dentro das província,
alguns para viverem á sombra de proprietários
que os alimentam, ou com favores, ou com
emprego no serviço do campo (SILVEIRA,
FALLAS, 1862, p.17).

Com a ―colonização branca‖ das terras de Limoeiro, os


índios foram dizimados ou expulsos, tendo que procurar outras
partes do território alagoano para viver. Restaram aqui poucos
indivíduos, que no censo de 1872 já aparecem denominados
como caboclos, designação geralmente dada no Brasil para o
indivíduo que foi gerado a partir da miscigenação de um índio
com um branco.
Atualmente, há poucos descendentes indígenas no
município de Limoeiro. Edvan Vitor Junior e sua avó, Maria
Laura de Oliveira, moradores do sítio Tipi, se constituem
como alguns dos poucos descendentes indígenas existentes em
Limoeiro. Sobre esta família, há uma história de que a bisavó de
Maria Laura foi pega no mato a ―dente de cachorra‖, expressão
popular que significa que foi pega à força ou amarrada pelo
homem branco.
A realidade de Limoeiro é distinta das de outros pontos
de Alagoas, como por exemplo, os atuais municípios de Palmeira
dos Índios e São Sebastião, que ainda possuem populações
indígenas organizadas sob forma de aldeamentos em seus
territórios. Em Limoeiro de Anadia, o controle prevaleceu, em
toda a sua extensão, ao colonizador, como veremos a seguir.

36 Gilberto Barbosa Filho


Figura 1. Moradores do sítio Tipi, Edvan Vitor Junior, nascido em 2013, e
sua avó, Maria Laura de Oliveira, nascida em 1925, são exemplos dos poucos
descendentes indígenas existentes em Limoeiro. Foto do autor, 2013.

Figuras 2 e 3. Populares observam a ossada. Figura 4. O historiador


Gilberto Barbosa e pesquisadores da UNEAL analisam a igaçaba
encravada numa estrada do sítio Olho D‘água. Figura 5. Igaçaba usada
como reservatório d‘água por Josefa da Conceição Silva, moradora do
sitio seu Soubera (22.09.2010).

Crônicas de Limoeiro 37
Figuras 6. Identificação e reconstituição de uma das ossadas encontradas.
Segundo os estudos, a ossada pertence a um indivíduo adulto jovem,
com faixa etária entre 15 e 20 anos.

Fonte: FUNDEPES, 2013.

Figura 7. Representação da posição do indivíduo sepultado na urna.

Fonte: FUNDEPES, 2013.

38 Gilberto Barbosa Filho


A Colonização Branca de Limoeiro

Pelo exposto anterior, a população indígena foi dizimada,


escravizada ou expulsa de seu local de vivência em terras brasílicas.
Esta situação em Limoeiro de Anadia foi paulatinamente
ocorrendo. Primeiro, ocorreu o choque de costumes. De um lado,
o branco conquistador, ávido por novas terras para aumentar sua
riqueza ou para recriar habitats propícios para sua família viver.
Do outro lado, o índio nativo alheio aos costumes europeus, que
lutava de todas as formas para proteger seu território e não se
tornar escravo.
Douglas Apratto Tenório cita que houve ―resistência
indígena em incorporar-se ao mundo europeu (TENÓRIO,
2006, p.23)‖.
A respeito do cativeiro indígena, Lindoso afirma que

a condição colonial impunha o esquema


redutor do índio em trabalhador escravo ou
servo. Moldava-o à sua imagem invertida
senhor/escravo, onde senhoreavam os
colonos e sesmeiros sobre uma realidade
humana reduzida à reificação social absoluta.
Negava-se a humanidade da precedência, e
impunha-se a redução da humanidade em
coisa, em instrumento de trabalho colonial
(LINDOSO, 2005, p.149).

Lindoso acrescenta que


o cativeiro por meio da preia ou caçada foi
desenvolvido pelos bandeirantes. É o cativeiro
que surge do ato colombiano de submissão
das gentes do Novo Mundo. A implantação
do sistema sesmeiro de apropriação das
terras indígenas levou os colonos à adoção da
escravidão e servidão indígenas (LINDOSO,
2005, p.151).

Num Segundo momento ocorreu uma espécie de


harmonia, com a catequese dos índios pelos jesuítas e franciscanos,
propiciando a coexistência dos dois povos. Sobre a catequese dos
jesuítas e franciscanos, o Douglas Apratto Tenório diz que

eles se dedicaram à catequese dos índios e


procuravam trazê-los para próximo do pequeno
povoado que nascia e onde imediatamente
levantava-se a igreja, sede espiritual do lugar.
Estudaram a língua indígena para, por meio
dela, ensinar a língua portuguesa e, em seguida,
a Bíblia e a mensagem da fé cristã (TENÓRIO,
2006, p.21).

Entretanto, tal condição, impulsionava um problema


recorrente: a destruição cultural de um povo para mantê-lo
sob controle.
Terceiro, a convivência ―pacífica‖ deu lugar a povoamentos
de brancos e negros em substituição aos nativos que foram
dizimados ou expulsos da região até meados do século XIX. O
que se percebe, é que o índio foi escravizado pelo branco europeu
desde a sua catequização, quando foram obrigados a aceitar uma
religião que não era a sua. Aliado a isso, há o fato dos índios
terem sido utilizados na labuta da terra até os senhores notarem
que eles não eram aptos ao trabalho braçal, substituindo-os
pelo escravo africano, mais acostumado aos trabalhos penosos.
Também havia os interesses econômicos. Nesse sentido, o tráfico

40 Gilberto Barbosa Filho


negreiro se caracterizava como um instrumento importante na
manutenção do poderio econômico dos senhores.
O colonizador, ávido por aumentar a área para o cultivo
e criação de animais, expulsou os índios de suas terras. O
pequeno número de indígenas na região já era nítido. Tal
situação é exposta no censo de 1872, que demonstra a existência
de somente 65 caboclos em Limoeiro. Sobre a denominação
que aparece no censo, Loreto Couto adverte que o uso dos
termos ―cabocolos‖ ou ―caboclos‖ aos índios também

eram apelativos de menosprezo e desdouro


que indicavam a transformação da
humanidade indígena da precedência num
estado social degenerativo, comparável à
animalidade e a irracionalidade dos animais
selvagens (COUTO apud LINDOSO, 2005,
p.153).

Ainda segundo Loreto, etimologicamente o termo


―cabocolo significa o homem que tem caza no matto‖, e que, a
partir daí, entende-se que ―cabocoro é hum selvagem; que como
fera vive no matto (Idem, Ibidem)‖.

O apelativo ‗cabocolo‘ era de tão ampla


extensão injuriosa que o rei de Portugal
por alvará de lei datado de 4 de abril de
1755, regulava a proibição do uso do termo
aos colonos casados com mulheres índias
(LINDOSO, 2005, p.155).

O alvará dizia o seguinte:

prohibo que os ditos meus vassalos casados


com Indias, ou descendentes sejam tratados
com o nome de Caboucolos, ou outro
semelhante, que possa ser injurioso. [...] O
mesmo se praticará a respeito das Portuguesas,

Crônicas de Limoeiro 41
que casarem com Indios, e a seos descendentes
(apud LINDOSO, 2005, p.155).

Dessa forma, o rei procurava proteger os seus súditos de


uma censura social que inevitavelmente aconteceria.
O pequeno número de indígenas em Limoeiro parece
comprovar que o destino dos antigos grupos nativos da região
de Limoeiro, que sequer aparecem nos estudos alagoanos sobre
o tema, não foi dos melhores. O homem branco, com seu sentido
capitalista destrutivo avassalador, sentia-se no direito de expulsar
os nativos para, assim tomar posse de suas terras para o seu próprio
progresso. Nesse contexto, Limoeiro de Anadia teve importante
papel por representar, na época, grande parcela de povoamento
no Estado de Alagoas, como veremos a seguir.
A parte sul da Capitania de Pernambuco, Alagoas,
começou a se desenvolver entre o litoral e a zona da mata.
Engenhos para a fabricação de açúcar iam surgindo em várias
regiões, nas margens das lagoas Mundaú e Manguaba, e nos
vales dos rios Coruripe e São Miguel, atendendo a demanda
externa e aos interesses da coroa portuguesa. Na região de
Penedo, surgiram fazendas de gado (BARROS, 2005). Manoel
Diégues Júnior, com base em Gilberto Freyre, afirma que junto à
instalação de engenhos, os rios teriam sido a principal causa para
o povoamento, não apenas, os grandes rios, mas principalmente
os pequenos, em suas palavras

não foram os rios grandes, mas os pequenos,


assinalou Gilberto Freyre, os amigos dos
colonizadores no Brasil; foi na colaboração
dos rios pequenos que o homem pôde
desenvolver o seu trabalho econômico.
E, em particular, na da cana de açúcar foi
que a agricultura colonial encontrou nos
rios o melhor elemento para colaborar no
seu desenvolvimento (DIÉGUES JÚNIOR,
2006, p.45).

42 Gilberto Barbosa Filho


A região de Anadia, na qual estava inserido o atual
município de Limoeiro de Anadia, sofreu influência da expansão
dos engenhos e da plantação da cana de açúcar. Em Limoeiro de
Anadia, possivelmente o rio Coruripe e seu afluente o rio das
Cruzes tiveram importante influência devido ao fato de que a
atividade predominante dos colonizadores era a criação de gado e
eles serviriam para abastecer as áreas canavieiras com alimentos.
Aliado à questão econômica, outro fator que influenciou
o povoamento de Alagoas foi o espírito religioso. Muitos
municípios tiveram suas origens em ações movidas pela fé. Em
todas as povoações recém-criadas, a capela era indispensável para
a propagação da fé católica e os fundadores não mediam esforços,
muito menos gastos, para ―agradar‖ o padroeiro homenageado
(LIMA, 1964; TENÓRIO, 2006).

não é à toa que encontramos ainda hoje, no


interior, em cada estrada percorrida de cada
cidade, em lugar preeminente, pequenas
capelas, cruzeiros e nichos com santos em
pequenas elevações. São símbolos da fé de
um povo, pois a religiosidade está arraigada
na alma alagoana (TENÓRIO, 2006, p.21).

Em Limoeiro de Anadia não foi diferente, ocorreu


também à preocupação de erguer templos religiosos para dar
o sentido simbólico de que o homem branco não estava longe
de sua religião nem de sua pátria. Para isso, era preciso recriar
as condições mínimas para que as famílias pudessem viver no
novo habitat. Além disso, cabia ao colono agradar o clero, afinal,
naqueles tempos, a Igreja Católica exercia enorme poder sobre
as pessoas que acreditavam que seriam salvas mediante qualquer
tipo de ―favor‖ prestado aos céus.
O povoamento pela população branca e negra escrava, na
região de Limoeiro de Anadia, possivelmente deve ter ocorrido
devido ao processo de desenvolvimento da província, tendo

Crônicas de Limoeiro 43
em vista a criação e ampliação de engenhos, notadamente,
concentrados no litoral alagoano, mas, principalmente pela
necessidade de abastecimento com carne bovina e demais culturas
de subsistência, necessárias à alimentação, especialmente, de
homens e mulheres brancos.
Assim, no final do século XVIII, o capitão Antônio
Rodrigues da Silva, comprou a Amaro Alves Bezerra de Castro
a propriedade Cruzes ou Oitizeiro (conhecida pelas duas
denominações), que de tão vasta compreendia parte dos atuais
municípios de Limoeiro, Taquarana e Coité do Nóia. Entretanto,
ainda não podemos confirmar de quem Amaro Alves (abreviação
de Alvares) teria adquirido ou herdado essas terras (JOBIM, 1881;
MACEDO, 1994).
Algo que pode elucidar a questão é um estudo mais
aprofundado sobre o processo de ocupação do agreste alagoano,
sobretudo sobre as sesmarias doadas ainda no século XVII. A esse
respeito, encontramos dados sobre duas sesmarias nos Campos
de Unhaum, ou Campos de Inhauns3, que pertenciam à família
Alvares, contudo sem ter muito beneficiamento. A primeira
sesmaria4 era a de Belchior Alvares Camelo5 que, segundo um
Relatório holandês de 1643, possuía uma sesmaria de três léguas
de terra, onde possivelmente criava gado próximo ao rio Coruripe
(DIÉGUES JÚNIOR, 2006; RELATÓRIO HOLANDÊS apud
DAMASCENO, 2018).

3
Denominação que abrangia Anadia, Limoeiro de Anadia, São Miguel dos Campos,
Tanque D‘Arca e Maribondo, entre outros.
4
Entende-se por sesmaria uma concessão condicional de terras realizada em nome
do rei. Tal concessão garantia ao beneficiário o domínio útil da terra, porém este
domínio estava condicionado ao fundamento do cultivo que, se não observado,
acarretaria a anulação da doação que voltava ao domínio real e poderia ser
concedida, novamente, em sesmaria a outro sesmeiro.
5
Capitão-mor e primeiro Alcaide-Mor de Penedo e figura célebre na história
pernambucana no século XVII. Entre outras propriedades em Alagoas e
Pernambuco, era um dos nove detentores da primeira sesmaria dos Campos de
Unhaum, com três léguas, e de uma légua em quadra na parte baixa do São Miguel.
Três léguas correspondem a 14,49 km².

44 Gilberto Barbosa Filho


A segunda pertencia ao coronel Belchior Alvares Camelo6
e seu irmão Francisco Álvares Camelo, que, por ocasião da Guerra
dos Palmares, tiveram a concessão de uma sesmaria com quarenta
léguas7 de terra, na mesma região da de seu pai (mapa no anexo
I), conferida aos combatentes pelo governador de Pernambuco,
Aires de Souza de Castro, em 1678.

A data de sesmaria se estendia vinte léguas em


direção ao noroeste, e outras vinte léguas na
direção sudeste, prologando-se para sul e para
o leste, até terras povoadas, na ―serra do Cristal‖
(serra do Cristo do Goiti, atual município de
Palmeira dos Índios, Alagoas), limitando-
se com as cabeceiras do rio ―Quicequira‖
(rio Coruripe) e da serra de ―Cangenge‖
(DAMASCENO, 2018, p.165-166).

Ainda de acordo com Felipe Aguiar Damasceno

possivelmente as terras se localizavam


nas cabeceiras do rio Coruripe e ao sul
das cabeceiras do rio São Miguel, na área
conhecida então como os campos de Cunhaú
[Campos de Inhauns]. A família Álvares
Camelo era uma das mais tradicionais de
Alagoas, sendo conhecidos donos de fazendas
e currais de gado (DAMASCENO, 2018,
p.165-166).

6
Belchior e Francisco eram filhos do primeiro sesmeiro, o capitão-mor Belchior
Álvares Camelo. O coronel Belchior era também administrador de um Morgadio
instituído pelo pai nas suas terras; grande criador de gado, vindo a fornecê-los
inclusive aos holandeses durante o governo de Nassau. Pode-se dizer que era a figura
político-militar mais proeminente nas terras ao sul das Alagoas (DAMASCENO,
2018, p.43).
7
Quarenta léguas de terra correspondem a 193,2 km². O alferes Francisco Lopes,
o capitão João da Rocha, Domingos Fagundes, e o capitão Antônio Tinoco e seus
herdeiros, também tiveram parte nessa sesmaria.

Crônicas de Limoeiro 45
Acrescenta ainda que essa carta de doação ―talvez só
buscasse expandir os domínios familiares dos Álvares Camelo‖
na região, já que o patriarca já era detentor da sesmaria citada
no Relatório holandês (DAMASCENO, 2018, p.167). Tudo
corrobora para que sejam dessas terras, ou seja, dessas sesmarias,
a propriedade vendida por Amaro Alves Bezerra de Castro ao
capitão Antônio Rodrigues da Silva.
Em 1690 surge uma terceira sesmaria próxima das
primeiras, a de Gonçalo Rodrigues da Silva. O sobrenome desse
sesmeiro nos leva a pensar numa possível ligação com o próprio
fundador do núcleo que viria a se transformar nas décadas
seguintes na cidade de Limoeiro. Seria Antônio Rodrigues da
Silva herdeiro de Gonçalo, tendo aumentado as suas posses com a
compra das terras de Amaro? É possível. No mais, o assunto ainda
necessita de maiores esclarecimentos.
Ao tomar posse da propriedade outrora adquirida por
compra a Amaro Alves Bezerra de Castro, Antônio Rodrigues,
juntamente com sua segunda esposa, Maria da Silva Dias, seu
filho, o capitão Manoel Francisco da Silva e sua esposa Maria
da Conceição Silva, e escravos, todos procedentes de Taperaguá,
povoação da Vila das Alagoas (atual Marechal Deodoro),
estabeleceram-se às margens do rio Coruripe, para a criação de
gado bovino na região.
Anos depois, alguns membros da família Barbosa, netos
e bisnetos de Antônio Rodrigues da Silva, fixaram-se em outros
locais e foram co-fundadores de futuras cidades como Taquarana
e Coité do Nóia.
Vale lembrar que a saga do capitão Antônio Rodrigues
em solo alagoano já começara bem antes, em meados do século
XVIII. Quando ainda residia em Taperaguá, doou uma parte de
suas terras, juntamente com outros proprietários residentes no
lugarejo, para servir de patrimônio à capela do Senhor do Bonfim,
como atesta a escritura de doação contida na crônica de Morais:

46 Gilberto Barbosa Filho


por escritura de 30 de abril de 1755, Cosme
Pereira Barbosa e sua mulher Caetana
Ferreira de Andrade, Geraldo Bezerra
e sua mulher Maria Cardoso, Francisco
de Requeixo Bezerra e sua mulher D.
Maria Barbalho de Vasconcelos, Antônio
Rodrigues da Silva e sua mulher Luiza
Nunes Gomes da Assunpção8, Basílio
Esteves da Costa e sua mulher Mariana da
Assunpção, o alferes Marcelino de Araújo
e sua mulher Ana Maria da Assunpção, D.
Joana a Gonçalves, José Francisco Xavier e
D. Ignes de Lyra, moradores na povoação
Taperaguá, na hoje cidade das Alagoas,
concederam o domínio das terras, a
começarem do riacho Cabreira, a findar na
ponte do Vilão, no rio Subauma, com todas
as matas e o mais nelas contidas para o
patrimônio da capela do Senhor do Bonfim
(MORAIS apud MÉRO, 1994, p. 88).

Sobre Taperaguá, Fonseca diz que

os moradores desse lugarejo eram


descendentes do procurador Henrique de
Carvalho, sogro de Gabriel Soares da Cunha9
e que haviam realizado um patrimônio para o
Senhor do Bonfim, cuja delimitação ocorreu
em 30 de abril de 1755 (FONSECA apud
BARROS, 1991, p.47).

8
Com a morte de sua primeira esposa, Luiza Nunes Gomes da Assunpção, Antônio
Rodrigues casou-se com Maria da Silva Dias, e com ela partiu, juntamente com
parentes e escravos, para os Campos de Inhauns, onde fundaram a povoação de
Limoeiro. Seu filho também teve um segundo matrimônio; com a morte de sua
primeira esposa em 1804, Manoel casou-se com Maria da Anunciação Silva.
9
Gabriel era filho do português Diogo Soares da Cunha, alcaide-mor de Santa
Maria Madalena da Lagoa do Sul; depois Vila das Alagoas, e atualmente Marechal
Deodoro.

Crônicas de Limoeiro 47
Portanto, o fundador de Limoeiro de Anadia descende de
Henrique de Carvalho, sogro de Gabriel Soares da Cunha, fundador
dos engenhos Velho e Novo, no local onde posteriormente surgiu
a Vila de Santa Maria Madalena da Lagoa do Sul, atual cidade de
Marechal Deodoro.
Enquanto homem de fé católica, já residindo em Limoeiro,
Antônio Rodrigues da Silva teria disponibilizado recursos e
escravos, sob as ordens do pedreiro mestre José Ramos de Oliveira10,
para a construção de uma capela ao lado de sua residência que, a
princípio, teria a invocação da Santa Cruz, ganhando, em seguida,
o segundo orago, de Nossa Senhora da Conceição do Limoeiro.
Essa situação parecia demonstrar que ―a ocupação do território
alagoano e a formação dos primeiros núcleos de colonização,
vilas, engenhos, fazendas e povoações não podem ser dissociadas
de um protagonista insubstituível: a Igreja Católica (TENÓRIO,
2006, p.21)‖.
Em outras palavras, o catolicismo, o engenho e as fazendas
de gado, eram fatores motivadores para o processo de ocupação de
Alagoas. Assim, surgem as versões sobre a origem do então povoado
de Limoeiro de Anadia, prevalecendo duas principais: a primeira
versão diz que com o término das obras de construção da capela,
segundo o imaginário popular, teria ocorrido algo aparentemente
místico, para se entender naqueles tempos: o nascimento de
um pé de limão ao lado da capela. Com o desenvolvimento do
povoado próximo da capela e do limoeiro, ficou o lugar conhecido
por Limoeiro. Esta seria, pois, uma das versões populares para a
denominação da cidade. Estaria aí, no misticismo, a razão de em
seus primórdios a capela e a Freguesia Eclesiástica serem conhecidas
como Nossa Senhora da Conceição do Limoeiro.
A outra versão, para a denominação ―Limoeiro‖,
disseminada entre a população local, aponta para o fato de que

10
Sogro do capitão Francisco das Chagas e Silva, neto de Antônio Rodrigues (JOBIM,
1881, p.127).

48 Gilberto Barbosa Filho


caçadores descansavam à sombra de frondosos pés de limoeiros.
No entanto, mesmo com a provável existência de limoeiros na
região, muito possivelmente não seria a árvore adequada para
descanso, já que possuem espinhos e também pelo fato de, à
época, Limoeiro ser cercada de árvores de todos os tipos que
propiciavam sombras para descansos mais confortáveis que as do
limoeiro para os caçadores.
As duas versões apresentadas quanto à origem da
denominação do município parecem ser fruto da imaginação
popular, tendo em vista que, no primeiro caso, parece se constituir
parte da mitologia católica que passaria a atribuir a milagres
a coisas e objetos. No entanto, tendo uma visão da época, ao
analisarmos a denominação da igreja que a princípio teria a
invocação da Santa Cruz, com o término da construção, ocorreu
algo que naquele tempo era tido como fruto do imaginário católico
de pessoas apaixonadas por sua religião, que viam muitas coisas
como verdadeiros milagres: o nascimento de um limoeiro ao lado
da capela é um exemplo disso.
Deixando o preconceito de lado, temos a visão de que,
aos seus olhos, esse simples acontecimento teria feito com que o
mentor da construção da capela mudasse o seu orago, ganhando a
segunda adoração, de Nossa Senhora da Conceição ‘do Limoeiro’.
Traduzindo a denominação de maneira simples: Nossa Senhora
da Concepção do Limoeiro, ou seja, aos seus olhos ‗aquela santa
deu vida ao pé de limão‘, pois ―conceição‖ significa nascimento (do
pé de limão). Acreditamos que Antônio Rodrigues teria resolvido
prestar uma homenagem àquela que teria lhe mandado um sinal,
uma mensagem. Somente um acontecimento importante poderia
fazer com que houvesse a mudança ou acréscimo de mais um orago
a capela, e não uma lenda de que caçadores descansariam em baixo
de pés de limoeiro. O mesmo acontece quando há a introdução de
São Sebastião como terceiro orago, motivado também pela fé das
pessoas que estavam sendo dizimadas pela epidemia de cólera em
meados do século XIX. A devoção das pessoas foi aumentando

Crônicas de Limoeiro 49
e, atualmente, ninguém mais se lembra da primeira padroeira. O
certo foi que a historiografia alagoana, passou a atribuir o início do
povoado de Limoeiro a relação indissociável entre o colonizador e
a sua religiosidade.
Não sabemos com exatidão a data da chegada de Antônio
Rodrigues a região que viria a ser Limoeiro. No entanto, é certo
que a conclusão da construção da capela se deu no final do século
XVIII. No dia dez de setembro de 1798, o primeiro edificador, de
comum acordo com sua esposa, filhos e noras

fizeram doação à capella de um terreno


chamado – Cruzes ou Oitizeiro – havido por
compra a Amaro Alves Bezerra de Castro,
com cláusula de só ter vigor essa doação
em quanto (sic) aos seus herdeiros forçados
fossem conservadores na administração
da mencionada capella, sendo a escriptura
passada em Taperaguá da villa das Alagoas
(atual Marechal Deodoro) em casa de Ângela
Custódia pelo tabelião João de Deus Amaral
perante as testemunhas Manoel Leandro dos
Santos e José Athanásio Raphael da Silveira,
declarando o tabellião serem os doadores
residentes e moradores da villa da Atalaia em
Limoeiro, ribeira de (Rio) Coruripe (JOBIM,
1881, p.129/130).

Ao que parece, todo o terreno comprado a Amaro Alves foi


doado como patrimônio da capela de Santa Cruz e Nossa Senhora
da Conceição do Limoeiro. A citação feita por Nicodemos Jobim
também deixa claro que o lugar já tinha recebido a denominação
de ―Limoeiro‖. Já existia ali um pequeno núcleo rural, com
poucos moradores, composto basicamente de membros de sua
família: filhos, netos e bisnetos. Vale ressaltar que à época de sua
fundação, a fazenda de gado, célula da cidade de Limoeiro, e os
territórios de Anadia e São Miguel dos Campos pertenciam aos

50 Gilberto Barbosa Filho


termos de Atalaia e Alagoas (atual Marechal Deodoro). Tomás
Espíndola corrobora:

Anadia era um povoado aldeado de índios,


que lhe davam o nome de Campos do Arrozal
de Inhauns, pertencente aos termos de
Atalaia e Alagoas, fazendo parte da freguesia
de S. Miguel dos Campos (ESPÍNDOLA,
1871, p.174).

Em seguida,

em 10 de dezembro de 1798 (data da


primeira missa) o bispo D. José Joaquim da
Cunha Coitinho deu licença ao respectivo
parocho (então de S. Miguel) para benzer a
capella de Santa Cruz e N. S. da Conceição
do Limoeiro, por se achar em lugar decente
e livre de comunicação profana, afim de se
celebrar missa e sepultar-se os mortos em
virtude de seu primeiro edificador Antônio
Rodrigues da Silva o haver requerido
(JOBIM, 1881, p.127).

Em 1802, a capela de Limoeiro desmembrou-se da


Freguesia de São Miguel dos Campos, passando a pertencer a de
Anadia, então criada (BARROS, 2005).
A igreja de Limoeiro, à época de sua construção, era
relativamente pequena, edificada de pedras, com dois corredores
e uma torre11 onde foram colocados dois sinos, sendo o sino
pequeno batizado e posto somente no dia 30 de outubro de 1869.
Foi reedificada em partes e aumentada em 1835, e em 1871,

11
Uma fotografia da primeira década do século XX nos dá a certeza de que a torre
citada nos escritos de Nicodemos Jobim se tratava de uma ―torre baixa‖, quase que
nos mesmo nível da faixada da capela. Outra fotografia, provavelmente de entre 1930
e 1940, demonstra que a torre como a conhecemos hoje somente foi ―aumentada‖ na
reforma feita durante esses anos.

Crônicas de Limoeiro 51
quando o capitão Antônio Inácio da Silva patrocinou a construção
do corredor à esquerda (JOBIM, 1881).
É importante ressaltar que algumas igrejas eram
construídas apenas com uma torre. Esta situação não era comum
na arquitetura, mas

o famoso jeitinho brasileiro já era usado para


resolver questões financeiras no século 18.
Durante o apogeu do movimento barroco,
diversas igrejas foram construídas Brasil afora
com apenas uma torre – em vez das duas
previstas pelas medidas estéticas barrocas e
legislação da época (GALLO, 2010).

Segundo Rodrigo Gallo ―uma das explicações é que o


governo português considerava os templos com duas torres
concluídos – e cobrava altos impostos dos capelães (GALLO,
2010)‖. Dessa forma, eles alegavam que as obras ainda não haviam
sido concluídas (faltava uma torre), burlando assim a legislação
da época.
Também nos chama a atenção o interior da igreja,
onde aparece a Cruz da Ordem de Cristo ou Cruz de
Portugal, o que evidência a ligação do fundador com a sede
do Império português; e uma lua crescente ―deitada‖, tendo
uma estrela dupla acima, cravadas na parede, próximo ao
altar. A principio acreditei que não seriam símbolos cristãos,
e que poderia ser a influência de outras religiões, como o
judaísmo ou o islamismo. A citação de uma denúncia contra
os primos de Gabriel Soares da Cunha, parente de Antônio
Rodrigues da Silva, poderia elucidar a questão. Fernão Soares
e Diogo Soares (outro) foram denunciados em Pernambuco
por Agostinho de Seixas ao Santo Oficio, presente naquela
Capitania nos anos de 1593-1595. Na denúncia, os dois irmãos

52 Gilberto Barbosa Filho


eram referidos como ―cristãos novos12 mercadores (CABRAL
apud DIÉGUES JUNIOR, 2006, p.66)‖.
Entretanto, o pesquisador Reberth Emannuel Rocha
Almeida tem outra versão, que me parece mais provável. Segundo
ele, na verdade os símbolos são do catolicismo e tem ligação com
Nossa Senhora da Conceição, pois

em algumas igrejas era comum representar


alguns títulos (do Ofício ou da Ladainha)
de Nossa Senhora na arquitetura (paredes
e forros). Esse símbolo ‗lua com estrela
dentro de outra estrela‘ pode ser (uma)
referência à Nossa Senhora da Conceição/
Mulher do Apocalipse 12. A estrela dentro
da outra talvez simbolize a mãe e seu
filho (Entrevista concedida por Reberth
Emannuel Rocha Almeida, em 13 de
dezembro de 2018).

Reberth acrescenta que

a estrela tem oito pontas. É um número que


tem relação tanto com Nossa Senhora quanto
com ideias cristãs de perfeição e ressurreição.
Era usado muitas vezes em pias batismais,
púlpitos e cúpulas (Idem, ibidem).

No entanto, ele cita que pode haver alguma ligação entre


as versões: ―a sua ideia de simbologia islâmica pode funcionar
também se pensar que pode ser um caso de sincretismo religioso
(Idem, ibidem)‖. Destarte, a questão ainda carece de maiores
pesquisas, mas entendemos que o nobre pesquisador Reberth
elucidou bastante o tema.

12
Cristãos-novos foi a alcunha dada aos judeus e muçulmanos (mouros) que migraram
para Portugal durante a última década do século XV por causa de sua expulsão do
território espanhol, recém-conquistado.

Crônicas de Limoeiro 53
Além de atividades ligadas à lida da terra e à criação de
gado, Rodrigues também fez carreira militar, como alferes e,
depois, chegando a ser capitão. No ano de 1808, já como capitão,
assumiu, com o capitão Antônio da Fonseca Barbosa, o cargo
de juiz da Irmandade do Santíssimo Sacramento, na Freguesia
de Anadia; e em 1823 ocupou a função de escrivão na mesma
irmandade (JOBIM, 1881).
Não sabemos o período de seu desaparecimento, mas é
provável que Antônio Rodrigues tenha falecido entre 1830 e 1840,
haja vista que teve inicio um processo de revogação da doação
feita por ele para servir de patrimônio da igreja. Somente a sua
morte poderia explicar a remoção ou uma mudança na primeira
doação. O fato é que, aos 22 de abril de 1840, o capitão Manoel
Francisco e sua segunda esposa Maria da Anunciação e Silva,
removeram em permuta a doação feita por seu pai

para o lugar em que se acha edificada a matriz


e povoação, com a cláusula de pagar 40 réis
por cada palmo (de terra), quem quer que
levante casa dentro do patrimônio exceto
seus filhos, ficando assim por escriptura
cheio de hypotheses e quasi desvirtuada a
intenção do seu primeiro doador (JOBIM,
1881, p.130).

Estabeleceu ainda os limites do terreno doado da


seguinte forma:

pegará da esquina de João Salvador de Souza,


para a parte do nascente até o Rio Coruripe;
e da outra parte da rua do oitão de Sebastião
da Silva Maia até a barra do riacho Lages no
mesmo rio Coruripe. A sua configuração é a
de um pequeno arco, cuja flecha pouco mais
tem de 200 braças13 (JOBIM, 1881, p.130).
13
O equivalente a 8 (oito) tarefas.

54 Gilberto Barbosa Filho


Ou seja, com a morte de Antônio Rodrigues, a antiga
doação feita por ele perdeu força, foi extinta e substituída por uma
nova redação feita pelo seu filho, com limites bem menores que a
primeira doação.
Manoel Francisco da Silva também foi uma figura
importante em Anadia, foi eleito juiz ordinário da Câmara
de Anadia em 1806; e mesário da Irmandade do Santíssimo
Sacramento de Anadia nos anos de 1806, 1811 e 1815. Após a morte
de Antônio Rodrigues, seu filho e netos passaram a administrar a
capela e a vasta propriedade (RAFAEL, 1994).
Em relação aos trabalhos empreendidos pelos primeiros
moradores, que mesclavam a produção de subsistência com a
da venda dos seus excedentes para engenhos, fazendas e outras
localidades, o trabalho escravo foi a maneira utilizada para
expandir a área de cultivo e a criação de animais. No entanto,
como a labuta da terra e a criação de gado exigiam trabalhos
desgastantes, os índios que não eram acostumados ao trabalho
braçal mais forte, pois geralmente somente plantavam para a
sua subsistência, foram sendo substituídos pela mão-de-obra do
escravo negro africano que, além disso, também dava maiores
lucros aos seus donos por meio do tráfico e da compra e venda
dos cativos.
A proliferação de fazendeiros, que escravizaram e
dizimaram os nativos, bem como a perda dos seus costumes
típicos, fez com que os índios de Limoeiro fossem cada vez
mais perdendo espaço no convívio com brancos e escravos
negros e mestiços

Crônicas de Limoeiro 55
Figura 8. Capela de Santa Cruz e de Nossa Senhora da Conceição do
Limoeiro, construída em 1798, atual Matriz de Nossa Senhora da Conceição.

Fonte: IBGE, 1983.

Figura 9. Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição. A igreja


bicentenária resiste ao tempo.

Fonte: fotos do autor, 2008.

56 Gilberto Barbosa Filho


Figura 10. Imagem original de Nossa Senhora da Conceição (madeira).

Figura 11. Altar da Igreja Matriz de Limoeiro. Nele vemos a lua crescente
―deitada‖ adotada como símbolo pelo Islã no século XIV. A estrela, que
denota soberania e divindade, foi acrescentada mais tarde pelo Islã.
Figura 12. Maria segurando Jesus sobre uma lua crescente ―deitada‖. Na
versão de Reberth, as duas estrelas do altar representam a mãe Maria e
o filho Jesus.

Fonte: foto do autor, 2011. Fonte: Gallerie.estensi, 2018.

Crônicas de Limoeiro 57
Entre Sobrados e Mocambos
O Escravo Negro e a Sociedade Patriarcal

No período da escravidão em terras brasílicas, o escravo


negro foi adquirido a preços altíssimos para labutar nas roças, nos
engenhos e nos canaviais, na lida com o gado, ou auxiliando os
seus senhores nos serviços domésticos.
Quando seu senhorera um comerciante, ele era encarregado
dos serviços penosos – transporte de fardos de cereais, condução
de carroças e na limpeza das lojas. Alguns negros eram vendidos
aptos para qualquer tipo de trabalho. Em relação à higiene pública
e doméstica Gilberto Freyre diz que ―ao escravo negro se obrigou
aos trabalhos mais imundos na higiene doméstica e pública dos
tempos coloniais (FREYRE, 2000, p.461)‖.
Sobre a jornada de trabalho Gennari diz o seguinte:

a duração da jornada de trabalho não conhece


limites e, sobretudo nas épocas de corte e
moagem da cana, passa das 15 horas diárias.
Em geral, a labuta vai de segunda a segunda
com cinco dias de descanso por ano: Natal,
Epifania, Páscoa, Ascensão e Pentecostes
(GENNARI, 2008, p.22).

Em termos gerais, o negro era visto como uma


mercadoria que deveria gerar outras mercadorias necessárias
para a manutenção do senhor dono de escravo, e como
mercadoria ele era adquirido como tal. Temos vários exemplos
desse tipo de tratamento: as tabelas existentes nos inventários
dos fazendeiros, com as características de cada escravo; quando
eram usados como burros de carga, carregando os mais variados
pesos; quando faziam o papel de reprodutor, para aumentar
o ―rebanho‖ de negros da fazenda; e ainda, quando no ato de
sua compra, os senhores olhavam os seus dentes, da mesma
forma que faziam com os cavalos. A esse respeito Karina Cunha
Baptista diz que: ―o escravo tratado como animal, comprado e
avaliado pelos dentes, pela ―canela fina‖, que caracterizava não
só o escravo trabalhador mas também o escravo procriador...
(BAPTISTA, 2002, p.16)‖.
Lindoso corrobora: ―eles eram produtos mercantis como
o açúcar ou o café. A proteção senhorial ao casal escravo era a
proteção mercantil a um produto raro. (LINDOSO, 2005, p.307)‖.
A compra do escravo Jacob em praça pública, pelo vigário
limoeirense José da Maia Mello em nome dos órfãos Evaristo
Pereira Lima e José Estevam da Costa, herdeiros de seu pai Manoel
Francisco da Silva, demonstra muito bem o que citamos acima:

Diz o Reverendo Vigario José da Maia Mello


que seu bastante procurador nesta Villa,
que na qualidade de cessionário (tutor) de
Evaristo Pereira Lima e José Estevam da
Costa, herdeiros do finado seu Avô Manoel
Francisco da Silva, tem o (? ilegível), como
mostra por documento junto, direito as
partes ou quilhões, q tiveram os cedentes no
mulatinho Jacob na quantia de 78$238 reis
como se vê da certidão por documento junta,
e como (? ilegível), q (? ilegível) mulatinho
em praça publica q ser arrematado por parte
dos respetivos orphaos e queira o (? ilegível)
ser comtemplado no resultado d valor por
que for o referido mulatinho arrematado...
Anadia, 2 de agosto de 1862 (Inventário de
Manoel Francisco da Silva, Cartório do Único
Oficio de Limoeiro de Anadia, 1862).

60 Gilberto Barbosa Filho


Alguns senhores os usavam como moeda de troca, em
negócios com casas e terrenos, entre outros. É o que nos atesta o
documento de permuta (troca) do escravo Laurintino por duas
casas de morada na Vila de Limoeiro, feita por Ursulino Barbosa
da Silva e Elias da Rocha Guedes:

Escritura de permuta do escravo Laurintino


e duas moradas de caza n‘esta Villa que fazem
o Capitão Ursulino Barboza da Silva e Major
Elias da Rocha Guedes e sua mulher no valor
de 30000rs (trezentos mil réis) como tudo
melhor abaixo se declara. Saibão quanto este
publico instrumento de escriptura de permuta
ou como ins (instumento de) direito para sua
validade melhor nome haja e dizer-se se possa
virem, que (? ilegível) no ano de Nascimento
de Nosso Senhor Jesus Christo de mil oito
centos oitenta e cinco, aos vinte e dois dias do
mez de Dezembro do dito anno, nesta Villa
do Limoeiro, Comarca de Anadia e Provincia
das Alagôas, em meu cartório comparecerão
partis presentes, outhorgantis, e acceitantis;
a saber de uma o Capitão Ursulino Barboza
da Silva, morador n‘este termo, e de outra o
Major Elias da Rocha Guedes, morador no
termo da Cidade de São Miguel de Campos
d‘esta Provincia, por si e como procurador
bastante de sua mulher Dona Maria
Clementina de Barros Guedes, todos pessoas
de mim Tabelião reconhecidos pelos próprios
de que se tratas e dou fé. E pelo dito Capitão
Ursulino Barbosa da Silva, me foi dito em
prezença das testemunhas adiante nomeados
e no fim desta assignados, que elle era legitimo
Senhor e possuidor do escravo Laurintino,
idade dezoito anos, matricullado sob numero
mil e oito e quarenta e oito da Matricula geral
e dois da Relação appresentada com forme a

Crônicas de Limoeiro 61
relação que mostrou e foi reconhecida como
verdadeira, o qual houve por compra que d‘elle
fez a Maria Honorata dos Santos e a Quintino
Lins dos Santos: E pelo Major Elias da Rocha
Guedes foi dito que elle e sua mulher erão
legítimos Senhores e possuidores de duas
moradas de caza (? ilegível) na rua de cima
d‘esta Villa, sendo uma de edificação mais
antiga com quatro portas na frente, e com
uma (? ilegível), e a outra de edificação mais
nova com uma porta e duas janellas ainda em
contrução (Livro nº 3 de registros, folhas 46
verso a 49 verso, do Cartório do Único Ofício
de Limoeiro de Anadia, 1885).

O ofício das escravas não se resumia somente ao trabalho


na lida da terra e no seio do lar do seu senhor, cuidando dos
trabalhos domésticos, como mucamas, cozinheiras e amas de leite.
Como se não bastasse, os senhores aproveitavam dos ―trabalhos
extras‖ das suas escravas, deitando-se com estas quando bem
queriam. Foi assim que surgiram os escravos brancos e mestiços.
Saciando os seus desejos, o homem branco deixava como herança
somente os filhos tidos com as próprias negras para que estas os
criassem, na maioria dos casos, sem lhe dar qualquer sustento.
Sobre o envolvimento dos senhores com suas escravas, Gennari
corrobora ―além de servirem de amas-de-leite, (eram) parceiras
sexuais de seus senhores (GENNARI, 2008, p.23)‖.
Em terras brasílicas, as fazendas eram formadas pela
Casa Grande, que se erguia no centro da propriedade com seus
alpendres. Alguns senhores tinham sobrados, ostentando ainda
mais o seu poderio. Quase defronte a casa havia uma igrejinha para
a família do patrão rezar; a senzala, onde os escravos dormiam; e
o engenho. Sendo quatro os tipos de engenho ―dois modelos de
engenhos-de-açúcar tipo ‗trapiche‘, movidos à força humana e a
animal e dois modelos de engenhos-de-açúcar movidos à água

62 Gilberto Barbosa Filho


(LINDOSO, 2000, p.70)‖. No entanto, em muitas fazendas de
Alagoas e de Limoeiro não existia a casa grande e sim a casa de
engenho, mais simples e menores, mas ainda assim ostentadas
de grandeza, símbolo do poderio econômico dos fazendeiros.
Da mesma forma, em alguns engenhos e fazendas não existia a
senzala. Os escravos viviam em casas de taipa ou em choupanas
de palhoça, que servia de moradia para os escravos.
Em Limoeiro, existiram 24 engenhos reais e trapiches,
para a fabricação de açúcar e rapadura, ―que são (eram) vendidas
por 48 réis cada uma, com o peso maior de meia libra (JOBIM,
1881, p.28)‖.
Os engenhos reais ou engenho d‘água eram construídos
perto de rios, riachos e nascentes, pois eram movidos pela força
das águas, como o engenho Calugy, situado no sitio de mesmo
nome; e o Olho D‘água de Santa Cruz, do major Luiz Carlos de
Souza Barbosa, que fazia uso das águas de uma grande barragem.
Atualmente ambos estão desativados. No entanto, as terras que
os circundam são utilizadas para a plantação de cana de açúcar
e para a criação de gado. Já os trapiches, também conhecidos
em Limoeiro como almanjarra, nome que se dava ao ―pau
de nora‖ onde se atava cada junta de animais, eram movidos à
força humana ou animal, geralmente duas juntas de bois, e eram
construídos próximos a açudes e lagoas, para o uso de suas águas
para a manutenção do engenho, como o engenho Taquara, de
Doca Barbosa, que fora construído perto de um açude de grande
extensão e profundidade.
O engenho apresentava certa divisão para empreender os
trabalhos. Nos engenhos maiores havia a casa da moenda, onde
se moía a cana para extrair a garapa; a casa das caldeiras, onde, ao
calor do fogo, o caldo era cozido e purificado em tachos de cobre,
transformando-se em mel e, em seguida, em cristais de açúcar;
o tendal das formas, onde o açúcar era colocado em formas para
passar cerca de três dias para ganhar mais consistência; e a casa

Crônicas de Limoeiro 63
de purgar, onde o açúcar era deixado descansar por vários dias
até chegar ao ponto de ser comercializado, branco ou bruto, a
depender do seu grau de pureza. Para desempenhar um trabalho
de tamanha importância na produção dos engenhos, o senhor de
engenho precisava de escravos especialistas, como o mestre de
açúcar, o purgador, o caixeiro, entre outros (BRANDÃO, 1985;
RAFAEL, 1994).
A produção açucareira escoava por estradas de rodagem
rudimentares e por pequenos percursos navegáveis do Rio
Coruripe. A respeito dos engenhos dos vales dos rios São Miguel
e Coruripe, Messias de Gusmão corrobora:

não fossem os rios Coruripe, Jequiá, São


Miguel, Lagoa Manguaba, Sant‘Antônio
Meirim, Santo Antônio Grande, Camaragibe
e Manguaba, todos navegáveis em um
percurso que regula de 2 a 7 léguas, impossível
seria transportar para o Recife e Maceió, os
produtos de nossa agricultura (GUSMÃO
apud DIÉGUES JÚNIOR., 2006, p.131-32).

Em algumas fazendas, os escravos tinham certa liberdade


para participarem das rodas de capoeira e de cantoria, talvez a única
distração que tinham. Sobre a senzala, os hábitos alimentares e o
cuidado com os escravos, Rafael diz que ―a senzala era a moradia
dos escravos. Não passava de um simples barracão sujo, mal
iluminado, sem banheiros e sem o mínimo conforto (RAFAEL,
1994, p.46)‖. Já Brandão diz que ―(...) na maioria dos engenhos
de Alagoas havia clemência, piedade e, digamos, uma certa
tolerância para com o negro (BRANDÃO, 1988, p. 42)‖. Diégues
Júnior corrobora em partes com este ultimo, segundo ele ―a datar
da segunda metade do século XIX tornaram-se raros os casos
de castigos, e quando os havia eram menos pesados (DIÉGUES
JÚNIOR, 2006, p.177)‖. E ainda acrescenta que

64 Gilberto Barbosa Filho


é de considerar que isto acontece, pois o
negro era uma peça que valia dinheiro,
mercadoria de valor econômico e financeiro,
e daí sobravam ao senhor razões para tratá-lo
favoravelmente (IDEM, IBIDEM).

Tal situação, de certa tolerância, parece confirmar o fato


de que havia a necessidade de tratar favoravelmente, desde os
apontados acima pelo autor citado, ao receio de fugas ou rebeliões,
tendo em vista que os escravos alagoanos eram conhecidos por
revoltas, a exemplo, de Palmares, terra da liberdade.
No que se refere a ajuntamentos de escravos na região de
Limoeiro, não temos muitos registros. No entanto, parece fora de
dúvida que tenha ocorrido ajuntamentos com certa organização
social em algumas localidades do município de Limoeiro. Os
sítios Mocambo e Jurema II; e as comunidades quilombolas
de Mameluco, Lagoa do Coxo, Poços do Lunga, Passagem
do Vigário, Carrasco e Pau d‘Arco são exemplos. Entretanto,
com a emancipação política de Taquarana e de Arapiraca, as
comunidades mencionadas acima passaram a ficar nos novos
municípios e, a partir de 2006, foram devidamente reconhecidas
pelo Governo Federal como comunidades quilombolas. Segundo
Zezito Araújo, ―a presença de comunidades quilombolas é um
forte indicio da existência de ajuntamentos maiores na região em
tempos anteriores (Entrevista cedida em 06 de setembro de 2019)‖.
Oprimido pelo seu senhor ou mesmo por não aceitar a sua
condição de escravo, muitos negros tentavam contra a vida de seus
senhores. Foi o que aconteceu com o padre José da Maia Mello,
natural de Limoeiro, então vigário da vila de Palmeira dos Índios
em 1857. Em sua Falla, o presidente da Província de Alagoas,
Inácio José de Mendonça Uchôa cita que na vila da Palmeira dos
Índios houve a

tentativa de morte feita contra o respectivo


parocho José da Maia Mello contra o qual

Crônicas de Limoeiro 65
dispararam em sua propria casa um tiro ás
9 horas da noite de 20 de agosto, ficando o
vigário ferido.

Os indiciados nesse crime são alguns


escravos da casa do mesmo vigario, de um seu
sobrinho e tutelado e outros, os quais foram
presos e processados (UCHÔA apud FALLA,
1857, p.03).

Na sociedade brasileira da época, os fazendeiros e os


senhores de engenho eram pessoas influentes e tinham poder
absoluto sobre a mulher, os filhos e os escravos, caracterizando
uma sociedade patriarcal.
Se comparado a outros locais de Alagoas, a maioria dos
donos de escravos de Limoeiro se constituía de pessoas com poder
aquisitivo pequeno. Muitos desses senhores somente tinham um,
dois, no máximo cinco escravos para os trabalhos domésticos
ou de roça. No entanto, também existiam pessoas abastadas que
contavam com grande número de cativos em suas propriedades.
O coronel Cândido Barbosa é exemplo disso, era um dos
homens mais ricos e poderosos de Limoeiro. Além de ter vários
escravos que trabalhavam na fazenda Genipapo, ainda recebia a
―missão‖ de ser procurador de outros fazendeiros da região, para
representá-los na compra e venda de seus cativos. Entre outras
procurações, há uma datada de vinte e três de novembro de 1875,
passada por João Ribeiro de Castro Lemos, do sitio Brejo, em favor
do coronel Cândido Barbosa e de José Vieira de Mello, residentes
na Província de Alagoas, e em favor dos procuradores José Ferreira
Cardozo e Timotheo de Souza Espíndola na Província da Bahia,
para que comercializassem os escravos João Cabra, de 25 anos,
matriculado na Vila de Anadia no dia 24 de setembro de 1872,
sob o número 371; e João Preto, de 14 anos de idade, matriculado
na mesma Comarca e Vila no dia 28 de setembro de 1872, sob o
número 1.873.

66 Gilberto Barbosa Filho


Em outros recantos da Freguesia de Limoeiro, também
havia a contribuição para o sistema escravista, no qual membros
das famílias mais tradicionais não dispensavam os trabalhos
dos cativos. Em Arapiraca, encontramos pelo menos uma carta
de alforria datada de janeiro de 1881, na qual José Nunes de
Magalhães libertava a sua escrava Josepha, mulata de 27 anos.
Em Coité do Nóia, há o exemplo de Manoel Joaquim da
Costa Zow, filho de Anna da Anunciação Silva e do Capitão Basílio
Estevão da Costa; e Pedro Vital da Silva. Em 1872, Zow possuía
oito escravos, todos nascidos em Alagoas, assim descriminados:
Luís, cinquenta anos; Joana, trinta anos; Justina, onze anos, filha de
Luiz e Joana; Rita, nove anos; Domingos, dois anos; André, vinte
e cinco anos, filho da Theresa; Benedita, dezessete anos, filha de
Jordania; e João, doze anos, filho de Eufenia (Inventário de Anna
da Anunciação Silva, Cartório do Único Ofício de Limoeiro, 1872).
No sítio Brejo, Pedro Vital da Silva, em inventário realizado
entre 1861 e 1862, tinha uma relação de 31 escravos, inclusive
avaliados, dentre eles:

1 - Catarina, com 70 anos; 10$000


2 - Barbosa, com 70 anos; 25$000
3 - João Gonzaga, com 70 anos; 50$000
4 - Manoel Velho, com 60 anos; 300$000
5 - Josefa, com 60 anos; 500$000
6 - Manoel Longinho, com 45 anos; 800$000
7 - Domingos, filho da escrava Maria, com 35
anos; 1.000$000
8 - Joana, com 40 anos; 1.000$000 (um conto
de réis)
9 - Jacinto, com 60 anos; 600$000
10 - Manoel Pitomba, filho da escrava Rosa,
com 23 anos; 1.500$000
11 - Antonio Boi, filho da escrava Anastácia,
com 16 anos; 1.000$000
12 - Miguel, filho de Anastácia, com 9 anos;
800$000

Crônicas de Limoeiro 67
13 - Joaquim, filho de Anastácia, com 6 anos;
400$000
14 - Rita, filha de Anastácia, com 1 ano;
200$000
15 - Maria, filha da escrava Maria, com 40 dias;
50$000 (CASTRO NETO, 2007, p.69-70).

O inventário de Pedro Vital traz pelo menos duas


curiosidades que merecem destaque. A primeira é a quantidade de
cativos, o que evidencia o seu poderio econômico e a sua posição
de destaque no seio das elites agrárias. A segunda é a existência
de quatro escravos jovens, todos, filhos de Anastácia. Tal situação
demonstra que, durante aquele período de diminuição do tráfico
que, no entanto, já vinha ocorrendo desde a Lei Eusébio de
Queiroz (1850), havia o estimulo à procriação para, na visão do
senhor, aumentar o seu ―rebanho‖.
O filho de Pedro Vital, o padre Pedro Vital da Silva foi
senhor de treze escravos, como comprova o seu testamento de 29
de novembro de 1869.

Jesus, Maria e José. Em nome da Santíssima


Trindade, Padre e Filho e Espírito Santo
em quem eu Padre Pedro Vital da Silva
firmemente creio e em cuja fé protesto viver
e morrer. Este é o meu testamento e última
vontade. Declaro que sou natural desta
freguesia de Nossa Senhora da Conceição de
Limoeiro, filho do finado Pedro Vital da Silva
e Dona Victoriana Francisca da Silva. Declaro
que me acho gravemente enfermo, porém, em
meu perfeito estado. Mando por minha alma
se digam duas capela de missas e duas Capelas
segundo a minha intenção. Possuindo alguns
bens adquiridos com o meu trabalho, minhas
ordens e da herança do finado meu pai...
Declaro que tenho treze escravos de nomes
Custódia, Urbano, Lindolfo, Balbino, Izabel,

68 Gilberto Barbosa Filho


Antônio Vicência, Idalina (CASTRO NETO,
2007, p.74).

Isso demonstra que o próprio clero dava sua contribuição


para o sistema escravista da época, pois fazia parte dos costumes
ter pelo menos um escravo para os serviços, e como muitos padres
daquele período vinham de famílias abastadas economicamente,
recebiam seus ―auxiliares‖ como herança. Os padres José da Maia
Melo, Pedro Vital e Francisco Vital são exemplos nesse sentido,
mas demonstravam certa compaixão para a situação escravista de
seus subjugados (CASTRO NETO, 2007).
Numa sociedade extremamente machista, as mulheres
sofriam todo tipo de preconceito. Quando crianças, geralmente
não podiam nem mesmo estudar. Tinham maior sorte as filhas dos
fazendeiros e senhores de engenho, que muitas vezes podiam contar
com professores particulares. Já adultas, continuavam a ter pouca ou
nenhuma liberdade, tinham casamentos arranjados, inclusive com
parentes, para atender aos interesses do pai. Aqueles que tinham
posses não queriam ver os seus bens saindo do seio familiar, já que as
filhas não entravam no processo de partilha dos bens.
Vasconcelos cita um caso ocorrido em Craíbas dos Nunes,
com a família do fundador daquela localidade, Manoel Nunes da
Silva Santos.

Em 27 de julho de 1892, por falecimento de


sua esposa Josefa Teixeira da Silva, houve a
primeira partilha dos bens para a primeira
família que era formada das seguintes pessoas:
Filhos: - José Nunes da Silva, Pedro Nunes da
Silva, João Nunes da Silva e Antônio Nunes
da Silva.
Genros: - Pedro Gama da Silva, Roberto José
dos Santos, Felipe José dos Santos, Roberto da
Ressurreição Silva e Antonio Thomaz da Silva
(VASCONCELOS, p.16, 1991).

Crônicas de Limoeiro 69
Marques e Melo citam que

Tal marco legal permaneceu em vigor no


país, com sutis alterações, até a promulgação
do Código Civil em 1916. Representa essa,
portanto, uma longa tradição mantida no
Direito brasileiro, baseada numa concepção
negativa da mulher na sociedade. Aos olhos
do legislador, a mulher qualificava-se como
o fragilitas sexus e, portanto, deveria ser
mantida submissa ao jugo do pai ou do
marido (MARQUES e MELO, p. 3, sem data).

Entretanto, havia muitos casos em que o direito da mulher


era respeitado. Marques e Melo lembram que

apesar dos atributos negativos imputados às


mulheres e dos claros limites à sua atuação
legítima, a sociedade luso-brasileira não
negligenciava a preservação do bem estar dos
filhos. Ao menos no âmbito da lei positiva,
mantinha-se a tradição do Direito Romano,
onde, com a morte do marido, o sistema
de partilha dos bens do casal reservava à
mulher a posse de metade dos bens do casal e
permitia à viúva assumir a cabeça da família
(CÓDIGO PHILIPINO OU ORDENAÇÕES
DO REINO, LIVRO IV, TÍTULO 95 apud
MARQUES e MELO, p. 3, sem data).

De modo geral a mulher do fazendeiro era chamada de Sinhá


ou Senhorinha. Vivia fechada em casa, assim como as filhas, vivendo
sob as ordens e a tirania do pai, saindo de um ―cárcere‖ para outro
quando se casavam ainda bem jovens. Craveiro Costa corrobora

em geral, as mulheres, na colônia (e, também,


durante o império), mesmo na metrópole, era
analfabeta e permanecia ‗prisioneira‘ no lar

70 Gilberto Barbosa Filho


paterno, donde saia para o cárcere de outro
lar, pelo casamento... (COSTA, 1981, p.39).

No entanto, existiam mulheres a frente de seu tempo, com


hábitos distintos da maioria, que participavam da educação da
população local lecionando nas pequenas escolas de outrora ou
fazendo uso da força para conduzir os negócios da família, nas
fazendas ou nos centros urbanos.
Como exemplo de liderança familiar feminina, temos
a senhora Anna da Anunciação Silva, viúva do capitão Basílio
Estevão da Costa, neto do fundador de Limoeiro. D. Anna era
moradora do povoado Coité, Freguesia de Limoeiro, e mediante
herança deixada por seu marido, possuía um montante de
dezenove escravos, devidamente transcritos no seu inventário de
22 de maio de 1872, quase todos aptos para os trabalhos no campo
como veremos a seguir:

Luiz, africano, de 55 anos, casado com


Catharina, africana, 40 anos; e seus filhos,
nascidos em Alagoas: Maria, de 14 anos;
Faustina, de 13 anos; Miguel, de 10 anos;
João, de 9 anos; Sebastiana, de 8 anos; Simão,
de 7 anos, não apto para o trabalho; e Felícia,
de 9 anos. Luiza, africana, de 40 anos; e seus
filhos, nascidos em Alagoas: Felix, de 14 anos;
e João, de 13 anos. Alexandrina, alagoana, de
44 anos; e seus filhos, nascidos em Alagoas:
João, de 16 anos; Angela, de 11 anos; Antonio,
de 8 anos; e Felipa, de 13 anos. Completa a lista
os escravos José Muleque, africano, 36 anos;
Nivaldo, alagoano, de 25 anos (Inventário
de Anna da Anunciação Silva, Cartório do
Único Ofício de Limoeiro, 1872).

A quantidade de escravos de Anna da Anunciação corrobora


com a ideia de que ela fazia parte da elite local. A tabela também

Crônicas de Limoeiro 71
contém observações importantes, que foram acrescentadas nos anos
seguintes, como a notícia das mortes dos escravos Luiz, em data
desconhecida, e de Catharina, que morreu no dia dois de novembro
de 1873; a concessão de liberdade da escrava Alexandrina e a venda
do escravo João, em julho de 1874. Outra curiosidade presente no
inventário é a filiação dos escravos, o que reforça a tese de procriação
para aumentar a população escrava do senhor. E, por ultimo, há o
registro de nascimento da escrava Antônia preta.

Nota Nº 68
Art 6º do regulamento n. 4.835 de 1º de
Dezembro de 1871.

D Anna da Anunciação Silva, residente neste


município (de Anadia) declaro que no dia 13
de novembro de 1872 nasceu de sua escrava
solteira de nome Maria (15 anos), preta,
Agricultora, que se acha matriculada com o
numero 242 da matricula geral do município
e 3º da relação apresentada pela mesma D.
Anna, uma criança do sexo feminino batisada
com o nome de Antonia preta= Anadia, 4 de
fevereiro de 1873 (Inventário de Anna da
Anunciação Silva. Cartório do Único Ofício
de Limoeiro, 1873).

O registro também reforça a ideia de que, a única


preocupação dos senhores era de fazer aumentar o seu montante
de escravos para, dessa forma, aumentar seu poder econômico,
mesmo que para isso fizesse uso de uma adolescente de 15 anos,
como é o caso de Maria.
Os escravos negros, objetos de desejo e símbolos de status
social, vinham procedentes principalmente de Angola.

Ao desembarcarem no Brasil, os escravos


eram separados e direcionados para o

72 Gilberto Barbosa Filho


mercado, onde eram vendidos e avaliados
de acordo com a faixa etária, sexo e também
pelo estado de saúde. Existia uma preferência
por escravos do sexo masculino pelo fato de
renderem mais no trabalho, mas nem por isso
as mulheres escravas eram deixadas de lado;
para os proprietários era importante que as
negras procriassem, pois um filho gerado de
uma escrava era continuidade da mão de obra
(SANTOS, 2014, p.265).

Segundo nos relatou João Ribeiro de Castro Neto, a escrava


Felícia foi trazida de Angola a ferros, tendo que acostumar-se a
rotina da nova ―pátria mãe‖, trabalhando durante muito tempo na
casa grande da família França no sítio Fortunato, em Limoeiro.
Felícia era escrava de Úrsula Rogério de França que, ao falecer,
deixou seus escravos como herança para seu filho Teófilo Rogério
de França, um dos patriarcas da atual família Teófilo do sítio Brejo
e de Arapiraca, dentre os quais figuram Moacir Teófilo e seu filho
Rogério Teófilo. Em seguida, Felícia e sua filha Faustina foram viver
na casa Grande do sítio Brejo junto de seus novos senhores (João
Ribeiro de Castro Neto, entrevista concedida em 05/07/2010).
Segundo nos relatou o senhor Nilo Barbosa, filho do Capitão
Ursulino Barbosa:

Felícia faleceu com 120 anos, deixando uma


filha chamada Faustina, nascida em 1852 no
sítio Fortunato, propriedade de Fortunato
Rogério de França, pai de Úrsula. Ainda
existem descendentes da escrava centenária
na cidade de Coité do Nóia e no sítio Brejo,
antigamente conhecido como Brejo do
Capitão Sulino (Nilo Barbosa, entrevista
concedida em 05/10/2007).

De acordo com a trineta de Felícia, a senhora Maria José


Gomes dos Santos, que atualmente reside no sítio Brejo,

Crônicas de Limoeiro 73
Felícia veio da África amarrada por uma
argola presa ao nariz e que teve entre outros
filhos, Faustina, também escrava, que viveu
até os 118 anos de idade morando na casa
grande da família Teófilo, no sítio Brejo
(Maria José Gomes dos Santos, entrevista
concedida em 05/07/2010).

Segundo Moacir Teófilo, neto de Teófilo Rogério de França,

Faustina nasceu no sítio Fortunato, em


Limoeiro, no ano de 1852. Era escrava de
Teófilo Rogério de França (seu avô) e desde
que chegou no Brejo, trabalhou como
doméstica na casa grande de Teófilo, onde
passou a morar após ficar viúva, vivendo com
os patrões como membro da família até a sua
morte. Ela não permitia que lhe tirassem o
―pano‖ (turbante) de sua cabeça, por causa de
seus cabelos completamente brancos, e não
largava o seu cachimbo por nada. Faustina
faleceu no sítio Brejo em 1970, com 118 anos
(Moacir Teófilo em 06/07/2010).

Faustina casou-se com Manoel Marques dos Santos com


quem teve dois filhos: Roque Faustino dos Santos e Manoel
Faustino dos Santos, já falecidos. Seus descendentes vivem hoje
no mesmo sítio Brejo, próximo da entrada da cidade de Coité
do Nóia.
Os batismos e os casamentos católicos entre os cativos
foram introduzidos pelos senhores como uma maneira de
cristianizá-los, em conformidade com a Igreja católica, que
combatia o concubinato. A Igreja Católica ―admitia e reconhecia
a Instituição da família entre escravos, quando com auxílio de
suas leis, realizava o sacramento do matrimônio entre os mesmos
(SANTOS, 1974, p. 48)‖.

74 Gilberto Barbosa Filho


De acordo com Del Priori, diferente de pessoas livres,
que somente tinham que respeitar o calendário religioso, os
cativos, além do calendário religioso, tinham que respeitar o
calendário agrícola,

os escravos das plantations estavam sujeitos


às atividades de semeadura e colheita. O
calendário agrícola tinha grande influência
na realização de rituais religiosos. Roças de
alimentos com poucos escravos, por exemplo,
demandavam ocupação de toda a família,
inclusive de filhos e filhas casadoiros, fato
que podia atrasar ou antecipar casamentos.
A escravaria se casava na capela das fazendas
em cerimônias seguidas de comezaina,
batuques e uma ―função‖ musical (DEL
PRIORI, 2013, p.26).

Geralmente os casamentos ocorriam nas capelas das


fazendas. Entretanto, em alguns recantos os escravos negros eram
liberados para casar dentro das igrejas dos homens brancos. O
casamento do escravo Domingos com a liberta Anna Maria
da Conceição, aos trinta de julho de 1882; e os casamentos
de Francisco e Claudiana, e de Manoel com Izabel Maria da
Conceição, ambos realizados no dia 28 de agosto de 1887, e todos
devidamente registrados nos livros da Casa Paroquial, são alguns
exemplos dos inúmeros casamentos de cativos e forros na Matriz
de Nossa Senhora da Conceição no século XIX. Tal situação
demonstra uma pequena mudança de mentalidade na sociedade
da época que, outrora, jamais deixaria escravos se casar dentro do
edifício no qual os chamados ―homens bons‖ pregavam seu culto
a Deus.
Homens brancos livres e escravas também se uniam, no
entanto, era raro oficializarem o casamento. Era mais prático para
o senhor somente ―viver junto‖, ou seja, amasiado. No entanto,

Crônicas de Limoeiro 75
fugindo às próprias regras que tinha forte influência europeia,
muitos donos de escravos espalhados pelo Brasil, seduzidos pela
figura exótica da negra, desposaram suas escravas ou pretas livres.
Foi o que ocorreu com Benedito de Souza Barbosa, membro de
tradicional família limoeirense, que, ao ficar viúvo de Guilhermina
Francisca dos Santos, casou-se no dia dois de maio de 1887, na
capela de Cana Brava, filial da matriz de Limoeiro, com Izabel
Rosa da Conceição, filha natural de Luiza, ex-escrava de Pedro
Vital da Silva, com o matrimônio devidamente registrado no
Livro nº 2 de Casamentos da Casa Paroquial de Limoeiro.
O fato dos senhores de cor branca se casarem ou terem
algum relacionamento com suas escravas ou forras explica o
surgimento de grandes fazendeiros negros. O major Luiz Carlos
de Souza Barbosa, filho do major Carlos de Souza, é exemplo
disso. Negro, num período escravista, herdou as posses do pai,
inclusive o engenho Olho D‘água (do Luiz Carlos) e seus escravos,
adentrou na política, foi vereador em Anadia e, depois, foi
nomeado intendente de Limoeiro. No entanto, isso não era uma
regra, existiram pouquíssimos casos em que os negros e mestiços
obtinham o status de fazendeiro ou de senhor de engenho
mediante herança de seus pais. Na maioria das vezes, eles eram
tratados com desprezo pelos próprios pais.
No que chamamos catolicismo negro, existiu no Brasil
uma organização destinada a representar de certa forma os
negros: a Irmandade do Rosário dos Pretos. Trazida e ―instalada‖
por missionários portugueses no século XVI na região de Santos,
tendo em seguida se propagado para o resto da colônia, onde foi
adotada por senhores potentados e, a partir do fim do período
colonial passa a ser constituída pelos ―homens pretos‖, tendo por
objetivo aliviar-lhes os sofrimentos infligidos pelos brancos.
Nos atos religiosos, os escravos recolhiam as sementes de
um capim, cujas contas são grossas, denominadas ―lágrimas de
Nossa Senhora‖, e montavam terços para rezar. Os principais santos

76 Gilberto Barbosa Filho


de devoção das irmandades eram Nossa Senhora do Rosário e São
Benedito, santos da Igreja Católica.
Nas irmandades havia uma diretoria constituída após uma
eleição feita por seus membros, onde eram eleitos os festeiros, o
rei e a rainha, o juiz e a juíza, que juntos organizavam as festas
dos santos de sua devoção. Além de cuidar dos cultos elas faziam
o enterro dos irmãos mortos, que geralmente eram colocados
enrolados em redes ou esteiras em valas comuns nas beiras das
estradas ou em pequenos cemitérios utilizados pelas pessoas mais
pobres; mandavam rezar missas pelas suas almas e amparavam
seus parentes, caso estes não tivessem recurso. De forma geral, no
Brasil eles também tinham uma poupança, adquirida por meio de
doações de brancos simpatizantes da causa negra, para comprar e
libertar os irmãos cativos.
Taynar de Cássia corrobora conosco

É importante destacar que as irmandades


religiosas compostas por negros, além de
assumir a assistência médica e jurídica, o
socorro em momentos de crise financeira e os
funerais tanto de membros dessas associações
quanto de seus familiares, também se
responsabilizavam pela compra de alforrias
de outros escravos (CÁSSIA, 2001, p.170).

Dentre as Irmandades alagoanas existiu a Irmandade


do Rosário dos Pretos, em Anadia. Joaquim, escravo de Izabel
do (sítio) Cabuta, em Limoeiro, foi eleito juiz dessa irmandade
(JOBIM, 1881).
Para combater a escravidão e concretizar o sentimento de
liberdade na sociedade escravocrata da época, foi primordial o
surgimento de movimentos abolicionistas por todo o Brasil. Uma
das grandes conquistas desses movimentos foi a Lei do Ventre
Livre. A Lei 2.040, aprovada pela Assembleia Geral do Brasil
aos 28 de setembro 1871, declarava livres os filhos de escravos

Crônicas de Limoeiro 77
nascidos a partir daquela data, e estabelecia em seu Art. 3° outro
instrumento libertador, o Fundo de Emancipação dos escravos do
Império do Brasil.
Em Alagoas, também houve o advento do movimento
abolicionista. A Sociedade Libertadora Alagoana é exemplo
disso. A associação, formada por intelectuais e coronéis aos 28
de setembro de 1881, e que tinha entre os seus líderes o coronel
Francisco Domingues da Silva, criou uma escola em Maceió onde
os filhos dos escravos eram educados; e usava doações particulares,
ou mesmo do Fundo de Emancipação, para a compra de cartas de
alforria para os escravos negros.
Em Limoeiro havia uma cota destinada pelo Fundo de
Emancipação para a compra e libertação dos cativos. Foi o que
ocorreu com Avestano, escravo de Gertulino Agripino da Silva
Vital. O seu senhor recebeu da tesouraria geral da província,
sendo representado por seu procurador tenente-coronel
Childerico Cícero da Gama Leite, residente em Maceió, a quantia
de duzentos e sessenta mil réis (260$000) pela libertação de seu
escravo, em nome do Fundo de Emancipação e Cota determinada
a este município de Limoeiro (BRANDÃO, 1988).
Talvez influenciados pelo movimento abolicionista, alguns
donos de escravos os libertaram antes mesmo da abolição da
escravatura, fato ocorrido com um dos maiores proprietários de
terra de Limoeiro, o major Luiz Carlos de Souza Barbosa, do sítio
Olho D‘água. Segundo nos relatou o senhor Nilo Barbosa ―o major
Luiz Carlos havia construído uma relativa amizade com seus
escravos ao ponto de lhes dar a tão sonhada liberdade bem antes
de a Lei Áurea vigorar (Nilo Barbosa em 05/10/2007)‖.
Corroborando com o combate à escravidão e tornando
clara a posição da Diocese de Olinda14 em relação à participação
do clero na escravidão, em 1882 o bispo D. José Pereira da Silva

14
Nessa época, o território alagoano estava sob a jurisdição eclesiástica da diocese de
Olinda.

78 Gilberto Barbosa Filho


Barros, escreveu uma Carta Pastoral na qual se dizia a favor da
libertação dos escravos. Na carta ele pedia ao clero alagoano que
desse o exemplo e libertasse os seus escravos, afirmando que ―o
clero olindense não possui escravos (QUEIRÓZ, 2015, p.62)‖.
Com isso, ele esperava influenciar os padres/senhores a libertar os
seus cativos. Foi o que ocorreu com o padre Pedro Vital, quando
alforriou sua escrava Anastácia. O padre Francisco Vital, irmão
do padre Pedro, que também tinha escravos, teve a mesma atitude.
Nesse sentido, o padre Francisco Vital foi sem dúvida um
divisor de águas pra o movimento abolicionista em Limoeiro.
Segundo o Jornal Lincoln, órgão alagoano autodenominado de
propaganda abolicionista, noticiava a importante participação do
padre limoeirense no movimento.

O movimento abolicionista da nossa província


progride, não como aquella invejavel
impetuosidade só propria [sic.] do Amazonas
que na sua passagem não encontrou obice
algum que o pudesse deter, mas progride
pacifica, diária e gradativamente. – Na
capital a sociedade literária Castro Alves
declarou-se abolicionista; instituiu-se a
Libertadora Artística Alagoana e diversas
manumissões particulares se fazem todos os
dias. No Penedo a Sociedade Redenptôra vae
prestando seus bons serviços: no Limoeiro
houve diversas manumissões em regozijo de
ter assumido a regência de sua freguezia o
Rvd. Vigário Francisco Vital, exímio sectario
da abolição e a cuja influencia não podia
ter escapado o honroso facto que deixamos
consignado, e principalmente dando-se entre
pessôas de sua família e dedicados amigos
de sua Rvma. Na Côrte e no Recife diversos
comprovincianos e amantes da gloria de sua
terra natal se constituirão igualmente em
sociedades e se empenham na propaganda de

Crônicas de Limoeiro 79
acelerar o movimento abolicionista de nossa
província. (LINCOLN, ano I, n. 3, 24 de julho
de 1884, p. 1).

O fato é que, o engajamento do padre fez crescer a ocorrência


das alforrias no ano de 1884. Documentos que comprovam que os
escravos receberam a liberdade antes da Lei Áurea existem aos
montes no Cartório do Único Ofício de Limoeiro de Anadia.
A liberdade antecipada favoreceu a diminuição da população
escrava de Alagoas, até chegar à abolição de 1888.
A carta de alforria, que em árabe significa ―a liberdade‖,
transferia o título de propriedade de senhor para escravo. Havia
dois tipos de cartas de alforria. As cartas pagas, aquela em que os
escravos ou um benfeitor comprava a sua liberdade:

Registro de uma Carta de liberdade passada


em favor da escrava Anna; como melhor
abaixo se declara. Nós abaixo assignados,
Firmino Pinheiro digo, Firmino da Silva
Lobo, e Rita Felicia da Silva, marido e mulher,
consedemos plena liberdade a nossa escrava
Anna, cor (? ilegível), solteira, de quarenta
e cinco anos de idade, por termos d‘ella
recebido a quantia de cem mil reis... (Livro
de Notas nº2, do Cartório do Único Ofício de
Limoeiro de Anadia, 1884).

E as cartas gratuitas, quando eram doados para si, como


a passada pelo coronel Cândido Barbosa para sua escrava Maria
e seus filhos:

Registro de uma carta de liberdade passada


pelo Tenente Coronel Candido Barbosa
da Silva a sua escrava Maria. Eu abaixo
assignado Tenente Coronel Cândido Barbosa
da Silva, senhor e possuidor que sou da

80 Gilberto Barbosa Filho


escrava Maria, concedo-lhe desde já o titulo
de liberdade sem ônus algum, suspendendo
igualmente o serviço de Antonia e Josefa,
filhas da mesma escrava Maria. Limoeiro
trese (treze) de junho de mil oito centos e
oitenta e quatro. Cândido Barbosa da Silva...
(Livro de Notas nº2, do Cartório do Único
Ofício de Limoeiro, 1884).

E a passada por Galdino José de Almeida para sua


escrava Victorina:

Transcrição de uma carta de liberdade


passada em favor da escrava Victorina, como
tudo melhor abaixo se declara. Eu abaixo
assignado, concêdo liberdade a minha
escrava Victorina, preta, com 44 annos de
idade, que se acha matriculada sob nº. de
ordem na matriculla 263 e nº de ordem
na Relação 1, e lhe concedo essa liberdade
gratuitamente e por esmola, podendo ella
gozar de sua liberdade de hoje para sempre,
como de ventre livre tivesse nascido; e por
não poder escrever, pedi ao Senhor Vigário
Francisco Victal da Silva, este papel por mim
passasse, assignando em. Villa do Limoeiro,
trez de dezembro de 1884. Galdino José de
Almeida. Nada mais se continha em dita
carta de liberdade fielmente copiada do
próprio original, ao qual me reporto e dou
fé! Limoeiro, 5 de dezembro de 1884. Eu
Manoel Caetano Tojal, segundo Tabellião
Publico interino escrevi, e subscrevo com as
iniciais de meu signal publico de que rezo
que tal é. Em fé e testemunho (abreviado) de
verdade (abreviado) MCTojal (abreviado),
2º tabelião (abreviado) interino. Manoel
Caetano Tojal

Crônicas de Limoeiro 81
Em algumas situações, os senhores faziam questão de
propagar que eram simpatizantes do movimento abolicionista.

Transcrição de uma carta de liberdade


passada em favor da escrava Maria com tudo
melhor abaixo se declara. Dizemos nos abaixo
assignados marido e mulher José Esteves
da Costa e Maria Roza da Silva, que n‘esta
data concedemos plena liberdade a nossa
escrava Maria, cor preta, solteira, de vinte e
oito annos de idade, pelos bons serviços que
d‘ella temos recebido, e mesmo por amor a
Sociedade abolicionista (grifo meu)...(Livro
nº2 de registros, do Cartório do Único Ofício
de Limoeiro de Anadia, 1884).

Outro exemplo de simpatia e de engajamento ao


movimento abolicionista é o caso do cônego limoeirense Jacinto
Francisco de Oliveira. Queiróz, com base no livro do escritor João
Lemos sobre a história de Coruripe, diz que o ―padre alagoano
culminou como um dos maiores expoentes do abolicionista em
nossa terra (QUEIROZ, 2015, p.61)‖.
Ainda de acordo com esse autor, o Cônego Jacinto nunca
teve escravos e usou com frequência a Matriz para fazer pregações
antiescravistas. Quando foi pároco na Igreja Matriz de Coruripe,
promoveu diversos tríduos

em favor da abolição da escravatura, tendo


a coragem de convidar para esses tríduos15
os senhores de engenho da região. E ao que
parece, a palavra vibrante do respeitado
vigário mexeu com a consciência cristã
das pessoas, haja vista o grande número de
alforrias registrado em Coruripe (QUEIROZ,
2015, p.61).

15
Três dias de debates.

82 Gilberto Barbosa Filho


No Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas há uma
placa de bronze alusiva ao centenário da abolição da escravatura
no Brasil, com os nomes de vários padres alagoanos que faziam
parte do Movimento Abolicionista, dentre eles o padre Jacinto de
Limoeiro (QUEIROZ, 2015).
Afinal, qual o interesse desses fazendeiros em alforriar e
consequentemente perder sua mão-de-obra gratuita? Eles já não
precisavam mais de seus trabalhos? A liberdade antecipada seria
uma atitude visionária, de fazendeiros prevendo o inevitável: o fim
da escravidão? É bem provável, já que ao longo dos anos haviam
sido criadas várias leis que viam minando o poder do senhor sobre
os seus subjugados e o surgimento de uma lei mais ampla era
coisa de tempo. Ou os senhores realmente tiveram uma relativa
aproximação, ao ponto de brotar um sentimento, digamos, mais
humano para com seus escravos e assim resolveram libertá-los?
O padre Francisco Vital, entre outros, fez brotar um sentimento
abolicionista entre os seus?
É possível que em Alagoas, especificamente em Limoeiro,
tenha existido um tratamento diferenciado, mais humano por
parte de alguns senhores. O testamento do padre Pedro Vital
corrobora com essa versão.

Declaro que tenho treze escravos de nomes


Custódia, Urbano, Lindolfo, Balbino, Izabel,
Antônio Vicência, Idalina. (Que) gozarão
de suas plenas liberdades como se do ventre
livre tivessem nascido, o que faço não só por
fazer essa obra pia e de caridade como porque
os criei como filhos (CASTRO NETO, 2007,
p.74-75).

Todas essas questões colocadas acima são plausíveis e


podem ter contribuído para a liberdade antecipada dos cativos. No
entanto, o que sabemos de fato é que, com a liberdade conquistada
antes da Lei Áurea, os negros de certa forma se tornaram ainda

Crônicas de Limoeiro 83
mais cativos de seus antigos donos, agora a escravidão era movida
pela gratidão de terem recebido a carta de alforria.

A conquista da liberdade (no papel), prisão na alma!

Finalmente no dia 13 de maio de 1888, a princesa Isabel


assinou a Lei Áurea, pondo um pouco de alegria nos rostos
sofridos dos escravos de outrora. Não dá pra mensurar a felicidade
dos cativos ao receberem a notícia de sua libertação, nem mesmo
imaginar o semblante daqueles que eram tratados com desprezo
por quase toda a sociedade da época, no exato momento em que
souberam da magnífica notícia. Hipoteticamente, entendemos
que foi um momento sem igual, de uma alegria comovente, mas
que a dura realidade os faria sentir na pele que o regozijo não
duraria muito tempo.
A respeito do dia da abolição, a Sra. Maria José Gomes dos
Santos nos falou que

Felícia (sua trisavó) e outros escravos estavam


em Limoeiro, carregando água em potes de
barro, quando de repente ouviram os sinos
da Matriz tocando. Foram ver o que tava
acontecendo, e logo souberam que era a
comemoração pelo ato da lei que os libertava.
De tanta felicidade, soltaram os potes no chão
(quebrando-os) e saíram aos gritos para o
sítio Brejo (Maria José Gomes dos Santos,
entrevista concedida em 05/07/2010).

Com a Lei Áurea, os escravos foram libertos e os engenhos


e fazendas de Limoeiro, assim como aconteceu no restante
do Brasil, começaram a ter sérias dificuldades para manterem
as suas produções, ou mesmo fechando parte dos engenhos.

84 Gilberto Barbosa Filho


Agora, os senhores não tinham mais a mão de obra escrava que
tanto os ajudou a enriquecer, muito menos podia contar com o
tráfico, atividade que lhes trazia maiores lucros. Para resolver
esse problema, a saída imediata encontrada foi a contratação dos
próprios negros libertos a ―preço de banana‖ para continuarem
na labuta de suas terras. Mesmo com a liberdade alcançada,
alguns negros de Limoeiro ficaram na companhia de seus outrora
senhores. Para Maria José Gomes dos Santos,

não tendo para onde ir depois da liberdade, a


única saída para eles foi ficar na companhia
de seus antigos senhores. A partir daí,
os escravos passaram a ser tratados com
‗amor e respeito‘ pelos seus antigos donos,
e isso só aconteceu após a Lei Áurea (Maria
José Gomes dos Santos, entrevistada em
05/07/2010).

As palavras da Sra. Maria José Gomes deixa transparecer


a sua opinião de que, recaiu sobre os antigos donos de escravos
a preocupação em não perder de maneira tão rápida a mão-de-
obra daqueles que eram o alicerce de seu status social. Daí, a partir
do ato de liberdade, estes tomaram o costume de tratar melhor
os seus, outrora, cativos, para que permanecessem ao seu lado.
Já para Nilo Barbosa, havia outro motivo para a permanência
dos ex-escravos na companhia de fazendeiros, como o capitão
Ursulino Barbosa: ―a relativa amizade surgida através de anos
de convivência‖, entre os negros e seus senhores. Daí, mesmo
conquistando a tão sonhada liberdade, não arredavam o pé do
local onde passaram boa parte de suas vidas. Ainda de acordo com
o entrevistado ―os escravos do sítio Brejo, ao saberem da notícia
sobre a Lei Áurea ficaram alegres, mas não tendo para onde ir e
também pelo razoável grau de amizade que tinham feito com seu
senhor, muitos resolveram permanecer em sua companhia (Nilo
Barbosa, entrevistado em 05/10/2007)‖.

Crônicas de Limoeiro 85
Entretanto, tais afirmações acima, da quase perfeita união
entre os escravos ou forros e com seus senhores, na maioria dos
casos, parece uma história repetida várias vezes que, por vezes,
passa-se acreditar como verdadeira. Na verdade, os negros não
tinham para onde ir justamente porque o ato que instituiu sua
―liberdade‖ não foi acompanhado de medidas que permitissem a
eles exercer, de fato sua cidadania.
Outro agravante é que eles não tinham formação escolar
e profissional, segundo o recenseamento de 1872, dentre os
escravos de Limoeiro nenhum sabia ler ou escrever, ou uma
profissão definida. Para a maioria deles a simples emancipação
não mudou sua condição subalterna nem ajudou a promover sua
cidadania ou ascensão social. O que era necessário é que a Lei
Áurea fosse acompanhada, dentre outras coisas, de mudanças
na estrutura agrária brasileira, que possibilitaria aos escravos
forros o direito à propriedade. O problema era que não existia
interesse em assegurar os direitos dos negros e o futuro de seus
afrodescendentes (BRASIL, 1872).
Fernando José de Lira corrobora:

os escravos libertos, que não foram


indenizados e não dispunham de meios de
produção ou de recursos para bancarem
sua subsistência, foram obrigados a
permanecer no engenho como moradores
ou, simplesmente, como mão-de-obra
livre, assalariada, responsabilizando-se pela
própria sobrevivência (LIRA, 2007, p.42).

86 Gilberto Barbosa Filho


Figura 13. Engenho Calugy, do capitão Antônio de Sá Quintella
Cavalcante, engenho real movido à força d‘água (sem data). Acima do
engenho se encontra a ―casa de engenho‖.

Fonte: Rafael, 1994.

Figura 14. Ruínas do mesmo engenho.

Fonte: foto do autor, 2010.

Crônicas de Limoeiro 87
Figura 15. Sabina, filha de escrava, nascida após a Lei do Ventre Livre,
em 1960, no sítio Brejo.

Fonte: João Ribeiro de Castro Neto.

Figura 16. Imagem da ex-escrava Faustina, filha da escrava africana


Felícia, em fotografia de 13 de janeiro de 1961. Faustina nasceu no sítio
Fortunato no ano de 1852, anos depois foi morar no sítio Brejo com
os senhores. Mesmo após a libertação graças a Lei Áurea, continuou
trabalhando na casa dos Teófilos do Brejo até falecer em 1970.

88 Gilberto Barbosa Filho


CAPÍTULO II

Coronéis, Comerciantes e Padres no


Processo de Construção da Identidade
Política de Limoeiro de Anadia
Formação da Identidade Política

Dentro do processo de formação da representação política


de Limoeiro – em seus primeiros anos como povoado – poucos
tinham força para exercer liderança, pois até 1834 somente alguns
pontos da província alagoana tinham o direito de indicar e de
votar em seus candidatos.
Isso começou a mudar em 12 de agosto daquele ano quando
da criação da Assembleia Provincial, que passou a ocupar o lugar
do Conselho Geral do Brasil. Com isso, os colégios eleitorais
espalhados por toda Alagoas passaram a indicar e eleger os seus
deputados gerais, provinciais e seus senadores.
De acordo com as regras vigentes no Brasil da época,
Françoise Jean de Oliveira Souza cita que

as eleições gerais e provinciais seriam


[eram] indiretas, e em dois graus: a massa
dos cidadãos votantes de cada paróquia se
reuniria na igreja matriz e elegeria os eleitores.
Em seguida, nas eleições de segundo grau,
os cidadãos eleitores formavam o colégio
eleitoral que, reunido nas cidades ou vilas,
que eram ―cabeças de distrito‖, elegiam os
representantes da província e da nação. Antes
do início propriamente dito da eleição, cabia
ao pároco afixar os editais de convocação
dos votantes nas portas das suas igrejas. No
dia marcado para as eleições paroquiais, os
cidadãos votantes e eleitores eram reunidos
na matriz onde o pároco celebrava uma
missa e fazia uma pregação contemplando
os objetivos daquela assembléia, o processo
eleitoral. Era, portanto, pelas mãos de um
sacerdote e a partir de uma celebração
religiosa que se iniciava, oficialmente, o pleito
para a escolha dos membros do legislativo
brasileiro (SOUZA, 2008, p.129-30).

Por meio do decreto n°. 26, de 12 de março de 1838, a


Assembleia Provincial, substituiu de forma efetiva a Assembleia
Geral, que legislava leis para todo o Brasil. Pelo mesmo decreto
foram criadas cinco prefeituras, com prefeito e subprefeito para
as cinco comarcas existentes: Comarca de Alagoas (Marechal),
que compreendia Alagoas e São Miguel dos Campos; Comarca
de Maceió, formada pelos termos de Maceió e Santa Luzia do
Norte; Comarca de Atalaia, formada pelos termos de Atalaia,
Pilar e Assembleia (Viçosa); Comarca de Penedo, formada
pelos termos de Penedo e Porto da Folha; e pela Comarca de
Anadia, formada pelos termos de Anadia, Palmeira dos índios
e Coruripe.
Transformações e criações políticas como essas
favoreceram a inclusão ativa da povoação de Limoeiro na vida
política da Vila de Anadia fazendo com que os representantes da
localidade almejassem voos mais altos para participar cada vez
mais dos destinos da vila na qual estavam inseridos.
O município de Anadia, do qual Limoeiro fazia parte
à época, era muito extenso e não havia muitos meios de
ligação entre as várias povoações existentes, o que dificultava o
governo local. Na tentativa de descentralizar a administração do
município, a Câmara de Anadia criou o Distrito Policial e Civil
de Limoeiro, em 23 de novembro de 1842. No entanto, o distrito
não foi efetivado de imediato. Somente dois anos depois houve
a consumação. É bem provável que a demora tenha se dado pela
falta de policiamento ou desinteresse da sede.

92 Gilberto Barbosa Filho


Finalmente no ano de 1844, em sessão extraordinária de
22 de agosto, a Câmara de Anadia composta pelos vereadores:
José Teixeira Leite, Vicente de Paula Carvalho, Joaquim Vieira
de Araújo, João Antônio da Fonseca e Silva, Manoel Joaquim
Pereira, João Cavalcante da Mota Nunes e José Gregório da Silva,
estabeleceu os limites do distrito de Limoeiro, como atesta o
historiador Nicodemos Jobim:

Pegando do Riacho Gequiasinho pela parte de


Leste a encontrar com o termo de S. Miguel,
e pela parte de Sul confinará com o termo de
Poxim e Penedo: pela parte do Poente com
o termo de Traipu e subindo pelo mesmo
riacho acima até encontrar com a estrada
da Canabrava (Atual Taquarana), seguindo
directamente pela estrada da antiga Villa
de Palmeira (Atual Palmeira dos Índios) até
encontrar com o Rio Lunga (JOBIM, 1881,
p.38-39).

Tal área correspondia aos atuais territórios dos municípios


de Arapiraca, Coité do Nóia, Craíbas, Junqueiro, Lagoa da
Canoa, Taquarana e posteriormente Belém. Ou seja, grande
parte da microrregião de Arapiraca, além de outros municípios
de microrregiões adjacentes faziam parte do distrito de Limoeiro.
Vale destacar que no mesmo dia da divisão do distrito policial
foi instalada a subdelegacia de Limoeiro, tendo como primeiro
subdelegado o major Antônio Tomaz da Silva, com jurisdição
sobre uma área que compreendia 12 léguas quadradas (cerca de
72 mil metros quadrados), dividida em vinte e três quarteirões,
assim conhecidos:

Limoeiro, Ribeira, Laranjeira, Jequiá de


Cima, Piri-Piri, Cana-Brava, Tapaúma,
Árvore Comprida, Canudos (atual Belém),
Lagoa Grande, Passagem do Vigário, Cruzes,

Crônicas de Limoeiro 93
Gulandim, Coité, Oitizeiro, Volta da Telha,
Poço da Pedra de Cima, Poção, Poço da Pedra
de Baixo, Lagoa do Pé Leve, Rio dos Bichos,
Mangabeira, Lagoa do Rancho (JOBIM, 1881,
37-38).

A criação do Distrito contribuiu para ajudar na


administração do município de Anadia, de quem a povoação de
Limoeiro era subordinada à época. No entanto, mesmo sem ter
um desprendimento político total, Limoeiro passou a ter mais
força para indicar seus representantes à Câmara de Anadia, bem
como de exigir perante a administração daquela Vila políticas
públicas que lhe beneficiasse. Os distritos correspondem às atuais
subprefeituras, criadas para ajudar na administração das cidades.
Com o Distrito, a povoação de Limoeiro passou a ter
a responsabilidade de policiar o seu território por meio de seu
subdelegado. Além disso, passou a ter mais força para indicar
candidatos ao Conselho de Anadia e deputados provinciais que
iriam representá-la na Assembleia. Dessa forma, obtinham mais
poder político para um futuro desprendimento de Anadia, que,
segundo a Falla do presidente da Província de Alagoas, Antônio
Nunes de Aguiar, tinha a seguinte população:

Tabela 1. População da Freguesia de Anadia em 1849


Condição Raça População Total
Livre Branco 3.099 8.941
Pardo 5.315
Preto 448
Índio 79
Escravo Preto 1.904 2.364
Pardo 460
População absoluta 11.305
Fonte: AGUIAR apud FALLA PRESIDENCIAL, 1849. Disponível em: http://
www.luiznogueira.com.br, acesso em 04 de março de 2011.

94 Gilberto Barbosa Filho


Grande parte da população de Anadia que aparece nesse
censo do governo estava no território do Distrito de Limoeiro.
Daí se percebe a importância e o grau de participação do
Distrito de Limoeiro na economia, na vida social e, sobretudo,
na política anadiense.
Em 1852, a população do povoado de Limoeiro era de 250
habitantes, todos parentes de Antônio Rodrigues da Silva. Sobre a
família de Limoeiro, o padre Domingos Fulgino da Silva Lessa diz:

Analisei, aprofundei mesmo o caracter de


todos, e conheci um fundo de honra que
é raro encontrar-se em qual quer família,
principalmente tão numerosa como a do
Limoeiro, que consta 250 pessoas (JORNAL
O TIMBRE, 1852, p.2).

Em 1856, com o decreto n°. 1.796, de 1° de agosto, a


província alagoana foi dividida em cinco distritos eleitorais.
Cada um elegia um deputado para a assembleia geral imperial,
seis para a provincial, e todos juntos elegiam dois senadores
(ESPÍNDOLA, 2001).
Durante o Império houve o advento de outros setores da
sociedade que passaram a liderar politicamente a população.
Sobre isso, assegura Souza:

um desses setores da sociedade que se fez


fortemente presente nos debates políticos
de então, assumindo relevante papel no
processo de construção das bases do Estado
imperial foi o clero. A estes religiosos que
ganharam destaque na nossa história política,
chamaremos aqui de padres-políticos
(SOUZA, 2008, p.128).

São várias as razões para o aparecimento de elementos da


igreja na política brasileira, num sistema que ficou conhecido

Crônicas de Limoeiro 95
como ―padroado‖, ou seja, a proximidade entre o Estado e a
Igreja Católica.
A primeira razão para a inclusão do clero na política no
Brasil vem da herança deixada pelos anos de dominação colonial.
Aproveitando-se desta dominação, a autoridade religiosa fez-
se mais presente junto à população local, principalmente a do
interior, desprovida de conhecimento, propiciando ao clero a
condução de seu rebanho. Afinal, onde existia um ajuntamento
de pessoas, erigia-se uma capela. Não por acaso, essa foi a origem
da maioria dos povoados brasileiros, fazendo da igreja a primeira
instituição presente nas localidades mais distantes, já que à época
a Igreja fazia forte pressão psicológica nos fiéis, crentes de que,
se não obedecessem, iriam ser punidos devidamente. Como
consequência disso, o padre, com autoridade para mobilizar a
população, assumia funções que ultrapassavam suas tarefas de
cunho religioso, ocupando o vazio deixado pelo Estado.
Numa época em que os lugarejos eram poucos
desenvolvidos, os padres assumiam o papel de líderes das
povoações. Inclusive, as eleições eram realizadas no interior
das igrejas, não havendo situação melhor para que o pároco
indicasse os candidatos apoiados por ele ou pela Igreja, ou ainda,
para se apresentar, ele mesmo, como o melhor candidato. Além
do que, foram eles os primeiros professores, juízes, delegados e
administradores dos pequenos povoados e vilas que se formavam.
Suas ordens eram seguidas pelo povo. Quando não, alguns padres
faziam uso da força para que a ordem fosse estabelecida. Muitos
faziam o papel de coronel, mesmo antes do surgimento destes. E
assim, toda a população era representada pela figura do vigário.
Outra razão para a participação do clero na política era
que a maioria de seus membros eram homens cultos, dotados
de certo grau de estudos. Diferentes da grande maioria da
população iletrada e sem perspectivas de melhoria de vida da
época. Tal situação fez com que membros do clero concorressem

96 Gilberto Barbosa Filho


às eleições, desde a vereança até as assembleias legislativas
estaduais e no senado.
Nas regiões mais distantes, os padres se apresentavam
como aqueles mais bem preparados para assumirem cargos
representativos, o que lhe tornava muito poderoso, para o bem e
para o mal. Dentre situações malévolas Souza atesta:

o envolvimento dos sacerdotes com o


processo eleitoral não só tornava mais natural
à associação entre prática religiosa e prática
política, como fornecia aos homens da Igreja
os instrumentos de controle e manipulação
das eleições (SOUZA, 2008, p.129).

O papel reservado aos padres era de ―guiar‖ a comunidade no


aspecto religioso. No entanto, já que tinham um contato importante
com a população que ia às missas, faziam uso de sua influência para
enveredarem pelos lados da política. Douglas Apratto registrou:

foi expressiva a presença da Igreja na


formação da sociedade alagoana. Era grande
o número de religiosos. Estavam inseridos no
primeiro plano da sociedade, o estrato mais
alto, ao lado dos militares, proprietários e
funcionários dom governo português. Não
esqueçamos que a Igreja utilizava o aparato
estatal para melhor exercer sua missão
pastoral, havendo se estabelecido na Europa
uma forte aliança Estado/Igreja, pela qual os
monarcas aderiram à Igreja e a protegiam por
interesses políticos, justificando perante o
povo o seu poder absoluto, que viria de Deus,
e a segunda usando o aparato do Estado para
exercer sua missão (TENÓRIO, 2006, p.20).

O mesmo autor ainda acrescenta que,

Crônicas de Limoeiro 97
não eram poucos os padres proprietários de
terras e senhores de engenho. Afinal, toda
família senhorial tinha, por obrigação, um ou
mais de um de seus membros ordenados no
sagrado sacerdócio do Senhor. Adquiriam os
imóveis, via de regra, por herança, compra ou
até mesmo doação de algum fiel agradecido
por seu ministério (TENÓRIO, 2006, p.26).

Em Limoeiro de Anadia não foi diferente do resto de


Alagoas, também houve o advento político do clero. Entre
outros exemplos, temos o vigário da capela de Nossa Senhora da
Conceição do Limoeiro, o padre Pedro Vital da Silva, incentivador
da criação da Freguesia Eclesiástica de Limoeiro.
Outros padres ultrapassaram os limites de Limoeiro,
representando a localidade durante o século XIX na Assembleia
Provincial. Esse é o caso dos padres José da Maia Melo, eleito
quatro vezes deputado provincial; João Luís da Silva Reis, eleito
três vezes; e Francisco Vital da Silva, também eleito em três
oportunidades, chegando a ser presidente da Assembleia no
biênio 1884-1885.
Sobre Francisco Vital há um fato curioso e importante
para ser registrado. Em 1857, quando era o pároco de São Miguel
dos Campos celebrou, entre tantos outros casamentos, a união
matrimonial de Manuel Duarte Vieira Ferro, o Barão de Jequiá.
Sobre o dito, Santos anotou:

Aos trinta de agosto de mil oito centos e


cincoenta e sete, no engenho Jequiá, assisti ao
recebimento matrimonial dos contrahentes
Barão de Jequiá com dona Maria Carolina
de Araujo Barros: elle filho legitimo dos
finados Capitão Manoel Vieira Dantas, e
dona Ana Maria Lins; e Ella filha legitima de
Mathias da Costa Barros e dona Francisca
Maria de Araujo, [...] e forão testemunhas

98 Gilberto Barbosa Filho


o capitão Victorino da Costa Barros, e o
Tenente Antonio da Costa Barros, do que
farão constar fis este assento que assigno.
Vig. Francisco Vital da Silva (SANTOS, 2007,
p.44).

O padre Francisco Vital faleceu em 1909, com mais de


noventa anos de idade e com inúmeros serviços prestados a
sociedade alagoana (JORNAL GUTENBERG, nº 04, de 14 de
janeiro de 1909).
No período em que os padres representaram politicamente
a população limoeirense, foi instalada a primeira cadeira (escola)
de instrução primária para o sexo feminino; a primeira agência
dos correios, bem como foi dado inicio a construção do primeiro
cemitério público.
Vale destacar que em Limoeiro a força política dos
padres permaneceu resistente até a criação da República, em
1889. Diferentemente de outros recantos do Brasil, que a partir
da metade do século XIX viu o clero participar cada vez menos
da vida política de seu rebanho. Para Françoise Jean de Oliveira
Souza este fenômeno é consequência de vários fatores, dos quais
destacam três:

o primeiro diz respeito ao próprio perfil


da elite política brasileira que vai se
transformando, a partir de 1870, quando
os funcionários públicos perdem espaço no
parlamento para os bacharéis e fazendeiros. O
segundo fator vincula-se às várias reformas
eleitorais ocorridas ao longo do império e
que afastaram, gradativamente, o clero das
funções eleitorais, sendo substituídos por um
corpo de funcionários civis laicos nomeados
diretamente pelo Estado para desempenhar
não só as tradicionais atividades exercidas
pela Igreja na área eleitoral, como também

Crônicas de Limoeiro 99
as funções cartoriais: registro civil,
casamento, óbitos, registro de imóveis etc.
Ao se comparar as alterações na legislação
eleitoral com os dados quantitativos
referentes ao número de cadeiras ocupadas
pelo clero no parlamento brasileiro, ao
longo do século XIX, fica claro que o maior
ou menor controle do processo eleitoral por
parte do clero significou, em certa medida,
maior ou menos possibilidade de vitória dos
sacerdotes nas eleições gerais. O último fator
de explicação passa por questões internas à
igreja católica. Ao longo do século XIX, foi
ocorrendo uma progressiva inversão dos
valores religiosos predominantes no interior
do clero brasileiro. Os conservadores que,
a princípio, encontravam-se em minoria,
foram ganhando força dentro da Igreja
no Brasil, acompanhando o movimento
internacional de Romanização das Igrejas
católicas, encabeçado pelo papa Pio IX.
Como consequência, tem-se o progressivo
afastamento dos padres dos espaços oficiais
de poder do Estado. O clero, agora, volta-
se para as questões internas da Igreja,
para o fortalecimento da instituição, para
a melhor formação de seus membros, e,
principalmente, para a luta em prol da
ortodoxia católica. Envolvendo-se menos
com as questões políticas seculares,
embora nunca as tenham abandonado
completamente, o clero brasileiro foi,
cada vez mais, afastando-se da tribuna
parlamentar (SOUZA, 2008, p.136-37).

Com os padres de Limoeiro ocorreu o mesmo destino.


O último a enveredar pela política alagoana para representar
a povoação foi justamente o padre Francisco Vital da Silva,

100 Gilberto Barbosa Filho


que juntamente com outros membros da localidade, como os
capitães Ursulino Barbosa da Silva e Antônio Ignácio da Silva, o
comerciante Roberto Francisco da Silva e os fazendeiros Cândido
Barbosa, Alexandrino Barbosa da Silva e Antônio Barbosa da
Silva, todos parentes entre si, passaram a medir força com os
políticos de Anadia, a fim de emancipar o distrito de Limoeiro, o
que só ocorreria no final do século XIX. Ou seja, pouco a pouco, a
figura do vigário foi perdendo a força de representar politicamente
o seu ―rebanho‖, perdendo espaço para fazendeiros, coronéis e
comerciantes.
Aos 18 de agosto de 1860, o decreto n°. 1.08216, instituiu que
cada colégio eleitoral passasse a ter um número igual à metade dos
candidatos eleitos para os respectivos cargos da província. Anadia
e Limoeiro formavam um colégio, um com 69 eleitores e o outro
com 42, respectivamente. Os eleitores de Limoeiro e os de Anadia
se reuniam para o exercício do voto na vila de Anadia. Esse foi o
sistema até a emancipação política de Limoeiro (ALMANAK DA
PROVÍNCIA DAS ALAGOAS, 1880; ESPÍNDOLA, 2001).
Nos chama a atenção a quantidade de eleitores da povoação
de Limoeiro, com um número bem próximo dos da grande Vila
de Anadia, que abrangia outras povoações que, no futuro, se
tornariam cidades, o que demonstra mais uma vez a força política
de seus líderes e a importância estratégica de sua localização, por
representar os lugarejos circunvizinhos, como Arapiraca, Brejo,
Cana Brava e Coité.
Segundo a Falla do presidente da Província de Alagoas,
Manoel Pinto de Souza Dantas,

o município de Anadia (central)


comprehende a Villa do mesmo nome
com uma escola para o sexo masculino
e outra para o feminino, as povoações
16
Esse mesmo Decreto instituiu a divisão da Província em apenas dois distritos
eleitorais, tendo como sedes Maceió e Penedo (ESPÍNDOLA, 2001).

Crônicas de Limoeiro 101


de Limoeiro, Junqueiro, Tanque d‘arca,
Pindoba, tendo cada uma dellas uma
escola de meninos, e o Mar – Vermelho,
a população de todo o município calcula-
se em 13.670 habitantes, tem 14 pequenos
engenhos de fabricar assucar (DANTAS,
1860, p.43).

Na tentativa de se desprender cada vez mais de Anadia,


líderes locais passaram a lutar pela criação de sua freguesia17. O
grande incentivador desse processo foi o padre Pedro Vital da
Silva, responsável pela capela de Nossa Senhora da Conceição do
Limoeiro e membro da família fundadora do povoado.
Finalmente, por ato da Assembleia provincial foi criada
a Freguesia Eclesiástica de Limoeiro, por meio da Lei nº 456,
sendo sancionada no dia 26 de junho de 1865, pelo presidente da
Província alagoana, João Baptista Gonçalves Campos,

Art. 1.º Fica creada a freguesia de Nossa


Senhora da Conceição da povoação do
Limoeiro, desmembrada da de Nossa Senhora
da Piedade da villa de Anadia.
Art. 2º esta freguesia terá por limites os da
subdelegacia do Limoeiro, cujo districto de
paz fica restabelecido (BRASIL, 1860/1867, p.
587).

A partir daí, a localidade passou a ter autonomia religiosa e


certa autonomia política. As eleições passaram a ser realizadas na
Igreja Matriz, e opróprio padre local ditava as ordens para a população,
já que ele mesmo exercia as funções de juiz, prefeito e advogado, um
verdadeiro administrador, mesmo sem as prerrogativas legais. Faziam

17
Freguesia é o nome que tinha em Portugal e no Império Português, as menores
divisões administrativas. No Brasil, as províncias eram divididas em municípios
que, por sua vez, eram divididos em freguesias, que correspondiam às paróquias
atuais, mas com maior força política.

102 Gilberto Barbosa Filho


parte da Freguesia de Limoeiro as povoações de ―Limoeiro, Junqueiro,
Cana Brava (Taquarana), Retiro, Lagôa dos Viados (Canaã), e Lagôa
do Rancho (JOBIM, 1881, p.40)‖.
Com isso, Limoeiro passou a ser a sede religiosa e política
de boa parte da atual Microrregião de Arapiraca, passando a
representar essas povoações perante a administração da vila
de Anadia, a quem todas as localidades, inclusive Limoeiro,
eram subordinadas à época. Os seus limites foram divididos da
seguinte forma:

ao norte com a freguesia de Anadia pela


estrada da Palmeira desde o sítio Caroá
até encontrar-se com o Jequiazinho com 5
léguas de longitude; ao sul com a freguesia do
Penedo com 3 e com a do Colégio com 3; ao
nascente com a de Coruripe com 8, com a de
São Miguel com 5 e com a de Anadia com 5;
e ao poente com a da Palmeira pelo riacho do
Lunga com 6 (ESPÍNDOLA, 2001, p.119-20).

Com a criação da Freguesia Eclesiástica, a capela passou


a ser Igreja Matriz. À época, tinha quatro capelas filiais: duas em
Junqueiro, uma no centro, sob a invocação da Divina Pastora, e a
outra no cemitério local, sob a invocação do mártir São Sebastião;
a terceira em Cana Brava, sob a invocação de Santa Cruz e por fim
a do sítio Brejo, sem orago. Tinha mais cinco capelas particulares,
das quais somente duas estavam providas de ornamentos para a
celebração da missa (ESPÍNDOLA, 2001).
Em 1871 os líderes locais se organizaram para dar início
às obras do cemitério de Limoeiro, visto que até aquele momento
a população pobre e desvalida não tinha onde enterrar seus
mortos, a não ser nas matas e nas beiras de estradas da região,
pois somente os familiares dos fazendeiros que possuíam em suas
propriedades capelas, ou mesmo igrejas, podiam ser sepultados
no interior delas. Sobre isso, Tenório corrobora:

Crônicas de Limoeiro 103


as igrejas também eram usadas como
cemitérios pelas famílias senhoriais. Nas
paredes e pisos eram sepultados e as lápides
indicavam os sobrenomes ilustres, detentores
de benesses em vida e que ao morrer, ficavam
mais próximos das legações celestes na Terra
(TENÓRIO, 2006, p.26).

Sobre esse costume, há o exemplo da igreja de Anadia. De


acordo com o Presidente da Província de Alagoas, José Bento da
Cunha Figueiredo Júnior,

é triste e deplorável o seu estado, devido


aos enterramentos que se fazem dentro do
seu recinto. O respectivo parocho indica as
seguintes obras: - concerto da capella mor,
da sacristia e de todo o corpo da igreja que
está imundo (FIGUEIREDO JÚNIOR, 1868,
p.10).

A realidade da igreja de Limoeiro não era diferente, já que


em seu interior foram sepultados parte da família do fundador18.
O enterramento no altar era uma prática usada pelos católicos
para estarem mais próximos aos santos e, consequentemente de
Deus. Era visto como uma forma do morto estar mais próximo do
céu. Esse costume permaneceu até o século XIX.
Para solucionar o problema da falta de um cemitério
público que pudesse ser usado por toda a população, no dia 16
de janeiro de 1871 o vigário Jacinto Francisco de Oliveira com
sua autorizada palavra, moveu o povo a arrancar e conduzir toda
pedra necessária, dando assim, princípio aos alicerces. De acordo
com o relatório do Presidente da Província de Alagoas, José Bento
18
Inclusive o próprio Romão Gomes, neto de Antônio Rodrigues e membro da
comissão, que viria a ser sepultado dentro da igreja, em fins de 1872. O padre Pedro
Vital, depois de ser sepultado no cemitério do sítio Brejo, devido a sua importância
na criação da Freguesia Eclesiástica, teve os seus mortais trazidos e colocados
próximo do altar da Matriz de Limoeiro, onde tem uma lápide preservada até hoje.

104 Gilberto Barbosa Filho


da Cunha Figueiredo Júnior, a comissão responsável pela obra do
respectivo cemitério composta pelos cidadãos Jacinto Francisco
de Oliveira (vigário), Antônio Ignácio da Silva e Romão Gomes
de Araújo e Silva solicitava a ajuda do cofre provincial para a
continuação do cemitério começado por esforços particulares e,
sobretudo por esmolas promovidas pelo pároco.

em 20 de março próximo findo, informa a


referida commissão que com 380$000 rs.,
producto da subscrição promovida, e com o
trabalho gratuito do povo, se conseguiu não só
fazer o alicerce com 5 palmos de profundidade
na extensão de 145 de comprimento e 122
de largura, como elevar as muralhas a três
palmos de altura.

A 1a pedra collocou-se a 16 de janeiro, e desde


então, graças á piedade dos habitantes, tem
sido carregada muita areia e material preciso.
Falta porém a cal e alguma quantia para a
mão d‘obra, e por esse motivo o trabalho ficou
sobr‘estado (FIGUEIREDO JR., 1871, p.17).

Diante de tal pedido, o presidente da província de Alagoas,


José Bento da Cunha Figueiredo Júnior, liberou no dia 3 de maio de
1871, por meio da lei nº 573, para a respectiva comissão a quantia
de 1.000$000 (um conto de réis)19, para o término das obras de
construção do cemitério. No entanto, mesmo com a liberação da
verba, a construção do cemitério parece não ter sido concluída,
pois verificamos que, treze anos depois dessa liberação, a câmara
de vereadores de Limoeiro fazia um pedido para que, o então
presidente da Província, José Moreira Alves da Silva, mandasse
concluir as obras do citado cemitério (FIGUEIREDO JÚNIOR,
1871; e SILVA, 1887, apud FALLAS).
19
Conto de réis é uma expressão adotada no Brasil e em Portugal para indicar um
milhão de réis.

Crônicas de Limoeiro 105


Em 1872 o povoado de Limoeiro contava com 60 casas
(RAFAEL, 1994). Nesse mesmo ano, houve a realização do
primeiro censo no Brasil, feito pela Diretoria Geral de Estatística
(DGE), órgão criado pelo Império, que tinha como objetivo
proporcionar um levantamento nacional que refletisse o retrato
do povo brasileiro. Segundo os dados colhidos, os números da
Freguesia Eclesiástica de Limoeiro, que compreendia várias
povoações, eram os seguintes:

Tabela 2. População da Freguesia de Limoeiro em 1872


Condição Raça Gênero/População Total
Livre Branco Masc: 1.398/Fem: 1.314 8.979
Pardo Masc: 2.997/Fem: 2.970
Preto Masculino: 121/Fem: 114
Caboclo Masculino: 26/Fem: 39
Escravo Preto Masc: 275/Fem: 225 859
Pardo Masc: 165/Fem: 194
População absoluta 9.838
Fonte: BRASIL. Recenseamento do Brasil em 1872. Rio de Janeiro. Disponível
em: http://biblioteca.ibge.gov.br.

Tabela 3. Nacionalidade da população de Limoeiro em 1872


Condição Nacionalidade Gênero/Pop. Total
Livre Brasileira Estrang. Masc.: 4.542 8.979
8.964 15 Fem.: 4.437
Escravo Brasileira Estrang. Masc: 440 859
806 53 Fem: 419
População absoluta 9.838
Fonte: BRASIL. Recenseamento do Brasil em 1872. Rio de Janeiro. Disponível
em: http://biblioteca.ibge.gov.br.

O quadro da tabela 3 apresenta, entre outros dados,


números que comprovam a alta taxa de natalidade de escravos
nascidos no Brasil. Tal situação é explicada pela diminuição ou
proibição do tráfico de escravos, o que fez os senhores incentivarem

106 Gilberto Barbosa Filho


a procriação em suas fazendas, mesmo que para isso, seus escravos
tivessem que fazer uso de atos de poligamia.
No final do século XIX, a economia da região se expandiu
ainda mais. Em 1875 foram exibidas na Exposição Nacional
Brasileira ―amostras de fumo, em rolo, oriundas de Limoeiro,
município de Anadia (ZALUAR apud NARDI, 2010, p.45)‖. Tal
fato comprova a qualidade do produto e a sua influência positiva
para o comércio de Limoeiro. Em 1881, Nicodemos Moreira
Jobim, em sua História de Anadia corrobora e sinaliza para a
existência de plantações de mandioca, algodão e fumo de boa
qualidade, em Limoeiro (JOBIM, 1881).
Aproveitando-se de sua situação econômica, os políticos
de Limoeiro se prepararam para o inicio dos trâmites da
campanha de emancipação. Desde então, Limoeiro possuía
força política – era um distrito e freguesia – uma economia
relativamente forte, um vasto território e uma população
suficiente para conseguir o seu desprendimento total da vila de
Anadia. Entretanto, um duro golpe aconteceu nesse percurso.
Devido interesses políticos de Junqueiro, foi apresentado à
Assembleia um projeto de lei, que foi votado e confirmado,
transferindo a sede da Freguesia de Limoeiro para ―o primeiro
destes povoados (o Junqueiro) transferio a Res. n 812 de 21 de
junho de 1879 a séde da freguezia do Limoeiro (Almanak do
Estado de Alagoas, 1891, p.426)‖. No entanto, a transferência
foi revogada pela lei que criou a Vila de Limoeiro.

mas tendo o Governador do Bispado recusado


sua approvação canonica á essa transferencia,
não teve ella lugar e foi implicitamente
revogada pela lei que creou a villa (Almanak
do Estado de Alagoas, 1891, p.426).

Crônicas de Limoeiro 107


Figura 17. Fac-símile do documento de criação da Freguesia Eclesiástica
de Limoeiro, criada pela Lei Nº 456, de 26 de junho de 1865.

Fonte: Leis Provinciais das Alagoas, Vol. 4, 1860-1867.


CAPÍTULO III

A Aquisição dos Direitos Civis


e a Evolução Histórica
de Limoeiro de Anadia
A Emancipação Política

Em Limoeiro, a população era formada basicamente


de pessoas com hábitos simples, que encontravam na lida da
terra a sua subsistência, a sua força de viver. Também existiam
homens abastados, fazendeiros respeitados, coronéis e senhores
de engenho, que mandavam na região, fazendo uso da força para
aplicar suas leis sobre os menos favorecidos, assumindo um papel
de destaque no contexto político-social do povoado, e no processo
embrionário para a emancipação política de Limoeiro.
Com o surgimento desses políticos, o sistema sofreu
profundas mudanças. A articulação político-religiosa dos padres
deu lugar ao uso da força e da influência dos coronéis sobre os
demais membros da sociedade. Com os coronéis patenteados20 ou
da terra, ou seja, aqueles que faziam o papel de coronel mesmo
sem possuir a patente, surgiram os termos ―coronelismo‖, ―curral
eleitoral‖ e ―voto de cabresto‖, pois a maior parte do eleitorado rural,
que era a maioria do eleitorado da localidade, era completamente
analfabeta e ignorante, dependente dos fazendeiros que usavam
seu poderio de influência para ―orientá-los‖ acerca da política
(LEAL, 1997).
Mesmo não querendo notar a importância dos menos
favorecidos no desenvolvimento de todas as esferas da sociedade,
20
Com a criação da Guarda Nacional em 1831. Só poderia participar os brasileiros
com idade entre 21 e 60 anos e renda mínima anual de 200 mil réis nas quatro
maiores cidades e de 100 mil réis no resto do país. O governo entregou nas mãos dos
fazendeiros patentes. O fazendeiro mais rico recebia a patente mais alta, a de coronel
da Guarda Nacional, Cada fazendeiro coronel organizava um destacamento em sua
região, com recursos próprios, ganhando com isso enorme poder local. A Guarda
Nacional durou até 1922.
os potentados precisavam de sua mão de obra para fazer crescer
suas riquezas. Dessa forma, sem perceber isso e talvez sem ter
a devida condição de se libertar de tal realidade, a população
pobre não se desvencilhava das garras de seu opressor social.
Entretanto, o trabalhador braçal, que labutou nas fazendas, nos
engenhos e nas lavouras, contribuindo para que, cada vez mais, os
seus patrões se tornassem ricos e respeitados, também almejavam
participar da criação de um novo município, talvez na esperança
de ver surgir novas leis que pudessem lhes assegurar direitos até
então inexistentes em seu cotidiano.
Sendo assim, tanto os políticos tradicionais, quanto
os trabalhadores braçais contribuíram para que houvesse um
sentimento de libertação política e administrativa de Limoeiro
de sua cidade-mãe, Anadia. Afinal, sem o clamor popular ficava
difícil qualquer tipo de tentativa de desprendimento político.
Devido à importância econômica e política que o
Distrito e a Freguesia de Limoeiro representavam para a
Província alagoana, logo a população passou a se organizar
para conseguir a sua emancipação. Nas palavras de Espíndola
há sinais claros da importância estratégica da localização
do distrito de Limoeiro, que escoava parte da produção do
município de Anadia, por isso, desde 1871 já era necessário
fazer uma via férrea ligando o povoado Pontal, em Coruripe, à
vila da Palmeira, passando por Limoeiro.

Para isso seria necessário, entre outras coisas,


estabelecer uma estação no lugar Canto, para
onde concorreriam os produtos do importante
distrito do Limoeiro, e de parte dos de Anadia,
São Miguel, Traipú e Colégio, que ficam
vizinhos; uma outra em Cana-brava, onde
vai ter a estrada do Furado, a qual vem de
São Miguel dos Campos, e para onde seriam
atraídos os produtos do Coité, Brejo, Volta da
Folha, Oitizeiro, Poções e outras localidades

112 Gilberto Barbosa Filho


pertencentes ao município de Anadia e Colégio
(ESPÍNDOLA, 2001, p.177-78).

No entanto, a linha férrea acabou não sendo construída,


devido à demora de expansão das ferrovias para o interior do
Estado. Sidnei dos Santos Silva, corroborando conosco, diz que
a linha férrea somente chegou à região agreste a partir de 1912
e, diante de outras pesquisas, verificamos que Limoeiro não foi
assistida com essa obra (SILVA, 2010).
O fator político, aliado aos fatores econômico e religioso
foi preponderante para Limoeiro alcançar destaque na província e
pleitear sua emancipação, já que, pela força política e religiosa, era a
representante de várias outras localidades que à época pertenciam
a sua freguesia eclesiástica e que também eram importantes
núcleos econômicos. Inclusive, a povoação de Limoeiro já era
incluída nas cartas topográficas da Província de Alagoas de 1862 e
1874, e isso já demonstra sua importância.
No aspecto político, Limoeiro sempre teve líderes que
ajudaram a elevar o respeito pelo lugarejo: Romão Gomes de
Araújo e Silva, José Gregório da Silva e os padres José da Maia
Mello, João Luís da Silva Reis, Pedro e Francisco Vital da Silva,
foram àqueles que lançaram as bases para um futuro projeto pró-
emancipação.
Depois surgiu outra importante geração de políticos, que
gozavam de certos privilégios na Vila de Anadia: o major Luiz
Carlos de Souza Barbosa, coronel Cândido Barbosa da Silva,
e os capitães Alexandrino Barbosa da Silva, José Joaquim da
Costa e Silva, Ursulino Barbosa da Silva, Roberto Francisco da
Silva e André Umbelino de Almeida, morador de Junqueiro, que,
juntamente com os deputados provinciais oriundos de Limoeiro
Francisco Vital da Silva e Antônio Ignácio da Silva, se lançaram
na campanha de emancipação, na difícil tarefa de viajar para a
capital alagoana para acompanhar os trâmites do processo.

Crônicas de Limoeiro 113


Ao se desprender politicamente de Anadia, Limoeiro se
tornaria, no futuro, o centro administrativo de um vasto território.
Os primeiros passos já haviam sido dados desde quando houve
a criação do Distrito Policial e da Freguesia Eclesiástica, fatores
primordiais para Limoeiro alçar voos maiores em direção ao
desprendimento político.
Em relação aos critérios para criar uma vila naquele período
nada consta em termos legais, ou seja, nem na constituição de
1824 nem nos Atos Adicionais existia qualquer tipo de regra mais
clara para emancipar um município no Brasil. Segundo o Ato
Adicional de 12 de agosto de 1834, em seu artigo 10º, ―compete
às mesmas Assembléias Legislativas legislar: §1º Sobre a divisão
civil, judiciária e eclesiástica da respectiva Província, e mesmo
sobre a mudança da sua Capital para o lugar que mais convier
(ALVES, 2011, p.08)‖. Entretanto, não há nele especificações
sobre que critérios os deputados provinciais deviam se pautar
para que uma localidade se tornasse apta a ser uma nova vila.
Dessa forma, a decisão de emancipar ou não um município era de
responsabilidade do legislativo e posteriormente do executivo de
cada província. Alves afirma que

coube sempre aos deputados elaborarem o


projeto de emancipação de uma localidade
e ao presidente da província/governador
sancionar a lei. Inclusive, sendo o processo de
formação de uma lei o mesmo no Império e
na República, iniciando no poder legislativo
e encaminhado para a aprovação do poder
executivo (ALVES, 2011, p.14).

Alves afirma ainda que ―durante o Império, não foram


encontradas as regras para se emancipar localidades (Idem)‖. Os
critérios definitivos para as emancipações municipais surgiram
somente a partir da Constituição de 1892. No entanto, mesmo
não tendo regras especificas para emancipar e criar uma vila, era

114 Gilberto Barbosa Filho


necessário que houvesse o mínimo de edificações a fim de atender,
mesmo que de forma básica, a administração pública.
Segundo Nicodemos Jobim, o Projeto de Lei para a
emancipação de Limoeiro foi apresentado na Assembleia
Provincial, no dia 14 de junho de 1880 (JOBIM, 1881). A partir
daí, começaram os trâmites legais para a emancipação.
Finalmente, no dia 31 de maio de 1882, o vice-presidente
da Província em exercício, Dr. Cândido Augusto Pereira Franco,
sancionou a Lei nº 866, emancipando Limoeiro e elevando a sua
Freguesia à categoria de Vila21, sendo instalada somente em 7 de
janeiro de 188322. A emancipação foi devidamente registrada no
livro das Leis e Resoluções da Assembleia Legislativa das Alagoas,
de 1882,

Art. 2º. Ficam elevadas as categorias de Vilas


com suas actuais divisas as freguesias de
Nossa Senhora da Conceição do Limoeiro,
comarca de Anadia e a de São Francisco da
Borja de Piassabussú, comarca de Penedo.
Art. 3º. Ficam creados nas villas do Limoeiro
e Piassabussú os officios de primeiro tabellião
que accumulará os de escrivão do crime, cível
capelas e resíduos, segundo tabelião que será
escrivão do Jury e execuções e um contador
que será também distribuidor (BRASIL,
1882, p.4).

De acordo com a Lei nº 927, de 10 de julho de 1883, os limites


da recém-criada vila de Limoeiro ficaram da seguinte forma:

Artigo 1º. O termo da vila do Limoeiro


limitar-se-há com o de Porto Real do Collegio
e o de Traipú por uma divisória que, partindo
do sítio Cangandú suba pelo riacho Perocaba
21
Denominação dada as cidade brasileiras até a Proclamação da República.
22
Leis e Resoluções da Assembleia Legislativa das Alagoas, 1883/1885.

Crônicas de Limoeiro 115


até as suas nascenças, na Lagôa Grande do
Jatobá; dahi seguirá pela estrada da Cupira até
este sítio e continuará pela estrada que vai da
Cupira para as Carahibas de Manoel Nunes
até a Lagôa Encantada, a limitar com o termo
da Palmeira dos Indios; ficando para o termo
de Limoeiro os sítios Arapiraca, Veados e
outros comprehendidos na referida linha
divisória (BRASIL, 1883, p. 32-33).23

O ato de criação das duas vilas por força de uma mesma


lei parece demonstrar que foi uma atitude do legislativo, a fim de
atender o que lhes representaram ou requereram os moradores das
duas freguesias à época. Alves, com base no Ato Adicional nº 16 de
1834, e nos artigos 13, 15 e 19, corrobora conosco ao dizer que

as Leis e Resoluções das Assembléias


Legislativas Provinciais serão enviadas
diretamente ao Presidente da Província, a
quem compete sancioná-la. E Art. 15, se o
Presidente negar a sanção, volte a Assembléia
Legislativa Provincial, expondo debaixo de
sua assinatura as razões em que se fundou,
sendo o projeto submetido a nova discussão;
e se adotado tal qual, ou modificado no
sentido das razões pelo Presidente alegadas,
por dois terços dos votos dos membros da
Assembléia, será reenviada ao Presidente
da Província, que o sancionará. Se não for
adotado, não poderá ser novamente proposta
na mesma sessão. E Art. 19, o Presidente dará
ou negará a sanção, no prazo de 10 dias e não
o fazendo ficará entendida que a deu (ALVES,
2010, p.09).
23
Segundo o Art. 2º da mesma lei, a divisão eclesiástica da freguesia de Nossa Senhora
da Conceição do Limoeiro com a de Nossa Senhora da Conceição do Porto Real
do Colégio, e de Nossa Senhora do Ó do Traipu seria a mesma traçada na parte
civil, ou seja, dos limites da Vila, ficando dependente da aprovação canônica do
Reverendíssimo Prelado Diocesano (IDEM).

116 Gilberto Barbosa Filho


Para a efetivação e instalação da nova vila deveria ser
cumprida uma série de requisitos. Segundo Alves,

o Decreto (de origem do Poder Executivo


– Regência) de 13 de novembro de 1832
prescreveu a maneira de se efetivar a criação
de uma vila, que deveria ter o decreto de
sua criação, a designação dos limites de seu
termo, isto posto à Câmara Municipal a qual
pertencia o local da nova vila e esta ordenará
aos juízes de Paz que procedam à eleição dos
vereadores e realizada as eleições designará
uma data para o ―auto de instalação‖ e
juramento e posse dos novos vereadores
com a presença do Presidente da Câmara
Municipal e Secretário da ―vila mãe‖ (ALVES,
2010, p.08).

Ou seja, criada a nova Vila por meio de lei, agora


era necessário construir um prédio para servir de sede
administrativa, e realizar as eleições para a escolha de seus
administradores, geralmente com um número em torno de
seis vereadores, e dos Juízes de Paz e/ou Distrital, em torno
de quatro, sendo um efetivo e os demais suplentes. O sobrado
do capitão Romão Gomes, que já era utilizado como delegacia
e escola, foi a edificação escolhida para funcionar a Casa da
Câmara e, anos depois, a Intendência.
O sistema que regia a política brasileira, quando da
emancipação política de Limoeiro, era a Constituição Politica
do Império do Brazil de 1824. Segundo ela, a Câmara Municipal
seria responsável pela administração do município, exercendo
os poderes executivo e legislativo24.

Art. 167. Em todas as Cidades, e Villas ora


existentes, e nas mais, que para o futuro se
24
Esse modelo administrativo vigorou até 1889, com a Proclamação da República.

Crônicas de Limoeiro 117


crearem haverá Camaras, ás quaes compete o
Governo economico, e municipal das mesmas
Cidades, e Villas.

Art. 168. As Camaras serão electivas, e


compostas do numero de Vereadores, que a
Lei designar, e o que obtiver maior numero de
votos, será Presidente. (BRASIL, 1824).

Sendo assim, o vereador mais votado assumia


automaticamente as funções de presidente da Câmara e de chefe
do executivo, pois não havia ainda naquele período a função de
intendente ou de prefeito. Dessa forma, ele acumulava as duas
funções, legislando as leis como vereador e administrando o
município como membro presidente daquele órgão (BARROS,
2005). E assim foi feito, provavelmente ainda em 1882 foi realizada
a eleição para a Câmara Municipal de Limoeiro, contando, no
entanto, com a presença do presidente da Câmara e do secretário
da Vila de Anadia, vila mãe de Limoeiro.
Com base no Almanak das Províncias do Império do
Brazil, edição de 1883, a primeira legislatura da Câmara de
Limoeiro foi composta dos seguintes vereadores:

Coronel Cândido Barbosa da Silva, José


Joaquim da Costa Silva (abandonou as funções
em 1884 para assumir o cargo de Agente de
Rendas provinciais, sendo feita uma nova
eleição no dia 1º de agosto para ocupar o seu
lugar, na qual foi eleito o Tenente Nicolau
Tolentino da Silva Reis), Antônio Ovídio da
Silva, José do Carmo Silva, José Martiniano da
Silva, José Dionyzio da Costa, Pedro Antônio
da Silva (ALMANAK DAS PROVÍNCIAS DO
IMPÉRIO DO BRAZIL, 1883, p. 98).25
25
Naquele período, o cargo de conselheiro ou de vereador não era remunerado. Isso
talvez explique o fato de José Joaquim da Costa Silva ter abandonado esse cargo para
ocupar o de agente de rendas.

118 Gilberto Barbosa Filho


O coronel Cândido Barbosa foi o vereador mais bem
votado, e passou a exercer a dupla função de vereador e de
administrador do novo município, exercendo esse poder até o
advento da República.
Uma das ―vantagens‖ conquistadas com a criação da Vila
foi o apoio financeiro do governo para as obras de conclusão do
cemitério público da sede municipal, que se arrastava há uma
década. A verba de seiscentos mil reis foi liberada mediante a
Lei nº 888, § 1º, sancionada pelo vice-presidente da província
de Alagoas aos 30 de junho de 1882 (LEIS E RESOLUÇÕES DA
ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DAS ALAGOAS, 1882).
Sobre a instalação da Vila e da Câmara de Limoeiro, o
relatório do Presidente da Província de Alagoas, Joaquim Tavares
de Mello Barreto cita que:

tendo sido installada com posse da respectiva


Camara Municipal no dia 8 de janeiro do
corrente anno, a villa do Limoeiro, elevada á
(ilegível) pela lei Provincial n. 866 de 31 de
Maio de 1882, e sendo appurados 133 (votos
?) Juizes de Paz e 37 supplentes pelo Dr. Juiz
de Direito da comarca, resolvi, na forma
da lei, crear naquelle termo Foro civil com
conselho de jurados (BARRETO, 1883, p.10).

Infelizmente, devido a má conservação dos arquivos do


Cartório do Único Ofício e da Prefeitura de Limoeiro, os livros
referentes ao ano da emancipação política se perderam, o que
prejudica o entendimento do processo que culminou com a
criação da vila de Limoeiro.
Vale ressaltar que, segundo as leis brasileiras pouquíssimas
pessoas tinham direito ao voto, principalmente aqueles que não
tinham posses. Segundo a Constituição de 1824, eram proibidos
de votar os que não tivessem renda liquida anual de duzentos mil

Crônicas de Limoeiro 119


réis por bens de raiz (terra), indústria, comércio, ou emprego; os
criminosos; os escravos; os menores de 25 anos, no entanto, se
fossem oficiais militares ou casados podiam votar com 21 anos;
os estrangeiros naturalizados e os que não professassem a religião
do Estado, ou seja, a católica. Era o chamado voto censitário, ou
seja, a concessão do direito do voto apenas àqueles cidadãos que
atendessem certos critérios que provêm condição econômica
satisfatória, daí implicitamente eram excluídos do processo
as mulheres e os analfabetos, que não sabiam assinar a Cédula
Eleitoral (BRASIL, 1824).
O Decreto imperial Nº 3.029, de 9 de janeiro de 1881,
por meio de seu Art. 2º, continuou afastando boa parte da
população brasileira das eleições, excluindo, entre outros, os que
não tivessem ―renda liquida annual não inferior a 200$ (duzentos
contos de reis) por bens de raiz (terra), industria, commercio
ou emprego (BRASIL, 1881)‖. Esse item afastava a classe menos
favorecida economicamente do processo eleitoral, restringindo
essa participação às elites rural e urbana. Outro decreto imperial, o
de nº 3.122, de 7 de outubro de 1882, alterou algumas disposições
da lei anterior, facilitando um pouco mais o alistamento, o que
resultou num pequeno aumento do número de eleitores nas
províncias.
Segundo o livro de notas nº 3, do Cartório do Único Ofício
de Limoeiro, o número de eleitores em 1883 era de 62, ou seja,
houve um salto em relação ao número de pessoas aptas a votar,
que em 1860 era de somente 42 eleitores. Em 1884, Limoeiro já
contava com 97 eleitores (SALES apud FALLAS, 1884).
No que diz respeito às eleições, era de responsabilidade
das ―Juntas das Paróquias‖ organizarem meios para verificar a
qualificação dos eleitores aptos a votar, já que nem toda a população
tinha esse direito. Essas juntas eram compostas basicamente pelo
padre e por alguns membros ricos da sociedade local. O Juiz de
Paz era quem presidia as eleições.

120 Gilberto Barbosa Filho


A família Barbosa, descendentes de Antônio Rodrigues
e co-fundadores de Limoeiro, que teve participação decisiva
no processo de emancipação, passou a dominar os destinos da
política local, concentrando o poder e centralizando as decisões
políticas, o que dificultou o advento de outras lideranças na recém
criada vila. O primeiro a assumir a administração municipal
foi o coronel Cândido Barbosa, eleito várias vezes presidente da
Câmara. Depois foi a vez do major Luiz Carlos de Souza Barbosa
e do capitão Ursulino Barbosa, com o advento das intendências.
Alheio a todas essas mudanças, o povo simples e pobre
permaneceu trabalhando para os ricos, sem perspectiva de
melhoria de vida, e o que é pior: não tinham direito a quase nada.
Ao longo dos tempos, poucos tiveram a oportunidade e a força para
conquistar algo melhor e progredir na vida, pois a concentração
das riquezas continuou a fincar suas raízes nos descendentes dos
mesmos potentados de outrora.
Quando foi criado o município de Limoeiro de Anadia, a
vila contava apenas com um logradouro público que corresponde
hoje com a entrada da cidade, pela Rua Alto do Cruzeiro, até a
saída pela Rua 31 de Maio, passando pelo atual cemitério, o que
demonstra que não fugindo as características das vilas do período
colonial, ainda tinha aspecto de um povoado. À noite os jovens
se juntavam aos mais velhos para ouvirem estórias, sentados as
calçadas enquanto outras pessoas iam à igreja rezar.
Em 1883 foi criado o oficio de escrivão de órfãos em
anexo ao primeiro tabelionato, pela Lei nº 900, § 1º, de 14 de
junho. Ainda em 1883, aos dezenove de abril, foi criada a ―filial‖
da agência de rendas provinciais em Limoeiro, sendo instalada
aos dois de janeiro do ano seguinte. Para as funções de agente de
rendas e escrivão, o presidente da Província nomeou José Joaquim
da Costa e Silva e Ricardo da Silva Morais, respectivamente. A
função da agência era de coletar os impostos sobre produtos e
alimentos comercializados na região.

Crônicas de Limoeiro 121


Figura 18. Fac-símile da Lei Nº 866, de 31 de maio de 1882, que
emancipou Limoeiro do Município de Anadia.

Fonte: Leis e Resoluções da Assembleia Legislativa das Alagoas


Promulgadas no Ano de 1882.

122 Gilberto Barbosa Filho


Figura 19. Sobrado do capitão Romão Gomes de Araújo e Silva. Sede
do Conselho, da Intendência Municipal e, posteriormente, sede da
primeira prefeitura de Limoeiro de Anadia.

Fonte: Golbery Lessa, década de 1930.

Crônicas de Limoeiro 123


Figura 20. Tenente Coronel Cândido Barbosa da Silva. Comandante
do Estado Maior do 32º Batalhão de Infantaria da Guarda Nacional,
em Limoeiro. Como Presidente do Conselho da Câmara Municipal,
exerceu a dupla função de vereador e de 1º administrador do município
de Limoeiro de Anadia, até o advento da República. Fundador do
Povoado Genipapo. Também foi comerciante, subdelegado, inspetor
escolar, fazendeiro, e prefeito de Limoeiro de Anadia.

Fonte: arquivo da Família.

124 Gilberto Barbosa Filho


O Alvorecer da República
A Evolução Histórica de Limoeiro de Anadia

Sabemos que as três Histórias, a dos índios, negros e


dos brancos, fazem parte de um mesmo desenvolvimento que,
aos poucos foram desaparecendo a parte histórica do elo mais
fraco político e economicamente e sobressaindo-se, os grupos
econômicos que ora se organizavam inclusive na documentação
e no imaginário popular.
Nesse cenário, famílias abastadas se sobressaíram e
aparecem com destaque nos anais da história local, com destaque
para as famílias Barbosa e Vital, as mais antigas de Limoeiro, e
co-fundadores de povoações, como: Limoeiro, Brejo, Genipapo,
Seu Soubera, Benedicto e Olho D‘água do Luiz Carlos. As famílias
Galdino, Cavalcante, França, Teófilo, Castro Lemos e os Ferreira
e Albuquerque, que durante vários anos substituíram os Barbosa
no domínio da política local, também contribuíram para o
desenvolvimento do município.
Com a autonomia política conquistada, Limoeiro passou
a criar suas próprias leis, a administrar o seu território, organizar
suas eleições, e indicar seus próprios candidatos para a Assembleia
Legislativa alagoana de maneira autônoma. Nesse contexto, a
Câmara municipal e seus vereadores teve papel importante no
desenvolvimento do novo município.
No Império, as Câmaras municipais exerciam o duplo papel
de Poder Legislativo e de Poder Executivo. Tal situação só mudou
a partir da Proclamação da República, quando passou a vigorar
nos municípios um novo modelo administrativo, o Conselho de
Intendência, com a divisão dos poderes, onde o Poder Legislativo
era exercido pelos conselheiros ou vereadores e o Poder Executivo
pelo intendente ou prefeito, eleitos pelo voto.
Em Alagoas não foi diferente. Em seu relatório dirigido à
Assembleia, o governador Pedro Paulino da Fonseca anunciava a
extinção das Câmaras municipais do Estado26, substituindo-as pelos
Conselhos de Intendência em todos os municípios de Alagoas,

a fim de exercerem o poder municipal até a


definitiva constituição do Estado. Compuz
esses conselhos com sete membros no
município da capital e cinco nos demais
municípios (FONSECA, 1890, p.10).

De acordo com o Jornal Orbe, de 29 de janeiro de 1890,


seguindo o novo modelo administrativo, o governador fez a
seguinte nomeação:

Intendente—Luiz Carlos de Souza Barbosa.


Membros do conselho—Jeremias Francisco
de Souza Lobo, Manuel Joaquim da Costa
Zó, Manoel Antonio Pereira Guimarães,
Domingos das Chagas Silva (Jornal Orbe, nº
06, p. 02, 1890).

O major Luiz Carlos de Souza Barbosa era um respeitado


senhor de engenho, filho do major Carlos de Souza, residente
em Anadia. Sua vida política não começou com a nomeação ao
cargo de intendente, em 1880 foi eleito vereador para representar
Limoeiro na Câmara de Anadia.
Ao que parece, a nomeação foi feita até que fosse realizada
as primeiras eleições. De acordo com o Almanak do Estado de
Alagoas, ainda em 1890 houve a realização das primeiras eleições
em Limoeiro para o exercício do biênio 1890/91, Ursulino Barbosa
da Silva foi eleito Intendente, e para o Conselho Municipal foram
26
Resolução nº 1, de 21 de janeiro de 1890.

126 Gilberto Barbosa Filho


eleitos os cidadãos Manoel Joaquim da Costa Zow, Manoel
Antônio Pereira Guimarães (de Magalhães), Antônio Francisco
de Rosa, José do Carmo e Silva (ALMANAK, 1891, p. 427).
Com o advento da República e a separação entre a Igreja e
o Estado, as eleições deixaram de ser realizadas nas dependências
da Igreja Matriz a passaram a ser feitas na sala da Intendência
Municipal de Limoeiro. Ainda de acordo com o referido Almanak
de 1891, a vila de Limoeiro contava com

100 casas de telha, inclusive um sobrado, a


maior parte de taipa, porém algumas delas
espaçosas, elegantes e mais solidamente
construídas; a matriz, que é um bom templo,
construído com segurança e accommodações
adaptadas á população da villa, com dous
(dois) corredores, uma torre e frontespicio,
havendo próximo a ella um cemitério decente
e amurado (ALMANAK DO ESTADO DE
ALAGOAS, 1891, p. 425).

Em 1891, o município tinha uma população total de 12 mil


habitantes, distribuídos na vila e nas demais povoações, dentre as
quais se destacavam a do Junqueiro, com mais de cem casas, uma
capela e um cemitério; a de Cana Brava, com a capela de Santa
Cruz; e Arapiraca. Os limites do município encontravam-se da
seguinte forma:

ao Norte com o de Anadia; ao Sul com os


de Triumpho (Igreja Nova), Collegio (Porto
Real do Colégio) e S. Braz (São Brás); a Leste
com os de Poxim, Coruripe e ainda parte de
Anadia; a Oeste com os de Traipu e Palmeira
dos Índios (IDEM, IBIDEM).

Aos 19 de dezembro de 1891, o governador Manuel


Gomes Ribeiro nomeou Manoel Antônio Pereira de Magalães

Crônicas de Limoeiro 127


como intendente de Limoeiro. Sobre esse ato, o Jornal Cruzeiro
do Norte, edição de 23 de dezembro de 1891, cita que

O presidente do senado, no exercício de


governador do Estado, por actos de 19 do
corrente, nomeou o cidadão Manoel Antônio
Pereira de Magalhães intendente de Limoeiro
de Anadia e membro do conselho, Antônio
Francisco da Rosa, continuando a fazer
parte do conselho os cidadãos Luiz José de
França, José do Carmo e Silva, e Fellippe José
Salgueiro; exonerando os demais membros
que occupam aquelles cargos (CRUZEIRO
DO NORTE, 1891, p. 1).

No dia 1 de agosto de 1892, houve novas eleições para


conselheiros, juízes e intendente de Limoeiro, para o exercício do
biênio 1893/94. Para o Conselho municipal foram eleitos o tenente
Francisco Antônio Barbosa, Esperidião Rodrigues da Silva, Satyro
José de França, Honorato Ferreira da Silva, Joaquim Ferreira da
Costa e Silva, Antônio Francisco da Rosa, Manoel Joaquim da
Costa Zô (Zow), José do Carmo e Silva, Antônio Custódio da
Silva Porto, Antônio Calisto de Oliveira, Antônio Manoel da
Costa; para o cargo de juiz, José Francisco da Silva Pitanga e José
da Silva Maia derrotaram o capitão Roberto Francisco da Silva e
Antônio Barbosa de Oliveira; e para intendente o candidato da
povoação de Arapiraca Manoel Antônio Pereira de Magalhães,
com 165 votos, derrotou o candidato do sítio Brejo Ursulino
Barbosa, que tirou 99 votos. A eleição demonstra a força e a união
dos arapiraquenses para eleger um líder local, que assim atenderia
melhor aos anseios da florescente comunidade (Cartório do Único
Ofício de Limoeiro, Livro de Notas nº 5, 1892).
Entre o final do século XIX e inicio do século XX as
atividades comerciais eram relativamente forte. Existiam algumas
boas casas de negócio de fazendas, molhados e outros gêneros,

128 Gilberto Barbosa Filho


na vila e nos povoados, como a do coronel Pedro Barbosa e do
major José Barbosa, que tinham entre seus principais produtos o
algodão. Segundo o Almanak do Estado de Alagoas ―é no cultivo
deste gênero que assenta a principal riqueza agrícola do município,
no qual, entretanto existem também alguns engenhos de fazer
assucar e rapadura‖. Ainda de acordo com o mesmo Almanak, ―a
creação do gado bovino é também feita ali em grande escala, e
a produção rivaliza com as dos visinhos municípios de Traipu,
Anadia e Palmeira (ALMANAK DO ESTADO DE ALAGOAS,
1891, p.426-427)‖.
Outros produtos comercializados nas mercearias eram:
aguardente, açúcar, rapadura, carne bovina, café em grãos, a fava,
a mandioca, o milho, o feijão, o abacaxi, o café, a macaxeira, o
amendoim, o arroz, a fava, a laranja, a mamona, a melancia e a
cana-de-açúcar. No entanto, era a sua feira livre que tinha uma
maior variedade de produtos, possuindo bancas para a venda de
miudezas, tecidos, sal, fumo em corda, algodão, carne bovina,
suína e caprina, couros, caldo de cana, rapadura, cordas, peles,
esteiras de pery pery, cocos, abacaxi, inhame, batata, macaxeira,
chapéus de ouricuri, bolsas, vassouras, espanadores, calçados,
café em grãos, ancoreta de aguardente, arroz, açúcar, pães e outras
massas, feijão e fava, milho, farinha de mandioca, queijo do sertão,
redes, selas e arreios27.
A atividade industrial do município era representada com
fábricas de vapor, para beneficiamentos de algodão (descaroçador),
como as do major José Barbosa, a do coronel Pedro Barbosa, do
coronel Cândido Barbosa e a do capitão Teófilo Rogério de França,
no sítio Brejo; engenho de açúcar; alambique de aguardente;
inúmeras casas de farinha; olarias para a fabricação de telhas e
tijolos; depósitos de querosene e gasolina; além de quiosques,
bazares e botequins.
27
Atas da Câmara Municipal de Limoeiro de Anadia. Nas atas da Câmara, além de
conter a transcrição da reunião dos vereadores, também tinha dados da cidade
incluindo seus aspectos econômicos do início do século XX.

Crônicas de Limoeiro 129


No reino mineral, de acordo o Almanak do Estado de
Alagoas, jazidas de mica branca, amarela e preta, cristais de
rocha ou quartzo de cores diversas, eram achados aos montes em
diversos sítios, na superfície da terra ou no leito pedregoso dos
riachos, ―sendo para lamentar que a exploração scientifica ainda
por ali não tivesse andado em busca destas fontes de riqueza
natural (ALMANAK DO ESTADO DE ALAGOAS, 1891, p.426)‖.
Corroborando com a história da existência da jazida de
mica, o coronel João Soares de Góes, um dos exploradores das
riquezas naturais do Estado, dizia que no município de Limoeiro
havia lugares em que o cavallo do tropeiro pisava sobre a mica
(GÓES apud REVISTA COMERCIAL E AGRÍCOLA DE
ALAGOAS, 1914, p.02).
Em 1894, o município tinha uma população total de 15.747
habitantes, distribuídos na vila e nas demais povoações, dentre as
quais as de maior destaque eram a de Junqueiro, a de Cana Brava,
e a de Arapiraca.
Em 1900, Limoeiro era termo da Comarca de Anadia,
contava com uma população de 20.154 habitantes e possuía um
único distrito judiciário municipal, sua sede.
Em 1901 conseguiu finalmente passar a condição de cidade.
Entretanto, novamente devido a interesses políticos de Junqueiro, a
sua sede foi transferida para aquele povoado, somente voltando para
Limoeiro em 1903, em virtude da criação da vila de Junqueiro, pela
Lei 379, de 15 de junho daquele ano. A partir desse ano, Limoeiro
passou a ter a condição definitiva de cidade, tinha uma população
de 15.747 habitantes, e tinha três distritos: Limoeiro, Cana Brava e
Arapiraca. Já em 1907 a população era de 24.000 habitantes, tendo
dois distritos, Limoeiro e Arapiraca (BRASIL, 1902; 1907).
Em 1910, iniciou-se no Brasil uma campanha para adquirir
um novo navio de combate para substituir o Encouraçado de
Esquadra Riachuelo, então desativado. Em Alagoas, foram criadas
comissões em quase todos os municípios com a gente mais rica,

130 Gilberto Barbosa Filho


a fim de levantar os recursos necessários para a aquisição. Em
Limoeiro a comissão foi composta dos seguintes cidadãos: coronel
Pedro Barbosa da Silva, Ladislau da Costa Boia, major José Barbosa
da Silva, padre José Tobias, Antônio Francisco Rodrigues, capitão
Roberto Francisco da Silva e o coronel Ursulino Barbosa da Silva
(JORNAL GUTENBERG, 1910).
Nas primeiras décadas do século XX, Limoeiro possuía um
vasto território que abrangia os atuais municípios de Arapiraca,
Coité do Nóia, Taquarana, Lagoa da Canoa e Craíbas. Nesse
período, Limoeiro continua a ter destaque na política alagoana
e demonstra isso com as eleições ao parlamento alagoano do
coronel Pedro Barbosa da Silva, e do professor Luiz Carlos de
Souza Barbosa Neto.
Em 1913, Limoeiro era considerada um ―grande produtor‖,
e levantava a necessidade do governo construir um açude no Rio
Coruripe, para represar água nos períodos de seca (REVISTA
COMERCIAL DAS ALAGOAS, ano II, n. 7, 15 de julho de 1913).
O município continuava a ofertar ótimas condições para
a prática da criação de animais. Grandes fazendeiros, como o
capitão Ursulino Barbosa e os coronéis Cândido e Pedro Barbosa,
e pequenos criadores se alternavam na peleja de gado bovino,
suínos e caprinos fazendo crescer a economia do município.
Outro importante fazendeiro foi o coronel Manoel Paulino da
Silva, proprietário das fazendas Cajueiro do Caboclo, Ferros, das
Melancias e sítios Barro Vermelho e Itapaihuma.
Outro grande proprietário foi o coronel Antônio Joaquim
de Athayde, morador da cidade de Penedo que, no recenseamento
realizado pelo IBGE no ano de 1920, aparece com uma vasta
lista de propriedades na região de Limoeiro: Olho D‘água da
Pedra, Fazenda Jurema, Barra das Flores, Tipi, Poço da Pedra
(três terrenos), Bom Sucesso (dois terrenos), Fortunato, Fazenda
Olho D‘água, Fazenda Rio dos Bichos, Lagoa do Pé Leve (dois
terrenos), Jacaré, Genipapo, Goitizeiro, sitio Manoel Gomes,

Crônicas de Limoeiro 131


Barra da Cacimba, Poção (dois terrenos), Entrada do Rio Morto,
Baixa do Rio Morto, Barra do Rio Morto, sitio Rio Morto, Alto
do Riachão.
De acordo com os livros de notas do Cartório do Único
Oficio de Limoeiro, quase todos esses terrenos foram comprados
aos frades da ordem de São Bento da Bahia, em data desconhecida.
Inclusive, boa parte dos terrenos do espólio do coronel Cândido
Barbosa da Silva no Genipapo28 foram compradas ao Coronel
Athayde que antes havia comprado dos mesmos frades.
A partir do início do século XX, o município passa a
conviver com a possível emancipação do distrito de Arapiraca.
Imperava em Limoeiro a Oligarquia Barbosa que ―tinha livre acesso
aos bastidores do palácio dos martírios como políticos da situação e
bem prestigiados (GUEDES, 1999, p.49)‖. Mesmo com intervalos de
membros da prole no exercício do executivo municipal, os Barbosas
continuavam a dominar a política local, com os coronéis Cândido
e Pedro Barbosa. O professor Luiz Carlos de Souza Barbosa Neto
era um dos mais prestigiados entre os deputados da Assembleia
Legislativa de Alagoas. Ainda de acordo com Zezito Guedes, os
membros desta tradicional família não mediram esforços para
não perder o próspero distrito de Arapiraca, tentando a todo custo
obstruir o trabalho e a tramitação do processo de emancipação,
para, entre outras coisas, não perder a renda mensal que Limoeiro
recebia daquele distrito (GUEDES, 1999).
Os anos iam passando e em 1922, o município de
Limoeiro contava com três povoações: Arapiraca, Cana Brava
(Taquarana) e Lagoa dos Veados (Canaã); além dos lugarejos:
Peri-peri, Coité, Brejo, Canudos, Cacimbas e Carahybas
(Craíbas dos Nunes). Havia 11 escolas públicas mantidas pelo
Estado: ―2 em Limoeiro, 2 em Arapiraca, 1 em Cannabrava, 1
28
A grafia correta é Jenipapo com ―J‖. No entanto, em algum momento, não se sabe
quando exatamente, se passou a utilizar oficialmente a forma atual, com ―G‖. Dessa
forma, a grafia só poderá ser alterada e corrigida por meio de um ato dos poderes
municipais.

132 Gilberto Barbosa Filho


em cada logarejos Pery-pery, Coité, Brejo, Cacimbas e Carahyba
(MARROQUIM, 1922, p. 84)‖.
Em 1924, mesmo durante o governo do major José
Barbosa, Limoeiro de Anadia perde o distrito de Arapiraca e
consequentemente, o lugarejo Craíbas dos Nunes que ficou naquela
municipalidade (VASCONCELOS, 1991).
Aproveitando que a perda do distrito de Arapiraca trouxe
sérias dificuldades financeiras à Limoeiro, ainda em 1924, o
semanário O Índio, de Palmeira dos Índios, fez duras críticas a
Vila de Limoeiro e iniciou uma verdadeira campanha pela sua
extinção, propondo ao governador a transferência da sede do
município para Cana Brava do coronel Manoel Paulino, à época
o mais forte político daquele povoado (O ÍNDIO, 1924).
A perda do distrito de Arapiraca, que se emancipou e
que, outrora, contribuía com renda e impostos, trouxe sérios
problemas econômicos à Limoeiro. Ainda assim, em 1926 a
prefeitura construiu duas estradas com recursos próprios. A
primeira estrada fazendo ligação com a povoação de Cana Brava,
e a segunda no limite com Anadia, em direção a Tanque D‘Arca.
Além disso, o governo municipal concretizou a principal obra
pública da época: a instalação da iluminação pública a carbureto
na sede do município e em Cana Brava (MENSAGENS DOS
GOVERNADORES DE ALAGOAS, 1927).
Surgiram mais ou menos nessa época os primeiros automóveis
na região, que dava mais alternativa à população acostumada aos
meios de transporte rústicos da época: o cavalo, o burro, a charrete e
o carro de boi, usados basicamente para transportar a produção dos
engenhos e fazendas, mas que também serviam para as pessoas se
locomoverem. O primeiro proprietário de um veículo automotivo
foi o major José Barbosa, um Ford, e Doca Barbosa, que tinha um
veículo para transportar a sua produção para Maceió. Muitos anos
depois, outros limoeirenses compraram automóveis, aumentando a
frota local: Virgílio Barbosa, um Lincoln; Gabino Barbosa, um jipe

Crônicas de Limoeiro 133


amarelo; Antônio Alves Canuto, um caminhão; padre José Joaquim
Maurício da Rocha, um jipe.
Em 1928, Limoeiro de Anadia contava com alguns
estabelecimentos comerciais para a venda de tecidos, miudezas
e gênero de estivas. Segundo o Anuário Comercial de Alagoas,
em 1929 existiam três feiras livres no município de Limoeiro
(ANUÁRIO apud NARDI, 2010). Provavelmente se tratava
das feiras da sede municipal, de Coité do Nóia, e de Taquarana.
Segundo Zezito Guedes

até os anos trinta, o comércio de Limoeiro de


Anadia era influente e diversos comerciantes
mantinham lojas, tanto em Limoeiro, como
também em Arapiraca. Eram: Né Franco,
Davi Barbosa, Gabino Barbosa e Doca, que
administrava a propriedade, o engenho
Taquara em Limoeiro e a loja em Arapiraca
(GUEDES, 1999, p.75).

Inclusive, os irmãos Davi e Gabino Barbosa foram os


primeiros comerciantes de fora de Arapiraca a se estabelecer no
―quadro arapiraquense‖. A partir daí o comércio de Limoeiro
começou a declinar. Entre as décadas de 30 e 40, o cultivo de fumo
aumentou na região por intermédio de fazendeiros como Davi
Barbosa, entre outros. O primeiro exportava sua safra de fumo
para São Paulo. Já o segundo, cultivava perto dos currais de seu
terreno e vendia na redondeza.
Nesta mesma época, surgiram os ―curaus‖, também
conhecidos por ―corumbás‖ e ―caatingueiros‖, habitantes do
Agreste e do Sertão, que passam o inverno trabalhando na
sua região, como pequenos proprietários ou como rendeiros,
cultivando lavouras de subsistência até o período da colheita.
Porém, quando chegava o estio, nos meses de setembro e outubro,
com os inícios de trabalhos nas usinas, eles desciam em grupos
em direção à área canavieira, a pé ou em caminhões, para oferecer

134 Gilberto Barbosa Filho


seus trabalhos nas usinas e engenhos, até o regresso aos seus lares,
na volta das chuvas em março ou abril. Os principais municípios
fornecedores de curaus em Alagoas eram: Palmeira dos índios,
Arapiraca, Junqueiro, Anadia e Limoeiro de Anadia.
Ainda em 1930, a cidade tornou-se um dos palcos da
Revolução de 30, vivendo em consequência desta um clima
hostil. O auge desse período conturbado foi quando os líderes
revolucionários representados pelo interventor federal, Ermírio
de Freitas Melro, depôs o major José Barbosa do cargo de prefeito
legitimo e coloca uma série de interventores municipais em seu
lugar. Um dos prefeitos interventores foi o pároco de Limoeiro
José Tavares de Souza, que ao se apaixonar pela limoeirense Benita
Cavalcante de Lacerda, fugiu com a jovem, abandonando a dupla
função de pároco e de prefeito interventor em maio de 1932.
Após a saída do padre Tavares, a Igreja Matriz de Limoeiro
foi assistida pelo padre Francisco Xavier de Macedo. Já a
administração do município foi entregue ao major Francisco de
Barros Rêgo.
Em 1934 o município de Limoeiro tinha uma população
de 8.800 habitantes e 341 eleitores, distribuídos nos distritos de
Limoeiro e Cana Brava e nos povoados Canudos, Peri Peri, Brejo
e Coité (BRASIL, 1931).
Mesmo perdendo o importante distrito de Arapiraca,
e tendo um de seus maiores representantes políticos retirado
de suas funções durante o período dos interventores, Limoeiro
continua desfrutando de prestigio político junto ao governo do
Estado, ao ponto de indicar um nome para ocupar a prefeitura de
Arapiraca. Foi assim que Pedro Barbosa da Silva, mais conhecido
como Doca Barbosa, filho do coronel Pedro Barbosa, foi nomeado
para administrar o município de Arapiraca por duas vezes, em
1932 e 1934. Esse fato deixou os arapiraquenses revoltados.
Em 1938, o empresário arapiraquense Valdomiro Barbosa
instalou a empresa Força de Luz de Limoeiro de Anadia, uma

Crônicas de Limoeiro 135


espécie de filial da empresa Força e Luz de Arapiraca Ltda, também
de sua propriedade.
No que diz respeito à mobilidade e acessibilidade, o
interventor estadual Osman Loureiro, a fim de atender às
necessidades do trafego de veículos e facilitar o escoamento
da produção dos municípios, fez construir estradas em vários
municípios alagoanos. Com Limoeiro não foi diferente, a ―estrada
velha‖, como era conhecida, cortava a cidade, passava pelo povoado
Genipapo, onde até o início dos anos oitenta tinha um posto de
pedágio que funcionava ao lado da casa de Gilberto Barbosa, indo
até a cidade de Arapiraca. Atualmente, dessa estrada só restam um
pequeno trecho, que se inicia após a escola Maria Júlia, indo até
quase defronte ao Fórum de Limoeiro. Também houve a abertura
ou o alargamento das estradas que faziam ligação com os distritos
de Coité do Nóia, Junqueiro e Cana Brava, e com os povoados de
Cadoz, Boqueirão e Peri Peri.
A ausência de pontes sobre o Rio Coruripe, foi durante
muito tempo um problema tão grande quanto à falta de estradas
para os transeuntes, pois durante as cheias do rio a população
ficava praticamente isolada, sem poder atravessar suas águas
para sair ou adentrar na localidade. Como forma de solucionar
momentaneamente o problema, Lucrécia Falcão nos contou que
seu pai João Camilo Falcão,

se juntou com alguns amigos, fizeram uma


espécie de jangada e começaram a cobrar
uma taxa para as pessoas passarem para o
outro lado do rio. Enquanto um dos rapazes
ia à frente nadando e segurando a corda
com a boca, outro ia logo atrás empurrando
a jangada até fazerem a travessia (Lucrécia
Falcão, entrevista concedida em 08/10/2019).

As duas pontes de madeira, tendo sua base feita de


concreto, que ficam nas duas extremidades da cidade de Limoeiro

136 Gilberto Barbosa Filho


foram construídas no ano de 1942, sendo inauguradas no dia 23
de junho. Em uma das pilastras da ponte próxima ao trevo, existe
uma pedra que contém a frase ―Ao prefeito Luís de Castro Fonseca
os filhos de Limoeiro agradecidos‖. Trata-se, talvez, de uma
―auto-homenagem‖, já que foi o próprio Luís de Castro Fonseca,
nas atribuições de prefeito interventor, quem mandou construir
as pontes. Somente no mandato do prefeito Antônio de Deus a
madeira foi substituída por concreto.
Apesar de ter sido um período conturbado que durou
até 1947, ainda assim, tivemos boas ações desses interventores,
como nos governos de Pedro Ribeiro de Castro e de Luís de
Castro Fonseca. Vale ressaltar que, um dos responsáveis por dar
dinamismo à administração dos interventores foi o professor
Lourenço de Almeida, cunhado de Valdomiro Barbosa, quando
ocupou a função de secretário-tesoureiro da prefeitura de
Limoeiro durante os anos de 1936 a 1946.
O calçamento urbano começou a ser feito entre as décadas
de 1940 e 1950 nas gestões dos prefeitos Virgílio Barbosa, José
Barbosa da Silva Gomes e Floriano de Souza Castro.
Por meio do ―decreto lei 2.909, de 30/12/1943, foi acrescido
à sua toponímia o restritivo de Anadia, por ter pertencido ao
município deste nome (BARROS, Tomo II, p.167)‖. No entanto,
a denominação Limoeiro de Anadia já era utilizada, mesmo que
de maneira ―não legal‖, desde o século XIX, para diferenciá-la das
povoações de Limoeiro de Pão de Açúcar e da aldeia de índios de
Limoeiro em Viçosa.
Depois de tantas idas e vindas, perdeu Junqueiro
definitivamente em 1947, por meio do artigo 6º das Disposições
Transitórias da Constituição do Estado de Alagoas. Fica evidente
que no decorrer de sua história, Limoeiro travou uma batalha
política contra o povoado de Junqueiro, desde a época em que
era apenas uma freguesia, haja vista as inúmeras transferências de
sede e as supressões de Junqueiro do status de município que, no

Crônicas de Limoeiro 137


decorrer das décadas de 1930 e 1940, sempre voltava a fazer parte
do município de Limoeiro. Isso deixa claro que, mesmo sem ter
o mesmo status de Limoeiro, Junqueiro também detinha grande
poder político nos bastidores da politica alagoana.
Em 1950, a atividade econômica do município encontrava-
se pouco desenvolvida, tendo como principal fonte econômica
a agricultura e a pecuária. As culturas básicas de subsistência
eram o cultivo do feijão, do milho, além da plantação de algodão.
Além desses produtos, eram ainda cultivados os seguintes: agave,
abacaxi, café, macaxeira, amendoim, arroz, fava, laranja, mamona,
melancia, cana-de-açúcar, fumo em folha e manga. Segundo
recenseamento do IBGE havia em Limoeiro 1.845 propriedades
agrícolas, com uma área total de 26.268 hectares, compreendendo
lavouras em geral, pastagens, matas e terras incultas.
Depois da agricultura a pecuária representava a mais
importante fonte de renda do município. Vários proprietários
dedicavam-se à criação de bovino, constituindo a respectiva
produção um grande valor para a economia local. Quanto
às pequenas atividades industriais, existiam dois pequenos
estabelecimentos produtores de telhas e tijolos e três de carvão
vegetal. A indústria alimentar contava de uma padaria na cidade
e outra na Vila de Cana Brava. O município mantinha transações
comerciais com Maceió, Arapiraca e Palmeira dos Índios. Os
principais produtos exportados eram: feijão, milho, farinha de
mandioca e algodão beneficiado. De Maceió importavam tecidos,
farinha de trigo e charque.
O mesmo recenseamento realizado em 1950 constatou
que havia em Limoeiro 26.117 habitantes, sendo 10.005 na
cidade. Deste total, apenas 285 sabiam ler e escrever. Existiam
no município 29 estabelecimentos de ensino primário, assim
distribuídos: três na cidade, inclusive um grupo escolar (Grupo
Escolar Francisco Domingues), três na Vila de Cana Brava, dois
na Vila de Coité e 21 na zona rural de Limoeiro. A assistência

138 Gilberto Barbosa Filho


médica era prestada à população por intermédio de um posto de
higiene e outro de endemias rurais. Não havia médico na cidade
nem dentista, o que facilitava a proliferação de várias doenças. Os
primeiros médicos naturais de Limoeiro foram os doutores Djaci
Barbosa e Gerson Ferreira de Souza, que surgiram muitos anos
depois. As comunicações eram feitas por meio do departamento
dos Correios e Telégrafos com uma agência postal na cidade e
outro na Vila de Cana Brava.
Em 1954, segundo o quadro da divisão administrativa em
vigor, fixado pela Lei N° 1785, de 05 de abril de 1954, o município
era composto de três distritos: Limoeiro de Anadia, Cana Brava
e Coité. Em 1955, o município já possuía cartório, tendo um
Judiciário e outro do Registro Civil na cidade e um do Registro
Civil na Vila de Cana Brava.
Na campanha eleitoral de 1956, o candidato Floriano de
Souza Castro, conhecido como Floriano Paulino (do sítio Brejo),
fez uso de um método para ganhar votos que, aos olhos de hoje,
parece algo inusitado.

Tendo em vista o péssimo estado que se


achavam as estradas locais, o Sr. Floriano
Paulino colocou um alto-falante no dorso
de uma égua e instalou os demais petrechos
nos respectivos alforges, fazendo o locutor
aboletar-se na garupa do animal, depois de
proteger os ouvidos dêste para evitar possíveis
crises nervosas, saiu pelo município a fazer
sua campanha, que redundou na sua eleição
(REVISTA O CRUZEIRO, 1956, p.20).

Em 1956, a atividade industrial no município já estava em


declínio. Segundo o registro industrial daquele ano, o principal
ramo industrial era o beneficiamento de produtos agrícolas que
contava com um descaroçador de algodão, 501 casas de farinha
de mandioca e cinco produtores de fumo em folha. Já em 1959,

Crônicas de Limoeiro 139


a sede do município possuía apenas 305 prédios e iluminação
elétrica, mas, somente setenta e cinco domicílios faziam uso desse
serviço. Dentre seus logradouros, apenas um possuía calçamento
a paralelepípedo.
Nessa época, o lazer do limoeirense se resumia a bailes,
algumas peças de teatro, saraus e festas carnavalescas organizadas
por Dona Anaita Barbosa. Os locais onde ocorriam esses festejos
eram o sobrado de Romão Gomes, a casa de Anaita, onde
atualmente fica a praça de eventos, e num salão/armazém, usado
pela elite local durante muitos anos como clube para os bailes
e festejos carnavalescos. Porém, o salão e a casa ao lado foram
demolidos no inicio da década de 1980, em seu lugar foi contruída
a Avenida Antônio Dionisio.
Mais abaixo, vizinho ao ―salão de festas‖ existia dois prédios
onde funcionava a Agência de Fomento, órgão do governo, que
dava suporte aos agricultores do município. Colado com um salão
ficava o armazém da agência e logo após, no prédio que tinha
uma entrada lateral e três janelas na frente, funcionava a sede da
agência. Estes prédios também foram demolidos, entre o final
da década de 1970 e inicio da de 1980, e em seus lugares foram
construidos o Departamento de Educação e Cultura, e o edificio
Gabino Barbosa, que servia de alojamento municipal para os
profissionais da saúde e de Sede da Secretária Municipal de Saúde.
No ano de 1972, o prefeito Benicio Ferreira manda
derrubar o antigo sobrado do Capitão Romão Gomes feito no
século XIX. O prédio tinha paredes de tijolos e piso de madeira,
com três portas e três janelas. Em seu lugar, mandou construir o
edifício José Barbosa da Silva Gomes. Vale ressaltar que, durante
boa parte de sua existência, o velho sobrado foi utilizado como
prefeitura, açougue, delegacia e teatro municipal, ou seja, era a
sede da vida social de Limoeiro de Anadia.
A partir do final da década de 1970, houve grande declínio
da feira de Limoeiro devido a dois fatos: o primeiro quando os

140 Gilberto Barbosa Filho


proprietários das terras próximas à sede municipal cercaram
suas propriedades, de modo que dificultou a passagem dos
transeuntes; o segundo devido a crescente feira de Arapiraca,
que proporcionava grande diversidade de produtos, atraindo
pessoas de outras cidades vizinhas. Naquele momento, Arapiraca
havia ultrapassado Limoeiro e se tornado o centro econômico da
região. Na época, não havia estabelecimento bancário, sendo o
movimento feito com Maceió, Arapiraca e Palmeira dos Índios.
Nos anos de 1980 é que de fato surgiram estabelecimentos
bancários na cidade, o Bradesco e o Banco do Brasil.
Em 1979 foi implantada água encanada na cidade de
Limoeiro. No dia da inauguração, como forma de agradecimento
pelas obras foi organizado um desfile pelas ruas da cidade,
contando com a participação do Quilombo, de times de futebol
e pessoas caracterizadas, com cabaças nas mãos. O evento contou
com a participação do vice-governador Teobaldo Barbosa.
Em junho de 1984, foi construída a AL 220, que beneficia
diretamente as cidades de Limoeiro, Campo Alegre e Arapiraca,
entre outras. Juntamente com esta rodovia foi feita a terceira ponte
sobre o Rio Coruripe. Mais ou menos nesse mesmo período surge
a linha de ônibus da empresa Dois Irmãos, que fazia o percurso
Limoeiro/Arapiraca.
Ainda na década de 1980 é construído o prédio onde
funcionava a Legião Brasileira de Assistência (LBA) e a Creche
Casulo Max Antônio Ferreira Barbosa.
Em 1992, Limoeiro recebe a visita do Frei Damião. A ilustre
passagem do religioso pela cidade causou um ‗alvoroço‘ por aqui,
devido ao carisma, a paz e a religiosidade que sua imagem trazia
à população.
No ano de 2009, assim como na década de 1950, houve
uma grande cheia do Rio Coruripe. Suas águas invadiram as ruas
da parte baixa da cidade e de povoados como o Tipi, deixando
parte da população desabrigada.

Crônicas de Limoeiro 141


Na tentativa de sensibilizar a população sobre os problemas
ambientais, há alguns anos o município vem mostrando
preocupação e tenta inserir a comunidade nas discussões sobre
a temática, por meio de projetos escolares. De fato, houve
certo avanço nesse sentido, mas ainda estamos longe de uma
conscientização/preocupação mais ampla, capaz de criar na
sociedade o habito de verdadeiramente cuidar do meio ambiente.
Ainda em 2009, após uma reforma, o edifício José Barbosa
da Silva Gomes teve sua denominação alterada, tornando-se
sede do centro administrativo do município e continuou sendo
utilizado pelo Banco do Brasil.
Em 2013, para tentar dar impulso econômico e revitalizar a
feira, a prefeitura passou a fazer o pagamento de seus funcionários às
sextas feiras, mas não solucionou o problema. Atualmente continua
com suas atividades relativamente desenvolvidas, trazendo certa
diversidade à população. Em 2016, assim como aconteceu na década de
1940, ocorreu a seca da lagoa do Pé Leve, causando impacto ambiental
e econômico para as famílias de pescadores, que dela tiravam o seu
sustento. Felizmente em 2017, a lagoa voltou a encher com as chuvas.
Atualmente, Limoeiro conta com panificadoras, algumas
pequenas olarias, vários estabelecimentos comerciais, mercados e
depósitos de material de construção. Entretanto sua principal fonte
econômica continua sendo a agricultura, com as plantações de
fumo, feijão, cana-de-açúcar e a mandioca; a pecuária; a produção
de hortaliças e a sua feira livre. O movimento bancário é feito com
o Banco do Brasil, o Bradesco, a Casa Lotérica e os Correios. Outros
serviços ofertados à população são os dos Cartórios de Notas e
Registro de Imóveis, do Registro Civil, uma delegacia, um posto da
PM, e o Fórum Ernande Carvalho.
Mesmo com a melhoria na qualidade de vida da
população limoeirense, que se verifica desde a década de 1980,
há um deslocamento muito grande de pessoas, principalmente
com destino a Arapiraca, para fazer compras e para trabalhar, o
que transforma Limoeiro às vezes em ―cidade dormitório‖.

142 Gilberto Barbosa Filho


Figura 21. Luiz Carlos de Souza Barbosa, nomeado pelo governador
Pedro Paulino da Fonseca como o primeiro Intendente de Limoeiro em
1890. Foi major da Guarda Nacional, senhor de engenho em Limoeiro,
vereador em Anadia.

Foto: Macedo, 1996.

Figura 22. Capitão Ursulino Barbosa da Silva, eleito Intendente


nas primeiras eleições realizadas em Limoeiro, para o exercício do
biênio 1890-1891. Também foi delegado, juiz, deputado provincial, e
subdelegado de Taquarana.

Crônicas de Limoeiro 143


Figura 23. Limoeiro na primeira década do século XX, ao fundo, vemos a
Igreja de Matriz com a ―torre baixa‖.

Fonte: Arquivo Público de Alagoas.

Figura 24. Limoeiro de Anadia, ao fundo, a igreja em reforma para


aumentar a torre.

Fonte: Arquivo Público de Alagoas, cortesia Edberto Ticianeli.

144 Gilberto Barbosa Filho


Figura 25. Aspecto parcial de Limoeiro, onde atualmente existe a praça
―ponto dos mototáxis‖.

Fonte: Edberto Ticianeli.

Figura 26. Vista parcial de Limoeiro de Anadia, tendo ao fundo a Escola


Francisco Domingues.

Fonte: Arquivo Público de Alagoas.

Crônicas de Limoeiro 145


Figura 27. Vista panorâmica da cidade.

Fonte: Arquivo Público de Alagoas.

Figura 28. Rio Coruripe, tendo no alto à direita o antigo sobrado do


Capitão Romão Gomes.

Fonte: Arquivo Público de Alagoas.

146 Gilberto Barbosa Filho


Figura 29. Aspecto parcial de Limoeiro em cinco de março de 1956,
tendo à direita o sobrado de Romão Gomes, sede da antiga prefeitura.

Figura 30. Aspecto parcial de Limoeiro em cinco de março de 1956,


onde se vê ao fundo a Rua Alto do Cruzeiro.

Fonte: IBGE, 1957.

Crônicas de Limoeiro 147


Figura 31. Aspecto parcial de Limoeiro em 1957, tendo a esquerda o
antigo sobrado feito pelo Capitão Romão e a Igreja Matriz.

Fonte: IBGE, 1957.

Figura 32. Imagem aproximada: ao fundo, à direita, um prédio com três


janelas e um salão ao lado (armazém), usado pela elite local como clube
para os bailes e carnavais. Após o salão, há os dois prédios da Agência
do Fomento.

148 Gilberto Barbosa Filho


Figura 33. Aspecto parcial de Limoeiro em vinte de março de 1972.

Fonte: Fonte: Maria Lúcia França.

Figura 34. Genipapo/Limoeiro, conhecida como estrada velha,


construída no governo Osman Loureiro.

Fonte: Arquivo Público de Alagoas.

Crônicas de Limoeiro 149


Figuras 35. Rua Major Luís Carlos em 1978, detalhe da Nova Prefeitura,
tendo acima de sua fachada dois alto-falantes que noticiavam à
população da cidade os acontecimentos ligados à administração.

Fonte: Pedro Benigno.

Figura 36. Praça Romão Gomes em 1978.

Fonte: IBGE.

150 Gilberto Barbosa Filho


Figura 37 e 38. Desfile em comemoração a implantação de água
encanada em Limoeiro, em 1979.

Fonte: Pedro Benigno.

Crônicas de Limoeiro 151


Figura 39. O vice-governador Teobaldo Barbosa numa de suas visitas
à Limoeiro. Na foto, ele comparece às comemorações de aniversário do
casamento de Epitácio e Arlete Rodrigues, junto com Nivaldo Ferreira,
José Valmir e Divaneusa Duarte.

Fonte: Arlete Rodrigues.

Figura 40. Praça Romão Gomes, entre 1983/1984.

Fonte: Arquivo do autor.

152 Gilberto Barbosa Filho


Figura 41. L.B.A. - Fundação Legião Brasileira de Assistência e Creche
Casulo Max Antônio Ferreira Barbosa. Atualmente, após a reforma é
sede do Centro de Atenção Psicossocial - Caps.

Foto: IBGE, sem data.

Figura 42. Prédio da segunda Prefeitura de Limoeiro, sem data.

Fonte: IBGE, sem data, construída no mandato do prefeito José Barbosa


da Silva Gomes.

Crônicas de Limoeiro 153


Figura 43. Após uma reforma feita pelo então prefeito Benicio Ferreira
Reis, o antigo sobrado perdeu suas características e passou a ser sede do
Banco do Brasil S.A.

Foto: IBGE, sem data.

Figura 44. Luís de Castro Fonseca - Interventor (1942-1946).

Fonte: Macedo, 1994.

154 Gilberto Barbosa Filho


Figura 45. Desfile do dia 31 de maio de 1985, em comemoração aos 103
anos de Emancipação Política de Limoeiro de Anadia.

Fonte: Cícera Maria Ferreira da Silva.

Figura 46. Frei Damião em uma de suas Santas Missões em Limoeiro,


de 16 a 19 de julho de 1992.

Fonte: Cícera Maria Ferreira da Silva.

Crônicas de Limoeiro 155


Figura 47. Cartório do Único Oficio, com sua arquitetura centenaria.
Em seu ―acervo‖, há inumeros documentos importantes datados desde o
século XIX, inclusive do período escravista.

Fonte: Foto do autor, 2016.

Figura 48. Cidade de Limoeiro de Anadia – Sede do Município.

Fonte: Prefeitura Municipal de Limoeiro de Anadia – 2002.


Posfácio

Obra cuidadosamente produzida como fruto de


diversos anos de trabalho do autor Gilberto Barbosa Filho, o
presente livro é leitura obrigatória para todos que se propõem
a conhecer a história de Limoeiro de Anadia, bem como da
região agreste alagoana.
O preclaro professor Gilberto, em seu livro Crônicas de
Limoeiro: índios, brancos e negros no processo de construção
da identidade socioeconômica e política de Limoeiro de
Anadia, traz à lume relevantes acontecimentos que jamais
deverão ser esquecidos, pois uma sociedade que ignora sua
memória coletiva, ignora do mesmo modo as suas origens e
aptidões de viver em coletividade, tornando-se um belo alvo
para ser manejada por aqueles que detêm o poder.
Com um forte aparato bibliográfico, fotográfico e
documental o autor vai aos primórdios de nossa história
para mostrar como a trinca índios, brancos e negros formou
a identidade limoeirense. De mais a mais, traz à baila o
embrionário processo político limoeirense liderado pelos
coronéis, comerciantes e padres, figuras importantes para a
emancipação política de Anadia em 1882.
O prodigioso historiador nos brinda ainda com uma
fonte ativa de pesquisa para conhecimento das mais diversas
gerações limoeirenses, por meio de um invejável acervo
biográfico. Ora, tomar conhecimento disto significa resgatar
e preservar a memória daqueles que contribuíram para que
acostássemos ao ponto em que nos encontramos.
Por fim, gostaria de citar Dias Cabral, que nos adverte:
―é grave erro deixar em apagado o livro do passado: se o
presente condena por incompetente a tentativa da pesquisa,
há de o futuro indutar o arrojo e nesta esperança assenta a
recompensa‖. Assim reconheço a ousadia do querido professor
Gilberto Barbosa Filho.
Espero que todos, ao lerem este livro, pari passo, façam
crescer ainda mais o sentimento de amor por esta terra, pois
ninguém ama o que não conhece e, consequentemente, poderá
mais amar o que melhor conhecer.

Taquarana, inverno de 2018.


Emanuel Varela

158 Gilberto Barbosa Filho


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EDUFAL, 2015.

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Edições Nosso Mundo, 2007.

SANTOS, Carlos Roberto Antunes dos. Preços de escravos na


Província do Paraná: 1861-1887 (Estudos sobre as Escrituras de
Compra e Venda de Escravos). 1974, 132 f., Dissertação de Mestrado
em História do Brasil, História econômica Curitiba UFPR, 1974.
(Dissertação de mestrado não publicada).

SANTOS, Valdirene Estevão dos. Casamentos cristãos de escravos


negros realizados na segunda metade do século XIX em Curitiba.
Monografias - Universidade Tuiuti do Paraná, 2014.

Crônicas de Limoeiro 163


SILVA JÚNIOR, Aldemir Barros da. Terra e trabalho: indígenas na
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superior: uma leitura do agreste alagoano – Brasil. Disponível em:
http://egal2009.easyplanners.info/area05/5616_Santos_Silva_Sidinei.
doc, acesso em 11 de novembro de 2010.

SOUZA, Françoise Jean de Oliveira. Religião e política no primeiro


reinado e regências: a atuação dos padres - políticos no contexto de
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N° 8, 2008.

SOUZA, Gabriel Soares de. Tratado descritivo do Brazil em 1587.


In: Boletim Geográfico, Conselho Nacional de Geografia – IBGE, ano
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TENÓRIO, Douglas Apratto et al. Enciclopédia Municípios de


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VASCONCELOS, Agatangelo. Fratricídio em Carahybas. Maceió:


Ediculte/Seculte, 1991.

164 Gilberto Barbosa Filho


ANEXOS
Anexo I

Doações de sesmarias no contexto do tratado de paz entre a


Capitania de Pernambuco e Palmares (1678-1683)

Fonte: Felipe Aguiar Damasceno, 2018.

Crônicas de Limoeiro 167


Anexo II
Compra de escravo

Pregão (compra) do escravo Jacob feito em praça pública de


Anadia em 1862, por Ignácio da Silva Moraes, procurador do
padre José da Maia Mello tutor de Evaristo Pereira Lima e José
Estevam da Costa, herdeiros de seu avô Manoel Francisco da Silva
(filho de Antônio Rodrigues da Silva – fundador de Limoeiro de
Anadia), pela quantia de 78$238 réis. Fonte: Cartório do Único
Ofício de Limoeiro de Anadia, 1862.

168 Gilberto Barbosa Filho


Anexo III
Carta de alforria

Fac-símile de carta de alforria (gratuita) da escrava Victorina, de


44 anos de idade, feita por Galdino José de Almeida, em três de
outubro de 1884, e transcrita no dia cinco do mesmo mês e ano.
Fonte: Cartório do Único Ofício de Limoeiro, 1884.

Crônicas de Limoeiro 169


Anexo IV
Documentos/Símbolos

Ata de posse do Padre José Tavares nas funções de prefeito


revolucionário de Limoeiro de Anadia, por meio da Revolução de
1930. Fonte: Livro de Atas da Câmara de Vereadores de Limoeiro
de Anadia, página 54 B e 55 A.

170 Gilberto Barbosa Filho


Limoeiro - Árvore frutífera, originária da Ásia, trazida pelos
portugueses para o Brasil em 1640. Nasceu ao lado da Capela
erigida por Antônio Rodrigues no ano de 1798.

Bandeira Oficial de Limoeiro de Anadia. Simbologia: o


Amarelo representa o ouro encontrado em sua região; o Azul,
o céu; a Estrela, o seu destaque no Estado de Alagoas; a Cruz, a
religiosidade de seus fundadores e de seu povo; o pé de limão, a
origem de sua denominação; as Serras e o Rio, a sua localização; e
o Algodão e o Milho representam as riquezas do passado.

Crônicas de Limoeiro 171


Anexo V
Mapas

Divisão Política de Alagoas em 1817. Fonte: IHGA - Instituto


Histórico e Geográfico de Alagoas (1969).

172 Gilberto Barbosa Filho


Mapa da Província de Alagoas e suas comarcas no ano de 1868.
Limoeiro (de Anadia) aparece inserida na jurisdição da Comarca
de Anadia, destacada no mapa sob o número VII. Fonte:
ALMEIDA in ATLAS DO IMPÉRIO DO BRASIL, 1868.

Crônicas de Limoeiro 173


Fragmento do mapa de Mapa da Província de Alagoas e suas
comarcas no ano de 1868. Limoeiro (de Anadia) aparece inserida
na jurisdição da Comarca de Anadia, destacada no mapa sob o
número VII. Fonte: ALMEIDA in ATLAS DO IMPÉRIO DO
BRASIL, 1868.

174 Gilberto Barbosa Filho


Divisão Política de Alagoas em 1872. Fonte: Governo de Alagoas,
2017.

Crônicas de Limoeiro 175


Mapa da Divisão Política de Alagoas em 1917, época em que
Limoeiro ―abrigava‖ em seu território os atuais municípios de
Arapiraca, Coité do Nóia, Craíbas dos Nunes, Lagoa da Canoa e
Taquarana. Fonte: ALBUQUERQUE, 2003.

176 Gilberto Barbosa Filho


Divisão Política de Alagoas em 1920. Fonte: Governo de Alagoas,
2017.

Crônicas de Limoeiro 177


Mapa do Município de Limoeiro de Anadia no quinquênio
1954/58. Fonte: IBGE.

178 Gilberto Barbosa Filho


Mapa Político administrativo de Limoeiro de Anadia. Fonte:
Governo de Alagoas, 2019.

Crônicas de Limoeiro 179


Anexo VI
Dados Gerais de Limoeiro de Anadia

Emancipação Política: 31 de maio de 1882, pela Lei nº 866, tendo


sua instalação oficial no dia 8 de janeiro de 1883. Toponímia:
Limoeiro; alteração toponímica municipal: Limoeiro para
Limoeiro de Anadia, pelo decreto lei estadual n°2.909, de
30.12.1943. Evolução populacional: (1872): 9.838; (1891): 12.000;
(1900): 20.154; (1920): 43.387; (1940): 31.965; (1950): 26.438;
(1996): 19.138; (2000): 24.263; (2010): 26.992; (2019): 28.635
(estimativa). Atualmente apresenta 85,48 habitantes /Km².
Eleitorado: 16.623. Perfil do eleitorado: 9.876 sem instrução;
5.117 com o 1º grau; 1552 com o 2º grau e 78 com o ensino
superior. Situação geográfica: Mesorregião do agreste alagoano e
na Microrregião de Arapiraca. Limites: Taquarana e Coité do
Nóia (norte); Junqueiro (sul); Anadia e Campo Alegre (leste);
Arapiraca (oeste). Área: 315,777 Km². Acesso: BR 316, BR 101,
AL 220 e 110; distante 116 km de Maceió. Coordenadas
geográficas: 9° 24¹ 46‖ de latitude sul; 36° 30‘ e 13 de latitude W
Gr. Clima: Segundo a classificação de Thornthwaite megatérmico
sub úmido seco com forte déficit hídrico no verão. Temperatura:
Máxima-25°c. Mínima: 21,5°c. Média: 21°c. Acesso: AL 220; AL
110; BR 316 e BR 101. Relevo: pediplanado do Baixo São Francisco
e o Baixo Planalto Sedimentar, ou Tabuleiro, formado pelo avanço
da Bacia Sedimentar Alagoas até o Agreste alagoano; Solo variado.
Topografia: acidentada com serras e colinas ao norte, alto e plano
no restante, sinal de elevação em torno de 156 metros de altitude
acima do nível do mar, tendo como destaque a Serra do Cruzeiro
com 332 metros de altitude. Bacia hidrográfica: Formada pelo Rio
Coruripe, seu principal curso d‘água (16 km), que recebe a
denominação de Rio das Cruzes, na divisa com Taquarana,
extensão de 12 km. Rio Jequiá (Jequiazinho), divisa com Anadia;

180 Gilberto Barbosa Filho


e Rio Piauí, este formando a lagoa do Pé Leve. Lagoas: Jacaré, Pé
Leve e Genipapo. Riachos: Andrequicé, Caldeirão, Terra Nova e
Gulandim. Patrimônio Arquitetônico: Igreja Matriz de Nossa
Senhora da Conceição; Cartório do Único Ofício de Limoeiro.
Patrimônio Natural: (vegetal): madeira; (mineral): argila e cristal
de rocha; (Fauna - espécies): tatu, perdiz e capivara. Está inserido
na Reserva da Biosfera da Mata Atlântica (RBMA). IDH: (1970)-
0, 201; (1980)-0, 296; (1991)-0, 326; (2000)-0,569. Economia:
Agropecuária. N° de agências bancárias: 2. Gastronomia: Carne
de sol, charque, guisados e variados pescados; pé de moleque,
bolos. Artesanato: Esculturas com materiais diversos retratando
santos ou personagens. Literatura: Gilberto Barbosa Filho. Obra:
Fragmentos de Uma História – História de Limoeiro de Anadia;
artigos: ―Entre Sobrados e Mocambos: O Negro e a Sociedade
Patriarcal no Agreste Alagoano‖, in Revista Eletrônica de Educação
de Alagoas – REDUC, 2018, Vol. 4, nº 01, Janeiro, 2018; ―Frei
Cassiano de Comacchio e a Missão Capuchinha em Terras de
Nossa Senhora da Conceição do Limoeiro‖, in II Antologia
Santanense, 2018, p. 90-91; ―João Ribeiro de Castro Neto‖, in III
Antologia de Escritores Santanenses, 2019, p. 84-85. Priscilla Silva
Barbosa. Crônica: ―Sol e Lua: Lembranças de Uma Vida‖, in III
Antologia de escritores Santanenses, 2019, p. 136. Gilson Valdir.
Obra: Sentimentos de Uma Paixão (poesias). Folclore: Quilombo,
Pastoril, Reisado, cavalhada e as quadrilhas juninas. Festividades:
Nossa Senhora da Conceição (padroeira), no dia 8 de dezembro,
São Sebastião (padroeiro), no dia 20 de janeiro. Religião:
Limoeiro é sede de um dos oito vicariatos da Sé são-franciscana,
da qual fazem parte os municípios de Taquarana, Campo Alegre e
Coité do Nóia. Denominações religiosas: Igreja Católica
Apostólica Romana; Igreja Assembleia de Deus; Igreja de Cristo
Pentecostal no Brasil; Igreja Evangélica Só o Senhor é Deus;
Congregação Cristã no Brasil; Igreja Adventista do 7° dia; Igreja
do Tabernáculo do Deus Vivo; Comunidade Ministério da
Reconciliação. Povoados - (Pequeno histórico de alguns sítios e

Crônicas de Limoeiro 181


povoados): Barro Vermelho: tanto o Barro Vermelho, quanto o
Barro Vermelho II tem sua denominação vinculada à cor de suas
terras. Fundado por Manoel Paulino da Silva; Benedicto (extinto):
localidade que em 1883 já existia, sua denominação se deve ao
rico proprietário Benedicto de Souza Barbosa; Boqueirão do Ivo:
sítio que em 1884 já existia. Sua denominação vem de Ivo Barbosa
da Silva, filho de Alexandrino Barbosa da Silva, patriarca da
família Barbosa. Atualmente, a localidade pertence ao município
de Coité do Nóia; Brejo: sitio dos mais antigos de Limoeiro de
Anadia. É bem provável que já existia ali um núcleo rural durante
o processo de fundação de Limoeiro, onde as famílias irmãs:
Barbosa, Castro, Teixeira e Vital viviam na lida do campo e na
criação de animais em suas propriedades. Existe uma capela
construída a mando do padre Pedro Vital em 1855, sobre a
sepultura de seu pai Pedro Vital, falecido naquele ano. Entre os
inúmeros líderes políticos de Limoeiro que são oriundos do sitio
Brejo figuram os padres Pedro e Francisco Vital, o Major João
Ribeiro de Castro Lemos, Pedro Ribeiro de Castro, João Ribeiro
de Castro Neto, Capitão Antônio Paulino Theodoro da Silva,
major Augusto Paulino da Silva, Capitão Alexandrino Barbosa,
Capitão Ursulino Barbosa e os coronéis Cândido e Pedro Barbosa
da Silva. Cabuta: no início era uma grande propriedade de Dona
Izabel Paula de Jesus, mãe de Senhorinha Maria da Conceição,
esposa de Ursulino Barbosa. Sua denominação se deve ao fato de
seus colonizadores terem colocado uma espécie de cabide,
chamado de ―cabuta‖, preso na parede de um rancho para seus
trabalhadores colocarem seus chapéus, mochilas e roupas;
atualmente pertence ao município de Taquarana; Cadoz: em seus
primórdios era um local muito visitado por uma tribo indígena
que vivia onde hoje fica o Genipapo. Era comum essa tribo sair do
Genipapo em direção ao atual Cadoz para extrair uma substancia
chamada por eles de ―pó - dói‖ de uma árvore copaíba. Tempos
depois, houve uma alteração na denominação para ―pau - dói.
Dessa forma, todas as vezes que os índios se dirigiam aquele local

182 Gilberto Barbosa Filho


diziam ―vamos ao pau – dói‖ e o lugar ficou conhecido durante
muito tempo por essa denominação. No entanto, com o passar
dos anos sua toponímia sofreu algumas alterações de ―Pó – dói‖
para ―Pau – dói‖, ―Ca dói‖, ―Cadox‖ e por último ―Cadoz‖,
denominação pela qual é conhecida atualmente. Camadanta: sua
toponímia deve-se a existência de uma anta em suas matas. No
inicio do século XX já existia com uma grafia bem parecida com a
atual ―Camad‘Anta‖. Atualmente está em decadência devido a
existência de uma grande plantação de cana, que transforma a
localidade em local propício a criminalidade forasteira; Covos:
sua denominação se deve ao fato de pescadores deixarem
armadilhas, chamadas ―covos‖ para pegar peixes, e todas as vezes
que eles iam à pesca falavam ―vamos aos covos‖. A denominação
pegou e a população passou a chamar o local de Covos; Cruzes:
localidade outrora habitada por índios. A grande quantidade de
cruzes, provavelmente lembram as pessoas mortas pelas epidemias
que assolaram a região de Limoeiro deu origem a sua denominação;
atualmente pertence a Taquarana; Genipapo: recebeu sua
denominação dos índios devido à grande quantidade do fruto do
jenipapeiro, de onde se extraia uma tinta preta, geralmente usada
na pintura. O povoado se originou a partir da ―Fazenda Genipapo‖
do Coronel Cândido Barbosa da Silva que construiu sua ―Casa
Grande‖ por volta do final do século XIX. Grande parte dos
terrenos que formaram o espólio do Coronel Cândido foram
comprados ao Coronel Antônio Joaquim de Athayde, que antes as
havia adquirido por compra aos monges da ordem de São Bento
da Bahia. Com a morte do Coronel Cândido, suas terras foram
divididas entre seus filhos Bernardino (Seu Barbosa), Cândido
Filho, Gabino Barbosa, Virgílio Barbosa e Davi Barbosa. Este
ultimo comprou as partes de seus irmãos, menos a de Gabino, se
transformando num dos grandes produtores de fumo e de inhame
da região Agreste, além de possuir um grande sítio composto de
diferentes tipos de frutas. Essa fazenda tinha grande extensão
territorial, tendo como limites os sítios Tipi, Correia, Pé Leve e a

Crônicas de Limoeiro 183


sede do Município, o que corresponde hoje às propriedades de
Márcio Gomes, Adelmo Pereira, Família Nunes e parte do Pé
Leve. Entre 1981 e 1983, a esposa de Gabino, a senhora Miriam
Mota Acioli Barbosa fez construir a Capela de Nossa Senhora da
Guia de fronte a sua casa, às margens da atual AL 220. Nesse
mesmo período morreram Davi e seu irmão Gabino, os dois
grandes empreendedores do povoado. Vale ressaltar a presença no
povoado dos fazendeiros Dedé e Lídio Leão, Natalício, Júlio Vieira
e Bereguedé que chegaram muito tempo depois da fundação da
localidade, mas que também deram sua contribuição para o
desenvolvimento do povoado. A antiga ―Casa Grande‖ resistiu ao
tempo e após algumas reformas, ainda hoje pode ser contemplada
de longe ao lado da lagoa, com sua bela paisagem no centro da
fazenda do atual proprietário Adelmo Pereira; Mamoeiro: local
que em seus primórdios fazia parte da grande fazenda do Coronel
Cândido Barbosa da Silva. Também foi habitada por uma tribo
indígena, como prova, há pouco tempo foi encontrado um
cemitério indígena em sua região; Olho D’água da Pedra: em sua
origem era conhecido como Olho D‘água da Pedra de Manoel
Mulatinho; Olho D’água do Luiz Carlos: denominação dada ao
engenho do Major Luiz Carlos, onde até hoje tem um açude de
grande profundidade. Tempos depois, a localidade que foi se
formando continuou com a mesma denominação; Passagem do
Vigário: denominação dada pelo fato do vigário de Limoeiro,
Francisco Vital da Silva, passar com frequência por um rio em
direção a Igaci, onde era capelão. Em virtude das dificuldades em
atravessar o rio em época de cheia, mandou construir uma
passagem rústica para melhorar o percurso. Daí em diante o local
ficou conhecido como Passagem do Vigário; atualmente seu
território pertence a Belém e Taquarana; Pau Amarelo:
denominação devido à existência de madeira de lei de grande
porte, de cor amarela, inclusive suas flores, muito usada na
confecção de portas e janelas; Pé Leve: Povoado surgido no século
XIX como extensão do sítio Pé Leve Velho. Provavelmente tenha

184 Gilberto Barbosa Filho


surgido sob a influência da constante passagem de viajantes com
destino ao próprio Pé Leve Velho ou ao sítio Cangandú. É
comprovada a primitiva ligação da povoação com aquele sítio,
pois à época de sua fundação era denominada ―Lagoa do Pé Leve‖,
ou seja, lugar pertencente ao Pé Leve (O Velho). Seu crescimento
foi vertiginoso, em 1844 fazia parte do território coberto pela
subdelegacia de Limoeiro e já era considerado um sítio
independente, desligado do antigo núcleo rural de Pé Leve Velho,
o que comprova que sua história já começara entre o inicio e
meados do século XIX. No ano de 1882, foi realizado em casa
particular o casamento de Francisco Antônio Ferreira e Rosalina
Maria da Conceição. Devido a tantos anos de história, anterior ao
que muitos achavam, talvez nenhuma das atuais famílias esteja no
povoado desde sua fundação, ou seja, dificilmente acharemos
algum descendente dos primeiros povoadores por aqui, muito
menos o motivo de sua denominação seja porque seu fundador
tenha tido a alcunha de Chico Pé Leve, ou ao fato de algum fugitivo
ter passado com o ―pé leve‖ sob a lama abundante deixada pela
brusca seca da lagoa. Com o decorrer de sua história, ocorreram
outros fatos marcantes: a criação da subdelegacia, em 1957, tendo
como primeiro subdelegado Juvenal Honório da Silva; a eleição
de 1966, que elegeu Milton Fernandes da Silva como o primeiro
vereador representante da localidade; e a construção da Capela de
Santa Luzia, que recebeu a benção do padre José Mauricio da
Rocha em 1972. O povoado Pé-leve Novo, como é às vezes
conhecido, situa-se na zona rural de Limoeiro de Anadia com
distancia de 9 km da sede do município. Possui uma população
estimada de 5.563 habitantes (censo 2007), distribuídos em 1080
residências (SIAB – Sistema de Informações da Atenção Básica).
A comunidade tem como principal acesso a rodovia AL 220 no
sentido Leste-Oeste do povoado. Atualmente, o povoado se
sobressai devido a sua economia crescente, tendo grande variedade
de pontos comerciais, superando até mesmo a sede municipal;
Recreio: sítio centenário do Reverendo vigário Mathias Antônio

Crônicas de Limoeiro 185


de Mello, que o vendeu ao Capitão Romão Gomes de Araújo e
Silva, que em seu inventário transcreveu como benfeitorias feitas
pelo vigário ―trinta e cinco pes de coqueiro, dezenove pes de laranja,
jaqueira e mais arvores frutiferas e uma casa de telha e taipa‖. No
dia 11 de dezembro de 1871, Romão vendeu o terreno ao Capitão
Roberto Francisco da Silva, pela quantia de 180 mil reis; Terra
Nova: povoação em princípio chamada de Riacho Terra Nova.
Ganhou sua denominação pelo fato de seu antigo proprietário
Mizael Rodrigues ter terras em Cangandú e quando comprou a
nova propriedade, dizia sempre que iria à ―terra nova‖. A fazenda
deu nome ao povoado. Povoados Emancipados:

Arapiraca - Segundo Macedo (1994) e Nardi (2010), por volta


de 1848, as terras arapiraquenses chamada à época de Alto
do Espigão do Simão do Cangandú pertenciam ao Capitão
José Joaquim da Silva, mais conhecido como José Joaquim do
Cangandú. Este, precisando pagar o dote de casamento de sua
filha Maria Custódia da Anunciação, mais conhecida como Yayá,
vendeu as terras ao Capitão Amaro da Silva Valente, representado
por seu genro Manoel André Correia. Coube a Manoel André,
o desbravamento das terras com o auxílio de João de Deus da
Silva, seu parente, embrenhando-se na mata virgem, até descobrir
uma planície fértil e rica em árvores frondosas, principalmente a
―Arapiraca‖, cujo significado é ramo que periquito visita. Segunda
a lenda, em baixo de uma dessas árvores fez acampamento
para sua família enquanto construía habitação, dando ao local
o nome de Arapiraca. A povoação que se iniciou tinha quase
todos os seus habitantes ligados por laços de parentesco. Após
a morte da esposa, Manoel André mandou edificar uma capela
sobre sua sepultura, tendo como orago Nossa Senhora do Bom
Conselho. Em 1858, chegou à região outro parente de Amaro
da Silva Valente, o colono José Veríssimo junto com seus filhos,
entre eles Espiridião Rodrigues, que mais tarde veio a ser um dos
emancipadores de Arapiraca da cidade de Limoeiro de Anadia.

186 Gilberto Barbosa Filho


Primitivamente, como distrito esteve Arapiraca sob a jurisdição
de Penedo, Porto Real do Colégio, São Brás e Limoeiro de Anadia.
De seu território posteriormente foi desmembrado o distrito
de São Brás, sendo incorporado a Traipu, que perdeu em troca,
Lagoa da Canoa em seu favor. Depois de anos de lutas, foi elevada
à categoria de vila, desmembrada de Limoeiro de Anadia, onde
existia o antigo distrito de Arapiraca, pela lei 1.109, de 30 de
maio de 1924, sendo instalada no dia 30 de outubro do mesmo
ano. Tem como base econômica a agricultura, onde predomina a
fumicultura. Descobertas recentes repensam a formação histórica
do município. A partir dos anos de 2000, o historiador Gilberto
Barbosa Filho encontrou um documento de transcrição de uma
carta de alforria, passada por José Nunes de Magalhães aos quatro
de janeiro de 1881, em favor de sua escrava Josepha, mulata de
27 anos, o que comprova a existência da escravidão negra em
Arapiraca. Há alguns anos foram encontradas urnas funerárias
indígenas em Arapiraca, o que prova a vivência daquele povo
naquela região. Tais fatos reforçam a ideia de que os responsáveis
pela construção dos históricos da cidade de Arapiraca não
incluíram em seus anais as importantes contribuições de índios e
negros para o seu desenvolvimento.

Coité do Nóia - O sitio Coité como era conhecido desde, ou


antes, de 1827 como consta no dote datado em 05 de junho de
1827 era povoado tanto por índios, o que evidencia tal afirmação
são diversos achados arqueológicos no sitio Areais, por seres
humanos escravizados vindos principalmente de Angola e pela
família patriarcal, essa era a base social do período e da formação
de Coité do Noia, Limoeiro de Anadia, Alagoas e do Brasil. O
território do Sitio Coité pertencia a Vila de Anadia. No entanto, em
1844 o sítio Coité já fazia parte da área policiada pela subdelegacia
de Limoeiro (RAFAEL, 1994). Com a descoberta do documento
titulado Ação Forca Nova de n. 05 de 1859 folha 07 e verso do
Cartório do Único Oficio de Limoeiro de Anadia varias perguntas

Crônicas de Limoeiro 187


e questionamentos sobre a história da cidade Coité do Noia hoje
podem ser respondidas. Na região moravam Joaquim de Santa
Anna Noia e sua esposa Anna Rosa, ambos deram um dote a
Basílio Estevão da Costa no dia 05 de junho de 1827 no sítio Coité
para que o mesmo casasse com sua filha Anna D‘Anunciação e
Silva. O valor do dote configura o poder e a posição social da
família Nóia na região.
em cargo do Matrimonio q temos contratado
contrair com minha filha Anna d‘Anunciação;
os bens seguintis; Em terras no Sítio do Coité
cem mil r cujas terras pegará do Sítio Coité pa
(para) a parte das Crusis; hua (uma) escrava
de nome Maria gentio d‘Angola no valor de
dusentos, e oito mil r, hum escravo de nome
Martinho criolo no valor de cento e noventa
e cinco mil r, desaseis cabeças de gado vacum
no valor de nove mil r cada um em prata
em cento e quarenta e quatro mil r em ouro,
e prata o valor de setenta e nove mil r, hum
taixo no valor de oito mil r, hum candieiro de
latão no valor de quatro mil r, em dinheiro
noventa e cinco mil r, hum cavalo selado e
enfreiado no valor de vinte e quatro mil réis,
cujos bens são do nosso casal livres29.

Basílio Estevão da Costa foi um dos homens mais ricos da Vila


de Anadia, entre os bens deixados presentes em seu inventário
constam:
dinheiro: nada. Ouro: sendo 03 chapas, 12
varas de cordão de ouro e 02 redomas, 02
pares de brincos, 03 pares de argolas, prata:
01 par de argolas, 03 pentes, 16 colheres, 5
garfos e 01 par de estribos, cobre: 02 tachos,
Ferro: 11 enxadas, 15 chocalhos, 08 foices
29
Ação de Força Nova nº. 05 de 1859, fl. 07. Cartório do Único Ofício de Limoeiro de
Anadia.

188 Gilberto Barbosa Filho


e 02 machados, Móveis: 03 engenhos de
descaroçar algodão, 01 prensa de sacar lã, 01
aviamento de fazer farinha e 01 mesa grande
com duas gavetas, Gado Vacum: 76 vacas, 09
novilhas, 27 garrotes, 17 bezerras, 03 novilhas
e 11 bezerros, Animais Cavalares: 05 cavalos,
02 poltros, 04 animais fêmeas e 01 poltra,
Escravos: 42, Bens de Raízes: 02 casas de telha
e taipa no sítio Coité,01 casa de telha e taipa
no mesmo sítio que servia para prensa, 01
casa de telha e taipa no mesmo sítio que servia
para aviamento de fazer farinha, 05 senzalas
de telha e taipa, 01 casa de telha e taipa na
Povoação de Limoeiro, 01 casa de telha e taipa
na Vila de Anadia, 01 sítio denominado Coité,
02 parte de terra no sítio Riacho do Sertão,
01 parte de terra na Povoação de Limoeiro,
01 parte de terras nas partes secas, 01 sítio
denominado Recreio, 36 pares de Coqueiros.
Vale ressaltar que na folha de nº. 48 versos do
dito inventário, consta 07 senzalas invés de
05 (Cartório do Único Ofício de Limoeiro de
Anadia, Inventário de nº. 32, de 1852).

O casal Anna D‘Anunciação e Basílio Estevão da Costa tiveram


08 filhos: 1º - Manoel Joaquim da Costa Zow; 2º - Alferes José
Joaquim da Costa e Silva; 3º - Antônio Estevão da Costa; 4º -
Maria da Conceição do Patrocínio; 5º - Ana Izabel da Costa, 6º
- Francisco Basílio da Costa; 7º - Raymundo Estevão da Costa e
8º - Josefa Maria da Conceição. Basílio Estevão da Costa faleceu
em 1852 e Anna D‘Anunciação em 1875. O local onde floresceu
a atual cidade de Coité do Nóia ficou mais povoado depois dos
casamentos dos filhos do Casal. Além dos filhos, genros e netos,
morava no Sítio Coité o Major Antônio Thomas da Silva, Antônio
da Exaltação Maia e o Capitão Manoel Sebastião da Silva e nas
redondezas o Capitão Antônio Custódio da Silva no Boqueirão
dos Custódios, Paulino Barbosa da Silva no Boqueirão do Ivo,

Crônicas de Limoeiro 189


Capitão Alexandrino Barbosa da Silva no Oitizeiro, Antônio
Rodrigues Nobre no Manoel Gomes, Antônio Geraldo de Barros
na Lagoa das Cabaças, região conhecida hoje por Cabaços. Coube
a estas famílias pelejar contra os habitantes primitivos e introduzir
a criação de gado na região com o auxílio do escravo negro. O
núcleo que ia se formando recebeu a denominação de Coité,
devido ao grande número de pés de ―coités‖ existentes na região
e a um dos primeiros desbravadores do lugar. Vale ressaltar que,
como ocorreu com Taquarana, nem sempre Coité foi conhecido
como ―Coité do Nóia‖, o que deve ter ocorrido é que em algum
momento da história populares ou lideranças políticas passaram
a chamar o lugar por essa toponímia, que acabou vingando. Em
1881, no mesmo sítio Coité, houve o casamento de Pedro Barbosa
da Silva com Almerinda Maria da Conceição, filha do Capitão
Alexandrino Barbosa da Silva e da finada Maria Magdalena da
Conceição, antigos moradores daquela região. Em 1890, Antônio
Nunes Barbosa comprou uma faixa de terra do senhor Manoel
Lucindo, que residia em Limoeiro, e deu ao local a denominação de
―Alto de Santo Antônio‖, onde com sua família construiu uma capela
em 1918, sob o orago de Santo Antônio. Com a chegada de novos
moradores, o desenvolvimento deu um salto e o sítio progrediu
transformando-se em um pequeno arruado. Na década de 1920,
a abertura de novas estradas e o escoamento de sua produção
agrícola para as cidades vizinhas, possibilitou a transformação
de suas características, que agora passa a ter as formas de uma
aglomeração urbana bem parecida com a atual. Seu território
pertenceu a Freguesia de Nossa Senhora do Rosário, Penedo, até
1882, passando em seguida a pertencer a Vila de Limoeiro, criada
naquele ano. No entanto, com o crescimento e o desenvolvimento
do povoado surgiu um movimento de emancipação liderado por
Manoel Sebastião da Silva, Ernesto e Geraldo Higino, que à época
era vereador em Limoeiro. Pela lei nº 2.616, de 21 de agosto de
1963, foi criada a Vila de Coité do Nóia, sendo instalada aos 24
de setembro. Nesse mesmo ano foi criado o cartório de registros

190 Gilberto Barbosa Filho


de Nascimento, Casamento e Óbitos, tendo como primeiro oficial
José de Sena Filho, que também assumiu as funções de tabelião
para escrituras de imóveis. Em 1989, o cartório de escrituras foi
separado dos demais, passando a ter como tabelião Sebastiana
Cícera dos Santos. O município está localizado na microrregião
de Arapiraca, limita-se com os municípios de Igaci, Limoeiro de
Anadia, Taquarana e Arapiraca. Recentemente foram encontrados
despojos indígenas em sua região. O que fortalece a tese da
existência de indígenas desaldeados em suas terras, em tempos
remotos. Texto de Ademir da Silva Santos, 2016. SÍTIO COITÉ:
Apontamentos a partir de fontes documentais primárias
do século XIX e fontes orais da atualidade. Acesse: http://
www.youblisher.com/p/1294240-PESQUISA HISTORICA-DE-
COITE-DO-NOIA/

Junqueiro - Conta a lenda que os primeiros habitantes do lugar


que viria a se tornar a atual cidade de Junqueiro foram Izabel
Ferreira, seus genro Thomás, conhecido com Pai Felix, seus filhos
e demais parentes. Pai Felix incentivou a família a construírem
suas casas e iniciar a lida na lavoura. Conta-se que certa vez,
quando passava perto de um tronco de ingazeiro no meio do mato
que estava prestes a desbravar, Pai Felix teria encontrado uma
cruz, tendo em um de seus braços uma pequena uma pequena
imagem da Divina Pastora. Felix ergueu um nicho perto da árvore,
colocando a cruz, e tempos depois construiu uma capela, que em
seguida se transformou em igreja, tendo como padroeira a Divina
Pastora. A criação de sua Freguesia Eclesiástica se deu em 03 de
setembro de 1912, quando foi criada a paróquia de Nossa Senhora
da Divina Pastora. Foi elevado a Distrito Policial pela lei nº 956,
de 13 de junho de 1885. A criação da vila ocorreu pela lei 379,
de 15 de junho de 1903, tendo sua instalação em 31 de janeiro
do ano seguinte. No entanto, foi suprimida pela lei 1619, de 23
de fevereiro de 1932, e anexada a Limoeiro de Anadia. Em 1935,
foi restaurada, mas foi extinta novamente em 1938 e restaurada

Crônicas de Limoeiro 191


novamente em 1947, quando foi definitivamente emancipada pelo
artigo 6º das Disposições Transitórias da Constituição de 1947.
Foi termo da comarca de Coruripe em 1931. Em 1935, seu termo
foi transferido para a comarca de Anadia. Em 17 de setembro de
1949 foi elevado à categoria de comarca. Seu topônimo se deve ao
fato de existir na povoação inicial uma lagoa, em cujas margens
se encontravam o junco, usado para a confecção de utensílios
domésticos. Daí, quando as pessoas iam ao local diziam ―vamos
para o junqueiro‖, a denominação pegou e a povoação que se
iniciou continuou a ser chamada de Junqueiro.

Taquarana - A origem da colonização do atual município ocorreu


por volta de 1750, época em que familiares do fundador de
Limoeiro, se estabeleceram na região, dando inicio a criação de
gado e a lavoura. A povoação se expandiu a partir de 1821, quando
João da Costa construiu a capela de Santa Cruz (hoje Matriz),
onde atualmente se encontra a sede municipal. São considerados
também como fundadores: Luiz Carlos de Souza Barbosa, Antônio
Paulino da Silva, Antônio Faustino da Silva Madeira e José Miguel
Soares. Tempos depois, João da Costa foi assassinado e a capela foi
dilapidada. Entre as décadas de 1830 e 1840, chegaram à região a
família Correia Paes, obtendo um grande terreno para a criação
de gado. A partir daí, devido ao fato de seus donos serem pessoas
abastadas economicamente e pelo tamanho da propriedade, que
mesmo sendo um pouco distante da capela onde de fato floresceu
a atual cidade de Taquarana, o lugar passou a ser conhecido de
maneira não oficial como Cana Brava dos Paes. Anos depois, frei
Manoel Caetano de Morais, então pároco de Limoeiro incentivou a
população a reconstruir a capela, tendo com principal colaborador
o major Luiz Carlos de Souza Barbosa, que contratou os serviços
do carpinteiro Guilherme, auxiliado por Elias e pelo entalhador
Domingos, de Penedo, sendo a madeira transportada das matas
da região pelo carreiro Felipe (CASTRO NETO, 2007). De acordo
com o recenseamento realizado em 1872, Cana Brava tinha 60

192 Gilberto Barbosa Filho


casas, uma escola de instrução primária para o sexo masculino e
uma subdelegacia, que tinha como subdelegado Ursulino Barbosa
da Silva. Segundo o Almanak da Província de Alagoas, entre 1873
e 1874 havia 25 fogos (casas) e uma população de 80 habitantes. No
entanto, diante das dificuldades para o crescimento da localidade,
a escola foi suprimida, sendo somente restaurada em 1877, e
suprimida novamente em 1879 e recriada em 1880. O município
foi criado em 24 de agosto de 1962, pela lei 2.465, desmembrando-
se de Limoeiro de Anadia, que também alterou sua toponímia para
Taquarana, que tem o mesmo significado da antiga denominação,
sendo instalado em 22 de dezembro do mesmo ano. Os líderes da
emancipação foram Manoel Rodrigues de Oliveira, José Tenório
de Souza, João Firmino da Silva e Floriano de Souza Castro. Fonte:
Almanak do Estado de Alagoas, 1891; BARBOSA FILHO, 2011;
CASTRO NETO, 2007; IBGE; NARDI, 2010; TENÓRIO, 2012.

Crônicas de Limoeiro 193


Anexo VII
Resumo dos Acontecimentos

Datas Memoráveis

1798 – Fundação de Limoeiro de Anadia, com a construção da capela


erigida pelo pedreiro José Ramos de Oliveira, a mando de Antônio
Rodrigues da Silva. A benção e a primeira missa ocorreram no dia 10
de dezembro.
1838 – Instalação da primeira cadeira (escola) de instrução primária
para o sexo masculino (12.03), por ato da presidência da Província
alagoana. Funcionava no antigo sobrado do Capitão Romão Gomes de
Araújo e Silva.
1844 – Criação do Distrito Policial e Civil (22.08), por ato do Coronel
José Gregório da Silva, vereador em Anadia.
1855/56/1862 – A epidemia de cólera atinge Anadia, Limoeiro,
Taquarana, Junqueiro e Arapiraca, entre outras localidades. Somente no
povoado de Limoeiro, numa população de 300 habitantes a epidemia
matou 128 pessoas.
1860 – Criação do Colégio eleitoral Anadia/Limoeiro (18.08), um
com 69 eleitores e o outro com 42, respectivamente, e ambos juntos
indicavam seus candidatos à Assembleia Provincial.
1865 – Criação da Freguesia Eclesiástica (26.06).
1870 – Instalação da primeira cadeira (escola) de instrução primária
para o sexo feminino (14.05).
Criação da primeira agência dos correios de Limoeiro (09.11),
tendo como primeiro agente Manoel Francisco de Souza Lima e como
primeiro ajudante José Estevão da Costa.
Construção do primeiro cemitério público (28.11), no local onde
atualmente se encontra o Centro de Saúde Maria Celina.
1882 – Emancipação Política de Limoeiro, com a criação da Vila e do
município (31.05).

194 Gilberto Barbosa Filho


1883 – Instalação do Paço Municipal, sede da Prefeitura e da Câmara
(08.01), no sobrado do Capitão Romão Gomes de Araújo e Silva.
Criação do ofício de escrivão de órfãos, pela Lei nº 900, de 14 de junho
de 1883. Funcionava em anexo ao 1º tabelionato da Vila de Limoeiro.
1885 – Criação, no Termo de Limoeiro, da Comarca de Anadia, do 3º
Distrito de Paz, em Junqueiro, pela Lei nº 956, de 13 de julho de 1885.
1888 – Divulgação da Lei Áurea em frente a Matriz - 13.05.
1901 – Transformação de Vila para Cidade de Limoeiro, no entanto, a
sede foi transferida no mesmo ano para Junqueiro.
1903 – Elevação definitiva à categoria de Cidade.
1926 – Instalação da iluminação pública a carbureto na sede do
município de Limoeiro e em Cana Brava.
1939 – Construção do Grupo Escolar Francisco Domingues, em
Limoeiro, pelo governador Osman Loureiro.
1943 – Mudança da toponímia, de Limoeiro para ―Limoeiro de Anadia‖,
pelo decreto-lei estadual nº 2909 (30.12).
1951 – Primeira eleição de Virgílio Barbosa à Assembleia Legislativa de
Alagoas, que o deixa como suplente de deputado estadual, por Limoeiro
de Anadia (03.10).
1952 – Criação da Comarca de Limoeiro de Anadia (11.11), pela lei nº 1.674.
1953 – Construção da nova Prefeitura (08.11), pelo prefeito José Barbosa
da Silva Gomes.
1958 – Eleição de Virgílio Barbosa da Silva (03.10), que agora assume
diretamente o cargo de deputado estadual por Limoeiro de Anadia. Fato
que causou grande festa na cidade.
1966 – Instalação do novo prédio da Câmara Municipal (atual).
1972 – Fundação do Sindicato dos Trabalhadores Rurais.
1975 – Criação do Hino Municipal (15.04), por José Roberval de
Almeida e Cícero Vieira Cavalcante, 1º Sargento contramestre da Banda
de Música do 59º Batalhão de Infantaria Motorizada.
1981 – Construção do edifício Gabino Barbosa da Silva (fevereiro), pelo
prefeito Benício Ferreira Reis, para servir de alojamento para médicos e
profissionais da saúde. Atualmente é sede da Secretaria Municipal de Saúde.

Crônicas de Limoeiro 195


1982 – Morte trágica do comerciante Bernardino, mais conhecido
como Seu Barbosa, após um jogo da Seleção Brasileira, na Copa do
Mundo daquele ano. Seu Barbosa estava em frente a sua casa quando
foi atingido por um trator desgovernado, conduzido pelo Sr. Batista,
filho de Lorenildo Carlota, vindo a falecer ao chegar a um hospital de
Arapiraca. Tempos depois sua residência foi demolida e no local foi
construída a praça multieventos.
1985 – Ampliação das praças 31 de maio, José Barbosa e Romão Gomes
de Araújo e Silva (31.05).
1989 – Criação da Secretaria de Saúde.
1995 – Primeira eleição de Antônio Albuquerque para deputado.
1997 – Instalação da Secretaria Municipal de Finanças.
1998 – Instalação da Secretaria Municipal de Educação.
2000 – Instalação das Secretarias de Ação Social e Agricultura.
Instalação do novo prédio dos Correios (05.02).
Inauguração da E.M.D.A.R.D.A. (25.02).
2006 – Construção do Mirante de Limoeiro (janeiro).
Construção do Ginásio de Esportes.
2007 – Construção do Fórum Juiz Hernande Carvalho (05.01).
2009 – Criação das Sec. de Cultura e Meio Ambiente (18.02).
Instalação das bases do Polo Multissetorial, entre o Genipapo e o
Pé Leve.
2012 – Reconstrução da Praça Deputado Virgílio Barbosa (maio).
Fonte: Dados do autor.

196 Gilberto Barbosa Filho


Anexo VIII
Listas Gerais

Engenhos de fabricar açúcar

1. Boa Sorte, 1º de Misael Carlos de Souza Barbosa; 2º Joaquim


da Natividade Costa e Herminda da Silva Pinto; e 3º Joaquim
Germano da Costa, Sítio Jequiá do Sá.
2. Boa Vista, de Lúcio Eugênio de Messias; Manoel Felipe de Jesus,
Jequiá do Sá.
3. Flor do Prata, do Major João Capistrano da Silva, cunhado do
Major Luiz Carlos; depois, viúva D. Ananias, situado próximo a
Junqueiro.
4. Pau Ferro, do Capitão Pedro Celestino, sitio Pau Ferro.
5. Calugy, do Capitão Antônio de Sá Quintella Cavalcante, vendido
a Prudêncio Alves da Rosa Lima e depois vendido pelos herdeiros
ao Sr. José Marques da Silva, Sítio Calugy.
6. Taquara, de Moysés da Silva Madeira em 1891; José de Medeiros
Bittencourt, vendido ao Coronel Pedro Barbosa e herdado por
Pedro Barbosa da Silva (Doca), Sítio Taquara.
7. Olho D‘água de Santa Cruz, também conhecido por Engenho
Olho D‘água de Baixo e também Manjarra, do Major Luiz Carlos
de Souza Barbosa (depois herdado por sua nora Idalina Barbosa),
Sítio Olho D‘água do Luiz Carlos.
8. Retiro.
9. Quatro Cantos, de Salvador Elias Pereira, e depois pertenceu a
João Seabra, Sítio Canto.
10. Riachão, de João Canuto, Sítio Poção ou Nicácia (tinha
propriedade nas duas localidades).
11. Brejo do Peri Peri, Peri Peri ou Peri Peri do Limoeiro, A. J. Pereira
da Silva; depois a Eufrásia Maria da Conceição, sítio Peri Peri.

Crônicas de Limoeiro 197


12. Canabrava, do Major Francisco de Souza Pinto, Hermezinda
Leite de Carvalho; e depois a Manoel da Silva Porto, sitio
Canabrava (Taquarana).
13. São Vicente, Tenente José Macário Barbosa; de Manoel Vicente
Ferreira em 1891, Uruba.
14. Água Branca, do Tenente José Macário Barbosa.
15. Andrequicé, de Luiz Carlos de Souza Barbosa, Andrequicé.
16. Cabuta, de Salvador Elias Pereira Barbosa (e seus herdeiros a
partir de 1891), Sítio Cabuta.
17. Ribeira ou São José da Ribeira, de Francolino da Silva Reis em
1891; de João Francolino Reis em 1894; de Manoel Leandro de
Jesus e Joanna Vieira de Lyra, vendido ao Capitão Alexandrino
Barbosa da Silva no dia 22 de outubro de 1896, (Junqueiro). Livro
de Notas Nº 8.
18. Barracão, herdeiros de Manoel Leandro.
19. Benedicto, de Antônio Ferreira Barbosa, Sítio Benedicto.
20. Olho D‘água, de Manoel Pereira da Silva e Felix Paulino.
21. Brejo, de Floriano de Souza Castro; Coronel Manoel Paulino
da Silva, Sítio Brejo.
22. Bom Jardim, de Antônio Joviniano da Silva.
23. Ilha, de João de Deus Silva.
24. Várzea de Cima, de Joaquim Germano da Costa. Fonte:
Almanak da Província de Alagoas, 1880; Almanak do Estado
de Alagoas, 1891, 1894; Almanak das Províncias do Império do
Brazil, 1883 – 1885; Cartório do Único Oficio; RAFAEL, 1994.

198 Gilberto Barbosa Filho


Capelas e Oratórios de Limoeiro

1. Capela de Santa Cruz e de Nossa Senhora da Conceição do


Limoeiro, 1798, por Antônio Rodrigues da Silva.
2. Capela de Santa Cruz, Taquarana, 1821, por João da Costa.
3. Capela de Santa Cruz, Junqueiro, por Thomás (Pai Felix).
4. Capela da Divina Pastora, Junqueiro, 1851, por Joaquim
Sabino e seu filho Pedro Sabino.
5. Capela da Lagoa dos Veados, construção anterior a 1852.
6. Capela de Nossa Senhora da Conceição, da fazenda Brejo,
construída em 1855, pelo padre Pedro Vital e família sobre a
sepultura de seu pai Pedro Vital, falecido naquele ano.
7. Capela de Nossa Senhora do Bom Conselho, Arapiraca, 1865,
por Manoel André Correia dos Santos.
8. Capela do Poção, 1866, do português Antônio Ignácio da Silva
(Capitão Antônio Marinheiro).
9. Capela de N. Sra. Do Socorro, Cafundó, 1875, por José Miguel.
10. Nicho do Retiro, sem orago, século XIX.
11. Capela de São Luiz Gonzaga, Olho D‘água do Luiz Carlos,
1880, Major Luiz Carlos de Souza Barbosa.
12. Oratório particular de Luiz Gonzaga da Silva, Oiti, 1882.
13. Capela de Nossa Senhora das Graças, sítio Craíbas, 1947, por
Maria Apolônia e José Firmino de Oliveira.
14. Capela de Nossa Senhora da Guia, Genipapo, 21.05.1978, por
Miriam Mota Acioli Barbosa.
15. Capela de Santa Luzia, Pé Leve, 26.11.1978.
16. Capela de Santa Ana, Gulandim,
17. Capela de N. Sra. de Fátima, Coroa de Areia, 01.03.1993.
18. Capela de Santa Terezinha, Mocambo, 21.03.1999, por Tenório.
19. Capela de N. Sra. da Guia, Genipapo, pela população local.

Crônicas de Limoeiro 199


Paróquia de Nossa Senhora da Conceição

Capelães de 1798 a 1865:

1. Padre Francisco de Moura (1798 – 1803)


2. Padre Antônio Duarte Ribeiro
3. Padre Joaquim Botelho Guedes
4. Padre José Vicente Ferreira da Silva
5. Padre Francisco da Conceição Nogueira (1827)
6. Padre Manoel Caetano Morais
7 – Padre Manoel José dos Santos Vilarins
8. Padre Domingos Fulgino da Silva Lessa, 1846.
9. Padre José Venâncio, natural da cidade das Alagoas, onde foi
sepultado em 1855 vitimado pela epidemia de cólera.
10. Padre Matias de Albuquerque Melo
11. Padre José Marques de Souza Barbosa
12. Padre Pedro Vital da Silva, natural de Limoeiro.

200 Gilberto Barbosa Filho


Padres após a criação da Freguesia Eclesiástica:

1 – Padre Pedro Vital da Silva (04.02.1866 a 26.01.1868)


2 – Padre Satyro José Barbosa (26.01.1868 a 01.11.1868).
3 – Padre Francisco Vital da Silva (01.11.1868 a 04.1870), natural
de Limoeiro e capelão em São Miguel dos Campos.
4 – Padre Jacinto Francisco de Oliveira (1870 a 1872)
5 – Padre Miguel Arcanjo Vassalo (1875)
6 – Padre Antônio Tobias Costa (1900 a 1905; 1911)
7 – Padre Antônio dos Santos Aranda (1905 a 1910)
8 – Padre Antônio Barbosa Oliveira (1910 a 1912)
9 – Padre Francisco Xavier de Macedo (1912)
10 – Padre Pio Correia dos Santos (1912 a 1914; 1917)
11 – Padre Daniel Bezerra da Costa (1914 a 1924)
12 – Padre Aurélio Celestino de Góis (1925 a 1928)
13 – Padre José Tavares (1928 a 1931), prefeito em 1931.
14 – Padre Francisco Xavier de Macedo, natural de Limoeiro.
15 – Padre Epitácio Rodrigues (1935 a 1944)
16 – Padre José Joaquim Mauricio da Rocha (1945 a 1974)
17 – Padre Epitácio Rodrigues (1974)
18 – Padre Jackson do Nascimento (1982)
19 – Padre Pedro Lopes de Oliveira (1983 a 1984)
20 – Padre David Oliveira de Camargo (1985)
21 – Padre Luís Noronha Branco (1986 a 1991)
22 – Padre Cícero Cavalcante dos Anjos (1992 a 1993)
23 – Padre Judá Barbosa Leite (1994 a 1998)
24 – Padre Iveton Feitosa (1998 a 2000)

Crônicas de Limoeiro 201


25 – Padre José Valdenice Costa da Silva (2001 a 2007)
26 – Padre Antônio Neves da Silva (2007 a 2008)
27 – Padre Marlúcio Luís Damião (2009)
28 – Padre Osmar José de Souza (2018)

202 Gilberto Barbosa Filho


Vigários coadjutores (substitutos do pároco em sua ausência)

1 – Padre José Malaquias da Costa, natural de Limoeiro, rezou sua


primeira missa no dia 15 de agosto de 1836, e faleceu em 1837.
2 – Padre José da Maia Melo, natural de Limoeiro, rezou sua
primeira missa em 1841. Foi vigário em Palmeira dos Índios.
3 – Padre João Luiz da Silva Reis. Natural de Limoeiro e vigário
colado de Coruripe.
4 – Padre João Felizdoro da Silva Dias, natural de Limoeiro e
vigário interino de Águas Belas, em Pernambuco.
5 – Padre Francisco Vital da Silva (1865 a 1868; e 1870; 1884 a
1904; vigário colado em 1886, 1891, 1894, e 1909). Natural de
Limoeiro. Desprezou a capela de Limoeiro em 1870 e foi ser
vigário de Olho D‘água do Acioli (Igaci). Faleceu em 1909, com
mais de noventa anos.
6 – Padre José Veríssimo (01.10.1871 a 29.08.1874)
7 – Padre Jacinto Francisco de Oliveira (1874 a 1876).
8 – Padre Francisco Joaquim da Costa Barbosa (1877), natural de
Limoeiro e vigário colado de Bom Conselho, em Pernambuco.
9 – Padre Jacinto Francisco de Oliveira (1878 a 1882).
10 – Padre Athanasio Gonçalves da Silva (1891).

Fabriqueiro (imagens e utensílios): José Joaquim da Costa e Silva


(1891; 1894). Fonte: Almanak do Estado de Alagoas, 1891 e 1894;
JOBIM, 1881; MACEDO, 1994; RAFAEL, 1994; Diário do Povo,
Ed. 447, 1917; O Índio, Ano II, Nº 98,1922, Nº 137, 1923; JORNAL
GUTENBERG, Ed. 04, de 14 de janeiro de 1909.

Crônicas de Limoeiro 203


Deputados Provinciais e Estaduais

1 – Vigário José da Maia Melo (1862-1863; 1870-1871; 1876-1877;


1878-1879).
2 – Vigário João Luís da Silva Reis (1870-1871; 72-73; 1876-1877).
3 – Padre Francisco Vital da Silva (1878-1879; 1880-1881;
1884-1885 – Presidente da Assembleia Legislativa Provincial de
Alagoas).
4 – Capitão Antônio Ignácio da Silva (1882-1883; 1888-1889).
5 – Capitão Ursulino Barbosa da Silva (1884-1885; 1886-1887).
6 – Coronel José Macário Barbosa (1893-94; 99-1900; 1903-04).
7 – Coronel Pedro Barbosa da Silva (1905-1906; 1907- 1908; 1909-
1910; 1911-1912).
8– Luiz Carlos de Souza Barbosa Neto (1915-1916; 1917-1918;
1919-1920).
9 – Virgílio Barbosa da Silva (1951-1954; 1955-1958).
10 – Antônio Ribeiro de Albuquerque (1995-1998; 1999-2002;
2003-2006; 2007-2010; 2011-2014; 2015-2018; 2019-22). Fonte:
BARROS, 2005; FIGUEIRA, 1885.

Deputados Federais

1 – Nivaldo Ferreira de Albuquerque Neto (2018; 2019-22).

204 Gilberto Barbosa Filho


Intendentes30 e Prefeitos de Limoeiro de Anadia

1 – Major Luiz Carlos de Souza Barbosa (nomeado - 1890)


2 – Capitão Ursulino Barbosa da Silva (1890-1891).
3 – Manoel Antônio Pereira de Magalhães (nomeado - 1892).
4 – Manoel Antônio Pereira de Magalhães (1893-1894).
5 – Capitão Alexandrino Barbosa da Silva (1895-1896).
6 – Capitão Ursulino Barbosa da Silva (1897-1898). Vice:
Esperidião Rodrigues da Silva.
7 – Coronel José Pitanga da Silva (1899-1900)
Vice: Capitão Ursulino Barbosa da Silva
8 – Coronel José Pitanga da Silva (1901-1902)
Vice: Capitão Antônio Francisco da Silva Nobre.
9 – Coronel Joaquim Ladislau da Silva Boia (1903–1904).
Vice intendente: Capitão Satyro José de França.
10 – Coronel Pedro Barbosa da Silva (1905-1906).
Vice intendente: Alferes Pedro Gonçalves Vieira.
11 – Antônio Barbosa da Silva (1907-1908)
12 – Major José Barbosa da Silva (1909-1910)
13 – Coronel Cândido Barbosa da Silva (1911-1912)
14 – Major José Francisco da Silva Pitanga (1913-1915).
Vice: Major José Zeferino de Magalhães.
15 – Esperidião Rodrigues da Silva. Vice: Capitão Roberto
Francisco da Silva (1916-1918).
16 – José Zeferino de Magalhães (1919-1920).
Vice: José Eugênio da Costa.
17– Coronel Manoel Paulino (1921-1922)

30
No Brasil essa denominação foi alterada para prefeito por volta de 1925, assim como
de conselheiro para vereador.

Crônicas de Limoeiro 205


Vice: Capitão Manoel Rozendo
18 – Major José Barbosa da Silva (1923-1924)
Vice: Capitão Manoel Rozendo
19 – Floriano de Souza Castro (1925-1927)
Vice: coronel Izidoro Barbosa.
20 – Major José Barbosa da Silva (1928-1930)
Vice: Pedro Ribeiro de Castro
21 – Padre José Tavares da Silva - Interventor (1930-1932)
22 – Manoel Rijo da Silva – Comissionado (1931)
23 – Major Francisco de Barros Rêgo - Interventor (1932)
24 – José Aurélio Faustino da Silva - Interventor (1932-1934)
25 – Hermírio Correia Barbosa - Interventor (1935-1938)
26 – Pedro Ribeiro de Castro - Interventor (1939-1942)
27 – Luís de Castro Fonseca - Interventor (1942-1946)
28 – Virgílio Barbosa da Silva (1947-1951)
29 – José Barbosa da Silva Gomes (1952-1955)
30 – Floriano de Souza Castro (1956-1960)
31 – Luzinário Cícero da Silva (1961-1964) – Impeachmado.
Vice: Antônio Alves Canuto
32 – Antônio Alves Canuto (1965)
33 – Pedro Ferreira da Silva (1966-1969)
Vice: Bernardino Barbosa
34 – Benício Ferreira Reis (1970-1973)
35 – Pedro Ferreira da Silva (1974-1977)
Vice: Epitácio Rodrigues da Silva
36 – Benício Ferreira Reis (1978-1981)
37 – Nivaldo Ferreira de Albuquerque (1982-1988)
38 – Antônio de Deus Barbosa (1989-1992)
39 – Nivaldo Ferreira de Albuquerque (1993-1996)

206 Gilberto Barbosa Filho


Vice: Dr. Fernando Ferreira de Araújo
40 – Sebastião Vieira de Souza (1997-2000)
Vice: Tenente Benedito
41 – Jorge Nivaldo de Albuquerque (2001-2004)
Vice: Nivaldo Ferreira de Albuquerque
42 – Jorge Nivaldo de Albuquerque (2005-2008)
Vice: Nivaldo Ferreira de Albuquerque
43 – James Marlan Ferreira Barbosa (2009-2012)
Vice: João Bispo de Oliveira da Silva.
44 – James Marlan Ferreira Barbosa (2013-2016)
Vice: João Bispo de Oliveira da Silva.
45 – Marcelo Rodrigues Barbosa (2017-2020)
Vice: Luciano Soares.

Fonte: Atas da Câmara Municipal de Limoeiro de Anadia;


Almanak do Estado de Alagoas – 1891; 1894; Livros de Notas do
Cartório do Único Oficio de Limoeiro: nº 5; fls 27b a 29; nº 8,
fls 36 a 37 B, 1897; nº 10, 1903; nº 10, 1905; nº 13, 1913; nº 14;
fls 30b a 31b, 1916; nº14, 1919; MACEDO, 1994; Jornal Orbe,
nº 06, p. 02, de 29 de janeiro de 1890; O Índio, Ano I, nº 21, de
19 de junho de 1917, e nº 124, de 8 de julho 1923; Relatório dos
Presidentes dos Estados Brasileiros, Ed. 1, pág. 45, 1916; JORNAL
CRUZEIRO DO NORTE, de 23 de dezembro de 1891; JORNAL
GUTENBERG, Ed. 04, de 14 de janeiro de 1909.

Crônicas de Limoeiro 207


Conselheiros e Vereadores de Limoeiro de Anadia

(1883-1884)

Coronel Cândido Barbosa da Silva (presidente da Câmara), José Joaquim da


Costa e Silva (abandonou as funções em 1884 para assumir o cargo de Agente
de Rendas provinciais, sendo feita uma nova eleição no dia 1º de agosto para
ocupar o seu lugar, na qual foi eleito o Tenente Nicolau Tolentino da Silva
Reis), Antônio Ovídio da Silva, José do Carmo Silva, José Martiniano da Silva,
José Dionyzio da Costa, Pedro Antônio da Silva.
(1885-1886)

Coronel Cândido Barbosa da Silva (presidente da Câmara), José Joaquim da


Costa e Silva, Antônio Ovídio da Silva, José do Carmo Silva, Pedro Antônio
da Silva, José (João?) Martiniano da Silva, José Dionyzio da Costa (falecido
após o pleito eleitoral). Em nova eleição feita no dia 30 de março de 1885, foi
eleito o Capitão João Ribeiro de Castro Lemos.
(1887-1888)

Coronel Cândido Barbosa da Silva (presidente da Câmara), Tenente Marcolino


Vieira de Lyra, Capitão Luiz José de França, Tenente José do Carmo e Silva,
Capitão Filippe José Salgueiro, Tenente Nicolau Tolentino da Silva Reis, José
de Almeida Lima (os dois últimos foram eleitos em uma nova eleição realizada
no dia 20 de julho de 1886).
(1889)

Coronel Cândido Barbosa da Silva (presidente da Câmara), Tenente Marcolino


Vieira de Lyra, Capitão Luiz José de França, Tenente José do Carmo e Silva,
Capitão Filippe José Salgueiro, Tenente Nicolau Tolentino da Silva Reis, José
de Almeida Lima.
(1890 - 1891)

Manoel Joaquim da Costa Zow (Zô), Manoel Antônio Pereira Guimarães (de
Magalhães), Antônio Francisco da Rosa, José do Carmo e Silva, Domingos
das Chagas e Silva, Jeremias Francisco de Souza Lobo, Luiz José de França e
Fellippe José Salgueiro.
(1892 – nomeados pelo governador)

Antônio Francisco de Rosa, Luiz José de França, José do Carmo e Silva, e


Fellippe José Salgueiro.

208 Gilberto Barbosa Filho


(1893-1894)
Francisco Antônio Barbosa (presidente do Conselho), Manoel Joaquim da
Costa Zow (Zô), Esperidião Rodrigues da Silva, Honorato Ferreira da Silva,
Joaquim Ferreira Costa e Silva, José do Carmo e Silva, José Soares Cavalcante,
Luiz Correia da Graça, Manoel Antônio da Silva Porto, Pedro José de Torres,
Satyro José de França. Fonte: Almanak do Estado de Alagoas, 1894. E mais:
Antônio Francisco da Rosa, Antônio Custódio da Silva Porto, Antônio Calisto
de Oliveira, Antônio Manoel da Costa.
(1895-1896)
?
(1897-1898)
Coronel Pedro Barbosa da Silva, Theofilo Rogerio França, Manoel Domingues
de Souza Barbosa, Pedro Gonçalves Vieira, Manoel Praxedes Gomes Duarte,
Antônio Martins da Silva Dias, Pedro Paulino da Silva (os três últimos
renunciaram ao mandato). Para suprir as vagas deixadas pelos vereadores que
renunciaram, foi realizada uma nova eleição no dia 21 de julho de 1897, sendo
eleitos Antônio Gonçalves Freire, Antônio Raymundo dos Santos, Satyrio
Barbosa da Silva.
(1899-1900)
Antônio Martins da Silva Dias (Presidente do Conselho)?
(1901-1902)
Coronel Pedro Barbosa da Silva, Antônio da Silva Maia, Manoel Pedro da Silva
Madeiro, Antônio José da Silva, Theofilo Rogerio França, Manoel Domingues
de Souza Barbosa, Joaquim Ladislau da Silva Boia.
(1903-1904)
Coronel Pedro Barbosa da Silva (presidente do Conselho Municipal), José
Francisco da Silva Pitanga, Antônio da Silva Maia, Antônio Francisco da Silva
Nobre, Antônio José da Silva, Manoel Craveiro da Silva, Theofilo Rogerio
França, Francisco Linhares Malta (?).
(1905-1906)
Manoel Craveiro Barbosa, Antônio Francisco da Silva Nobre, Francisco
Linhares Malta, Joaquim Cavalcante de Lacerda, Misael de Araújo Maia,
Antônio José da Silva, Capitão Isidoro Barbosa da Silva.
(1907-1908)
?
(1909-1910)
Coronel Pedro Barbosa da Silva (Presidente do Conselho Municipal), Isidoro
Barbosa da Silva, Antônio José da Silva, José Marques da Silva, Manoel
Evaristo Correia, Tertuliano Gomes de Cerqueira, Saturnino José de Almeida.

Crônicas de Limoeiro 209


1911-1912)
?
(1913-1915)
Coronel Esperidião Rodrigues da Silva, capitão Rozendo Leite da Silva, Major
Antônio Francisco da Silva Nobre, capitão Izidoro Barbosa da Silva, capitão
Antônio Faustino da Silva Madeiro, José Marques da Silva, Manoel Rodrigues
de Oliveira.
(1916-1918)
José Zeferino de Magalhães (presidente), Manoel Lúcio Correia, Manoel
Rodrigues de Oliveira, Francisco José da Silva, Manoel Antônio de Souza,
Pedro Ferreira de Macedo, Leandro Paes de Almeida.
(1919-1920)
Coronel Manoel Paulino da Silva, Joaquim Cavalcante de Lacerda, José Roque
da Silva, Pedro Jesuíno de Oliveira, Miguel Perminio da Silva Jucá, Manoel
Lúcio Correia da Silva, Rosendo Leite da Silva.

(1921-1922)
?
(1923-1924)
?
(1925-27)
Capitão Roberto Francisco da Silva, Domingos Canuto da Silva, José Marques
Correia, Francolino Gomes da Silva, Manoel Alexandre da Silva, João Pereira
da Silva, Pedro Ribeiro de Castro, Alcino Marques da Silva, Joaquim Julião de
Castro, Antônio Correia dos Santos.

(1928-30)
Aristeu Carlos Barbosa, Pedro Paulino Sobrinho, Joaquim Ladislau da Silva
Bóia, José Marques Correia, Pedro Barbosa da Silva (Doca), José Aurélio
Faustino da Silva, Manoel Rodrigues de Oliveira, Alcino Marques da Silva,
Antônio Meirelles de Souza, Domingos Canuto da Silva, Oscar Olivense
Carmo.
(1930-47)
Durante esse longo período (1930-47), o poder legislativo foi dissolvido e
ficou inativo em todo o país, devido a Revolução de 1930.
(1947-51)
Gabino Barbosa da Silva, Joaquim da Silva Bóia, Augusto Paulino da Silva,
Manoel Rodrigues de Oliveira, Francolino Gomes da Silva, Antônio Sebastião
da Silva, Cícero de Castro Silva, João Perminio da Silva, Odilon Pereira de
Amorim.

210 Gilberto Barbosa Filho


(1952-55)
Gabino Barbosa da Silva, Joaquim da Silva Bóia, Francolino Gomes da Silva,
Antônio Sebastião da Silva, Augusto Paulino da Silva, Cícero de Castro Silva,
João Perminio da Silva, Manoel Rodrigues de Oliveira, José Ferreira Sobrinho,
Odilon Pereira de Amorim, Pedro Ferreira da Silva.
(1956-60)
Manoel Barbosa da Silva, Manoel Rodrigues de Oliveira, José Ferreira
Sobrinho, Cícero de Castro Silva, Pedro Ferreira da Silva, José Gomes da Silva,
Ernesto Higino da Silva, Antônio Alves Canuto, Luzinário Cícero da Silva,
Helano Elias Barbosa, Francolino Gomes da Silva, José Perminio da Silva.
(1961-65)
Pedro Ferreira da Silva, José Ferreira Sobrinho, Nivaldo Ferreira de
Albuquerque, Cícero de Castro Silva, José Perminio da Silva, José Gomes
da Silva, Helano Elias Barbosa, Manoel Barbosa da Silva, Odilon Pereira
de Amorim, Antônio Ferreira Cavalcante, Geraldo Higino da Silva, José
Cavalcante de Albuquerque, José Correia Barbosa, Miguel Galdino Costa.
(1966-69)
Helano Elias Barbosa, José Ferreira de Albuquerque, Milton Fernandes
da Silva, Epitácio Rodrigues Costa, Antônio Ferreira Cavalcante, Nivaldo
Ferreira de Albuquerque, Manoel Moreira de Araújo, Benicio Ferreira Reis,
Genésio Ferreira da Silva, Arlindo José da Silva.
(1970-73)
Nivaldo Ferreira de Albuquerque, Antônio Ferreira Cavalcante, Lorenildo
Carlota da Silva, Manoel Gomes da Silva, José Valmir da Silva, José Ferreira
Santos, Epitácio Rodrigues Costa, Milton Fernandes da Silva.
(1974-77)
Antônio Ferreira Cavalcante, Nelson Ferreira Reis, Divaneuza C. Duarte,
Valdemir F. da Silva, José Ferreira de Albuquerque, Antônio Saturnino da
Silva, João Ferreira Santos, Lorenildo Carlota da Silva.
(1978-81)
Epitácio Rodrigues Costa, Divaneuza C. Duarte, Elias Jacinto Soares, Benedito
Tomé de Azevedo, José Ferreira de Albuquerque, Luiz Gonzaga Ribeiro da
Silva, Antônio Fernandes Silva, Arlindo José dos Santos, Júlio Vieira Barbosa.
(1982-88)
Joana Azarias da Silva Florêncio, José Soares de Farias, Divaneuza C. Duarte,
José Soares dos Santos, José Nobre da Silva, Lorenildo Carlota da Silva, José
Nunes de Lima, Luiz Gonzaga Ribeiro Silva, José Ferreira de Albuquerque,
Iraci Soares.

Crônicas de Limoeiro 211


(1989-92)
José Nunes de Lima, Ismar Faustino da Silva, Zenilda Marinho da Silva
Oliveira, Joana Azarias da Silva Florêncio, Luiz Gonzaga Ribeiro Silva,
Geraldo Paulino da Silva, José Tenório de Albuquerque, Pedro Soares da Silva,
José Moisés Filho, Almir Fernandes da Silva.
(1993-96)
José Jacinto dos Santos, Zenilda Marinho da Silva Oliveira, Batista Juvenal da
Silva, Ubiratan Ribeiro Silva, Isac Cavalcante, José Tenório de Albuquerque,
Ismar Faustino da Silva, Roberto F. de Lima, Joana Azarias da Silva Florêncio,
Cícero Gomes da Silva.
(1997-2000)
José T. de Albuquerque, Maria José G. Carmo, José Soares de Farias, Ubiratan
Ribeiro Silva, Roberto Francisco, Ismar Faustino da Silva, Cícero Gomes
Silva, Sebastião Pereira Lima, José Jacinto dos Santos.
(2001-2004)
José T. de Albuquerque, José Soares de Farias, Antônio Roberto da Silva,
Antônio de Deus Barbosa, Sebastião Pereira de Lima, Roberto Francisco de
Lima, Maria José G. Carmo, Ismar Faustino da Silva, Cícero Gomes da Silva.
(2005-2008)
José Soares de Farias, José Tenório de Albuquerque, Antônio Roberto da Silva,
Roberto Francisco da Lima, Cícero Gomes da Silva, Ismar Faustino da Silva,
Pedro Juvino, José Juvenal da Silva, Antônio Alves da Silva.
(2009-2012)
José Soares de Farias, Antônio Roberto da Silva, Cícero Gomes da Silva, José
Juvenal da Silva, Pedro Juvino, Valmir Filho, Antônio Alves da Silva, Miguel
Messias dos Santos, Roberto Francisco de Lima.
(2013-2016)
Antônio Roberto da Silva, Cícero Gomes da Silva, José Juvenal, Pedro Juvino,
Valmir Filho, Antônio Alves, Ismar Faustino, Roberto Francisco, Durval
Vaqueiro, Eliene Silva, José Tenório de Albuquerque.
(2017-2020)
Felipe Boró, Valmir Filho, Ernandes do Brejo, Tonho da Rita, Ismar Faustino
(In memoriam), Toinho, Pedro Juvino, Duda, Beto, Genecy, Zé Juvenal, Tindô,
Diógenes Ferreira.
Fonte: Almanak das Províncias do Império do Brazil, 1883 e 1885; Almanak do
Estado de Alagoas, 1891 e 1894; Câmara de Vereadores de Limoeiro de Anadia;
Livros de Notas do Cartório do Único Oficio de Limoeiro: nº 3, 1885; nº 6,
1887; nº5, 1893; nº 8, fls 36 a 37 B, 1897; nº 13, 1913; nº14, 1919; nº 20, 1925;
Jornal Orbe, nº 06, de 29/01/1890; JORNAL GUTENBERG, Ed. 04, de 14 de
janeiro de 1909.

212 Gilberto Barbosa Filho


Autoridades Policiais do Município de Anadia

Subdelegados do Distrito de Limoeiro

1. Major Antônio Tomaz da Silva, 22. 08. 1844.


2. José Barboza da Silva, 1848 a 1854. Suprimida e ligada a de
Palmeira dos Índios em 1854, sendo restaurada em 6.12.1855.
3. Capitão Romão Gomes de Araújo e Silva, 1853/1855/1863.
4. João Camillo Rodolfiano de Araújo, outubro de 1855.
5. André Umbelino de Almeida, 1864.
6. Manoel Vicente Ferreira, em 1865.
7. Pedro Dias da Silva Reis (1866)
8. Tenente Coronel Lourenço P. de C. Gama (1867)
9. Capitão Romão Gomes de Araújo e Silva (1868). 1º suplente:
Salvador Elias Pereira. 2º suplente: Manoel Francisco de
Souza. 3º suplente: Antônio Luiz Gomes de Souza. 4º suplente:
Manoel Joaquim da Costa. 5º suplente: Joaquim Germano da
Costa. 6º suplente: Antônio José de Souza.
10. Capitão Antônio Ignácio da Silva (15.01.1872)
11. Tenente Antônio de Souza Araújo (30.11.1872)
12. Manoel Francisco de Souza Lima (24.10.1872 a 1874; 1875). 1º
suplente: Felippe José Salgueiro. 2º suplente: Pedro Antônio da
Silva Junior. 3º suplente: Pedro Gomes da Silva Porto.
13. José Francisco de Souza (1875; 1877).
14. Pedro Antônio de Caldas Moreira (1875).
15. Capitão Antônio de Sá Quintella Cavalcante (02.03.1878;
1880). 1º suplente: Coronel Cândido Barbosa da Silva. 2º
suplente: Antônio Ovidio da Silva Braga. 3º suplente: Manoel
Antônio da Silva.
16. Capitão Ursulino Barbosa da Silva.

Fonte: RAFAEL, 1994.

Crônicas de Limoeiro 213


Guarda Nacional/Divisão Limoeiro (1891/1894)

32º Batalhão de Infantaria do Serviço Ativo de Limoeiro

Estado Maior:
Tenente-coronel comandante: Cândido Barbosa da Silva
Tenente ajudante e secretário: Ricardo da Silva Moraes
Tenente quartel-mestre: José Ferreira da Silva Reis

1a Companhia - Capitão: Manoel Hygino da Silva Porto; Tenente:


Francisco Manoel de Albuquerque; Alferes: Pedro Gonçalves
Vieira.
2a Companhia - Capitão: João de Deus Silva; Tenente: Florêncio
Apolinário da Silva; Alferes: Manoel Firmino da Rocha.
3a Companhia - Capitão: Agostinho Ferreira Barbosa; Tenente:
Antônio Joaquim da Costa; Alferes: Cypriano José de Barros.
4a Companhia - Capitão: Moysés da Silva Madeira; Tenente:
Rosendo Henrique Verissimo da Silva; Alferes: Manoel Evaristo
da Silva.
5a Companhia - Capitão: Luiz José de França; Tenente: Azarias
José da Silva; Alferes: Daniel da Costa Nunes.
6a Companhia - Capitão: Felippe José Salgueiro; Tenente: Antônio
Correia dos Santos; Alferes: Lourenço Justiniano Patriarcha de
Messias. Fonte: Almanak do Estado de Alagoas, 1891 e 1894.

214 Gilberto Barbosa Filho


Funcionários Públicos - 1891

Intendência
Secretário Municipal: Antônio Francisco da Silva Nobre
Procurador: João Vieira de Mello Maniçoba
Fiscal: Antônio José de Souza
Administrador do cemitério municipal: Eduardo Bernardino de
Senna
Coletoria de rendas Gerais
Coletor: José Joaquim da Costa e Silva
Escrivão: Manoel Caetano Tojal
Agente de rendas do Estado
Agente: Elpídio da Silva Moraes (interino)
Escrivão: Caetano da Silva Tojal (interino)
Agencia dos Correios (De 4a classe)
Agente: Elpídeo da Silva Moraes
Inspetores escolares:
Limoeiro: Coronel Cândido Barbosa da Silva. ]
Junqueiro: Capitão Alexandrino Barbosa da Silva.
Cana Brava: Agostinho Ferreira Barbosa.

Comércio, Indústria, Artes e Ofícios em 1891


LIMOEIRO:

Lojas de fazenda (proprietários): Alexandrino Barbosa da Silva;


Antônio Francisco da Rosa; Cândido Barbosa da Silva; Esperidião
Ferreira de Lyra; Esperidião Rodrigues da Silva; Florêncio
Apolinário da Silva; Gabriel Pereira dos Santos; Jeremias Francisco

Crônicas de Limoeiro 215


da Silva Lobo; Joaquim Rodrigues Candal; José Barbosa de
Andrade Paixão; José Falconere da Silva; José Francisco da Silva
Junior; Manoel Paulino da Silva.
Alfaiates: Antônio Pereira de Oliveira; Manoel Thomaz.
Ferreiro: Egydio José de Oliveira.
Marceneiro: Manoel Themoteo do Nascimento.
Maquina de descaroçar algodão: De Cândido Barbosa da Silva
Padaria: Antônio Francisco da Silva Nobre.
Sapateiros: Antônio Barbosa da Silva; Antônio Francisco da Silva
Nobre; Eduardo Bernardino de Senna.

216 Gilberto Barbosa Filho


Funcionários Públicos – 1894

Conselho Municipal
Secretário do Conselho: Antônio Francisco da Silva Nobre
Intendência
Secretário municipal: João Luiz Pierre de Carvalho
Procurador: Manoel Caetano Tojal
Chefe de recebedoria: Melchiades Raymundo dos Santos
Agentes de recebedoria: José Zeferino de Magalhães, Mizael de
Araújo.
Vigilantes: Antônio Cavalcante de Albuquerque, Candido Cardoso
Alves, José Pires de Almeida, Manoel Timotheo do Nascimento.
Recebedoria das rendas estaduais
Administrador: Caetano Francisco Tojal
Escrivão: Antônio Francisco da Silva Nobre
Coletoria das rendas federais
Coletor Caetano Francisco Tojal
Escrivão: Antônio Francisco da Silva Nobre
Agencia dos Correios (De 4a classe)
Agente de Limoeiro: Caetano Francisco Tojal
Agente de Junqueiro: Maria dos Anjos Alves Lima
Agente de Arapiraca: Honorata Bella de Carvalho
Agente de Cana Brava: Antônio Barbosa de Oliveira
Inspetores escolares
Limoeiro: Antônio Francisco da Rosa.
Junqueiro: Veridiano do Espírito Santo.
Arapiraca: Florêncio Apolinário da Silva.
Cana Brava: João Ferreira Macedo.
Fonte: Almanak do Estado de Alagoas de 1891 e 1894.

Crônicas de Limoeiro 217


Comércio, Indústria, Artes e Ofícios em 1894
LIMOEIRO:
Lojas de Molhados: Achiles Francisco Aragão; Anna Amelia
Pitanga; José Esteves da Costa; Maria d‘Almeida.
Lojas de fazendas: Antônio Barbosa da Silva; Cândido Barbosa
da Silva; José Barbosa da Paixão; José Francisco Silva Pitanga.
Padaria: Antônio Francisco Nobre.
Alfaiate: Antônio Pereira.
Descaroçador de algodão (máquina a vapor): De Cândido
Barbosa da Silva.
Ferreiro: Caetano Martins.
Fogueteiro: Antônio Duarte Ribeiro França.
Marceneiro: Manoel Timotheo do Nascimento.
Modista: Regina de Paula Silva.
Sapateiros: Antônio Barbosa da Silva; Antônio Francisco Nobre;
João Francisco de Souza; José Antônio Ribeiro Castro.

JUNQUEIRO:
Lojas de molhados: Antônio Manoel da Costa; Manoel Marques
da Silva; Manoel Rocha.
Lojas de fazenda: Alexandrino Barbosa; Antônio Barbosa Silva
Vital; Felinto Espirito Santo; José Barbosa de Souza; Veridiano do
Espirito Santo.
Padarias: Macário Cardoso; Manoel Antônio da Costa.
Alfaiates: José Candido; Manoel Alves Silva Campos.
Descaroçador de algodão (a vapor): De João Francolino Silva
Reis; De Manoel Leandro; De Manoel Marques da Silva.
Ferreiros: José Café; Lourenço José; Theodoro Manoel do Rosário.
Fogueteiros: Tibúrcio Valeriano; Veridiano do Espirito Santo.
Ourives (negociante de ouro e prata): Antônio Francisco Peretti.

218 Gilberto Barbosa Filho


Marceneiros: Bellarmino Epaminondas; Manoel Leite; Pedro
Quintino.
Sapateiros: Francisco do Ó; Manoel Catité; Marcellino Gomes.

ARAPIRACA:
Lojas de molhados: Azarias Ferreira da Silva; José de Farias; José
Gomes Correia; José Zeferino Magalhães.
Lojas de fazenda: Esperidião Rodrigues da Silva; Florêncio
Apolinário da Silva; Gabriel Pereira dos Santos; Honorato Ferreira
da Silva; Manoel Evaristo da Silva; Manoel Francisco da Silva.
Padarias: Felippe José de Santiago; José Ignacio Correia dos
Santos.
Carpinas (carpintaria): Antônio Leite da Silva; Martins
Rodrigues.
Descaroçador de algodão (a vapor): De Manoel Evaristo da Silva;
Ferreiro: Marcelino José.
Funileiros (fabricação de peças de metal): Antônio Paulino;
João Ferreira de Magalhães; Rosendo Sotero da Silva.
Pedreiros: Azarias Pereira da Silva; João Felix.
Sapateiros: José Gomes Correia; José Tiririca; Manoel José.
Selleiro (fábrica de selas): Fabião Augusto Ferreira de Macedo.

CANA BRAVA:
Lojas de molhados: Joaquim Narciso; Justino Rocha Evangelista;
Manoel Antônio Silva Porto; Manoel Firmino da Rocha; Pedro
Paulino da Silva; Tobias de Almeida; Verdulino Cavalcante;
Lojas de fazendas: José Soares Cavalcante; Justino Pereira da Luz;
Manoel Paulino da Silva; Manoel Pedro da Silva Madeira; Paulino
Antônio dos Santos; Pedro Barbosa da Paixão;
Carpinas (carpintaria): Joaquim Marinheiro; José Capitão; José
Joaquim; Justino da Rocha Evangelista; Manoel Marinheiro.

Crônicas de Limoeiro 219


Descaroçador de algodão (a vapor): De Antônio Faustino Silva
Madeira; De Pedro Barbosa da Paixão.
Ferreiros: Antônio Bobéa; João Pedro de Araújo.
Fogueteiro: Manoel Leandro
Sapateiros: José Maria; Paulino Lucas de Sant‘Anna.

Fonte: ALMANAK DO ESTADO DE ALAGOAS, 1891, 1894.

220 Gilberto Barbosa Filho


MINHA TURMA DE HISTÓRIA
UNEAL – 2004

Adriana Marcia Marinho da Silva, Ana Paula Moura da Nobrega,


Alba Jane de Barros Pimentel, Aldo Alves Rosa, Alysson Dantas
Santos, Ana Karla Teixeira Felismino, Cacilda Raimundo
Fernandes, Djalma Marques da Silva, Eduardo Soares da Silva,
Elaine Cristina dos Santos, Glicero de Lima Cabral, Hiran Alves
Ferreira Gama, Hugo Menezes de Carvalho, Joanna Darc da Silva,
João Batista Ferreira dos Santos, Joseano Lira Santos, Josenildo
Rodrigues de Santana, Kaline Vital Fernandes, Leila Ferreira dos
Santos, Márcia Maria Barbosa Martins, Marcos de Oliveira Silva,
Maria Carmélia Alves de Almeida, Maria das Dores Batista de
Oliveira, Maria Eline Barros de Lima, Maria Lidja da Silva Santos,
Marice Rocha Barbosa, Maxwell Fernandes, Neila Gomes Pereira,
Neuma Simão Pereira, Rodrigo Abrahão Moisés da Silva, Rodrigo
José da Silva, Roniere Gama da Silva, Rute Lira Barros, Samira
Barbosa de Figueiroa, Samuel de Jesus Teles, Sergio Nicácio
Lira, Silvania Maria dos Santos, Wagner Willames Barbosa da
Silva, Wylames Overland da Silva, Simony dos Santos Barbosa,
Edvânia de Lira Melanias, Mônica Aparecida O. Tavares, Valderez
Gonçalves Braga Fernandes, Everaldo Duarte da Silva Junior.

Crônicas de Limoeiro 221


Formato: 155mm x 213mm
Tipologia: Texto Minion Pro, títulos Myriad Pro
Papel miolo: Off-set 75g/m²
Papel capa: Cartão Supremo 250g/m²
Impresso em 2019.

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