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Questões sobre o Arcadismo

1. ENEM 2008 e) A realidade de atraso social, político e econômico do


Brasil Colônia está representada esteticamente no
Torno a ver-vos, ó montes; o destino poema pela referência, na última estrofe, à
Aqui me torna a pôr nestes outeiros, transformação do pranto em alegria.
Onde um tempo os gabões deixei grosseiros
Pelo traje da Corte, rico e fino. 2. ENEM 2015

Aqui estou entre Almendro, entre Corino, Síntese entre erudito e popular
Os meus fiéis, meus doces companheiros,
Vendo correr os míseros vaqueiros Na região mineira, a separação entre cultura popular
Atrás de seu cansado desatino. (as artes mecânicas) e erudita (as artes liberais) é
marcada pela elite colonial, que tem como exemplo os
Se o bem desta choupana pode tanto, valores europeus, e o grupo popular, formado pela
Que chega a ter mais preço, e mais valia fusão de várias culturas: portugueses aventureiros ou
Que, da Cidade, o lisonjeiro encanto, degredados, negros e índios. Aleijadinho, unindo as
sofisticações da arte erudita ao entendimento do artífice
Aqui descanse a louca fantasia, popular, consegue fazer essa síntese característica
E o que até agora se tornava em pranto deste momento único na história da arte brasileira: o
Se converta em afetos de alegria. barroco colonial.

Cláudio Manoel da Costa. In: Domício Proença Filho. A (MAJORA, C. Br História, n. 3, mar. 2007 – adaptado)
poesia dos inconfidentes. Rio de Janeiro: Nova Aguilar,
2002, p. 78-9. No século XVIII, a arte brasileira, mais especificamente
a de Minas Gerais, apresentava a valorização da
Considerando o soneto de Cláudio Manoel da Costa e técnica e um estilo próprio, incluindo a escolha dos
os elementos constitutivos do Arcadismo brasileiro, materiais. Artistas como Aleijadinho e Mestre Ataíde
assinale a opção correta acerca da relação entre o têm suas obras caracterizadas por peculiaridades que
poema e o momento histórico de sua produção. são identificadas por meio:

a) Os “montes” e “outeiros”, mencionados na primeira a) do emprego de materiais oriundos da Europa e da


estrofe, são imagens relacionadas à Metrópole, ou seja, interpretação realista dos objetos representados.
ao lugar onde o poeta se vestiu com traje “rico e fino”.
b) do uso de recursos materiais disponíveis no local e
b) A oposição entre a Colônia e a Metrópole, como da interpretação formal com características próprias.
núcleo do poema, revela uma contradição vivenciada
pelo poeta, dividido entre a civilidade do mundo urbano c) da utilização de recursos materiais vindos da Europa
da Metrópole e a rusticidade da terra da Colônia. e da homogeneização e linearidade representacional.

c) O bucolismo presente nas imagens do poema é d) da observação e da cópia detalhada do objeto


elemento estético do Arcadismo que evidencia a representado e do emprego de materiais disponíveis na
preocupação do poeta árcade em realizar uma região.
representação literária realista da vida nacional.
e) da utilização de materiais disponíveis no Brasil e da
d) A relação de vantagem da “choupana” sobre a interpretação idealizada e linear dos objetos
“Cidade”, na terceira estrofe, é formulação literária que representados.
reproduz a condição histórica paradoxalmente
vantajosa da Colônia sobre a Metrópole.

3. ENEM 2016
Soneto VII (FROTA, L. C. Ataíde: vida e obra de Manuel da Costa
Ataíde. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1982)
Onde estou? Este sítio desconheço:
Quem fez tão diferente aquele prado? O Texto II destaca a inovação na representação
Tudo outra natureza tem tomado; artística setecentista, expressa no Texto I pela:
E em contemplá-lo tímido esmoreço.
a) reprodução de episódios bíblicos.
Uma fonte aqui houve; eu não me esqueço
De estar a ela um dia reclinado:
b) retratação de elementos europeus.
Ali em vale um monte está mudado:
Quanto pode dos anos o progresso!
c) valorização do sincretismo religioso.
Árvores aqui vi tão florescentes,
Que faziam perpétua a primavera: d) recuperação do antropocentrismo clássico.
Nem troncos vejo agora decadentes.
e) incorporação de características identitárias.
Eu me engano: a região esta não era;
Mas que venho a estranhar, se estão presentes
Meus males, com que tudo degenera! 5 - (UEMG)
A Lira XIV, reproduzida a seguir, foi extraída da obra
(COSTA, C. M. Poemas. Disponível em: Marília de Dirceu, publicada em 1792; já a canção
www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 7 jul. 2012) Tempos Modernos pertence ao álbum homônimo,
lançado em 1982.
No soneto de Cláudio Manuel da Costa, a
contemplação da paisagem permite ao eu lírico uma Lira XIV – parte I
reflexão em que transparece uma:
(...) Ornemos nossas testas com as flores.
a) angústia provocada pela sensação de solidão.
E façamos de feno um brando leito,

b) resignação diante das mudanças do meio ambiente. Prendamo-nos, Marília, em laço estreito,
Gozemos do prazer de sãos Amores.
c) dúvida existencial em face do espaço
desconhecido. Sobre as nossas cabeças,
Sem que o possam deter, o tempo corre;
d) intenção de recriar o passado por meio da
paisagem. E para nós o tempo, que se passa,
Também, Marília, morre.
e) empatia entre os sofrimentos do eu e a agonia da
terra.

Tempos Modernos
(Lulu Santos)
4. ENEM 2018 (...) Hoje o tempo voa amor

TEXTO II Escorre pelas mãos


Mesmo sem se sentir
Manuel da Costa Ataíde (Mariana, MG, 1762-1830),
assim como os demais artistas do seu tempo, recorria Não há tempo
a bíblias e a missais impressos na Europa como ponto
Que volte amor
de partida para a seleção iconográfica das suas
composições, que então recriava com inventiva Vamos viver tudo
liberdade.
Que há pra viver
Se Mário de Andrade houvesse conseguido a Vamos nos permitir...
oportunidade de acesso aos meios de aproximação
ótica da pintura dos forros de Manuel da Costa Ataíde,
imaginamos como não teria vibrado com o mulatismo (Www.letras.mus.br/. Acesso: 8/8/2012.)
das figuras do mestre marianense, ratificando, ao lado
de Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, a sua
percepção pioneira de um surto de racialidade Por meio de uma leitura comparativa entre os dois
brasileira em nossa terra, em pleno século XVIII.
textos, é CORRETO afirmar que
a) Apesar de o tempo ser sempre o mesmo em todas Houve em tua formação?
as épocas, na modernidade ele parece passar mais Quem ordena, julga e pune?
rápido; daí a urgência do amor, presente na canção Quem é culpado e inocente?
contemporânea de Lulu Santos, mas ausente na lira de Na mesma cova do tempo
Gonzaga, do século XVIII. Cai o castigo e o perdão.
b) Embora os textos tratem do mesmo tema, eles se Morre a tinta das sentenças
diferem quanto à abordagem adotada. Na lira de E o sangue dos enforcados...
Gonzaga, prevalece a idealização amorosa e a relação — liras, espadas e cruzes
com a natureza; na canção de Lulu Santos, por sua vez, Pura cinza agora são.
prevalece a relação entre amor e tempo. Na mesma cova, as palavras,
O secreto pensamento,
c) Ambos os textos apontam para a necessidade de se
viver o tempo presente, decorrente da brevidade da As coroas e os machados,
existência; na lira de Gonzaga, o amor é tratado de Mentira e verdade estão.
forma idealizada, ao passo que, na canção de Lulu [...]
Santos, ele é essencialmente carnal.
(MEIRELES, C. Romanceiro da Inconfidência. Rio de
d) Embora escritos em épocas distintas, os textos Janeiro: Aguilar, 1972. (fragmento)
tratam do mesmo tema e utilizam a mesma estratégia:
o eu-poético tenta persuadir a amada a gozar os O poema de Cecília Meireles tem como ponto de
amores no momento presente, com base no argumento partida um fato da história nacional, a Inconfidência
da fugacidade do tempo e da impossibilidade de se Mineira. Nesse poema, a relação entre texto literário e
recuperá-lo. contexto histórico indica que a produção literária é
sempre uma recriação da realidade, mesmo quando faz
referência a um fato histórico determinado. No poema
6 - (UFRR) Sobre o Arcadismo, é correto afirmar
de Cecília Meireles, a recriação se concretiza por meio
que:
a) Expressa a sociedade medieval, teocêntrica, de a) Do questionamento da ocorrência do próprio fato,
caráter servil e fortemente religioso. Ao mesmo tempo, que, recriado, passa a existir como forma poética
é marcado pelo surgimento de formas de expressões desassociada da história nacional.
artísticas de caráter popular, vinculadas a classes b) Da descrição idealizada e fantasiosa do fato
sociais consideradas “inferiores” à época; histórico, transformado em batalha épica que exalta a
b) É marcado pelo rebuscamento das formas, pela força dos ideais dos Inconfidentes.
riqueza de detalhes e pelos contrastes. Influenciado c) Da recusa da autora de inserir nos versos o desfecho
pela Contrarreforma, foi concebido como uma reação histórico do movimento da Inconfidência: a derrota, a
ao Renascimento; prisão e a morte dos Inconfidentes.
c) É também chamado de Neoclassicismo, surge como d) Do distanciamento entre o tempo da escrita e o da
uma releitura do Renascimento (ou Classicismo), Inconfidência, que, questionada poeticamente, alcança
preconizando uma arte pautada pela observância das sua dimensão histórica mais profunda.
formas clássicas e dos ideais humanistas. O bucolismo
e o pastoralismo podem ser citados como e) Do caráter trágico, que, mesmo sem corresponder à
características do Estilo no Brasil; realidade, foi atribuído ao fato histórico pela autora, a
fim de exaltar o heroísmo dos Inconfidentes.
d) Surge como reação direta à arte e às concepções de
mundo medievais, valorizando o passado greco-latino
e a explicação científica do mundo; é teocêntrico, em
contraponto ao antropocentrismo difundido pela Igreja; 8- (UFPR)

e) É marcado pelo rebuscamento das formas, pela Leia o poema abaixo:


riqueza de detalhes e pelos contrastes. Expressa a
sociedade medieval, teocêntrica, de caráter servil e “Eu, Marília, não sou algum vaqueiro,
fortemente religioso. Surge como reação direta à arte e Que vive de guardar alheio gado;
às concepções de mundo medievais e é marcado pelo De tosco trato, de expressões grosseiro,
surgimento de formas de expressões artísticas de Dos frios gelado e dos sóis queimado.
caráter popular, vinculadas a classes sociais Tenho próprio casal e nele assisto
consideradas “inferiores” à época. Dá-me vinho, legume, fruta, azeite;
Das brancas ovelhinhas tiro o leite,
E mais as finas lãs, de que me visto.
Graças, Marília bela,
7 - (Enem 2009) Graças à minha Estrela!”
Ó meio-dia confuso,
Ó vinte-e-um de abril sinistro,
Que intrigas de ouro e de sonho
O texto tem traços que caracterizam o período literário Olha, Marília, as flautas dos pastores
ao qual pertence. Uma qualidade patente nesta Que bem que soam, como estão cadentes!
estrofe é: Olha o Tejo a sorrir-se! Olha, não sentes
Os Zéfiros brincar por entre flores?
a) o bucolismo; Vê como ali, beijando-se, os Amores
b) o misticismo; Incitam nossos ósculos ardentes!
c) o nacionalismo; Ei-las de planta em planta as inocentes,
d) o regionalismo; As vagas borboletas de mil cores.
e) o indianismo. Naquele arbusto o rouxinol suspira,
Ora nas folhas a abelhinha para,
Ora nos ares, sussurrando, gira:
9- (Santa Casa SP)
Que alegre campo! Que manhã tão clara!
Mas ah! Tudo o que vês, se eu te não vira,
Texto I Mais tristeza que a morte me causara.

“É a vaidade, Fábio, nesta vida, O soneto de Bocage é uma obra do Arcadismo


Rosa, que da manhã lisonjeada, português, que apresenta, dentre suas características,
Púrpuras mil, com ambição dourada, o bucolismo e a valorização da cultura greco-romana,
Airosa rompe, arrasta presumida.” que estão exemplificados, respectivamente, em:

Texto II a) Tudo o que vês, se eu te não vira /Olha, Marília, as


flautas dos pastores.
“Depois que nos ferir a mão da morte,
ou seja neste monte, ou noutra serra, b) Ei-las de planta em planta as inocentes/Naquele
nossos corpos terão, terão a sorte arbusto o rouxinol suspira.
de consumir os dous a mesma terra.”
c) Que bem que soam, como estão cadentes! /Os
O texto I é barroco; o texto II é arcádico. Comparando- Zéfiros brincar por entre flores?
os, é possível afirmar que os árcades optaram por uma
expressão:
d) Mais tristeza que a morte me causara. /Olha o Tejo
a sorrir- se! Olha, não sentes.
a) impessoal e, portanto, diferenciada do
sentimentalismo barroco, em que o mundo exterior era
e) Que alegre campo! Que manhã tão clara! /Vê como
projeção do caos interior do poeta.
ali, beijando-se, os Amores.

b) despojada das ousadias sintáticas da estética


anterior, com predomínio da ordem direta e de
vocábulos de uso corrente.

c) que aprofunda o naturalismo da expressão barroca,


fazendo que o poeta assuma posição eminentemente
impessoal.

d) em que predominam, diferentemente do Barroco, a


antítese, a hipérbole, a conotação poderosa.

e) em que a quantidade de metáforas e de torneios de


linguagem supera a tendência denotativa do Barroco.

10 - Está presente no texto o seguinte traço


característico da poesia de Bocage:

a) temática religiosa.
b) idealização do “locus amoenus”.
c) quebra dos padrões formais clássicos.
d) supremacia dos efeitos sonoros em detrimento da
ideia.
e) linguagem emotivo-confessional.

11 - (UNIFESP)

Leia o poema de Bocage:

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