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FUNDAMENTAIS
DA LITERATURA
UNIVERSAL
ISBN 978-85-9502-172-3
CDU 82-7
Introdução
A literatura brasileira é muito rica e muito variada – assim como a cultura
do País. Entre os clássicos brasileiros, há obras que retratam realidades
diferentes de formas completamente distintas: os sertões de Minas ou do
Nordeste, o interior do Rio Grande do Sul ou a cidade; as questões sociais
relacionadas às camadas menos privilegiadas ou o mundo interior de
pessoas desesperançadas e tristes; os seres noturnos e os trabalhadores;
os acontecimentos mágicos e fantásticos e aqueles mais aparentados à
realidade.
Neste capítulo, você vai descobrir um pouco dessa riqueza da li-
teratura brasileira. Vai identificar autores e obras clássicos e interpretar
literariamente trechos de alguns desses textos literários mais importantes.
Os clássicos brasileiros
A literatura brasileira é muito rica e variada. Sua história já possui alguns
séculos: a carta que Pero Vaz de Caminha escreveu, em 1500, para o rei por-
tuguês, Dom Manuel, contando como era o território brasileiro, no início do
período colonial, é considerada como o seu marco (Figura 1). Claro que foi um
português, e não um brasileiro quem escreveu o documento. Mesmo assim,
esse texto, por ter sido produzido em solo brasileiro e por tratar do Brasil, é
considerado como o início da literatura nesse país. Essa literatura é informa-
Aqui, o padre está explanando sobre a arte de pregar. Porém, para falar
sobre isso, ele usa uma metáfora: o ato de semear. Pregar seria como semear,
como jogar uma semente, que pode cair em uma terra fértil ou infértil, que
pode brotar ou morrer sem dar frutos – assim como o religioso pode lançar
suas palavras e essas encontrarem ressonância em alguns ouvintes ou não
tocarem outros.
Atente para a forma do poema: essa estruturação dos versos (duas estrofes
com quatro versos, seguidas de duas com três versos) constitui um soneto. As
rimas também são muito importantes: o primeiro verso rima com o terceiro
e o segundo, com o quarto. Os versos são ainda construídos como respostas
a um suposto amigo que considera o eu lírico louco por conversar com as
estrelas: o interlocutor afirma que o eu lírico perdeu o senso. O eu lírico,
porém, explica que é necessário amar as estrelas para ser capaz de ouvi-las.
Aqui não há, portanto, nenhum tema social ou denúncia: apenas a relação de
um indivíduo com os astros.
frase de Hamlet, escrito por Shakespeare – “ser ou não ser, eis a questão” –,
agregando elementos brasileiros – no caso, o nome de uma língua indígena:
“Tupi, or not tupi that is the question” (ANDRADE, 1976, p. 3).
Além do Manifesto antropofágico, Oswald de Andrade escreveu os ro-
mances Serafim Ponte Grande e Memórias sentimentais de João Miramar.
Mário de Andrade escreveu uma das obras modernistas mais famosas: Ma-
cunaíma. Esse livro conta, de uma forma extremamente cômica, as peripécias
do herói sem nenhum caráter ou do anti-herói Macunaíma. Ele é mentiroso e
incorreto, além de preguiçoso. O bordão do personagem é: “Ai, que preguiça!”.
Manoel Bandeira é um poeta e prosador com uma obra extensa. Entre seus
livros mais famosos estão A cinza das horas, Libertinagem e Estrela da manhã.
Um poema seu, “Os sapos”, foi lido e causou muito alvoroço na Semana de
Arte Moderna de 1922. No trecho do poema apresentado, a seguir, são feitas
críticas à poesia parnasiana:
[...] O sapo-tanoeiro,
Parnasiano aguado,
Diz: - “Meu cancioneiro
É bem martelado.
Clame a saparia
Em críticas céticas:
Não há mais poesia,
Mas há artes poéticas... [...] (BANDEIRA, 2011).
E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, Você?
Você que é sem nome,
que zomba dos outros,
Você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José? (ANDRADE, 2011).
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