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Atividades para o Simulado Enem – 3º bimestre século passado, após a abolição da escravidão, quando

definitivamente teriam que ser incorporados os libertos e


Tema 1: Nacionalismo e Literatura descendentes de africanos ao mercado de trabalho livre e à
Leia: “Sobretudo compreendam os críticos a missão dos “nação brasileira”. Festas, músicas e danças despontariam,
poetas, escritores e artistas, neste período especial e entre setores intelectuais, como um importante campo de
ambíguo da formação de uma nacionalidade. São estes os estudos para se avaliar e, principalmente, projetar a versão
operários incumbidos de polir o talhe e as feições da musical da nação brasileira. Afinal, estas manifestações
individualidade que se vai esboçando no viver do povo. O passaram a representar valiosos indicativos de uma nação
povo que chupa o caju, a manga, o cambucá e a jabuticaba formada por uma “raça mestiça”, de inegável influência
pode falar com igual pronúncia e o mesmo espírito do povo portuguesa, católica e africana.
que sorve o figo, a pera, o damasco e a nêspera?”
José de Alencar, prefácio a Sonhos d’ouro, 1872. Adaptado de 1
Escritores e músicos de diferentes partes do Brasil, no fim
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do século XIX e início do XX, iriam identificar e construir, a
partir de variadas e híbridas doses de etnia e cultura, uma
1 – De acordo com José de Alencar, a caracterização da original identidade nacional, musical e festiva.
identidade nacional brasileira, no século XIX, estava Marta Abreu. Invenção de um país festivo. Caderno Ideias, Jornal do Brasil.
vinculada ao processo de: Adaptação.
a) promoção da cultura letrada.
b) integração do mundo lusófono. 3 – Assinale a opção que corresponde ao fragmento
c) valorização da miscigenação étnica. “Escritores e músicos de diferentes partes do Brasil, no fim
d) particularização da língua portuguesa. do século XIX e início do XX, iriam identificar e construir, a
e) valorização da culinária local. partir de variadas e
híbridas doses de etnia e cultura, uma original identidade
Leia os poemas. nacional, musical e festiva.” (ref. 1)
I. Manuel Bandeira
[...] a) Em cada porta um frequentado olheiro, / Que a vida do
A vida não me chegava pelos jornais nem pelos livros vizinho, e da vizinha / Pesquisa,
Vinha da boca do povo na língua errada do povo escuta, espreita, e esquadrinha, / Para a levar à Praça, e ao
Língua certa do povo Terreiro. (Gregório de Matos).
Porque ele é que fala gostoso o português do Brasil b) Última flor do Lácio, inculta e bela, / És, a um tempo,
Ao passo que nós esplendor e sepultura: / Ouro nativo, que na ganga impura /
O que fazemos A bruta mina entre os cascalhos vela... (Olavo Bilac).
É macaquear c) Assim eu quereria meu último poema / Que fosse terno
A sintaxe lusíada dizendo as coisas mais simples
[...] e menos intencionais / Que fosse ardente como um soluço
sem lágrimas / Que tivesse a
II. Oswald de Andrade beleza das flores quase sem perfume (Manuel Bandeira).
Quando o português chegou d) Quem, Marília, despreza uma beleza, / A luz da razão
Debaixo duma bruta chuva precisa; / E se tem discurso, pisa /
Vestiu o índio A lei, que lhe ditou a Natureza. (Tomás Antônio Gonzaga).
Que pena! Fosse uma manhã de sol e) Misturo tudo num saco, / Mas gaúcho maranhense / Que
O índio tinha despido para no Mato Grosso, / Bate
O português este angu de caroço (Mário de Andrade).

2 – A ideia comum aos dois textos consiste na: Tema 2: O herói


a) contradição entre a língua concebida e a que se realiza nos Texto I – O canto do guerreiro
poemas. Aqui na floresta
b) crítica ao linguajar popular e debochado do povo Dos ventos batida,
brasileiro. Façanhas de bravos
c) aceitação dos valores da cultura europeia, Não geram escravos,
particularmente a portuguesa. Que estimem a vida
d) proposta de uma língua nacional que esteja próxima da Sem guerra e lidar.
expressão lusíada. — Ouvi-me, Guerreiros,
e) busca de uma identidade nacional, negando-se a cultura — Ouvi meu cantar.
europeia. Valente na guerra,
Quem há, como eu sou?
Leia: Para literatos e memorialistas do século XIX, um dos Quem vibra o tacape
grandes desafios era, então, construir uma nação tendo que Com mais valentia?
levar em conta as antigas tradições, quase sempre católicas Quem golpes daria
e repletas de “atrasadas” manifestações populares e negras. Fatais, como eu dou?
— Guerreiros, ouvi-me;
As discussões sobre as perspectivas da nacionalidade — Quem há, como eu sou?
brasileira ganharam novo impulso nas últimas décadas do Gonçalves Dias
Texto II – Macunaíma (Epílogo) — Eu o imaginava homem alto com olhos acesos, de febre.
Acabou-se a história e morreu a vitória. Não havia mais — Eu o imaginava também um asceta, puro osso e pele.
ninguém lá. Dera tangolomângolo na tribo Tapanhumas e os — É um homem como qualquer um, e profeta não se
filhos dela se acabaram de um em um. Não havia mais pretende.
ninguém lá. Aqueles lugares, aqueles campos, furos — É um homem e isso não chegou: um homem plantado e
puxadouros arrastadouros meios-barrancos, aqueles matos terrestre. [...]
misteriosos, tudo era solidão do deserto... Um silêncio — Assim é que pode sobreviver à viagem com a tropa do
imenso dormia à beira do rio Uraricoera. Agreste.
Nenhum conhecido sobre a terra não sabia nem falar da — Foi à Paraíba, ao Ceará que o Capibaribe não investe.
tribo nem contar aqueles casos tão pançudos. Quem podia — Foi assim frade e jornalista, e em vez de bispo, padre-
saber do Herói? mestre.
Mário de Andrade — Viveu bem plantado na vida, coisa que a gente nunca
esquece.
4 – A leitura comparativa dos dois textos indica que: MELO NETO, João Cabral de. Auto do Frade. In: MELO NETO, João Cabral
a) ambos têm como tema a figura do indígena brasileiro de.
apresentada de forma realista e heroica, como símbolo
máximo do nacionalismo romântico. 6 – A impressão que a “gente nas calçadas” tem do
b) a abordagem da temática adotada no texto escrito em protagonista:
versos é discriminatória em relação aos povos indígenas do a) reafirma a existência de valores elevados e reconhecidos
Brasil. por todos.
c) as perguntas “— Quem há, como eu sou?” (1º texto) e b) aproxima a figura heroica de um padrão característico das
“Quem podia saber do Herói?” (2º texto) expressam tragédias clássicas.
diferentes visões da realidade indígena brasileira. c) o destitui de sua posição heroica, denunciando que sua
d) o texto romântico, assim como o modernista, aborda o miséria é uma farsa.
extermínio dos povos indígenas como resultado do processo d) o distancia da condição heroica convencional, ao colocá-
de colonização no Brasil. lo como homem comum.
e) os versos em primeira pessoa revelam que os indígenas e) promove sua superação da dimensão material e sua
podiam expressar-se poeticamente, mas foram silenciados elevação à espiritualidade.
pela colonização, como demonstra a presença do narrador,
no segundo texto. Tema 3: Opressores e Oprimidos
Dois e dois: quatro
Ser humano, ser herói Como dois e dois são quatro
Você pode até nunca ter percebido, mas estamos todo o sei que a vida vale a pena
tempo cercados por heróis e heroínas. Melhor ainda: somos, embora o pão seja caro
todos nós, heróis e heroínas, seres mitológicos que, no e a liberdade pequena
momento certo, podem corporificar sua identidade secreta Como teus olhos são claros
e fazer ações... heroicas. Isso acontece porque nós, e a tua pele, morena
humanos, trazemos impressos na base da nossa mente, como é azul o oceano
modelos de comportamento e formas de nos relacionar com e a lagoa, serena
o mundo que são chamados de arquétipos na psicologia como um tempo de alegria
analítica, escola fundada pelo psiquiatra suíço Carl Gustav por trás do terror me acena
Jung (1875-1961). Os arquétipos confundem-se com a e a noite carrega o dia
mitologia – e o herói é o mito mais conhecido e cultivado por no seu colo de açucena
todas as culturas. — sei que dois e dois são quatro
MOURÃO, Leonardo. Seja humano, seja herói. sei que a vida vale a pena
mesmo que o pão seja caro
5 – Segundo o texto, o que define o herói é: e a liberdade, pequena.
a) um conjunto de atitudes que podem estar disseminadas FERREIRA GULLAR. Dois e dois: quatro. In: FERREIRA GULLAR.
pela sociedade.
b) a capacidade de identificar a necessidade de promover o 7 – A partir da leitura do poema, é possível afirmar que:
bem-estar geral. a) o autor pode ser corretamente descrito como romântico,
c) a preocupação em assumir uma multiplicidade de pois constrói imagens amorosas e idealizadoras.
identidades na vida cotidiana. b) o poema ironiza os textos literários preocupados com
d) a escolha individual de seguir modelos preestabelecidos. questões amorosas quando a situação econômica e política
e) a relação entre ações modernas e arquétipos mitológicos. estão ruins, já que, entre os versos mais engajados, são
apresentadas imagens ligadas ao imaginário romântico.
Leia: c) o poema ironiza os textos literários preocupados com
Frei Caneca (1779-1825) foi um dos líderes da Confederação questões políticas, quando o que é mais importante são os
do Equador, que eclodiu em 1824 e tinha a pretensão de valores universais como a beleza e a natureza.
instalar uma República em Pernambuco. O poeta João Cabral d) o poeta ironiza sua própria condição de poeta, na medida
de Melo Neto se inspirou nele para escrever o Auto do Frade, em que o próprio Ferreira Gullar pode ser incluído entre os
de que transcrevemos um trecho. autores vinculados a temas universais como a beleza e a
natureza.
e) Ferreira Gullar, como expoente da poesia neoconcreta, 9 – A situação poeticamente descrita acima sinaliza, do
apresenta elementos visuais que se sobrepõem ao valor ponto de vista ambiental, para a necessidade de:
semântico das palavras, como era costumeiro entre os I – manter-se rigoroso controle sobre os processos de
autores desse movimento artístico. instalação de novas mineradoras.
II – criarem-se estratégias para reduzir o impacto ambiental
Texto para a questão 8 no ambiente degradado.
A velha Totonha de quando em vez batia no engenho. III – reaproveitarem-se materiais, reduzindo-se a
E era um acontecimento para a meninada... Que talento ela necessidade de extração de minérios.
possuía para contar as suas histórias, com um jeito admirável
de falar em nome de todos os personagens, sem nenhum É correto o que se afirma:
dente na boca, e com uma voz que dava todos os tons às a) apenas em I.
palavras! b) apenas em II.
Havia sempre rei e rainha, nos seus contos, e forca e c) apenas em I e II.
adivinhações. E muito da vida, com as suas maldades e as d) apenas em II e III.
suas grandezas, a gente encontrava naqueles heróis e e) em I, II e III.
naqueles intrigantes, que eram sempre castigados com
mortes horríveis! O que fazia a velha Totonha mais curiosa Tema 4: Bem X Mal
era a cor local que ela punha nos seus descritivos. Quando Todas as vidas
ela queria pintar um reino era como se estivesse falando [...]
dum engenho fabuloso. Os rios e florestas por onde Vive dentro de mim
andavam os seus personagens se pareciam muito com a a lavadeira do Rio Vermelho.
Paraíba e a Mata do Rolo. O seu Barba-Azul era um senhor Seu cheiro gostoso
de engenho de Pernambuco. d’água e sabão.
José Lins do Rego. Menino de engenho. Rio de Janeiro: José [...]
Olympio, 1980. p. 49-51 (com adaptações). Vive dentro de mim
8 – Na construção da personagem “velha Totonha”, é a mulher do povo.
possível identificar traços que revelam marcas do processo Bem proletária.
de colonização e de civilização do país. Considerando o texto [...]
acima, infere-se que a velha Totonha: Vive dentro de mim
a) tira o seu sustento da produção da literatura, apesar de a mulher da vida.
suas condições de vida e de trabalho, que denotam que ela Minha irmãzinha...
enfrenta situação econômica muito adversa. [...]
b) compõe, em suas histórias, narrativas épicas e realistas da Todas as vidas dentro de mim.
história do país colonizado, livres Na minha vida -
da influência de temas e modelos não representativos da a vida mera das obscuras.
realidade nacional. CORALINA, Cora. Melhores poemas.
c) retrata, na constituição do espaço dos contos, a civilização Afra
urbana europeia em concomitância com a representação Ressurges dos mistérios da luxúria,
literária de engenhos, rios e florestas do Brasil. Afra, tentada pelos verdes pomos,
d) aproxima-se, ao incluir elementos fabulosos nos contos, Entre os silfos magnéticos e os gnomos
do próprio romancista, o qual Maravilhosos da paixão purpúrea.
pretende retratar a realidade brasileira de forma tão Carne explosiva em pólvoras e fúria
grandiosa quanto a europeia. De desejos pagãos, por entre assomos
e) imprime marcas da realidade local a suas narrativas, que Da virgindade ─ casquinantes momos
têm como modelo e origem as fontes da literatura e da Rindo da carne já votada à incúria.
cultura europeia universalizada. Votada cedo ao lânguido abandono,
Aos mórbidos delíquios como ao sono,
Considere o poema de Carlos Drumond de Andrade, que Do gozo haurindo os venenosos sucos.
retrata o universo da exploração do trabalho em minas de Sonho-te a deusa das lascivas pompas,
ferro, onde tanto se degrada a vida humana quanto a A proclamar, impávida, por trompas
natureza. Amores mais estéreis que os eunucos!
Esta manha acordo e SOUSA, Cruz e. Broquéis, Faróis e Últimos sonetos.
não a encontro.
Britada em bilhões de lascas Vocabulário:
deslizando em correia transportadora silfos: espíritos elementares do ar
entupindo 150 vagões assomos: ímpeto, impulso
no trem-monstro de 5 locomotivas casquinantes: relativo à gargalhada, risada de escárnio
- trem maior do mundo, tomem nota - momos: ator que representa comédia
foge minha serra, vai incúria: falta de cuidado
deixando no meu corpo a paisagem delíquios: desfalecimento, desmaio
misero pó de ferro, e este não passa. haurindo: extraindo, colhendo, consumindo
Carlos Drummond de Andrade. Antologia poética.
10 - Nos poemas apresentados, os autores tematizam a d) Rememora, com rancor, sua vida de mulher, seja
mulher com perspectivas diferenciadas no que diz respeito, enquanto esposa, seja enquanto mãe, mostrando-se
respectivamente, à: indignada com a atual falta de afeto de filhos, netos e
a) preocupação com a cor local e à fuga da realidade em bisnetos.
situações espirituais. e) Mistura presente e passado, deixando emergir a saudade
b) perspectiva referencial dada ao tema e ao que há tempo domina seu cotidiano.
enquadramento conceptista das imagens.
c) ênfase no misticismo africano e à descrição fantástica do Texto I
corpo da mulher. Onde está a honestidade?
d) musicalidade recorrente para a composição dos perfis e Você tem palacete reluzente
ao entrelaçamento de poesia e prosa. Tem joias e criados à vontade
e) valorização de condições sociais marginalizadas e à Sem ter nenhuma herança ou parente
construção erotizada da figura feminina. Só anda de automóvel na cidade...
E o povo pergunta com maldade:
Leia o Conto “Feliz Aniversário” (Laços de Família, 1960), de Onde está a honestidade?
Clarice Lispector (1920-1977). Onde está a honestidade?
O seu dinheiro nasce de repente
Na cabeceira da mesa, a toalha manchada de Coca-Cola, o E embora não se saiba se é verdade
bolo desabado, ela era a mãe. A aniversariante piscou. Eles Você acha nas ruas diariamente
se mexiam agitados, rindo, a sua família. E ela era a mãe de Anéis, dinheiro e felicidade...
todos. E se de repente não se ergueu, como um morto se Vassoura dos salões da sociedade
levanta devagar e obriga mudez e terror aos Que varre o que encontrar em sua frente
vivos, a aniversariante ficou mais dura na cadeira, e mais Promove festivais de caridade
alta. Ela era a mãe de todos. E como a presilha a sufocasse, Em nome de qualquer defunto ausente...
ela era a mãe de todos e, impotente à cadeira, desprezava- ROSA. N. Disponível em: www.mpbnet.com.br. Acesso em:
os. E olhava-os piscando. Todos aqueles seus filhos e netos e abr. 2010.
bisnetos que não passavam de carne de seu joelho,
pensou de repente como se cuspisse. Rodrigo, o neto de sete Texto II
anos, era o único a ser a carne de seu coração. Rodrigo, com Um vulto da história da música popular brasileira,
aquela carinha dura, viril e despenteada, cadê Rodrigo? reconhecido nacionalmente, é Noel Rosa. Ele nasceu em
Rodrigo com olhar sonolento e intumescido naquela 1910, no Rio de Janeiro; portanto, se estivesse vivo, estaria
cabecinha ardente, confusa. Aquele seria um homem. Mas, completando 100 anos. Mas faleceu aos 26 anos de idade,
piscando, ela olhava os outros, a aniversariante. Oh o vítima de tuberculose, deixando um acervo de grande valor
desprezo pela vida que falhava. Como?! como tendo sido tão para o patrimônio cultural brasileiro. Muitas de suas letras
forte pudera dar à luz aqueles seres opacos, com braços representam a sociedade contemporânea, como se tivessem
moles e rostos ansiosos? Ela, a forte, que casara em hora e sido escritas no século XXI.
tempo devidos com um bom homem a quem, obediente e Disponível em: www.mpbnet.com.br. Acesso em: abr. 2010.
independente, respeitara; a quem respeitara e que lhe fizera
filhos e lhe pagara os partos, lhe honrara os resguardos. O 12 – Um texto pertencente ao patrimônio literário-cultural
tronco fora bom. Mas dera aqueles azedos e infelizes frutos, brasileiro é atualizável, na medida em que ele se refere a
sem capacidade sequer para uma boa alegria. Como pudera valores e situações de um povo. A atualidade da canção
ela dar à luz aqueles seres risonhos fracos, sem austeridade? “Onde está a honestidade?”, de Noel Rosa, evidencia-se por
O rancor roncava no seu peito vazio. Uns comunistas, era o meio:
que eram; uns comunistas. Olhou-os com sua cólera de a) da ironia, ao se referir ao enriquecimento de origem
velha. Pareciam ratos se acotovelando, a sua família. duvidosa de alguns.
Incoercível, virou a cabeça e com força insuspeita cuspiu no b) da crítica aos ricos que possuem joias, mas não têm
chão. herança.
c) da maldade do povo a perguntar sobre a honestidade.
(LISPECTOR, Clarice. Feliz Aniversário. In: Laços de Família. d) do privilégio de alguns em clamar pela honestidade.
28. ed. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1995. p. 78-79.) e) da insistência em promover eventos beneficentes.
11 - Ainda que Clarice Lispector tenha morrido um dia antes
de completar cinquenta e sete anos, a problemática das Tema 5: Personagens Femininas
mulheres de terceira idade faz-se presente em muitos de 13 - O romance O Guarani, de José de Alencar, apresenta
seus contos. “Feliz Aniversário” registra tal tema. Neste duas personagens femininas, Cecília (cuja descrição aparece
conto, sentada à cabeceira da mesa preparada para a no texto I) e Isabel (texto II).
comemoração de seu octogésimo-nono aniversário, D.
Anita: Texto I
a) Vê, horrorizada, sua descendência constituída por seres Os grandes olhos azuis, meio cerrados, às vezes se abriam
mesquinhos. languidamente como para se embeberem de luz, e
b) Lembra-se, saudosa, da época em que seu marido era vivo abaixavam de novo as pálpebras rosadas. Os lábios
e com ela dividia as dificuldades cotidianas. vermelhos e úmido pareciam uma flor da gardênia dos
c) Contempla seu neto, Rodrigo, a trazer-lhe ao presente a nossos campos, orvalhada pelo sereno da noite; o hálito
imagem do falecido marido quando jovem. doce e ligeiro exalava-se formando um sorriso. Sua tez, alva
e pura como flocos de algodão, tingia-se nas faces de uns d) subjetividade acionada pelos aspectos originais e
longes cor-de-rosa, que iam, desmaiando, morrer no colo de peculiares da figura apresentada.
linhas suaves e delicadas. e) erudição, para contrastar com a simplicidade da pessoa
ALENCAR, José de. O Guarani. Cotia: Ateliê Editorial, 1999. p. 79. que se apresenta.

Texto II 15 - Observe a imagem e leia o fragmento de texto que se


Era um tipo inteiramente diferente do de Cecília; era o tipo segue.
brasileiro em toda a sua graça e formosura, com o
encantador contraste de languidez e malícia, de indolência e
vivacidade. Os olhos grandes e negros, o rosto moreno e
rosado, cabelos pretos, lábios desdenhosos, sorriso
provocador, davam a este rosto um poder de sedução
irresistível.
ALENCAR, José de. O Guarani. Cotia: Ateliê Editorial, 1999. p. 81.

As descrições contidas no trecho apresentam um caráter:


a) diferenciador, estabelecendo um padrão feminino como
privilegiado, e considerando inferior qualquer outro.
VERMEER, Johannes. La Latière vers (1660).
b) complementar, mostrando que nenhum dos dois modelos
de beleza sobrevive isoladamente. Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos
c) distintivo, adotando diferentes padrões femininos, sem mais negros que a asa da graúna, e mais longos que seu talhe
deixar de reconhecer a beleza em ambos. de palmeira. O favo da jati não era doce como seu sorriso;
d) objetivo, expondo ao leitor os diferentes padrões nem a baunilha recendia no bosque seu hálito perfumado.
femininos, sem nenhuma manifestação de impressão Mais rápida que a ema selvagem, a morena virgem corria o
pessoal. sertão e as matas do Ipu, onde campeava sua guerreira tribo,
e) metafísico, concentrando-se em aspectos ligados mais à da grande nação tabajara. O pé grácil e nu, mal roçando,
espiritualidade que à dimensão física das personagens. alisava apenas a verde pelúcia que vestia a terra com as
primeiras águas.
Regina Anastácia ALENCAR, José de. Iracema. São Paulo: Saraiva, 2006. p. 15.
— O meu nome é Regina Anastácia. Assim que ouvi essas
primeiras palavras de Anastácia e contemplei o seu porte tão Relativamente ao modo como as personagens femininas são
altivo, fui tomada por uma enorme emoção. Agradeci à vida vislumbradas e construídas, tanto na pintura de Vermeer
por me oferecer momentos tão raros, como o de contemplar quanto no romance de Alencar, tem-se o seguinte:
uma pessoa dona de uma beleza que caminhava para um a) a pintura apresenta um retrato realista de mulher, ao
encanto quase secular. A voz dela pausada e já marcada pelo passo que o excerto retrata uma mulher de modo idealizado.
correr de um tempo de noventa e um anos vividos, ao b) a pintura apresenta um retrato idealizado de mulher, ao
pronunciar o próprio nome, me soou como alguém que passo que o excerto retrata uma mulher de modo realista.
anuncia com respeito a chegada de uma pessoa especial, c) tanto na pintura quanto no fragmento, há o retrato de
merecedora de toda reverência. Regina Anastácia se mulheres retratadas de modo realístico.
anunciava, anunciando a presença de Rainha Anastácia d) tanto o excerto quanto o fragmento revelam traços que
frente a frente comigo. Lembranças de outras rainhas me entreveem poéticas modernistas.
vieram à mente: Mãe Menininha do Gantois, Mãe e) tanto na pintura quanto no fragmento, há o retrato de
Meninazinha d’Oxum, as rainhas de congadas, realezas que mulheres idealizadas.
descobri, na minha infância, em Minas, Clementina de Jesus,
Dona Ivone Lara, Lia de Itamaracá, Léa Garcia, Ruth de Souza,
a senhora Laurinha Natividade, a professora Efigênia Carlos, GABARITO
Dona Iraci Graciano Fidélis, Toni Morrisson, Nina Simone... E 1–D
ainda várias mulheres, minhas irmãs do outro lado do 2–E
Atlântico, que vi em Moçambique e no Senegal, pelas 3–E
cidades e pelas aldeias. Mais outras e mais outras. Repito: 4–C
Regina Anastácia se anunciava, anunciando a presença de 5–A
Rainha Anastácia frente a frente comigo. 6–D
EVARISTO, Conceição. Insubmissas lágrimas de mulheres.
7–B
8–E
14 - Ao apresentar a personagem, a narradora transmite a 9–E
impressão de: 10 – A
a) distanciamento necessário para o registro jornalístico de 11 – A
uma personalidade. 12 – A
b) consideração pelo sentido coletivo que uma 13 – C
individualidade pode assumir. 14 – D
c) confusão diante da emotividade provocada pela presença 15 – A
que provoca admiração.

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