Você está na página 1de 8

Colégio Objetivo Peruíbe

Luís Fernando Macedo da Cruz

A vida e os feitos de Hans Staden

Peruíbe
2021
Sumário

1. Introdução__________________________________________3

2. Desenvolvimento____________________________________4

3. Conclusão__________________________________________7

4. Referências_________________________________________8
3

Introdução

O presente trabalho é sobre Hans Staden, mais concretamente sobre as suas viagens á
América, e suas contribuições para o conhecimento das tribos indígenas e as práticas
antropofágicas.
4
Desenvolvimento

Hans Staden foi um mercenário alemão e viajante, que ficou conhecido pelas suas viagens
ao Brasil no século XVI, e por ter sido capturado pela tribo dos tupinambás, durante nove
meses.
Hans Staden nasceu na cidade de Homberg, na Alemanha, em 1525. Com 23 anos,
Staden decidiu fazer uma viagem para a América do Sul, onde fez um relato de seus
tempos de escravidão na tribo Tupinambá.
Ele fez no total duas viagens, que aconteceram entre 1548 e 1549. Período em que a
colonização portuguesa do Brasil ainda estava no princípio, nesse momento, a exploração
do Pau-Brasil era a principal atividade econômica.
E nessa época, Portugal estava tentando implantar o Governo-geral, mas a presença de
portugueses estava concentrada apenas no litoral e nas pequenas cidades.
Os relatos da época, falando sobre os Indígenas apontavam sua hostilidade e o modo
como conviviam. É claro que esses relatos eram do ponto de vista Europeu, sofrendo
influência de sua moral religiosa e visão etnocêntrica.
A primeira viagem de Hans aconteceu no primeiro semestre de 1548, em um navio
português que vinha ao Brasil com objetivos comerciais, porém, caso avistasse alguma
embarcação francesa, tinha ordens para atacar.
Isso ocorria porque, segundo o Tratado de Tordesilhas, parte da América era de Portugal,
então todo povo estrangeiro que tentasse entrar no local era considerado invasor. Hans
Staden era um artilheiro nessa viagem.
Após chegar no Brasil, Hans Staden ficou em Pernambuco, mas precisou retornar a
Portugal pois o navio estava danificado depois de uma batalha com um navio francês.
Retornou a Lisboa em outubro de 1548.
A segunda viagem de Staden aconteceu em 1549, após a páscoa. Ele zarpou de Sevilla a
bordo de um navio espanhol, com objetivo de ir até a foz do Rio da Prata para chegar até o
Peru.
Hans Staden relatou que foi necessário desembarcar em uma ilha de Santa Catarina após
uma tempestade, onde ficaram aguardando outros dois navios (que acabaram se perdendo
durante a tempestade).
Quando o segundo navio chegou (o terceiro nunca foi localizado), Hans disse que eles
decidiram zarpar no navio restante para São Vicente, porém eles se chocaram com
rochedos e naufragaram no litoral de São Vicente. Naquele local, Staden foi convidado
pelos portugueses para ser artilheiro na defesa do Norte de Bertioga.
5

Após dois anos trabalhando em Bertioga como artilheiro, onde ele lutou contra a tribo
Tupinambá, ele foi capturado por essa tribo e considerado inimigo do povo indígena.
Os tupinambás, em geral, matavam os seus prisioneiros em rituais antropofágicos, também
conhecidos como canibalismo.
Eles acreditavam que, quando comiam o seu adversário absorviam as suas habilidades e
qualidades. Quase como se estivessem se apropriando do poder dos portugueses, pelo
menos como acreditavam.
Hans Staden foi prisioneiro durante nove meses como escravo, ameaçado várias vezes de
ser devorado em algum ritual, e muito agredido.
Ele relatou as guerras entre as tribos, e descreveu com detalhes a cultura do povo
Tupinambá.
Alguns trechos de seus livros descrevem a sua experiência, como por exemplo:
Seu tempo passado na ilha de Santa Catarina:
“Ficamos dois anos na selva e sobrepujamos muitos perigos. Passamos muita fome,
tivemos de comer lagartos e ratos do campo e outros animais desconhecidos que
conseguíamos apanhar, também animais com carapaças que se agarravam às pedras na
água e outros alimentos estranhos. No início os nativos nos traziam bastantes
mantimentos, até conseguirem de nós bastante objetos em troca. Depois, a maior parte se
mudava para outros lugares”
A captura pelos Tupinambás:
“Quando eu estava andando na floresta, eclodiram grandes gritos dos dois lados da trilha,
como é comum entre os selvagens. Os homens vieram na minha direção e eu reconheci
que se tratava de selvagens. Eles me cercaram, dirigiram arcos e flechas contra mim e
atiraram. Então gritei: “Que Deus ajude minha alma!”. Nem tinha terminado estas palavras,
eles me bateram e empurraram para o chão, atiraram e desferiram golpes de lança sobre
mim. Feriram-me – Deus seja louvado – apenas numa perna, mas me arrancaram a roupa
do corpo, um deles o casaco, um outro, o chapéu, o terceiro, a camisa, e assim por diante”
Sobre as ameaças que recebeu dos indígenas:
“No interior da caiçara as mulheres se jogaram sobre mim, golpearam-me com os punhos,
arrancaram-me a barba e disseram na língua delas: “Xe nama poepika aé!”, “com este
golpe vingo o homem que foi morto pelos teus amigos”.
Nisto me levaram para a cabana onde tive de deitar numa rede, e mais uma vez vieram as
mulheres e bateram em mim, arrancaram meus cabelos e mostraram-me de modo
ameaçador como pretendiam me comer”
Descrição dos indígenas:
6

“São pessoas bonitas de corpo e estatura, tanto homens quanto mulheres, da mesma
forma que as pessoas daqui, exceto que são bronzeadas pelo sol, pois andam todos nus,
jovens e velhos, e também não trazem nada nas partes pubianas”
O canibalismo dos Tupinambás foi descrito no livro “Duas viagens para o Brasil”, que foi
publicado em 1557 por Hans Staden. Esse relato circulou na Europa por várias décadas, o
que contribuiu para a composição de um imaginário exótico do chamado “Novo Mundo”.

O filósofo francês Michel de Montaigne também escreveu um ensaio intitulado “Dos


canibais” para pensar a própria forma de organização da civilização europeia do século
XVI em contraste com a tribo.

Aliás, tanto Montaigne quanto várias pessoas da época tiveram a oportunidade de ver
índios Tupinambás em cidades da França e de Portugal. Eles foram capturados no Brasil e
conduzidos como uma mostra exótica para os monarcas europeus.

A prática antropofágica dos indígenas normalmente ocorria em rituais, onde eles


devoravam guerreiros em busca de suas habilidades, como dito previamente. Porém, eles
nunca comiam pessoas de sua própria tribo, por isso eram considerados praticantes do
“exocanibalismo”. As vezes, os rituais eram conduzidos com o intuito de “espantar a
violência da tribo” também.

Na década de 1920, vale acrescentar que o poeta, polemista e filósofo Oswald de


Andrade, um dos organizadores da Semana de Arte Moderna de 1922, publicou o
“Manifesto Antropófago”, um dos textos-base do Modernismo artístico brasileiro, no qual
evocou a ideia dos índios canibais brasileiros, dando a ela um sentido estético que serviu
como marca da capacidade da cultura brasileira de absorver outras culturas e tradições e
imprimir nelas sua própria marca.
Além disso, foi produzido um filme em 1999, chamado também de “Hans Staden”, trabalho
em conjunto de uma produção brasileira e portuguesa que narra o tempo que o artilheiro
passou na tribo.
Após escrever o seu livro e publicar em 1557, as histórias ficaram muito famosas,
chegando a ser traduzido para muitas línguas diferentes, inclusive para o português. Que
foi traduzido por Monteiro Lobato, sofrendo algumas adaptações para se encaixar em uma
linguagem mais atual.
7

Conclusão

Os relatos, histórias e conhecimento que foram passados através dos livros de Hans
Staden foi e é até hoje algo memorável, pois nos ajudou a compreender mais da cultura
dos costumes e do comportamento das tribos indígenas.
E que essas histórias possam nos mostrar que todas as comunidades tem algo para nos
ensinar, que devemos respeitar sua cultura, sua arte e suas crenças, como todos nós
temos de ser respeitados.
8

Referências

https://educacao.uol.com.br/biografias/hans-staden.htm
https://m.historiadomundo.com.br/curiosidades/canibalismo-dos-tupinambas.htm

Você também pode gostar