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Literatura

Exercícios sobre Quinhentismo

Exercícios

1. Os textos produzidos no período quinhentista eram escritos por viajantes portugueses que, a fins
exploratórios, aqui chegavam e descreviam suas primeiras impressões sobre o Brasil. Logo, trata-se de
manifestações literárias sobre o Brasil e não do Brasil. Explique a diferença.

2. (ENEM)
TEXTO 1
José de Anchieta fazia parte da Companhia de Jesus, veio ao Brasil aos 19 anos para catequizar a
população das primeiras cidades brasileiras e, como instrumento de trabalho, escreveu manuais,
poemas e peças teatrais.

TEXTO 2
Todo o Brasil é um jardim em frescura e bosque e não se vê em todo ano árvore nem erva seca. Os
arvoredos se vão às nuvens de admirável altura e grossura e variedade de espécies. Muitos dão bons
frutos e o que lhes dá graça é que há neles muitos passarinhos de grande formosura e variedades e em
seu canto não dão vantagem aos rouxinóis, pintassilgos, colorinos e canários de Portugal e fazem uma
harmonia quando um homem vai por este caminho, que é para louvar o Senhor, e os bosques são tão
frescos que os lindos e artificiais de Portugal ficam muito abaixo.
(ANCHIETA, José de. Cartas, informações, fragmentos históricos e sermões do
Padre Joseph de Anchieta. Rio de Janeiro: S.J., 1933, 430-31 p.)
A leitura dos textos revela a preocupação de Anchieta com a exaltação da religiosidade. No texto 2, o
autor exalta, ainda, a beleza natural do Brasil por meio
a) do emprego de primeira pessoa para narrar a história de pássaros e bosques brasileiros,
comparando-os aos de Portugal.
b) da adoção de procedimentos típicos do discurso argumentativo para defender a beleza dos
pássaros e bosques de Portugal.
c) da descrição de elementos que valorizam o aspecto natural dos bosques brasileiros, a diversidade
e a beleza dos pássaros do Brasil.
d) do uso de indicações cênicas do gênero dramático para colocar em evidência a frescura dos
bosques brasileiros e a beleza dos rouxinóis.
e) do uso tanto de características da narração quanto do discurso argumentativo para convencer o
leitor da superioridade de Portugal em relação ao Brasil.
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3. (ENEM)
TEXTO I
Andaram na praia, quando saímos, oito ou dez deles; e daí a pouco começaram a vir mais. E parece-me
que viriam, este dia, à praia, quatrocentos ou quatrocentos e cinquenta. Alguns deles traziam arcos e
flechas, que todos trocaram por carapuças ou por qualquer coisa que lhes davam. [...] Andavam todos
tão bem-dispostos, tão bem feitos e galantes com suas tinturas que muito agradavam.
(CASTRO, S. A carta de Pero Vaz de Caminha. Porto Alegre: L&PM, 1996 (fragmento).)

TEXTO II

(PORTINARI, C. O descobrimento do Brasil. 1956. Óleo sobre tela, 199 x 169 cm.)

Pertencentes ao patrimônio cultural brasileiro, a carta de Pero Vaz de Caminha e a obra de Portinari
retratam a chegada dos portugueses ao Brasil. Da leitura dos textos, constata-se que
a) a carta de Pero Vaz de Caminha representa uma das primeiras manifestações artísticas dos
portugueses em terras brasileiras e preocupa-se apenas com a estética literária.
b) a tela de Portinari retrata indígenas nus com corpos pintados, cuja grande significação é a
afirmação da arte acadêmica brasileira e a contestação de uma linguagem moderna.
c) a carta, como testemunho histórico-político, mostra o olhar do colonizador sobre a gente da terra,
e a pintura destaca, em primeiro plano, a inquietação dos nativos.
d) as duas produções, embora usem linguagens diferentes – verbal e não verbal –, cumprem a
mesma função social e artística.
e) a pintura e a carta de Caminha são manifestações de grupos étnicos diferentes, produzidas em
um mesmo momento histórico, retratando a colonização.
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4. (Enem – Adaptada)
TEXTO I
TA feição deles é serem pardos, maneira d’avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem feitos.
Andam nus, sem nenhuma cobertura, nem estimam nenhuma cousa cobrir, nem mostrar suas
vergonhas. E estão acerca disso com tanta inocência como têm em mostrar o rosto.
(CAMINHA, P. V. A carta. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 12 ago.)

TEXTO II

(ECKHOUT, A. Índio Tapuia (1610-1666). Disponível em: http://www.diadia.pr.gov.br. Acesso em 9. jul. 2009)

Ao se estabelecer uma relação entre a obra de Eckhout e o trecho do texto de Caminha, conclui-se que
a) ambos se identificam pelas características estéticas marcantes, como tristeza e melancolia, do
movimento nacionalista das artes plásticas.
b) o artista, na pintura, foi fiel ao seu objeto, representando-o de maneira realista, ao passo que o
texto é apenas fantasioso.
c) a pintura e o texto têm uma característica em comum, que é representar o habitante das terras que
sofreriam processo colonizador.
d) o texto e a pintura são baseados no contraste entre a cultura europeia e a cultura indígena.
e) há forte direcionamento religioso no texto e na pintura, uma vez que o índio representado é objeto
da catequização jesuítica.
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5. (Mackenzie) Quando morre algum dos seus põem-lhe sobre a sepultura pratos, cheios de viandas, e
uma rede (...) mui bem lavada. Isto, porque crêem, segundo dizem, que depois que morrem tornam a
comer e descansar sobre a sepultura. Deitam-nos em covas redondas, e, se são principais, fazem-lhes
uma choça de palma. Não têm conhecimento de glória nem inferno, somente dizem que depois de
morrer vão descansar a um bom lugar. (...) Qualquer cristão, que entre em suas casas, dão-lhe a comer
do que têm, e uma rede lavada em que durma. São castas as mulheres a seus maridos.
(Padre Manuel da Nóbrega)
O texto, escrito no Brasil colonial,
a) pertence a um conjunto de documentos da tradição histórico literária brasileira, cujo objetivo
principal era apresentar à metrópole as características da colônia recém-descoberta.
b) já antecipa, pelo tom grandiloquente de sua linguagem, a concepção idealizadora que os
românticos brasileiros tiveram do indígena.
c) é exemplo de produção tipicamente literária, em que o imaginário renascentista transfigura os
dados de uma realidade objetiva.
d) é exemplo característico do estilo árcade, na medida em que valoriza poeticamente o “bom
selvagem”, motivo recorrente na literatura brasileira do século XVIII.
e) insere-se num gênero literário específico, introduzido nas terras americanas por padres jesuítas
com o objetivo de catequizar os indígenas brasileiros.

Texto para as questões 6 e 7

A corrida do ouro
Duzentos anos de buscas foram necessários para que os portugueses chegassem ao ouro de sua
América. Aos espanhóis não se apresentou o problema da procura e pesquisa dos metais preciosos. Assim
que desembarcaram no México, na Colômbia ou no Peru, seus olhos mercantis foram ofuscados pelo ouro e
prata que os homens da terra ostentavam nas suas armas, adornos e utensílios. Junto às suas civilizações, o
gentio havia desenvolvido a exploração e o trabalho dos metais, para eles mais preciosos pelas suas
serventias que pelo poder e valor que agregavam ao homem da Europa cristã, de alma lapidada pela cultura
ocidental. O primeiro trabalho que tiveram os castelhanos foi o de imediatamente afirmarem a inferioridade
daquele homem que se recusava a total subserviência à majestade de Deus e d’el Rei, através de concepções
bastante convenientes a seus propósitos. O brilho do metal, como o canto da sereia, tornou-os surdos a
qualquer apelo contrário que não fosse o da ambição pelo ouro e pela prata, tornando-os insensíveis a
qualquer consideração humana no “trabalho” de submetimento do indígena, até o seu extermínio ou à
redução, dos que sobreviveram, à condição de servos ou escravos nas fainas da mineração.
Os sucessos castelhanos atiçaram os colonos portugueses a iniciarem suas buscas, seja pelo
encanto daquelas descobertas, seja pelas fantasias que se criaram a partir delas: de tesouros fabulosos
perdidos nas entranhas generosas das Américas; de relatos imprecisos de indígenas vindos do interior; de
noções equivocadas da geografia do continente como a da proximidade do Peru; ou mesmo de alguns
possíveis indícios concretos, surgiram lendas como as de Sabarabuçu e as de Paraupava, que avivavam os
colonos na procura de pedras e metais preciosos.
(MENDES Jr.., A. RONCARI, L. e MARANHÃO, R. Brasil história: texto e consulta. São Paulo. Brasiliense, 1979.)
O caráter informativo predomina no texto acima, que enfoca a exploração das riquezas minerais do ‘Novo
Mundo’ pelo invasor europeu nos séculos XVII e XVIII.
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6. (UERJ – Adaptada) Baseado nas informações fornecidas pelo texto, explique a diferença de
importância atribuída ao ouro pelo homem americano e pelo europeu.

7. (UERJ – Adaptada) Apesar do caráter predominantemente informativo, encontram-se nesse texto


recursos expressivos como as figuras de linguagem. Transcreva e explique a metonímia que ocorre no
terceiro período do texto.

8. Leia o poema abaixo, de Oswald de Andrade:

erro de português
Quando o português chegou
Debaixo duma bruta chuva
Vestiu o índio
Que pena! Fosse uma manhã de sol
O índio tinha despido
O português

O poeta modernista Oswald de Andrade, em certa ocasião, disse: “Antes dos portugueses descobrirem
o Brasil, o Brasil tinha descoberto a felicidade”. Levando em consideração as reais intenções dos
estrangeiros que aportaram em nossa terra em um primeiro momento e o poema acima, explique o
comentário de Oswald.
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Gabarito

1. O interesse dos portugueses era descrever o território que hoje é intitulado como brasileiro, a fim de
informar Portugal e explorar o local. Logo, não havia um sentimento de brasilidade, pois não era um
registro feito por brasileiros valorizando a nação, mas sim uma produção escrita por europeus, com o
objetivo de relatar sobre o ambiente, as riquezas e a população nativa.

2. C
A letra a) está errada, pois não há uso da 1ª pessoa, tendo em vista o uso da função de linguagem
referencial;
A letra b) está errada, pois o texto II demonstra um sentimento de exaltação da terra brasileira;
A letra d) faz referência ao gênero dramático, algo que não é trabalhado em nenhum dos dois textos,
então está incorreta;
A letra e), assim como a letra b), está incorreta porque a relação de superioridade é da natureza brasileira
sobre a de Portugal;
Logo, a letra c) é a correta, porque há a representação dos bosques brasileiros como superiores aos
“mais lindos e artificiais de Portugal”, além de pontuar a diversidade e beleza dos pássaros do Brasil.

3. C
A letra c) é a alternativa correta porque há, na carta, uma descrição dos nativos chegando à praia e seu
comportamento, sob perspectiva do europeu; já na pintura, temos a presença da reação dos indígenas
diante da chegada do colonizador, ou seja, a perspectiva do nativo.

4. C
Letra A: é incorreta porque não há sentimento nacionalista no momento do Quinhentismo;
Letra B: é incorreta porque o texto do Caminha não pode ser considerado fantasioso, pelo contrário:
representa, no geral, a realidade, a fim de informar o reino português sobre o território a ser explorado;
Letra C: é a correta, tendo em vista que o texto do Caminha, por ser informativo, quer representar o nativo;
assim com o texto II, a pintura de Eckhout, retrata o indígena;
Letra D: é incorreta, pois, por mais que no texto I haja uma comparação entre o europeu e o indígena (que
anda nu, diferente dos portugueses), na pintura isso não ocorre, pois trata-se apenas da ilustração do
indígena;
Letra E: é incorreta porque em nenhum dos textos há referência à religiosidade.

5. A
O fragmento em questão tem caráter descritivo sobre os hábitos dos indígenas, relatando o seu
comportamento perante à morte e trazendo outros aspectos culturais. Portanto, o excerto pertence ao
grupo de textos referentes à literatura informativa durante o Quinhentismo.

6. O nativo enxergava o ouro como matéria-prima, como para a criação de utensílios. Enquanto o europeu,
por outro lado, via o ouro como uma fonte de riqueza material, de poder.

7. A metonímia do terceiro período encontra-se na expressão “olhos mercantis”, tomando a parte pelo todo.
Tal conceito geral, o “todo”, diz respeito ao sistema mercantilista, que é o modelo econômico basilar da
exploração e colonização por parte de países europeus.
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8. O comentário de Oswald de Andrade, “Antes dos portugueses descobrirem o Brasil, o Brasil tinha
descoberto a felicidade”, ilustra a visão crítica do autor diante da exploração portuguesa sobre o território
brasileiro, defendendo que, antes da chegada dos europeus, os indígenas eram felizes. No poema em
questão, isso é representado quando, inicialmente, o eu lírico afirma que o português chegou junto com
a chuva, elemento que possui conotação negativa, de tristeza. Em oposição, logo depois conclui-se que
se fosse uma manhã de sol, elemento cuja conotação é positiva, de felicidade, não haveria a exploração
do europeu ao povo nativo, e, sim, a dominação do nativo sobre o português.
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Exercícios sobre Trovadorismo, Humanismo e Classicismo

Exercícios

Leia o trecho a seguir para responder às questões 1, 2 e 3:


“Ondas do mar de Vigo,
se vistes meu amigo!
E ai Deus, se verrá¹ cedo!

Ondas do mar levado²,


se vistes meu amado!
E ai Deus, se verrá cedo! (...)”

Verrá¹: virá
Levado²: agitado
Martim Codax. In: MOISÉS, Massaud. A literatura portuguesa através dos textos. São Paulo: Cultrix, 1998.

1. Acerca do Trovadorismo, é correto afirmar que:


a) Um dos temas mais explorados por esse estilo de época é a exaltação do amor sensual, entre
nobres e mulheres camponesas.
b) Desenvolveu-se especialmente no século XV, refletindo a transição da cultura teocêntrica para a
cultura antropocêntrica.
c) Devido ao grande prestígio que teve durante toda a Idade Média, foi recuperado pelos poetas da
Renascença, época em que alcançou níveis estéticos insuperáveis.
d) Valorizou recursos formais que tiveram não apenas a função de produzir efeito musical, como
também a função de facilitar a memorização, já que as composições eram transmitidas oralmente.
e) Tanto no plano temático, como no plano expressivo, esse estilo de época absorveu influências dos
padrões estéticos greco-romanos.

2. No texto:
a) Que é uma cantiga de amigo, o eu lírico masculino manifesta a Deus seu sofrimento amoroso.
b) Que é uma cantiga de amor, o eu lírico feminino dirige-se a Deus para lamentar a morte do ser
amado.
c) Que é uma cantiga de amigo, o eu lírico masculino manifesta às ondas do mar sua angústia pela
perda do amigo em trágico naufrágio.
d) Que é uma cantiga de amor, o eu lírico feminino dirige-se às ondas do mar para expressar sua
ansiedade com relação à volta do amado.
e) Que é uma cantiga de amigo, o eu lírico feminino dirige-se às ondas do mar para expressar sua
ansiedade com relação à volta do amado.

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3. Sobre o texto é possível afirmar que:


a) A estrutura paralelística é, neste poema, particularmente expressiva pois reflete no plano formal o
movimento de vai e vem das ondas.
b) Nesse texto, os versos livres e brancos são indispensáveis para segurar o efeito musical da
canção.
c) As repetições que marcam o desenvolvimento do texto opõem-se ao tom emotivo do poema.
d) No refrão, a voz das ondas do mar faz-se presente como contraponto irônico ao eu lírico.
e) É um típico vilancete de tradição popular, com versos em redondilha maior e estrofação popular.

4. Leia o texto adaptado abaixo.


Un cavalo non comeu
á seis meses nen s’ergueu
mais prougu’a Deus que choveu,
creceu a erva,
e per cabo³ si paceu⁴,
e já se leva5!

Seu dono non lhi buscou


cevada neno ferrou:
mai-lo bon tempo tornou,
creceu a erva,
e paceu, e arriçou,
e já se leva!

prougu’a¹: prouve
erva²: mato
per cabo³: por fim
paceu⁴: pastou
leva5: levanta

A leitura permite afirmar que se trata de uma cantiga de:


a) Escárnio, em que se critica a atitude do dono do cavalo, que dele não cuidara, mas graças ao bom
tempo e à chuva, o mato cresceu e o animal pôde recuperar-se sozinho.
b) Amor, em que se mostra o amor de Deus com o cavalo que, abandonado pelo dono, comeu a erva
que cresceu graças à chuva e ao bom tempo.
c) Escárnio, na qual se conta a divertida história do cavalo que, graças ao bom tempo e à chuva,
alimentou-se, recuperou-se e pôde, então, fugir do dono que o maltratava.
d) Amigo, em que se mostra que o dono do cavalo não lhe buscou cevada nem o ferrou por causa do
mau tempo e da chuva que Deus mandou, mas mesmo assim o cavalo pôde recuperar-se.
e) Maldizer, satirizando a atitude do dono que ferrou o cavalo, mas esqueceu-se de alimentá-lo,
deixando-o entregue à própria sorte para obter alimento.
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5. Leia o texto a seguir.


Senhor feudal
Se Pedro Segundo
Vier aqui
Com história
Eu boto ele na cadeia.
Oswald de Andrade

O título do poema de Oswald remete o leitor à Idade Média. Nele, assim como nas cantigas de amor, a
ideia de poder retoma o conceito de
a) fé religiosa.
b) relação de vassalagem.
c) idealização do amor.
d) saudade de um ente distante.

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Gabarito

1. D
A alternativa d) é a correta, pois as cantigas eram compostas por redondilhas (métrica mais simples e
fácil de ser memorizada). A letra a) não está certa, pois o amor sensual não é um dos temas mais
explorados pelo estilo trovadoresco; a letra b) também não, visto que o século está errado (séc. XV é
referente ao Humanismo Renascentista); a letra c) é incorreta, pois o Trovadorismo se estabelece em
Portugal no final da Idade Média; por fim, a letra e) está errada, porque quem retoma os padrões estéticos
greco-romanos é o Renascimento, não o Trovadorismo.

2. E
A única alternativa correta é a letra e). Em primeiro lugar, é necessário lembrar que a cantiga de amigo
sempre possui a presença de um eu lírico feminino, enquanto a de amor traz um eu lírico masculino. Em
acréscimo a isso, em relação ao poema em questão, o apelo do sujeito poético feminino é às ondas do
mar, com a finalidade de torcer pelo regresso do seu amado.

3. A
É comum, nas cantigas de amigo, a presença de estruturas paralelísticas, a fim de provocar repetições
que criam uma espécie de refrão. Essa estratégia de expressividade tem a ver com a musicalidade
comum a tais cantigas.

4. A
A história contada pelo poema é uma crítica, típica da cantiga de escárnio, ao dono negligente do cavalo,
que o submetia a maus-tratos. Não pode ser a letra c), porque esta descreve a situação como “divertida”,
quando não é o caso; sem mencionar que, conforme os versos, não há prova de que o cavalo tenha
fugido. Somado a isso, também não podem ser as alternativas b), d) e e), porque, respectivamente, não
há traços das cantigas de amor, amigo e maldizer (esta última diferencia-se da de escárnio porque
apresenta uma linguagem mais agressiva e denuncia, diretamente, os alvos da crítica).

5. B
Nas cantigas de amor, o eu lírico se submete ao amor da amada de maneira análoga à postura dos
súditos diante do senhor feudal, figura da Idade Média.

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Quinhentismo

Resumo

No século XVI, momento histórico marcado pelas grandes navegações, os portugueses navegavam em busca
de novas terras e acordos comerciais. Em 1500, com o intuito de encontrar o caminho das Índias, os
navegantes acabaram avistando as terras brasileiras e, desde então, iniciou-se um grande processo
colonizador ao território encontrado e aos índios que ali habitavam.

O quinhentismo
O período quinhentista é marcado pelo início do processo de colonização no Brasil. Não se trata de uma
corrente literária, pois sua contribuição é muito mais histórica e informativa sobre aquele momento, uma vez
que é caracterizada pelo choque cultural entre índios e europeus: os primeiros contatos, as relações de troca,
a linguagem, a diferença entre os valores e hábitos e, também, a exploração indígena. Além disso, devido as
cartas de Pero Vaz de Caminha, escrivão português, tivemos acesso às informações e relatos daquele
período, tais como a descrição climática e geográfica. Contudo, essas manifestações propiciaram condições
para as futuras produções literárias do Brasil colonial e fomentaram na criação de uma escrita artística
voltada ao ambiente, ao homem e à formação cultural do país.

A literatura informativa
Também chamada de literatura da informação, é conhecida pelos relatos e descrições do território brasileiro
durante os primeiros anos no processo de colonização brasileira. Os textos tinham o intuito de informar aos
governantes de Portugal sobre o território explorado sobre os interesses comerciais: exploração de matéria-
prima, área favorável para a implementação de colônias, a abundância de minérios, a grandiosidade da fauna,
o contato com os indígenas, entre outros.
Leia, abaixo, um trecho da carta do escrivão Pero Vaz de Caminha, enviada à corte Portuguesa, pouco
tempo após a descoberta das terras brasileiras:

"Andam nus sem nenhuma cobertura, nem estimam nenhuma cousa de cobrir nem mostrar suas vergonhas
e estão acerca disso com tanta inocência como têm de mostrar no rosto. (...) Eles porém contudo andam
muito bem curados e muito limpos e naquilo me parece ainda mais que são como as aves ou alimárias
monteses que lhes faz o ar melhor pena e melhor cabelo que as mansas, porque os corpos seus são tão
limpos e tão gordos e tão fremosos que não pode mais ser."

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Literatura

A literatura Jesuítica
A literatura jesuítica ou também intitulada como literatura de catequese surgiu com a chegada dos jesuítas
ao Brasil-Colônia. Os jesuítas vieram à terra tupiniquim para catequizar os índios e, segundo a ideologia cristã,
era uma maneira de livrá-los de seus “pecados” e conhecer a Deus, além de conquistar novos fiéis e, assim,
expandir o catolicismo. Os principais nomes da literatura informativa são José de Anchieta, Manuel da
Nóbrega e Fernão Cardim. É importante dizer, ainda, que os colonizadores ficaram insatisfeitos com a atuação
dos jesuítas, visto que os índios eram usados como mão de obra escrava para a extração da árvore Pau Brasil
e, sendo influenciados pelo catolicismo, muitos acabavam sendo protegidos pelos jesuítas para outros fins.

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Exercícios

1. TEXTO I
Andaram na praia, quando saímos, oito ou dez deles; e daí a pouco começaram a vir mais. E parece-me
que viriam, este dia, à praia, quatrocentos ou quatrocentos e cinquenta. Alguns deles traziam arcos e
flechas, que todos trocaram por carapuças ou por qualquer coisa que lhes davam. […] Andavam todos
tão bem-dispostos, tão bem feitos e galantes com suas tinturas que muito agradavam.
CASTRO, S. A carta de Pero Vaz de Caminha. Porto Alegre: L&PM, 1996 (fragmento).

TEXTO II

O descobrimento do Brasil, Cândido Portinari. Óleo sobre tela, 1956. Disponível em:
http://www.portinari.org.br/#/acervo/obra/2551.

Pertencentes ao patrimônio cultural brasileiro, a carta de Pero Vaz de Caminha e a obra de Portinari
retratam a chegada dos portugueses ao Brasil. Da leitura dos textos, constata-se que:
a) a carta de Pero Vaz de Caminha representa uma das primeiras manifestações artísticas dos
portugueses em terras brasileiras e preocupa-se apenas com a estética literária.
b) a tela de Portinari retrata indígenas nus com corpos pintados, cuja grande significação é a
afirmação da arte acadêmica brasileira e a contestação de uma linguagem moderna.
c) a carta, como testemunho histórico-político, mostra o olhar do colonizador sobre a gente da terra,
e a pintura destaca, em primeiro plano, a inquietação dos nativos.
d) as duas produções, embora usem linguagens diferentes – verbal e não verbal –, cumprem a
mesma função social e artística.
e) a pintura e a carta de Caminha são manifestações de grupos étnicos diferentes, produzidas em
um mesmo momento histórico, retratando a colonização.

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2. TEXTO I
José de Anchieta fazia parte da Companhia de Jesus, veio ao Brasil aos 19 anos para catequizar a
população das primeiras cidades brasileiras e, como instrumento de trabalho, escreveu manuais,
poemas e peças teatrais.

TEXTO II
Todo o Brasil é um jardim em frescura e bosque e não se vê em todo ano árvore nem erva seca.
Os arvoredos se vão às nuvens de admirável altura e grossura e variedade de espécies. Muitos dão
bons frutos e o que lhes dá graça é que há neles muitos passarinhos de grande formosura e variedades
e em seu canto não dão vantagem aos rouxinóis, pintassilgos, colorinos e canários de Portugal e fazem
uma harmonia quando um homem vai por este caminho, que é para louvar o Senhor, e os bosques são
tão frescos que os lindos e artificiais de Portugal ficam muito abaixo.
ANCHIETA, José de. Cartas, informações, fragmentos históricos e sermões do Padre Joseph de Anchieta. Rio de Janeiro:
S.J., 1933, 430-31 p.

A leitura dos textos revela a preocupação de Anchieta com a exaltação da religiosidade. No texto 2, o
autor exalta ainda, a beleza natural do Brasil por meio:
a) Do emprego de primeira pessoa para narrar a história de pássaros e bosques brasileiros,
comparando-os aos de Portugal.
b) Da adoção de procedimentos típicos do discurso argumentativo para defender a beleza dos
pássaros e bosques de Portugal.
c) Da descrição de elementos que valorizam o aspecto natural dos bosques brasileiros, a diversidade
e a beleza dos pássaros do Brasil.
d) Do uso de indicações cênicas do gênero dramático para colocar em evidência a frescura dos
bosques brasileiros e a beleza dos rouxinóis.
e) Do uso tanto de características da narração quanto do discurso argumentativo para convencer o
leitor da superioridade de Portugal em relação ao Brasil.

3. “Quando morre algum dos seus põem-lhe sobre a sepultura pratos, cheios de viandas, e uma rede (...)
mui bem lavada. Isto, porque creem, segundo dizem, que depois que morrem tornam a comer e
descansar sobre a sepultura. Deitam-nos em covas redondas, e, se são principais, fazem-lhes uma
choça de palma. Não têm conhecimento de glória nem inferno, somente dizem que depois de morrer
vão descansar a um bom lugar. (...) Qualquer cristão, que entre em suas casas, dão-lhe a comer do que
têm, e uma rede lavada em que durma. São castas as mulheres a seus maridos.”
Padre Manuel da Nóbrega.
O texto, escrito no Brasil colonial:

a) Pertence a um conjunto de documentos da tradição histórico literária brasileira, cujo objetivo


principal era apresentar à metrópole as características da colônia recém descoberta.
b) Já antecipa, pelo tom grandiloquente de sua linguagem, a concepção idealizadora que os
românticos brasileiros tiveram do indígena.
c) É exemplo de produção tipicamente literária, em que o imaginário renascentista transfigura os
dados de uma realidade objetiva.
d) É exemplo característico do estilo árcade, na medida em que valoriza poeticamente o “bom
selvagem”, motivo recorrente na literatura brasileira do século XVIII.
e) Insere-se num gênero literário específico, introduzido nas terras americanas por padres jesuítas
com o objetivo de catequizar os indígenas brasileiros.

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Literatura

4. A famosa “Carta de achamento do Brasil”, mais conhecida como “A carta de Pero Vaz de Caminha”, foi
o primeiro manuscrito que teve como objeto a terra recém-descoberta. Nela encontramos o primeiro
registro de nosso país, feito pelo escrivão do rei de Portugal, Pero Vaz de Caminha. Podemos inferir,
então, a seguinte intenção dos portugueses:
a) objetivavam o resgate de valores e conceitos sociais brasileiros.
b) buscavam descobrir, através da arte, a história da terra recém-descoberta.
c) estavam empenhados em conhecer um pouco mais sobre a arte brasileira.
d) firmar um pacto de cordialidade com os nativos da terra descoberta.
e) explorar a tão promissora nova terra.

5. "Esta virtude estrangeira


me irrita sobremaneira.
Quem a teria trazido
com seus hábitos polidos
estragando a terra inteira?
Quem é forte como eu?
Como eu, conceituado?
Sou diabo bem assado,
Boa medida é beber
cauim até vomitar.
Que bom costume é bailar!
Adornar-se, andar pintado,
tingir penas, empenado
fumar e curandeirar
andar de negro pintado".
Auto de São Lourenço, José de Anchieta.

Nestes versos aparecem características da produção poética de José de Anchieta, exceto:


a) versos curtos de tradição popular;
b) preocupação catequética;
c) linguagem direta;
d) tensão e elaboração artística renascentista;
e) conflito entre o bem e o mal.

6. Sobre a literatura produzida no primeiro século da vida colonial brasileira, é correto afirmar que:
a) É formada principalmente de poemas narrativos e textos dramáticos que visavam à catequese.
b) Inicia com Prosopopeia, de Bento Teixeira.
c) É constituída por documentos que informam acerca da terra brasileira e pela literatura jesuítica.
d) Os textos que a constituem apresentam evidente preocupação artística e pedagógica.
e) Descreve com fidelidade e sem idealizações a terra e o homem, ao relatar as condições
encontradas no Novo Mundo.

5
Literatura

7. Define-se a Literatura Informativa no Brasil como


a) as obras que visavam a tornar mais acessíveis aos indígenas os dogmas do cristianismo.
b) a prova de que os autores brasileiros tinham em mente emancipar-se da influência européia.
c) reflexo de traços do espírito expansionista da época colonial.
d) a prova do sentimento de religiosidade que caracterizou os primeiros habitantes da nova terra
descoberta.
e) a descrição dos hábitos de nomadismo predominantes entre os índios.

8. A Carta de Pero Vaz de Caminha:


a) relata o primeiro contato dos portugueses com populações não europeias.
b) expõe a atitude compreensiva dos portugueses diante da barbárie dos índios.
c) descreve as habitações indígenas, a organização social tribal e os mecanismos de comando dela.
d) revela a extensão e fertilidade da terra, seus produtos naturais como ouro, prata e especiarias.
e) mostra o indígena brasileiro alternadamente como selvagem e como inocente.

9. Leia a estrofe abaixo e faça o que se pede:


Dos vícios já desligados
nos pajés não crendo mais,
nem suas danças rituais,
nem seus mágicos cuidados.
ANCHIETA, José de. O auto de São Lourenço [tradução e adaptação de Walmir Ayala] Rio de Janeiro: Ediouro[s.d.]p. 110

Assinale a afirmativa verdadeira, considerando a estrofe acima, pronunciada pelos meninos índios em
procissão:
a) Os meninos índios representam o processo de aculturação em sua concretude mais visível, como
produto final de todo um empreendimento do qual participaram com igual empenho a Coroa
Portuguesa e a Companhia de Jesus.
b) A presença dos meninos índios representa uma síntese perfeita e acabada daquilo que se
convencionou chamar de literatura informativa.
c) Os meninos índios estão afirmando os valores de sua própria cultura, ao mencionar as danças
rituais e as magias praticadas pelos pajés.
d) Os meninos índios são figuras alegóricas cuja construção como personagens atende a todos os
requintes da dramaturgia renascentista.
e) Os meninos índios representam a revolta dos nativos contra a catequese trazida pelos jesuítas, de
quem querem libertar-se tão logo seja possível.

10.

6
Literatura

ECKHOUT, A. “Índio Tapuia” (1610-1666)

“A feição deles é serem pardos, maneira d’avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem feitos.
Andam nus, sem nenhuma cobertura, nem estimam nenhuma cousa cobrir, nem mostrar suas
vergonhas. E estão acerca disso com tanta inocência como têm em mostrar o rosto.”
CAMINHA, P. V. A carta. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br.

Ao se estabelecer uma relação entre a obra de Eckhout e o trecho do texto de Caminha, conclui-se que:

a) ambos se identificam pelas características estéticas marcantes, como tristeza e melancolia, do


movimento romântico das artes plásticas.
b) o artista, na pintura, foi fiel ao seu objeto, representando-o de maneira realista, ao passo que o
texto é apenas fantasioso.
c) a pintura e o texto têm uma característica em comum, que é representar o habitante das terras
que sofreriam processo colonizador.
d) o texto e a pintura são baseados no contraste entre a cultura europeia e a cultura indígena.
e) há forte direcionamento religioso no texto e na pintura, uma vez que o índio representado é objeto
da catequização jesuítica.

7
Literatura

Gabarito

1. C
Comentário: A carta é um documento que mostra, a partir da perspectiva do colonizador, como foi a
recepção pelos nativos. Por sua vez, a pintura coloca em primeiro plano a perspectiva dos nativos ao se
depararem com as embarcações portuguesas chegando.

2. C
Comentário: José de Anchieta descreve, subjetivamente, a natureza do Brasil, de maneira idealizada.
Para isso, compara elementos do Brasil aos de Portugal, enaltecendo-os em relação aos europeus.

3. A
Comentário: A principal função da literatura quinhentista era reportar à metrópole informações sobre a
exploração da nova terra. Dessa forma, os relatos são classificados como históricos.

4. E
Comentário: Pero Vaz de Caminha, após analisar as especificidades da terra, demonstra sua
preocupação com a utilidade dessa descoberta para Portugal, explicitando, dessa forma, os objetivos
dos portugueses para a terra recém descoberta.

5. D
Comentário: “Tensão e elaboração artística renascentista” não eram características da literatura colonial,
que visava, principalmente, a relatar informações sobre a terra explorada e catequisar os nativos.

6. C
Comentário: Os relatos de viagem e a literatura jesuítica dominaram a produção literária colonial, já que
o Brasil ainda não tinha uma identidade cultural estruturada.

7. C
Comentário: A literatura colonial do período Quinhentista ficou conhecida como Literatura Informativa
no Brasil devido ao fato de relatar os objetivos de colonização e expansão territorial por parte de Portugal
na terra nova.

8. E
Comentário: Ao chegar ao Brasil, Pero Vaz de Caminha escreve sobre o comportamento do povo nativo,
os índios, mostrando-os como selvagens e inocentes.

9. A
Comentário: É possível analisar que o objetivo da Coroa Portuguesa e da Companhia de Jesus em relação
ao povo nativo do Brasil estava dando certo, pois os versos “Dos vícios já desligados,/nos pajés não
crendo mais,/nem suas danças rituais,/nem seus mágicos cuidados” mostram o processo de
aculturamento a que estavam submetidos os índios.

10. C
Comentário: Ambos os textos abordam a questão do índio, que eram os nativos encontrados na América.
A pintura dialoga com o que está escrito na carta de Caminha, representando o índio sem vestimentas,
com seus apetrechos.

8
Literatura

Humanismo e Classicismo

Teoria

Humanismo: contexto e literatura

DA VINCI, Leonardo. O Homem Vitruviano.

O movimento humanista consiste em um período de transição entre o final da Idade Média e o início do
Renascimento, ou seja, entre o século XV e XVI. Nele, temos manifestações tanto literárias quanto artísticas.
Aqui estudaremos o Humanismo português que, apesar de importar o nome do Humanismo italiano,
distingue-se deste porque não busca retomar a antiguidade clássica tão a fundo. Apesar desta diferença entre
ambos, o que fundamenta o Humanismo como um todo é a centralização do homem, como a representação
de seus comportamentos, sentimentos e posições sociais.

Portugal, neste momento, busca reflorescer sua cultura. Isso porque, nos últimos 100 anos anteriores ao
Humanismo, não foi elaborada qualquer produção poética. A partir disso, dá-se início à Poesia Palaciana,
parte das obras presentes neste contexto humanista, que apresentava um contraste com os textos
trovadores: não tinha um caráter popular, não era musicalizada e se tratava de poéticas mais elaboradas.

Além disso, concomitante a este momento, passa a ocorrer um maior amadurecimento do Estado português,
em busca de um caráter mais nacionalista. Isso se dá devido ao contexto, marcado pelas Grandes
Navegações.

Outra novidade também surge no movimento humanista português: o desenvolvimento dos textos prosaicos,
valendo destacar Fernão Lopes (cronista e historiador) e Gil Vicente (dramaturgo).

1
Literatura

O teatro de Gil Vicente


O escritor Gil Vicente (1465-1536) introduziu o teatro leigo em Portugal. Tal gênero auxiliou na ampliação da
arte no país, afinal, algumas de suas produções (como as Encenações Profanas) distanciaram-se de
elementos teocêntricos. Confira, abaixo, algumas características gerais atribuídas a seus textos.

● Caráter moralizante e reformador;


● Críticas ao homem corrupto;
● Busca da transformação do indivíduo;
● Denúncia das fraquezas humanas (egoísmo, falsidade, orgulho, vaidade...);
● Culpa aos apelos da carne e dinheiro;
● Alto teor satírico direcionado a todos os grupos sociais;
● Crítica à sociedade mercantil e emergente.

Renascentismo e Classicismo
O Classicismo é o nome atribuído à produção artística que surge neste período do Renascimento. Um dos
nomes desta etapa, na literatura, é o poeta italiano Petrarca, e a forma fixa soneto é inserida a partir deste
artista. Não à toa, quando estilos de época posteriores retomam a estética clássica, os poemas tendem a
seguir tal modelo.

Veja, a seguir, o que estava acontecendo na Europa durante o período renascentista:


● Mercantilismo: Grandes Navegações;
● Protestantismo
● Desenvolvimento da imprensa
● Avanços científicos

Cabe frisar que tais avanços científicos supramencionados possuem relação direta com as Grandes
Navegações, afinal, é a partir deles que surgem conhecimentos sobre os navios, armas e outras tecnologias
úteis para o contexto exploratório do momento.

Em termos estéticos, a literatura do Classicismo consiste na(o):


● Adoção do “doce estilo novo”: ou seja, a adoção da medida poética nova, que se trata do soneto e dos
versos decassílabos;
● Antropocentrismo: que consiste na ideia do homem como centro, estabelecendo uma oposição ao viés
teocêntrico;
● Racionalismo: estabelecendo distanciamento de um caráter mais emocional da literatura;
● Valorização da cultura greco-romana, retomando a antiguidade clássica;
● Universalismo: busca de uma verdade e beleza universais;
● Representação de uma figura feminina mais tangível.

2
Literatura

Camões e suas líricas


Um dos principais nomes da literatura portuguesa, autor que marca
presença no Classicismo e influencia vários artistas até a
contemporaneidade, é Luís Vaz de Camões (1524 – 1580). Ele foi, dentre
várias outras ocupações, um poeta e viveu experiências na guerra, como
soldado, o que contribuiu na construção de seus textos. Sua vasta
produção literária faz parte do gênero lírico (com diversos sonetos, tal qual
alguns exemplos mais abaixo, nos Textos de apoio) e épico (por meio da
sua famosa obra Os Lusíadas).Suas obras dividem-se em:

● Lírica épica
▪ Os Lusíadas: Grandes navegações, espírito nacionalista, grandes feitos da nação portuguesa;
▪ Vasco da Gama, seu personagem principal: representação da trajetória, com enfrentamento de
perigos e adversidades típicos do gênero épico;
▪ Cabe prestar atenção para a metonímia principal da obra: Vasco da Gama representa todos os
portugueses daquele período histórico.

● Lírica amorosa
▪ Partida do ser amado;
▪ Solidão;
▪ Sofrimento amoroso;
▪ Ambientação rural;
▪ Mulher inalcançável;
▪ Uso da medida velha (redondilhas menores e maiores).

● Lírica filosófica
▪ Uso da medida nova (sonetos e versos decassílabos);
▪ Neoplatonismo amoroso, que restringe o amor perfeito ao campo das ideias, afastando-se,
portanto, do eu lírico sofredor visto na lírica amorosa;
▪ Desencontro do homem;
▪ Desconcerto do mundo.

3
Literatura

Textos de Apoio

Texto I E tu viveste a teu prazer,


Auto da Barca do Inferno cuidando cá guarnecer
Vem o Fidalgo e, chegando ao batel infernal, diz: por que rezam lá por ti?!...
Fildalgo — Esta barca onde vai ora, que assim Embarca — ou embarcai...
está apercebida? que haveis de ir à derradeira!
Diabo — Vai para a ilha perdida, e há-de partir logo Mandai meter a cadeira,
ess'ora.
que assim passou vosso pai.
Fildalgo — Para lá vai a senhora?
Fildalgo — Quê? Quê? Quê? Assim lhe vai?!
Diabo — Senhor, a vosso serviço.
Diabo — Vai ou vem! Embarcai prestes!
Fildalgo — Parece-me isso cortiço...
Segundo lá escolhestes, assim cá vos contentai.
Diabo — Porque a vedes lá de fora.
Pois que já a morte passastes, haveis de passar o
Fildalgo — Porém, a que terra passais? rio.
Diabo — Para o inferno, senhor. Fildalgo — Não há aqui outro navio?
Fildalgo — Terra é bem sem-sabor. Diabo — Não, senhor, que este fretastes, e
Diabo — Quê?... E também cá zombais? primeiro que expirastes me destes logo sinal.
Fildalgo — E passageiros achais para tal Fildalgo — Que sinal foi esse tal?
habitação? Diabo — Do que vós vos contentastes.
Diabo — Vejo-vos eu em feição para ir ao nosso Fildalgo — A estoutra barca me vou.
cais...
Hou da barca! Para onde is?
Fildalgo — Parece-te a ti assim!...
Ah, barqueiros! Não me ouvis?
Diabo — Em que esperas ter guarida?
Respondei-me! Houlá! Hou!...
Fildalgo — Que leixo na outra vida quem reze
(Pardeus, aviado estou!
sempre por mim.
Cant'a isto é já pior...)
Diabo — Quem reze sempre por ti?!..
Oue jericocins, salvador!
Hi, hi, hi, hi, hi, hi, hi!...
Cuidam cá que são eu grou?
Gil Vicente

4
Literatura

Texto II
Soneto Texto III
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades Soneto
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, Transforma-se o amador na cousa amada,
muda-se o ser, muda-se a confiança; por virtude do muito imaginar;
todo o Mundo é composto de mudança, não tenho logo mais que desejar,
tomando sempre novas qualidades. pois em mim tenho a parte desejada.

Continuamente vemos novidades, Se nela está minha alma transformada,


diferentes em tudo da esperança; que mais deseja o corpo de alcançar?
do mal ficam as mágoas na lembrança, Em si somente pode descansar,
e do bem (se algum houve), as saudades. pois consigo tal alma está liada.

O tempo cobre o chão de verde manto, Mas esta linda e pura semidéia,
que já coberto foi de neve fria, que, como o acidente em seu sujeito,
e, enfim, converte em choro o doce canto. assim co’a alma minha se conforma,

E, afora este mudar-se cada dia, está no pensamento como ideia;


outra mudança faz de mor espanto, [e] o vivo e puro amor de que sou feito,
que não se muda já como soía. como matéria simples busca a forma.
Luís de Camões
Luís de Camõe

5
Literatura

Texto IV
Os Lusíadas A fama das vitórias que tiveram;
Canto I Que eu canto o peito ilustre Lusitano,
As armas e os Barões assinalados A quem Neptuno e Marte obedeceram.
Que da Ocidental praia Lusitana Cesse tudo o que a Musa antiga canta,
Que outro valor mais alto se alevanta.
Por mares nunca de antes navegados
Passaram ainda além da Taprobana, E vós, Tágides minhas, pois criado
Em perigos e guerras esforçados Tendes em mi um novo engenho ardente,
Mais do que prometia a força humana, Se sempre em verso humilde celebrado
E entre gente remota edificaram Foi de mi vosso rio alegremente,
Novo Reino, que tanto sublimaram; Dai-me agora um som alto e sublimado,
Um estilo grandíloco e corrente,
E também as memórias gloriosas Por que de vossas águas Febo ordene
Daqueles Reis que foram dilatando Que não tenham enveja às de Hipocrene.
A Fé, o Império, e as terras viciosas
De África e de Ásia andaram devastando, Dai-me üa fúria grande e sonorosa,
E aqueles que por obras valerosas E não de agreste avena ou frauta ruda,
Se vão da lei da Morte libertando, Mas de tuba canora e belicosa,
Cantando espalharei por toda parte, Que o peito acende e a cor ao gesto muda;
Se a tanto me ajudar o engenho e arte. Dai-me igual canto aos feitos da famosa
Gente vossa, que a Marte tanto ajuda;
Cessem do sábio Grego e do Troiano Que se espalhe e se cante no universo,
As navegações grandes que fizeram; Se tão sublime preço cabe em verso. (...)
Luís de Camões
Cale-se de Alexandro e de Trajano

6
Literatura

Exercícios

1. Sobre o Humanismo, identifique a alternativa falsa:


a) Em sentido amplo, designa a atitude de valorização do homem, de seus atributos e realizações.
b) Configura-se na máxima de Protágoras: “O homem é a medida de todas as coisas”.
c) Rejeita a noção do homem regido por leis sobrenaturais e opõe-se ao misticismo.
d) Designa tanto uma atitude filosófica intemporal quanto um período específico da evolução da
cultura ocidental.
e) Fundamenta-se na noção bíblica de que o homem é pó e ao pó retornará, e de que só a
transcendência liberta o homem de sua insignificância terrena.

2. O argumento da peça A Farsa de Inês Pereira, de Gil Vicente, consiste na demonstração do refrão
popular “Mais quero asno que me carregue que cavalo que me derrube”. Identifique a alternativa que
não corresponde ao provérbio, na construção da farsa.
a) A segunda parte do provérbio ilustra a experiência desastrosa do primeiro casamento.
b) O escudeiro Brás da Mata corresponde ao cavalo, animal nobre, que a derruba.
c) O segundo casamento exemplifica o primeiro termo, asno que a carrega.
d) O asno corresponde a Pero Marques, primeiro pretendente e segundo marido de Inês.
e) Cavalo e asno identificam a mesma personagem em diferentes momentos de sua vida conjugal.

7
Literatura

3. A questão seguinte baseia-se no poema épico Os Lusíadas, de Luís Vaz de Camões, do qual se
reproduzem, a seguir, três estrofes.

Mas um velho, de aspeito venerando, (= aspecto)


Que ficava nas praias, entre a gente,
Postos em nós os olhos, meneando
Três vezes a cabeça, descontente,
A voz pesada um pouco alevantando,
Que nós no mar ouvimos claramente,

C’um saber só de experiências feito,


Tais palavras tirou do experto peito:

“Ó glória de mandar, ó vã cobiça


Desta vaidade a quem chamamos Fama!
Ó fraudulento gosto, que se atiça
C’uma aura popular, que honra se chama!
Que castigo tamanho e que justiça
Fazes no peito vão que muito te ama!
Que mortes, que perigos, que tormentas,
Que crueldades neles experimentas!

Dura inquietação d’alma e da vida


Fonte de desamparos e adultérios,
Sagaz consumidora conhecida
De fazendas, de reinos e de impérios!
Chamam-te ilustre, chamam-te subida,
Sendo digna de infames vitupérios;
Chamam-te Fama e Glória soberana,
Nomes com quem se o povo néscio engana.”

Os versos de Camões foram retirados da passagem conhecida como O Velho do Restelo. Nela, o velho
a) abençoa os marinheiros portugueses que vão atravessar os mares à procura de uma vida melhor.
b) critica as navegações portuguesas por considerar que elas se baseiam na cobiça e busca de fama.
c) emociona-se com a saída dos portugueses que vão atravessar os mares até chegar às Índias.
d) destrata os marinheiros por não o terem convidado a participar de tão importante empresa.
e) adverte os marinheiros portugueses dos perigos que eles podem encontrar para buscar fama em
outras terras.

8
Literatura

4. Então se despediu da Rainha, e tomou o Conde pela mão, e saíram ambos da câmara a uma grande
casa que era diante, e os do Mestre todos com ele, e Rui Pereira e Lourenço Martins mais acerca. E
chegando-se para o Mestre com o Conde acerca duma fresta, sentiram os seus que o Mestre lhe
começava a falar passo, e estiveram todos quedos. E as palavras foram entre eles tão poucas, e tão
baixo ditas, que nenhum por então entendeu quejandas eram. Porém afirmam que foram desta guisa:
--- Conde, eu me maravilho muito de vós serdes homem a que eu bem queria, e trabalhardes-vos de
minha desonra e morte!
--- Eu, Senhor? disse ele. Quem vos tal cousa disse, mentiu-vos mui grã mentira.
O Mestre, que mais tinha vontade de o matar, que de estar com ele em razões, tirou logo um cutelo
comprido e enviou-lhe um golpe à cabeça; porém não foi a ferida tamanha que dela morrera, se mais
não houvera.
Os outros todos, que estavam de arredor, quando viram isto, lançaram logo as espadas fora, para lhe
dar; e ele movendo para se acolher à câmara da Rainha, com aquela ferida; e Rui Pereira, que era mais
acerca, meteu um estoque de armas por ele, de que logo caiu em terra, morto.
Os outros quiseram-lhe dar mais feridas, e o Mestre disse que estivessem quedos, e nenhum foi ousado
de lhe mais dar.”
O texto transcrito é de Fernão Lopes e pertence à Crônica de D. João I. As crônicas de Fernão Lopes
caracterizam-se por tentarem reproduzir a verdade histórica como se esta tivesse sido testemunha.
Por outro lado, é com este cronista que a língua portuguesa inicia o percurso de sua modernidade.
Nestes termos, assinale a opção que melhor caracteriza a crônica acima transcrita:
a) Narração realista e dinâmica que quase nos faz visualizar os acontecimentos;
b) Fidelidade absoluta aos acontecimentos históricos;
c) Utilização de uma linguagem elevada, de acordo com a reprodução dos fatos históricos;
d) Preocupação em mencionar os nomes de todos os personagens presentes na cena da morte do
Conde;
e) Exaltação do feito heroico do Mestre ao matar o inimigo do Reino.

5. (PUC – SP) Considerando a peça “Auto da Barca do Inferno” como um todo, indique a alternativa que
melhor se adapta à proposta do teatro vicentino.
a) Preso aos valores cristãos, Gil Vicente tem como objetivo alcançar a consciência do homem,
lembrando-lhe que tem uma alma para salvar.
b) As figuras do Anjo e do Diabo, apesar de alegóricas, não estabelecem a divisão maniqueísta do
mundo entre o Bem e o Mal.
c) As personagens comparecem nesta peça de Gil Vicente com o perfil que apresentavam na terra,
porém apenas o Onzeneiro e o Parvo portam os instrumentos de sua culpa.
d) Gil Vicente traça um quadro crítico da sociedade portuguesa da época, porém poupa, por questões
ideológicas e políticas, a Igreja e a Nobreza.
e) Entre as características próprias da dramaturgia de Gil Vicente, destaca-se o fato de ele seguir
rigorosamente as normas do teatro clássico.

9
Literatura

Gabarito

1. E
O Humanismo não se fundamenta na religiosidade, mas sim na ciência. Deus perde importância diante
do homem.

2. E
O cavalo representa o Brás: bonito, mas pobre, incapaz de dar conforto à protagonista. Já o asno
representa Pero Marques: feio, mas rico, capaz de sustentar a protagonista.

3. B
O velho relativiza a glória que Portugal teria atingido com as navegações, afirmando que a real motivação
de tudo era a cobiça e questionando o fato de que as navegações seriam positivas para o povo
português.

4. A
Devido ao caráter historiográfico de suas obras, tendo em vista que o cronista relata as situações
referentes ao reino de Portugal, Fernão Lopes traz uma narração que procura reproduzir a realidade e
utiliza de uma linguagem acessível, dinâmica, mais próxima da coloquialidade.

5. A
A produção vicentina está fortemente arraigada a valores cristãos e, além da visão maniqueísta, traz um
caráter didático e moralizante.

10
Literatura

Renascimento

Teoria

O Renascimento é o movimento histórico que surge, na Europa, entre os séculos XIV e XVI. Aqui veremos os
traços, especialmente, da manifestação literária neste momento, que influenciaram diversos estilos de época
posteriores, como o Arcadismo (no século XVIII) e o Parnasianismo (no século XIX), por exemplo. Veremos,
também, traços recorrentes na obra de um dos principais nomes do Classicismo – nome atribuído ao período
artístico e literário do Renascimento – e da literatura mundial: o português Luís de Camões.

No entanto, cabe frisar que o Renascimento, antes de ter se espalhado para outros países europeus, teve
início na Itália, através de grandes nomes como os escritores Dante Alighieri e Francesco Petrarca, e o filósofo
Nicolau Maquiavel. Nas artes plásticas, os nomes Michelangelo, Rafael, Leonardo da Vinci e Botticelli, por
exemplo, ganham destaque. Confira o quadro abaixo, intitulado A Criação de Adão, de Michelangelo.

Durante o Renascimento, são levantadas diversas propostas que valorizam a figura do homem, como a
filosofia humanista e o apreço pela racionalidade. Isso é algo muito importante, naquela época, tendo em
vista que questionava os valores unicamente teocêntricos.

1
Literatura

Contexto histórico

Confira, a seguir, alguns eventos históricos que marcaram o cenário europeu durante o período renascentista:
● Invenção da imprensa
● Era das navegações
● Reforma Protestante
● Contrarreforma católica
● União Ibérica

Características do Classicismo
Conforme pontuado, o Classicismo é o nome atribuído à produção artística que surge neste período do
Renascimento. Um dos nomes desta etapa, na literatura, é o poeta italiano Petrarca, e a forma fixa soneto é
inserida a partir dele. Não à toa, quando estilos de época posteriores retomam a estética clássica, os poemas
tendem a seguir o modelo do soneto

Veja, a seguir, alguns traços da literatura produzida nesta etapa:


● Relação com o Humanismo, que reforçou a necessidade de se observar o mundo racionalmente e
destacou o ser humano como uma figura central da criação divina.
● Retorno à antiguidade clássica
● Antropocentrismo, hedonismo
● Racionalismo, universalismo
● Contenção, sobriedade, harmonia, equilíbrio, simetria
● O belo/ o bem
● Imitação dos mestres (não plágio)

O Renascimento português e Luís de Camões


Traços históricos e estéticos que permearam o Renascimento em Portugal:
● Prosperidade x decadência (início x final do século XVI)
● Antropocentrismo x teocentrismo (influência da Santa Inquisição)
● Medida velha (redondilhas) x Nova medida (decassílabo)

Luís de Camões foi, dentre várias outras ocupações, um poeta e viveu experiências na guerra, como soldado,
o que contribuiu na construção de seus textos. Sua vasta produção literária faz parte do gênero lírico (com
diversos sonetos, tal qual o exemplo abaixo, em “Textos de apoio”) e épico (por meio da famosa obra Os
Lusíadas).

Características da lírica camoniana


● MEDIDA VELHA: tradição medieval, entretenimento palaciano, humor, erotismo
● MEDIDA NOVA: paradoxos do amor, incertezas da vida, desconcerto do mundo, neoplatonismo

2
Literatura

Sobre o texto épico Os Lusíadas (1572)

● Conciliação entre cristianismo e divindades pagãs


● Dedicada a D. Sebastião
● A descoberta do caminho marítimo às Índias (Vasco da Gama)
● Inês de Castro, o Velho do Restelo, O Gigante Adamastor, Ilha dos Amores

Textos de Apoio
Os Lusíadas (Luís Vaz de Camões) A fama das vitórias que tiveram;
Canto I Que eu canto o peito ilustre Lusitano,
As armas e os Barões assinalados A quem Neptuno e Marte obedeceram.
Que da Ocidental praia Lusitana Cesse tudo o que a Musa antiga canta,
Que outro valor mais alto se alevanta.
Por mares nunca de antes navegados
Passaram ainda além da Taprobana, E vós, Tágides minhas, pois criado
Em perigos e guerras esforçados Tendes em mi um novo engenho ardente,
Mais do que prometia a força humana, Se sempre em verso humilde celebrado
E entre gente remota edificaram Foi de mi vosso rio alegremente,
Novo Reino, que tanto sublimaram; Dai-me agora um som alto e sublimado,
Um estilo grandíloco e corrente,
E também as memórias gloriosas Por que de vossas águas Febo ordene
Daqueles Reis que foram dilatando Que não tenham enveja às de Hipocrene.
A Fé, o Império, e as terras viciosas
De África e de Ásia andaram devastando, Dai-me üa fúria grande e sonorosa,
E aqueles que por obras valerosas E não de agreste avena ou frauta ruda,
Se vão da lei da Morte libertando, Mas de tuba canora e belicosa,
Cantando espalharei por toda parte, Que o peito acende e a cor ao gesto muda;
Se a tanto me ajudar o engenho e arte. Dai-me igual canto aos feitos da famosa
Gente vossa, que a Marte tanto ajuda;
Cessem do sábio Grego e do Troiano Que se espalhe e se cante no universo,
As navegações grandes que fizeram; Se tão sublime preço cabe em verso. (...)
Cale-se de Alexandro e de Trajano

3
Literatura

Soneto (Luís Vaz de Camões) Soneto (Petrarca)


Alegres campos, verdes arvoredos, Era o dia em que o sol escurecia
claras e frescas águas de cristal, Os raios por piedade ao seu Fator,
que em vós os debuxais ao natural, Quando eu me vi submisso ao vivo ardor
discorrendo da altura dos rochedos; De teu formoso olhar que me prendia.

Silvestres montes, ásperos penedos, Defender-me do golpe eu não queria;


compostos em concerto desigual, Desabrigado achou-me então Amor;
sabei que, sem licença de meu mal, Por isso acrescentou-se a minha dor
já não podeis fazer meus olhos ledos. À dor universal que assaz crescia.

E, pois me já não vedes como vistes, Achou-me Amor de todo desarmado,


não me alegrem verduras deleitosas, Pelos olhos, ao peito aberta a estrada,
nem águas que correndo alegres vêm. Olhos que se fizeram mar de pranto.

Semearei em vós lembranças tristes, Porém a sua ação não o honra tanto:
regando-vos com lágrimas saudosas, Ferir-me, sendo inerme o meu estado,
e nascerão saudades de meu bem. Não te visar quando eras tão armada

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4
Literatura

Exercícios

1. Leia os versos transcritos de Os Lusíadas, de Camões, para responder ao teste.


Tu, só tu, puro Amor, com força crua,
Que os corações humanos tanto obriga,
Deste causa à molesta morte sua,
Como se fora pérfida inimiga.
Se dizem, fero Amor, que a sede tua
Nem com lágrimas tristes se mitiga,
É porque queres, áspero e tirano,
Tuas aras banhar em sangue humano.

Assinale a afirmação incorreta em relação aos versos transcritos:


a) A apóstrofe inicial da estrofe introduz um discurso dissertativo a respeito da natureza do
sentimento amoroso
b) O amor é compreendido como uma força brutal contra a qual o ser humano não pode oferecer
resistências.
c) A causa da morte de Inês é atribuída ao amor desmedido que subjugou completamente a jovem.
d) A expressão "se dizem" indica ser senso comum a ideia que brutalidade faz parte do sentimento
amoroso.
e) Os versos associam a causa da morte de Inês não só à força cruel do amor, mas também aos
perigosos riscos que a jovem inimiga representava para o rei.

2. Sobre a obra completa de Os Lusíadas, escrita por Luís de Camões, é incorreto afirmar que:
a) quando a ação do poema começa, as naus portuguesas estão navegando em pleno Oceano Índico,
portanto no meio da viagem;
b) na Invocação, o poeta se dirige às Tágides, ninfas do rio Tejo;
c) na ilha dos Amores, após o banquete, Tétis conduz o capitão ao ponto mais alto da ilha, onde lhe
descenda a "máquina do mundo";
d) tem como núcleo narrativo a viagem de Vasco da Gama, a fim de estabelecer contato marítimo
com as Índias;
e) é composto em sonetos decassílabos, mantendo em 1.102 estrofes o mesmo formato de rimas.

5
Literatura

3. A questão seguinte baseia-se no poema épico Os Lusíadas, de Luís Vaz de Camões, do qual se
reproduzem, a seguir, três estrofes.

Mas um velho, de aspeito venerando, (= aspecto)


Que ficava nas praias, entre a gente,
Postos em nós os olhos, meneando
Três vezes a cabeça, descontente,
A voz pesada um pouco alevantando,
Que nós no mar ouvimos claramente,

C’um saber só de experiências feito,


Tais palavras tirou do experto peito:

“Ó glória de mandar, ó vã cobiça


Desta vaidade a quem chamamos Fama!
Ó fraudulento gosto, que se atiça
C’uma aura popular, que honra se chama!
Que castigo tamanho e que justiça
Fazes no peito vão que muito te ama!
Que mortes, que perigos, que tormentas,
Que crueldades neles experimentas!

Dura inquietação d’alma e da vida


Fonte de desamparos e adultérios,
Sagaz consumidora conhecida
De fazendas, de reinos e de impérios!
Chamam-te ilustre, chamam-te subida,
Sendo digna de infames vitupérios;
Chamam-te Fama e Glória soberana,
Nomes com quem se o povo néscio engana.”

Os versos de Camões foram retirados da passagem conhecida como O Velho do Restelo. Nela, o velho
a) abençoa os marinheiros portugueses que vão atravessar os mares à procura de uma vida melhor.
b) critica as navegações portuguesas por considerar que elas se baseiam na cobiça e busca de fama.
c) emociona-se com a saída dos portugueses que vão atravessar os mares até chegar às Índias.
d) destrata os marinheiros por não o terem convidado a participar de tão importante empresa.
e) adverte os marinheiros portugueses dos perigos que eles podem encontrar para buscar fama em
outras terras.

6
Literatura

4. “Humanismo é uma palavra inventada no século XIX para descrever o programa de estudos, e seu
condicionamento de pensamento e expressão, que era conhecido desde o final do século XV”. HALE,
John. Dicionário do renascimento italiano. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1988. p. 187. De acordo
com o trecho anterior, é correto afirmar que o programa humanista:
a) Era encabeçado por reis e papas (os mecenas), os quais auxiliavam, humanitariamente, os artistas
do século XIX a compreender as formas artísticas do Renascimento.
b) Atrelava-se ao modo de pensar renascentista, no qual o homem e a natureza passavam a ser
valorizados na construção do conhecimento mundano.
c) Era marcado por uma valorização de temas naturalistas, opondo-se aos temas religiosos e sua
ligação e proximidade com a Igreja católica e a protestante do século XIX.
d) Constituía-se por uma aproximação com o mundo grego e romano, valorizando o equilíbrio das
formas e proporções, num exemplo de arte barroca (humanista) do século XV.
e) A valorização de ideias como a coletividade e a expropriação da propriedade privada.

5. Ainda sobre o Humanismo, assinale a afirmação incorreta:


a) Associa-se à noção de antropocentrismo e representou a base filosófica e cultural do
Renascimento.
b) Teve como centro irradiador a Itália e como precursor Dante Alighieri, Boccaccio e Petrarca.
c) Denomina-se também Pré-Renascentismo, ou Quatrocentismo, e corresponde ao século XV.
d) Representa o apogeu da cultura provençal que se irradia da França para os demais países, por
meio dos trovadores e jograis.
e) Retorna os clássicos da Antiguidade greco-latina como modelos de Verdade, Beleza e Perfeição.

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Literatura

Gabarito

1. D
O “dizem” com sujeito indeterminado indica o senso comum, enquanto o “se” indica que esse senso será
contrariado.

2. E
Não se trata de “sonetos decassílabos”, mas sim de versos decassílabos sem a divisão clássica do
soneto (as estrofes apresentam oito versos cada).

3. B
O velho relativiza a glória que Portugal teria atingido com as navegações, afirmando que a real motivação
de tudo era a cobiça e questionando o fato de que as navegações seriam positivas para o povo português.

4. D
As obras de artes plásticas do período do Renascimento valeram-se das concepções humanistas. Isso
pode ser observado nos procedimentos utilizados pelos artistas, como o estudo da anatomia do corpo
humano e da perspectiva isométrica, estudo esse indispensável para a composição do volume das
esculturas e o contorno das formas humanas nas pinturas.

5. D
As cantigas provençais influenciaram o Trovadorismo, através da musicalidade dos poemas e jograis,
mas não o humanismo.

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Literatura

Trovadorismo: Cantigas satíricas

Teoria

Cantigas satíricas

As cantigas satíricas constituem o período literário intitulado Trovadorismo (Portugal, entre o séc. XII e XIV),
junto das cantigas líricas. Diferentemente das estudadas no módulo anterior, as aqui conferidas contribuem
com um tom mais jocoso, estabelecendo críticas e até mesmo ofensas a algum interlocutor. A abordagem
estabelecida nessas cantigas satíricas pode ser considerada, às vezes, problemática e vulgar, sob um viés
negativo. No entanto, é a partir de tais textos que há o surgimento da sátira enquanto um gênero que se
consolidou até os dias atuais, algo que é muito importante.

Relembre o contexto histórico em questão: no momento da Idade Média, a sociedade portuguesa é dividida
entre clero, nobreza e povo, e o sistema econômico, político e social vigente é o feudalismo. Por conta deste
cenário, portanto, que há a importância de tais textos serem declamados em forma de cânticos; afinal, dessa
forma, o risco de perseguição por parte da Igreja diminui, principalmente quanto às cantigas satíricas, que ora
utilizavam de palavras de baixo calão para se dirigir a um destinatário, ora estabeleciam críticas a indivíduos
ou órgãos.

Vejamos, a seguir, os traços recorrentes nos dois tipos de textos trovadorescos satíricos, que distinguem-se
entre cantigas de escárnio e de maldizer.

Cantigas de escárnio
As cantigas de escárnio apresentam um tom crítico, mas de uma forma não explícita. Para isso, recorre-se a
alguns jogos de linguagem, como a ironia e a ambiguidade. Veja, a seguir, as suas características:

● Críticas veladas
● Bom trabalho da linguagem
● Sutilezas, trocadilhos, ambiguidades
● Tom irônico
Obs: Lembre-se que a figura de linguagem ironia é utilizada com o intuito de afirmar o contrário do que se diz
literalmente. Logo, é uma ótima estratégia para textos cujas críticas não são explícitas, tendo em vista que o
interlocutor precisa compreender a mensagem, saber ‘ler nas entrelinhas’.

1
Literatura

Confira, abaixo, o exemplo de cantiga de escárnio (traduzido):

Ai, dona fea (Joan Garcia de Guilhade)


Ai, senhora feia, foste-vos queixar
porque nunca vos louvo em minhas cantigas
mas agora quero fazer um cantar
em que vos louvarei, todavia;
e vede como vos quero louvar:
senhora feia, velha e louca.!

Senhora feia, assim Deus me perdoe,


pois tendes tão bom coração
que eu vos louvo, e por esta razão
eu vos quero louvar, todavia;
e vede qual será a louvação:
senhora feia, velha e louca!

Senhora feia, eu nunca vos louvei


em meu trovar, mas muito já trovei;
entretanto, farei agora um bom cantar
em que eu todavia vos louvarei:
e vos direi como louvarei:
senhora feia, velha e louca!

Cantigas de maldizer
Diferentemente das de escárnio, as cantigas de maldizer estabelecem críticas explícitas e diretamente
direcionadas a um interlocutor. Para isso, abrem mão da linguagem irônica e podem recorrer a ofensas e
obscenidades. Veja suas características a seguir:

● Críticas explícitas
● Linguagem agressiva
● Obscenidade
● Zombaria
● Ausência de ironia

2
Literatura

Confira, abaixo, o exemplo de cantiga de maldizer (traduzido):

Joan Airas de Santiago – Século XIII

Foi um dia Lopo jogral


Cantar na casa de um fidalgo
E deu-lhe este em pagamento
Três coices na garganta,
E até foi moderado, a meu ver,
Pelo jeito como ele canta.

E tratou-o com moderação


Ao dar-lhe tão poucos coices,
Pois não deu a Lopo então
Mais de três em sua garganta
E mais merecia o jogralão,
Pelo jeito como ele canta.

*Jogral Lopo: grupo vocal musical.

O Trovadorismo e as produções artísticas posteriores


É possível observar, ao longo da literatura ou da cultura popular, a influência de traços trovadorescos. Veja
alguns exemplos:
Nos teus pés
Atrás da Porta (Chico Buarque) Ao pé da cama
Quando olhaste bem nos olhos meus Sem carinho, sem coberta
E o teu olhar era de adeus No tapete atrás da porta
Juro que não acreditei Reclamei baixinho
Eu te estranhei
Me debrucei Dei pra maldizer o nosso lar
Sobre teu corpo e duvidei Pra sujar teu nome, te humilhar
E me arrastei e te arranhei E me vingar a qualquer preço
E me agarrei nos teus cabelos Te adorando pelo avesso
Nos teus pelos Pra mostrar que inda sou tua
Teu pijama Só pra provar que inda sou tua

A composição de Chico Buarque estabelece diálogos com as cantigas de amigo, estudadas no módulo
anterior. Repare na presença de um eu lírico feminino (apesar da autoria masculina) e a temática saudosista,
pautada em lamentos sobre a partida de um ser amado.

3
Literatura

Sozinho (Caetano Veloso) Só abro pra você, mais ninguém


Às vezes, no silêncio da noite Por que você me esquece e some?
Eu fico imaginando nós dois E se eu me interessar por alguém?
Eu fico ali sonhando acordado E se ela, de repente, me ganha?
Juntando o antes, o agora e o depois
Quando a gente gosta
Por que você me deixa tão solto? É claro que a gente cuida
Por que você não cola em mim? Fala que me ama
Tô me sentindo muito sozinho Só que é da boca pra fora

Não sou nem quero ser o seu dono Ou você me engana


É que um carinho, às vezes, cai bem Ou não está madura
Eu tenho os meus desejos e planos secretos Onde está você agora?(...)

Já a música performada por Caetano Veloso possui semelhanças com as cantigas de amor, também vistas
no módulo anterior. Perceba que, para além da temática de sofrimento do eu lírico e submissão à figura
feminina, a voz da canção está no masculino.

4
Literatura

A certa personagem desvanecida (Gregório de Matos)


Um soneto começo em vosso gabo*:
Contemos esta regra por primeira,
Já lá vão duas, e esta é a terceira,
Já este quartetinho está no cabo.

Na quinta torce agora a porca o rabo;


A sexta vá também desta maneira:
Na sétima entro já com grã** canseira,
E saio dos quartetos muito brabo.

Agora nos tercetos que direi?


Direi que vós, Senhor, a mim me honrais
Gabando‐vos a vós, e eu fico um rei.

Nesta vida um soneto já ditei;


Se desta agora escapo, nunca mais:
Louvado seja Deus, que o acabei.

*louvor
**grande

Neste poema satírico de Gregório de Matos, poeta barroco, evidencia-se a relação com a cantiga de escárnio.
De início, há uma crítica indireta a um indivíduo, não nomeado, pois trata-se de uma “certa personagem''. Além
disso, o tom sarcástico do soneto consiste no fato de que este não fala sobre nada em específico,
contrariando o pedido da pessoa que o solicitou.

5
Literatura

Textos de apoio
Cantiga de escárnio
Dizede-mi ora que ben mi fezestes,
Cantiga “A la fe, Deus, senón por vossa madre” por que eu crea en vós nen vos servia
de Gil Peres Conde senón gran tort'endoad'e sobervia,
A la fe, Deus, senón por vossa madre, ca mi teedes mia senhora forçada;
que é a mui bõa Santa María, nunca vos eu do vosso filhei nada,
fezera-vos eu pesar, u diría, des que fui nado, nen vós non mi o destes.
pola mia senhor, que mi vós filhastes,
que vissedes vós que mal baratastes, Faría-m'eu o que nos vós fazedes:
ca non sei tan muito de vosso padre. leixar velhas feas, e as fremosas
e mancebas filhá-las por esposas.
Por que vos eu a vós esto sofresse, Quantas queredes vós, tantas filhades,
senón por ela, se lhi non pesasse? e a mí nunca mi nen ũa dades:
Morrera eu, se vos com'hom'amasse assí partides migo quant'havedes.
a mía senhor, que mi vós tolhestes.
Se eu voss'era, por que me perdestes? Nen as servides vós nen as loades,
Non queriades que eu máis valesse? e van-se vosqu'e, poi-las aló teedes,
vestide-las mui mal e governades,
e metedes-no-las tra-las paredes.

Cantiga de maldizer
Cantiga “A dona fremosa do Soveral” de Lopo
Lias
Se m'ela crever, cuido-m'eu, dar-lh'-hei
A dona fremosa de Soveral o melhor conselho que hoj'eu sei:
ha de mí dinheiros per preit'atal dé-mi meu haver e gracir-lho-hei;
que veess'a mí, u non houvess'al, se mi o non der, penhorá-la-hei:
un día talhado a cas de Don Corral; ca mi o ten forçado,
e é perjurada, do corp'alongado,
ca non fez en nada non lho sofrerei;
e baratou mal, mais, polo meu grado,
ca desta vegada dar-mi-á ben dobrad'o
será penhorad'a sinal que lh'eu dei.
que dobr'o sinal.

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Literatura

Exercícios

1. (UEG – 2015) Por quanto tenho penado


Senhora, que bem pareceis! seja eu recompensado
Se de mim vos recordásseis vendo-vos só um instante.
que do mal que me fazeis
me fizésseis correção, De vossa grande beleza
quem dera, senhora, então da qual esperei um dia
que eu vos visse e agradasse. grande bem e alegria,
só me vem mal e tristeza.
Ó formosura sem falha Sendo-me a mágoa sobeja,
que nunca um homem viu tanto deixai que ao menos vos veja
para o meu mal e meu quebranto! no ano, o espaço de um dia.
Senhora, que Deus vos valha! Rei D. Dinis
CORREIA, Natália. Cantares dos trovadores galego-portugueses. Seleção, introdução, notas e adaptaçãode Natália Correia. 2.
ed. Lisboa: Estampa, 1978. p. 253.
Quem te viu, quem te vê
Você era a mais bonita das cabrochas dessa ala
Você era a favorita onde eu era mestre-sala
Hoje a gente nem se fala, mas a festa continua
Suas noites são de gala, nosso samba ainda é na rua

Hoje o samba saiu procurando você


Quem te viu, quem te vê
Quem não a conhece não pode mais ver pra crer
Quem jamais a esquece não pode reconhecer
[...]
Chico Buarque
A cantiga do rei D. Dinis, adaptada por Natália Correia, e a canção de Chico Buarque de Holanda
expressam a seguinte característica trovadoresca:
a) a vassalagem do trovador diante da mulher amada que se encontra distante.
b) a idealização da mulher como símbolo de um amor profundo e universal.
c) a personificação do samba como um ser que busca a plenitude amorosa.
d) a possibilidade de realização afetiva do trovador em razão de estar próximo da pessoa amada.

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Literatura

2. É correto afirmar sobre o Trovadorismo que


a) os poemas são produzidos para ser encenados.
b) as cantigas de escárnio e maldizer têm temáticas amorosas.
c) nas cantigas de amigo, o eu lírico é sempre feminino.
d) as cantigas de amigo têm estrutura poética complicada.
e) as cantigas de amor são de origem nitidamente popular.

3. Leia o texto para responder à questão


Amor Um amigo da lei
Poema mais ou menos de amor (de que madeira não sei).
Eu queria, senhora, Um sentinela no seu leito
ser o seu armário - com todo o respeito
e guardar seus tesouros Ah, ter gavetinhas
como um corsário. para suas argolinhas
Que coisa louca: Ter um vão
ser seu guarda-roupa! Para o seu camisolão
Alguma coisa sólida, e sentir o seu cheiro,
circunspecta e pesada senhora,
nessa sua vida tão estabanada. o dia inteiro.
.................................................

Veríssimo, Luis Fernando. Comédias para se ler na escola. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. (Adaptado)
Veríssimo, escritor contemporâneo, incorpora no seu poema Amor características comuns às cantigas
de amor medieval, uma vez que o eu lírico
a) fingindo-se de peça de toucador, pretende descobrir os segredos de sua dama, de forma a poder
conquistá-la.
b) transformado em guarda-roupa, presta serviço à amada, protegendo-a de malfeitores, para tê-la
só para si.
c) transmutado em armário, deseja servir sua senhora de forma a estar mais próximo a ela, ser o seu
sentinela.
d) semelhante ao trovador, presta vassalagem a sua senhora, amando-a e sendo correspondido por
ela.

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Literatura

4. TEXTO I TEXTO II

Frankenstein da Vila Ai, dona feia, foste-vos queixar

Boa impressão nunca se tem de que nunca vos louvo em meu trovar e

Quando se encontra um certo alguém umas trovas vos quero dedicar

Que até parece um Frankenstein em que louvada de toda maneira sereis,

Mas como diz o rifão: por uma cara feia tal é o meu louvar:
perde-se um dona feia, velha e gaiteira *
bom coração Ai, dona feia, se com tanto ardor quereis
Entre os feios és o primeiro da fila que vos louve, como trovador, trovas
Todos reconhecem lá na Vila farei e de tal teor
Essa indireta é contigo em que louvada de toda maneira sereis,
E depois não vá dizer tal é o meu louvor:
Que eu não sei o que digo dona feia, velha e gaiteira
Sou teu amigo Ai, dona feia, nunca vos louvei
em meu trovar, eu que tanto trovei e
BATISTA, W. Frankenstein da V ila. Disponível em: eis que umas trovas vos dedicarei em
http://letras.mus.br. Acesso em: 20 jan. 2014.
que louvada de toda maneira sereis e
assim vos louvarei:
dona feia, velha e gaiteira
GUILHADE, J. G. Ai, Dona feia,foste-vos queixar .
Disponível em: http://www.vidaempoesia .com.br.
Acesso em: 2 1mar. 2014.

*gaiteira: assanhada

O primeiro texto é um samba de 1935 composto por Wilson Batista e integra uma guerra musical
declarada contra Noel Rosa, importante sambista carioca. O Texto II, escrito no século XIII, é do
trovador português João Garcia de Guilhade e considerado uma canção de escárnio.
Relacionando os procedimentos de construção dos textos literários citados, verifica-se que
a) como na cantiga medieval, o samba de Wilson Batista refere-se diretamente a quem se quer
provocar.
b) o samba é irônico, pois considera seu alvo como um amigo, logo não pode chamá-lo de feio,
diferente da relação do trovador com a “dona feia”.
c) o uso da primeira pessoa nas composições tem por objetivo ocultar a verdadeira opinião do
compositor.
d) João Garcia de Guilhade, da mesma forma que Wilson Batista, considera o alvo da troça um bom
amigo, apesar de sua aparência física.
e) ambos constroem composições zombando da aparência física daqueles a quem destinam suas
composições, não revelando explicitamente quem seria a pessoa atingida.

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Literatura

5. Sobre as principais características do Trovadorismo, estão corretas:

I. Primeiro movimento literário da língua portuguesa, o Trovadorismo surgiu em um período no qual


a escrita era pouco difundida, por esse motivo, os poetas transmitiam suas poesias oralmente, na
maioria das vezes cantando-as.
II. Foi marcado pela transição do mundo medieval para o mundo moderno, conduzindo as artes ao
Renascimento cultural. Na literatura, deu-se a consolidação da prosa historiográfica, do teatro e
da poesia palaciana.
III. Os primeiros textos da literatura portuguesa receberam o nome de cantigas, tradicionalmente
divididas em cantigas de amor, de amigo, de escárnio e maldizer, representadas por nomes como
Dom Duarte, Dom Dinis, Paio Soares de Taveirós, João Garcia de Guilhade, Aires Nunes, entre
outros.
IV. Inspirado na cultura clássica greco-latina, o Trovadorismo foi marcado pela introdução de novos
gêneros literários, entre eles os romances de cavalaria e a literatura de viagens.
V. Os poetas do Trovadorismo pertenciam exclusivamente à nobreza e, além da letra, criavam
também a música das composições que executavam para o seleto público das cortes.

a) III e IV.
b) I, II e V.
c) III, IV e V.
d) I e III.
e) III e IV.

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Literatura

Gabarito

1. A
Nota-se, na cantiga de D. Dinis, que o eu lírico ocupa a posição de vassalo diante da figura feminina
distante. A mesma temática se faz semelhante na música de Chico Buarque, afinal, a figura feminina não
está próxima de si e é descrita como a “mais bonita”, garantindo-lhe a superioridade.

2. C
Apesar da maioria dos autores das cantigas serem homens, o eu lírico das cantigas de amigo é feminino,
e a temática é pautada na saudade do distante homem amado.

3. C
O eu lírico, quando anseia transformar-se em armário, apresenta como objetivo a possibilidade de servir
a sua senhora, adotando postura semelhante à relação de vassalagem comum às cantigas de amor do
Trovadorismo.

4. E
Alternativa correta. Tanto o samba de Wilson Batista como a canção de escárnio de João Garcia de
Guilhade são composições cômicas de zombaria voltada a pessoas cujas identidades não estão
reveladas, já que são mencionadas por meio de apelidos.

5. D
A II e a IV estão incorretas pois elas se referem ao Humanismo e Renascimento, respectivamente, e a V
por ignorar a existência dos jograis, homens que não eram da nobreza e que compunham e
apresentavam as composições em troca de pagamento, fazendo da arte o seu ganha-pão.

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Literatura

Trovadorismo: Cantigas líricas

Teoria

O Trovadorismo surge em Portugal, entre os séculos XII e XIV, durante a Idade Média. Como não havia, durante
aquele momento, a presença de um meio no qual os registros fossem escritos e disseminados para a
população, tais obras produzidas espalharam-se oralmente. As cantigas recebem esse nome devido a sua
musicalidade, sobretudo por serem recitadas juntamente com instrumentos musicais, como a lira e a viola,
por exemplo.

Durante o Trovadorismo, as cantigas são


subdivididas em dois tipos: líricas e satíricas.
Neste material, você irá conferir as cantigas
líricas, que distinguem-se entre cantiga de amigo
e cantiga de amor. Mas, antes, vamos
compreender o momento em que tal período
literário está inserido e seus traços mais gerais.

Contexto histórico
Portugal, durante a Idade Média (476 – 1453), apresentava uma sociedade dividida entre o clero, a nobreza e
o povo. Somado a isso, há, também, a grande relevância e detenção de poder por parte da Igreja Católica,
tendo em vista a predominância do teocentrismo. Dentro desse contexto, o homem era colocado em segundo
plano, afinal, a religiosidade se sobrepunha a todo o resto. Tendo em vista o poder por parte de pessoas
relacionadas à igreja, apenas essa parcela da população tinha acesso à leitura e escrita.

A camada mais pobre, equivalente ao povo, eram, no geral, os trabalhadores do ambiente rural. Durante esse
período, a estrutura social vigente era o feudalismo, ou seja, as terras eram comandadas pelos nobres, mas
aqueles que atuavam nelas diretamente eram os camponeses. Este mesmo grupo vivia uma realidade de
muita pobreza e, além disso, não tinham acesso à educação.

A partir disso é possível compreender o caráter musical do Trovadorismo, afinal, sendo uma manifestação
artística oral, torna-se viável a disseminação dos diferentes cânticos para um público maior.

1
Literatura

Características gerais
A seguir, confira os traços gerais das cantigas líricas, antes de estudarmos especificamente cada uma delas.
Em primeiro lugar, é preciso compreender que os textos em questão são todos poéticos, pois, assim, é mais
fácil de memorizá-los. Lembrando: a questão da musicalidade é muito importante nesse momento, afinal, tais
cantigas eram produzidas oralmente, em sua maioria. Cabe pontuar, sobretudo, que esses textos eram
influenciados pelas cantigas provençais, no sul da França.

Dessa maneira, também para facilitar a transmissão oral, a composição destes textos era organizada por
redondilhas (textos poéticos com versos de cinco ou sete sílabas, fáceis de memorizar), por meio de um
vocabulário mais simples, com o uso de refrões, rimas e, às vezes, paralelismos sintáticos.

Além disso, é necessário ter um olhar atento, também, à importância deste período literário no momento no
qual é produzido. Conforme levantado anteriormente, a sociedade portuguesa no momento da Idade Média é
extremamente teocêntrica, logo, as questões religiosas se sobrepunham a tudo – inclusive, elementos
relacionados à individualidade humana. No entanto, essas cantigas garantem uma libertação de tais preceitos
teocêntricos, afinal, as noções mais pessoais, como temáticas sobre o amor, saudade e até mesmo
elementos mais críticos ou agressivos (como serão vistos no material sobre as Cantigas de Escárnio e
Maldizer), são abordadas. Somado a isso, cabe pontuar que a Igreja, devido ao caráter de disseminação oral
desses textos, não poderia perseguir ou proibir essas expressões não teocêntricas.

Portanto, confira, a seguir, a primeira cantiga lírica a ser aqui estudada: a cantiga de amigo.

Cantiga de Amigo

Abaixo, os traços relacionados às cantigas de amigo:

● Textos dirigidos a um interlocutor


● Eu lírico feminino (ainda que a maioria dos poetas sejam homens)
● Temática melancólica, relacionada a lamentos e saudades (geralmente do amado que parte; o
interlocutor é um confidente)
● Amor natural e espontâneo, sem seguir regras e convenções
● Presença de paralelismos sintáticos (ou seja, repetição de estruturas sintáticas, algo que contribui para
a musicalidade das cantigas).

2
Literatura

Exemplo de uma Cantiga de amigo

Ondas do mar de vigo – Martim Codax


Ondas do mar de vigo
Acaso vistes meu amigo?
Queira Deus que ele venha cedo!

Ondas do mar agitado


Acaso vistes meu amado?
Queira Deus que ele venha cedo!

Acaso vistes meu amigo


Aquele por quem suspiro?
Queira Deus que ele venha cedo!

Acaso vistes meu amado


Por quem tenho grande cuidado?
Queira Deus que ele venha cedo!

Cantiga de Amor

Agora você verá as principais características das cantigas de amor. São elas:

● A presença de um eu lírico masculino


● Ausência de paralelismos, diferentemente das Cantigas de Amigo
● O sofrimento do poeta
● Cartilha do amor cortês

As regras do amor cortês, que, como você poderá observar, são bem diferentes da natureza amorosa nas
cantigas de amigo, são:

● Submissão à figura feminina


● Relação de vassalagem (ou seja, fidelidade e obediência à amada)
● Zelo pela reputação da dama
● Idealização máxima
● Abdicação de todos os bens materiais pela amada

3
Literatura

Você sabia? O movimento artístico Romantismo, que surge, na Europa, ao final do século XVIII, dialoga
bastante com os traços trovadorescos, em especial com estes elementos relacionados ao amor cortês. Você
verá que, nas obras românticas, a figura feminina é descrita com pureza e idealização, e o eu lírico a coloca
em um patamar elevado.

Exemplo de uma Cantiga de amor


(Nuno Fernandes Torneol)
Se em partir, senhora minha,
mágoas haveis de deixar
a quem firme em vos amar
foi desde a primeira hora,
se me abandonais agora,
ó formosa! que farei?

Que farei se nunca mais


contemplar vossa beleza?
Morto serei de tristeza.
se deus me não acudir,
Nem de vós conselho ouvir,
ó formosa! que farei?

A nosso senhor eu peço


quando houver de vos perder,
se me quiser comprazer,
que a morte me queira dar.
Mas se a vida me poupar,
ó formosa! que farei?

Vosso amor me leva a tanto!


se, partindo, provocais
quebranto que não curais
a quem de amor desespera,
de vós conselho quisera:
ó formosa! que farei?

4
Literatura

Textos de apoio

Cantiga de amigo
“Ai Deus, se sab'ora meu amigo” de Martin Codax

Ai Deus, se sab'ora meu amigo


com'eu senheira estou em Vigo!
E vou namorada...
Cantiga de amor
Ai Deus, se sab'ora meu amado “Cantiga da Ribeirinha” de Paio Soares de
com'eu em Vigo senheira manho! Taveirós (traduzida)
E vou namorada... No mundo ninguém se assemelha a mim
Enquanto a vida continuar como vai,
Com'eu senheira estou em Vigo Porque morro por vós e - ai! -
e nulhas gardas nom hei comigo! Minha senhora alva e de pele rosadas,
E vou namorada... Quereis que vos retrate
Quando eu vos vi sem manto.
Com'eu senheira em Vigo manho Maldito seja o dia em que me levantei
e nulhas gardas migo nom trago! E então não vos vi feia!
E vou namorada... E minha senhora, desde aquele dia, ai!
Tudo me ocorreu muito mal!
E nulhas gardas nom hei comigo, E a vós, filha de Dom Paio
ergas meus olhos que choram migo! Moniz, parece-vos bem
E vou namorada... Que me presenteeis com uma guarvaia,
Pois eu, minha senhora, como presente,
E nulhas gardas migo nom trago, Nunca de vós recebera algo,
ergas meus olhos que choram ambos! Mesmo que de ínfimo valor.
E vou namorada...

5
Literatura

Exercícios

1. (Mackenzie - 2005)

Assinale a afirmativa correta com relação ao Trovadorismo.

Texto I
Ondas do mar de Vigo,
se vistes meu amigo!
E ai Deus, se verrá cedo!

Ondas do mar levado,


se vistes meu amado!
E ai Deus, se verrá cedo!
Martim Codax

Obs.: verrá = virá levado = agitado.

Texto II
Me sinto com a cara no chão, mas a verdade precisa ser dita ao
menos uma vez: aos 52 anos eu ignorava a admirável forma lírica da
canção paralelística (...).
O “Cantar de amor” foi fruto de meses de leitura dos cancioneiros.
Li tanto e tão seguidamente aquelas deliciosas cantigas, que fiquei
com a cabeça cheia de “velidas” e “mha senhor” e “nula ren”;
sonhava com as ondas do mar de Vigo e com romarias a San Servando.
O único jeito de me livrar da obsessão era fazer uma cantiga.
Manuel Bandeira

a) Um dos temas mais explorados por esse estilo de época é a exaltação do amor sensual entre
nobres e mulheres camponesas.
b) Desenvolveu-se especialmente no século XV e refletiu a transição da cultura teocêntrica para a
cultura antropocêntrica.
c) Devido ao grande prestígio que teve durante toda a Idade Média, foi recuperado pelos poetas da
Renascença, época em que alcançou níveis estéticos insuperáveis.
d) Valorizou recursos formais que tiveram não apenas a função de produzir efeito musical, como
também a função de facilitar a memorização, já que as composições eram transmitidas oralmente.
e) Tanto no plano temático como no plano expressivo, esse estilo de época absorveu a influência
dos padrões estéticos greco-romano

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2. (Mackenzie – SP)

Assinale a alternativa incorreta a respeito do Trovadorismo em Portugal.


a) Durante o Trovadorismo, ocorreu a separação entre poesia e a música.
b) Muitas cantigas trovadorescas foram reunidas em livros ou coletâneas que receberam o nome de
cancioneiros.
c) Nas cantigas de amor, há o reflexo do relacionamento entre o senhor e vassalo na sociedade
feudal: distância e extrema submissão.
d) Nas cantigas de amigo, o trovador escreve o poema do ponto de vista feminino.
e) A influência dos trovadores provençais é nítida nas cantigas de amor galego-portuguesas.

3. Interpretando historicamente a relação de vassalagem entre homem amante/mulher amada, ou mulher


amante/homem amado, pode-se afirmar que:
a) o Trovadorismo corresponde ao Renascimento.
b) o Trovadorismo corresponde ao movimento humanista.
c) o Trovadorismo corresponde ao Feudalismo.
d) o Trovadorismo e o Medievalismo só poderiam ser provençais.
e) tanto o Trovadorismo como o Humanismo são expressões da decadência medieval.

4. (UNIFESP – 2005) Senhor feudal


Se Pedro Segundo
Vier aqui
Com história
Eu boto ele na cadeia.
Oswald de Andrade

O título do poema de Oswald remete o leitor à Idade Média. Nele, assim como nas cantigas de amor, a
ideia de poder retoma o conceito de
a) fé religiosa.
b) relação de vassalagem.
c) idealização do amor.
d) saudade de um ente distante.
e) igualdade entre as pessoas.

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Literatura

5. O Trovadorismo, quanto ao tempo em que se instala:


a) tem concepções clássicas do fazer poético.
b) é rígido quanto ao uso da linguagem que, geralmente, é erudita.
c) estabeleceu-se num longo período que dura 10 séculos.
d) tinha como concepção poética a epopeia, a louvação dos heróis.
e) reflete as relações de vassalagem nas cantigas de amor.

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Literatura

Gabarito

1. D
As cantigas trovadorescas eram disseminadas oralmente e, para isso, consistiam no uso de alguns
traços que auxiliam essa transmissão, como a recorrência de rimas, vocabulário simples, paralelismos
(no caso das cantigas de amigo), refrões e afins.

2. A
No Trovadorismo não há distinção entre poesia e música, afinal, as obras desse momento são nomeadas
cantigas. Elas eram recitadas, muitas vezes, com o acompanhamento de instrumentos musicais, como
violas e liras.

3. C
O trovadorismo reproduz o feudalismo nas relações amorosas pois o amante age como um vassalo
devoto ao seu suserano (a amada).

4. B
As cantigas refletem o momento histórico do feudalismo, assim como o faz o título do poema, “Senhor
feudal”.

5. E
As cantigas refletem o momento histórico em que foram compostas – o feudalismo. Daí surgem as
relações de vassalagem.

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