CURSO PROFISSIONAL – 2º ANO – módulo 4

Português

Filme: A Missão
Os antecedentes do argumento 2

por Robert Bolt

Foi Fernando Ghia quem me trouxe pela primeira vez o tema em que “A Missão” se baseia. Ele
persuadiu-me a ir à América do Sul. A vista das quedas de Iguazu, a floresta envolvendo-se nos rios
transbordantes e as ruínas das missões fizeram-me ler mais sobre elas, no meu regresso.

Três séculos após a sua fundação, os Impérios Espanhol e Português caíram naquele estado de desuso em
que todos os impérios em ruínas parecem acabar. A linha divisória cortava a meio o Rio da Prata, uma
fonte de muitas irritações, tendo-se estipulado em 1750, pelo Tratado de Madrid, a troca de um fragmento
do território de cada um deles.

Portugal tinha escravos nos seus territórios, os espanhóis não. A porção de terra que ia passar de Espanha
para Portugal tinha as missões, habitadas pelos Guarani. Eles eram a população nativa daquela parte do
país. Os portugueses, protegidos por exércitos de Mamelucos, tinham feito enormes lucros com o
comércio de escravos, que agora praticamente secara devido à falta de matéria-prima. Os espanhóis
também estavam ansiosos que eles tomassem conta do território, levando a lei da oferta e da procura aos
seus ávidos estados.

A ordem dos Jesuítas tinha atraído cerca de trezentos dos Guarani às suas missões, fazendo com que eles
se tornassem donos das propriedades. Eram donos das plantações que produziam, dos objectos de metal e
das finas peças de madeira, a partir das quais talhavam instrumentos musicais que eram apresentados nas
catedrais da Europa. Artífices europeus foram contratados para desenhar as igrejas das missões, embora
todas fossem ornamentadas com os espíritos Guarani, esculpidos segundo o seu passado primitivo.

Este passado era sombrio, mas o seu amor pela ordem dos Jesuítas era total, e eles adoravam a Sagrada
Família. Estes Jesuítas eram em pouco número, e alcançaram a sua liderança através do simples rigor com
que seguiam os ensinamentos do Novo Testamento.

O Marquês de Pombal, um poderoso homem de estado que governou Portugal, gostava muito das novas
doutrinas da oferta e da procura, e ameaçara expulsar os Jesuítas de Portugal se estes não se lhe
submetessem.

Era melhor para o Papa sacrificar aquelas missões, onde o trabalho de Cristo era claramente feito, ou
arriscar o encerramento da Ordem dos Jesuítas, a tropa de choque do Papado, através do mundo?

O Papa nomeou o muito distinto homem da igreja Altamirano para tomar uma decisão a este respeito, e
ele veio, ouviu e tomou a sua decisão. Como resultado, a “guerra” de Guarani foi feita por tropas
portuguesas e espanholas, na batalha de Caibale, em 1756, onde num massacre que demorou apenas
alguns minutos, a artilharia europeia massacrou 1400 índios, que apenas empunhavam as suas bandeiras,
os seus crucifixos e as suas imagens sagradas. A Ordem dos Jesuítas foi encerrada em Portugal em 1759,
em Espanha em 1767 e alguns anos mais tarde em todo o mundo. Os dois Impérios voltaram a digladiar-
se no início do século XIX. Os Guarani são agora um patético punhado de gente, no país que outrora
governaram.

Mas suponham que tinha havido um par de Jesuítas, um com a velha destreza com as armas, o outro com
a simples habilidade de praticar os ensinamentos de Cristo, a quem os Guarani tivessem perguntado o que
fazer? Essa é a história sobre a qual este filme foi construído.
 Presta atenção às seguintes questões:

1. Refere o nome dos dois atores principais, neste filme.

2. Quem é o realizador?
2
3. Onde se situa a Missão de S. Carlos?

4. Como se chama o povo que habita neste lugar?

5. Qual o nome da mais antiga Missão, naquela região?

6. Que posição defendia Dom Cabeza em relação ao povo Guarani?

7. E qual era a posição dos frades jesuítas?

8. Por que motivo se tornou Alonzo frade?

9. Qual era a sua profissão, antes desta decisão?

10. Por que motivo deixou essa profissão?

11. Que faz este frade quando chegam as tropas espanholas para destruir aquele povo?

12. Como acabou a luta?

13. Tenta, em três ou quatro linhas, apresentar o objetivo crítico deste filme.

___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________