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Movimento literário:
Primeira geração: 1922-1930.
Segunda geração: 1930-1945
Transição:
revoltas e conflitos contra a política brasileira e a crise
econômica de 1929.
Revolução dos 30
Deposição de Getúlio Vargas
2ª Guerra mundial
Romances: mazelas sociais, voltados para o homem humilde e
injustiçado. Caráter regional, urbano e psicológico
Poesia: temas sociais. Período de reflexão da crise e da pobreza
Graciliano Ramos
Nasceu no dia 27 de outubro de 1892 na cidade
de Quebrângulo, no estado do Alagoas, foi o
primogênito dentre quinze filhos de uma família
de classe média, assim, teve o privilégio de
estudar.
Sua residência e vivência do sertão nordestino o inspiraram. Concluiu
seus estudos na capital alagoana, sem cursar o ensino superior.
As atividades literárias de Graciliano Ramos têm início em 1904,
quando publica seu primeiro conto no jornal do internato, intitulado “O
pequeno pedinte”.
Em 1906, Graciliano começa a publicar sonetos na revista carioca O
Malho, utilizando o pseudônimo Feliciano de Oliveira.
Em 1910, passa a ser colaborador do Jornal de Alagoas, também
assinando com pseudônimos, e muda-se para Palmeira dos Índios (AL).
Graciliano Ramos embarca, em 1914, para o Rio de Janeiro, então capital
federal, para dar continuidade à carreira de jornalista, mas a morte de
três dos seus irmãos, no ano seguinte, leva-o de volta a Palmeira dos
Índios, onde passa a trabalhar no comércio e casa-se com Maria Augusta
Barros, com quem teve quatro filhos até enviuvar, em 1920.
Em 1927, é eleito prefeito de Palmeira dos Índios, e no ano seguinte
conclui seu primeiro romance, mesmo ano em que se casa novamente.
Em 1930 renuncia à prefeitura para assumir a diretoria da Imprensa
Oficial de Alagoas, em Maceió, quando estabelece contato com outros
escritores, como Rachel de Queiroz, Jorge Amado e José Lins do Rego. Em
1933, assume o cargo de diretor da Instrução Pública de Alagoas.
Em 1933, o romance ‘Caetés’ é lançado. Em sequência, ‘São Bernardo’ e’
Angústia’, de 1934 e 1936, são publicados, respectivamente.
Por consequência das operações do Governo Constitucional de Getúlio
Vargas, Graciliano Ramos é preso em 1936, sob a acusação de ser
comunista. Permanece encarcerado e refém das mais diversas
humilhações e injúrias por quase um ano até ser inocentado por falta de
provas, período que serviu de inspiração para o romance autobiográfico
Memórias do cárcere, de publicação póstuma.
No mesmo ano de publicação de Memórias do Cárcere, o célebre
romance Vidas Secas é escrito e publicado. É considerada como a obra
mais importante de Graciliano Ramos. O livro se torna um romance
atemporal que retrata a dura vida no sertão nordestino.
Depois de liberto, fixa residência no Rio de Janeiro, onde assume novo
cargo público, em 1939, desta vez como Inspetor Federal Secundário.
Filia-se ao Partido Comunista Brasileiro (PCB) em 1945 e dedica-se à
literatura até sua morte, em 1953, vítima de um câncer de pulmão
Características:
Identidade nacional;
Forte destaque de características pontuais que cercavam o contexto vivido no
nordeste brasileiro;
Prosa firme e crítica;
Humanização de personagens não-humanos, como a personagem Baleia,
em Vidas Secas;
Em um primeiro momento, Graciliano dá mais voz às relações humanas, em
segundo momento às paisagens retratadas;
Em Vidas Secas, por exemplo, o autor
nomina apenas uma personagem,
que, no caso, era o animal de
estimação da família;
Suas análises psicológicas precisam
ser destacadas. A relação do narrador
com as personagens num âmbito muito
mais metafísico é uma forte
característica de Graciliano;
Estilo direto e simples;
Grande parte de seus relatos colocam o
sertão como o palco de conflito entre o
homem comum e os poderosos de
classes privilegiadas. Sua preocupação
com os problemas populares também
estão marcados em importantes traços
em suas obras.
Resumo
Luís da Silva, protagonista do romance, veio do
interior (mundo rural) para a capital. Ele é um
anônimo qualquer na cidade. Em seu cotidiano
medíocre (segundo o relato do mesmo), escreve
para o jornal o que lhe pedem, atendendo a
encomendas, de forma quase robótica. Ele se
considera um intelectual fracassado num
mundo sem lugar na prateleira de heróis: vive
mediocremente, engaveta escritos, não progride https://professordiegodelpas
so.files.wordpress.com/2016
nem em sua vida profissional, carregando o /05/graciliano-ramos-
fardo de ser um reles funcionário público, nem angustia1.pdf
em sua vida afetiva, mantendo um noivado
prolongado pela falta de condições para a
efetivação do casamento.
O conflito da história acontece devido ao triângulo amoroso entre
Marina(noiva), Luís da Silva e Julião Tavares. A partir dessas
relações, outras discussões são levantadas, como as questões sociais e
políticas que perpassam toda a obra.
Inserido num mundo onde a voz do dinheiro fala mais alto, afunda-se em
dívidas, aluguéis atrasados e empréstimos tomados no intuito de agradar a
amada, Marina. Ele a pede em casamento mas ela o deixa por outro mais bem
sucedido, Julião Tavares. Este sim, filho de comerciantes bem sucedidos,
audacioso e competente na arte de ganhar dinheiro. Julião Tavares possui
cacife para comprar Marina com todas as ditas que ela deseja: jóias, sedas, idas
ao cinema e ao teatro. Isso remete aos pensamentos sobre o quanto as
pessoas podem ser materialistas e volúveis, temática muito utilizada por
Graciliano Ramos em seus livros.
Dentro do enredo, também há uma competição entre Luís e Julião. Julião
nasceu em um berço de ouro e usa seu dinheiro e posição social para
conquistar as mulheres. Já Luís vive de favor na casa dos outros, chega a pedir
esmolas, se torna funcionário público e está cheio de dívidas, além de ser
desprezado por sua noiva, Marina.
Luís nunca teve regalias. Contudo, viu sua vida mudar quando passou em um
concurso, começou a trabalhar na Diretoria do Tesouro Público de Maceió e
a escrever artigos encomendados por veículos de comunicação da cidade.
Diante desse contexto, Luís se torna amargurado e ressentido, atormentado
pelas lembranças de seu passado triste e miserável. Aproveitando-se da
situação, Julião Tavares, homem rico e simpático, conquista Marina, a amada de
Luís.
Marina se envolve com Tavares, encantada pela vida que poderia ter ao lado de
um homem rico, e desmancha seu noivado com o Luís sem lhe dar qualquer
explicação razoável. Assim, os sentimentos de vingança e decepção só
aumentam no coração do jovem traído.
Luís da Silva se vê impossibilitado de conviver com sua rotina desmotivada e
sem novidades. Passa a conviver com um crescente ciúme que,
gradativamente, o impele ao crime. Nesse clima de angústia, registrado
magistralmente pela pena de Graciliano coincidem prisões interiores,
marcadas pela vivência pessoal do personagem narrador e o mal-estar de
sobreviver em uma sociedade da qual se sente expelido.
Luís acompanha a vida de Marina, seguindo-a feito uma sombra,
principalmente depois que Julião Tavares a abandona grávida. O ódio a Julião
cresce de forma arrasadora, semeando a idéia de que só a morte iria dar fim
aquele suplício: neste caso, a morte de Julião Tavares, que representa tudo
aquilo que ele não podia ser, e com isso, surgindo como uma grande
ameaça.
Oprimido pelos acontecimentos, Luís da Silva persegue seu rival, que
andava às voltas com nova amante.Gradativamente amplia-se seu
drama interior, sente-se metade, diminuído diante da prepotência de
Julião Tavares e, enquanto a angústia o alucina, não tem condições
de raciocinar claramente, mas percebe que não há outra saída a
não ser o crime.
Há neste momento da narrativa um processo de construção
interessante do narrador personagem Luís da Silva, que se vê no
momento do assassinato como o seu instante de auto-estima, de
realização pessoal, tornando-se o herói do seu próprio relato. É
nesse contexto que Graciliano constrói a saga do protagonista de
Angústia, construído de forma diferente dos apresentados em outras
narrativas como São Bernardo e Caetés.
Luís, por uma questão de honra, começa a planejar
minunciosamente morte de Tavares. Um dia, Luís o enforca e
modifica a cena do crime para parecer um suicídio.
O próprio assassino confessa e narra detalhadamente o acontecido.
Luís matou Tavares não só por causa de Marina, mas também por
representar tudo que ele não poderia ser. Por isso, esse ato foi
encarado como uma libertação não apenas do rival, mas também
das decepções acumuladas durante a sua vida.
Nas últimas páginas do romance, após ter cometido o crime, Luís da
Silva imerge em uma angustiante crise psicológica que o
comprime e faz dele um ser alucinado e preso a um mundo em
que as portas se fecham e não existem saídas. No romance, temos
o efeito de circularidade também encontrado com maestria em
Vidas Secas: a história encerra justamente como começou, numa
narrativa circular, portanto, diferente do encontrado na trajetória de
Fabiano e sua família, apresentada de forma circular através de
quadros, de contos distintos.
No caso de Angústia, temos o fluxo de consciência, possibilitando o
narrador pensar aleatoriamente, indo e vindo de forma não
ordenada.
"Está aí uma história que narro com satisfação a Moisés. Ouve-me desatento.
O que lhe interessa na minha terra é o sofrimento da multidão, a tragédia
periódica das secas. Procuro recordar-me dos verões sertanejos, que duram
anos. A lembrança chega misturada com episódios agarrados aqui e ali, em
De resto a dor dos flagelados naquele tempo não me fazia mossa. Penso
em coisas percebidas vagamente: o gado, escuro de carrapatos, roendo a
madeira do curral; o cavalo de fábrica, lazarento e com esparavões; bodes
definhando na morrinha; o carro de bois apodrecendo; na catinga parda,
manchas brancas de ossadas e voo negro dos urubus. Tento lembrar-me
de uma dor humana. As leituras auxiliam-me, atiçam-me o sentimento. Mas
a verdade é que o pessoal da nossa casa sofria pouco. Trajano Pereira de
Aquino Cavalcante e Silva caducava; meu pai vivia preocupado com os doze
pares de França; sinha Germana tinha morrido; Quitéria, coitada, era bruta
demais e por isso insensível. Os outros moradores da fazenda, as criaturas
que viviam em ranchos de palha construídos nas ribanceiras do Ipanema,
não se queixavam. José Baía falava baixo e ria sempre. Sinha Terta rezava
novenas e fazia partos pela vizinhança. Amaro vaqueiro alimentava-se, nas
secas, com sementes de mucunã lavadas em sete águas, raiz de imbu,
miolo de xiquexique, e de tempos a tempos furtava uma cabra no
chiqueiro e atirava a culpa à suçuarana. Dores só as minhas, mas estas
vieram depois."
Análise
A obra é narrada em 1 ª pessoa, pelo próprio Luís da
Silva, e se destaca pelos diálogos interiores do
protagonista. Os sentimentos de Luís são tão
envolventes que o leitor também fica angustiado
com as situações vividas pelo personagem.
https://resumoporcapi
tulo.com.br/angustia/
Alternativa A
Romance da Inconfidência, Cecília Meireles - 1953
Cecília Meireles
Cecília Benevides de Carvalho Meireles nasceu no Rio
de Janeiro em 1901. Perdeu o pai poucos meses antes
de seu nascimento e a mãe logo depois de completar 3
anos. Foi criada por sua avó materna, a portuguesa
Jacinta Garcia Benevides.
Cecília Meireles fez o curso primário na Escola Estácio de Sá, onde recebeu das
mãos de Olavo Bilac a medalha do ouro por ter feito o curso com louvor e distinção.
Em 1917 formou-se professora na Escola Normal do Rio de janeiro. Estudou música
e línguas. Passou a exercer o magistério em escolas oficiais do Rio de Janeiro.
Em 1919, Cecília Meireles lançou seu primeiro livro de poemas, "Espectros" com 17
sonetos de temas históricos. Em 1922, casa-se com o artista plástico português
Fernando Correia Dias, com quem teve três filhas.
Cecília Meireles estudou literatura, folclore e teoria educacional. Colaborou na
imprensa carioca escrevendo sobre folclore. Atuou como jornalista em 1930 e 1931
e publicou vários artigos sobre educação. Fundou em 1934 a primeira biblioteca
infantil no Rio de Janeiro. O interesse de Cecília pela educação se transformou em
livros didáticos e poemas infantis.
Ainda em 1934, a convite do governo português, Cecília viaja para Portugal, onde
profere conferências divulgando a literatura e o folclore brasileiros. Em 1935 morre
seu marido.
Entre 1936 e 1938, Cecília lecionou Literatura Luso-Brasileira na Universidade
Federal do Rio de Janeiro. Em 1938, o livro de poemas “Viagem” recebe o Prêmio de
Poesia, da Academia Brasileira de Letras. Em 1940 casa-se com o professor e
engenheiro agrônomo Heitor Grilo.
Nesse mesmo ano, Cecília leciona Literatura e Cultura Brasileira na Universidade do
Texas. Profere conferência sobre Literatura Brasileira em Lisboa e Coimbra. Publica
em Lisboa o ensaio "Batuque, Samba e Macumba", com ilustrações de sua autoria.
Em 1942 torna-se sócia honorária do Real Gabinete Português de Leitura do Rio de
Janeiro. Realiza várias viagens aos Estados Unidos, Europa, Ásia e África, fazendo
conferências sobre Literatura, Educação e Folclore.
Pelo trabalho realizado na literatura ela recebeu diversos prêmios, dos quais se
destacam:
Prêmio de Poesia Olavo Bilac
Prêmio Jabuti
Prêmio Machado de Assis
Em 1953, Cecília Meireles foi agraciada com o título de “Doutora Honoris Causa”
pela Universidade de Déli, na Índia.
Além disso, realizou palestras e conferências sobre educação, literatura brasileira,
teoria literária e folclore, em diversos países do mundo.
Cecília morreu em 1964.
No Chile, foi inaugurada a “Biblioteca Cecília Meireles” em 1964 na província de
Valparaíso.
Somente com o livro Viagem (1939) é que Cecília Meireles ingressa no espírito
poético da escola modernista. A poetisa foi cuidadosa com a seleção vocabular e
teve forte inclinação para a musicalidade (traço associado ao Simbolismo), para o
verso curto e para os paralelismos, a exemplo dos versos das poesia medieval
portuguesa:
Música
Noite perdida
Não te lamento:
embarco a vida
No pensamento,
busco a alvorada
do sonho isento,
Poesia Histórica
A obra máxima de Cecília Meireles foi o poema épico-lírico Romanceiro da
Inconfidência, onde se encontram os maiores valores de sua poética. Trata-se de uma
narrativa rimada, escrita em homenagem aos heróis que lutaram e morreram pela
Pátria:
Romanceiro da Inconfidência
Já se preparam as festas
para os famosos noivados
que entre Portugal e Espanha
breve serão celebrados.
Ai, quantas cartas e acordos
redigidos e assinados!
(…)
1. Ambiente e Contexto (romances I-XXIII)
Caracterização do boom minerador, seu papel social e histórico, suas figuras
humanas e sociais, suas crenças e expectativas.
Elementos ligados à tradição lendária (o caçador que se embrenha na mata, o
caso da donzela assassinada pelo próprio pai, o cantar do negro nas catas, a que
se podem associar os romances Do Chico-Rei e o De Vira-e-Sai) ou à tradição
histórica (a troca dos o fim de Ouro Podre, o requesto promovido pelo ouvidor
Bacelar, a provocante história de Chica da Silva, amante de João Fernandes, a
cobiça do conde de Valadares, que desgraçou a ambos, o adensar-se da ambição
de posse e das idéias de libertação, mais pronunciado nos três últimos romances
desta primeira parte.
De qualquer forma, toda esta primeira parte está governada por um princípio de
reorganização lendária e folclórica da realidade histórica, com intensa
participação da atmosfera de estribilho popular (dialogismo, provérbios,
exclamações) e sugestão de coral trágico a que já fizemos referência.
Atrás de portas fechadas, à luz de velas acesas, uns sugerem, uns recusam, uns ouvem,
uns aconselham. Se a derrama for lançada, há levante com certeza. Corre-se por essas
ruas? Corta-se alguma cabeça? Do cimo de alguma escada, profere-se alguma arenga?
Que bandeira se desdobra? Com que figura ou legenda? Coisas da maçonaria, do
Paganismo ou da Igrefa? A Santíssima Trindade? Um gênio a quebrar algemas?
(Romance XXIV ou Da Bandeira da Inconfidência.)
Esta parte se abre com um panorama do ambiente em que Gonzaga vivera e se tornara magistrado
e poeta de prestígio. Depois, vem caindo sobre ele a ironia trágica, representada nas murmurações
e desconfianças, na precipitação do desterro (degredo para África), e, portanto, na perda daquela
Manha bela que ele cantara como Dirceu apaixonado.
Há também uma oposição amarga entre o retrato de Manha e o de Juliana de Mascarenhas (esta
última conquistará o coração do poeta, já em seu desterro de Moçambique). Háo inconformismo de
Manha, que ficará solteira até o final de sua vi-da. Há também um verdadeiro ciclo da vida do poeta
Alvarenga Peixoto.
Sua mulher, Bárbara Ehiodora, é focalizada em grande momento lírico de Cecilia Meireles. Há
também a bela filha de Alvarenga, Maria Ifigênia ("a princesa do Brasil"), que vem a morrer. A
imagem final é a da octogenária Manha, indo a caminho da paróquia de Antonio Dias.